3636-Texto Do Artigo-7202-7262-10-20211207
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Trabalho apresentado no XL CNMAC, Evento Virtual - Co-organizado pela Universidade do Mato Grosso do Sul (UFMS).
Resumo A falta de diálogo entre o ensino e a aprendizagem da matemática tem gerado a desmo-
tivação dos alunos na realização de atividades, ampliando a dificuldade de estabelecer relações entre
a matemática e o cotidiano. A realidade, em muitas salas de aula, ainda é a de um ensino de ma-
temática fragmentado e fora do contexto do dia a dia, por isso, a importância de utilizar materiais
recicláveis para a construção de materiais didáticos, dando ênfase à educação ambiental, tem sido
uma alternativa que potencializa o ensino dessa matéria na educação básica. A fim de contribuir no
processo de ensino e aprendizagem de matemática em uma escola pública de João Monlevade/MG,
foram desenvolvidos, em dois projetos de extensão, vários jogos matemáticos, construı́dos a partir
de materiais recicláveis.
Palavras-chave. Matemática, reciclagem, ensino-aprendizagem, educação ambiental.
1 Introdução
No decorrer dos últimos anos, vemos que o ensino de matemática está passando por um mo-
mento reflexivo, acerca de didáticas e metodologias que proporcionem um ensino com aprendizagem
significativa, traduzidos por baixos resultados nos exames mundiais. Segundo dados do Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), no ranking de matemática, o Brasil ocupa a 72ª
posição entre os 79 paı́ses participantes da última edição, ocorrida em 2018.
As pesquisas apontam, entre outras causas, a falta de motivação dos alunos para aprendizagem
escolar, o que se deve, entre outros fatores, ao uso de metodologias de ensino tradicionais, baseadas
na memorização de regras, fórmulas e à apresentação de conteúdos desvinculados da realidade dos
alunos. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) [3], a atividade matemática
escolar não é “olhar para coisas prontas e definitivas”, mas a construção e a apropriação de um
conhecimento pelo aluno, que se servirá dele para compreender e transformar sua realidade.
De acordo com Lachini [6], para atingir a melhoria da aprendizagem em matemática, é pre-
ciso ir além da simples transmissão de regras, fórmulas e teorias, que nem sempre possibilitam o
entendimento e a reflexão e que, na verdade, só reproduzem mecanicamente um algoritmo ou um
formato pré-estabelecido.
É necessário desenvolver no aluno a curiosidade, a criatividade, a autoconfiança e a percepção
da matemática como um desafio que ele pode vencer. Sendo assim, devemos propor atividades
que os levem a entender as questões que envolvem a matéria e sua utilidade prática, que permitam
que ele experimente e tire suas próprias conclusões. A educação por meio de atividades lúdicas
tem-se tornado, nas últimas décadas, uma alternativa metodológica bastante pesquisada, utilizada
e abordada em vários aspectos, pois potencializam as capacidades que estão temporariamente
1 [email protected]
2 [email protected]
inativas nos alunos, no que refere ao aprendizado da matemática, isso porque mudam a rotina da
classe, despertando o interesse dos envolvidos. Deve-se enfatizar que a atividade lúdica não deve
fazer parte, por completo, de todo o processo de ensino e aprendizagem, ela será uma ferramenta
utilizada de forma a proporcionar uma aproximação dos alunos com a matemática, colaborando
na relação professor-aluno.
Além disso, atividades lúdicas como um instrumento educativo, em conjunto com materiais con-
cretos, estão relacionadas ao desenvolvimento cognitivo do aluno, uma vez que despertam o senso
crı́tico e investigador, promovendo a intervenção do indivı́duo nos fenômenos sociais e culturais,
ajudando a construir conexões necessárias.
