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Psicologia

CLE 2021-2025

Marisa Dinis
Psicologia 1

Índice
1. A Psicologia como ciência ..................................................................................................... 2
1.1. Objeto, conceitos e métodos de pesquisa .................................................................... 2
1.2. Diferentes domínios: Psicologia do desenvolvimento, da saúde, clínica, educacional e
social 4
2. Psicologia da saúde ............................................................................................................... 5
2.1. Introdução a alguns conceitos: crenças, comportamentos de saúde, resiliência, stress
e estratégias de Coping. ............................................................................................................ 5
3. Psicologia do desenvolvimento ........................................................................................... 10
3.1. Teorias do desenvolvimento humano......................................................................... 10
3.2. Etapas do Desenvolvimento cognitivo e psicossocial ao longo do ciclo de vida ........ 16
3.2.1. A interação mãe-bebé ......................................................................................... 16
3.2.2. A infância – primeiros anos de vida .................................................................... 17
3.2.3. A idade pré-escolar ............................................................................................. 25
3.2.4. A idade escolar .................................................................................................... 28
3.2.5. A adolescência ..................................................................................................... 30
3.2.6. O Jovem Adulto ................................................................................................... 33
3.2.7. Idade Adulta ........................................................................................................ 37
3.2.8. O idoso ................................................................................................................ 42

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Psicologia 2

1. A Psicologia como ciência


1.1. Objeto, conceitos e métodos de pesquisa

Psicologia: Ciência que estuda o comportamento (observável), os processos mentais e


o desenvolvimento do ser humano, bem como as suas intenções com o ambiente físico
e social (meio). Centra-se nas dimensões cognitiva (pensamento), afetiva e
comportamental.

Psyche Alma/pensamento
Psicologia
Logos Conhecimento
Psiquiatria: Para além de constituir uma área de especialização em medicina, é
primariamente uma ciência que investiga a patologia mental, sendo modelo de
intervenção terapêutica medicamentosa.

Psicanálise: Área da psicologia que estuda as manifestações do inconsciente que uma


pessoa demonstra através do método psicanalítico, tentando encontrar razões ou
acontecimentos passados que expliquem determinados comportamentos.

WUNDT criou o primeiro laboratório de psicologia com o intuito de a tornar


numa disciplina experimental.

Estudou:
▪ O comportamento para ver do que é que as pessoas tinham consciência;
▪ A perceção;
▪ Estrutura da experiência consciente.

Objetivo:
▪ Identificar a estrutura da experiência consciente, prestando atenção ao que
se passa no seu interior (a perceção não é objetiva pois varia de indivíduo
para indivíduo e não representa a realidade em si, mas um ponto de vista).

Método de pesquisa: Introspetivo

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Métodos de pesquisa

▪ MÉTODO INTROSPETIVO

Objeto de estudo: Estudo científico dos comportamentos e processos mentais (a pessoa


é convidada a pensar e a dizer voluntariamente o que pensou).

Descrição: Compreender fenómenos psíquicos de difícil observação externa


(pensamentos, sentimentos).

▪ MÉTODO EXPERIMENTAL

Objeto de estudo: Formulação de um problema através de dados observáveis.

Descrição: Parte de uma hipótese que estabelece uma relação entre variáveis.
Manipula-se uma variável (independente) e observa-se que alteração ocorre na outra
(dependente). Permite estabelecer relações generalizáveis de causa-efeito que
expliquem os comportamentos de um grupo alargado de indivíduos.

▪ OBSERVAÇÃO NATURALISTA

Objeto de estudo: Comportamentos ocorridos em contexto natural/espontâneo.

Descrição: Examina com detalhe o comportamento espontâneo dos indivíduos no


contexto natural. Permite compreender melhor a generalidade dos indivíduos no seu
contexto diário.

▪ MÉTODO CLÍNICO

Objeto de estudo: Funcionamento psicológico (cognitivo, emocional e comportamental)


de um individuo com ou sem perturbação, tendo em consideração a sua vida.

Descrição: Recolha de informação sobre a história evolutiva de um indivíduo para


diagnosticar e tratar perturbações comportamentais, compreendendo a mudança da
personalidade ao longo da vida e como se dá o nosso desenvolvimento cognitivo, social,
moral e emocional.

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Processos e técnicas do método clínico

1) Entrevista clínica: Incentivo da pessoa a transmitir, de forma espontânea,


informações (pensamentos, comportamentos, acontecimentos) sobre si própria.
2) Anamnese e dados biográficos: Obtenção e registo dos episódios significativos do
percurso de vida do indivíduo, facultados pelo próprio ou por outros que com ele
convivem.
3) Observação clínica: Observação dos comportamentos verbais e não verbais do
indivíduo em diversas circunstâncias.
4) Testes psicológicos: Avaliação de características psicológicas não observáveis em
contexto clínico (por exemplo: inteligência, atitudes, etc.).

1.2. Diferentes domínios: Psicologia do desenvolvimento, da


saúde, clínica, educacional e social

O que fazem os psicólogos e em que campos exercem a sua atividade?


▪ PSICOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
Descrever os comportamentos e os processos mentais.
Explicar por que razão ocorrem tais comportamentos e processos mentais.
Predizer comportamentos e processos mentais com base em eventos passados.
▪ Psicofisiologia
▪ Psicologia Cognitiva
▪ Psicologia do Desenvolvimento
▪ Psicologia da Personalidade
▪ Psicologia Social

▪ PSICOLOGIA APLICADA
Modificar comportamentos e processos mentais de modo a torná-los mais apropriados
a adaptativos.

▪ Psicologia clínica

Procura diagnosticar e tratar perturbações comportamentais e emocionais em


qualquer período do desenvolvimento do indivíduo.

▪ Psicologia educacional

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Interfere junto das crianças, dos pais e dos educadores – promoção do sucesso
educativo (p.e. dificuldade na aprendizagem).
Adequação dos conteúdos ensinados e dos métodos adotados ao nível do
desenvolvimento das crianças.
Orientação escolar e profissional.
A intervenção em distúrbios emocionais (tristeza) e comportamentais
(agressividade), influenciando os comportamentos dos educadores que têm estes
efeitos negativos no educando.

▪ Psicologia social

Seleção de pessoal numa empresa.


Melhoria do ambiente de trabalho.
Estudo e promoção de fatores que motivam a produtividade.
Planeamento e supervisão de programas de formação contínua (p.e. adaptação às
novas tecnologias, novos cuidados perante o ambiente, etc.).

▪ Psicologia da saúde
Visa a promoção da saúde, a prevenção e o tratamento da doença. Avaliando
intervindo a nível: do comportamento (fumar, fazer dieta, exercício físico…); das
crenças (acreditar na eficácia do tratamento, perceção de seguir um determinado
tratamento…); das emoções (medo do tratamento, stress, dor intensa…).

▪ Psicologia criminal; Psicologia do desporto; Psicologia ambiental

2. Psicologia da saúde
2.1. Introdução a alguns conceitos: crenças, comportamentos de
saúde, resiliência, stress e estratégias de Coping.

A psicologia foi introduzida em 1980 por Matarazzo.

Esta avalia e intervêm ao nível:

▪ Do Comportamento (P.e.: fumar, fazer exercício, consumir álcool, etc.);


▪ Das Emoções (P.e.: medo do tratamento, tristeza associada a perda, stress, etc.);

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▪ Das Crenças (P.e.: acreditar na eficácia de tratamentos, etc.).

Fatores que contribuíram para o aparecimento da psicologia na saúde:


▪ Aumento da preocupação dos cidadãos e dos técnicos de saúde com a qualidade de
vida e a prevenção de doença;
▪ Estilo de vida e doenças cronicas como foco principal de atenção no domínio da
saúde em desfavor das doenças infeciosas;
▪ Maior desenvolvimento da investigação em psicologia;
▪ Acréscimo dos custos relacionados com a saúde;
▪ Procura alternativa ao sistema de cuidados de saúde tradicional.

Psicologia da saúde: Domínio que recorre aos acontecimentos provenientes das áreas
educacionais, científicas e profissionais da psicologia com vista a:
▪ Promoção e manutenção da saúde;
▪ À prevenção e tratamento da doença;
▪ À identificação da etiologia e diagnostico relacionados com a saúde, com as doenças
e disfunções associadas (Como é que as emoções contribuem para o aparecimento
da doença);
▪ À análise e melhoria do sistema de cuidados de saúde (p.e. desenhos colocados nas
paredes das alas pediátricas a fim de melhorar o acolhimento dessa faixa etária);
▪ E ao aperfeiçoamento da política de saúde (p.e. desinfetantes).

STRESS
O stress é uma reação não especifica do corpo a um
acontecimento que é vivenciado intensamente. (Selye, 1936) STRESS

Segundo Lazarus (1993) o stress é um estado resultante da


perceção do indivíduo como não tendo capacidade de Eustress Distress
(+) (-)
resposta para corresponder às exigências de uma situação.

