Matemática No Campo PR

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Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7

Cadernos PDE

II
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Título: O Ensino Da Matemática Articulado com a Educação Do Campo: A Relação
Dos Conhecimentos Escolares Com A Realidade Social

Autor Marilene Dahmer Ribeiro Reimundi

Disciplina/Área Matemática

Escola de Escola Estadual do Campo Padre Anchieta Ensino


Implementação Fundamental/ Linha São José.

Município Barracão-Paraná

Núcleo Regional Francisco Beltrão


de Educação

Professor Drº Clésio A. Antonio


Orientador

IES Unioeste Cascavel

Público Alvo 6ºAno Ensino Fundamental

Formato do Unidade Didática


Material

Resumo Nesta proposta articularemos o Ensino da Matemática com a


Educação do campo, através da metodologia Etnomatemática,
pela qual se abordará a matemática significativa na vida do
educando. Destacar-se-ão os sistemas de medidas de
comprimento, massa, volume e área. No município de
Barracão, como em outras localidades rurais, as unidades de
medidas mais utilizadas e conhecidas são as medidas
agrárias não oficiais, tais como a braça, o litro, a quarta e o
alqueire. Objetivamos medir e efetuar cálculos com unidades
de medidas, bem como pesquisar a utilização dos
conhecimentos matemáticos nas agroindústrias. Neste estudo
produzirão materiais didáticos pautados na Etnomatemática e
no uso de instrumentos de medidas tradicionais e modernos
para efetuar exercícios de cálculos.
Palavras-chave Ensino de Matemática; Educação do Campo; Etnomatemática;
Medidas Agrárias; Sistemas de Medidas.
I. INTRODUÇÃO

A proposta Educação do Campo articulada com o ensino da matemática


incentiva a criatividade, desperta o interesse e promove alternativas que motivam o
desenvolvimento integral do educando, possibilitando que o mesmo reflita, analise,
interprete e apresente caminhos para a solução dos diversos problemas do cotidiano,
especificamente os relacionados à realidade, aflorando o senso crítico, utilizando a
aprendizagem como uma ferramenta no dia a dia.
Embora ocorram avanços na legislação educacional, as escolas para a
população rural continuam hoje, encontrando as mais diversas dificuldades para
implantar um ensino de qualidade, necessitando de um currículo bem elaborado, que
atenda às necessidades da realidade do jovem do campo.
De acordo com as várias experiências que vivenciei em minha prática docente, e
sendo eu, proveniente da realidade do campo, filha de pais agricultores, ter residido no
meio rural e estudado numa escola multisseriada, tive uma experiência muito valiosa
por ter trabalhado sete anos na Casa Familiar Rural de Bom Jesus do Sul. O que me
fez pensar na ideia de trabalhar a matemática vinculada a práticas pedagógicas que
contemplem as possibilidades orientadas pelas Diretrizes Curriculares da Educação do
Campo que apontam para que o ensino se estenda em ambientes onde os educandos
estão inseridos e têm necessidades que diferem dos centros urbanos. Que os mesmos,
alcancem espaços mais amplos na comunidade, para que haja de fato aprendizagem
com resultados práticos, surpreendentes. Partindo desse pressuposto, defende-se
metodologias que possibilitem o tratamento do conteúdo de matemática a partir de
temas relacionados à necessidade e ao do interesse dos sujeitos do campo.
Observa-se nas salas de aula que muitos educandos apresentam dificuldades
em assimilar os conteúdos estruturantes: Medidas (medidas agrárias, massa,
capacidade, padrões de medidas regionais); geometria (formas geométricas, áreas e
perímetros). De modo geral, estes ficam fragmentados em alguns pontos. Devem-se
entender, elaborar e praticar os conceitos referentes a estes conteúdos de maneira
mais abrangente, exigindo que o professor repense sua prática, usando mecanismos
criteriosos na busca de novas alternativas metodológicas.
Nesse sentido, a Etnomatemática é abordada, de forma significativa neste
trabalho, como ponto de partida para o ensino da matemática na vida do educando e
importante fonte de investigação da Educação Matemática, por valorizar a história dos
estudantes pelo reconhecimento e respeito das suas raízes, as quais constituem
manifestações de produção e trabalho.
Considera-se relevante utilizar metodologias, ferramenta de extrema
importância, devido à necessidade de lidar com os números e realizar cálculos em
situações diversas, que possibilitem ao educando, o ensino matemático envolvido de
valores culturais, nas várias operações, a compreensão sobre os elementos que
interferem no pensamento lógico exigido no cálculo, estabelecendo conexões com o
cotidiano.
Diante da realidade vivenciada pelos educandos do campo, busca-se interferir na
prática do ensino da matemática para promover a apropriação dos conhecimentos, o
desenvolvimento das habilidades de compreensão, para que os estudantes tornem-se
cidadãos na construção de sua identidade social. E oportuno questionar: Como a
Etnomatemática pode contribuir com o ensino e aprendizagem de unidades de medidas
de forma contextualizada que priorize o aspecto sociocultural dos educandos que vivem
no campo?
Contudo, o desígnio real é proporcionar aos educandos uma aprendizagem
expressiva, utilizando abordagem integradora, a partir da Etnomatemática produzirão
atividades com as diferentes unidades de medidas agrárias existentes em nosso país,
visando novas formas de valorização da realidade dos adolescentes na escola do
campo. Com ações interdisciplinares desenvolve-se atividades que contribuirão com o
ensino de Matemática e seus conceitos acerca das medidas aplicadas no meio rural.
O estudo desta unidade inclui algumas situações reais que facilitam a
interpretação e a aplicação de cálculos propostos pelos conteúdos estruturantes do 6º
ano do Ensino Fundamental. Pretende-se encontrar a relação entre os conteúdos
escolares e as necessidades dos produtores rurais que diariamente utilizam medidas
para calcular, converter os sistemas de medidas nas dosagens de fertilizantes e
defensivos agrícolas, que em suas embalagens vem especificadas na medida oficial,
que é o hectare, bem como em outras situações cotidianas como pesquisas em
agroindústrias.
Esta proposta está planejada para ser desenvolvida em 32 aulas, podendo ser
adaptada para mais ou menos tempo. Para que o aluno se aproprie dos conhecimentos
que levam a aprendizagem é necessário que estes sejam selecionados e indicados de
forma significativa, o que exige a compreensão e a vivência de conceitos, que estejam
relacionados às experiências adquiridas nos anos anteriores de estudo e também das
vivências pessoais do educando. As investigações devem buscar além dos dados
coletados em campo, fundamentação teórica, a relação entre os sistemas de medidas,
para incluir no planejamento escolar esse conteúdo, e propor material com atividades
pedagógicas.

