A Lenda Do Milagre de Ourique

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As Navegações Portuguesas

A lenda do milagre de Ourique


Em torno de Afonso Henriques e da Batalha de Ourique, criou-se uma lenda. Mas será
que todos os fatos ligados a Ourique devem cair em descrédito? Não há possibilidade
de uma intervenção divina?

Dando continuidade ao nosso curso sobre as navegações portuguesas,


falaremos, mais detalhadamente, do Milagre de Ourique, tema tão instigante
quanto polêmico. Tão polêmico que suscitou, ao longo da história de Portugal,
principalmente do século XVIII para cá, o debate sobre a possível canonização de
Afonso Henriques. Inclusive com alguns cônegos do Mosteiro de Santa Cruz, em
Coimbra, onde o rei está enterrado, atestando milagres de pessoas que iam rezar
diante do seu túmulo.

O fato é que, infelizmente, dentro da Igreja Católica há quem imagine que,


inventando histórias, colaboram para o aumento da fé. Afonso Henriques
certamente foi assistido pela Providência. Ao final do seu reinado, ele já havia
conquistado quase a totalidade do atual território português, e isso ocorreu
travando uma série de batalhas contra árabes e castelhanos, sempre com
recursos militares escassos.

No Canto I, estrofe 25, de Os Lusíadas, Camões escreve se referindo ao povo


lusitano algo que se aplica ao rei-fundador:

Já lhe foi (bem o vistes) concedido,


C’um poder tão singelo e tão pequeno,
Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda a terra que rega o Tejo ameno.
Pois contra o Castelhano, tão temido,
Sempre alcançou favor do céu sereno,
Assim que sempre, enfim, com fama e glória,
Teve os troféus pendentes da vitória.
Para efeito de comparação: os espanhóis tiveram de esperar 1492 para expulsar
definitivamente os árabes da Andaluzia; enquanto os portugueses, entre os
séculos XII e XIII, já tinham resolvido a tarefa e puderam se dedicar a outras
coisas. Ora, nós, cristãos, vemos nisso claramente uma grande assistência do
Céu. E sem dúvidas os portugueses também assim o entendiam. Porém, alguns
cronistas lusitanos, padres especialmente, resolveram carregar nas tintas ao
contar essas histórias. Tenha sido com finalidades pedagógicas ou espirituais,
não importa, o método é reprovável. Os cristianismo é a religião da Verdade, e a
nossa fé não pode estar sustentada em lendas e quimeras.

Mas, antes de qualquer conclusão, vamos aos fatos:

Não se sabe ao certo que em lugar do Alentejo, Afonso Henriques e seus homens,
em 1139, travaram uma batalha contra os muçulmanos. Diz a tradição, que o
conflito se deu no dia de São Tiago de Compostela, mas, quanto a isso, não há
documentação confiável. Afonso e sua tropa se veem cercados por numerosos
inimigos. Mesmo com a desvantagem, inspirados por Deus, os homens lançam-se
à refrega, vencem os contrários e, ali no campo, o conde é proclamado rei. Daí o
dizer que em Ourique nasceu Portugal.

Como não havia “paparazzi” na época, ninguém fotografou o evento. Nenhum


soldado português mais desinibido postou um story no Instagram com as
hashtags #vivaAfonso e #foramouros. As notícias que temos são posteriores. A
primeira, que consta na terceira versão dos “Annales Portucalenses Veteres”
(1168), diz assim: “[...] no dia de São Tiago, no lugar chamado Ourique, houve uma
grande batalha entre cristãos e mouros sob o comando do rei Afonso de Portugal
e, da parte dos pagãos, do rei Esmar, o qual, vencido, se pôs em fuga” [1].

É quase um telegrama. Não se fala de aparição de Jesus, nem sequer de


Providência Divina.

