História Do Brasil Colônia

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CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA

PORTARIA Nº 3.445 DO DIA 19/11/2003

MATERIAL DIDÁTICO

HISTÓRIA DO BRASIL COLÔNIA

Impressão
e
Editoração

31 3667-2062
www.faved.com.br
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SUMÁRIO

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................... 3

UNIDADE 2 - A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE E AS GRANDES


NAVEGAÇÕES ........................................................................................................... 5

UNIDADE 3 - O DESCOBRIMENTO E A CHEGADA DOS PORTUGUESES ......... 18

UNIDADE 4 - EXPEDIÇÕES, PAU-BRASIL, CAPITANIAS E INVASÕES .............. 20

UNIDADE 5 - ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO COLONIAL ................... 31

UNIDADE 6 - CICLO DO OURO............................................................................... 36

UNIDADE 7 - CONFLITOS E REVOLTAS INTERNAS ............................................ 45

UNIDADE 8 - A CORTE, A ABERTURA DOS PORTOS, ELEVAÇÃO A REINO E


FIM DA COLÔNIA .................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57
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UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO

Para alguns historiadores do século XIX, a história do Brasil começou com a


descrição do meio geográfico, após os primeiros habitantes vistos e, então, o
Descobrimento pelos portugueses. Outros autores começaram com a história do
Brasil pelo próprio descobrimento como Pedro Alvarez Cabral, Pero Vaz de
Caminha, Vincente Yanez Pinzón, Américo Vespúcio.

Evidentemente que essas visões contêm doses de patriotismo nas


discussões sobre a primazia de navegadores portugueses ou espanhóis. Há uma
terceira visão histórica do Brasil, recusando-se esta última até a dominação romana
na Península ibérica. Esta visão diminui as presenças indígenas e africanas na
formação brasileira.

Atualmente tende para situar o Descobrimento do Brasil no vasto processo


da expansão europeia. Este processo é uma complexa trama de relação que se
estendia por toda a Europa, ocidental e central.

Após a idade média formou-se um novo mundo no qual o Brasil foi


incorporado a partir de 1500. O novo mundo foi resultado de uma gestação
multissecular, na qual tem início a história do Brasil.

Conforme anotações de Cotrim (2008), a conquista da América não foi um


fato instantâneo, nem terminou com os primeiros combates e vitória de portugueses
e espanhóis sobre os povos nativos. Foi um processo lento e contínuo, que durou
vários séculos. Mas as primeiras décadas da chegada europeia foram cruciais.
Grande parcela da população da América foi dizimada num curto período (cerca de
50 anos): algumas estimativas revelam que metade (outras, até dois terços) da
população teria sido exterminada. Por isso, esse episódio é considerado, em seu
conjunto, como um dos mais violentos da história da humanidade.

Sem desmerecer as ponderações de Cotrim, não nos ateremos a toda essa


violência que se traduz no extermínio lento e gradual dos indígenas, pois esse
primeiro período que estudaremos apresenta muitos outros pontos interessantes e
importantes.
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Denomina-se Brasil Colônia, o período da história entre a chegada dos


primeiros portugueses, em 1500, e a independência, em 1822, quando o Brasil
estava sob domínio socioeconômico e político de Portugal.

Salientamos que este trabalho é uma compilação de estudos de vários


autores e material do que entendemos ser o mais importante em termos de Brasil
Colônia. Dúvidas podem surgir e pedimos desculpas por eventuais lacunas, mas
tanto, por isso, ao final da apostila estão diversas referências utilizadas e
consultadas pelas quais poderão aprofundar algum conhecimento que chame a
atenção ou tenha despertado dúvida.
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UNIDADE 2 - A TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE E AS


GRANDES NAVEGAÇÕES

O início da modernidade se dá no Renascimento, século XVI. A idade média


agrária, dominada pela igreja, senhores feudais e as superstições, contrapunha-se a
uma idade moderna comercial, aventureira, antieclesiástica, absolutista e dona de
uma postura crítica em relação aos textos sagrados.

Na França, um intelectual como Rabelais celebrava os novos tempos


comparando-os com a barbárie medieval. Em Roterdã, Erasmo defendia uma
religião mais humanizada e íntima, refutando o obscurantismo medieval, que atribuía
sacerdotes analfabetos ou dotados de má-fé. Na Inglaterra, Tomas Morus, em
Utopia, via a possibilidade de o homem ser feliz, longe da opressão religiosa. Na
Alemanha, Lutero rompeu com Roma. Na Península Ibérica este sentimento existiu
fortemente, influenciado inclusive a pedagogia.

Após a Segunda Guerra Mundial surgiu outra versão, a do início da


modernidade no final do séc XVIII, com a revolução industrial, em razão das
modificações radicais na vida e economia da população e o deslocamento deste
para a cidade. O mundo foi dividido entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos
e houve o conceito de terceiro mundo.

Mais recentemente, os historiadores recusam a modernidade para o século


XIV, o principal argumento desta corrente é o de que a economia, a sociedade, a
política e os intelectuais já se encontravam presentes ali. Um argumento contrário a
esta perspectiva será sua tendência a antecipar a importância de características que
somente amadureceriam a época do renascimento ou revolução industrial.

Todas as interpretações são justificáveis, o importante é compreender que


se trata de um largo processo histórico no qual se forjou o mundo a que
pertencemos. O processo permitiu a convivência do medieval e do moderno na
mesma época. No Brasil colonial a mentalidade medieval e moderna mesclou-se nos
colonizadores tornando-se mais completa com a entrada do índio e dos negros,
pertencentes há tempos culturais mais diversos.

No feudalismo houve avanço do artesanato, organização em corporações de


ofícios e o comércio de alguns produtos agrícolas europeus ou importados do
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oriente. Também nessa época houve a multiplicação das rotas comerciais. A


expansão do século XIII mobilizou também parte dos recursos agrícolas, a nobreza
senhorial também participou. A crise do século XIV e a peste negra atrapalharam a
expansão, acredita-se que essa doença tenha causado a morte de um terço da
população europeia. O ciclo de peste prejudicou o comércio, o povo se deslocou em
razão dos flagelos.

Gênova e Veneza entraram em guerra devido à decadência do ritmo


econômico, o que beneficiou Portugal, pois usou mão-de-obra genovesa nas
navegações pela costa africana.

A guerra dos Cem anos também contribuiu para a instabilidade da expansão


marítima. Houve a regressão feudal com a liberação da mão-de-obra. No século XIII,
chegou-se ao mundo pleno que viria a ser o padrão da modernidade ocidental. Maior
proximidade física entre as pessoas, maior circulação de bens e de ideias. Assim o
mundo pleno foi responsável por sustentar a economia durante a crise de século XV,
o reaquecimento da produção, inclusive de Portugal. Houve nesta época a falta de
numerário que seria revertido a partir de 1520, com a entrada em circulação do ouro
e da prata retirados da América pela Espanha.

A Europa desta época era dividida em comunidades estratificadas em


ordem, a primeira ordem era o clero que tinha como finalidade orientar a vida cristã
da comunidade e preparar-lhe o caminho da salvação eterna, na classificação
sociológica, pode-se falar em alto e baixo clero, os primeiros eram os dignitários das
Igrejas, eram estritamente ligados com a nobreza. O segundo era composto por uma
multidão de padres, freiras e curas de paróquias, em geral provinha do campesinato,
com pouca ou nenhuma instrução.

A nobreza era a segunda ordem, representava a espada, defendia os bons


cristãos contra os hereges e os tiranos. Ela se dividia em nobreza rural e nobreza
cortesã, ou mesmo entre uma nobreza de sangue, de espada, originada dos séculos
anteriores. Ou ainda alta nobreza, composta por príncipes aparentados da família
real, duques, marqueses e condes, a nobreza menor, de viscondes, barões e
castelões. O povo compunha a terceira ordem, representava mais de 90 por cento
da população compostos de burgueses, artesãos e camponeses.
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A sociedade aspirava à nobreza, a riqueza servia de trampolim para a


nobreza. A compra de títulos nobiliários, cargos enobrecedores era desejo da
burguesia. A sociedade de ordens dos séculos XVIII, no início do século XIX, tinha
valores individualistas, espírito de pesquisa, a curiosidade pelo desconhecido, a
rebelião contra fórmulas tradicionais, posições hierárquicas e desigual.

A transição para a modernidade passou, também, pela transformação das


estruturas de poder. A relação soberana entre Estados começou a ser
doutrinariamente definida no século XVI, quando por isso mesmo, nasceu o direito
internacional público. A monarquia se centraliza, acontece a abertura de câmaras
municipais, em Portugal surgem os conselhos. Houve pressões e contrapressões do
clero, da nobreza e do povo. O poder real se enfraquece em todos os países com
guerras, crises econômicas e até a mentalidade feudal de alguns monarcas, que
fizeram concessões comprometedoras à centralização.

Nos países absolutistas foram desenvolvidos órgãos públicos, a cobrança de


impostos e a aplicação das leis deram tanto poder, como na França, a este
segmento que alguns autores o consideram, o quarto estado. A cobrança de tributos
reais gerou o tesouro público, o exército permanente ajudou na centralização e a
criação de uma legislação real contribuiu para definir a esfera do poder real. Sempre
houve tensão política entre agentes centralizadores do estado e a reação das forças
locais, tanto na Metrópole como no Brasil.

Em Portugal também existiu a concentração do poder real e neste processo


temos que considerar as duas regiões distintas no Portugal medieval: a do norte,
onde se instalou a dinastia Borgonha, e a do sul arduamente retomada dos
muçulmanos na luta multissecular da reconquista.

As terras do sul foram doadas aos nobres e clérigos quando ocorria a


Reconquista. Ocorreu a emigração de populações do norte, mesclando-se às
comunidades moçárabes, cristãs e judaicas existentes no sul. Criaram-se os
conselhos no norte e um sul reconquistado. O senhorio das regiões eram os
magistrados, muitas vezes era o próprio rei que impunha normas tributárias e
avocava a si a aplicação das leis.

Da mescla heterogênea de instituições de origem romana, germânica,


islâmica, e das próprias circunstâncias na guerra da Reconquista, nasceu o Reino
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de Portugal. O rei ou a nobreza não dava regalias para o governo local aplicando a
justiça. O poder do rei se fortaleceu e foram construídos núcleos: burocrático fiscal e
judiciário junto ao monarca.

O poder não ficou concentrado nas mãos do rei, a reação da nobreza


territorial e da igreja neutralizou muitas ações centralizadoras da monarquia. A
própria ação centralizadora da monarquia não foi coerente.

Durante o século XIV, Portugal foi atingido pelo ciclo de pestes. A lei da
sesmaria surge da crise do século XIV. O declínio demográfico fez o rei aumentar o
controle sobre os camponeses coagindo os detentores de terras a expandir a
produção. O governo convocou a corte para solicitar novos subsídios.

No reinado de Dom Afonso V ocorreu o conflito entre o regente Dom Pedro,


continuador da política de centralização dos antecedentes. Na batalha de
Alfarrobeira, em 1449, na qual o regente foi morto, representou a vitória do regime
senhoral sobre a centralização monárquica.

A monarquia foi consolidada e Dom João II pôde retomar o processo de


expansão marítima. A transição para a modernidade, em Portugal, coincidiu com o
surgimento do humanismo na Península Ibérica. As universidades contribuíram para
colocar o país nos circuitos intelectuais renascentistas. Só se entende a evolução de
Portugal no século XVI associada à expansão marítima.

Comerciantes e técnicos pescadores se lançaram em alto-mar. A bússola,


sextante, e as melhorias dos navios foram fatores que possibilitaram a expansão.
Com a experiência em navegação criaram-se mapas, roteiros e cartas geográficas,
graças a navegadores portugueses, genoveses, castelhanos e muçulmanos.

As causas da expansão portuguesa foram várias, entre elas a união em


1469 de Castela e Aragão pelo casamento de Isabel e Fernando, além da escassez
de ouro na Europa e a falta de cereais. O espírito de cruzada também foi um fator
importante.

A expansão portuguesa se fez por etapas no século XV, os sucessos da rota


marítima para as Índias e o Descobrimento do Brasil ofuscaram as realizações
anteriores. Somente a partir de 1474 é que foi definido um plano sistemático para se
atingir as Índias. O primeiro movimento expansionista concentrou-se em Ceuta, zona
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produtora de trigo e centro de rotas comerciais africanas. Os muçulmanos


direcionaram a expansão portuguesa para o oceano atlântico, o “Mar Tenebroso”.

O infante Dom Henrique, que representa a expansão, tinha objetivos bem


definidos para o Norte da África, as ilhas do atlântico e a descida pelo litoral africano.

Quando parcialmente frustrada a ação no norte da áfrica, iniciou-se a política


oceânica. A partir do século XV começaria a colonização sistemática de Madeira e
Açores, com a introdução do sistema de capitanias hereditárias, a fundação de vilas
e a distribuição de sesmarias.