Sentimento de uma certa impotência. Situação que afeta de tal modo a condição
psicologia/fisiológica do individuo que este é forçado a desviar-se do seu funcionamento
normal. Não é necessariamente mau se não for em exagero.

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Psicologia 7

Na psicologia, o stress é um estado resultante da perceção do individuo como não tendo


capacidade de resposta para corresponder às exigências de uma situação (Lazarus,
1992).

Resiliência: Capacidade que se tem de suportar, superar e possivelmente sair “superior”


de experiências de adversidade. Capacidade de “dar a volta” à situação.

Fatores de stress:
▪ Acontecimentos traumáticos: circunstâncias que poem em risco a vida do individuo
P.e.: ameaça de morte, vítima de violência, incêndio, terramoto, etc.
▪ Acontecimento significativos: alterações marcantes na vida do individuo.
P.e.: divórcio, morte do cônjuge ou familiar próximo, etc.
▪ Acontecimentos crónicos: problemas associados ao desempenho de papeis e das
atividades diárias.
P.e.: ter tarefas frequentes a realizar com prazo limitado, conflitos no trabalho/casa.
▪ Acontecimentos Micro: Pequenos acontecimentos do dia-a-dia com efeito
acumulativo perturbador.
P.e.: trânsito, vizinhos incomodativos, exposição a fumo não sendo fumador, etc.
▪ Acontecimentos Macro: Características da organização e do funcionamento social.
P.e.: impostos elevados, crises, prevalência elevada do desemprego, etc.
▪ Acontecimentos desejados que não ocorrem: Desejos que tardam em concretizar-
se, no âmbito das normas aceites pelo grupo social a que o indivíduo pertence.
P.e.: promoção na carreira, engravidar, não entrar para a faculdade, etc.

Modelos explicativos do stress

▪ MODELO COGNITIVISTA DO STRESS (LAZARUS,1999)


O stress ocorre apenas quando a pessoa percebe que uma exigência externa excede a
sua capacidade para lidar com a mesma, constituindo por isso uma ameaça para o
próprio, prejudicando o seu bem-estar.

Este modelo parte do pressuposto de que, face à situação, as pessoas reagem de


maneiras diferentes e, como tal, a avaliação que cada um faz da situação também é
distinta.

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Lazarus definiu 2 estádios de analise da situação de stress:

1. Avaliação Primária

Ameaça: Quando o individuo considera que a situação


É a avaliação que a lhe vai trazer algo de negativo.
pessoa faz da situação
(como ameaçadora ou Perda: Quando o indivíduo considera que a situação lhe
não).
vai trazer a perda de algo importante.
“Será que vamos ter
Desafio: Quando o individuo considera que a situação é
algum problema?”
difícil/exigente, mas que pode ser ultrapassada e trazer-
lhe algo de bom.

É a avaliação que a 2. Avaliação Secundária


pessoa faz das
competências que Estado Físico – Será que estou doente, desmotivado,
perceciona sobre como cansado / otimista, bem-disposto?
lidar com a situação.

“Posso fazer alguma Apoio Social – Que recursos sociais é que tenho? (Apoio
coisa para resolver o dos amigos, família, colegas, etc.)
problema?”

Estratégias para confrontar o stress – COPING

Pensamentos, sentimentos e ações que a pessoa utiliza para dominar, reduzir ou


suportar as exigências da situação de stress.

▪ CENTRADAS NA SITUAÇÃO DE STRESS


A pessoa coloca em prática tentativas ativas para resolver o problema.
1.1. A pessoa age para reduzir o stress
Quando a fonte de stress são as relações interpessoais, é importante expressar
claramente opiniões, desejos, críticas e emoções – confronto.

1.2. Procura de apoio social (instrumental)


Os outros prestam uma ajuda concreta, em termos materiais ou de serviços,
que resolvem o problema do indivíduo.

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▪ CENTRADAS NA EMOÇÃO DESPOLETADA PELA SITUAÇÃO DE STRESS


A pessoa tem como objetivo reduzir a emoção negativa provocada pela situação,
sem enfrentá-la.

2.1. Autocontrolo (Emoção)


Tentativa de tentar dominar a emoção de forma a manter o grau de
funcionamento ou de evitar transmitir essa emoção negativa aos outros.
2.2. Escape (Comportamento → Emoção)
Fuga à preocupação e à emoção negativa, através dos seguintes meios:
2.2.1. Estratégias distrativas
2.2.2. Fuga à preocupação e à emoção negativa, reduzindo a atividade
fisiológica
2.2.3. Consumo de substâncias redutoras de ansiedade ou geradoras de
prazer
2.3. Reenquadramento da situação problemática (através do pensamento)
2.3.1. Focar tanto os aspetos positivos como negativos
Tentar ver o ganho da situação.
2.3.2. Relativizar a gravidade da situação
P.e.: “Podia ter sido pior”.
2.3.3. Dar um significado diferente à situação
Relativizar o grau de importância que se dá ao que os outros acham.
2.3.4. Usar o humor
P.e.: doutores palhaços.

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Psicologia 10

3. Psicologia do desenvolvimento
3.1. Teorias do desenvolvimento humano

Teoria Comportamentalista

Tese: O comportamento situa-se na interação do sujeito com o ambiente. É a patologia


da aprendizagem.

Origens: Reflexologia de Pavlov e Condutismo de J. Watson (manipulando o estímulo e


melhorando a resposta)

Teoria Psicanalítica

Tese: Os fenómenos psicológicos são determinados por conflitos internos


inconsistentes.

Origem: Teoria psicanalítica de Freud

Teoria Cognitivista

Tese: Entre o estímulo e a resposta existem processos psicológicos complexos de


natureza cognitiva e intencional, que determinam o comportamento.

Teoria (Posição) Fenomenológica Existencial

Tese: Os fenómenos psicológicos representam uma maneira de estar no mundo e dão


conta da realização da experiência vivida ou do projeto existencial.

Importância da ideia de futuro como processo de desenvolvimento do potencial


humano e importância da temporalidade e do espaço.

O que é a psicologia clínica?


A Psicologia clínica designa o estudo subjetivo dos sentimentos, das emoções, dos
estados interiores mas também o estudo objetivo do conjunto dos fenómenos mentais
e das leis que os regem.

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Psicologia 11

Cabe-lhe também responder à questão da diferença ou do desvio entre o que pode ser
considerado como fenómenos normais e o que pode ser considerado como fenómenos
patológicos.

A psicologia clínica interessa-se pelas reações do conjunto da personalidade. Estas,


contudo, só poderão ser clarificadas à luz da história de vida. (Alain Braconnier, 2000)

O que é a psicodinâmica?
A Psicologia dinâmica ou psicodinâmica é a observação e a compreensão da
especificidade de cada ser humano, ou mesmo de cada ser vivo, de estar em conflito
com o mundo, com os outros e com ele próprio.

Psicológica clínica Psicodinâmica Psicologia Clínica Dinâmica

Psicologia Clínica Dinâmica


Será um estudo do homem preocupado em resolver os seus conflitos. A psicologia clínica
dinâmica privilegia manifestamente o sentido íntimo em relação ao comportamento e
mesmo à cognição (inteligência).

Interessa-se prioritariamente pela “interioridade”* dos sujeitos e sobretudo pelos


conflitos conscientes e inconscientes que nela se desenrolam, e isto logo desde o
nascimento. (Alain Braconnier, 2000)
Seta grande: direção espontânea automática dos processos
psíquicos.
Cruz: censura, barragem do pré e inconsciente.
Setas pequenas: mantém o recalcado no inconsciente ou o
faz voltar para lá após penetrar o pré-consciente (repressão).

Nota: o recalcamento tem sentido oposto ao dinamismo do inconsciente, cuja tendência


é sempre a se manifestar.

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Psicologia 12

TEORIA PSICOSSEXUAL / PSICANALÍTICA | FREUD

Método de pesquisa: Observação clínica – associações livres; interpretações dos


sonhos; análise de transferência e análise dos atos falhados.

São impulsos (sobretudo de cariz sexual) que dinamizam e dão energia (libido) ao
comportamento, na procura do prazer erótico ou sensação, agradável. Ao longo do
desenvolvimento a satisfação do impulso sexual é obtida em diferentes zonas do corpo,
de modos diferentes.

Durante a infância, os impulsos, conflitos, emoções e experiências traumáticas, de


natureza sexual são recalcadas pela censura para o inconsciente, onde permanecem
ativos e reaparecem mais tarde de forma disfarçada, causando perturbações psíquicas.

Esta teoria baseia-se em dois pilares fundamentais que depois dão origem a uma visão
peculiar da infância e adolescência de um indivíduo, abordando o seu desenvolvimento
psicossexual.

