Resumo Winnicott

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DONALD WOOD WINNICOTT MÃE INSUFICIENTEMENTE BOA desenvolver um senso seguro de si

- médico/pediatra/psicanalista Pode ser uma mãe real ou uma situação. mesma em relação ao outro.
- escola inglesa/Middle Group = relação A mãe real coloca suas necessidades à
objetal frente das necessidades e cuidados do VERDADEIRO E FALSO SELF
bebê. Passa de intromissão para a O verdadeiro self emerge em um
TENDÊNCIA A INTEGRAÇÃO negligência de tal modo que o bebê não contexto de aceitação e apoio, onde a
A mente humana se estrutura e organiza pode confiar nela, nem prever nenhuma criança pode ser autêntica, expressando
gradualmente, partindo de um estado de suas condutas. A mãe é imprevisível seus sentimentos e desejos sem medo de
inicial de difusão e não integração. Em (mãe atormentadora) ou ainda, é rejeição. Esse self verdadeiro é a essência
outras palavras, o ser humano possui uma complexa nos cuidados a ele. genuína da pessoa, que se forma à
predisposição natural ao Mãe Psicótica medida que o indivíduo se sente seguro
desenvolvimento (pulsão de vida), que só A "mãe psicótica" é aquela que está tão para explorar suas emoções e
se realiza se o ambiente em que ele nasce imersa em sua própria desorganização experiências internas. A mãe
oferecer as condições adequadas. Assim, mental e emocional que não consegue se suficientemente boa proporciona essa
para que o indivíduo alcance um conectar de forma adequada com o bebê. segurança, permitindo que a criança
desenvolvimento saudável, o papel do Esse tipo de mãe pode ter dificuldades integre suas experiências boas e ruins,
ambiente (mãe ou cuidadora) é para reconhecer e responder às desenvolvendo uma identidade coesa.
fundamental. No entanto, a influência necessidades do filho, devido a uma (ambiente + mãe suficientemente bons) O
desse meio precisa ser mediada, pois, se desconexão com a realidade ou à falso self opera apenas nas condições
excessiva ou inadequada, pode experiência de seus próprios conteúdos necessárias.
interromper ou dificultar o processo de internos perturbadores. Essa falta de Falso self é uma construção que se adapta
integração do self. sintonização impede a formação de um às expectativas externas e busca agradar
vínculo seguro, deixando a criança os outros, mas que carece de
- INTERSUBJETIVIDADE: o self é vulnerável a sentimentos de insegurança autenticidade. A criança aprende a ocultar
moldado pela troca emocional genuína e ansiedade, pois ela não recebe o suporte seus verdadeiros sentimentos e desejos,
com o outro (mãe ou cuidador), ou seja, necessário para construir uma base sólida levando a uma desconexão de sua própria
um cuidador suficientemente bom, que se de confiança no mundo. identidade. O falso self surge como
adapta às necessidades do bebê no início Mãe que Não Pode se Entregar à forma de defesa, protegendo o verdadeiro
e gradualmente permite mais autonomia, Preocupação Materna self de um ambiente invasivo: as
oferecendo uma base segura para as Essa mãe é caracterizada pela necessidades da criança não são
interações futuras. incapacidade de se dedicar plenamente às atendidas, quando a mãe não é capaz de
necessidades do bebê, muitas vezes oferecer o suporte emocional necessário.