Para objetivos comerciais de burgueses e do próprio governo e para o


espírito de cruzada antimuçulmana, era importante trafegar pela costa africana. A
instalação de feitorias para troca de produtos com as populações locais consolidou a
presença portuguesa até o golfo de Guiné.

A morte do infante, em 1460, provocou um hiato nessa política. Com Dom


João II, a monarquia conciliou sua consolidação interna com políticas expansionista.
A chegada de Vasco da Gama à Índia e a consequente confirmação do novo
caminho marítimo foi recebida com verdadeiro pavor nas cidades italianas que
monopolizavam o comércio de especiarias.

O objetivo declarado da expedição de Cabral era chegar às Índias. Mas


provavelmente teria recebido também instrução para estender a rota
preestabelecida, de modo a descobrir e incorporar oficialmente ao domínio
português as novas terras, assim, em 22 de abril de 1500, Cabral chegou ao que
chamou de Ilha de Vera Cruz. O relatório foi feito por Pero Vaz de Caminha, após a
expedição continuou para a Índia.

Gaspar Lemos leva a notícia para Portugal. Os sucessivos descobrimentos


marítimos desde o final do século XV despertaram o imenso interesse na Europa. O
governo português, logo informado do descobrimento enviou uma expedição de
reconhecimento, comandada por Gaspar Lemos. Houve informação do pau-brasil e
de indígenas que falavam a mesma língua por todo o litoral. Em razão dessas
informações, o governo português arrendou, por três anos, em 1502, a exploração
do pau-brasil a comerciantes.

As feitorias estabelecidas pelos portugueses a partir dessa data no litoral


brasileiro obedeceram a regras semelhantes usadas para entrepostos comerciais
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que funcionavam na África. O arrendamento de 1502 foi renovado em 1505,


provavelmente por dez anos, e em 1513. Apesar de pertencer à Portugal a nova
terra nas primeiras décadas do século XVI, foi intensamente frequentada por
espanhóis e franceses. Sobre presença espanhola, sabemos que antes de Cabral
passaram pela costa brasileira Diego de Lepe e Vincente Pinzón. A presença
francesa foi igualmente precoce.

Sabemos também que Binot de Gonneville aqui esteve, em 1504,


carregando pau-brasil, mas ele relatou presença francesa antes. Na década de 1520
continuaram as incursões francesas, como as de Parmentier Roger, Verrazano e
outros. Devido a habilidade diplomática e dinheiro, práticas na nascente diplomacia
renascentista, o governo português conseguiu eliminar a ameaça estrangeira no
Brasil.

Através das sucessivas descobertas no século XV, os contatos


estabelecidos com diferentes povos se intensificaram. Houve a integração dos
diferentes universos-tempo.

O século XVI costuma ser associado à expansão econômica europeia, ao


estado absolutista, às lutas entre protestantes e católico, às guerras internacionais,
ao renascimento e ao humanismo.

A economia do século XVI foi aparentemente paradoxal, demonstrou enorme


dinamismo. Esse paradoxo era apenas aparente. A economia do capitalismo
comercial era responsável pelas trocas inter-regionais europeias, que ligavam o
mediterrâneo ao mar báltico. A Europa passou a ser eixo de comércio que
intercambiava ouro, prata, marfim, pau-brasil e açúcar. A estrutura da época sofreu
modificações importantes, “outros fatores”, em oposição às “persistências
medievais”. O aumento do investimento foi outro elemento importante de inovação
que deu maior lucro ao comerciante.

A forma de associação surgida no século XVI, e que cresceria de


importância posteriormente, foram as companhias de comércio, que tenderam a
ofuscar os empreendimentos menores muitas vezes individuais ou familiares. A
técnica contábil também foi aprimorada, com a utilização da partida dobrada,
lançamento simultâneo do “deve” de uma conta e no “haver” de outra.
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O campo europeu foi menos atingido pelas inovações. A expansão comercial


gerou, entretanto fatos importantes. Aumento da produção de cereais, pois na
América os produtos da economia plantation (monocultura) já constituíam itens
importantes das exportações brasileiras para Portugal e deste país para outros.

A atividade manufatureira era controlada pelas corporações nos núcleos


urbanos que eram meros prolongamentos do campo e não eram admitidos como
cidades.

Depois, o crescimento das atribuições do estado e do próprio funcionalismo,


além do poder real, em detrimento do poder local e dos estamentos, transformando-
o em arbítrio, refletiu-se na administração colonial do século XVIII. Os conflitos
europeus tiveram grandes implicações para a história colonial já no século XVI,
porque normalmente se refletiram na ocupação territorial. Para colonizar o Brasil, a
ruptura com o movimento humanista foi importante, pois condicionou os quadros
mentais do novo país aos estreitos limites da ortodoxia católica.

A história do Brasil entre os séculos XVI e XIX não pode ser estudada fora
do contexto do império colonial criado pelos portugueses. O império Português
organizou-se a partir da população do reino, proporcionalmente pequena para as
necessidades de uma expansão em escala mundial.

A geografia do império mostra diferentes formas de ocupação no século XVI.


A política imperial no litoral africano e no oriente foi diversa. Nessas regiões o
domínio português manifestou-se na fundação de feitorias e fortalezas. No oriente,
em meados do século XVI, os portugueses haviam construído uma rede de feitorias
e fortalezas na Índia, Ormuz, Malaca, Colombo, Moluscas e Macau.

A morte de Sebastião na batalha de Alcácer Quibir contra os mouros, em


1578, abriu grave crise em Portugal. Morrendo sem herdeiros, o trono foi ocupado
pelo cardeal Dom Henrique. A posição da nobreza fortemente abalada pelo desastre
militar de Alcácer Quibir, no qual perdeu muitos membros foi decisiva para a
solução.

As feitorias satisfaziam momentaneamente aos interesses dos comerciantes


portugueses e do próprio estado. Portugal enviou expedições comandadas por
Martim Afonso de Sousa para o desdobramento de acordos entre Portugal, Espanha
e França. As atribuições dadas a Martim Afonso não foram as de um mero
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explorador, mas de um governante. Houve viagens e muitas notícias de ouro e prata


no interior e no litoral de São Paulo.

A feitoria de Pernambuco, aliás, foi arduamente disputada por franceses e


portugueses. A missão colonizadora não foi levada a cabo por Martim Afonso nem
na Bahia, onde encontrou Diogo Álvares, o Caramuru que havia se entrosado com
os nativos.

De acordo com Neves (2007), discutiu-se muito sobre a característica feudal


das capitanias hereditárias. A delegação não alienava a soberania do rei e não o
transformava em suserano. A fim de tornar atrativo o empreendimento, o governo
português concedeu, aos donatários diversas fontes de renda.

Recebiam em sesmaria dez léguas de costa na extensão de toda a


capitania. As capitanias foram doadas a donatários que em geral pertenciam à
nobreza de serviços já associada aos empreendimentos governamentais na Ásia. A
maior riqueza concentrou-se em Pernambuco, onde havia boa quantidade de pau-
brasil, cuja exploração garantia retorno rápido do capital, e solo muito mais favorável
ao cultivo da cana. No final da década de 1540, o rei Dom João III estabeleceu o
Governo geral, pelo fracasso das capitanias.

Conforme Neves (2007), o governo Geral consolidou o processo


colonizador. Houve núcleos dispersos de colonização, pequena produção açucareira
em Pernambuco e ainda menos em São Vicente e Espírito Santo, além da
exploração do pau-brasil. O estado português criou, nessa ocasião, o primeiro corpo
administrativo do Brasil. Não foram fáceis os primeiros anos. Tomé de Sousa
precisou relacionar-se com os índios, estabelecendo alianças, reorganizou a
distribuição de terras, fundou a cidade de Salvador. Seu sucessor, Duarte da Costa,
continuou a obra administrativa e o apoio à colonização.

AS GRANDES NAVEGAÇÕES

Até o século XV, pouco se sabia a respeito dos oceanos e da geografia da


Terra. As informações que os europeus possuíam eram imprecisas e povoadas de
lendas e histórias religiosas. Tais informações, em sua maioria, foram colhidas pelos
europeus dos gregos, que desde a Antiguidade viajavam pelos mares e contavam
aquilo que haviam visto em histórias fabulosas, cheias de mitos e seres
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maravilhosos e monstruosos. Somavam-se às histórias transmitidas pelos gregos,


aquelas que os próprios europeus criaram, nas quais a religiosidade cristã estava
muito presente.

O que se sabia até então era que a Terra estava dividida em três partes
(Europa, Ásia e África), que estavam separadas por mares estreitos e pelos rios
Ganges, Eufrates, Tigre e Nilo, e, por fim, que ela era cercada por um único oceano,
cheio de perigos e habitado por monstros aterrorizantes.

Dessa forma, apesar de o oceano exercer fascínio sobre os europeus, eles


restringiam suas viagens marítimas a regiões que ficavam próximas ao litoral.
Contudo, não era apenas o medo que os europeus tinham do oceano que os
impedia de viajar por ele, havia também o problema de que eles não possuíam
instrumentos de navegação, nem embarcações que lhes dessem maior segurança
para se afastar do litoral.

Apesar do medo que o oceano provocava e das dificuldades técnicas de se


viajar por ele, nos fins do século XV, os europeus conseguiram desvendar seus
mistérios, movidos por questões econômicas, políticas, religiosas, e até mesmo pelo
fascínio que ele despertava. O que permitiu as grandes viagens marítimas, neste
período, foi o desenvolvimento dos instrumentos de navegação, a criação de
embarcações mais resistentes e modernas, os incentivos e investimentos financeiros
e também a disposição dos navegadores para viajar.

Instrumentos como a ampulheta, a balestilha, o astrolábio, a bússola, o


quadrante, entre outros, há muito tempo conhecidos no oriente, foram, nesse
período, bastante divulgados entre os europeus e aperfeiçoados por eles. A criação
da caravela pelos portugueses, foi outro importante fator que possibilitou as viagens
marítimas, pois ela era uma embarcação forte, que permitia enfrentar correntes e
tempestades do alto mar, era veloz e dotada de bom espaço para carregar a
tripulação e a carga.

Uma vez que os navegadores europeus contavam com equipamentos mais


seguros, com financiamentos e com motivações bastante fortes, eles partiram para
as grandes viagens que lhes revelaram um mundo bastante diferente daquele que a
geografia descrevia até então. Uma das principais motivações era chegar até as
Índias, pois corria pela Europa a notícia de que naquela região havia abundância de
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ouro, marfim, pimenta e escravos, produtos que eram imensamente valorizados


pelos europeus. Ter acesso a esses produtos significava a possibilidade de
enriquecimento. Contudo, a busca por riquezas não era o único motivo das viagens
pelo oceano. O homem europeu, que era profundamente religioso, acreditava que
devia levar a fé cristã a todas os lugares, convertendo os povos infiéis. Ora, no
Oriente havia muitos povos infiéis, como, por exemplo, os muçulmanos, e viajar para
lá pelo oceano possibilitaria o domínio desses povos e sua conversão. Também era
interessante aos governos europeus o fato de que conquistar regiões novas
significava aumentar suas posses e consequentemente seu poder e importância
junto aos demais países europeus (MESGRAVES, 1994).

Os portugueses foram os primeiros a se aventurarem pelo oceano Atlântico,


movidos pelos interesses correntes na época. Enquanto a maior parte da Europa se
encontrava, no século XV, dividida em várias pequenas regiões rivais entre si,
Portugal já era um reino unificado desde o século XII, o que possibilitou seu
crescimento e desenvolvimento. Esses antecedentes do reino português, somados
ao aprimoramento dos instrumentos de navegação e ao fato de existir uma
população portuária enriquecida e com desejo de expandir seu comércio, permitiram
aos portugueses empreender grandes viagens pelo oceano (SOUZA, 2006).

A Espanha também empreendeu, nesse período, grandes viagens, e, numa


delas, Cristóvão Colombo chegou às terras de um continente, que era desconhecido
por todos até então. Tais terras, que posteriormente receberam o nome de
continente Americano, constituíam um Novo Mundo, totalmente diferente daquele
que era conhecido pelos europeus.

A conquista de Ceuta, um grande centro comercial muçulmano situado no


norte da África, pelos portugueses, em 1415, foi o primeiro passo rumo à
concretização do desejo de construir um grande império português. Daí em diante,
os portugueses continuaram com suas viagens, chegando a outros tantos lugares
diferentes. Mas até fins do século XV, os portugueses não haviam conseguido
chegar às Índias, o que era um dos principais objetivos de suas viagens. Somente
em 1498 é que uma expedição portuguesa, comandada por Vasco da Gama,
conseguiu chegar à cidade de Calicute, na Índia, quando, por fim, o sonho português
foi concretizado (KOSHIBA; PEREIRA, 1996).
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Depois que Vasco da Gama retornou da expedição à Índia, o rei português


Dom Manuel enviou uma outra expedição para lá , a fim de estabelecer relações
comerciais com os indianos. À frente dessa expedição estava Pedro Álvares Cabral,
que, partindo de Lisboa, em março de 1500, acabou chegando, em 22 de abril do
mesmo ano, em terras que eram até então desconhecidas dos portugueses e dos
demais europeus. Cabral pediu então que Pero Vaz de Caminha escrevesse uma
carta ao rei português, informando-o do “achamento” da terra que recebeu o nome
de Vera Cruz.