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Ensino da Matemática consiste em revelar a relação entre seus aspectos


práticos e formalistas, permitindo fazer com que o educando descubra novos horizontes
frente aos desafios da vida social, nesse aspecto considera-se a cultura dos povos do
campo, valoriza-se o saber do indivíduo, proporcionando subsídios para fortalecer a
educação escolar como processo de apropriação e elaboração de novos
conhecimentos para que este se torne um cidadão crítico, participativo e interessado
pelos saberes acerca da matemática.
D’Ambrósio (2005, p. 73) afirma que a disciplina denominada matemática é:

Uma Etnomatemática que se originou e se desenvolveu na Europa,


tendo recebido algumas contribuições das civilizações indiana e
islâmica, e que chegou à forma atual nos séculos XVI e XVII, sendo, a
partir de então, levada e imposta a todo o mundo. Hoje, essa
matemática adquire um caráter de universalidade, sobretudo devido ao
predomínio da ciência e da tecnologia moderna, que foram
desenvolvidas a partir do século XVII na Europa, e servem de respaldo
para as teorias econômicas vigentes.
A relevância do ensino da Matemática permite a visão de padrões e conexões
invisíveis, encontra-se presente na ciência que estuda todas as relações e
interdependências quantitativas entre grandezas, comportando um vasto campo de
teorias, modelos e procedimentos de análise, metodologias próprias de pesquisas,
formas de coletar e interpretar dados. Para Cole (1998, p.21), “a Matemática revelou
tendências ocultas (a infecção do HIV), novos tipos de matérias (os quarks), e relações
cruciais entre hábito de fumar e o câncer de pulmão”.
No que se refere à função do Ensino da Matemática, há grande contribuição para
o desenvolvimento de processo de pensamento e aquisição de atitudes, capacitando
aos educandos à formação de uma visão ampla e científica da realidade, à percepção
da beleza, da harmonia, do desenvolvimento, da criatividade e de suas capacidades
individuais de aquisição dos saberes.
As aptidões de apropriação do saber do educando devem ser exploradas, da
forma mais ampla possível, buscando na realidade, as estruturações do pensamento, a
agilidade de raciocínio dedutivo na aplicação de situações da vida cotidiana e
atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção dos conhecimentos em outras
áreas curriculares. Charlot (2005, p. 54) diz que o educando constrói competências
cognitivas, quando se dedica a estudar, mobilizando-se intelectualmente, mas para que
haja mobilização é preciso que o processo de aprendizagem tenha significado para ele,
que produza encanto e responda a um desejo que de certa maneira faça sentido a sua
vida.
O Ensino da Matemática se fundamenta na ação, a compreensão se fará, até o
ponto em que as operações formais, as estruturas matemáticas não se distancie do
pensamento lógico, demonstrativo, aprendizado criativo enriquecido pelos elementos
que relevam a importância da Matemática. Segundo Cole (1998, p.24), “O
conhecimento da matemática não é secundário, é essencial”. A Matemática deve ser
vista como o saber mais fundamental de todo o patrimônio cognitivo da humanidade,
para uma boa formação científica e humana é indispensável seu ensino e significações
no processo de elaboração do conhecimento em todos os contextos.
2.1 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E A TENDÊNCIA ETNOMATEMÁTICA:
POSSIBILIDADES DE ARTICULAÇÃO COM A EDUCAÇÃO DO CAMPO

Atualmente há uma constante inquietação com a qualidade do Ensino de


Matemática nas escolas do campo. Esse assunto é primordial para que se valorize o
estudo da matemática dos diferentes grupos culturais, a fim de delimitar a ação docente
para melhoria das condições de ensino e de apontar possibilidade de pesquisas
relacionadas a questões que envolvam a aprendizagem e o conhecimento matemático
nas tendências metodológicas a partir da Educação Matemática.
Não nos preocupamos com os detalhes, porém podemos dizer que a Educação
Matemática surgiu no século XIX em consequência dos questionamentos sobre o
Ensino de Matemática. Nesta época ocorriam preocupações em como tornar os
conhecimentos matemáticos mais acessíveis aos educandos e buscavam uma
renovação no mesmo. Foi na década de 1950, no Brasil, que as discussões sobre a
Educação Matemática tiveram suas origens, e as produções nesta Área começaram a
se multiplicar com o declínio do Movimento da Matemática Moderna. Sua consolidação
se deu em 1988, ano de fundação da Sociedade Brasileira de Educação Matemática –
SBEM.
Carraher (1993) foi uma das primeiras pesquisadoras brasileiras a defender a
questão cultural no Ensino da Matemática e com suas pesquisas concluiu que na
escola é necessário aproveitar os procedimentos matemáticos não formais
desenvolvidos por educandos no seu cotidiano. Pensar numa prática docente a partir
da Educação Matemática implica pensar na sociedade em que vivemos, construindo-se,
assim, o ato de ensinar numa ação reflexiva e política (PARANÁ, 2008).
Torna-se fundamental considerar a cultura dos povos do campo em sua
dimensão empírica articulada à perspectiva teórica e fortalecer a educação escolar
como processo de apropriação e elaboração de novos conhecimentos. “Compreende-
se que um projeto de educação do campo – pela sua relação indissociável com o
trabalho – assume uma dimensão educativa da formação humana e traz em si as
mediações fundamentais com a vida social no campo” (Antonio, 2013, p. 29), fazendo
emergir conteúdos e debates, sobre medidas agrárias, a diversificação de produtos
relativos à agricultura, uso de recursos naturais, a agroecologia e o uso das sementes
crioulas, entre outros.