Pouco depois, em 1185, um cônego regrante de Santa Cruz noticiou o mesmo


acontecimento de forma mais desenvolvida e apresentando a batalha como uma
ação heroica. Nesse relato, presente nos “Annales D. Alfonsi Portugallensium
regis”, fala-se sempre do famoso rei Esmar e da “infinita multidão de sarracenos
de além-mar”. Como estamos razoavelmente perto dos fatos, parece que
realmente havia esse rei comandando um exército muito grande — “infinita
multidão”, não precisa dizer, é uma hipérbole. O texto também diz de onde vieram
os inimigos, de Sevilha, Badajoz, Elvas, Évora, Beja, dos Castelos de Santarém
etc., e em seguida narra a vitória portuguesa:

[...] querendo romper e invadir o acampamento dos cristãos, os cavaleiros


escolhidos caíram sobre eles, repeliram-nos com vigor, expulsaram-nos,
mataram-nos fora do acampamento e dividiram-nos. Ao ver isso, a saber, a
força dos cristãos, e que estavam preparados para antes vencer ou morrer
do que fugir, fugiu ele próprio, o rei Esmar [2].

Evidente que bons cristãos viram nisso um ato da Providência Divina. Acontece,
porém, que foram passando os séculos, e essa história, que no início era bastante
esquemática e lacônica, passou a ser, digamos, incrementada. Se os detalhes
foram inventados ou transmitidos por tradição, não podemos saber com toda
certeza. E, no fim das contas, isso não nos importa. O importante, para as
finalidades deste curso, é que os portugueses que rumaram às Índias, com
grande perigo de morte, acreditavam firmemente na história e em seus detalhes
— falsos ou não.

Veja, o marco inicial das navegações, nos livros didáticos, é a tomada de Ceuta,
em 1415. Mas a empreitada ainda não havia começado realmente. Então, em
1419, ainda no prólogo da epopeia marítima, publicou-se uma crônica narrando
com vários elementos novos os sucessos em Ourique. Agora já se falava no
eremita e na aparição de Cristo: “[...] tangeu-se a campanha, e ele saiu-se fora de
sua tenda, e assim como ele disse e deu testemunho em sua história, viu Nosso
Senhor Jesus Cristo com a Cruz pela guisa que o ermitão lhe dissera e adorou-o
com grande prazer e lágrimas” [3].

Então Jesus anuncia a Afonso que ele vai vencer e será proclamado rei, o que de
fato acontece. Após o combate, como homenagem Àquele que lhe havia
concedido tamanha graça, o rei faz, ali no campo, a bandeira da nova pátria: “[...]
por se lembrar da mercê que Deus naquele dia fizera, pôs sobre as armas brancas
que ele trazia uma cruz toda azul e, pelos cinco reis que lhe Deus fizera vencer,
departiu a cruz em cinco escudos” [4].
Isso é de uma importância espiritual imensurável para a Igreja portuguesa. Aí está
a explicação das armas dos reis de Portugal que sobrevivem até hoje, na bandeira
da República. O brasão de Portugal, fundamentalmente, apesar das variações
históricas, é formado por: um escudo num centro branco com cinco escudetes
azuis, formando uma cruz; dentro de cada um desses escudos estão bolas
brancas (besantes), dispostas como num dado; o número cinco “em aspas”, como
se diz em heráldica. Essa é a parte central representando as cinco chagas de
Cristo; os escudos simbolizam a proteção que Deus deu contra os cinco reis
mouros. Ao redor, contornando o escudo em vermelho, vê-se sete castelos
dourados.

Camões, no Terceiro Canto de Os Lusíadas, nas estrofes 53 e 54, narra assim a


confecção da bandeira:

Já fica vencedor o Lusitano,


Recolhendo os troféus e presa rica;
Desbaratado e roto o Mouro hispano,
Três dias o grão rei no campo fica.
Aqui pinta no branco escudo ufano,
Que agora esta vitória certifica,
Cinco escudos azuis esclarecidos,
Em sinal destes cinco reis vencidos.

E nestes cinco escudos pinta os trinta


Dinheiros, por que Deus fora vendido,
Escrevendo a memória (em vária tinta)
Daquele de quem foi favorecido:
Em cada um dos cinco, cinco pinta,
Porque assim fica o número cumprido,
Contando duas vezes o do meio,
Dos cinco azuis, que em cruz pintando veio.

Se os fatos se passaram assim, historicamente, como disse, não nos importa.


Importa que o brasão português, que é fundamentalmente o mesmo desde a
Idade Média, testemunha a suposta aparição de Cristo ao primeiro rei e isso, sem
dúvidas, acendia o espírito dos homens das caravelas.