Cabral permaneceu mais de uma semana nas terras e manteve contato


com os habitantes do lugar, os indígenas. Mas em seguida continuou sua viagem,
que tinha por destino final a Índia. A princípio, as terras descobertas não
despertaram grande interesse nos portugueses. O que delas se podia retirar de
valioso era o pau-brasil, madeira da qual se extraía um pigmento vermelho usado
para tingir tecidos. Para garantir a exploração dessa madeira, os portugueses
estabeleceram algumas fortificações na região e se aproximaram dos indígenas a
fim de que eles trabalhassem retirando a madeira, que depois era negociada. Em
troca do pau-brasil, os portugueses davam toda espécie de objetos que nem sempre
tinham muita utilidade, ou eram valiosos. Mas os indígenas ficaram encantados
pelos espelhos, colares, pentes, vasilhas, e outros tantos objetos que eles não
conheciam e que os portugueses trataram de apresentar-lhes.

O interesse português pelas terras do “Novo Mundo” tornou-se maior a partir


do momento em que o comércio com o Oriente não estava mais sendo tão lucrativo.
Além disso, a constante presença de concorrentes, sobretudo de franceses, nas
novas terras, alertou a Coroa portuguesa para a necessidade de colonizá-las,
efetivando sua posse. Um importante passo nesse sentido foi a criação das
Capitanias Hereditárias, dividindo o Brasil em 14 grandes lotes de terras, que foram
entregues pela Cora portuguesa a seus respectivos donatários. (TUFANO, 1999).

Dessa forma, coube ao investimento de particulares o início do processo de


colonização portuguesa do Brasil. Contudo, não foram apenas os motivos político-
econômicos que levaram à colonização das terras da América pela Espanha e por
Portugal. Os motivos religiosos, ligados à expansão da fé cristã, eram de extrema
importância. Os indígenas, que eram enxergados como o oposto do cristão europeu,
precisavam ser salvos. Isto pode ser percebido, por exemplo, na Carta de Pero Vaz
16

de Caminha, na qual ele afirma ao rei português o seguinte: “[...] Porém, o melhor
fruto que dela [da terra descoberta] se pode tirar me parece que será salvar esta
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar. [...]”

Assim, a partir das viagens iniciadas no século XV, a América passou a fazer
parte dos mapas europeus, bem como o restante dos lugares descobertos por eles,
as rotas marítimas passaram a ser mais seguras e precisas, e os instrumentos de
navegação aperfeiçoaram-se cada vez mais.

Contudo, essa nova tecnologia de navegação e o conhecimento das rotas


não significaram o fim do perigo de se navegar em alto-mar, uma vez que muitos
acidentes, desvios de rota, naufrágios, entre outros, ainda continuaram ocorrendo. O
conhecimento da geografia terrestre e de seus oceanos não significou o
desaparecimento das ideias que desde muito tempo faziam parte do cotidiano
europeu. As fábulas sobre terras povoadas por monstros e criaturas maravilhosas,
sobre a existência de um paraíso na terra, entre outros, permaneceram ainda por
muito tempo na mentalidade dos europeus.

De todo modo, apesar da persistência dos mitos, os europeus


desenvolveram uma tecnologia de navegação bastante eficaz, que, somada a outros
fatores, permitiu que eles partissem para grandes viagens, que lhes revelaram um
mundo novo, diferente daquele que eles conheciam. Permitiu, ainda, a concretização
de muitos dos objetivos políticos, econômicos e religiosos por meio da conquista de
terras que se localizavam fora da Europa.

Podemos concluir que a formação de Portugal estava ligada às lutas de


reconquista da Península Ibérica, tais lutas ocorreram dentro das características do
feudalismo. A dinastia de Avis que foi o auge de D. João no poder, representou a
vitória de um começo do nacionalismo, subiu ao trono para reinar dois séculos 1385-
1580.

O Grupo Mercantil, embora não tivesse força para mudar a sociedade


portuguesa na época de Avis, conseguiu, temporariamente competir com a nobreza
então titulada. Entre os fatores que possibilitaram tal competição, destacam-se: a
situação geográfica de Portugal. A guerra contra os mouros obrigava o governo a
contrair empréstimo, sendo posteriormente pagos através de arrecadação de
impostos.
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Verificou-se que o país não contava com uma sólida estrutura capitalista
mercantil que permitisse enfrentar os novos concorrentes que tinham aparecido:
holandeses, franceses e ingleses. Portugal é um país voltado para o mar, o sal e a
pesca, já constituem riquezas básicas. Isso também possibilitou as descobertas
técnicas: bússola, astrolábio, caravela.

Movidos pelo desejo de acabar com o monopólio italiano, os portugueses


começaram com a ocupação de Ceuta, Cabo da Boa Esperança, e a tentativa de
descoberta do caminho para as Índias. A Espanha, incentivada pela expulsão dos
Mouros, e com a descoberta de Colombo (América em 1492), aceitava o projeto (da
busca do caminho alternativo para as Índias).

O Tratado de Tordesilhas (1494) acabou determinando que o Brasil, ou pelo


menos boa parte dele, pertencesse a Portugal. A "descoberta" oficial ocorreu em
1500. Porém segundo alguns historiadores, na ocasião do Tratado de Tordesilhas,
já existia uma razoável certeza quanto a existência de terras a Ocidente.

Descoberta ou acidente? Rejeitando-se tais hipóteses, qual seria a intenção


da expedição de Cabral? A colonização veio como consequência do descobrimento,
não tendo sido esta finalidade.
18

UNIDADE 3 - O DESCOBRIMENTO E A CHEGADA DOS


PORTUGUESES

Em 22 de abril de 1500, chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas


lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de
um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi
celebrada a primeira missa no Brasil.

Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra


descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para
Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi
descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado.
A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da
descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser
chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil.

Como vimos até o momento, a descoberta do Brasil ocorreu no período das


grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca
de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão
Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as
expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições
e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha
assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. Conforme este acordo (figura 1),
Portugal ficou com as terras recém-descobertas que estavam a leste da linha
imaginária (200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou
com as terras a oeste desta linha.
19

Figura 1 – Tratado de Tordesilhas

Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava


empenhado no comércio com as Índias, onde encontravam: cravo, pimenta, canela,
noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, entre outros. Enquanto realizava
este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil,
explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era
comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os
indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e
chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de
madeira até as caravelas.

Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin


Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização
da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em
perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de
Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e
piratas destes povos estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas
matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para
tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-
açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa.
20

UNIDADE 4 - EXPEDIÇÕES, PAU-BRASIL, CAPITANIAS E


INVASÕES

O medo de invasões estrangeiras no território brasileiro que já acontecia


pelos piratas ingleses, franceses e holandeses levou Portugal a administrar a colônia
de forma mais eficiente. Para tanto, tivemos três tipos de expedições: exploradoras,
guarda-costas e colonizadoras.

A primeira expedição exploradora foi chefiada por Gaspar de Lemos. Ele


viajou pelo litoral e deu nome a vários acidentes geográficos que encontrou. Na
volta, levou os navios cheios de pau-brasil para Portugal. Todos os direitos de
exploração do pau-brasil e seu lucro pertenciam à Coroa Portuguesa.

No ano de 1503, mais uma expedição exploradora veio ao Brasil. Seu


comandante foi Gonçalo Coelho, e seu objetivo era localizar os pontos onde havia
maior quantidade de pau-brasil. Fazendo parte dessa expedição, o conhecido
navegante Américo Vespúcio fundou a feitoria de Cabo Frio.

Os portugueses não eram os únicos, nesta época, a explorar o pau-brasil.


Franceses vinham ao litoral brasileiro em busca da preciosa madeira. Muitas vezes,
entraram em combate com os portugueses.

Para evitar a chegada de navios piratas franceses ao Brasil, foram


organizadas expedições guarda-costas. Duas dessas expedições, chefiadas por
Cristóvão Jaques, terminaram com a prisão de vários navios franceses. A feitoria de
Itamaracá, uma das mais importantes do Nordeste, foi fundada por ele.

O rei enfrentava alguns problemas. O lucro com o comércio das especiarias


vindas da Índia começava a diminuir. Era necessário, também, garantir a posse do
território brasileiro.

Os franceses continuavam levando o pau-brasil. Enquanto isso, chegavam à


corte portuguesa notícias de que a Espanha havia encontrado ouro e prata nas
terras que havia descoberto no Novo Mundo.

A primeira expedição colonizadora foi comandada por Martin Afonso de


Souza, que veio ao Brasil com as seguintes obrigações:

 Expulsar os franceses;
21

 Explorar o litoral, chegando ao interior na busca de ouro e prata;

 Fundar núcleos de povoado e defesa;

 Aumentar o domínio português, estendendo-o até o Rio da Prata,


ultrapassando a linha do Tratado de Tordesilhas.

Tendo cumprido sua missão, Martin Afonso, na volta de Rio da Prata,


fundou, no litoral, a vila de São Vicente – a primeira do Brasil. Seguindo para a outra
vila – Piratininga. Introduziu o cultivo da cana-de-açúcar e construiu o primeiro
engenho, que chamou de Engenho do Governador.

Tão grandes quanto a terra, eram os problemas. Oitenta homens que tinham
ido ao interior em busca de ouro morreram em luta com os indígenas. Não
adiantava fundar uma vila aqui e outra ali, pois era tudo muito distante. A terra
brasileira continuava sem proteção. O rei de Portugal teve que pensar em outra
solução.

A primeira solução foram as Capitanias Hereditárias, assim, entre os anos


de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu dividir a terra brasileira em
faixas, que partiam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas
enormes faixas de terras foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei.
Estes que recebiam as terras, chamados de donatários, tinham a função de
administrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também aos
donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à ocupação do
território. Em troca destes serviços, além das terras, os donatários recebiam
algumas regalias, como a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da
região. Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja, passariam
de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema administrativo.

As dificuldades de administração das capitanias eram inúmeras. A distância


de Portugal, os ataques indígenas, a falta de recursos e a extensão territorial
dificultaram muito a implantação do sistema. Com exceção das capitanias de
Pernambuco e São Vicente, todas acabaram fracassando. Desta forma, em 1549, o
rei de Portugal criou um novo sistema administrativo para o Brasil: o Governo-Geral.
Este seria mais centralizador, cabendo ao governador geral as funções antes
atribuídas aos donatários.
22

Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias


Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição
desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade
no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem
grandes propriedades rurais.

Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários:

 São Vicente (Martim Afonso de Sousa);

 Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa);

 Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira);

 Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho);

 Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho);

 Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia);

 Bahia (Francisco Pereira Coutinho);

 Pernambuco (Duarte Coelho);

 Ceará (António Cardoso de Barros);

 Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da Cunha e Fernando


Álvares de Andrade).

O Governo Geral pode ser definido como primeiro esboço do poder público
no Brasil. O Marquês de Pombal, sabendo da carência de gente para administrar a
colônia, se valeu de brasileiros. O centralismo político já tinha ultrapassado a fase de
experiências para se tornar um projeto mais amplo.

Os primeiros Governadores Gerais foram encarregados de tarefas


administrativas e militares por um prazo de 3 anos.

Bandeirismo

A questão do bandeirismo evidencia as dificuldades das comunidades


afastadas do centro exportador dominante, o nordeste açucareiro. Os paulistas
viram-se compelidos a buscar meios de enriquecimento. Disto resultaram as
23

bandeiras – empresas móveis, misto de aventureirismo épico, e oportunismo


empresarial.

As bandeiras representaram um importante fator na configuração das


fronteiras, pois dirigiram-se rumo às áreas desabitadas do interior, pelas quais os
espanhóis não haviam se interessado, voltados como estavam para a mineração
andina.

Devido à carência de recursos da terra à qual não tinham por que se


prender, os paulistas dos primórdios acabaram por favorecer o surgimento de uma
ideologia que muito ajudaria a classe dominante regional do futuro, a ideologia da
iniciativa privada. São Paulo se colocou na vanguarda econômica e política da
nação, essa ideologia muito serviu à classe dominante regional como instrumento do
federalismo.

Devido ao aspecto do pioneirismo desbravador, o primitivo isolamento da


comunidade paulista, contribuiu para a formação de uma mentalidade regionalista
fortemente arraigada, cujo resultado último e extremo, veio a ser a Revolução
Constitucionalista de 1932.

Na primeira grande fase do bandeirismo, o objetivo era aprisionar índios


para vendê-los como escravos em lugares que não usavam o negro por ser muito
caro, era o único bom negócio possível aos paulistas. Tal negócio foi facilitado, pois,
devido à união Ibérica, o Tratado de Tordesilhas não estava em vigor, isto foi uma
das causas da destruição do primeiro ciclo missioneiro no sul da colônia.