Se quisermos elevar seriamente o nível de nossa agricultura, se


quisermos divulgar amplamente os novos métodos aperfeiçoados de
trabalho agrícola e de economia rural, a escola deverá ser colocada na
vanguarda deste trabalho, porque ela é o centro cultural que influência
diretamente a criança desde uma tenra idade e indiretamente toda a
população camponesa (PISTRAK, 2000, p. 68).

Dessa maneira, propicia-se um repensar das aulas, da prática social dos


professores, dos educandos e da comunidade escolar (PARANÁ, 2010, p. 34). Ou seja,
“o importante é que o professor planeje o que será pesquisado, para que os educandos
não fiquem na mera descrição dos acontecimentos dos quais participam todos os dias”
(PARANÁ, 2010, p. 48).
A concepção de disciplinas específicas sobre temas importantes ligados à vida
do campo, assim como o trabalho interdisciplinar, são alternativas interessantes para
fazer emergir o debate e o interesse dos alunos para os eixos temáticos. Apesar de
sugerir algumas possíveis metodologias, as diretrizes enfatizam que: “a organização
dos saberes escolares pode seguir diferentes encaminhamentos metodológicos, desde
que haja clareza de qual é a concepção de educação do campo que se quer
desenvolver” (PARANÁ, 2010, p. 49).
As Diretrizes Curriculares da Educação do Campo apontam que o ensino
realizado de maneira interdisciplinar pode ser um dos caminhos para superar o trabalho
pedagógico fragmentado e permitir ao aluno associar mais facilmente o conhecimento
escolar às aplicações de sua vivência, superando a forma mecânica e divorciada da
realidade com que muitas vezes é trabalhado o ensino da matemática. O que se
pretende construir, está na forma de organização e seleção dos conteúdos a serem
trabalhados:
[...] conteúdos escolares são selecionados a partir do significado que
têm para determinada comunidade escolar. Tal seleção requer
procedimentos de investigação por parte do professor, de forma que
possa determinar quais conteúdos contribuem nos diversos momentos
pedagógicos para a ampliação dos conhecimentos dos educandos.
Estratégias metodológicas dialógicas, nas quais a indagação seja
frequente, exigem do professor muito estudo, preparo das aulas e
possibilitam relacionar os conteúdos científicos aos do mundo da vida
que os educandos trazem para a sala de aula (PARANÁ, 2010, p. 29).

O Ensino da Matemática em escolas do campo precisa estar envolvido de


valores, vínculos culturais e conhecimentos do cotidiano do aluno, que são partes
integrantes dos recursos desenvolvidos e aproveitados na construção do conhecimento.
Evidencia-se a Etnomatemática como uma das tendências metodológicas para o
ensino da matemática modo a propor o tratamento dos conteúdos disciplinares
contextualizados, orientando para uma aprendizagem específica, incentivando práticas
pedagógicas fundamentadas em diversas metodologias, valorizando concepções de
ensino e aprendizagem em diferentes contextos culturais, relacionando os conteúdos
matemáticos ao cotidiano (DCEs, 2008, p. 64).

A Etnomatemática surgiu em meados da década de 1970, quando


Ubiratan D’Ambrósio propôs que os programas educacionais
enfatizassem as matemáticas produzidas pelas diferentes culturas. O
papel da Etnomatemática é conhecer e registrar questões de relevância
social que produzem o conhecimento matemático. Leva em conta que
não existe um único, mas vários e distintos conhecimentos e todos são
importantes (DCEs, 2008, p. 64).

