Exodo - 20-1-26 - O-Livro-da-Lei - Leandro Peixoto

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Pr. Leandro B.

Peixoto

Segunda Igreja Batista em Goiânia

www.sibgoiania.org

13 de outubro de 2024

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[Êxodo: A Redenção]

Mensagem no 6

O Livro da Lei

Êxodo 20.1-26 (NVT)


1Então o SENHOR deu ao povo todas estas palavras: 2“Eu sou o SENHOR, seu Deus,

que o libertou da terra do Egito, onde você era escravo. […]

A Entrega da Lei
Lei. Nós não gostamos de “lei”. Para nós, a lei só é boa quando resguarda os nossos di-
reitos e refreia aqueles que nos causam mal. No entanto, os aspectos da lei que tratam
dos nossos deveres e delimitam os nossos limites, muitas vezes, tendemos a infringir, ul-
trapassar ou encontrar uma solução improvisada – o famoso “jeitinho brasileiro”. Não é
de se estranhar, portanto, que estamos onde estamos enquanto povo e nação. Precisa-
mos, com urgência, aprender a fazer bom uso da lei, especialmente da lei de Deus, visto
que ela nos conduz a Cristo para a salvação e a santi cação, e nos capacita a construir e
manter em ordem quaisquer instituições e civilizações.

Em nosso estudo do Livro de Êxodo, chegamos ao Livro da Lei. Aqui, Deus come-
çará a entregar a lei a Moisés. Antes de avançarmos, contudo, é importante esclarecer o
uso do termo “lei” na Bíblia Sagrada.

Bruce Waltke informa que a tradução tradicional de tôrâ por lex (Agostinho), Ge-
setz (Lutero) e “lei” (nos vários idiomas) induz a uma interpretação equivocada, pois, no
mundo ocidental, o conceito de “lei” tem suas raízes no direito romano. Consequente-
mente, em nossa cultura, o termo “lei” evoca um código impessoal e obrigatório de con-
duta, cujo cumprimento é garantido pela imposição de penalidades por uma autoridade
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controladora. No entanto, NA BÍBLIA HEBRAICA, o sentido básico de tôrâ é “ensino


catequético”, que visa instruir e guiar a nação eleita, funcionando como sua consti-
tuição. Um exemplo claro disso é que os Dez Mandamentos — como veremos a seguir
— não apresentam penas diretamente associadas ao seu descumprimento. Portanto,
dada a riqueza de signi cados de tôrâ, muitos estudiosos defendem que seria mais ade-
quado transliterar o termo, em vez de traduzi-lo simplesmente como “lei”.

Atenção: fatos importantes sobre mediação e contexto da lei mosaica.

Com base em análises de leis, tratados e alianças do antigo Oriente Próximo, da-
tados entre o terceiro milênio a.C. (c. 2500–2300 a.C.) e o início do primeiro milênio a.C.
(c. 900–650 a.C), além de considerações sociológicas à respeito da época, argumenta-se
que Moisés foi mesmo o mediador tanto da aliança do Sinai (Êxodo-Levítico) quanto de
sua renovação (Deuteronômio).

Outro ponto a destacar é que essas leis do mundo antigo consistem em um TRÍP-
TICO – isto é, UM CÓDICE FEITO (UMA COLEÇÃO) DE TRÊS PLACAS – DE NORMAS
QUE REGULAM OS RELACIONAMENTOS: leis, que governam as interações entre os
membros de um grupo; tratados, que regulam as relações entre dois grupos politica-
mente distintos (ou entre senhor e servo); e alianças, que regulam o relacionamento en-
tre um grupo e a divindade que o governa. Assim, a aliança é “religiosa”, pois serve à di-
vindade por meio da adoração; a aliança é também “social”, já que inclui normas para a
vida prática (lei); e, por m, “política”, pois a divindade assume o papel de soberano ex-
clusivo sobre o grupo.

Agora, a singularidade da lei mosaica.