- a mãe é ambiente devido a questões emocionais ou (mãe e ambiente intrusivos)
circunstâncias externas que a impedem TIPOS:
MÃE SUFICIENTEMENTE BOA de se conectar profundamente com a - EXTREMO = falso self implanta-se
A "mãe suficientemente boa," é aquela criança. Ela pode estar sobrecarregada como real e o verdadeiro permanece
que, sem ser perfeita, responde de forma por suas próprias preocupações, estresse oculto
sensível e constante às necessidades do ou problemas pessoais, resultando em - MENOS EXTREMO = falso self
bebê, oferecendo um ambiente seguro, uma falta de resposta empática e defende o verdadeiro, de modo que o self
possibilitando seu desenvolvimento adequada às necessidades do filho. A verdadeiro é percebido como potencial e
saudável. Inicialmente, essa mãe vivencia ausência da preocupação materna é permitido a ele ter uma vida secreta
uma "preocupação materna primária," um primária, que é crucial para a formação - MAIS PARA O LADO DA
estado de intensa dedicação que a de um self saudável, pode levar à NORMALIDADE = o falso self tem
sintoniza profundamente com o bebê, um instabilidade emocional da criança, que como interesse principal a procura de
enlouquecimento normal, segundo não se sente completamente vista ou condições que tornem possível ao self
Winnicotti. Com o tempo, essa acolhida. verdadeiro emergir
preocupação se atenua e a mãe começa a Mãe Atormentadora (Imprevisível) - AINDA MAIS PARA O LADO DA
ser menos responsiva, o que, de maneira A "mãe atormentadora" ou imprevisível é NORMALIDADE = o falso self é
gradual, introduz ao bebê pequenas aquela que alterna entre comportamentos construído sobre identificações
frustrações fundamentais para o seu acolhedores e respostas frustrantes ou - NORMALIDADE = o falso self é
amadurecimento emocional. Essas falhas ameaçadoras, criando um ambiente de responsável pela organização integral da
graduais ajudam a criança a desenvolver incerteza e ansiedade. Essa atitude social polida e amável
resiliência, um senso de individualidade e imprevisibilidade pode causar confusão
a capacidade de lidar com o mundo no bebê, que não consegue prever as Em suma, a relação entre a mãe
externo como algo separado de si mesma, reações da mãe e, consequentemente, não suficientemente boa e um ambiente
promovendo, assim, uma base segura sabe como se comportar para garantir sua favorável é crucial para o
para sua independência. própria segurança. A criança se vê em um desenvolvimento do verdadeiro self,
- a mãe pode ser suficientemente boa e o estado constante de alerta, tentando enquanto uma maternagem inadequada
ambiente não ser!!! decifrar o que a mãe pode fazer a seguir. pode resultar na formação de um falso
- FALHAS: distanciamento gradual e Essa falta de consistência e self. A qualidade do suporte emocional
ausência esporádica da mãe, são previsibilidade pode gerar sentimentos de oferecido pela mãe e o ambiente em que
necessárias para o desenvolvimento da desamparo e dificuldades nas relações a criança se desenvolve têm um impacto
noção de realidade futuras, já que a criança não consegue profundo na formação de sua identidade,
influenciando sua capacidade de se
relacionar com os outros e com ela sente em relação às pessoas ao seu redor. são frequentemente objetos físicos, como
mesma ao longo da vida. Quando a criança começa a entender que um cobertor, um brinquedo ou um
pode fazer as coisas sozinha, ela ainda bichinho de pelúcia, que a criança utiliza
precisa do apoio emocional e físico das para se confortar e para representar a
FUNÇÕES MATERNAS
pessoas, mostrando que a saúde presença da mãe ou da figura de cuidado.
Holding: sustento; a mãe protege o bebê emocional dela está bem conectada às Esses objetos ajudam a criança a lidar
através dos cuidados cotidianos; enfatiza relações que tem. Ou seja, ser com a ansiedade da separação e a se
o modo de segurar ou sustentar a criança. independente e ser dependente andam sentir segura enquanto começa a explorar
A mãe coloca o bebê em contato com o juntos, e é importante ter um ambiente a independência.
ambiente externo, rotina e de maneira que seja acolhedor e que dê suporte para O objeto transicional é fundamental no
simplificada, fundamental para o ajudar nesse crescimento. desenvolvimento emocional da criança
- - Processo Fundamental = realização porque permite que ela experimente e
processo de integração.