Um grande número de pessoas em vários países já trabalharam com a ideia de


Etnomatemática, contudo sua teorização é uma criação de Ubiratan D’Ambrósio e foi
apresentada pela primeira vez, já com esse nome, no Congresso Internacional de
Matemática da Austrália, em 1984.
Para D‟Ambrosio (2005), Etno significa o ambiente natural, social, cultural e
imaginário. Matema é explicar, aprender, conhecer, lidar com Tica modos, estilos, artes,
técnicas. Ou seja, um modo pelo qual diferentes culturas (etno) desenvolveram ao
longo da história, as técnicas e as ideias (tica) para aprender a trabalhar com medidas,
cálculos, comparações, classificações. Também os modos diferentes de moldar o
ambiente social e natural no qual as diversas culturas estão inseridas, para explicar e
compreender os fenômenos que neles ocorrem (matema).
Desse modo, defende-se que Etnomatemática fornece subsídios para
compreensão das questões que envolvem a Educação do Campo e as que envolvem a
prática de Matemática na sala de aula. Considerando as especificidades da Educação
do Campo e os apontamentos feitos por Charlot (2005, p. 47) de que “[...] o pouco valor
que os jovens conferem ao aprendizado de conteúdos curriculares não seja resultante
do seu ‘desinteresse’, e sim da sua dificuldade de encontrar um ‘sentido’ para aquilo
que os professores ensinam”, práticas docentes pautadas nas tendências
metodológicas em Educação Matemática articulada com a Educação no Campo “[...]
vinculada a um projeto de desenvolvimento peculiar aos sujeitos que a compõem”
(PARANÁ, 2010, p. 27).
Neste sentido é possível compreender a relevância dada ao pensamento
etnomatemático no que se refere à recuperação das histórias presentes e passadas
dos diferentes grupos culturais. Ao se propor a tarefa de examinar as produções
culturais destes grupos, destacando modos de calcular; medir, estimar; inferir e
raciocinar. “Os modos de lidar matematicamente com o mundo”, problematiza o que
tem sido considerado como o “conhecimento acumulado pela humanidade”. (KNIJNIK,
2006, p. 22).
Conforme D’Ambrósio (2005, p. 44) o programa Etnomatemática teve sua origem
na busca de entender o fazer e o saber matemático de culturas marginalizadas. A
dinâmica da evolução de fazeres e saberes que resultam da exposição mútua de
culturas.
A tendência Etnomatemática contribui para a formação de um currículo
escolar voltado ao sujeito, destacando que os conhecimentos
matemáticos que compõem o currículo são conhecimentos muito
particulares, específicos de um determinado grupo (branco, europeu,
masculino e urbano), o qual impõe aos demais suas formas de lidar
matematicamente com o mundo (DUARTE, 2006, p.187).

Compreende-se que a Etnomatemática é o conjunto de conhecimentos


matemáticos, práticos e teóricos, produzidos, assimilados e vigentes em seu contexto
sociocultural, que supõe os processos de contar, ordenar, calcular, medir, organizar o
espaço e tempo que cada cultura possui sua matematicidade, sua forma de contar,
calcular, medir, enfim, de explicar o mundo presente nos currículos (D’AMBROSIO
2005).
III. DESENVOLVIMENTO

3.1 Apresentação e Organização

Tendo em vista a matemática praticada pelos agricultores da região, valoriza-se


estes conhecimentos e relaciona-os com a importância desta área e como ela se faz
presente no cotidiano. O resultado dessas pesquisas será analisado posteriormente
com os educandos. Conforme conhecimento prévio adquirido na vida do campo e como
docente ao trabalhar e fazer pesquisas como estás em anos anteriores temos uma boa
noção de como os agricultores da região procedem os cálculos para medir e calcular as
áreas. A seguir, destaca-se a ordem dessa apresentação:

ETAPA 1

O MEIO RURAL E O SISTEMA DE MEDIDAS

Inicia-se questionando os educandos: Alguém tem ideia do que é o alqueire, o


hectare, o acre, o are, o centiare e o litro de terra? Que área eles representam? Quais
suas equivalências com o metro quadrado? Quantas vezes eles vão caber aqui nessa
sala? Ou quantas vezes a sala cabe neles? Quantas sacas de milho podem ser
colhidas em 1 alqueire, em 1 hectare, em 1 acre, em 1 are, em 1 centiare e em 1 litro de
lavoura? Questões como essas levarão os alunos a perceberem o tamanho das
medidas agrárias e a necessidade de unidades mais adequadas ao tamanho da
superfície que se quer medir.

Unidade de medida é “o valor, quantidade ou tamanho de um peso ou medida,


pesos aos quais se fixam valores, quantidades ou tamanhos de outros pesos e
medidas” (BENDICK, 1965, p. 19).
Construir uma tabela
com as medidas
agrárias.

Usando um espaço retangular de 20 x


15 cm criar um anúncio de venda de
sítio.
Indicar um símbolo para essa
propriedade.
Citar medidas em alqueire e hectare Fonte:
venda_lençóis_paulista_sp_sitio_rural.

Fonte: Prof. Materaldo. Medidas agrárias no Brasil. Disponível em:


http://pt.slideshare.net/Materaldo/medidas-agrárias. Acesso em 14 de outubro de 2014.
Assistir ao vídeo Matemática no sítio [Matemática em toda parte].

Disponível em: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/12540,


acesso em 14 de outubro de 2014.

Após assistir ao filme discutir com os educandos os


conhecimentos matemáticos que eles perceberam no vídeo. O
que encontraram de diferente? Explique então que os
conhecimentos dos campesinos não são conhecimentos da
matemática escolar, mas sim conhecimentos tradicionais de sua
cultura, ao que chamamos etnomatemática. A etnomatemática é
uma maneira diferente de se olhar a matemática. Fonte:
Adaptado
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=
23738
a) Que relações percebem entre conceitos matemáticos e a realidade
vivida no meio rural?
b) Em que momentos elas são evidenciadas no vídeo?
c) Como efetuar a conversão de medidas de alqueire para hectare?
ETAPA 2

INVESTIGANDO MINHA REALIDADE

De acordo com Lorenzato (2008), em sala de aula, a melhor maneira de fazer o


aluno pensar é favorecer a descoberta, ou seja, possibilitar a experimentação, a
procura, a pesquisa, o desafio. Para o autor, “a descoberta pode não ser o caminho
mais curto ou rápido para o ensino, mas é o mais eficiente para a aprendizagem”
(LORENZATO, 2008, p. 82). Nesse sentido, propomos a participação dos educandos
em grupos para elaborar um questionário envolvendo a matemática utilizada no
cotidiano da família (medidas agrária, de comprimento, massa e volume).

Através da mediação do professor, seleciona-se algumas questões

elaboradas pelos educandos (abaixo relacionadas) que deverão ser

debatidas com a família para que apresente de fato um resultado eficaz.

Haja vista que, a família tem papel fundamental na educação e

incentivo nas atividades dos filhos. As respostas do questionário serão

sistematizadas em forma de texto, posteriormente apresentada de forma oral culminando com a

descrição da realidade do grupo.