COM EXCEÇÃO DE ISRAEL, não há registros de nenhuma outra religião do antigo


Oriente Próximo que tenha rmado uma aliança entre um deus e seu povo. Por isso, não
há menção de um povo que tenha a santidade como distintivo, re etindo a santidade de
seu deus. Apenas Israel. NO ENTANTO, do ponto de vista formal, a lei entregue no Sinai
— quando considerada em sua totalidade a partir de Êxodo 20, juntamente com o livro
de Levítico e de Números, e sua renovação nas planícies de Moabe (em Deuteronômio)
— [a lei entregue no Sinai] apresenta sim uma mescla das formas jurídicas existen-
tes no antigo Oriente Próximo. Ela combina elementos de leis do terceiro milênio e iní-

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cio do segundo milênio a.C. com tratados entre senhores e servos que surgiram a partir
do nal desse período.

Isso, de maneira alguma, coloca a lei de Deus como apenas mais uma entre as leis
vigentes no mundo antigo, tampouco a torna um plágio. Pelo contrário, evidencia tanto a
graça comum de Deus quanto a tendência humana de perverter a verdade.

Pense comigo.

A graça comum de Deus é percebida nas formas jurídicas existentes no antigo


Oriente Próximo, sobretudo as que foram inseridas na lei de Moisés. — Como? — Ora, é
possível que, através da tradição oral, a revelação divina tenha sido transmitida de Adão
até os dias de Moisés, de geração em geração, e assim se espalhado. Quando não ocor-
reu dessa maneira, a lei de Deus, gravada no coração de todos os homens, em todas as
épocas e lugares, foi, de fato, de algum modo transmitida e, assim, disseminada pelo
mundo. Tudo isso se percebe nas formas jurídicas existentes no antigo Oriente Próximo.

Por outro lado, a perversão da verdade pelo homem, quando entregue a si


mesmo, é uma consequência natural. O homem distorce os propósitos divinos que foram
revelados por meio da tradição oral. Ele também distorce a aplicação da lei de Deus gra-
vada no coração humano, o que explica as diversas formas de perversões encontradas
nas tradições e leis do mundo antigo, inclusive naquelas vigentes nos dias de Moisés.

Assim, a existência de leis, tratados e alianças no antigo Oriente Próximo não di-
minui o valor da lei dada por Deus a Moisés e a Israel. Pelo contrário, essa diversidade
legal exigiu a introdução do padrão de verdade revelado pelo próprio Deus ao homem. E
é exatamente isso que encontramos na lei de Moisés: o diapasão divino da verdade.

Os Dez Mandamentos

Os Dez Mandamentos ou Dez Palavras (Êxodo 20.1-17) constituem a primeira das


três partes da lei mosaica. A segunda parte abrange os “estatutos” (Êxodo 20.18—
24.18), que detalham normas ou regra, que, de fato, regulamentam a forma de convivên-
cia e comportamento do povo – assunto que abordaremos na próxima mensagem, sob o
título Os Regulamentos de Deus. A terceira e última parte da lei mosaica trata das ins-
truções sobre a “liturgia” (Êxodo 25.1—Levítico 27.34) e dos preparativos para a conti-

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nuidade da jornada no deserto (Números 1.1—10.10). Além disso, outras leis serão pro-
mulgadas ao longo da peregrinação entre o Sinai e Moabe, sendo que, em Deuteronô-
mio, a aliança será renovada, rea rmando o compromisso do povo com Deus.

Destacam-se três aspectos principais na lei de Deus: [1.] o relacionamento


correto do homem com Deus, [2.] o relacionamento apropriado entre os homens e [3.] o
povo de Deus reunido em adoração. A lei, portanto, aborda santidade, comunidade e
adoração, estabelecendo a base para uma vida em conformidade com a vontade divina.
Ela é, obviamente, muito boa, pois não apenas orienta os relacionamentos com Deus e o
próximo, mas também re ete a santidade de Deus e seu desejo de formar uma comuni-
dade justa e adoradora. Através da lei, o povo de Deus é chamado a viver em santidade
e comunhão, demonstrando a bondade e sabedoria divinas em todas as áreas da vida.

Agora, sim, os Dez Mandamentos ou as Dez Palavras.

Os Dez Mandamentos são introduzidos por um preâmbulo – um relatório prelimi-


nar – que enfatiza o papel do SENHOR como libertador, ao lembrar que foi ele próprio
quem resgatou Israel da escravidão no Egito. Esse ato de libertação não só confere a
Deus o direito de exigir a obediência do povo, mas também constitui um chamado à fé e
à con ança no Deus que os redimiu e, portanto, os preservaria.

