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1º RELATÓRIO DE EME-803 / ENSAIO DE RECEPÇÃO EM TURBINA FRANCIS COM ROTAÇÃO CONSTANTE

ENSAIO DE RECEPÇÃO EM TURBINA FRANCIS COM ROTAÇÃO CONSTANTE

1. Introdução

O conhecimento do comportamento real de uma Máquina de Fluxo – MF, quando


submetida a determinadas condições de carga, somente pode ser obtido através de testes ou
ensaios. Os objetivos destes testes permitem classificá-los em três tipos:

(a) Testes Contratuais: quando são realizados para verificar se o que foi especificado,
de comum acordo entre as partes, será atendido pela MF. Estes testes, quando
realizados em laboratórios específicos, denominam-se ensaios de modelos e
quando realizados no local da instalação, denominam-se ensaios de recepção;

(b) Testes Científicos: quando são realizados para verificar hipóteses estabelecidas em
estudos que permitem fabricar a MF e prever seu comportamento em situações
preestabelecidas de carga;

(c) Testes Didáticos: quando realizados como auxiliar e complementar ao estudo das
MF.

Este laboratório tem a finalidade de apresentar os procedimentos necessários para a


realização de ensaio na turbina Francis do fabricante LINDNER, que está localizada no
Laboratório Hidromecânico Didático-Científico da Universidade Federal de Itajubá (LHDC–
UNIFEI). Este tipo de ensaio é conhecido como Ensaio de Recepção e interessa ao
comprador da MF para que se verifiquem as condições reais no recebimento da mesma. O
ensaio é normalmente realizado em uma usina hidrelétrica e atesta se as condições da MF
estão dentro daquelas especificadas pelo fabricante, visando determinar as perdas e uma
correta programação de manutenção preventiva. A manutenção quando feita periodicamente
permite analisar as falhas que ocorrem com a MF.
A norma brasileira para este tipo de ensaio é a NORMA ABNT – NB – 228: Ensaio de
Recepção de Turbinas Hidráulicas.

2. Objetivos

(a) Levantamento das curvas características potência hidráulica (Ph), potência perdida
(Pp) e rendimento total (t) versus potência de eixo (Pe);

(b) Levantamento das curvas potência de eixo (Pe), rendimento total (t) e altura de
queda líquida (H) versus vazão da turbina (Q);

(c) Determinação da potência de atrito (Pa);

(d) Separação do rendimento total (t) em rendimento mecânico (m) e rendimento


interno (i).

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3. Descrição do Banco de Ensaios

A Figura 1 apresenta o esquema do banco de ensaios que é composto principalmente


por uma turbina do tipo Francis com caixa espiral; a turbina é alimentada por uma bomba
centrífuga de 1 estágio (1º Laboratório de EME705), que não se encontra no plano da figura.
A turbina aciona um gerador elétrico que entra em paralelo com a rede elétrica da
concessionária (CEMIG), através do sincronoscópio colocado no painel de comando.
A água passa pela turbina, entra no tubo de sucção e vai para o tanque de jusante, onde
seu nível é medido através de um piezômetro. A leitura da vazão deve ser realizada no
medidor Venturi (1º Laboratório de EME705), que se encontra fora do plano da figura. A
leitura da pressão na entrada da turbina (Ponto 1) pode ser feita no manômetro de Bourdon
(M) ou nos manômetros em U de coluna de mercúrio.
Para a determinação da potência de eixo, utiliza-se o gráfico do gerador elétrico.

Figura 1. Esquema do grupo turbina – alternador do LHDCUNIFEI.

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4. Procedimento Operacional

O seguinte procedimento operacional deve ser adotado:

 No quadro de comando partir a bomba centrífuga com o mínimo de óleo no


acoplamento hidrocinético;

 Abrir a válvula gaveta (VG);

 Sangrar todos os manômetros de colunas;

 Com auxílio do motor–hidrocinético–bomba colocar a altura desejada na entrada


da turbina, verificar a leitura no manômetro (M);

 Através do controle manual do regulador de velocidade, colocar a rotação síncrona


do gerador, ou seja, n = 1800 (rpm) [gerador de dois pares de pólos];

 Passar o regulador de velocidade para o controle automático;

 Através das condições de paralelismo, atuando no sincronoscópio, colocar o grupo


gerador em paralelo com a concessionária (CEMIG);

 Voltar o regulador de velocidade para o controle manual e atuar na abertura do


distribuidor manualmente;

 Para cada abertura do distribuidor, mantendo a altura constante, fazer as seguintes


leituras: (a) rotação n (rpm); (b) potência elétrica Pel (kW); (c) pressão h1 (mmHg);
(d) pressão h2 (mmHg); (e) cotas x, y, z e h3 (mH2O); (e) variação hh5h4
(mmH2O) no medidor Venturi e (f) temperatura da água tágua (ºC).

 Anotar as seguintes condições ambientais (valores iniciais e valores finais):


temperatura do ar tar (ºC), umidade relativa do ar  (%) e pressão barométrica
(mmHg).