 MODELO DE INSTRUMENTO PARA
INVESTIGAR A REALIDADE
Estimados senhores e senhoras. Estou realizando em
meus estudos do PDE um projeto articulando o Ensino de
Matemática com Educação do Campo. Para isso, conto
com as suas contribuições na aprendizagem matemática
dos educandos. Peço a colaboração para que possamos
fazer uma análise nas suas propriedades destes
conhecimentos tão importantes.
Desde já agradeço. Obrigada!

1.A família considera importante que o estudo de medidas agrárias seja aplicado na
realidade da propriedade para que os educandos aprendam a medir, a realizar cálculos
de área e as conversões de medidas? ( ) sim ( ) não.
Justifique:______________________________________________________________
_________________________________________________________
2. A família já mediu ou ajudou a medir uma área de terra, um roçado, uma lavoura,
etc? ( ) sim ( ) não
3. Que instrumentos foram usados para medir?
________________________________________________________________
4. Que unidades de medidas foram usadas? ( ) metro ( ) braça ( ) outra
5. Que unidades de medidas agrárias a família utiliza em sua propriedade rural?
6. Quais unidades de medidas de comprimento linear a família utiliza na prática para
medir pequenas distâncias? E para as grandes distâncias?
7. Quais instrumentos ou técnica de medições de terras antigas que a família utiliza
para o cálculo de medidas de áreas de lavoura ou de pastagem?
________________________________________________________________
8. A família aprendeu as Medidas Agrárias na escola? ( ) Sim ( ) Não.
9. Em algum momento a família já precisou fazer transformação de alqueire para hectare ou de
hectare para alqueire? ( ) sim ( ) não. Qual a unidade básica para medir superfícies?_______
10. A família tem dificuldade para realizar as conversões (transformações) de alqueire
para hectare ou vice-versa? ( ) sim ( ) não .

12. A família sabe quanto mede? 1 braça = _______1 braça² = ________


1 litro=_________ 1 quarta =_________1 alqueire = __________1 hectare = ____
13.Como a família faria o cálculo de uma área de 120 metros de frente por 205 metros
de lado? Qual é a área? _____________________________________
14. Como a família faz o cálculo de uma área irregular de um roçado com um lado de
140 m, outro lado de 130 metros, frente de 70 m e fundo de 90 metros? Qual é a área?
___________________________________________________________

15. Qual a área de sua propriedade?


________________________________________________________________

16. Quais as culturas plantadas e qual é o percentual destinado a cada uma delas?
________________________________________________________________

________________________________________________________________

17. Qual a área da horta em sua propriedade?


________________________________________________________________

18. Qual a área de sua casa?


________________________________________________________________

19. Quantos cômodos têm sua casa? _____Qual a área de cada cômodo?
________________________________________________________________

20. Que procedimentos foi utilizado para fazer os cálculos?


______________________________________________________________________
__________________________________________________________

21. Qual a relevância dessa atividade para a família?


______________________________________________________________________
__________________________________________________________

Objetivo:
 Perceber que conhecimentos e experiências os educandos já desenvolveram em
relação à medidas em seu cotidiano.
1) Apresentar o texto em plenária e destacar as medidas.
2)Com base nas medidas apresentados pelos educandos referentes a
sua família e a sua propriedade elaborar tabela e gráfico de barras e
setores.
3) Se fôssemos colocar piso em sua casa, sabendo que o preço por
metro quadrado custa R$ 12,80, quanto iríamos gastar?
4)Faça uma estimativa da área ocupada pelas construções em sua
propriedade.
5) Converter a área de sua propriedade de alqueires em hectares.

ETAPA 3

APRENDENDO A MATEMÁTICA DO ENTORNO DA ESCOLA

VISITAS DE ESTUDO

A visita de estudo constitui um momento único de aprofundamento de


conhecimentos. Os alunos convivem com ambientes fora da sala de aula,
experimentam novas situações, desenvolvem sensibilidades, promovem diálogos
enriquecedores. Surgem oportunidades para que o professor conheça melhor os
estudantes e para que os estudantes se conheçam melhor.
Nesta etapa, com os educandos do 6ª Ano do Ensino Fundamental propõem-se
fazer uma visita a uma propriedade rural ao lado da escola, aplicando as unidades de
medidas agrárias aprendidos em sala de aula. Registrar a atividade através de vídeo e
fotos. O registro reflexivo é fundamental para o professor aperfeiçoar a sua prática.
Vídeos e fotos ajudam a analisar seu próprio trabalho. Pedir a permissão para gravar
ou tirar fotos.
Recursos necessários:
Papel, caneta, máquina fotográfica comum, digital, filmadora, gravador, MP3.
MP4 ou outro recurso.
Nesta pesquisa de campo, medir determinadas áreas de lavoura ou de pastagem
através da técnica rudimentar antiga de medição de terra denominada de “Cubagem da
Terra”:
A cubação é um método popular de medição de terra com importância
econômica e social, para a subsistência e a produção das pequenas propriedades do
meio rural. A cubação de terras envolve duas etapas: primeiro é feita à medição das
divisas ou limites do terreno agrícola, geralmente em forma de quadrilátero, cuja área
será determinada. Essa medição é realizada com o uso de uma corda, os trabalhadores
percorrem as divisas ou limites da superfície da terra, medindo-as em partes. Um dos
procedimentos utilizados na prática de cubação de um terreno com a forma de um
quadrilátero qualquer, figura de 4 lados, consiste em adicionar, duas a duas as medidas
dos lados opostos do quadrilátero, determinando a média dessas medidas, ou seja,
dividindo o resultado obtido por dois. Em seguida multiplicam-se os valores obtidos.
Isso corresponde a transformar esse quadrilátero em um retângulo através da média
aritmética da medida dos lados opostos.