Êxodo 20.1-2 (NVT)


1Então o Senhor deu ao povo todas estas palavras:

2“Eu sou o Senhor, seu Deus, que o libertou da terra do Egito, onde você era escravo.

DADO IMPORTANTE. Fica claro em várias passagens bíblicas que o cumprimen-


to da lei de Moisés ou a obediência à lei de Moisés deveria ser buscado como fruto da
fé. Isso é muito importante porque demonstra que, desde o princípio, mesmo antes da lei
e, depois, com a própria lei, tudo sempre foi pela graça, por meio da fé. Nunca houve um
tempo em que se vivesse apenas pela lei e, depois, pela graça. Jamais. Sempre foi gra-
ça, sempre foi pela fé. Aqui estão apenas dois exemplos claros:

Números 14.11 (NVT) e o SENHOR disse a Moisés: “Até quando este povo me tra-
tará com desprezo? Será que nunca confiarão em mim, mesmo depois de todos os si-
nais que realizei entre eles?

Deuteronômio 1.32-33 (NVT) 32“No entanto, mesmo depois de tudo que ele fez,
vocês se recusaram a confiar no SENHOR, seu Deus, 33que vai adiante de vocês bus-

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cando lugares para acamparem e guiando-os com uma coluna de fogo durante a noite e
uma coluna de nuvem durante o dia.

Mais tarde, ao interpretar a história dos fracassos de Israel no deserto, o salmista


atestou o seguinte:

Salmo 78.15-22 (NVT) 15No deserto, partiu as rochas para lhes dar água, como a
que jorra de um manancial. […] 17Ainda assim, continuaram a pecar contra ele e se
rebelaram contra o Altíssimo no deserto. 18Puseram Deus à prova em seu coração […]
22pois não creram em Deus nem confiaram em seu cuidado.

Os profetas também entenderam que a lei deveria ser cumprida por fé, pois, de
outro modo, o ato de cumpri-la não passaria de orgulho e vaidade, à semelhança dos
povos pagãos que não viviam pela fé. Con ra, por exemplo, Habacuque 2.4 (ARA): “Eis
o soberbo! Sua alma não é reta nele [NVT: ‘em si mesmos con am’]; mas o justo viverá
pela sua fé [NVT: ‘viverá por sua delidade a Deus.’].”

Mais tarde, o apóstolo Paulo, ao olhar para o Antigo Testamento, também com-
preendeu, tal como os profetas que chamaram Israel de volta para o livro da lei de Deus,
que a lei se cumpre pela fé em Deus. Con ra:

Romanos 4.11-17 (NVT)


11A circuncisão era um sinal de que Abraão já possuía fé e de que Deus já o havia

declarado justo, mesmo antes de ele ser circuncidado. Portanto, Abraão é o pai daque-
les que têm fé mas não foram circuncidados. Eles são considerados justos por causa de
sua fé. 12E Abraão também é o pai daqueles que foram circuncidados, mas somente se
tiverem o mesmo tipo de fé que Abraão tinha antes de ser circuncidado.
13A promessa de que Abraão e seus descendentes herdariam toda a terra não se ba-

seou em sua obediência à lei de Deus, mas sim no fato de ele ter sido considerado justo
quando teve fé. […]
16É por isso que a promessa vem pela fé, para que ela seja segundo a graça e, assim,

alcance toda a descendência de Abraão, não somente os que vivem sob a lei, mas todos
que têm fé como a que teve Abraão. Pois ele é o pai de todos que creem. 17Conforme
aparece nas Escrituras: “Eu o fiz pai de muitas nações”. Isso aconteceu porque Abraão
creu no Deus que traz os mortos de volta à vida e cria coisas novas do nada.