1º Pilar
1ª tópica: O autor estudou a importância dos fenómenos
inconscientes nas nossas ações conscientes. Considerada
que a mente do ser humano era como um iceberg, sendo
que a parte mais visível do iceberg correspondia à
consciência enquanto que a parte submersa (maior)
correspondia ao pré-consciente e ao inconsciente.

▪ Consciente – noções, imagens e lembranças capazes de


serem captadas e controladas voluntariamente;
▪ Pré-consciente – sonhos e experiências recentes;
▪ Inconsciente – desejos, pulsões e instintos irrealistas na sociedade e, por isso,
inaceitáveis.

2ª tópica: Posteriormente, formulou a teoria e considerou que a mente era


constituída por três estruturas (Id, Ego e Superego). Com estas relacionou a
importância de a energia sexual ser da mesma tipologia que a energia que nos faz
agir.

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Psicologia 13

▪ Id – Funciona de acordo com o princípio do prazer, ou seja, a busca da satisfação


através de objetos irrealistas (instinto biológico). Procura a satisfação imediata
e irrestrita das necessidades e desejos e, é no Id que se encontra o reservatório
da líbido1.
▪ Ego – Desenvolve-se a partir do Id. Rege-se a partir do princípio da realidade, ou
seja, decide e inibe os desejos que podem ser realizados.
▪ Superego – Desenvolve-se a partir do Ego e atua como regulador da sua
atividade, ou seja, controla o ego de modo a inibir as exigências do Id.

2º Pilar
Conforme a zona erógena2 mais desenvolvida, Freud definiu cinco estádios
psicossexuais.
Estádio (idade) Descrição
Excitação da cavidade oral e dos lábios (a criança procura
Oral
satisfação levando objetos à boca).
(0-12 meses)
Forma-se o Ego.
Maturação e controlo do esfíncter, deslocando-se o prazer
Anal
para a zona anal.
(12 meses – 3 anos)
Controlo de impulsos agressivos.
O prazer desloca-se para os genitais.
Complexo de Édipo (♂) / Electra (♀) – desejo pelo progenitor
do sexo oposto.
Fálico
Complexo de castração – onde aprende a ouvir o 1º não.
(3-5 anos)
Caso esta rejeição seja constante, a autonomia da
criança fica comprometida.
Formação do Superego.
Pausa na evolução da sexualidade. Dissipação da energia
Latência
pelas três zonas erógenas.
(6 anos – puberdade)
Investe a sua energia em atividades escolares.

1
Energia que impulsiona a satisfação dos nossos prazeres nas zonas erógenas, que variam com a idade.
2
Zonas de grande sensibilidade/excitabilidade sexual, onde se obtém o prazer

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Psicologia 14

Amnesia infantil – reprime no inconsciente as experiências


que a perturbaram no estádio fálico.
Desenvolvimento do Ego e Superego.
Evolução da sexualidade.
Noção de masturbação.
Genital
Reativação do complexo de Édipo, fora do contexto familiar.
(puberdade – adulto)
Desenvolvimento do prazer libidinal, que passa a integrar-
se numa relação íntima.

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | PIAGET

Método de pesquisa: Observação naturalista e método clínico (entrevistas flexíveis).

Desde o nascimento até à adolescência, o pensamento vai sofrendo mudanças


qualitativas, aparecendo novas estratégias/competências que permitem compreender
cada vez melhor a realidade e resolver os problemas que ela nos coloca.

A abordagem de Piaget é construtiva uma vez que pressupõe que a construção da


inteligência ocorre por estádios e, que o sujeito desemprenha um papel ativo no
processo.

A construção do conhecimento resulta da adaptação aos desafios do meio e implica três


processos: assimilação, acomodação e equilibração.

As experiências contribuem para que se dê uma série de transformações progressivas a


nível motor, cognitivo e social, que se produzem segundo uma ordem especifica e
previsível e, sob a influencia da maturação do organismo e da experiência obtida na
interação com o meio num determinado momento.

Segundo Piaget o desenvolvimento ocorre segundo quatro estádios:

Estádio (idade) Descrição


Sensório-motor A criança percebe o mundo privilegiando a sua relação
(até aos 2 anos) sensorial e física com a realidade envolvente.

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Psicologia 15

Compreende os objetos (objeto permanente)


A criança desenvolve a capacidade simbólica,
Pré-operatório
representando o mundo com as suas próprias palavras e
(2 – 7 anos)
imagens.
Operatório Concreto A criança desenvolve o pensamento lógico a respeito de
(7 – 11 anos) acontecimentos concretos.
Operatório Formal O adolescente desenvolve o pensamento abstrato, logico e
(11 – 15 anos) idealista.

TEORIA PSICOSSOCIAL | ERIKSON

Método de pesquisa: Método clínico – estudo de biografias de personalidades famosas


para encontrar nestes percursores, evidencias na sua teoria.

Pressupoe que o desenvolvimento é orientado pela energia de natureza psicossocial,


valorizando as interações entre o meio e a personalidade em desenvolvimento.

O autor defende que a construção de uma identidade pessoal é influenciada pela


interação indivíduo-meio sociocultural e desenvolve-se ao longo da vida, através da
resolução de crises.

Estádio (idade) Questão Virtude


Confiança vs Desconfiança “Será o meu mundo social previsível e protetor?”
Esperança
(0 – 18 meses) A relação com a mãe é muito importante.
Autonomia vs Vergonha/Dúvida “Será que consigo fazer as coisas sozinho ou Força de
(18 meses – 3 anos) tenho que depender dos outros?” vontade
Iniciativa vs Culpa Tenacidade/
“Serei bom ou mau?”
(3 – 6 anos) Perseverança
Diligência vs Inferioridade “Serei competente?”
Competência
(7 – 11 anos) A criança espera ser aceite e bem-sucedida.
Identidade vs Difusão de
Lealdade e
identidade “Quem sou eu? O que farei à minha vida?”
Fidelidade
(12 – 19/20 anos)

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Psicologia 16

Caso as virtudes anteriores tenham sido


adquiridas, o adolescente constrói facilmente
a sua identidade.
“Deverei partilhar a minha vida com outra pessoa
Intimidade vs Isolamento
ou deverei viver sozinho?” Amor
(20 – 35 anos)
Investimento em relacionamentos íntimos.
“Serei bem-sucedido na minha vida
Reprodução vs Estagnação afetiva/profissional? Produzirei algo com
Cuidado
(35 – 65 anos) verdadeiro amor? Conseguirei contribuir para
melhorar a vida dos outros?”
“Teve a minha vida sentido ou falhei?”
Integridade do Ego vs
Aprofundamento espiritual e uma alargada
Desespero perante a vida Sabedoria
experiência do próprio lugar da espécie no
(65 anos – morte)
universo.

1.2. Etapas do Desenvolvimento cognitivo e psicossocial ao longo


do ciclo de vida
1.2.1. A interação mãe-bebé

Relação precoce: relação recíproca que tem por base o conjunto de comportamentos
que nos primeiros tempos de vida permitem estabelecer a ligação afetiva entre a criança
e quem dela cuida. Terão um processo fundamental na construção do eu. As relações
precoces iniciam-se com os cuidados sob a forma de vinculação precoce.

HARLOW

Segundo Freud, o bebé pouco mais era do que uma boca que se afeiçoava à pessoa que
o amamentava.

Harlow vem demonstrar que o vínculo do bebe à mãe está para além da satisfação das
necessidades básicas (alívio da fome, sede, dor, etc.), recorrendo ao método
experimental por experiências etológicas.

Experiência 1: mãe de arame e mãe felpuda


Neste estudo a mãe de arame alimenta a cria e a mãe felpuda não.

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Psicologia 17

Colocaram um macaco numa jaula com ambas as mães. Reparou-se que o macaco
passou 17/18 horas na mãe felpuda e mais ou menos 1 hora na mãe de arame. Quando
assustado correu também para a mãe felpuda à procura de conforto, quando estabelece
contacto depois até começa a “gritar” com o boneco que o assusta.

Harlow salienta a importância do conforto do contacto para a sensação de segurança na


cria.

LORENZ

A cria tem a capacidade inata para se aproximar e seguir o 1º estímulo precetivo


(geralmente a mãe), ficando ligada a ele – imprinting3 ou cunhagem.

Este processo ocorre durante um período crítico do início da vida do animal de modo
que a proximidade da figura de vinculação fornece conforto e segurança ao passo que o
seu afastamento causa angústia.

Ao assegurar a proximidade com a mãe, a cria assegura a sua alimentação e proteção,


mas também aprende os comportamentos dos elementos da sua espécie.

1.2.2. A infância – primeiros anos de vida

ESTUDOS DE BOWBLY E AINSWORTH

Geralmente, existe um cuidador principal que se torna a figura de vinculação para um


bebé, dependendo:
▪ Do tempo despendido nos cuidados ao bebé e da sua qualidade;
▪ Do investimento emocional;
▪ Da presença repetida na vida do bebé.