As bandeiras tiveram seu auge durante a ocupação de Angola pelos


holandeses, pois foi interrompido o tráfego negreiro, e a mão-de-obra escrava
escasseou ainda mais, gerando um aumento nos preços dos escravos.

O seu declínio foi por ocasião da expulsão dos holandeses da costa


africana, ao mesmo tempo em que os índios aldeados nas missões sulinas,
começaram a reagir aos ataques dos bandeirantes. Após dois contra-ataques bem
sucedidos, por parte dos índios, principalmente o "combate do M’bororé", os
bandeirantes interromperam seus assédios às missões.

Segundo alguns autores, a palavra bandeira, talvez derive de “bando”


(reunião de bandos). Possuía uma certa organização. Apesar de submetida a uma
autoridade absoluta, era muito heterogênea.
24

A alimentação dessas hordas consistia principalmente de caça, pesca,


coleta, e eventuais roças de milho (bivaques). As expedições duravam anos, e
eventualmente havia quem as financiasse, o que reforça a ideia da combinação do
espírito aventureiro, com o espírito empresarial, impregnado do desejo de lucro.

Quando o açúcar deixou de dar lucros, a Coroa resolveu encontrar metais


preciosos. Houve a contratação de técnicos espanhóis pelo governo português para
ensinar aos bandeirantes as técnicas de mineração, e as bandeiras passaram a se
dedicar à busca de pedras e minerais preciosos, tornado-se uma empresa quase
estatal, ao final do século XVII.

Os Quilombos

Foi em Alagoas, na serra da Barriga, que se formou Palmares, o quilombo


mais famoso, em fins do século XVI, início do século XVII, por volta de 1600.
Palmares congregou várias aldeias, chegou a agrupar 20.000 pessoas, em
27.000km2, incluindo índios, mulatos e até mulheres brancas (capturadas em
incursões), atraiu também muitos marginalizados. Sua capital, o mocambo dos
macacos, agrupou aproximadamente 5.000 pessoas, incluindo o Rei do Quilombo,
Zumbi dos Palmares.

Nesta época, a busca pela liberdade, a fuga pelas matas impenetráveis, e a


não aceitação da condição servil, caracterizou o primeiro passo para a formação dos
quilombos. Sua estrutura política era de “monarquia despótica” e centralizada de
forma eletiva, visto o perigo da diversidade cultural existente nos quilombos. Seus
reis foram respectivamente, Ganga Zumba e Zumbi.

A formação de quilombos foi uma atitude próspera que muito atraiu os que
não aceitavam o caráter antiprodutivo latifundiário. Devido à diversidade cultural,
quanto à língua, adotaram-se heranças lusitanas, os costumes africanos tiveram a
sua continuidade, naquilo que não influenciaria a administração do quilombo. No
aspecto econômico, Palmares evoluiu da coleta e do ataque à fazenda e aldeias,
para uma economia de base coletivista e não monetária.

A invasão holandesa a Pernambuco (1630-1654) acelerou as fugas de


escravos pelo “afrouxamento geral”, no controle sobre estes. A introdução holandesa
de novas técnicas de tortura (muito desumanas), gerou ainda mais revolta entre os
25

negros. Os holandeses opuseram-se ao quilombo, mas foram rechaçados


ferozmente por duas vezes, expulsos os holandeses, os portugueses retomaram a
luta anti-Palmares. Os lusitanos viam Palmares não só como “algo fora do comum”,
mas também como um “caso de polícia”, queriam reaver sua propriedade (os
negros), e colocá-los novamente nas lavouras. Os lusos depararam-se com uma
eficaz tática de guerrilha, que, de defensiva, passou a ofensiva. A primeira tentativa
de tomar Palmares, por parte de Fernão de Carrilho, fracassou. Além da busca de
mão-de-obra, a terra ali, era vista pelos portugueses como extremamente fértil para
a agricultura açucareira.

Em 1678, os luso-brasileiros fizeram um acordo com os quilombolas e


reconheceram o direito dos Palmares. Revoltados com o acordo, os palmarinos
mataram Ganga Zumba, e firmaram o famoso Zumbi no comando do quilombo.

Destruir Palmares, para os lusitanos era “imperativo político e obrigação da


coroa”, era impossível um quisto daqueles, visto um nordeste latifundiário e
aristocrático.

Em 1687, Domingos Jorge Velho, assume a direção da campanha contra


Palmares. O quilombo passa de uma tática guerrilheira móvel, para uma defesa fixa,
o que apressou o seu fim. A distância entre negros e homens livres (estes mesmos
pobres e oprimidos) foi grande fator para a derrota. Os escravos se viram
compelidos a levar sozinhos uma luta que, em caso de resultado positivo,
favoreceria também a outra classe dominada. Após prolongada luta, em 06 de
fevereiro de 1694, Palmares é destruída, o rei Zumbi escapa e continua a existência
de outros quilombos. Em 1695, Zumbi foi morto e teve sua cabeça espetada num
poste na praça do Recife para mostrar aos escravos que ele não era imortal.

As invasões

Em 1580, com o objetivo de unificar a Península Ibérica, Felipe II, rei da


Espanha, incorpora pacificamente o reino Português, tornando-se o mais poderoso
monarca europeu. Felipe II era um campeão do reacionarismo católico-feudal. Era
apoiado pelo clero português que queria preservar seus privilégios. O seu reinado
era legítimo e perfeitamente dentro dos conceitos. A Europa aceitava, dentro das
26

teorias políticas feudais, a presença de outros reis, formando (pelo grau de


parentesco), uma “grande família”.

O conceito de “domínio espanhol” é um tanto errado, pois apenas o rei da


Espanha passou a ser o mesmo de Portugal, as nações se mantiveram separadas
havendo apenas um vice-rei em Lisboa.

A principal consequência da união ibérica para o Brasil foi o incentivo à


penetração pelo interior, pois o Tratado de Tordesilhas, que dividia terras entre
Portugal e Espanha, foi suspenso, favorecendo a expansão da pecuária e as
necessidades do bandeirismo. Gerou também novas e intensas incursões europeias,
baseadas nos conflitos entre Espanha e o resto da Europa. A união dinástica durou
de 1580 a 1640, quando a aristocracia lusa rumou a uma tirania, e com o apoio
francês, independizou Portugal com a implantação da nova dinastia: a de Bragança,
sustentada até a proclamação da República, em 1910.

Interessados na colônia, os franceses tentaram apoderar-se do Maranhão,


onde poderiam intervir no Caribe, por onde passavam navios espanhóis carregados
de metais preciosos. Chefiados por Daniel de La Touche, fundaram a cidade de São
Luís, e queriam fundar a França Equinocial. O fracasso francês deu início à
colonização do Maranhão e sua transformação em colônia separada do Brasil. Era o
estado do Maranhão, com seis capitanias, sendo hoje as atuais áreas do Pará e
Amazonas.

As invasões holandesas foram ocasionadas pelo conflito entre o capitalismo


comercial batavo em expansão, e a monarquia espanhola aristocrática e
monopolista.

O nacionalismo holandês tornou-se vitorioso contra a tirania espanhola nos


países baixos, aliada pelo catolicismo romano, vivendo o Concílio de Trento, e a
Inquisição. Contra isso, Felipe II rompeu ligações luso-brasileiras com a Holanda.
Assim criou-se a Companhia do Comércio (holandesa), que invadiu a zona
canavieira da colônia. Para o Brasil, tal atitude foi em termos, um contato com o
capitalismo e sua ocupação deu-se para fins de política e economia.

Tendo fracassado a invasão à Bahia, os holandeses rumaram à


Pernambuco, e seu sucesso inicial, em termos, deve-se a Calabar (figura
contestada, que teria auxiliado os holandeses na terra desconhecida). Mas a
27

invasão teve como maior responsável, Maurício de Nassau, hábil político de


financiamentos e reconstrutor de engenhos, agradando aos latifundiários. Nassau,
com seu caráter inovador, criou uma sociedade europeia, urbana, burguesa, e
calvinista.

O fim do governo Nassau, e as cobranças aos latifundiários, foi o sinal para


a ruptura. Os senhores, ameaçados de perderem as terras arrendadas, expulsaram
os holandeses, caracterizando a insurreição pernambucana, que não passou de
uma luta entre classes dominantes (latifundiários devedores X comerciantes
credores). Após a expulsão dos holandeses, o açúcar entra em declínio, pela perda
do monopólio. A segunda metade do século XVII, foi tempo de crise. Passa-se a
estimular o bandeirismo para a busca do ouro nas Minas Gerais, que marcaria a
segunda fase da colonização.

As invasões francesas do Brasil registram-se desde os primeiros tempos da


colonização portuguesa, chegando até ao ocaso do século XIX.

Inicialmente dentro da contestação de Francisco I de França ao Tratado de


Tordesilhas, ao arguir o paradeiro do testamento de Adão e incentivar a prática do
corso para o escambo do pau-brasil (Caesalpinia echinata), ainda no século XVI
evoluiu para o apoio às tentativas de colonização no litoral do Rio de Janeiro (1555)
e na costa do Maranhão (1594).

Até ao século XVIII, era comum piratas e corsários de diversas


nacionalidades pilharem povoados e engenhos no litoral brasileiro. A descoberta de
ouro no sertão das Minas Gerais reacendeu a cobiça desses elementos, atraindo-os
para o litoral da região Sudeste. Entre os assaltos mais famosos, registram-se, em
agosto de 1710, o do corsário Jean-François Duclerc (1671-1711), e, em Setembro
de 1711, o de René Duguay-Trouin, ambos ao Rio de Janeiro.

A invasão de Duclerc (1710)

No contexto de hostilidades entre a França e a Inglaterra, o rei Luís XIV de


França autorizou o corso aos domínios ultramarinos de Portugal, tradicional aliado
dos britânicos. Por essa razão, em meados de Agosto de 1710, Jean-François
Duclerc, no comando de seis navios e cerca de 1.200 homens, surgiu na barra da
baía de Guanabara hasteando pavilhões ingleses como disfarce.
28

As autoridades no Rio de Janeiro, alertadas pela Metrópole, já aguardavam


a vinda do corsário francês, razão pela qual o fogo combinado da Fortaleza de Santa
Cruz da Barra e da Fortaleza de São João repeliu a frota que tentava forçar a barra
(16 de agosto).

Os franceses navegaram pelo litoral para Sudoeste, rumo à baía da Ilha


Grande, saqueando fazendas e engenhos. Lá, aportaram à barra de Guaratiba onde
desembarcaram, marchando por terra para a cidade do Rio de Janeiro. No percurso
passaram pelo Camorim, por Jacarepaguá, pelo Engenho Novo e pelo Engenho
Velho dos Padres da Companhia de Jesus, descansando neste último.

No dia seguinte prosseguiram pela região do Mangue, alcançando a falda do


morro de Santa Teresa (depois rua de Mata-Cavalos, atual rua do Riachuelo), até ao
morro de Santo Antônio, que contornaram até à Lagoa do Boqueirão. Pela rua da
Ajuda (atual Melvin Jones) e de São José, alcançaram o Largo do Carmo (atual
Praça XV de Novembro), onde encontraram a resistência dos habitantes em armas,
tendo se destacado a ação dos estudantes do Colégio dos Jesuítas, liderados por
Bento do Amaral da Silva, que desceram o morro do Castelo.

Nesta escaramuça, afirma-se que os franceses perderam 400 homens.


Duclerc, que os comandava, foi detido em prisão domiciliar à atual rua da Quitanda,
vindo a ser assassinado em condições misteriosas por um grupo de encapuzados,
alguns meses mais tarde, a 18 de março de 1711, alguns autores supondo que por
questões passionais.

A população da cidade festejou entusiasticamente a vitória durante vários


dias. Infelizmente, as autoridades coloniais superestimaram a capacidade do
sistema defensivo da barra, difundindo-se a crença generalizada de que, após
tamanha derrota, corsário algum voltaria tentar forçá-la, o que se mostrou
dramaticamente incorreto.

A invasão de Duguay-Trouin (1711)

À iniciativa de Duclerc, seguiu-se outra, maior e mais bem equipada, no ano


seguinte.

Em setembro de 1711, coberta pela bruma da manhã, aproveitando um


vento favorável, uma esquadra de 17 ou 18 navios, artilhada com 740 peças e 10
29

morteiros com um efetivo de 5 764 homens, sob o comando do corsário francês


René Duguay-Trouin ousadamente entrou em linha pela barra da baía de
Guanabara, furtando-se ao fogo das fortalezas, desguarnecidas três dias antes,
graças a uma notícia recebida pelo então Governador da Capitania do Rio de
Janeiro, Francisco de Castro Morais (1699-1702), que dava como falsa a notícia da
chegada desta esquadra francesa.