Cumprir ou obedecer os mandamentos de Deus deveria ser o fruto natural da fé —


uma fé que se alimenta dos poderosos e graciosos atos de Deus, como já havia aconte-
cido no passado. Os feitos divinos, demonstrados repetidamente na história de Israel,
serviam de base para a con ança e obediência do povo, mostrando que a resposta à lei
deveria sempre brotar de um coração que crê por se lembrar da graça e provisão de
Deus. Por exemplo, Êxodo 14.31 (NVT): “Quando o povo de Israel viu o grande poder do

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SENHOR contra os egípcios, encheu-se de temor diante dele e passou a con ar no SE-
NHOR e em seu servo Moisés.”

Pode-se a rmar com segurança que o centro da teologia bíblica é a mensagem


de que a vontade de Deus deve ser cumprida – pela fé em Deus – para a glória dele pró-
prio. A expressão mais importante dessa vontade se encontra nos Dez Mandamentos,
os quais, por sua profundidade e relevância, merecem os seguintes destaques.

Os Dez Mandamentos podem ser divididos em três categorias principais. I—III: Os


três primeiros tratam diretamente de Deus e da adoração que lhe é devida; V—X: os seis
últimos dizem respeito ao relacionamento com o próximo e ao cuidado com as outras
pessoas; e IV: o quarto mandamento (sobre o sábado) serve como uma transição.

I—IV: Os quatro primeiros mandamentos são acompanhados de justi cativas, pois


estabelecem leis únicas que diferenciam Israel e seu Deus de qualquer outra nação.

V—X: Já os seis últimos são apresentados sem qualquer justi cativa. Outra coisa:
exceto, talvez, o décimo mandamento, a maioria dessas leis é encontrada sim em diver-
sas culturas, uma vez que proibições contra assassinato, roubo e adultério são essenci-
ais para a sobrevivência de qualquer sociedade. Essas normas fazem parte da lei moral
inscrita na consciência humana, e, por isso, são apresentadas de forma direta, sem ne-
cessidade de explicação adicional.

Os Mandamentos em Relação a Deus

Êxodo 20.3-7 (NVT)


3“Não tenha outros deuses além de mim.

4“Não faça para si espécie alguma de ídolo ou imagem de qualquer coisa no céu, na

terra ou no mar. 5Não se curve diante deles nem os adore, pois eu, o Senhor, seu Deus,
sou um Deus zeloso. Trago as consequências do pecado dos pais sobre os filhos até a
terceira e quarta geração dos que me rejeitam, 6mas demonstro amor por até mil gera-
ções dos que me amam e obedecem a meus mandamentos.
7“Não use o nome do Senhor, seu Deus, de forma indevida. O Senhor não deixará

impune quem usar o nome dele de forma indevida.

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O Mandamento de Transição

Êxodo 20.8-11 (NVT)


8“Lembre-se de guardar o sábado, fazendo dele um dia santo. 9Você tem seis dias na

semana para fazer os trabalhos habituais, 10mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, seu
Deus. Nesse dia, ninguém em sua casa fará trabalho algum: nem você, nem seus filhos
e filhas, nem seus servos e servas, nem seus animais, nem os estrangeiros que vivem
entre vocês. 11O Senhor fez os céus, a terra, o mar e tudo que neles há em seis dias; no
sétimo dia, porém, descansou. Por isso o Senhor abençoou o sábado e fez dele um dia
santo.

ESTE É UM MANDAMENTO DE TRANSIÇÃO: é santo para Deus, e é santo porque


aponta que os seres humanos devem entrar em descanso eterno com ele. O apóstolo
Paulo, portador de revelação progressiva, adicional da parte de Deus, escreveu assim,

Colossenses 2.16-17 (NVT)


Portanto, não deixem que ninguém os condene pelo que comem ou bebem, ou por
não celebrarem certos dias santos, as cerimônias da lua nova ou os sábados. Pois essas
coisas [“lei”] são apenas sombras da realidade futura, e o próprio Cristo é essa realidade.

Portanto, Cristo é o cumprimento do dia de descanso, e por meio dele nós entramos no
descanso eterno com Deus. Cristo é também o cumprimento de todas as outras regula-
mentações cerimoniais: rituais, alimentação, circuncisão, etc.