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5. Roteiro para a Obtenção das Grandezas

5.1. Massa específica da água (fórmula empírica)

água  1000,5 – 0,0762439 tágua – 0,00349823 t2água (kg/m3) (1)

onde: tágua deve ser fornecida em graus Celsius.

5.2. Altura efetiva ou altura de queda útil

p1 C 2  C 32
H ( 1 )  z  x (m) (2)
ρg 2g

p1
onde:  13,6h 2  12,6h 1  h 3  y , (2.1)
ρg
h1 (mHg) é altura de coluna de mercúrio no manômetro em U,
h2 (mHg) é altura de coluna de mercúrio no manômetro em U,
h3 (mH2O) é altura de coluna de água no manômetro em U,
x (mH2O) é altura do zero do piezômetro até o nível de jusante,
y (mH2O) é altura do zero do manômetro do mercúrio até a tomada de pressão em (1),
z (mH2O) é altura da tomada de pressão em (1) até o zero do piezômetro,
C1 é a velocidade média na entrada da turbina,
C3´ é a velocidade média na saída da turbina (saída do tubo de sucção),
g  9,785 (m/s2) para a cidade de Itajubá (MG).

5.3. Velocidade média nos pontos (1) e (3`)

4Q
C1  , onde D1= 0,150 (m) (3.1)
πD12

4Q
C 3  , onde D3´= 0,250 (m) (3.2)
πD 32

5.4. Vazão de água pelo medidor Venturi

Q  C d A 2 2g(h  h )  0,083363 h  h  0,083363 Δh (m3/s) (4)


5 4 5 4

onde: h4 (mH2O) representa o nível inferior da água no manômetro e h5 (mH2O) representa o


nível superior da água no manômetro conectado no Venturi.

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5.5. Potência de eixo

Pel
Pe  (kW) (5)
η el

onde: Pel (kW) é a potência elétrica (lida no Wattímetro)

η el  2,6868Pel2  19,5915Pel  56,9089 (%) é retirado do ensaio do gerador (5.1)

5.6. Potência hidráulica (ou potência absorvida)

Ph  água g Q H 10-3 (kW) (6)

5.7. Rendimento total da turbina

Pe
ηt  (–) (7)
Ph

5.8. Potência perdida na turbina

Pp  Ph  Pe (kW) (8)

5.9. Potência de atrito

Para a determinação da potência de atrito, fechar o sistema diretor e retirar toda a água
da turbina. Assim, o alternador irá trabalhar como motor acionador e a turbina como gerador.
A potência consumida pelo motor será, então, a potência de atrito.

Pa  Pel η el (kW) (9)

5.10. Rendimento mecânico

Pe
ηm  (–) (10)
Pe  Pa

Obs.: o rendimento mecânico é determinado para a condição ótima de funcionamento, ou seja,


t= tmáx e Pe= Peót.

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5.11. Rendimento interno

ηt
ηi  (–) (11)
ηm

Obs.: o rendimento interno é determinado para a condição ótima de funcionamento, ou seja,


t= tmáx e Pe= Peót.

5.12. Pressão barométrica

pb =ρ g hb = d ρ g h b (Pa) (12)
Hg Hg H 2 0

onde: a densidade do mercúrio é igual a d Hg = 13,6.

5.13. Massa específica do ar ambiente (equação de estado para os gases perfeitos)

pb
ρ ar = (Kg/m³) (13)
R ar (t ar  273,15)

onde R ar  287 (mN)/(KgK) é a constante do ar como gás perfeito e t ar (ºC) é a


temperatura do ar ambiente.

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6. Valores Lidos

Tabela 1. Valores lidos durante o ensaio.

Data: Turma: Horário: Local: LHDC/UNIFEI

Abertura Pel n h1 h2 x h5  h4 tágua


% kW rpm mmHg mmHg mmH2O mmH2O ºC

cos= 1,0 [] y=0,811 [m] z=0,105 [m] h3= [m]

Alternador Funcionando como Motor


Pel= [kW] cos= [] el= [] Pa= [kW]

Condições Ambientais
Definição t ar  hb
 ºC % mmHg
Iniciais
Finais

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7. Valores Calculados

Tabela 2. Valores calculados.

Data: Turma: Horário: Local: LHDC/UNIFEI

Ordem água el Q H Pe Ph Pp t


3 3
 kg/m [1] m /s m kW kW kW [1]
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10

Condições Ambientais
Definição ρ ar t ar ψ pb
3
 kg/m ºC % Pa
Médias

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8. Cálculos Necessários (1,5 pontos)

a) (0,5 pontos) Apresentar todos os cálculos necessários para o preenchimento de uma


linha da Tabela 2 (utilizar unidades do S.I.).

b) (0,4 pontos) Determinar o valor médio das condições ambientais e preencher os


valores calculados na Tabela 2.

c) (0,3 pontos) Determinar a potência de atrito. Nesta condição não existe água no
interior da turbina, mas a turbina continua girando.

d) (0,3 pontos) Separar o rendimento total em rendimento mecânico e rendimento


interno para as condições ótimas de funcionamento, ou seja, t= tmáx e Pe= Peót.