Entre os 6-8 meses o bebé começa a diferenciar a mãe das outras pessoas, chorando e
inquietando-se quando a vê partir.

3
É uma resposta de comportamento adquirida no início de vida, não reversível e normalmente provocada
por uma situação ou estímulo que a desencadeia.

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Psicologia 18

À medida que a criança cresce, vai confiando que a mãe estará presente quando ela
precisar, o que permite aceitar separações cada vez mais longas.

Este conhecimento emocional proporciona uma confiança básica que constitui o


primeiro vínculo humano, que permitirá à criança tornar-se independente da mãe e que
servirá de apoio à construção de posteriores relações com os outros.

ESTUDO DE BOWLBY

Segundo Bowlby, a vinculação só se desenvolve até aos dois anos mas é essencial para
entender todas as outras relações.
A causa básica da vinculação é o medo inato do desconhecido que leva as crias a fazerem
tudo o que podem para se manterem junto de algum objeto (geralmente a mãe) que se
tornou familiar.

O bebé tem competências inatas que lhes permite manter a proximidade com a figura
de vinculação – respostas ou comportamentos instintivos: sorrir, chorar, agarrar,
chuchar, seguir – e estabelecer com ela uma relação de vinculação.

Os estudos de Bowlby foram baseados em crianças que tinham sofrido privação de


cuidados maternos.

Consequências da privação de cuidados maternos:


▪ Relações afetivas futuras superficiais;
▪ Ausência de concentração intelectual;
▪ Incapacidade de se relacionar socialmente com os outros, inexistência de
reações emocionais;
▪ Comportamentos desviantes e delinquência.

Conclusões de Bowlby:
▪ A personalidade do adulto constrói-se a partir das ligações socioafetivas
precoces;
▪ Os vínculos precoces repousam sobre necessidades e fundamentos biológicos;
▪ A tendência para estabelecer laços afetivos é independente de outras
necessidades básicas, incluindo a alimentação.

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Psicologia 19

Attatchment: sentimentos de proteção e segurança e o laço integrativo do ego que


conduzem às aquisições sensório-motoras e cognitivo-sensoriais (sorrir, chorar,
chuchar, agarrar e seguir).

ESTUDO DE AINSWORTH

Ainsworth centrou-se nas reações da criança quanto à figura de vinculação, com o


objetivo de estabelecer estilos de vinculação – estudo da situação estranha, através da
utilização do método experimental.

Procedimento experimental:
▪ Criança introduzida com a mãe numa sala desconhecida com alguns brinquedos
apelativos;
▪ Entrada de um estranho que interage com a mãe e se aproxima da criança;
▪ A mãe ausenta-se, deixando a criança dentro da sala com o desconhecido;
▪ Observação dos comportamentos do bebé após a saída da mãe.

Esta experiência permitiu, assim, medir objetivamente as estratégias e as dificuldades


relacionais da criança em função do contexto. A forma como uma criança colocada num
ambiente estranho reage e explora o mundo que a rodeia, depende da base de
segurança que encontra na sua figura de vinculação.

Distinguiram-se então três estilos de vinculação:


1. Vinculação segura
Enquanto a mãe está presente, as crianças exploram, brincam e até se aproximam
cautelosamente do estranho. Mostram alguma perturbação quando a mãe sai e
saúdam com grande entusiasmo o regresso da mãe.
Organização interna constituída por conhecimentos e expectativas positivas:
▪ Relativas à disponibilidade e responsividade da figura de vinculação;
▪ O self como merecedor de atenção e afeto como competente para se confortar
com o mundo.
2. Vinculação Ambivalente/Insegura

Enquanto a mãe está presente, estas crianças não exploram a sala, ficando
extremamente angustiadas e em pânico com a saída da mãe. No momento do

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Psicologia 20

regresso, reagem com ambivalência emocional, correndo para ela para serem
pegadas ao colo e lutando com raiva depois para voltarem para o chão.

3. Vinculação Evitante
Enquanto a mãe está presente, estas crianças mantêm-se distantes e afastadas dela.
Mostram pouca perturbação quando a mãe sai, ignorando o regresso dela.

Características da vinculação:
▪ Procuram proximidade, sobretudo em casos de tensão;
▪ Prazer na reunião com a figura de vinculação;
▪ Desconforto emocional na separação;
▪ Não procuram conforto num estranho.

ESTUDO DE BRAZELTON

Brazelton centrou-se num estudo das reações parentais aquando do surgimento de uma
situação ameaçadora (p.e.: sinais verbais e não-verbais de desconforto, como a
expressão de dor), perigosa (p.e.: queda) ou stressante (p.e.: separação) para a criança.

Se por um lado a criança procura ser protegida, por outro, a figura parental tenta
proporcionar proteção através de um sistema de prestação de cuidados.

Uma vez ativado o sistema de prestação de cuidados, a figura parental manifesta um


conjunto de comportamentos direcionados para o bebé:

▪ Restabelecer ou manter a proximidade; ▪ Manejo;


▪ Paciência; ▪ Interpretação dos sinais;
▪ Sustento; ▪ Interação.

Os comportamentos do sistema de prestação de cuidados visam manter uma relação de


proximidade com o bebé para responder às suas necessidades, protegê-lo e estabelecer
uma relação de segurança.

Vinculação segura – a figura adulta perceciona e avalia adequadamente os sinais da


criança, percebendo quando precisa de protegê-la e como deve responder de modo
rápido. Sabe quando a sua intervenção não é necessária.

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Psicologia 21

Vinculação insegura – existe um bloqueio na capacidade das figuras parentais para


proteger o bebé, despoletando sentimentos de raiva, tristeza e ansiedade nos adultos.

Os comportamentos do sistema de prestação de cuidados desativam-se quando as


figuras parentais se sentem satisfeitas pela proximidade física da criança e pelos sinais
de que esta está confortada, contente ou satisfeita.

A regulação emocional começa assim por ser relacional entre a mãe e o bebé, para
progressivamente se tornar numa capacidade individual do bebé.

O sentido de segurança do self, que se reflete na capacidade de autorregulação


emocional, envolve um sentido fundamental dos outros como afetuosos e portadores
de carinho, do self como merecedor de afeto e capaz de gerar afeto e do mundo como
seguro mas desafiador.

ESTUDO DE SPITZ

A separação precoce e os seus efeitos

Spitz afirmou que a carência de cuidados maternos, de ternura, de relações


interpessoais e de comunicação eram a principal causa das elevadas taxas de
mortalidade e de morbilidade entre as crianças recolhidas em instituições.

Assim, identificou duas patologias decorrentes da privação afetiva precoce: a depressão


anaclítica e a síndrome de hospitalismo.

Depressão anaclítica – resultante da privação afetiva parcial. As crianças apresentam


atonia afetiva, inércia motora, pobreza interativa e desorganização psicossomática.

O bebé fica angustiado quando vê a mãe partir mas fica pior se ela não voltar
rapidamente. As separações longas podem ter efeitos graves.

Perturbações no comportamento do bebé:


▪ Choro, gemido, apatia;
▪ Rigidez;
▪ Evitamento de contacto;
▪ Atrasos no crescimento;

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Psicologia 22

▪ Risco para a sobrevivência do bebé.

Spitz constatou que, as instituições de crianças órfãs limitavam-se a satisfazer as


necessidades fisiológicas das crianças. Assim, a maioria destas crianças apresentava o
que designou por síndrome de hospitalismo.

Síndrome de hospitalismo – resultante da privação afetiva total e duradoura (0-18


meses). As crianças apresentam dificuldades no relacionamento interpessoal, atraso no
crescimento físico, atraso no desenvolvimento motor e intelectual, longos períodos de
apatia, maior suscetibilidade à doença e até mesmo morte precoce. Além destes, as
crianças ainda apresentavam sentimentos de abandono, desemparo e medo.

WILFRED BION

A relação humana é vista como uma relação continente/conteúdo, ou seja, há sempre


alguém que contem partes do outro (p.e.: afetos), mesmo que esse outro, numa relação
adulta também possa ele mesmo ser continente do sujeito.

Na relação mãe-filho, por mais que o filho seja capaz de investir percetivamente a mãe
e de a pré-conceber, não pode existir a não ser que a mãe lhe confira existência através
da sua capacidade de lhe dar significado. Assim, a mãe é continente dos conteúdos do
seu bebé.
▪ Função alfa – função transformadora de uma situação desconfortável em situação
confortável (descodificação do motivo de desconforto).
▪ Produção de conhecimentos
▪ Capacidade de Rêverie – estar em estado de sonho e captar o que se passa com o
filho pela intuição.
▪ Ser continente dos conteúdos do bebé: acolher, conter, descodificar…

DONALD WINNICOTT

Compreensão dos estados emocionais mais primitivos do bebé. Centrou-se na relação


mãe-bebé (base da saúde mental).