Embora – por causa de Cristo – a guarda do dia de descanso já não seja uma ca-
racterística distintiva do povo de Deus, a maioria das razões para observá-lo ainda per-
manece válida. Principalmente, embora não estejamos mais debaixo das leis cerimoniais
de Israel— e a Bíblia não ordene ao cristão que guarde o sábado —, há em nosso cora-
ção o desejo e a necessidade de separar um dia, santi cando-o para descanso, adora-
ção e re exão. Portanto, a pessoa que se sente inclinada a trabalhar sete dias por sema-
na deve re etir sobre qual deus ela realmente está adorando.

As funções do sétimo dia ou do sábado, agora se cumprem no primeiro dia da


semana, quando celebramos a ressurreição de Cristo dentre os mortos: o domingo. De
fato, os crentes no Cristo ressurreto passaram a se reunir no primeiro dia da semana, o
dia do Senhor (Ap 1.10). Nesses encontros, partiam o pão, liam, ensinavam e estudavam
as Escrituras (Jo 20.1, 19-23; At 20.7; 1Co 16.2), celebrando a ressurreição de seu Se-
nhor, que abrira com sua vida, morte e ressurreição a porta do descanso. Ele mesmo,
Cristo, disse em Mateus 11.28-29 (ARA): “Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei […] e achareis descanso para a vossa alma.”

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Os Mandamentos em Relação aos Homens

Êxodo 20.12-17 (NVT)


12“Honre seu pai e sua mãe. Assim você terá vida longa e plena na terra que o Se-

nhor, seu Deus, lhe dá.


13“Não mate.

14“Não cometa adultério.

15“Não roube.

16“Não dê falso testemunho contra o seu próximo.

17“Não cobice a casa do seu próximo. Não cobice a mulher dele, nem seus servos ou

servas, nem seu boi ou jumento, nem qualquer outra coisa que lhe pertença”.

Os Dez Mandamentos, ou Dez Palavras, resumem os relacionamentos que Israel


deveria manter tanto com o Senhor quanto entre si, como povo da aliança (Êx 20.3-17).
Esses mandamentos estabeleceram as bases para a delidade a Deus e para a convi-
vência harmoniosa entre os membros da comunidade da aliança. Eles devem ser a base
sólida para toda e qualquer lei criada pelo ser humano, independentemente da cultura.

A Resposta do Povo da Aliança: Temor e Fé

Diante da manifestação direta do SENHOR no monte Sinai, Israel reagiu com te-
mor e admiração, reconhecendo a santidade e o poder de Deus. O povo, profundamente
impactado pela majestade divina, demonstrou reverência diante da grandeza do Senhor.

Êxodo 20.18-21 (NVT)


18Quando o povo ouviu os trovões e o som forte da trombeta, e quando viu o clarão

dos raios e a fumaça que subia do monte, ficou a distância, tremendo de medo.
19Disseram a Moisés: “Fale você conosco e ouviremos; mas não deixe que Deus nos

fale diretamente, pois morreríamos!”.


20Moisés respondeu: “Não tenham medo, pois Deus veio desse modo para prová-los

e para que o temor a ele os impeça de pecar”.


[Deus os estava ensinando a viver com temor e pela fé]
Deuteronômio 6.1-3 (NVT) 1“Estes são os mandamentos, os decretos
e os estatutos que o SENHOR, seu Deus, me encarregou de lhes ensi-
nar. Não deixem de cumpri-los na terra que em breve vocês possuirão.
2Vocês, seus filhos e netos temerão o SENHOR, seu Deus, enquanto

viverem. Se obedecerem a todos os seus decretos e mandamentos, des-


frutarão de vida longa. 3Ouça com atenção, Israel, e tenha o cuidado
de obedecer. Então tudo irá bem com vocês e terão muitos filhos na
terra que produz leite e mel com fartura, exatamente como lhes pro-
meteu o SENHOR, o Deus de seus antepassados.
21Enquanto o povo continuava a distância, Moisés se aproximou da nuvem escura

onde Deus estava.

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A Adoração do Povo da Aliança

Uma vez apresentados os Dez Mandamentos (Êx 20.3-17) e o que se requer do


povo da aliança, isto é, temor e fé (Êx 20.18-21), e antes de se passar aos Regulamentos
de Deus (Êx 21.1—24.18), encontra-se o que poderíamos chamar de prólogo (Êx
20.22-26) para o que se seguirá – e o que se seguirá serão estatutos, regulamentos ou
leis que regerão os relacionamentos interpessoais.