Duguay-Trouin enfrentou apenas a resistência de três habitantes


inconformados com as decisões do governador Francisco de Castro Morais,
apelidado de “o Vaca”: o normando naturalizado português, Gil du Bocage, Bento do
Amaral Coutinho, que lutara contra os paulistas na guerra dos Emboabas, e seu
companheiro Frei Francisco de Menezes, ao lado dos alunos dos frades beneditinos,
filhos de Domingos Leitão, de Rodrigo de Freitas, de Gurgel do Amaral, Teles de
Menezes, Martim Clemente e Aires Maldonado. O sucesso do corsário custou caro à
cidade, que necessitou pagar valioso resgate pela liberdade (novembro de 1711):
610.000 cruzados em moeda, 100 caixas de açúcar e 200 cabeças de gado bovino.

Voltando a falar das invasões holandesas, esse é o nome normalmente


dado, na historiografia brasileira, ao projeto de ocupação da Região Nordeste do
Brasil pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (W.I.C.) durante o século
XVII.

Em linhas gerais, as invasões holandesas no Brasil podem ser recortadas


em dois grandes períodos:

1624-1625 – Invasão de Salvador, na Bahia;

1630-1654 – Invasão de Olinda e Recife, em Pernambuco;

1630-1637 – Fase de resistência ao invasor;

1637-1644 – Administração de Maurício de Nassau;

1644-1654 – Insurreição pernambucana.

A invasão de Salvador (1624-1625)

Cientes da vulnerabilidade das povoações portuguesas no litoral Nordeste


brasileiro, os administradores da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais
(WIC – West-Indische Compagnie) decidiram pelo ataque à então capital do Estado
do Brasil, a cidade de Salvador, na capitania da Bahia.
30

Desse modo, uma armada da WIC transportando um efetivo de cerca de


1.700 homens sob o comando do almirante Jacob Willekens, em 10 de Maio de
1624, atacou e conquistou a capital. Em pânico, os habitantes retiraram-se para o
interior. O governador-geral, Diogo de Mendonça Furtado (1621-1624),
entrincheirou-se no palácio, mas tanto ele como o filho e alguns oficiais foram
aprisionados e enviados para os Países Baixos O governo da cidade passou a ser
exercido pelo fidalgo holandês Johan Van Dorth.

A aquisição de mão-de-obra escrava tornou-se imperativa para o sucesso da


colonização Neerlandesa. Por essa razão, a armada começou a traficar escravos da
África para o Brasil.

Em 1625, a Espanha enviou, como reforço, uma poderosa armada de


cinquenta e dois navios, sob o comando de D. Fadrique de Toledo Osório, marquês
de Villanueva de Valduesa, a maior então enviada aos mares do Sul: a famosa
Jornada dos Vassalos, com quase quatorze mil homens. Essa expedição derrotou e
expulsou os invasores holandeses em 1º de maio desse mesmo ano.

A invasão de Olinda e Recife (1630-1654)

O enorme gasto com a fracassada invasão às terras da Bahia foi recuperado


quatro anos mais tarde, num audacioso ato de corso quando, no mar do Caribe, o
Almirante Piet Heyn, a serviço da WIC, interceptou e saqueou a frota espanhola que
transportava o carregamento anual de prata extraída nas colônias americanas.

De posse desses recursos, os neerlandeses armaram nova expedição, desta


vez contra um alvo menos defendido, mas também lucrativo, na região Nordeste do
Brasil. O seu objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com os
Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha. Uma nova esquadra, com 64
navios e 3.800 homens, investirá agora sobre a capitania de Pernambuco onde, em
fevereiro de 1630, conquistam Olinda e depois Recife. Com a vitória, as forças
Neerlandesas foram reforçadas por um efetivo de mais 6.000 homens, enviado da
Europa para assegurar a posse da conquista (BOXER, 1961; MELLO, 1981;
MELLO, 1998; ROSTY, 2002).
31

UNIDADE 5 - ECONOMIA E SOCIEDADE NO PERÍODO


COLONIAL

A base da colonização foi o açúcar, riqueza trazida de fora, onde, Portugal já


tinha experiência com plantio e a comercialização do produto nas Ilhas Atlânticas.
Havia o predomínio do latifúndio, típico da economia açucareira. Gerava altos
lucros, ocorria a não diversificação de atividades e a monocultura.

A mais significativa atividade propiciada pelo açúcar foi a criação de gado,


para a qual utilizava-se o braço indígena e seu descendente mestiço. A cana-de-
açúcar, exigiu muita mão-de-obra, a solução inicial foi a escravidão indígena, porém,
o índio se mostrou um “mau trabalhador”. Até os jesuítas acabaram se opondo
escravidão dos indígenas. Portugal precisou, então, do braço africano.

Os negros vinham nos navios “negreiros”, também chamados de


“tumbeiros”, dada a quantidade de pessoas que morriam durante a travessia do
atlântico, devido às más condições de higiene, fome, sede, doenças, e superlotação
dos porões dos navios.

Já na colônia, submetidos a um duro trabalho, o negro quilombo (fujão), era


o mais sofrido, era submetido à novena ou trezena (nove, ou treze chibatadas).
Outros tipos de punições a que estavam sujeitos ainda, eram o tronco, viramundo,
cepo, bacalhau (relho de cinco pontas), o mais comum (MESGRAVIS, 1994).

As classes de negros não eram iguais. Havia uma certa distinção entre
escravos domésticos, escravos de ganho, e os escravos de eito, estes, submetidos
a um trabalho mais árduo, nos canaviais. Os escravos não formavam um todo
homogêneo, os crioulos não gostavam dos recém-chegados da África, os mulatos
(em especial os que assumiam funções remuneradas: feitores, mestres-de-açúcar,
etc.), desprezavam os escravos em geral, os escravos urbanos viam com certa
superioridade os escravos agrários e, às vezes até ajudavam na luta contra os
quilombos. Os ladinos se julgavam melhores que os boçais. Afora isso, haviam
ainda as diferenças culturais, os negros islamizados (fula, mandinga e haussá), por
exemplo, eram rebeldes, e não se misturavam aos companheiros de infortúnio,
mantendo-se isolados (AZANHA; VALADÃO, 1991).
32

De a cordo com Lopes (1991), “o negro foi a base do sistema colonial do


Brasil. Mais do que pés e mãos do engenho, foi pés e mãos do Brasil”. A condição
servil não estimulava ninguém a produzir, o negro mostrou por todos os meios o
quanto aquela situação não lhe servia. Reagiu sempre que, e como pôde, fugindo,
assassinando e rebelando-se.

Ciclo da cana-de-açúcar

Período da história econômica do Brasil em que a cultura açucareira era a


principal atividade produtiva da Colônia, isto é, o açúcar constituía o ciclo, pois é ele
que atraía mais os fatores de produção.

O Brasil havia concentrado o produto conjuntural procurado, acarretando a


um modelo mercantilista mais sofisticado, pois tratava-se da exportação de um
produto industrializado, requerendo com isso maiores aplicações de capitais,
refletindo na importação de escravos e criação de gado, ocupação territorial e
organização político-administrativa.

O açúcar dominou na economia brasileira durante 150 anos. As primeiras


mudas de cana-de-açúcar foram trazidas da ilha da Madeira, em 1502, e em
meados do século XVI, as plantações canavieiras se estendiam por grandes
extensões no litoral brasileiro, concentrando-se, sobretudo, em Pernambuco e na
Bahia. Na metade do século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial de açúcar,
mas gradativamente perdeu essa posição para as concorrentes mundiais,
particularmente as Antilhas. Embora nunca tenha desaparecido no Brasil colonial, a
cultura canavieira foi substituída no século XVIII como principal fonte de renda da
Colônia pela atividade mineradora que deu origem ao Ciclo do Ouro.

Em decorrência disso, a economia canavieira moldou no Brasil uma


sociedade que correspondia aos objetivos de sua produção: os engenhos se
localizavam em latifúndios e a mão-de-obra empregada, o escravo negro, se tornaria
a base da economia brasileira até o final do século XIX. Praticamente existia uma
camada social intermediária entre o senhor e o escravo, o que configurava uma
sociedade tipicamente patriarcal.
33

Condicionamentos Externos do ciclo da cana-de-açúcar:

O crescimento da demanda do açúcar na Europa ocidental, em


consequência da expansão demográfica, aumento da renda, apesar de que somente
as classes mais abastadas consumiam o açúcar, pelo seu elevado preço.

Condicionamentos Internos:

Terras propícias, em grande quantidade (extensas) clima adequado, matas


próximas (lenha para as fornalhas), água corrente desembocando para o mar,
cursos d'água (para o transporte, energia para os engenhos de água). Canaviais
bastante duráveis.

Mão-de-obra:

Colonos brancos – escassos, pois tinham espírito mercantilista, desapego à


terra, em face dessa dificuldade, o povoamento foi compulsório, através de
degredados ou fugitivos da justiça.

Índios – embora fosse uma solução escravista, não funcionou, porque os


índios não se adaptavam ao trabalho sedentário no engenho ou nas culturas,
resistência do índio à escravidão e à invasão de suas terras, os jesuítas foram
contrários à escravidão dos índios, assim como o poder real proibiu essa prática.

Escravos negros – foi a base da força de trabalho a partir de 1549,


justificando-se porque o negro tinha nível cultural superior ao índio, possuía
conhecimentos de agricultura, mineração e artesanato, habilidoso e resistente. A
escravidão provocou desincentivo ao investimento e à renovação tecnológica,
criação de uma jornada de trabalho sem recompensa, refletindo em certo desprezo
pelo trabalho manual.

Tecnologia:

Rudimentar no desflorestamento e na produção, somente enxada e foice


como instrumento de trabalho básico.
34

Capital:

Capital de giro, fundamental, pois o açúcar exigia investimentos em


escravos, investimentos de trabalho, construção de máquinas, compras de bois,
compra de lenha, e pagamento de salários a trabalhadores especializados.

Políticas Econômicas:

Fundação das Capitanias Hereditárias, em relação à mão-de-obra e capitais,


isenção de impostos dos engenhos novos. Em face das dificuldades financeiras dos
engenhos, foi proibida a execução dos donos dos engenhos e lavradores até certo
limite ou a de sequestrar escravos e bois em serviço permanente, os cobres e
penhorar as moendas.

Regime Agrário:

Concessão de Sesmarias (concessão a um empresário capitalista com


vistas à monocultura para a exportação) com carência de 388 anos, com obrigação
de pagar o dízimo à Coroa, e no tempo dos donatários o redízimo para estes, com
isto, marginalizando os colonos menos abastados, enfraquecendo o setor agrícola
local.

Regime Fiscal:

Além da intermediação compulsória em Lisboa, no comércio exterior, o


imposto básico era o dízimo, 10% ad-valorem, pagável in natura. Em 1534, foi criada
a pensão paga pelos engenhos aos donatários (que reclamavam também o
redízimo).

Vintena, 5% sobre a quantidade produzida (1631 a 1650). Impostos


excepcionais, subsídio de 300 réis por caixa de açúcar, para a formação da
infantaria, 5% (vintena) para o dote da princesa Catarina, rainha da Inglaterra.

Transportes:

Como Portugal não tinha navios suficientes, os de bandeira estrangeira eram


os mais beneficiados.
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Finanças Públicas:

Até a primeira metade do século XVIII, o Brasil não representava fonte de


renda importante.

Empresa Produtora:

O engenho era o conjunto industrial em que se preparava o açúcar, a


unidade completa englobava as terras e seus ocupantes. Os engenhos se fixavam
perto do mar (transporte) da mata (lenha) e dos rios, quando possível.

Reflexos:

Produção de gado, para tração, alimento, matéria-prima para o artesanato.


36

UNIDADE 6 - CICLO DO OURO

O ciclo do ouro se constituiu um dos episódios básicos da história brasileira


do século XVIII. Favoreceu o povoamento do interior, deslocou o eixo histórico
colonial do nordeste para o centro-sul. Surgiu um novo tipo de sociedade (mais
flexível que a do açúcar).

Também surgiram novas cidades, como: Ouro Preto, Sabará, Mariana, São
João d’El Rey, entre outras, bem como a criação de novas capitanias (Minas Gerais,
Goiás, Mato Grosso).

O ouro era monopólio real, a exploração era feita através do arrendamento


de lotes ou “datas de minas”, que eram sorteadas aos particulares. Seu tamanho
variava conforme o número de escravos do candidato contemplado. Este tinha um
prazo para iniciar a extração, não podia negociar a data recebida, exceto se
provasse ter perdido todos os seus escravos. Em caso de repetição da alienação de
uma data, o responsável ficava proibido de novamente candidatar-se e receber
outra.

Inicialmente a mineração era superficial, e restringia-se ao leito dos rios. A


mineração em profundidade teve início no século XIX, com a vinda para o Brasil da
St John d’El Rey Minning Co. (inglesa) e Hanna Corp. (americana), esta última, um
conglomerado norte-americano, dedicou-se à extração de minério de ferro no atual
estado de Minas Gerais, já no século XX.

A exploração do ouro no século XVIII se dava de duas maneiras:


lavras (organizada, empresarial), ou pelos faiscadores (iniciativa privada) e ex-
escravos que exerciam pequenos ofícios nas cidades.