Paralelamente à questão da dificuldade dos alunos em matemática, um problema de outra área
do conhecimento, mas que está sendo cada vez mais discutido, é a reciclagem. Nos últimos anos, as
questões ambientais estiveram em evidência e as pessoas começaram a fazer uma releitura no que
refere às ações preservativas ao meio ambiente. Diante desse contexto, criando uma consciência
ecológica nos alunos, aumentamos a chance de que se tornem adultos responsáveis pela preservação
do planeta. Fazendo a conexão entre as duas áreas do conhecimento, a matemática pode ensinar,
por exemplo, porque reciclar uma caixa de leite, ou uma latinha de alumı́nio, é tão importante para
o meio ambiente e para a economia do Brasil. Nesse compasso, a inclusão de jogos matemáticos
confeccionados com materiais recicláveis tem um valor educacional intrı́nseco, pois promove o de-
senvolvimento das capacidades intelectuais, cognitivas e sociais dos alunos, estimula a curiosidade,
a autoconfiança e o conhecimento lógico matemático, auxiliando na criação de estratégias para a
solução de possı́veis problemas, com objetos conhecidos e presentes no cotidiano dos alunos. Além
disso, promove a sensibilidade para as questões ambientais.
Nos dias atuais, os jogos matemáticos vêm se destacando como um recurso didático utilizado
para a melhoria da qualidade do processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, este trabalho
visou vincular conteúdos matemáticos a um problema de outra área do conhecimento, a reciclagem,
intensificando sua importância no meio ambiente, a partir de conteúdos matemáticos do 6º e do
8º ano do Ensino Fundamental.
2 Referencial Teórico
Um registro na contextualização educacional foi a elaboração da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, conhecida como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 (LDB), a qual tem como
condição necessária que a escola ofereça uma aprendizagem significativa, servindo aos interesses
da sociedade, e garanta a todos os estudantes uma boa qualidade no ensino. Em outras palavras,
é necessário que os conteúdos escolares sejam apresentados de modo que proporcionem a com-
preensão do mundo nos quais os educandos estão inseridos. A matemática tem uma participação
importante nesse processo de contextualização, pois pode contribuir para as relações interpessoais
e na qualidade do processo de ensino aprendizagem.
Para Tufano [7], contextualizar é um ato de colocar no contexto, ou seja, colocar alguém a par
de algo, alguma coisa, uma ação premeditada para situar um indivı́duo em um lugar no tempo e no
espaço desejado; é encadear ideias em um escrito, é constituir o texto no seu todo, é argumentar.
Tufano diz também que contextualizar é função inicial e talvez uma das principais atribuições do
professor em sua sala de aula, transformando essa caminhada, antes árdua, em um processo feliz,
prazeroso.
Fonseca [4] ressalta que contextualizar é ir além das técnicas e da compreensão, é compreender
os conteúdos matemáticos dentro dos contextos históricos, sociais e culturais que foram construı́dos.
Nas instituições de ensino fundamental e médio, a realidade do ensino de matemática ainda
passa pelo crivo de uma matemática distante do contexto do cotidiano, porque se prioriza um ensino
em que predomina a mecanização e a memorização, o que as fazem classificá-las como instituições
3 Desenvolvimento
As atividades desenvolvidas e aplicadas foram realizadas em grupo, o que contribuiu para in-
centivar trabalho em conjunto, desenvolvimento de estratégias, apoio e compreensão de cada um
em equipe. Ademais, todos os materiais utilizados eram recicláveis, levando à conscientização am-
biental. Além da coleta seletiva, os conceitos matemáticos trabalhados foram: Operações Básicas,
Proporção, Grandezas diretamente proporcionais, Regra de três, Porcentagem, Equações, Cons-
trução de gráficos e tabelas, Circunferência, Ângulos, Poliedros, Retas, Polı́gonos, Identificação das
figuras geométricas. Foram realizadas as seguintes atividades: Baralho Matemático, Bingo, Corrida
Matemática, Divisão em Linha, Dominópera, Jogo da Memória, Jogos On-line, Monte a Operação,
Operuno, Dama Matemática, MMC Geométrico, Poliedros, Boliche, gincana geométrica.
Descreveremos aqui algumas das atividades realizadas:
das garrafas que eram derrubadas com o lançamento da bola, determinava a equipe vencedora da
rodada. No final da atividade os alunos perceberam que não era necessário que todas as garrafas
caı́ssem no chão, como é a regra do boliche, mas que eles deveriam derrubar as garrafas que tinham
as frações cuja soma resultasse no maior número para vencer a rodada.
Elaboração: Foram necessários para a elaboração do boliche: garrafas PET’s, papel para a
confeccção da bola para arremesso nos boliches, frações especı́ficas para o aprendizado do conteúdo.