Focaliza-se em 2 partes:
▪ Crescimento emocional do bebé;
▪ Qualidades relacionais da mãe na satisfação das necessidades do bebé.

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Psicologia 23

Funções da “mãe suficientemente boa”:


2. Holding (sustentação) - Permite a tarefa de integração.
A maneira como o bebé é sustentado ao colo. É ao mesmo tempo uma experiência física
e simbólica.
3. Handling (manipulação) - Permite a tarefa de personalização
Maneira como o bebé é tratado, cuidado e manipulado. Experiência do toque materno.
4. Apresentação dos objetos - Permite a tarefa de relação objetal
Fase chamada de realização (pelo impulso criativo da criança); inclui o início das relações
interpessoais bem como a introdução da realidade partilhada pelo bebé.

Objetos transicionais: uso de determinados objetos pela criança. Representam a mãe e


também partes do mundo interno do bebé. Permite a passagem de um estado de
identificação funcional com a mãe para um estado de separação e constituição do “eu”.

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | PIAGET

Estádio sensório-motor

Período em que a inteligência é totalmente prática, a criança desenvolve-se através de


ações motoras e de atividades percetivas que captam impressões sensoriais.

Idade Descrição
As atividades da criança centram-se essencialmente no seu
1 – 4 meses
próprio corpo.
Desenvolve-se a coordenação entre as atividades percetiva
e motora;
Agarra um objeto que tiver ao seu alcance;
4 – 8 meses
Novos comportamentos acidentais, ou seja, a criança ainda
não escolhe deliberadamente usar um esquema como
meio para atingir um fim.
Aperfeiçoa a coordenação motora;
8 – 12 meses A acidental ocorrência de novos comportamentos dá lugar
às primeiras formas de comportamento intencional;

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Psicologia 24

Uso intencional dos esquemas para atingir um objetivo.


Desenvolvimento da capacidade de coordenação dos
esquemas – se uma ação produz um resultado, não será
12 – 18 meses
simplesmente repetida, mas modificada de modo a
verificar que outros efeitos dela podem resultar.
Fase de transição
Aquisição da noção de permanência do objeto: torna
18 – 24 meses
possível pensar e falar de objetos que estão fora do
campo de perceção imediata da criança.

TEORIA PSICOSSOCIAL | ERIKSON

Infância até aos 3 anos

1ª idade (0-18 meses) – confiança vs desconfiança

“Será o meu mundo social previsível e protetor?”

Polo positivo: Confiança Polo negativo: Desconfiança

Confiança em si mesmo e nos outros; Timidez, retrocedimento e


insegurança quanto às suas
Amor dos pais;
capacidades;
Estimulação de atividades de
Pouco à vontade no confronto dos
descoberta.
obstáculos com o meio.

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Psicologia 25

2ª idade (18 meses – 3 anos) – autonomia vs dúvida e vergonha

“Será que consigo fazer as coisas por mim próprio ou tenho de depender quase
sempre dos outros?”

Polo positivo: Autonomia

Autocontrolo de algumas funções Polo negativo: Dúvida e Vergonha


orgânicas;
Retraimento se a criança falha muitas
Domínio da coordenação motora; vezes.
Capacidade de manipular objetos.

3.2.1. A idade pré-escolar

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | PIAGET

Estádio Pré-operatório

Capacidade de
Idade Descrição
classificação
Pensamento Transdutivo/Pré-concetual, centrado na imaginação
Egocentrismo
• A criança passa a ser o centro do universo;
• O seu ponto de vista é o único possível;
Coleção de figuras,
• Comportamentos do próprio como causa dos
sem importar
2 – 4 anos acontecimentos.
agrupá-las e
Causalidade mágico-fenomenológica
classificá-las
• Atribuição de um relacionamento causa efeito a dois
acontecimentos sem qualquer relação.
Várias características mentais resultam do predomínio do
pensamento mágico:

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Psicologia 26

o Animismo – tendência para atribuir aos objetos físicos e


aos fenómenos naturais qualidades psicológicas;
o Realismo – tendência para atribuir a realidades
psicológicas uma existência física;
o Artificialismo – tendência para acreditar que os objetos
físicos e acontecimentos naturais são produzidos por
pessoas;
o Finalismo – tendência para acreditar que nada acontece
por acidente e, sobretudo, que tudo tem uma justificação
finalista, isto é, existe em função do fim que cumpre.
Pensamento Intuitivo
A criança atribui uma relação intuitiva, não necessariamente lógica,
de causa-efeito entre dois acontecimentos.
Centrada na perceção dos dados sensoriais e naquilo que observa
da realidade:
• Influência a explicação do que é estar doente (justificações
tautológicas);
• Influência a explicação do que pode causar doença
(fenomenismo – a doença é atribuída a qualquer
Coleção de figuras
fenómeno concreto e externo que coindica com o início do
com base numa
4 – 7 anos sintoma);
única dimensão
• Influência a vivencia da dor (fenomenismo) – a dor como
(cor/forma)
causa única e visível, próximo no tempo e espaço;
• Influência a avaliação da gravidade da doença;
• Influência a explicação de como se pode tratar uma
doença;
• Influência os métodos utilizados para diminuir a dor;
• Influência a perspetiva que a criança tem do tratamento.
Ausência da conservação:
Desconhecimento de que as mudanças na forma e na
aparência não implicam alterações na quantidade.

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Psicologia 27

P.e.: o copo mais alto tem mais água porque é maior.


Centrada numa só dimensão percetiva:
As crianças desta idade só se conseguem centrar apenas numa
dimensão percetiva dos objetos médicos, sem serem capazes
de atender ao critério da sua funcionalidade.
Confusão entre procedimentos preventivos, terapêuticos ou de
diagnostico
Classificação na mesma categoria, com base em características
idênticas – “todos servem para o mesmo”
Irreversibilidade
Incapacidade de inverter ou modificar mentalmente ações.

TEORIA PSICOSSOCIAL | ERIKSON

3ª idade (3 – 6 anos) – iniciativa vs culpa

“Serei bom ou mau?”

A preocupação da criança com a moralidade/aceitabilidade dos seus comportamentos


tem influência na forma como se explicam determinados conceitos de saúde.
Comportamento exploratório.

Curiosidade corporal e pela diferença entre géneros.

Polo negativo: Culpa


Polo positivo: Iniciativa

Recetividade à curiosidade da criança; Críticas, repreensões e punições;

Tendência para explorar o meio; Inibição excessiva para explorar o


meio;
Vivacidade;
Medo e sentimentos de culpa pela
Gosto pela descoberta;
transgressão;
Bom sentido moral
Ansiedade

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Psicologia 28

▪ Influência a explicação do que pode causar uma doença:


o A criança não consegue explicar o que é estar doente;
o A doença surge devido à negligencia da criança.
▪ Influência a vivência da dor
o Algumas crianças veem a dor como castigo de comportamentos,
pensamentos ou consequências de transgressões.
▪ Influência da explicação acerca de como se pode tratar uma doença.

3.2.2. A idade escolar

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | PIAGET

Estádio Operatório Concreto (7 – 11 anos)

Evolução do pensamento da criança, surgindo conceitos como a descentração que irá


permitir o desenvolvimento de competências de sociabilização e uma maior capacidade
de aprendizagem.

Redução do egocentrismo

A comunicação é mais socializada, embora as amizades digam quase


exclusivamente respeito a indivíduos do mesmo sexo.

A criança começa a perceber a perspetiva do outro – perspetivismo.

Adquire a capacidade de descentração – capacidade de pensar em vários


pontos de uma mesma situação simultaneamente, rompendo as
barreiras do pensamento, potencializando o desenvolvimento da criança.

Pensamento centrado nas operações lógico-concretas

Influência a explicação do que pode causar uma doença

▪ Um agente externo ao tocar a superfície do corpo ou ao estar


próximo – contaminação – causa a doença no seu interior -
internalização;
▪ A explicação do conceito “micróbio” ainda é confusa.

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Psicologia 29

Início da perceção de controlo sobre a doença

Influência a vivência da dor

Influência a compreensão do funcionamento do corpo humano

Influência a explicação do que é estar doente

Reversibilidade – realização de operações mentais em que o processo de


mudança é anulado, voltando ao estado original somente sobre conteúdos
concretos.

Influência a explicação de como se pode tratar uma doença

Influência os métodos utilizados para diminuir a dor

Classificação hierárquica – conhecimento da existência de várias formas válidas


para classificar um grupo de objetos, os quais podem pertencer
simultaneamente a diferentes classes.

Influência a compreensão de informação relativa à promoção da saúde

Influência a explicação do que pode causa uma doença

Influência a explicação do que é estar doente

Envolve múltiplos critérios na avaliação da gravidades da doença

TEORIA PSICOSSOCIAL | ERIKSON

4ª idade (7 – 11 anos) – realização vs inferioridade

“Serei competente e habilidoso ou serei inútil?”


