Revisão - CLÍNICA AMPLIADA - PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES DE

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Aula - Psicologia Clínica - Aspectos Históricos

Origem e Conceito de Clínica: A palavra "clínica" vem do grego "klinê", que significa leito.
Originalmente, era relacionada à observação médica e ao diagnóstico baseado em sintomas,
tendo Hipócrates como figura central.

Clínica Médica e o Corpo: O desenvolvimento da clínica médica focou na observação científica,


com o médico sendo visto como detentor do saber. O corpo era tratado como um objeto de
controle disciplinar, e as novas tecnologias na medicina aumentaram a precisão dos
diagnósticos, mas afastaram o contato humanista.

Clínica Psicanalítica: Freud revolucionou a clínica ao propor que o inconsciente do paciente


detém o saber. O papel do analista é o de facilitador, promovendo a escuta do sofrimento e
trazendo à tona os significados dos sintomas, em vez de introduzir novos elementos. O foco é
na escuta e na subjetividade.

Mudanças na Psicologia Clínica: Com o surgimento da Psicanálise e a ênfase na escuta, a


psicologia clínica se afasta do modelo médico tradicional. A prática passa a se focar no sujeito
e sua individualidade, abordando tanto o contexto psicológico quanto o social.

Clínica Social: A partir da década de 1980, a psicologia se torna mais crítica e socialmente
engajada, atendendo classes populares e respondendo às novas formas de adoecimento
psíquico. A clínica social busca entender a realidade local e promover a saúde mental de
maneira integrada com o contexto social.

Psicologia e Compromisso Social: A psicologia deve encontrar seu compromisso social, pois o
sujeito não existe sem o outro. A clínica social vai além do atendimento às camadas mais
pobres; ela busca combater a massificação e valorizar a singularidade de cada paciente.

Aula - Política nacional de humanização

Objetivo Geral:

A PNH visa efetivar os princípios do SUS (Sistema Único de Saúde), focando em


universalização, equidade e integralidade no atendimento à saúde, buscando a participação
ativa de gestores, trabalhadores e usuários.

Princípios do SUS:

1. Universalização: Saúde como direito de cidadania.

2. Equidade: Atendimento de acordo com as necessidades específicas de cada pessoa.

3. Integralidade: Visão completa do ser humano, integrando promoção, prevenção,


tratamento e reabilitação.

Problemas Identificados:

 Fragmentação no trabalho.
 Baixo investimento na qualificação dos profissionais.
 Pouco incentivo à cogestão e inclusão de trabalhadores e usuários.
Definição de Humanização:

Humanização não se refere apenas à "bondade" no atendimento, mas à articulação entre


tecnologias avançadas e acolhimento de qualidade, melhorando as condições de trabalho e o
ambiente de cuidado.

Diretrizes da PNH:

1. Valorizar a subjetividade nas práticas de saúde.


2. Estimular a produção de saúde e de sujeitos autônomos.
3. Fortalecer equipes multiprofissionais, com foco na transdisciplinaridade.
4. Atuação em rede cooperativa, seguindo as diretrizes do SUS.
5. Utilização da comunicação e educação para promover autonomia e protagonismo.

Prioridades:

 Reduzir filas e tempo de espera.


 Garantir que todos os usuários saibam quem cuida de sua saúde.
 Garantir gestão participativa e educação permanente aos trabalhadores.

Estratégias Gerais:

 Eixos de atuação: Gestão do trabalho, educação permanente, atenção à saúde e


financiamento.
 Participação de todos os envolvidos no processo de cuidado, promovendo ambientes
acolhedores, participativos e seguros.

Aula - A saúde e seus determinantes sociais

Definição de Determinantes Sociais de Saúde (DSS): Refere-se a fatores sociais, econômicos,


culturais, psicológicos e comportamentais que influenciam a saúde e o risco de doenças,
conforme descrito pela Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) e
pela OMS.

Histórico dos DSS:

 Século XIX: urbanização e industrialização trouxeram novos desafios para a saúde


pública.
 Teorias como a miasmática e microbiana ajudaram a moldar as políticas de saúde.
 Surgimento da saúde pública focada nas condições socioeconômicas e nas
desigualdades.

Modelos de Saúde:

 Debate entre o modelo biológico (doenças infecciosas) e o modelo social (condições


de vida e trabalho).
 A saúde deve ser analisada tanto nos laboratórios quanto nos ambientes sociais.
Estudos sobre DSS:

 Três gerações de estudos: pobreza e saúde, gradientes socioeconômicos de saúde e os


mecanismos que ligam a estratificação social à saúde.
 Importância da distinção entre determinantes individuais e de grupo.

Desafios dos estudos sobre DSS:

 Relação complexa entre fatores sociais, econômicos e políticos com a saúde.


 A desigualdade na distribuição de renda afeta significativamente os níveis de saúde.

Intervenções sobre os DSS:

 Enfoque em políticas públicas que modifiquem comportamentos de risco e melhorem


as condições de vida, como acesso a alimentos saudáveis, saneamento básico,
habitação adequada, e promoção de ambientes de trabalho seguros.
 Fortalecimento de redes de apoio comunitário e programas de educação como
estratégias para reduzir desigualdades.

Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS): Criada para apoiar o
desenvolvimento de políticas que promovam a equidade em saúde, com foco em ações
concretas, mobilização social e produção de evidências científicas.