O ciclo do ouro possibilitou surgimento de grupos intermediários entre a


classe rica e a classe pobre (classe mercantil), pois o ouro exigia menor
investimento do que o açúcar. Outra classe também surgiu, a dos funcionários
públicos para cobrar impostos e coibir o contrabando.

O contrabando foi a principal causa de Portugal desestimular a vinda de


gado do Nordeste, pelo vale do São Francisco, o que incentivou a atividade pecuária
no extremo sul, necessária para abastecer a região mineradora.
37

Entre outras consequências do ciclo do ouro, tivemos também:

 A mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763);

 O incentivo à política centralizadora, os Bragança (Reis D. João V e D. José


I), tornaram-se financeiramente independentes das cortes graças aos
impostos cobrados no Brasil na época faustosa (quinto) e mesmo na
decadente (derrama) da mineração.

No plano das relações internacionais, havia uma forte dependência de


Portugal em relação à Inglaterra (1703, Tratado de Comércio e Amizade – de
Methuen – nome do diplomata inglês que o obteve). A Inglaterra se encarregou da
sustentação militar e diplomática da frágil nação lusa numa Europa conflagrada pela
guerra de sucessão da Espanha, em troca da abertura dos portos lusitanos aos
artigos manufaturados britânicos. Neste tratado, a única vantagem para Portugal
eram os privilégios alfandegários para o vinho, até 1786.

Os resultados do Tratado de Methuen não foram positivos para os lusos. O


abastecimento de Portugal e do Brasil com produtos britânicos acarretou um déficit
crescente de Lisboa em relação à Londres. Portugal se tornou colônia comercial da
Inglaterra, e ainda perdeu, em 1786, as vantagens que possuía de colocação de
seus vinhos no mercado britânico.

O ouro brasileiro que foi entregue aos cofres portugueses, lá ficou, isto é,
não foi utilizado para pagar os déficits lusitanos, serviu para estimular os gastos
suntuários da monarquia.

O ciclo da mineração

Período da história do Brasil Colônia entre o final do século XVII e o final do


século XVIII, em que a extração de ouro e diamantes teve decisiva importância
econômica. Cerca de 213 das lavras se concentravam em Minas Gerais, com o
restante distribuído entre Goiás, Mato Grosso e Bahia.

A exploração do ouro determinou um rápido crescimento da população


brasileira e uma interiorização. A importação de escravos africanos triplicou com
relação aos séculos anteriores. Surgiram cidades ricas em Minas Gerais e se
estreitaram os laços entre várias regiões da colônia. O ouro brasileiro favoreceu o
38

esplendor da corte de D. João V e as iniciativas econômicas do Marquês de Pombal,


mais fluiu, em uma maior parte, para a Inglaterra, estimulando a Revolução
Industrial. Com o esgotamento das jazidas, aguçou-se a contradição entre a
metrópole e a colônia, dando origem à Inconfidência Mineira.

No século XVII, o ouro foi encontrado na Capitania de São Vicente, mais


tarde chamada de São Paulo. Foi quando o Bispo Sardinha, em meados do século
XVI, escreveu a D. João III, então rei de Portugal, comunicando lhe o feliz
acontecimento, na serra do Jaraguá e em outros sítios vizinhos. Entretanto, o acirro
da futura Capitania de São Paulo era pouco, e quase não teve repercussão, além de
São Paulo, Bahia e Pará (resultados modestos).

As bandeiras descobriram regiões ricas de aluvião auríferas em Minas


Gerais (Taubaté), em 1693, segundo o testemunho do jesuíta Antonil (1650-1716),
dando início ao ciclo da mineração. Ao ouro juntaram-se os diamantes, além do ouro
encontrados em Serro do Frio, em 1729.

Condicionamentos Externos:

Moeda universalmente aceita, de procura ilimitada. Os diamantes seria uma


mercadoria a ser vendida.

Condicionamentos Internos:

Dependia de mobilizar fatores de produção.

Recursos naturais:

Encontrados à flor da terra (ouro e diamantes), elasticidade territorial (o ciclo


acaba com o esgotamento do aluvião).

Tecnologia:

Rudimentar, apesar das tentativas de Portugal.


39

Capital:

Reduzido, pois era uma atividade primária (extensiva).

Mão-de-obra:

Em grande parte escravagista, escravos sob supervisão de feitores,


mineradores individuais.

Tributação:

Basicamente era o quinto (20% sobre a produção), entre outros tipos de


fisco, em 1750, quando o quinto não atingia o mínimo de 100 arrobas, era feita a
derrama (arrecadação compulsória) com isto a produção começou a diminuir.

Inflação:

Um dos resultados mais imediatos e visíveis do afluxo de ouro na região


mineira foi a alta brutal dos preços, sendo o seu auge em 1703.

Impacto sobre a economia:

O dinamismo do ciclo manifesta-se na capacidade de criar renda, na


concentração de fatores de produção.

Nos reflexos das demais atividades econômicas:

 Rentabilidade da atividade mineradora – é difícil de avaliar, porque não se


tinha conhecimento dos custos de produção, devido à inflação e a altas
taxas;

 O fluxo da renda da mineração – uma parte era transferida para a metrópole,


outra parte investida na mineração e no consumo.

O ciclo da mineração perde a sua força na segunda metade do século XVIII


com o esgotamento das jazidas aluvionais e a incapacidade ou inconveniência de
aplicar técnicas de exploração em profundidade.
40

Até 1808, o período é inexpressivo, embora o açúcar e o algodão se


aproveitem da conjuntura favorável durante algum tempo, a pauta de exportação se
torna mais diversificada e a economia de subsistência cresce em termos absolutos.

Os fatores negativos do modelo mercantilista-colonialista chegaram às


últimas consequências, levando a economia brasileira nas vésperas da sua
independência, ao ponto mais baixo de sua evolução.

A metrópole ao verificar a queda cíclica tendeu reforçar as suas receitas,


criou medidas dentro do espírito mercantilista:

 Criou novas companhias de comércio, a partir de 1755;

 Reprimiu o contrabando, mandando apresar os navios estrangeiros


entrados sem justificativas no Porto do Rio de Janeiro;

 Proibiu as indústrias têxteis no Brasil, com expressão aos “panos


grossos” para os escravos;

 Proibiu a exportação de escravos para Portugal, em 1761;

 Criou mesas inspetoras, com a finalidade de garantir os preços de


venda em 1751.

Lavras e faisqueiras:

A exploração aurífera no Brasil se estruturou em duas modalidades de


extração: as lavras e as faisqueiras.

As lavras eram grandes unidades de extração formadas por importantes


jazidas. Esses estabelecimentos auríferos exigiam, para sua exploração, um grande
número de escravos e um volume de capital razoável.

As faisqueiras eram unidades menores onde a extração do ouro era feita


por garimpeiros que trabalhavam sozinhos ou com um pequeno número de
escravos. Seus componentes usavam técnicas e equipamentos inferiores aos,
geralmente, utilizados nas lavras.

Na Segunda metade do século XVIII, o predomínio de faisqueiras sobre o


número de lavras é explicado pelo declínio das grandes minas e a predominância do
ouro de aluvião, encontrado nas areias e nos cascalhos dos rios e dos riachos.
41

Havia faisqueiras tão pequenas que eram exploradas por um único


faiscador. E havia casos em que o dono de uma faisqueira enviava um ou alguns
negros de sua propriedade para extrair ouro, em troca de uma porcentagem do
metal encontrado. Isto, teoricamente, possibilitava a alguns negros a compra da
liberdade.

Transformações Sociais e Culturais:


O ciclo da mineração também desenvolveu a vida urbana, pois surgiram
cidades, onde se estabeleceram artesãos, comerciantes, pequenos proprietários,
intelectuais, padres e funcionários públicos, caracterizando uma camada social
intermediária. A riqueza, assim, não ficou concentrada num único grupo social, como
acontecera durante a economia canavieira, quando a sociedade era composta
basicamente por senhores e escravos. Na economia mineradora, além dos grandes
mineradores e escravos, ganhou importância uma nova classe – a classe média,
composta por uma população livre e produtiva, que contribuiu pra o aumento de
riquezas.

Um fato desse período merece destaque: alguns negros foram


recompensados por seus senhores com a liberdade, devido ao êxito na exploração
mineradora; foram chamados de negros alforriados ou forros. Contudo, a maioria
dos negros continuou a trabalhar como escravos nas minas, levando muitos à fuga,
à luta, com a formação de novos quilombos.

A riqueza das minas incentivou também as atividades culturais: filhos de


colonos ricos iam estudar na Europa, voltando para o Brasil cheios de ideais
progressistas. Foi assim que ganharam destaque poetas como Tomás Antônio
Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Inácio de Alvarenga Peixoto, entre outros.

Foi também intenso o desenvolvimento da arquitetura e das artes plásticas


como a escultura, em que se distinguiu Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, com
suas obras em pedra-sabão ou em madeira, espalhadas em várias cidades de Minas
Gerais.

Exploração e Administração Mineradora:


Com a descoberta de ouro pelos bandeirantes, Portugal criou a Intendência
das Minas, em 1702, para controlar a exploração da mineração.
42

Cabia à Intendência distribuir os lotes a serem explorados (chamados datas)


e cobrar dos mineradores de tamanho, pois eram distribuídas de acordo com o
número de escravos que os mineradores possuíssem. Todos os mineradores
deveriam entregar à Intendência 20% do ouro encontrado. Esse imposto ficou
conhecido como quinto, como já dito anteriormente.

Tentando de todas as maneiras livrarem-se ao pagamento do quinto,


disseminou-se o contrabando. Para evitá-lo, proibiu-se a livre circulação de ouro em
pó e em pepitas na Colônia, criando-se, em 1720, as Casas de Fundição. Todo o
ouro encontrado nas lavras – grandes minas, nos garimpos, onde era feita a
faiscação, ou nas aldeias dos rios, tinha de ser entregue às Casas de Fundição.
Nelas, o ouro era derretido, transformado em barras, das quais era retirado o quinto
pertencente à Portugal.

Em 1750, aperfeiçoando a rigidez fiscalizadora, o governo português


substituiu o quinto por um total mínimo previamente estipulado a ser arrecadado:
cem arrobas, ou seja, 1.500 quilos anuais de ouro. Para garantir a arrecadação,
caso esse total não fosse alcançado, era declarada a derrama: a cobrança pelos
soldados portugueses, chamados de dragões. Eles invadiam casas, tomando o que
tivesse valor, a fim de completar as cem arrobas devidas à metrópole. Essa atitude
de Portugal deixou um rastro de insatisfações na Colônia.

A descoberta de diamantes em 1729, no Arraial do Tijuco (hoje Diamantina),


levou Portugal à extração de diamantes. Inicialmente cobrava dos mineradores
apenas o quinto. Entretanto, frente à dificuldade em se quintar o diamante (não
podia ser derretido e fundido em barras como o ouro), Portugal expulsou os
mineradores da região e arrendou a exploração a empresários, chamados
contratadores. Em 1771, o próprio governo português assumiu a exploração de
diamantes como monopólio da Coroa. À medida que diminuía a produção aurífera,
Portugal aumentava a pressão na Colônia para obter as cem arrobas anuais. O
clima de descontentamento criado com a derrama resultou na mais importante
revolta colonial brasileira: a Inconfidência Mineira.

O ciclo de mineração, além de resultar em importantes transformações da


Colônia, propiciando o surgimento de um mercado interno e de uma camada social
média e integrando economicamente diversas regiões, também acelerou o
desenvolvimento do capitalismo europeu. Toneladas de ouro brasileiro foram
43

levadas para a Europa, através de Portugal, na forma de impostos ou de pagamento


pelos diversos produtos importados, especialmente os manufaturados.

O Nativismo
O século XVIII, além da mineração, também foi marcado pelos diversos
sintomas de descontentamento em relação à política metropolitana, os “movimentos
nativistas”. Não se deve, no entanto, levar este termo ao pé da letra, visto que os
primeiros movimentos visavam corrigir injustiças, exatamente apelando ao poder
absoluto do rei.

A cultura brasileira não foi aquela erudita, das tradições e convicções


ocidentais, era a “cultura espúria”, produzia coisas de valor. As elites prestaram-se
historicamente às exigências coloniais. Porém um país sem matizes nacionais
válidas, que apresentara uma condição submissa na sua política e economia,
também não condicionaria a produção de cultura. A colônia dependia de outras
estruturas econômicas, a elite funcionava como um elo de ligação entre o
colonizador e o colonizado, sua cultura formou-se basicamente a partir dos
princípios religiosos ocidentais.

No século XVI foram as construções de taipa de pilão, no século XVII, o


Barroco com suas voltagens religiosas, manifestou-se através de duas escolas, a
Benedita e a Franciscana. A “missão holandesa” deixou expressivas desenvolturas
culturais: como a pintura e a admiração às belezas e paisagens litorâneas.