- Função Materna = Apresentação de expresse tanto o amor quanto o ódio sem
Handling: manipulação do bebê Objetos destruir essa conexão simbólica, já que o
enquanto ele é cuidado; necessário para o - adaptação à realidade objeto deve resistir aos ataques
bem estar físico do bebê, aos poucos emocionais da criança. Escolhido por ela
experimenta como vivendo dentro de um NEUROSE mesma, esse objeto cria um espaço onde
corpo, personificando seu eu psíquico; o Pessoas integradas, pode ser interpretada a criança pode construir um mundo que
bebê começa a entender de que é alguém como uma resposta compreensível às inclui o outro e que acomoda essa relação
frustrações e às dificuldades do de maneira segura. Através do objeto
 personalização.
desenvolvimento emocional. transicional, o verdadeiro self começa a
Apresentação de objeto: o mundo é DEPRIMIDOS se manifestar e a existir como ele mesmo,
apresentado em pequenas doses; Pessoas recém integradas: Quando operando e agindo sobre o objeto, o que
adaptação à realidade; através do objeto o alguém passa por um processo de fortalece a individualidade e a autonomia
bebê desenvolve a realização, ou seja, integração, começando a unir diferentes emocional da criança.
envolve a percepção de si e do mundo aspectos de sua experiência e identidade, FUNÇÕES:
enfrentando suas emoções e Tranquilizador = a criança passa de um
real.
reconhecendo tanto as partes positivas estado de excitação para um estado
quanto as negativas de si mesmo. Esse tranquilo
FASES DO DESENVOLVIMENTO processo pode ser desafiador, e muitas Confortador = o objeto transicional passa
EMOCIONAL PRIMITIVO vezes envolve confrontar frustrações, a ser um objeto de dependência.
traumas ou perdas que podem ter sido O objeto transicional, para cumprir seu
As fases e os processos fundamentais são ignorados ou reprimidos anteriormente. papel de forma saudável, deve possuir
contínuas e interligadas. As funções Para os indivíduos que se sentem predominantemente uma **função
maternas ocorrem em todas as fases, deprimidos, essa nova integração pode tranquilizadora**. Sua finalidade é ajudar
porém sempre uma está mais em ênfase. trazer à tona sentimentos de tristeza, a criança a passar de um estado de
desespero ou um senso de vazio, pois excitação ou ansiedade para um estado de
DEPENDÊNCIA ABSOLUTA: eles começam a perceber as discrepâncias calma, proporcionando uma base de
- 6 meses a 1 ano entre suas expectativas de vida e a segurança para que ela possa explorar o
- Onipotência do bebê (mãe-bebê realidade que estão enfrentando. mundo e enfrentar pequenas frustrações
narcisismo primário) PSICOSE sem recorrer à dependência excessiva.
- Estágio da ilusão (o mundo é uma Pessoas não integradas; estado mais Quando o objeto transicional assume uma
extensão de si) profundo de adoecimento; a psicose **função confortadora** ele se
- Preocupação materna primária indica um estado em que a integridade do transforma em um **objeto de
- Processo Fundamental = integração self está comprometida, e a pessoa pode dependência**. Em vez de auxiliar a
- Função Materna = Holding se sentir perdida em suas experiências criança a regular suas emoções e a
internas. desenvolver independência emocional, o
DEPENDÊNCIA RELATIVA objeto acaba funcionando como um
- 6 meses a 2 anos OBJETOS TRANSICIONAIS E suporte que a criança não consegue
- Processo Fundamental = FENÔMENOS TRANSICIONAIS deixar de lado, dificultando seu processo
personalização de autonomia.