Entrada na escola
▪ A criança ganha interesse pelo trabalho sistémico
▪ Pretender obter o reconhecimento e respeito dos colegas e professores para
se autovalorizar.
Novas relações sociais
▪ Os professores e os colegas apreciarão, ou não, aquilo que a criança faz pelo
seu grau de competência no desempenho das tarefas.

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Psicologia 30

Polo negativo: Inferioridade


Polo positivo: Realização
Sentimentos de
Sentimento saudável de realização, inadequação/inferioridade quando, ao
autoconfiança e de identidade. sentir que não consegue realizar algo
de forma produtiva, a criança se
Pessoa potencialmente útil e
produtiva para a sociedade. desencoraja para realizar os trabalhos
e para competir com os seus colegas
em importantes áreas de desempenho.

3.2.3. A adolescência

Adolescência – etapa do desenvolvimento humano caracterizado por profundas


transformações físicas, psicológicas e sociais. Marcada pela aceleração do crescimento
pela responsabilidade de si próprio.

Fases da adolescência (Segundo a OMS (2019))

Adolescência entre os 10 e 19/20 anos


- 10 – 13 anos ⟶ puberdade
- 14 – 15 anos ⟶ adolescência intermédia
- 16 – 19 anos ⟶ adolescência tardia
Jovem/Juventude entre os 15 e 24 anos

Etapa caracterizada por mudanças físicas e pelo desenvolvimento psicológico, socio


afetivo e pela sexualidade.

A família do adolescente desempenha o papel de “porto de abrigo” para o mesmo. As


funções primordiais da família passam pelo desenvolvimento e proteção dos seus
membros (função interna) e a sua socialização adequada e a transmissão de uma
determinada cultura (função externa).

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Psicologia 31

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | PIAGET

Estádio Operatório Formal (11 anos – adolescência)

É neste estádio que o jovem levanta hipóteses sobre diversos tipos de conhecimento.

Coexistem vários tipos de pensamento.

Pensamento Operatório Formal


▪ Conjunto mais extenso de conhecimentos.
▪ Capacidade mais rápida e automática na resolução de problemas.

Pensamento abstrato

Pensamento hipotético-dedutivo

Pensamento combinatório

Pensamento proposicional

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | ELKIND

O acesso ao pensamento formal conduz ao egocentrismo adolescente, que o autor


associa a duas crenças irracionais:

Público Imaginário

Construção mental de uma audiência imaginária, julgando-se sempre


observado por outros. Crê que está em “palco” e que os outros estão tao
preocupado com os seus pensamentos e ações quanto ele.

Relaciona-se com a capacidade crescente para assumir a perspetiva das


outras pessoas.

Narrativa Pessoal

Sentimento de singularidade aliado à crença de que é especial, não se


submetendo às regras que orientam a sociedade.

Considera que tem sentimentos, crenças e ideias que outros não têm e
não podem compreender.

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Psicologia 32

Nesta fase, o adolescente apresenta duas perspetivas:

▪ Otimismo comparativo – tendência da maioria dos jovens para verem o seu


futuro como mais positivo que o futuro dos outros;
▪ Pensamento “Imediatista” – obter prazer em curto prazo e dificuldade em
pensar nas consequências a longo prazo.

Comportamentos de risco

Sedentarismo/obesidade Infeções sexualmente Acidentes


transmissíveis
Perturbações alimentares Suicídio
Violência
Consumo de drogas e Comportamentos aditivos
álcool Gravidezes indesejadas

Fatores de proteção
▪ Apoio da família e dos amigos;
▪ Espaços de apoio ao aluno;
▪ Espaço de educação para a cidadania, saúde e desenvolvimento pessoal social.

TEORIA PSICOSSOCIAL | ERIKSON

5ª idade (11 – 19 anos) – identidade vs difusão de identidade

“Quem sou eu? Qual o lugar que ocupo na sociedade? O que quero ser no futuro?”

Polo positivo: Identidade


Polo negativo: Difusão da Identidade
Sensação de conforto e identidade
definida. Sensação de ser estranho a si próprio,
Construção de uma autoestima e impedindo assim o jovem de
autoimagem positiva. estabelecer um núcleo estável de
personalidade.
Aquisição de uma identidade
psicossocial, ou seja, compreende e Desconforto identitário.
constrói o seu papel no mundo

Etapa do desenvolvimento humano caracterizada por profundas transformações físicas,


psicológicas e sociais e marcada pela aceleração do crescimento.

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Psicologia 33

A formação da identidade é encarada como um processo integrador das transformações


pessoais, das exigências sociais e das expectativas em relação ao futuro.

O adolescente desenvolve a fidelidade, ou seja, a capacidade para confiar nas outras


pessoas, em si próprio e, capaz de se devotar a uma causa.

Moratória Psicossocial

É um período de pausa necessária a muitos jovens, de procura de alternativas e


experimentação dos papeis que via permitir um trabalho de elaboração interna.

As moratórias são caracterizadas pelas necessidades pessoais mas também por


exigências socioculturais e institucionais.

TEORIA PSICOSSEXUAL / PSICANALÍTICA | FREUD

Estádio genital

Perda da identidade infantil


Retoma dos impulsos sexuais
Modificações psicológicas
Comportamentos de descoberta
Interesse na sexualidade
Capacidade para amar e cuidar

O autor defendia que a vida era construída em torno de tensão e prazer.

3.2.4. O Jovem Adulto

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | SCHAIE E WILLIS

Pensamento relativista

O pensamento do adulto é do tipo relativista, havendo um progressivo aumento de


características como:

Flexibilidade – reconhecimento de que existem muitos pontos de vista.

Individualidade – interpretação pessoal psicometafórica do que leem, veem ou


ouvem.

MARISA DINIS CLE 2021-2025


Psicologia 34

Incerteza – consciência de que não existe uma única resposta certa

Intuição e emoção – pensamento automático, baseado na experiência.

Teoria dos Estádios

Modelo que estipula sete estádios sobre a forma como o pensamento é utilizado ao
longo das diferentes etapas da vida.

1º Estádio (infância e adolescência) – Estádio Aquisitivo

Pensamento centrado no que é preciso saber e que competências adquirir para


o indivíduo se sentir com valor.

2º Estádio (jovem adulto) – Estádio Realizador

Pensamento centrado em utilizar aquilo que sabe para o indivíduo alcançar os


seus objetivos profissionais e familiares.

Desenvolvimento Psicossocial

Marcos da entrada na vida adulta

Do ponto de vista legal (a partir dos 18 anos):


▪ Alistamento na tropa;
▪ Pode casar sem a permissão dos progenitores;
▪ Estabelecer contratos.

Do ponto de vista social:


▪ Autossuficiência;
▪ Escolha de uma carreira;
▪ Casamento ou relação significativa;
▪ Constituição de família

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Psicologia 35

TEORIA PSICOSSOCIAL | ERIKSON

6ª idade (20 – 30 anos) – intimidade vs isolamento

“Deverei partilhar a vida com outra pessoa ou deverei viver sozinho?”

Procura de relações íntimas, profundas, significativas e duradouras.

Crises anteriores resolvidas pela positiva, sobretudo a identidade.

Capacidade para transformar o amor recebido enquanto criança e adolescente em


devoção e entrega.

Segurança acerca de quem é e do que quer na vida.

Polo positivo: Intimidade Polo negativo: Isolamento

O adulto não tem medo de perder a Incapacidade de entrega e de


sua identidade na ligação íntima à fidelidade com uma relação;
identidade de outrem.
Relações superficiais não gratificantes;
Capacidade de sacrifício e fidelidade.
Isolamento, solidão e sensação de que
Ligações sociais estáveis e abertas. falta algo para se sentir completo.

Diferentes estilos de vida


Casamento (tarefas psicológicas)
▪ Redefinir a ligação com a família de origem do cônjuge;
▪ Construir intimidade sem sacrificar a autonomia;
▪ Ajustar as relações com os pais enquanto se preserva a privacidade;
▪ Lidar com as crises sem enfraquecer o laço marital;
▪ Permitir a expressão seguro do conflito;
▪ Estabelecer uma relação sexual satisfatória, independentemente das
exigências do trabalho e da família;
▪ Partilhar divertimento e gargalhadas;
▪ Manter o romance enquanto se encara a realidade;
▪ Prestar cuidados e suporte emocional.