O barroco brasileiro

Era um trabalho artístico, executado por gente da terra, mestiços, com


matéria-prima local. A arte sacra era o mercado de trabalho e era sinônimo de
pompa e riqueza. O barroco era o estilo das formas dramáticas, grandiosas e
opulentas, voltadas à decoração. Exprimiu as incertezas de uma época que oscilava
entre velhos e novos valores. Era o marketing da contrarreforma, com toda grandeza
artística extasiando e arrebatando fiéis à Igreja Católica.

Seus artistas eram vistos como meros oficiais mecânicos especializados,


pois no século XVIII, especialmente em Minas Gerais, eram muitos. Eram tarefas
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mais livres, frutificando o aumento de artistas como: arquitetos, escultores, pintores e


entalhadores.

Para a metrópole, não interessava uma valorização da arte, pois estas


poderiam minar as bases da dominação colonial.
45

UNIDADE 7 - CONFLITOS E REVOLTAS INTERNAS

Ao longo do século XVII, os colonos brasileiros entraram diversas vezes em


choque com os portugueses que representavam o poder metropolitano no Brasil. De
um lado, a elite colonial procurava proteger seu patrimônio das mãos do fisco
português. De outro, os padres da Companhia de Jesus, os comerciantes do Reino
e os governadores das capitanias lutavam para manter privilégios.

As primeiras dificuldades surgiram em torno da questão da escravização


indígena. Para os latifundiários do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Maranhão, o
emprego do índio como escravo era fundamental no trabalho da lavoura. Mas a
Coroa proibiu essa prática, atendendo aos interesses dos jesuítas, que empregavam
a mão-de-obra indígena nas missões, e à burguesia portuguesa, que vendiam
escravos negros na Colônia.

As rebeliões nativas
A crise do capitalismo comercial e as contradições no interior da Colônia
geraram a crise do colonialismo a partir da segunda metade do século XVIII. Com a
Revolução Industrial, tornou-se ultrapassado o mercantilismo. Portugal, não se
adequando aos novos tempos, procurou separar a crise ampliando a exploração ao
Brasil. Tal atitude estimularia as rebeliões nativistas e as rebeliões de liberação
nacional.

Do século XV ao XVII, o capitalismo comercial serviu para acumular capitais


e ampliar os mercados consumidores, através da política econômica mercantilista
baseada no metalismo, numa balança comercial favorável e na intervenção do
Estado na economia com o propósito de organizá-la. O colonialismo surgiu como a
maneira mais fácil de as potências europeias garantirem uma balança comercial
favorável. O pacto colonial formalizou-as entre colônias e metrópoles em benefício
das últimas.

Na segunda metade do século XVIII, no entanto, o capitalismo comercial já


havia cumprido sua função: abundantes riquezas concentravam-se nos centros
europeus, ao mesmo tempo que se processava a integração econômica dos países
mundiais. Os sinais da superação do capitalismo comercial afloravam.
46

A Inglaterra foi, durante 70 anos, o único país industrializado do mundo. Não


é de se estranhar, portanto, que ela se posicionasse contra qualquer barreira ao livre
comércio; e o pacto colonial era, sem dúvida, a maior dessas barreiras. Assim, a
Inglaterra, de fervorosa adepta do colonialismo, passou a intransigente incentivadora
da independência das colônias, uma vez que, independentes, as ex-colônias fariam
parte do mercado consumidor para os manufaturados ingleses, além de fornecerem
matéria-prima a baixo do preço.

A crise do capitalismo comercial português e os interesses ingleses não são


suficientes para explicar o desmoronamento do sistema colonial. As contradições
internas da colonização foram os fatores determinantes. Não se pode negar que a
colonização, mesmo tendo caráter francamente explorador, promoveu o crescimento
do Brasil-Colônia, durante os dois séculos em que predominou. As elites dominantes
locais, apesar de divergências momentâneas, beneficiavam-se com a própria
dominação que sofriam.

As primeiras rebeliões não se manifestaram com a ideia de conseguir a


independência do Brasil. Essas manifestações, chamadas rebeliões nativistas, a
princípio apenas contestavam os aspectos específicos do pacto colonial, não a
dominação integral da Metrópole. Além disso, tinham um caráter regionalista, não se
preocupando com a unidade nacional. Ocorreram entre 1641 e 1720 e foram, na
prática, esforços de defesa contra certos aspectos da exploração colonial, a partir
disso, à ideia de autonomia completa em relação à Portugal, foi um longo processo.

Somente um século depois, quando a exploração da Colônia se agravou, e a


situação internacional se tornou propícia, é que as rebeliões adquiriram caráter de
libertação nacional. Os objetivos deixaram de ser restritos, exigindo-se a extinção do
pacto colonial e a autonomia política.

No início do século XVII, as condições econômicas da região de São Vicente


eram precárias, sustentando-se basicamente no apresamento de índios. Os Jesuítas
reagiram contra a escravidão indígena efetuada pelos bandeirantes, exigindo que a
Metrópole a proibisse. Autoridades da Colônia não aceitaram a interdição
metropolitana e incentivaram a expulsão dos jesuítas. Em 1641, ocorria a “botada
dos padres fora”.
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A revolta de Beckman (1684)

Para resolver o problema de mão-de-obra, a Coroa criou a Companhia Geral


de Comércio do Maranhão, que monopolizaria o comércio da região, tendo, entre
outras obrigações, de fornecer 500 escravos negros por ano, durante 20 anos. O rei
pretendia, através dessa companhia, solucionar o problema da mão-de-obra e,
ainda, agradar os jesuítas, proibindo a escravização de nativos.

A companhia do Maranhão deveria, também, fornecer aos habitantes


gêneros alimentícios, importados na região, para exportação. Em outras palavras, a
finalidade da Companhia era controlar todo o comércio do estado do Maranhão.

A Guerra dos Emboabas (1707-1709)

A descoberta das minas provocou um intenso fluxo migratório interno e


externo para Minas Gerais. Todos os recém-chegados eram chamados emboabas
pelos paulistas que habitavam a região e que ali haviam descoberto ouro.

A maioria dos emboabas dedicou-se ao comércio, incentivados pelos altos


preços alcançados pelos manufaturados no mercado mineiro. Os mineradores
endividaram-se com os emboabas, sendo obrigados a hipotecar suas propriedades.
Dessa maneira, alguns comerciantes reinóis tornaram-se donos de datas e fazendas
de gado, fato inadmissível para os paulistas. Assim, entre 1707 e 1709, paulistas e
renóis entram em luta violenta. Os paulistas sofreram sérias derrotas, sendo
massacrados num combate no local que se chamou Capão da Traição.

A guerra dos Mascates (1710)

Outras lutas ocorreram entre os proprietários de terras na Colônia e os


comerciantes reinóis, chamados em Pernambuco de mascates.

Quando os holandeses foram expulsos, em 1654, os produtores


pernambucanos perderam o mercado de açúcar para os antilhanos. A elite comercial
de Recife, formada por portugueses, passou a financiar a produção açucareira,
centralizada em Olinda, utilizando elevadas taxas e executando hipotecas.

Apesar da superioridade econômica, os comerciantes portugueses de Recife


não tinham autoridade política, pois a Câmara Municipal (sede do poder político
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local) estava localizada em Olinda. Em 1710, os recifenses conseguiram a Carta


Régia de Emancipação Política e administrativa de Recife, construindo-se na cidade
o pelourinho, que simbolizava a autonomia administrativa do lugar. Os olindenses
não aceitaram a perda do controle administrativo de Recife e, sob a chefia de
Bernardo Vieira de Melo, invadiram a cidade, colocando abaixo o pelourinho. Os
mascates se organizaram e partiram para a reação.

A revolta de Vila Rica ou de Filipe dos Santos (1720)

Mesmo a rígida administração portuguesa na zona mineradora não


conseguia evitar o contrabando de ouro e diamantes. Alguns escravos eram
treinados desde meninos para engolir pepitas e passar pelos fiscais. Os suspeitos
eram obrigados a tomar fortíssimos purgantes para expelir a pedra. Usavam-se de
todas as artimanhas para ludibriar os fiscais da Coroa: escondiam-se as pedras
entre os dedos dos pés, nas unhas e narinas, negras escravas escondiam ouro em
pó nos cabelos, levando-os mais tarde em uma bacia a fim de reconhecê-lo.

A lei das casas de fundição desencadeou uma forte onda de protestos. Um


grupo de rebeldes liderados pelo minerador Felipe dos Santos saiu às ruas
promovendo manifestações contra a decisão metropolitana.

Usando artifícios para ganhar tempo, o governador da capitania, conde de


Assumar, pôde estudar a situação, para, em seguida, desfechar violenta repressão
contra os rebeldes. Os líderes foram presos, e suas casas queimadas. Felipe dos
Santos foi prontamente enforcado e esquartejado, sem processo ou julgamento,
para o amadurecimento da consciência colonial. Por outro lado, inaugurou um
período de sangrentas repressões desferidas pela Metrópole.

Conflitos em torno da escravização dos índios

No ano de 1640, foi divulgado no Brasil um documento escrito pelo papa que
condenava a escravização dos índios americanos. Essa medida tinha por objetivo
proteger a mão-de-obra indígena que era empregada pelos jesuítas nas missões,
verdadeiros impérios da Igreja na América.

Esse documento do papa beneficiou também os traficantes de escravos


africanos que vendiam sua mercadoria nos portos da Bahia e Pernambuco. No
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entanto, os latifundiários das capitanias mais pobres, Rio de Janeiro, São Paulo e
Maranhão, não tinham recursos para comprar escravos negros. Por isso, o trabalho
indígena era indispensável nos engenhos de açúcar do Rio de Janeiro, que contava,
na época, com aproximadamente dois mil habitantes. Também os índios eram
necessários na Baixada Santista, onde, no início do século XVII, havia cerca de
catorze engenhos.

O envolvimento de Portugal, ao lado da Inglaterra, nas guerras que esse


país promoveu contra outras nações europeias, comprometeu também o Brasil. Foi
o caso da guerra de Sucessão da Espanha (1701- 1713), em que os Ingleses
lutaram contra a união dos reinos da França e Espanha.

Em represália ao apoio dado por Portugal à Inglaterra, os franceses atacam


duas vezes o Rio de Janeiro, principal porto por onde escoava o ouro de Minas
Gerais.

Nessa época, crescia o número de portugueses que deixavam Portugal e


vinham para o Brasil movidos pela possibilidade de se enriquecer com a mineração.
Os recém-chegados tinham de disputar com os mineradores brasileiros, já
estabelecidos, uma mina ou terreno onde pudessem explorar o ouro. Além disso, os
imigrantes, apesar de portugueses, não estavam isentos do pagamento dos pesados
tributos exigidos pela Coroa.

Essas dificuldades tornavam a situação nas minas cada dia mais tensa e
foram o motivo para a eclosão de algumas revoltas, como a guerra dos Emboabas e
a revolta de Filipe dos Santos.
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UNIDADE 8 - A CORTE, A ABERTURA DOS PORTOS,


ELEVAÇÃO A REINO E FIM DA COLÔNIA

A decadência do colonialismo foi acompanhada de um crescente


enrijecimento administrativo e político. Portugal desenvolveu ao máximo a ideia de
que a colônia só servia para enriquecer a metrópole. O Brasil só podia vender para
Portugal, e comprar de Portugal a preços fixados por este, além disso, não podia
produzir nada que Portugal pudesse produzir e/ou vender para o Brasil, como
aguardente, sal, manufaturas. Em 1785, a Rainha D. Maria I, assinou o famoso
alvará que leva o seu nome, proibindo as manufaturas no Brasil, afim de não
desperdiçar os esforços que deveriam se concentrar na agricultura.

O fisco tornou-se opressivo ao extremo, foi criada uma contribuição


“voluntária” para reconstrução de Lisboa, após o terremoto de 1755, que continuou
sendo cobrada até muito depois da cidade ficar pronta de novo.

Não era mais Portugal quem abastecia o Brasil, e sim a Inglaterra via
Portugal, o qual se constituiu num intermediário encarecedor. Terminar com o
monopólio, tornou-se no século XVIII, um ideal do capitalismo liberal que veio ao
encontro dos interesses de duas classes sociais bastante distanciadas entre no
espaço, o latifundiário do Brasil, e o burguês da Inglaterra.

O colonialismo mercantilista e monopolista entrou em crise quando as


sociedades coloniais amadureceram, combateram impostos extorsivos e desejaram
liberdade para comprar e vender, e o capitalismo em expansão no Velho Mundo
reclamou a expansão dos mercados, opondo-se aos mercados fechados vigentes
em defesa de seus negócios.

O ciclo de rebeliões reiniciou 69 anos após o levante de Filipe dos Santos,


com a Inconfidência Mineira de 1789. Foi mal planejada, e nem teve chances de ser
posta em prática. Entretanto, trouxe ideias relativamente avançadas (República,
capital no interior, industrialização, universidade, entre outras).