- Função Materna = Handling - Dependência Relativa = estágio de O objeto transicional precisa contribuir
- estágio da desilusão desilusão espaço potencial (ou para o desenvolvimento de um self
- desenvolvimento dos processos mentais intermediário) seguro, sem promover uma dependência
do “eu sou” - Espaço Potencial: espaço entre o que impeça a criança de se desprender
- transicionalidade: espaço intermediário subjetivo (interno) e objetivamente dele no futuro.
entre a realidade interna e externa; aliviar percebido (externo); espaço em que se É um objeto que comporta a
as tensões geradas pela separação com a insere a cultura, a arte, a criatividade, a possibilidade de ser esquecido e
mãe (uso do objeto) religião, etc. inutilizado de maneira gradativa e não
- Fenômenos: sustentar a experiencia reprimido.
RUMO À INDEPENDÊNCIA difícil e geradora de angústia; referem-se
- 2/3 anos para toda a vida a objetos, experiências ou atividades que
- ego estruturado/self ajudam as crianças a fazer a transição
- a independência para Winnicott é entre o estado de dependência absoluta e
relativa: Para Winnicott, a independência a descoberta de um mundo externo e
é considerada relativa porque ela cresce a próprio. Esses fenômenos são
partir de uma dependência inicial e fundamentais para o desenvolvimento
sempre está ligada às experiências e emocional saudável, pois permitem que a
relacionamentos que a pessoa tem com criança explore sua identidade, suas
seu ambiente, especialmente com os pais emoções e o mundo ao seu redor
ou cuidadores. Não dá para dizer que enquanto ainda mantém um vínculo com
alguém é totalmente independente, a figura materna ou cuidadora.
porque essa autonomia vem com o tempo
e depende muito de como a criança se OBJETO
Contribuições Klein: o brincar como e confiável com o cuidador, pois é essa
uma expressão do universo interno da segurança que a permite tolerar a
criança; ambivalência e enfrentar a dor e a
TEORIA DAS RELAÇÕES ansiedade que acompanham a posição
OBJETAIS= desde o início da vida, o depressiva.
bebê desenvolve um mundo interno
povoado por "objetos" – representações
psíquicas de figuras importantes, como a
mãe ou o cuidador – que podem ser
percebidos como benignos (acolhedores e
protetores) ou persecutórios
(ameaçadores e críticos). Esses "objetos"
internos são formados a partir das
experiências do bebê, especialmente as
experiências orais e sádico-orais, que
ocorrem nas primeiras fases de
desenvolvimento.
Na fase oral, por exemplo, o
bebê experimenta prazer e satisfação ao
ser alimentado, criando uma
representação de um "objeto bom" que
nutre e conforta. No entanto, quando
essas necessidades não são atendidas, ou
quando há frustração, o bebê pode
vivenciar esse objeto como persecutório,
originando o "objeto mau" que frustra e
causa desconforto.
Essas representações dos
objetos internos não são apenas reflexos
da realidade externa, mas também são
moldadas pelas fantasias inconscientes e
pelos impulsos instintivos (como o desejo
de ser alimentado ou acolhido).
Essas dinâmicas entre objetos
bons e maus são fundamentais para o
desenvolvimento emocional e
psicológico, pois influenciam a maneira
como o indivíduo vê e interage com os
outros e consigo mesmo ao longo da
vida.
POSIÇÃO DEPRESSIVA = a criança
passa a experimentar sentimentos de
ambivalência: ela ama e odeia o mesmo
objeto, ou seja, ela se dá conta de que
pode, simultaneamente, querer proteger e
atacar a mesma pessoa (representada pela
mãe). A partir dessa conscientização,
emerge a capacidade de preocupação e
reparação: o indivíduo começa a sentir
responsabilidade pelo seu impacto sobre
o outro e deseja reparar possíveis danos
causados por suas fantasias ou impulsos
agressivos. Para Winnicott, essa
capacidade de se preocupar é
fundamental para o desenvolvimento da
empatia e da moralidade. Ela permite que
o indivíduo, ao amadurecer, tenha uma
preocupação genuína com o bem-estar
dos outros, o que contribui para a
construção de vínculos afetivos
autênticos e para o senso de
responsabilidade nas relações
interpessoais. Esse estágio só é alcançado
quando a criança tem uma relação estável

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