Representação do terreno medido A partir da figura ao lado obtém-


se o retângulo:

Fonte: Autora utilizando-se o software matemático Geogebra.


Logo a área da superfície será: 100 x 67,5 = 6750m²

Outro procedimento utilizado na cubação de um terreno cuja superfície


corresponde a um quadrilátero qualquer, consiste em somar as medidas dos quatro
lados, dividindo-se a seguir o resultado por 4. O quadrilátero é transformado em um
quadrado e seu lado é a quarta parte do perímetro do terreno. Para determinar sua
área, basta elevar ao quadrado a medida do lado desse quadrado, ou seja, multiplicá-lo
por ele mesmo. Esse procedimento é chamado em algumas regiões de “esquadrejar a
terra”. Observe com base no terreno medido acima:
Somando os lados do mesmo, temos:
Perímetro: 75 m + 80 m + 60 m + 120 m = 335 m, Dividindo o resultado obtido por 4.
335: 4 = 83,75 m. Elevando o valor obtido ao quadrado:
O valor da área é 7014,0625 m².
Observa-se que há diferença entre os valores obtidos em cada cálculo. No
entanto, os valores de áreas encontrados são aproximados e não são utilizados pelos
órgãos oficiais, para fins de escrituração legal, pedidos de financiamento bancário e
negociações, entre outros.
Delimitação de uma área de pastagem Transfiguração da Área de
lavoura da figura num quadrado
em metros

Fonte: Autora. Utilizando o software Geogebra.


No caso de uma região triangular os procedimentos para o cálculo da medida da
área de pastagem pela técnica da cubagem é a mesma do quadrilátero, esse processo
é válido para qualquer formato do polígono.

Perímetro = 70 m + 110 m + 120 m =300 m Perímetro ÷ 4 = 300 m ÷ 4 = 75 m

Área do quadrado = 75 m x 75 m = 5625 m². Como essa medida é menor que 24.200
m² (1 alqueire) e 10.000 m² (1 hectare), então dividiremos por 605 m² (1 Litro): 5625 ÷
605 = 9,297566... = 9,2 litros de terra.

Essa atividade, os educandos visitarão uma propriedade rural (área de lavoura


ou de pastagem), acompanhados dos seguintes materiais de pesquisa:

• Lápis e Caderno para Anotações;


• Cordas de comprimentos iguais a 11m (5 braças);
• Balizas de bambus ou de madeiras;
• Trenas

Encaminhamentos metodológicos:

1. Dividir a turma em grupos de 3 ou 4 alunos;

2. Cada grupo de alunos deverá delimitar uma área do terreno (a escolha do formato do
terreno é livre para o grupo);

3. Com o auxílio da corda e balizas obtenham as dimensões do terreno;

4. Faça um esboço da figura desse terreno no seu caderno, anotando as suas


respectivas medidas dos lados do terreno;
5. Agora o grupo retorna para a sala de aula para realizar os cálculos da cubagem
desse terreno.
Visita de
Estudo nas
agroindústria
s da
comunidade

Fonte:http://rascunhoscult.files.wordpress.com/2011/10/cafc3a9_co
lonial-_luiz_chaves.jpg

Conteúdo: Medidas de massa, capacidade e volume.


Objetivos:
Pesquisar a matemática utilizada nas agroindústrias locais;
Relacionar as aulas com os locais visitados;

Descrever os locais visitados ou as atividades realizadas;

Considerar os aspectos mais importantes, mais relevantes na matemática;

Observar ambiente em que decorreu a visita, pontualidade, relações entre


colegas, convívio, maneira como foram acolhidos, entre outros.

Recursos necessários:
Papel, caneta, máquina fotográfica comum, digital, filmadora, gravador, MP3.
MP4 ou outro recurso.
Encaminhamentos metodológicos

Preparar a visita: Educandos em grupos elaboram questionário a ser aplicado na


visita:
Estabelecer regras a serem cumpridas durante o estudo; Durante a execução da
visita cada um dos educandos devem anotar o que achar convenientes, colocar
as dúvidas que eventualmente surjam e, se possível, fotografar a sequência dos
trabalhos efetuados na agroindústria; No final os alunos devem escrever um
relatório, discutir em grupo e apresentar as conclusões.

Avaliação: A avaliação das visitas de estudo constitui na apresentação e


elaboração do relatório.

ETAPA 4

CULTIVANDO HORTALIÇAS

1) A família cultiva hortaliças em sua propriedade? ________.

2) Qual é a distância entre as plantas? _______________.


3) Qual o motivo que leva os agricultores a fazer o plantio desta
forma?________________________________________________________________

O plantio de hortaliças é de 40 cm X 40 cm, aproximadamente 10 unidades de alface


por m². Esse método é adotado para aproveitar o espaço, considerando que uma
unidade de alface adulto pode atingir um diâmetro de mais ou menos 40 cm.
Atividades práticas:
a) Utilizando, uma unidade de qualquer hortaliça adulto; um canteiro; uma trena
1) Medir, com a trena, o comprimento e a largura do canteiro e do comprimento e da
largura da horta.
Medir o diâmetro da hortaliça adulto.
De posse dessas medidas, calcular:
A) A área e o perímetro da horta.
B) A quantidade de material necessário para cercá-la.
B) o perímetro de uma alface adulto.
________________________________________________________________
C) a área ocupada por uma hortaliça adulto._____________________________
D) Qual a distância entre as plantas que devem ser plantada?_______________
E) Qual a área do canteiro?__________________________
F) Quantos hortaliças cabem no canteiro?______________