Estes últimos movimentos de rebelião tiveram significado mais profundo que


os primeiros. Embora estritamente regionais, não há dúvidas no que tange às
intenções libertárias e republicanas então desenvolvidas. Isso se deveu à influência
da independência dos EUA, e da filosofia iluminista da França, cuja vertente mais
51

elitista e burguesa foi absorvida pelos inconfidentes mineiros, e a mais democrática


e popular foi seguida pelos inconfidentes baianos (LOPES, 1991).

Estas revoltas integravam várias classes sociais diferentes, cada qual com
objetivos comuns em relação às outras, e específicos para si próprias. Ao começar o
século XIX, a independência para o Brasil parecia, apesar das manifestações já
havidas, algo distante, mas, só parecia. As várias classes sociais estavam
descontentes, o monopólio comercial já não era aceito nem pela classe dominante
colonial nem pelo capitalismo internacional em expansão.

Pombal não visava romper com a Inglaterra, pois precisava do seu apoio nas
disputas com a Espanha pela posse das fronteiras do sul, entretanto procuravam dar
uma margem de autonomia à Portugal. Segundo alguns historiadores, as medidas
econômicas tomadas por Pombal objetivaram fortalecer a burguesia portuguesa, e
também a colônia, cujas defesas contra invasores políticos e econômicos eram
débeis. Sacrificava-se o arcaico monopólio em nome de uma política de
empreendimentos capaz de trazer o progresso a uma nação estagnada.

Portugal tinha carência de quadros administrativos e burocráticos que


atuassem no Brasil, Pombal não hesitou em se valer de elementos da elite colonial
nas tarefas do poder. A plutocracia local começou a se habituar ao exercício do
mando (quando não havia conflito de interesses com a metrópole). Pombal tratava o
Brasil com cautela, evitando conflitos com os magnatas locais.

Por iniciativa de Pombal, a Real Fazenda afrouxou a vigilância sobre as


Juntas da Fazenda colonial e a derrama, imposto que era cobrado para perfazer o
mínimo de 100 arrobas estabelecido pelo quinto, foi suspensa, este “afrouxamento”,
possibilitou fortunas individuais e negócios escusos.

O declínio da extração do ouro favoreceu o progresso industrial da colônia,


reduzindo a possibilidade de financiar a importação de artigos ingleses, 80% dos
estabelecimentos industriais criados na era pombalina, o foram depois de 1770.

As colônias inglesas da América do Norte fizeram sua independência e, a


ideia de emancipação política foi adotada pela elite mineira como um meio de
manter privilégios e autoridade adquiridos, e impedir que seus negócios fossem
investigados. Aquilo que Portugal criara no Brasil, um grupo político para o
representar, se voltava agora contra seu criador.
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Segundo alguns autores, não foi o idealismo que moveu os inconfidentes,


mas sim, o temor de que a Coroa investigasse negócios duvidosos. Silvério dos Reis
traiu a inconfidência visando conseguir a mesma coisa que o movera a entrar nela:
livrar-se das dívidas que tinha para com a Fazenda Real.

A denúncia da conspiração levou à suspensão da derrama, cuja cobrança


seria a bandeira de luta dos inconfidentes, e permitiria a eles ocultar seus interesses
de classe sob a capa de uma causa do interesse da maioria.

O movimento, mais imaginado nos resultados, do que efetivado na ação,


nada tinha de concreto, exceto o desenho da bandeira, e a ideia de usar o dia da
cobrança da derrama para desencadeá-la. Numa evidência de quão frágeis eram os
elos que ligavam os inconfidentes, Cláudio Manoel da Costa acabou denunciando
Tomás Antônio Gonzaga.

O ouro terminara, a cana sofria a concorrência do Caribe, o algodão do


Maranhão sofria a concorrência do sul dos EUA, afora o ouro das Gerais, a cana do
NE, e o algodão do MA, o Brasil tinha pouca coisa a oferecer.

A Bahia importava o escravo da Guiné, único meio de escoar a produção de


fumo, e importava o caríssimo e indomável escravo negro islamizado da Guiné,
capitania, pois era a única moeda usada para adquirir especificamente aquele tipo
de negro africano, sendo por isso, comprado pelos traficantes que o comerciavam.

No mais, extraíam-se as drogas da Amazônia (cravo, canela, castanha-do-


pará, cacau, urucum, salsaparilha, sementes, entre outras), criava-se gado no sertão
nordestino, e no extremo sul, e praticava-se uma débil agricultura de subsistência
junto aos latifúndios monocultores.

No aspecto social, a concentração de poder, riqueza, e o que existia de


cultura, concentrava-se no litoral. Em geral a sociedade era agrária, latifundiária,
patriarcal, católica e escravista. Só a mineração propiciou um certo desenvolvimento
urbano e o surgimento de estratos intermediários. O Brasil rústico disperso, e
primitivo que havia no interior, era ignorado pela sociedade concentrada no litoral.
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A corte portuguesa no Brasil e a abertura dos portos

A transferência da família Real e da Corte portuguesa para o Brasil foi


motivada pelo avanço das tropas de Napoleão em direção a Lisboa, em meio a
Guerra Peninsular.

Chegando ao Brasil, a Corte se instalou no Rio de Janeiro. Em 11 de março


de 1808 iniciou-se a reorganização do Estado, com a nomeação dos ministros.
Assim, foram sendo recriados todos os órgãos do Estado português: os ministérios
do Reino, da Marinha e Ultramar, da Guerra e Estrangeiros e o Real Erário, que, em
1821, mudou o nome para Ministério da Fazenda. Também foram recriados os
órgãos da administração e da justiça: Conselho de Estado, Desembargo do Paço,
Mesa da Consciência e Ordens, Conselho Supremo Militar.

Dessa maneira, peça por peça, o Estado português renasceu no Brasil.


Todavia, a complexa rede burocrática implantou-se à revelia da colônia, e a ela se
sobrepôs como um corpo estranho, pois o Estado foi recriado para empregar a
nobreza parasitária que acompanhara o regente, ignorando os interesses do Brasil.

Apesar disso, esse transplante do Estado teve importantes consequências


porque o Brasil não era mais administrado “de fora”. Com a transferência da Corte
ocorreu a interiorização do centro de decisão e a dispersão colonial foi atenuada
com o surgimento de um centro aglutinador representado pelo Estado português.

Lançadas assim as bases da autonomia administrativa da colônia, essa nova


situação foi formalizada com a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a
Portugal e Algarves, por ocasião do Congresso de Viena (1814-1815).

O Congresso de Viena, reunido logo depois da derrota de Napoleão em


Leipzig (1814), marcou o início de uma vasta reação antinapoleônica na Europa.
Através dele, reorganizou-se o mapa político europeu, segundo os interesses do
absolutismo. Dois foram os princípios adotados nessa reorganização: o da
legitimidade e o do equilíbrio europeu. Pelo princípio da legitimidade, retornaram ao
poder os antigos monarcas absolutistas depostos pelos revolucionários franceses;
pelo princípio do equilíbrio europeu, realizou-se no Congresso de Viena a partilha de
territórios europeus e coloniais entre as potências de modo equilibrado.

Ora, segundo o princípio da legitimidade, a situação da dinastia bragantina


era “ilegítima”, pois o Congresso de Viena só reconhecia Portugal como sede do
54

reino. O Brasil era considerado colônia. O reconhecimento da legitimidade dinástica


dependia, assim, do retorno de D. João a Portugal. Esse impasse, todavia, foi
solucionado com a elevação do Brasil a reino, legitimando a permanência da Corte
no Brasil, através da lei de 16 de dezembro de 1815, assinada por D. João.

Com a decisão de permanecer no Brasil, D. João neutralizou qualquer


tentativa de emancipação política, mas, em compensação, provocou enorme
insatisfação em Portugal.

O Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas foi uma carta régia
promulgada pelo príncipe regente Dom João de Portugal no dia 28 de Janeiro de
1808, em Salvador, na Capitania da Baía de Todos os Santos, no contexto da
Guerra Peninsular. Foi a primeira Carta Régia promulgada pelo Príncipe Regente no
Brasil, o que se deu apenas quatro dias após sua chegada, com a Família Real, em
24 de Janeiro de 1808.

Por esse diploma era autorizada a abertura dos portos do Brasil ao comércio
com as nações amigas de Portugal, do que se beneficiou largamente o comércio
britânico. Foi a primeira experiência liberal do mundo após a Revolução Industrial. A
carta marcou o fim do Pacto Colonial, o qual na prática obrigava a que todos os
produtos das colônias passassem antes pelas alfândegas em Portugal, ou seja, os
demais países não podiam vender produtos para o Brasil, nem importar matérias-
primas diretamente das colônias alheias, sendo forçados a fazer negócios com as
respectivas metrópoles. Para poder ter sua independência, o Brasil precisou de
dinheiro, este emprestado pelo Reino Unido, sob a condição de que fossem abertos
os portos para as nações amigas, pondo fim no pacto colonial, sendo possível o
comércio direto com os produtos brasileiros.

A transferência da Corte portuguesa para o Brasil conferiu à nossa


independência política uma característica singular. Enquanto a América espanhola
obteve a independência por meio de lutas mais ou menos sangrentas, a presença da
Corte no Brasil favoreceu a ruptura colonial sem grandes convulsões sociais e,
também, preservando a unidade territorial.

De fato, dada a característica de sua formação colonial, até o século XIX, o


Brasil estava dividido em unidades dispersas, sem vínculos entre si, cada qual
obedecendo diretamente a Lisboa. A unidade territorial e política existia, quase que
55

exclusivamente, do ponto de vista da administração metropolitana. A conversão do


Brasil em sede da monarquia portuguesa teve o mérito de transferir para a colônia o
conceito de unidade de que carecia. Por essa razão, o processo de emancipação
colonial do Brasil deu-se como luta pela apropriação do Estado já constituído.

Com a instalação da Corte no Rio de Janeiro, os senhores rurais brasileiros


passaram a ter, teoricamente, oportunidade para influir diretamente nas decisões do
governo. Porém, os ricos comerciantes, na maioria reinóis (portugueses), aliaram-se
à nobreza burocrática que acompanhara o regente na fuga, constituindo o grupo
dominante. O verdadeiro núcleo de poder era formado pela nobreza burocrática.
Formada segundo o espírito tradicional do Antigo Regime, essa nobreza
monopolizava os postos-chaves. Ao lado disso, D. João era um monarca de tipo
absolutista, o que restringia de maneira bastante significativa a participação dos
senhores rurais brasileiros na vida política.

Em seu governo, D. João multiplicou as repartições públicas sem atentar


para as necessidades sociais. Os gastos aumentaram e as rendas tributárias
tradicionais já não eram suficientes para as despesas. A manutenção do Estado e
da luxuosa vida cortesã exigia o aumento dos tributos existentes e a criação de
outros, pois os impostos alfandegários, a principal fonte de recursos, haviam
diminuído.

De fato, os direitos de entrada de 48%, na época da vigência do regime


colonial, caíram para 24% com a abertura dos portos; a partir de 1810, passaram a
15% para a Inglaterra, de onde, aliás, mais se importava.

Já em 12 de outubro de 1808 foi criado o Banco do Brasil para servir de


instrumento financeiro do Tesouro Real, embora a sua finalidade declarada fosse a
de atuar como instituição creditícia dos setores produtivos – comércio, indústria e
agricultura.

O governo pôde, então, emitir papel-moeda para suprir suas necessidades,


custeando as despesas da casa real, tribunais, exército, pensões e soldos, aos
quais o Erário Régio destinava cerca de dois terços de suas receitas. Com isso, o
Banco do Brasil teve a sua finalidade completamente adulterada.

Em consequência, a fragilidade do banco recém-criado tornou-se evidente.


Para dar-lhe um mínimo de solidez, foram criados dois impostos: um deles recaía
56

sobre os negociantes, livreiros, boticários e comerciantes de ouro, prata, estanho,


cobre; o outro era uma taxa cobrada sobre as carruagens de quatro rodas, oficinas,
navios, entre outros. Em suma, o Banco do Brasil foi criado para cobrir déficits
financeiros do Estado e o próprio banco era sustentado por novos impostos.

Nada disso eliminou o déficit. E como os impostos, apesar de elevados, não


cobriam os gastos, os funcionários viviam com os salários atrasados, às vezes até
um ano. Isso estimulou a prática da corrupção generalizada entre os funcionários
públicos, que cobravam dos interessados uma certa quantia para tocar os
despachos, processos e concessões. Mas não eram apenas os pequenos. Os altos
funcionários, não raro, estavam associados a contrabandistas, favorecendo
operações ilícitas (GOMES, 2007, KOSHIBA, PEREIRA, 1996; FAUSTO, 2004). A
abertura dos Portos no Brasil, assim como o Tratado de 1810, com a Grã Bretanha
são um marco na história do liberalismo econômico.

Esse foi o primeiro passo para que o Brasil deixasse de ser Colônia de
Portugal, o que foi oficializado em 1815, quando o Brasil foi elevado à categoria de
Reino Unido a Portugal e Algarves (PACIEVITCH, 2009).
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