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Psicologia 36

Solteiros (fatores subjacentes)


NOTA:
▪ Mulheres mais autossuficientes; A exclusão, na Teoria de Erikson, de
▪ Menor pressão social para casar; estilos de vida dos solteiros,
▪ Desemprego celibatários e homossexuais deixa em
aberto outras alternativas de
▪ Gosto pela liberdade sexual;
desenvolvimento saudável.
▪ Considerar excitante ser-se solteiro;
▪ Gostar de estar sozinho;
▪ Ter liberdade de correr riscos, experimentar e mudar (sofre as consequências
dos seus próprios erros, mais ninguém é implicado);
▪ Medo de que o casamento acarrete o divórcio;
▪ Indivíduos ocupados, ativos e seguros acerca deles próprios.

Fatores de proteção
Casamento
▪ Satisfação de necessidades fundamentais como a intimidade (partilha de
sentimentos e confidencias), amizade, preenchimento sexual e
companheirismo.
▪ Baseado em interesses e valores comuns;
▪ Êxito no casamento ⟶ intimamente associado à forma como os cônjuges
comunicam, tomam decisões e lidam com conflitos.

Amizade
▪ Baseadas em interesses e valores comuns;
▪ Influência positivamente a saúde.

Fatores de risco
A nível das relações íntimas
▪ Insatisfação com relações de amor e/ou amizade;
▪ Focar na carreira, levando à falta de tempo para relacionamentos;
▪ Dificuldades em assumir e/ou experimentar a sexualidade;
▪ Incapacidade para realizar tarefas psicológicas do casamento;
▪ Divórcio.

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Psicologia 37

A nível parental
▪ Infertilidade (provoca alterações na intimidade e o desgaste emocional do
casamento);
▪ Dificuldades na educação dos filhos;
▪ Focar nos filhos, prejudicando o casamento.

A nível profissional
▪ Dificuldades em encontrar trabalho compatível com as habilitações;
▪ Grandes exigências ⟶ assertividade;
▪ Competitividade.
▪ Nesta idade, ocorre um período de grande tensão devido aos encargos
financeiros e às escolhas cruciais a serem tomadas.
3.2.5. Idade Adulta

TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | PIAGET

35 – 65 anos

Raciocínio abstrato formal, de observação e análise desapegada e objetiva sobre


fenómenos físicos.

PENSAMENTO PÓS FORMAL | SINNOT

Características de toda a fase do adulto e do idoso.


Raciocínio sobre dilemas sociais
Depende de sentimentos subjetivos, da intuição, da lógica e da experiência de vida do
próprio indivíduo.

▪ Capacidade de mudança de um raciocínio abstrato para considerações


práticas do mundo real.
▪ Múltiplas causas e soluções sobre o mesmo problema, no entanto, algumas
soluções têm mais possibilidades de resultar do que outras.
▪ Pragmatismo – escolha da melhor solução com base na sua aplicabilidade a
questões do dia-a-dia.
▪ Consciência de paradoxo – a solução de um problema traz ganhos e perdas.

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Psicologia 38

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL | HORN E CATTEL

Inteligência fluída vs inteligência cristalizada

Diminuição da inteligência fluída


▪ Capacidade para pensar sobre novos problemas que exigem pouco ou
nenhum conhecimento prévio;
▪ Mais dependente de fatores neurológicos;
▪ Tende a declinar com a idade.

Aumento da inteligência cristalizada


▪ Capacidade para recordar e usar informações armazenadas durante a vida
inteira;
▪ Mais dependente da educação (escolaridade elevada) e da experiência
cultural;
▪ Mantém-se ou aperfeiçoa-se com a idade.

As pessoas de meia-idade tendem a ser boas solucionadoras de problemas, capazes de


compensar quaisquer perdas a outro nível.

TEORIA PSICOSSOCIAL | ERIKSON

7ª idade (30 – 60 anos) – generatividade vs estagnação

“Serei bem sucedido na minha vida afetiva e social? Produzirei algo com verdadeiro
valor? Conseguirei contribuir para melhorar a vida dos outros?”

Polo positivo: Generatividade Polo negativo: Estagnação


Capacidade para ser criativo e Preocupação exclusiva com o próprio,
produtivo em várias áreas da vida. com o seu bem-estar e posse de bens
Preocupação com as gerações materiais.
vindouras. Ausência de doação
Empenho em tornar o mundo um
Egoísmo.
lugar melhor para se viver

MARISA DINIS CLE 2021-2025


Psicologia 39

Circunstâncias familiares
Casais sem filhos
▪ A exclusão na teoria de Erikson de estilos de vida de casais sem filhos deixa
em aberto esta alternativa de desenvolvimento saudável.
▪ Decisão tomada antes do casamento ou adiada.
▪ Motivos subjacentes à decisão de não ter filhos:
o Concentração nas carreiras ou em causas sociais;
o Maior conforto em lidar com adultos;
o Crença de que não serão bons pais;
o Manter a intimidade da lua de mel;
o Gozar a liberdade, como viajar ou tomar decisões repentinas;
o Evitar as despesas financeiras subjacentes a uma criança;
o Dificuldades em conciliar parentalidade com a profissão.

Ninho vazio
▪ Quando o último filho deixa o lar;
▪ Mais fácil para mulheres que a encaram como uma experiência libertadora
para realizarem aspirações pessoais.

Porta Giratória
▪ Quando o filho regressa ao lar para se reorganizar depois de ter sofrido
dificuldades financeiras, conjugais ou de outro tipo.

Netos
▪ Em relação aos quais podem ser professores, cuidadores, modelos e até
mediadores na relação com os pais;
▪ Podem ter de tomar conta deles a tempo inteiro.

Cuidar dos pais


▪ Seja em pequenas tarefas desde servir de motorista, ajudar no trabalho
doméstico até ao cuidado físico completo.
▪ Pode constituir uma oportunidade de crescimento pessoal.

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Psicologia 40

Fatores de proteção
Atividade profissional
▪ Maior satisfação profissional;
▪ Alcance do topo da carreira.

Relações íntimas
▪ Aumento da satisfação conjugal;
▪ Relações mais íntimas com amigos.

Saúde física
▪ Ser saudável é uma pessoa conseguir fazer a sua vida normal,
independente e sem sofrimento.

Fatores de risco
Perdas cognitivas
▪ Preocupação com os primeiros sinais.

Alterações físicas
▪ Não aceitação de rugas, óculos, perda de cabelo, etc.
▪ Dificuldade em lidar com o aumento de peso;
▪ Menopausa;
▪ Aumento do risco para determinadas doenças

Papeis familiares
▪ Dificuldades na relação com filhos adolescentes;
▪ Ninho vazio ⟶ mulheres mais centradas na maternidade e que não
antecipam rotinas familiares para a saída de casa dos filhos;
▪ Pais que se arrependem de não ter passado mais tempo com os filhos;
▪ Geralmente assumido pelas filhas de meia-idade que podem sentir-se
incapazes de prestar cuidados aos pais.

Atividade profissional
▪ Impossibilidade de progredir na carreira;
▪ Desadequação a novas tarefas profissionais;
▪ Inadaptação à reforma;

MARISA DINIS CLE 2021-2025


Psicologia 41

▪ Tomar consciência de que não se consegue concretizar o “sonho”


profissional.

Crise de meia-idade:
▪ Fase de transição;
▪ Depende de acontecimentos stressantes;
▪ Tem baixa incidência em pessoas com educação superior, de classe
média/alta;
▪ Tem como consequências o aumento da ideação suicida, o consumo de
álcool e a ansiedade.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | SCHAIE E WILLIS

2. Estádio Realizador

35 anos 3. Estádio Responsável


Pensamento centrado na redução de
problemas para o indivíduo poder ser
responsável por outros, profissional e
familiarmente.

Pode não ser


alcançado

4. Estádio Executivo 5. Estádio Reorganizacional


Pensamento centrado em relações Pensamento centrado na
complexas, com múltiplas variáveis, reorganização da vida e na
para o indivíduo liderar uma identificação de interesses
organização ou empresa. significativos não profissionais para o
65 anos indivíduo se poder reformar.

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Psicologia 42

3.2.6. O idoso

Estereótipo – Perceção automática, imagem ou conceito infundado sobre determinada


pessoa, coisa ou situação.

Idosos: fragilidade física, mau humor, inatividade, perdas cognitivas e perda de


atratividade.

Atitudes negativas
▪ Automorfismo social – ausência de reconhecimento da especificidade de
cada idoso.
▪ Gerontofobia – medo irracional de envelhecer e de tudo o que se relaciona
com a velhice.
▪ Idadismo (Butler, 1969) – discriminação das pessoa mais velhas pelas mais
novas.
▪ Infantilização – tratar as pessoas como se fossem crianças.

Atitudes positivas
▪ Respeito;
▪ Confiança;
▪ Luta contra gerontofobia.

Envelhecimento fisiológico
Alterações na aparência
▪ Pele mais pálida, manchada e menos elástica;
▪ Aparecimento de rugas;
▪ Diminuição do tecido adiposo;
▪ Cabelos grisalhos e finos;
▪ Aquisição de uma postura curvada;
▪ Diminuição da altura.