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9. Gráficos (6,6 pontos)

a) (2,5+0,8=3,3 pontos) Construir o gráfico potência hidráulica (Ph), potência perdida


(Pp) e rendimento total (t) versus potência de eixo (Pe). Apresentar uma análise técnica e
conclusiva do comportamento de cada curva.

b) (2,5+0,8=3,3 pontos) Construir o gráfico potência de eixo (Pe), rendimento total


(t) e altura de queda líquida (H) versus vazão da turbina (Q). Apresentar uma análise técnica
e conclusiva do comportamento de cada curva.

Os gráficos devem ser feitos em folhas separadas formato A4, numerados como
páginas 12-a e 12-b e anexadas neste Relatório.

É necessário que na construção dos gráficos sejam utilizadas as seguintes regras


gerais para sua construção: (a) escolha de papel adequado A4; (b) traçado e identificação
dos eixos; (c) divisão e graduação dos eixos compatíveis com as dimensões; (d) marcação dos
pontos; (e) manter variável dependente na vertical; (f) as escalas não podem ser muito
expandidas; (g) traçados de curvas uniformes e suaves; (h) título das curvas colocado na
legenda (as legendas em cores devem identificar a variável correspondente) e (i) os gráficos
deverão ser feitos utilizando programas como Grapher ou Origin. Serão aceitas curvas de
interpolação polinomial.

ATENÇÃO: (a) não utilizar títulos de legenda contendo as palavras: gráfico,


diagrama, relação, função e os nomes das variáveis; (b) o título da legenda deve
informar sobre o que se referem os dados, como foram obtidos.

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10. Verificação de conceitos (1,9 pontos)

a) (0,5 pontos) Consultar a Norma NBR 6445 – Turbinas Hidráulicas, Turbinas-


Bombas e Bombas de Acumulação, da ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas (Outubro de 1987) e explicar a finalidade dos principais elementos
hidromecânicos de uma turbina Francis.

b) (1,0 pontos) Desenvolver as expressões para a altura de queda líquida da turbina da


instalação da Figura 2 para as seguintes situações: a) com o tubo de sucção; b) sem o
tubo de sucção. A questão somente será corrigida se for aplicada a equação da energia:

 p  p c2  c2 
- Pe   2 1  2 1  g (z 2  z1)  Perdas  Perdas  Perdas  m

 ρ 2 
 1E E S S 2 

H br

hs
2

Figura 2 – Esquema de instalação com turbina.

c) (0,4 pontos) Quais são as possíveis fontes que podem acarretar erros nos valores das
leituras realizadas durante o 1º Ensaio de EME803? Explicar.

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11. Referências

Benedict, R.P., 1966, Fundamentals of Temperature, Pressure and Flow Measurements.


McGraw-Hill.

Davies, O.L. and Goldsmith, P.L., 1972, Statistical Methods in Research and Production.
Hafner Publishing Company – N.Y., USA.

Pfleiderer, C. and Petermann, H., 1979, Máquinas de Fluxo. Livros Técnicos e Científicos
S/A. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Souza, Z., 1967, Máquinas de Fluxo – Comportamento e Regulagem. I.E.I. – Itajubá, MG.

NORMA ABNT – NB – 228: Ensaio de Recepção de Turbinas Hidráulicas.

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Este texto faz parte do material didático preparado para o curso de EME-803:
Máquinas de Fluxo II/Laboratório.
O texto tem como objetivo a apresentação das instruções necessárias para a realização
da experiência de Ensaio de Recepção em Turbina Francis com Rotação Constante.
Todas as instruções contidas para a preparação deste relatório deverão ser cumpridas
rigorosamente.
O conteúdo deste texto é de uso exclusivo dos alunos do 4º Ano do curso Engenharia
Mecânica da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).

REGRAS GERAIS DO LABORATÓRIO

1. O aluno deverá OBRIGATORIAMENTE frequentar todas as aulas de laboratório na sua


respectiva turma.
2. A ausência na aula de realização de uma experiência implicará em nota ZERO no
respectivo laboratório.
3. O 1º laboratório (relatório) vale 10 pontos.
4. O 1º relatório é individual e o prazo será fixado pelo professor (até as 16h00min na
secretaria do IEM). Este relatório deve ser entregue com todas as páginas (20) e com
todos os itens solicitados devidamente preenchidos a caneta (azul ou preta), exceto os
gráficos.

PROGRAMA GERAL DO LABORATÓRIO

 Nº 01 – Ensaio de Recepção em Turbina Francis com Rotação Constante.

 Nº 02 –Ensaio de um Ventilador Centrífugo de nqA=150 com Rotação Variável.

UNIFEI – UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ


IEM – Instituto de Engenharia Mecânica
Professores: Angie Lizeth Espinosa Sarmiento e Ramiro G. Ramirez Camacho.
Área de concentração: Mecânica dos Fluidos e Máquinas e Fluxo.

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