Esse prólogo (Êx 20.22-26) remete o povo da aliança aos mandamentos referentes
a Deus nos Dez Mandamentos (Êx 20.3-7), destacando que tudo o mais no Livro da Lei
será um desdobramento da adoração correta ao Senhor. Ou seja, o culto de Israel
deve re etir a exclusividade, a glória e a santidade de Deus, em vez de promover a idola-
tria, exaltar o homem ou outros deuses e estimular a sensualidade.

Êxodo 20.22-26 (NVT)


22O SENHOR disse a Moisés: “Diga ao povo de Israel: Vocês viram com os próprios

olhos que eu lhes falei do céu. 23Lembrem-se de que não devem fazer ídolos de prata
ou ouro que tomem o meu lugar.
24“Construam para mim um altar feito de terra e nele ofereçam holocaustos e ofer-

tas de paz, sacrifícios de ovelhas e bois. Em todo lugar onde eu exaltar meu nome,
construam um altar. Eu virei até vocês e os abençoarei. 25Se usarem pedras para cons-
truir meu altar, que sejam apenas pedras inteiras, em sua forma natural. Não alterem a
forma das pedras com alguma ferramenta, pois isso tornaria o altar impróprio para o
uso sagrado. 26E não usem degraus para chegarem diante do meu altar, para que sua
nudez não seja exposta.”

Deus lhes diz a quem deveriam adorar: somente a ele, o Senhor. Deus também
lhes ensina como adorá-lo: com simplicidade (v. 24a, 25), sacrifícios (v. 24b), sem a ideia
de lugares sagrados (v. 24c), sem idolatria (v. 25) e com toda pureza e santidade (v. 26).

Tendo explicado a quem e como deveriam adorar, Deus não desejava apenas que
Israel não adorasse deuses pagãos; o Senhor também queria que o povo da aliança
não adorasse como os pagãos adoravam.

Os modestos altares feitos de terra ou de pedras inteiras visavam, pelo menos,


dois propósitos: evitar a ostentação e a idolatria. Walter Kaiser, eminente estudioso do
Antigo Testamento, escreveu em seu comentário sobre Êxodo que altares de pedra não
deveriam ser talhados com “alguma ferramenta” (v. 25), possivelmente para que ninguém
pudesse transformá-los em uma imagem ou outro tipo de fetiche. Assim, combatia-se a

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idolatria. Além disso, visava-se impedir que o altar se tornasse “impróprio para o uso sa-
grado” (v. 25b). Mas o que isso signi ca?

Philip Ryken, em seu Comentário Expositivo Reformado: Êxodo, escreveu que um


altar feito de pedras caras e esteticamente agradáveis seria um tributo à habilidade hu-
mana, mas, do ponto de vista do Senhor, seria profanado, pois desviaria a atenção de
Deus e de sua graça para o homem e sua performance. Os altares pagãos, por exemplo,
eram construídos com materiais caros e e muito bem talhados para se exibir. No entanto,
Deus ordenou a Israel que construísse o altar de terra ou de pedras inteiras. O Senhor
não queria que o coração da adoração fosse desviado. Se um altar fosse ornamentado e
custoso, alguém poderia ser tentado a adorar o próprio altar ou a habilidade de quem o
construiu! Assim, o altar deveria ser simples — apenas pedras ajustadas em um retângu-
lo à altura da cintura, sobre o qual se colocaria madeira para queimar o sacrifício.

Degraus não deveriam ser construídos para acessar o altar. A razão é que a veste
solta e esvoaçante, lá em cima, poderia expor a nudez da pessoa que conduzisse o sa-
crifício. Mais tarde, quando altares com degraus foram permitidos (Lv 9.22; Ez 43.13-17),
os sacerdotes foram instruídos a usar calções de linho (Êx 28.40-42; Ez 44.18).

O que se aprende com isso?