ETAPA 5
MINHA REALIDADE, MINHA MATEMÁTICA

fonte: Tigatelu, imagens free http://www.istockphoto.com/vector/cute-pencil-cartoon-with book


44841218?st=757bb7e

Elaboração de Portfólio
É o “espaço de demonstrar os conteúdos aprendidos. A possibilidade de expressar
suas certezas/incertezas e reconstruí-las é uma condição para o estudante aprender a
pensar” (Basso, 2003 p. 12). O portfólio matemático é um diário escolar que dá ênfase
ao processo de aprendizagem de matemática. Estrutura Mínima: Sumário, Introdução,
Itens e Materiais com as Reflexões, Autoavaliação.
Objetivo: Motivar os educandos, bem como compreender as suas dificuldades. Criar
mecanismos para incentivar os mesmos a estudar matemática. Respeitar à realidade
e conhecimento de cada um.
Ilustrar e descrever seus conhecimentos matemáticos no que se refere a
medidas.
Atividade baseada na realidade do aluno do campo.
1) Desenhar croqui da propriedade. Estabelecer a escala.
2) Desenhar a horta, canteiros e identificar as medidas.
3) Escrever as medidas apresentadas na pesquisa feita na
propriedade.
Responder ao seguinte questionamento:
A) Qual à distância de sua casa até a escola?
B) Se o metro de material para cercar sua horta é R$ 16.80.
Quanto você gastará para cercar sua horta?
C) Elaborar três questões e respondê-las de acordo com os dados levantados na
pesquisa com sua família.

Etapa 6
APRENDENDO COM O VISITANTE
RECEBENDO A VISITA DE UM PROFISSIONAL (AGRIMENSOR)

Conteúdo: Área e perímetro

Justificativa:

Possibilitar conhecimentos de uma profissão que não seja próxima do educando


como o agrimensor, ampliando dessa forma o acesso de informações.

Objetivos:

- Identificar os componentes matemáticos no fazer/saber do agrimensor;


- Construir um significado ao estudo da matemática no contexto escolar;
- Compreender o conceito de área e perímetro;
- Refletir sua utilidade no dia a dia.

Encaminhamentos metodológicos:

Convidar um profissional da comunidade que não seja muito comum aos


familiares dos alunos, no caso para a atividade será convidado um agrimensor. Pedir a
permissão para gravar ou tirar fotos.
Verificar a data disponível do profissional para a palestra; Agilizar os recursos
solicitados pelo profissional; Agendar a data e local para a realização da atividade;
Conversar com os alunos as atitudes esperadas durante a palestra; Solicitar aos alunos
um relatório sobre a palestra; Dar orientações sobre a apresentação do relatório.

Avaliação:

Atitudes durante a palestra e a apresentação do relatório sobre a palestra.


PALESTRA COM UM AGRICULTOR SOBRE PRODUÇÃO CASEIRA DE
FERTILIZANTES NATURAL

Conteúdo: Medidas de massa, capacidade e volume.

Justificativa:

Possibilitar conhecimentos da produção caseira de fertilizantes ampliando dessa


forma o acesso a informações

Objetivos:

- Identificar os componentes matemáticos na produção de fertilizantes;


- Construir um significado ao estudo da matemática no contexto escolar;
- Compreender o conceito de medidas de massa, capacidade e volume. Refletir sua
utilidade no dia a dia.

Encaminhamentos metodológicos:

Pedir a permissão do entrevistado para gravar ou tirar fotos. Solicitar aos alunos
um relatório sobre a palestra.
Dar orientações sobre a apresentação do relatório. Pedir a permissão do para
gravar ou tirar fotos.

Avaliação:

Atitudes durante a palestra e a apresentação do relatório sobre a palestra.


ETAPA 7
ENTREVISTA COM UM AGRICULTOR

Conteúdo: Aplicação de medidas, Geometria e outros componentes matemáticos.

Justificativa:

A atividade é necessária para os alunos observarem a importância da


matemática nas diversas profissões exercidas por pessoas da comunidade local.

Objetivos:

- Construir significado e visibilidade para o conhecimento matemático. Estimular a


ampliação do conhecimento matemático.

Problematização:

Existe uma profissão que não utilize nenhum conhecimento matemático?

Recursos necessários:

Papel, caneta, máquina fotográfica comum, digital, filmadora, gravador, MP3.


MP4 ou outro recurso.

Encaminhamentos metodológicos para a pesquisa de campo:

Verificar a disponibilidade e a possibilidade do profissional responder as


perguntas. Os educandos devem elaborar as perguntas para o profissional e verificar se
o mesmo não quer recebê-las antecipadamente para agilizar a entrevista. Com os
dados obtidos na entrevista a equipe deve criar um pequeno texto com uma situação-
problema envolvendo o conhecimento matemático desse profissional. O professor pode
oportunizar que os alunos leiam e possam expor os seus problemas, observando dessa
forma proximidades e diferenças. Propor que os alunos troquem os problemas para
resolvê-los.

Orientação para os alunos sobre a atividade (entrevista):

Pedir a permissão do entrevistado para gravar ou tirar fotos.


Os educandos devem escutar com atenção e anotar atentamente as respostas
do profissional entrevistado. Caso não entendam o significado de alguma palavra
utilizada pelo profissional, deve pedir o esclarecimento do significado.
Ao concluir a entrevista agradecer a atenção do entrevistado.
Os alunos devem guardar o material reunido para sala de aula para a montagem
de um painel mostrando os conhecimentos de Matemática que o agricultor utiliza no
cotidiano. Mesmo que esse conhecimento seja empírico. (explicar o significado do
termo para os alunos).

Avaliação

Observação quanto à participação em todas as atividades. No final da atividade a


equipe entregará um relatório e terá um outro relatório individual.