Regras: A turma deve ser dividida em grupos de 5 a 6 pessoas. Haverá 6 etapas do boliche,
em que cada aluno de cada grupo será responsável por fazer a jogada, e conforme o número de
garrafas que caı́rem no chão, a soma das frações que estão afixadas nas garrafas será pontuada
para a equipe. Assim, após todos os alunos realizarem os arremessos, deverão ser somadas todas as
pontuações do respectivo grupo. Após as 6 rodadas, o grupo que tiver a maior pontuação vencerá a
competição. Durante as etapas, penalidades como, por exemplo, conversa paralela entre os grupos,
e erro na operação, serão aplicadas, a fim de que se trabalhe a subtração das frações. Ademais,
durante o jogo de boliche, o método matemático aplicado está na identificação, propriedades e nas
operações entre frações.
procura o resultado correto em outra carta da mesa. Se encontrar a carta igual, que fará par com
a primeira, poderá virar outra carta e procurar seu par novamente. Caso contrário, se a segunda
carta não fizer par com a primeira, deverá voltar as duas cartas para a posição inicial e passar a
vez para o outro jogador. Ao final de todas as rodadas, os participantes devem somar as cartas
individuais conquistadas. O vencedor é o aluno que obtiver a maior soma das cartas obtidas.
4 Conclusões
Através dos projetos extensionistas, toda equipe pôde vivenciar a realidade do ensino em uma
escola pública da cidade de João Monlevade, em Minas Gerais. Percebemos que o número de
alunos com dificuldades em matemática é significativamente grande, eles apresentam fragilidades
em raciocı́nios lógicos que, a critério, já deveriam ter sido superados nas séries anteriores àquela em
que estão inseridos. Dessa maneira, as aulas expositivas dos conteúdos matemáticos explicados de
formas tradicionais não são suficientes para sua fixação absoluta. De acordo com os diagnósticos a
respeito da metodologia de ensino utilizada nas atividades apresentadas, percebemos também um
avanço considerável da maior parte dos alunos, uma vez que esta abordagem facilitou a compreensão
dos temas abordados.
Um ponto importante a se destacar, ainda, é que conseguimos mostrar aos estudantes a im-
portância da reciclagem através de objetos comuns do cotidiano, que podem ser transformados em
jogos e atividades matemáticas muito interessantes, por exemplo, garrafas PET’s, caixas de leite,
palitos, tampinhas, entre outros.
Sob uma visão amplificada, percebemos que os projetos contribuı́ram de modo positivo para a
melhoria do ensino e da aprendizagem da Matemática nessa escola. Os alunos participantes das
atividades pediam para os professores que as aulas de matemática fossem sempre com a participação
dos monitores dos projetos de extensão, o que demonstra a influência positiva e motivadora que
esses projetos têm proporcionado a todos os envolvidos, já que funcionam com a cooperação ativa
dos alunos orientandos, professores coordenadores dos projetos, diretoria, coordenação e professores
da escola. Essas ações extensionistas têm deixado seus registros positivos, e estamos trabalhando
para que um número maior de alunos e escolas estejam conosco agregados.
Agradecimentos (opcional)
Agradecemos à Universidade Federal de Goiás pela credibilidade a nós fornecida na execução
dessas ações extensionistas. Agradecemos aos alunos e alunas orientandos que se uniram nesse
propósito da unificação de jogos e educação ambiental. Estendemos nossas considerações à direto-
ria, aos professores e aos coordenadores das séries da escola onde essas ações foram desenvolvidas
pelo empenho e pela colaboração no objetivo único, que é trazer a melhoria diária no processo de
ensino aprendizagem da matemática em nosso paı́s.
Referências
[1] Agranionih, N. T., Smaniotto, M. Jogos e aprendizagem matemática: uma interação possı́vel,
Erechim, Edifapes, 2002.
[2] Borin, J. Jogos e Resolução de Problemas: Uma estratégia para as aulas de matemática. 2a
edição, IME-SP, São Paulo, 1996.
[5] Freire, P. Pedagogia da autonomia, 25ª edição, Paz e Terra, São Paulo, 1996.
[6] Lachini, J. Como está pensado o trabalho com Matemática .In: Tomelin, Honório e Filho,
João Gomes (orgs.). Educação: gestão do Conhecimento e da aprendizagem, Una Editoria,
Belo Horizonte, 2001.