Nada nos cultos de adoração deve promover idolatria, ostentação ou sensuali-


dade. Deve-se evitar intencionalmente o que é extravagante ou excessivamente orna-
mentado. Da mesma forma, deve-se evitar a exposição ou o relevo de partes do corpo
que possam provocar sensualidade. Deus deve ser o foco da adoração, não um prédio
ou mesmo um líder. Deus se deleita no louvor de seu povo, quer eles se reúnam em tem-
plos ou catedrais, quer em uma cabana de barro ou sob uma árvore em qualquer lugar.
Estruturas impressionantes, habilidades artísticas, posturas extravagantes, comporta-
mentos inadequados ou vestes sensuais jamais devem capturar nossos corações e nos
afastar do verdadeiro objeto da adoração: o Deus triúno.

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As Tábuas de Pedra:
Reflexo da Majestade de Deus
As Tábuas de Pedra, ou, se preferir, Os Dez Mandamentos, ou ainda, se desejar ser mais
literal, As Dez Palavras, colocam-nos à sombra da majestade de Deus. Lembrando que
este é o investimento mais valioso da vida: chegar-se à majestade de Deus, frente a fren-
te, cara a cara. Esses mandamentos não são meramente um conjunto de regras, mas
uma revelação do caráter divino e uma expressão da vontade soberana de Deus para o
seu povo. Eles re etem a santidade e o poder do Deus que os proclamou, e são um con-
vite para vivermos em obediência, pela fé, à luz da grandeza de sua presença e no poder
de sua graça.

Concluindo, uma estrutura detalhada que explora a profunda relação dos Dez
Mandamentos com o caráter de Deus, o evangelho e o Novo Testamento.

I. Considere o Deus Santo que Proclamou os Mandamentos (Êxodo 19.1–20.1)

A. O Chamado de Deus (Êxodo 19.1-6)

Deus chamou Israel para ser seu povo santo, estabelecendo o fundamento da ali-
ança e revelando seu propósito: uma nação de sacerdotes e uma possessão exclusiva.

B. A Santidade de Deus (Êxodo 19.7-25)

A preparação para a entrega da lei destaca a santidade e a majestade de Deus. A


manifestação no Sinai demonstra o poder de Deus e a seriedade do momento, preparan-
do o povo para receber Seus mandamentos.

II. Considere o Padrão do Evangelho nos Dez Mandamentos (Êxodo 20.1-2)

Antes de apresentar os mandamentos, Deus a rma Sua identidade como o liber-


tador de Israel: “Eu sou o Senhor, seu Deus, que o tirou da terra do Egito, onde você era
escravo.” Da mesma forma, o evangelho começa com a obra de Deus, que nos liberta do
pecado antes de exigir obediência. A obediência, portanto, não é a base da libertação,
mas seu fruto. Deus nos liberta, e a nossa obediência surge como resposta a essa graça.

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III. Considere a Estrutura dos Dez Mandamentos (Êxodo 20.3-17)

Os Dez Mandamentos estão divididos em duas partes: a primeira seção trata do


relacionamento do homem com Deus (mandamentos 1 a 4), e a segunda trata do relacio-
namento entre as pessoas (mandamentos 5 a 10). Essa divisão re ete o duplo amor exi-
gido por Deus — amor a Deus e amor ao próximo. Essa é a essência do evangelho.

IV. Considere os Atributos de Deus Revelados em Cada um dos Dez Mandamen-


tos (Êxodo 20.3-17)

1. O Primeiro Mandamento (Êxodo 20.3) — “Não terás outros deuses além de


mim”. Re ete a soberania e supremacia de Deus. Ele é o único digno de adoração, e
esse mandamento revela seu direito absoluto sobre nossa lealdade.

2. O Segundo Mandamento (Êxodo 20.4-6) — “Não farás para ti imagem de es-


cultura”. Proíbe a idolatria e re ete o zelo de Deus por sua santidade. Ele não permite
que sua glória seja compartilhada com ídolos e exige devoção pura, livre de qualquer
distorção em imagem ou escultura.

3. O Terceiro Mandamento (Êxodo 20.7) — “Não tomarás o nome do Senhor, teu


Deus, em vão”. A santidade do nome de Deus é enfatizada aqui. O nome de Deus é
sagrado. Portanto, o uso correto de seu nome re ete reverência e temor piedoso.