Nota sobre Afonso e Constantino

Qualquer um que ouça esta narrativa de Cristo crucificado aparecendo a Afonso


Henriques percebe a semelhança com outra famosa aparição: a do sinal da cruz
no céu para Constantino, na batalha da Ponte Mílvia. Ali, o imperador romano
converteu-se para depois promover a conversão do Império Romano. Em
Ourique, segundo a narrativa, Afonso, já cristão, recebe a autoridade real para,
dentro de seu reino, espalhar a fé.

Evangelização

E aqui temos a forma como os portugueses levaram a fé ao mundo, coisa que


afeta diretamente o Brasil: eles evangelizavam através da implantação de um
governo cristão. Quando falamos de evangelização portuguesa, é normal que um
brasileiro imagine São José de Anchieta subindo a Serra do Mar para ensinar o
catecismo aos índios. Essa é uma evangelização mais próxima daquela ensinada
por Cristo: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho”. No entanto, os primeiros
portugueses compreendiam a evangelização da seguinte maneira: domina-se um
lugar; converte-se o rei, e a nação inteira se converte.

Sem considerar se isso está certo ou errado, estamos aqui apenas apontando
para um fato. O mundo medieval não era ainda o da separação moderna entre
Igreja e Estado. E, na prática, por mais que fira certas suscetibilidades, a história
mostra o seguinte: os povos que são hoje majoritariamente cristãos tiveram um
rei cristão. E mais: a América Latina hoje é católica porque houve um dia os reis
católicos de Espanha e os reis católicos de Portugal. Já os Estados Unidos são
protestantes porque na Inglaterra houve reis que, infelizmente, eram protestantes.
Na Rússia, o rei virou ortodoxo e o povo inteiro o seguiu; na Grécia, o imperador do
Oriente rompeu com Roma e assim os gregos se mantiveram rompidos. Aliás, no
caso romano, o processo não foi assim: conforme já vimos, o crescimento das
comunidades cristãs foi lento e orgânico, e a oficialização da Igreja só serviu para
facilitar um desenvolvimento inexorável. Nisso se tem um exemplo positivo dessa
união da Igreja que inspira a política e da política que favorece a Igreja.
Pelo contrário, os países onde triunfa o ateísmo são os da chamada separação
entre Igreja e Estado, os “Estados laicos”. Porque o Estado “laico” pode ser aquele
em que a política não se intromete e deixa a Igreja evangelizar o quanto quiser, ou
pode ser aquele em que somente os ateus e materialistas têm plena cidadania, e
os cristãos precisam viver suas convicções de forma muito escondida, privada.

Voltemos ao nosso assunto. Com o passar do tempo, o mito de Ourique foi sendo
ainda mais elaborado, e no século XVII se começou a incluir nas palavras de
Cristo a Afonso uma espécie de profecia das navegações, mencionando, entre
outras coisas, a instauração de um reino a ser cristianizado em terras estranhas. É
o que se lê na crônica do frade de Santa Cruz, Antônio Brandão. O texto se acha
na sua obra Monarquia Lusitana, na Parte Três.

É interessante que essa crônica foi escrita em 1632. O Brasil, portanto, já estava
descoberto, as navegações já haviam chegado no seu auge e, na verdade,
Portugal vivia um momento de retração. Isso porque, após a morte do rei Dom
Sebastião, que não deixou sucessores, a coroa portuguesa foi assumida pelo rei
da Espanha — formando a chamada União Ibérica — e Portugal terminou
herdando os inimigos do país vizinho, especialmente a Holanda e a Inglaterra.

Então, vejam, em 1632, os portugueses viviam uma tentativa de recuperação da


identidade nacional e é nesse ambiente que o Frei Antônio Brandão escreve a
versão mais conhecida do Milagre de Ourique [5]. Diz assim:

Eu estava com meu exército nas terras de Alentejo, no campo de Ourique,


para dar batalha a Ismael e outros reis mouros que tinham consigo infinitos
milhares de homens.

Armado, com espada e rodela, saí fora dos reais e subitamente vi à parte
direita contra o nascente um raio resplandecente e indo-se pouco a pouco
clarificando, cada hora se fazia maior, e pondo de propósito os olhos para
aquela parte, vi de repente, no próprio raio, o sinal da Cruz, mais
resplandecente que o Sol, e Jesus Cristo crucificado nela [6].