Perdas auditivas (presbiacusia)


▪ Menor sensibilidade a sons agudos;
▪ Menor discriminação auditiva.

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Psicologia 43

Diminuição de olfato e paladar


▪ Menor número de papilas gustativas;
▪ Alterações do bulbo olfativo.

Sinais neuro-oftalmológicos
▪ Menor contraste visual;
▪ Menor adaptação tanto à luz fraca como à luz intensa.

Sinais motores
▪ Menor coordenação fina;
▪ Maior tempo de reação;
▪ Menor força muscular, sobretudo nos músculos dos membros inferiores.

Desenvolvimento cognitivo

Alterações fisiológicas
▪ Perda de axónios;
▪ Perda de células do cerebelo, que controla o equilíbrio e a motricidade fina.

Lentidão do SNC, afeta:


▪ A coordenação física;
▪ Cognição.

Alterações da memória
▪ Curto prazo – diminuição da capacidade para manipular informação retida há
pouco tempo;
▪ Longo prazo – manutenção da memoria semântica e procedimental.

Inteligência (Baltes, 1987)


A inteligência mecânica de
▪ Há aspetos da inteligência que se continuam a Baltes (1987) é semelhante
à inteligência fluida de
desenvolver e outros que têm maior probabilidade de se
Horn e Cattel.
deteriorar.
1. A mecânica da inteligência
Diz respeito ao processamento de informação e à resolução de problemas.
Tende a declinar com a idade.
Plasticidade – o treino melhora o desempenho cognitivo.

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Psicologia 44

2. A pragmática da inteligência
Tem como base a experiência de vida, nomeadamente n educação e no
trabalho.
Tende a desenvolver-se com a idade.

Indicador da competência cognitiva

Capacidade para realizar instrumentos da vida diária.


▪ Administrar as finanças;
▪ Preparar as refeições;
▪ Usar os transportes;
▪ Tomar a medicação;
▪ Fazer compras;
▪ Usar o telemóvel;
▪ Cuidar da casa.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO | SCHAIE E WILLIS

65 anos Idoso velho Final de vida

5. Estádio Reorganizacional 6. Estádio Reintegrativo 7. Estádio de Herança


Pensamento centrado na Pensamento centrado em Pensamento centrado no
reorganização da vida e na tarefas com mais significado registo de histórias de vida
identificação de interesses para o indivíduo poder (biografias), na distribuição
significativos não selecionar aquelas que de pessoas e nos
profissionais para o merecem o seu esforço. preparativos fúnebres para
indivíduo se poder reformar. o indivíduo se preparar para
a morte.
Reforma

Implicações
▪ Funcionalidades financeiras;
▪ Funcionalidades físicas;
▪ Funcionalidades emocionais;
▪ Ocupação do tempo (estudo, trabalhos parciais, hobbies, voluntariado, etc.);
▪ Mais tempo para a família e os amigos;

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Psicologia 45

TEORIA PSCISSOCIAL | ERIKSON

7ª idade (a partir dos 80 anos) – integridade vs desespero

“Teve a minha vida sentido ou falhei?”

Polo positivo: Integridade


Polo negativo: Desespero
Avaliação positiva do percurso de
Avaliação negativa do percurso de vida;
vida, aceitando que foi aquilo que foi
possível. Insucesso, centrado em si próprio,
Ajuda a aceitar a deterioração física e pouco produtivo.
a morte como algo que põe termo a Lamento do que “deveria”/”poderia”
uma vida com significado. ter sido feito.
Implica também continuar a receber
Consciência de que o tempo é
estímulos e desafios: atividade
irrecuperável, temendo por isso a
política, exercício físico, trabalhos
morte.
criativos.

Relacionamentos pessoais
Viver com familiares
▪ Cônjuge
o Casamento duradouro, emocionalmente muito importante nesta idade;
o Mais satisfatório do que na meia-idade devido à disponibilidade da
reforma, terminar de cuidar dos filhos e mais dinheiro no banco;
o Mais interesse e prazer na companhia um do outro.
▪ Familiares (filhos)
o Convívio entre várias gerações;
o Contacto com netos e bisnetos.

Viver sozinhos em casa

Viver numa instituição

A importância dos amigos


▪ Sentimento de ser valorizado, apesar das perdas físicas;
▪ Maior felicidade e saúde;

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Psicologia 46

▪ Maior facilidade em lidar com as mudanças e crises de envelhecimento,


devido à oportunidade para confidenciar as suas preocupações e sofrimento
com amigos;
▪ Maior prazer em estar com os amigos do que com a família, esquecendo as
preocupações diárias;
▪ Compensação no caso de ausência de familiares.

A solidão – sentimento de vazio


Fatores situacionais
▪ Viver só;
▪ Ter enviuvado;
▪ Certos momentos do dia em que outrora esteve mais acompanhado.
Fatores bio fisiológicos
▪ Doença grave e debilitante e maus estados de saúde;
▪ Défices sensoriais que dificultam a comunicação;
▪ Incapacidade mental;

Fatores sociais e económicos


▪ Ter mudado de local de residência;
▪ Dificuldade de integração;
▪ Recear ser vítima de agressão;
▪ Estar exposto aos preconceitos sociais;
▪ Ter falta de recursos financeiros e de suporte social;
▪ Não ter atividades interessantes e significativas para realizar;
▪ Barreiras que impeçam a comunicação e a relação (cadeira de rodas, grades
na cama, andarilho, etc.)

Fatores psicológicos
▪ Ser infeliz no casamento;
▪ Dependência;
▪ Insatisfação nas relações interpessoais;
▪ Perda de animais e/ou objetos significativos;
▪ Perda de familiares e/ou amigos.

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Psicologia 47

A morte e o luto

Luto – processo de ajustamento à perda de alguém próximo.

Pode afetar todos os aspetos da vida do sobrevivente:


▪ Mudanças de condição e de papel (de esposa para viúva);
▪ Grande vazio emocional associado à perda de um amor, um confidente, um
bom amigo e um companheiro leal;
▪ Deixar de ter alguém que o/a espera em casa;
▪ Não ter com quem conversar ou discutir;
▪ Alterações nas próprias relações com os amigos;
▪ Diminuição do rendimento do marido ou ter de pagar a alguém que faça o
trabalho da esposa;
▪ Processo com avanços e recuos;
▪ Reações emocionais: desamparo, tristeza, raiva, culpa, ansiedade, etc.
▪ Reações físicas: falta de fôlego, aperto no peito, náusea, sensação de vazio
no abdómen, etc.

O processo de luto termina quando o enlutado:


▪ Consegue pensar no falecido sem dor, embora com afeição e tristeza;
▪ Reinveste as suas emoções nos outros e na vida.

Fatores de risco

Nível financeiro
▪ Idosos pertencentes a minorias têm menor probabilidade de sustento
financeiros por terem tido trabalhos que não descontaram para a segurança
social;
▪ Mulheres mais velhas sozinhas (que não contam com a pensão do marido) e
idosos doentes têm também mais dificuldades financeiras.

Nível das relações íntimas


▪ Quando o cônjuge fica doente e/ou inválido gera tensões no casamento que
agravam a saúde, provoca no cônjuge cuidador sentimentos de isolamento,
zanga e frustração.

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Psicologia 48

▪ O divórcio numa idade nesta faixa etária pode levar ao isolamento social e
maiores taxas de doença mental e morte.

Nível familiar
▪ Ir viver com os filhos
o Entre duas gerações que valorizam a independência, os pais não
querem ser um fardo para os filhos e gastar os seus recursos;
o Pode ser difícil para o idosos abdicar da sua liberdade e privacidade;
o Pode sentir-se inútil, entediado e isolado dos amigos;
o Pode dar-se mal com o genro/nora;
▪ Ter como cuidador um dos filhos com mais de 60 anos;
o Prestar cuidados a um idoso com vários problemas crónicos pode ser
física e emocionalmente extenuante para o cuidador.
▪ Institucionalização
o O idoso pode sentir-se rejeitado e os filhos culpados.

Fatores de proteção

Longevidade
▪ As mulheres tendem a viver mais seis anos do que os homens, devido à sua
maior tendência para cuidar de si mesma e procurar cuidados médicos.

Casamento
▪ Os idosos casados tendem a cuidar um do outro

Para o declínio da inteligência


▪ Elevados níveis de educação;
▪ Bom rendimento económico;
▪ Contacto com um meio estimulante (leitura, conversação, informática, etc.);
▪ Recurso a fontes de cultura e educação;
▪ Natureza das relações sociais e familiares.

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Psicologia 49

ELABORAÇÃO DESTA SEBENTA

Apontamentos das aulas;

Sebenta da Joana Noronha – CLE 2019-2023

Sebenta da Mariana Lavos – CLE 2019-2023

Sebenta da Ana Sofia Pereira – CLE 2020-2024

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