Entrevistando o agricultor (sugestão):

- Qual é o seu nome?


- Há quanto tempo exerce essa profissão?
- O que o motivou a exercer esse ramo de atividade?
- Já frequentou a escola? Até que série?
- Já exerceu outras profissões? Quais?
- Por que mudou de profissão?
- O que o fez optar pela atual profissão?
- Qual a sua jornada de trabalho diária?
- Quais as estratégias matemáticas são necessárias na sua profissão?
- Tem necessidade de realizar frequentemente cursos de atualização?
- Como profissional você sente-se valorizado?
- Conte um fato marcante na sua profissão?
- Que instrumentos de medida utiliza na sua atividade?
- Na falta de algum instrumento de medida de que forma o substitui? Qual
e como o utiliza?
- Usa calculadora, computador na sua atividade profissional?
- Nas plantações aparecem figuras geométricas? Quais?
- Quais conhecimentos matemáticos são ensinados na escola são úteis na agricultura?
- O que se deve fazer para plantar em linha reta?
- O que é importante na sua atividade para não levar prejuízo?
- Como se calcula para saber a quantidade de mudas ou sementes para uma
determinada área? Dê um exemplo.
- Por que, algumas vezes o agricultor diz que é preferível não realizar a colheita?
- Como se faz a previsão do rendimento de uma plantação?
- É preferível plantar milho ou trabalhar com vaca leiteira?
- Por que parte dos agricultores brasileiros ficam endividados no banco?
- Se o senhor fosse o presidente da República o que faria para melhorar a agricultura
no país?
- Qual a sua opinião sobre a situação atual do Brasil?

Adaptado do livro PROMAT de Maria Cecília C, FTD, 1999.


ETAPA 8
NOVOS CONHECIMENTOS
MATEMÁTICOS

Para finalizar as atividades


avaliar e retomar ao portfólio
descrevendo e ilustrando os
novos conhecimentos
adquiridos e procedendo a
autoavaliação.

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, as atividades previstas neste trabalho são relevantes para o


aprendizado do educando que vive no campo, bem como aponta-se as aspirações da
comunidade, quanto a fundamentação teórica e aplicação da Etnomatemática na
prática escolar como sugerem as DCEs da disciplina de Matemática articulada com a
educação do campo. Através da mediação realizada pelo professor os diálogos entre os
saberes pesquisados e o contexto escolar serão possíveis. Por meio dos
procedimentos ordenados, sistematizados, reflexivos, críticos que a situação escolar
utiliza, há possibilidade de transformações sociais. Educar é concordar com
modificações e criar significados já legitimados, pela escola e pelos sujeitos.
É indispensável a inserção do professor no contexto a ser pesquisado. Também
vale ressaltar que, a princípio, não se tem noção da matemática escolar a ser
trabalhado, é a partir das investigações que poderemos identificá-los. Notamos também
que a definição dos conteúdos não é estática, o envolvimento com as atividades do
local, torna um processo onde um tema remete a outro. Dessa forma, nos tornamos
agentes participativos e orientadores desse processo, criando condições favoráveis de
aprendizagem.
V. Referências

ANTONIO, C. A. Educação do Campo: um movimento popular de base política e


pedagógica. Cascavel: EDUNIOESTE, 2013.

Banco Internacional de Objetos Educacionais: Matemática no Sítio.


Disponívelem:2http://www.matematica.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?
video=7143. Acesso em 06 de outubro de 2014.

BENDICK, Jeanne. Pesos e Medidas. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1965.

CARRAHER, T.; CARRAHER, D.; SCHLIEMANN, A. Na vida dez, na escola zero. 10.
Ed. São Paulo: Cortez, 1993.

CHARLOT, B. Relação com o saber, Formação dos professores e Globalização:


Questões para a educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005.

COLE, K. C.O universo e a xícara de chá: A Matemática da verdade e da beleza.


Tradução de Elizabeth Leal, Rio de Janeiro: Record, 2006.

D’AMBRÓSIO U. A Educação Matemática. Revista da Sociedade Brasileira de


Educação Matemática – SBEM. Ano I – n º 1 – 2º Semestre, Blumenau – SC – 1993.

____________. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. Belo


Horizonte: Autêntica, 2005.

FIORENTINI, D. Alguns modos de ver e conceber o ensino da matemática no


Brasil. Revista Zetetiké. Campinas 1995.

KNIJNIK, G.; WANDERER, F.; OLIVEIRA, C.J. de (org.). Etnomatemática currículo e


formação de professores. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006.

LORENZATO, S. Para aprender matemática. 3. ed. rev. Campinas: Autores


Associados, 2008.

PARANÁ Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Matemática. Secretaria de


Estado da Educação do Paraná, 2008.

____________. Diretrizes curriculares da educação do campo. Curitiba: SEED, 2010.

PISTRAK, M. M. Fundamentos da Escola do Trabalho. São Paulo: Expressão


Popular, 2000.

SILVA, I. da. História dos pesos e medidas. 2. ed. São Carlos. SP: EdUFSCar, 2010.
Sites consultados
http://tvescola.mec.gov.br/index.php&option=com_zoo&view=item&item_id=2241
acesso em 17/10/2014.
http://www..diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=22553 acesso em
educadores 10\10\2014.

http://www.brasilescola.com/matematica/medidasagrarias.htm.Acesso em 07\10\2014.

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2
010/2010_uepg_mat_pdp_jose_erasto_bueno_antunes.pdf. Acesso em 26\10\2014.

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2
012/2012_uepg_mat_pdp_marlene_salete_stadinicki_maron.pdf. Acesso em
11\10\2014.

http://www.scribd.com/doc/30351309/Tendencias em Educação Matemática livro


acesso em 25/10/2014.

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