Está aqui todo o ambiente em que ele viu Jesus crucificado:


Vendo, pois, esta visão, pondo à parte o escudo e a espada, lancei-me de
bruços e, desfeito em lágrimas, comecei a rogar pela consolação de meus
vassalos, e disse sem nenhum temor: ‘A que fim me apareceis, Senhor?
Quereis porventura acrescentar fé em quem tem tanta? Melhor é por certo
que Vos vejam os inimigos e creiam em Vós, que eu, que desde a fonte do
batismo Vos conheci por Deus verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre eterno,
e assim Vos conheço agora [7].

É Afonso Henriques dizendo que seria melhor Cristo aparecer lá para os mouros,
pois ele já tem fé. E então ele relata a resposta de Jesus:

O Senhor, com um tom de voz suave, que minhas orelhas indignas ouviram,
me disse: ‘Não te apareci deste modo para acrescentar tua fé, mas para
fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios do teu reino
sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas
todas as outras em que pelejares contra os inimigos da minha Cruz.

Acharás tua gente alegre e esforçada para peleja, e te pedirá que entres na
batalha com o título de Rei. Não ponhas dúvida, mas tudo quanto te pedirem
lhes concede facilmente. Eu sou o fundador e o destruidor dos reinos e
impérios, e quero em ti e teus descendentes fundar para mim um império, por
cujo meio seja meu nome publicado entre as nações mais estranhas [8].

Essa última frase é muito importante. Se é histórica? Provavelmente não. Se é


verdadeira? Profundamente. Se foi Frei Antônio Brandão quem a inventou,
desaprovo a invenção. Mas não se pode negar que o conteúdo é profundamente
verdadeiro. Pois creio verdadeiramente que houve um papel da Providência Divina
na fundação do reino de Portugal; creio verdadeiramente que Jesus, rei do
universo, é o fundador e o destruidor de reinos e impérios; creio verdadeiramente
que o reino de Portugal foi um instrumento para levar a fé de Cristo a povos
estrangeiros. E, se hoje creio em tudo isso, é porque um rei português creu; e
porque creu, dilatou “a fé e o império”. Se Portugal tivesse continuado árabe, e se
os árabes tivessem colonizado o Brasil, seríamos hoje muçulmanos e,
lamentavelmente, não conheceríamos a verdadeira fé.
Os historiadores querem saber se determinado fato é histórico; eu quero saber se
é verdadeiro. E não tenho dúvida de que isso que foi escrito no século XVII é no
que acreditavam os reis portugueses. É uma explicitação. Além disso, não se sabe
se a história foi realmente forjada, apesar dos indícios que nos puxam para essa
conclusão. Não tenho dúvidas de que Cristo pode ter aparecido a Afonso
Henriques. Assim como não tenho dúvidas de que os historiadores continuariam
duvidando se houvesse documentos históricos incontestes atestando o milagre.

Veja-se o caso de Nossa Senhora de Fátima. Nossa Senhora resolve aparecer


num lugarejo de Portugal, provoca um fenômeno meteorológico e faz, conforme a
impressão das testemunhas, o sol dançar. Setenta mil pessoas estavam
presentes. Há incontáveis relatos de curas e conversões de ateus. O espetáculo
foi tão tremendo e inescapável que até jornais maçônicos, anticatólicos, são
obrigados a noticiá-lo. Ora, trata-se de um fato contemporâneo comprovado por
documentação abundante. Com tudo isso, pergunte aos historiadores se eles
creem no milagre… Sabemos bem a resposta.

Não é que os historiadores não acreditam no milagre de Ourique por falta de


documentos; desacreditam por falta de fé. Não quero com isso atestar a
veracidade histórica dessas crônicas. Apenas digo que, sem fé, os documentos
não vão lhe dizer nada. Agora, com fé, os documentos são importantes, pois,
ainda que não indiquem um fato histórico, expressam a interpretação histórica
que determinado povo deu a determinado evento.

Conclusão

Nas próximas aulas, falaremos do início das navegações com o Infante Dom
Henrique. Então junto do espírito de cruzado, de que já falamos longamente,
precisava acrescentar esse outro elemento fundamental do imaginário dos
navegadores: a aparição de Jesus a Afonso no campo de Ourique. Pois, não custa
lembrar, o cerne da nossa investigação é este: entender o que movia esses
homens; o que os fez entrar naqueles barcos rumo ao desconhecido, aos perigos,
à morte. E queremos entendê-los não para repeti-los necessariamente, mas para
que façamos um exame de consciência. Precisamos ver onde eles erraram, onde
foram cruéis, onde foram injustos; mas também precisamos reconhecer suas
virtudes humanas e, sim, suas virtudes cristãs.