Aula - ATENÇÃO BÁSICA E TERRITÓRIO

Atenção Básica no SUS:

 Atenção Básica é a porta de entrada do SUS, sendo o contato preferencial dos usuários
e o centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde.
 Ela é organizada pelos princípios de universalidade, acessibilidade, continuidade do
cuidado, integralidade, equidade e participação social.
 A atenção básica é desenvolvida de forma descentralizada e próxima das pessoas, nos
bairros, o que facilita o acesso aos cuidados de saúde.

Território e Regionalização:

 O território é fundamental no planejamento, organização e execução dos serviços de


saúde. Ele permite a criação de estratégias adaptadas às especificidades locais.
 A regionalização é uma forma de organizar os serviços de saúde baseados no
território, visando melhorar a eficiência, evitar duplicidade de ações e garantir acesso
igualitário.
 As Unidades Básicas de Saúde (UBS) desempenham papel central por estarem
localizadas onde as pessoas vivem, facilitando o acesso aos cuidados.

Territorialização no SUS:

 A territorialização define o espaço de atuação das equipes de saúde, facilitando o


acompanhamento contínuo da população em áreas específicas.
 Essa delimitação territorial promove o desenvolvimento de ações específicas para as
necessidades daquela comunidade, criando vínculos entre as equipes de saúde e a
população local.

População Adstrita:

 A população adstrita é a comunidade atendida por uma UBS, que é responsável por
desenvolver ações de saúde específicas, considerando o contexto e as dinâmicas
sociais daquele território.

Equipes Multiprofissionais e Participação da Comunidade:

 As equipes de saúde são multiprofissionais, como Agentes Comunitários de Saúde


(ACS), que atuam em microáreas específicas.
 A participação da comunidade no planejamento das ações ocorre por meio de
conselhos e conferências de saúde, envolvendo usuários, profissionais e gestores.

Desafios:

 Desafios incluem a necessidade de diagnóstico das realidades locais, a grande


dimensão territorial do Brasil, e o desequilíbrio na distribuição de recursos financeiros.
 Há também a necessidade de empoderamento dos municípios para o planejamento de
políticas públicas que atendam às peculiaridades locais.

Saúde Mental e Território:

 A saúde mental também deve estar integrada ao conceito de território, permitindo


que o cuidado seja oferecido de forma mais adequada e contextualizada às
necessidades da população.

Aula - Clínica Ampliada

Pilares da Clínica Ampliada:

 Integração dos fatores biopsicossociais: Saúde é vista de forma integral, considerando


o impacto de aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
 Equipe multiprofissional: Profissionais de diversas áreas trabalham de maneira
colaborativa, promovendo um cuidado mais eficaz e individualizado.
 Promoção da autonomia do paciente: Incentivar a participação ativa do paciente em
seu projeto terapêutico.

Eixos norteadores da Clínica Ampliada na PNH (Política Nacional de Humanização):

1. Compreensão ampliada do processo saúde-doença: Envolve entender a doença no


contexto de vida do indivíduo, evitando abordagens unilaterais.
2. Construção compartilhada de diagnósticos: Envolvimento da equipe de saúde, dos
usuários e da comunidade.
3. Ampliação do objeto de trabalho: Foco no ser humano e seu contexto, não apenas na
patologia.
4. Transformação dos meios de trabalho: Fortalecer a comunicação e a gestão
colaborativa entre profissionais.
5. Suporte aos profissionais de saúde: Prover suporte para lidar com desafios e evitar a
alienação.

Práticas da Clínica Ampliada:

 Apoio Matricial e Equipes de Referência: Trabalham de forma articulada, trocando


conhecimentos e promovendo um cuidado integral e contínuo ao paciente, através do
acompanhamento de casos mais complexos e da formulação de Projetos Terapêuticos
Singulares (PTS).

Exemplo Prático:

Um serviço de hematologia, tratando anemia falciforme, percebeu que o tratamento era


limitado ao aspecto médico e precisou ampliar a abordagem, oferecendo alternativas de
trabalho para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mostrando a necessidade de uma
intervenção intersetorial.

Esse modelo promove um cuidado integral, humanizado, que busca corresponsabilidade e


parceria entre equipe e pacientes, e amplia a visão do processo saúde-doença, indo além da
medicalização e do tratamento isolado de sintomas.

Aula - Projeto terapêutico singular

O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas terapêuticas elaboradas de


forma colaborativa entre a equipe interdisciplinar e o indivíduo, sua família ou grupo. Ele é
utilizado em casos complexos, com o objetivo de atender às especificidades de cada sujeito, de
forma personalizada e não baseada apenas no diagnóstico, mas nas necessidades particulares
de cada um.

Principais Características:

1. Personalização: O PTS é construído de forma singular para cada pessoa, família ou


território, considerando suas particularidades.
2. Equipe Multiprofissional: A construção do projeto envolve uma equipe de diferentes
profissionais que, em conjunto com o usuário, criam o plano terapêutico.
3. Etapas:

1) Definir Hipótese Diagnóstica: Considera vulnerabilidades, contexto social e familiar, e


necessidades identificadas.
2) Definição De Metas: São pactuadas metas de curto, médio e longo prazo com o
usuário.
3) Divisão De Responsabilidades: As tarefas são distribuídas entre os profissionais e o
usuário, visando a autonomia do sujeito.
4) Reavaliação: O PTS é dinâmico, ajustado conforme as mudanças nas necessidades do
indivíduo.

Ferramentas:

 Genograma: Ajuda a compreender a estrutura familiar.


 Ecomapa: Representa graficamente os sistemas relacionados ao sujeito e sua família.

A proposta do PTS é promover um cuidado mais integral e contínuo, focado no contexto de


vida do sujeito e sua interação com diferentes redes de apoio.

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