4. O Quarto Mandamento (Êxodo 20.8-11) — “Lembra-te do dia de sábado,


para o santi car”. Este mandamento re ete o descanso e a ordem da criação, lem-
brando a soberania de Deus sobre o tempo. É um convite para descansar na provisão
de Deus e relembrar a sua obra criadora e, principalmente, salvadora.

5. O Quinto Mandamento (Êxodo 20.12) — “Honra teu pai e tua mãe”. Re ete a
autoridade de Deus delegada à família. A estrutura familiar está no centro da ordem
social, e o respeito à autoridade começa no lar.

6. O Sexto Mandamento (Êxodo 20.13) — “Não matarás”. Re ete o valor da


vida, dado por Deus. Cada vida humana tem dignidade porque é criada à imagem de
Deus, e o assassinato é uma violação direta desse valor.

[Êxodo: A Redenção, msg. no 6] Página 12 de 14 Pr. Leandro B. Peixoto


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O Livro da Lei Êxodo 20.1-26 [6 de outubro 2024]

7. O Sétimo Mandamento (Êxodo 20.14) — “Não adulterarás”. Re ete a delida-


de no casamento, que é um re exo da aliança de Deus com seu povo. O casamento
é sagrado, e a in delidade é uma quebra dessa aliança.

8. O Oitavo Mandamento (Êxodo 20.15) — “Não furtarás”. Re ete o respeito


pela propriedade alheia e a justiça de Deus. O furto destrói a con ança e a paz na
comunidade.

9. O Nono Mandamento (Êxodo 20.16) — “Não dirás falso testemunho contra o


teu próximo”. Re ete a verdade e a justiça que devem governar as relações humanas.
A verdade é fundamental para a justiça e para o caráter de Deus.

10. O Décimo Mandamento (Êxodo 20.17) — “Não cobiçarás”. Re ete o conten-


tamento e a pureza do coração que Deus deseja em seu povo. Este mandamento re-
vela que o pecado não é apenas externo, mas nasce nos desejos internos – dos ído-
los do coração.

V. Considere como os Escritores do Novo Testamento Enfatizam os Dez Man-


damentos

Os escritores do Novo Testamento rea rmam a lei como princípios morais contí-
nuos. Jesus, Paulo e Tiago ensinam que a lei é cumprida no amor (Rm 13.8-10, Tg
2.8-12). O chamado para viver de acordo com a lei continua relevante, mas agora é en-
tendido à luz da fé em Cristo, pelo poder do Espírito Santo.

VI. Veja Como Jesus os Cumpre

Jesus não apenas con rma os mandamentos, mas os aprofunda. Ele ensina que o
verdadeiro cumprimento da lei vai além da obediência externa e alcança o coração. Por
exemplo, Jesus amplia o sexto mandamento ao ensinar que até mesmo a ira contra o
próximo é uma forma de assassinato (Mt 5.21-22), e o sétimo mandamento ao a rmar
que o adultério começa no olhar cobiçoso (Mt 5.27-28).

Jesus cumpre a lei perfeitamente e oferece seu cumprimento a nós. Em Cristo, os


mandamentos se tornam não apenas um código moral, mas uma expressão de nossa
nova vida de fé, movida pela graça e capacitada pelo Espírito Santo.

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O Livro da Lei Êxodo 20.1-26 [6 de outubro 2024]

Romanos 8.3-4 (NVT)


3A lei não era capaz de nos salvar por causa da fraqueza de nossa natureza humana,

por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança de
nossa natureza humana pecaminosa e apresentá-lo como sacrifício por nosso pecado.
Com isso, declarou o fim do domínio do pecado sobre nós, 4de modo que nós, que ago-
ra não seguimos mais nossa natureza humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as
justas exigências da lei.

Hoje, nos encontramos face a face com Deus, não por meio de Moisés, mas atra-
vés de Cristo. Ele não apenas nos chama a Si — “vinde a mim…” — mas é, ele próprio, o
re exo da glória de Deus e a expressão exata do seu ser. Em Cristo, contemplamos ple-
namente a presença e a essência divina, revelada em toda a sua glória. E contemplá-lo,
pela fé, é o maior investimento da vida!

S.D.G. L.B.Peixoto

[Êxodo: A Redenção, msg. no 6] Página 14 de 14 Pr. Leandro B. Peixoto


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