Sugestões bibliográficas

Para quem deseja ler um pouco mais a respeito do milagre de Ourique, deixo as
seguintes sugestões:

1. Sobre a polêmica do século XIX entre Alexandre Herculano, liberal maçônico


que desacreditou o milagre, por falta de fontes confiáveis, e membros do clero
que defendiam ferrenhamente a veracidade da aparição: a obra “Milagre de
Ourique e a História de Portugal de Alexandre Herculano: Uma polémica
oitocentista”, de Isabel Carvalhão Buescu, publicada pelo Instituto Nacional de
Investigação Científica.

2. Sobre as fontes históricas do milagre: o artigo “A lenda de Afonso I, rei de


Portugal” Luiz Felipe Lindley Cintra [9]. São 15 páginas em que ele mostra os
dois lados da lenda: um querendo mostrar o quanto Afonso Henriques, por ter-se
revoltado contra a mãe, foi castigado por Deus; o outro, encarecendo-lhe a
tendência heróica, querendo canonizar o Conquistador.

3. Para uma visão mais sistemática do assunto: o artigo “Milagre de Ourique ou o


mito nacional de sobrevivência”, de Luís Carmelo, da Universidade Autónoma de
Lisboa.

Referências

Ana Isabel Carvalhão Buescu, O milagre de Ourique e a História de Portugal


de Alexandre Herculano: uma polémica oitocentista. Lisboa: Instituto
Nacional de Investigação Científica, 1987.

Luís Carmelo, O milagre de Ourique ou um mito nacional de sobrevivência.


Biblioteca on-line de ciências da comunicação. Universidade Autónoma de
Lisboa, 1999.
Luís Filipe Lindley Cintra, “A Lenda de Afonso I, Rei de Portugal (origens e
evolução)”. Revista ICALP, vols. 16 e 17, Junho-Setembro de 1989, 64-78.

José Mattoso, D. Afonso Henriques. 3. ed. Lisboa: Bertrand Editora, 2021, p.


161.

Gilbert Renault, As Caravelas de Cristo. Trad. Maria Fleichman. Rio de


Janeiro: Editora Permanência, 2012.

Nota

1. “Annales Portucalenses Veteres” apud José Mattoso, D. Afonso Henriques.


3. ed. Lisboa: Bertrand Editora, 2021, p. 161.

2. “Annales D. Alfonsi Portugallensium regis” apud José Mattoso, D. Afonso


Henriques. 3. ed. Lisboa: Bertrand Editora, 2021, p. 161-162.

3. Apud Luís Carmelo, O milagre de Ourique ou um mito nacional de


sobrevivência. Biblioteca on-line de ciências da comunicação. Universidade
Autónoma de Lisboa, 1999, p. 3.

4. Ibidem, p. 3.

5. Nesta época, os cônegos de Santa Cruz apareceram com um manuscrito


em latim, que seria um suposto juramento de Afonso Henriques atestando
a veracidade dos acontecimentos de Ourique. É evidente que o documento
tem todos os indícios de ser forjado. Não existe nesses relatos uma lógica
historiográfica, ou seja, as notícias são esparsas e esquemáticas, com
acréscimos de detalhes: da simples notícia de uma vitória apareceu a
notícia de uma vitória providencial e milagrosa; depois apareceu a notícia
de uma visão de Cristo; e agora apareceu a notícia de uma visão de Cristo
com toda uma hermenêutica da missão, da vocação e da narrativa do reino
de Portugal. Tudo indica que as coisas tenham sido aumentadas com o
passar dos séculos.

6. Gilbert Renault, As Caravelas de Cristo. Trad. Maria Fleichman. Rio de


Janeiro: Editora Permanência, 2012, p. 16.
7. Ibidem, p. 16.

8. Ibidem, p. 16-17.

9. Lindley Cintra escreveu com Celso Cunha a famosa Nova Gramática do


Português Contemporâneo, muito utilizada tanto no Brasil quanto em
Portugal.

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