Exodo - 20-1-26 - O-Livro-da-Lei - Leandro Peixoto
Exodo - 20-1-26 - O-Livro-da-Lei - Leandro Peixoto
Exodo - 20-1-26 - O-Livro-da-Lei - Leandro Peixoto
Peixoto
www.sibgoiania.org
13 de outubro de 2024
______________________________________________________________
[Êxodo: A Redenção]
Mensagem no 6
O Livro da Lei
A Entrega da Lei
Lei. Nós não gostamos de “lei”. Para nós, a lei só é boa quando resguarda os nossos di-
reitos e refreia aqueles que nos causam mal. No entanto, os aspectos da lei que tratam
dos nossos deveres e delimitam os nossos limites, muitas vezes, tendemos a infringir, ul-
trapassar ou encontrar uma solução improvisada – o famoso “jeitinho brasileiro”. Não é
de se estranhar, portanto, que estamos onde estamos enquanto povo e nação. Precisa-
mos, com urgência, aprender a fazer bom uso da lei, especialmente da lei de Deus, visto
que ela nos conduz a Cristo para a salvação e a santi cação, e nos capacita a construir e
manter em ordem quaisquer instituições e civilizações.
Em nosso estudo do Livro de Êxodo, chegamos ao Livro da Lei. Aqui, Deus come-
çará a entregar a lei a Moisés. Antes de avançarmos, contudo, é importante esclarecer o
uso do termo “lei” na Bíblia Sagrada.
Bruce Waltke informa que a tradução tradicional de tôrâ por lex (Agostinho), Ge-
setz (Lutero) e “lei” (nos vários idiomas) induz a uma interpretação equivocada, pois, no
mundo ocidental, o conceito de “lei” tem suas raízes no direito romano. Consequente-
mente, em nossa cultura, o termo “lei” evoca um código impessoal e obrigatório de con-
duta, cujo cumprimento é garantido pela imposição de penalidades por uma autoridade
fi
O Livro da Lei Êxodo 20.1-26 [6 de outubro 2024]
Com base em análises de leis, tratados e alianças do antigo Oriente Próximo, da-
tados entre o terceiro milênio a.C. (c. 2500–2300 a.C.) e o início do primeiro milênio a.C.
(c. 900–650 a.C), além de considerações sociológicas à respeito da época, argumenta-se
que Moisés foi mesmo o mediador tanto da aliança do Sinai (Êxodo-Levítico) quanto de
sua renovação (Deuteronômio).
Outro ponto a destacar é que essas leis do mundo antigo consistem em um TRÍP-
TICO – isto é, UM CÓDICE FEITO (UMA COLEÇÃO) DE TRÊS PLACAS – DE NORMAS
QUE REGULAM OS RELACIONAMENTOS: leis, que governam as interações entre os
membros de um grupo; tratados, que regulam as relações entre dois grupos politica-
mente distintos (ou entre senhor e servo); e alianças, que regulam o relacionamento en-
tre um grupo e a divindade que o governa. Assim, a aliança é “religiosa”, pois serve à di-
vindade por meio da adoração; a aliança é também “social”, já que inclui normas para a
vida prática (lei); e, por m, “política”, pois a divindade assume o papel de soberano ex-
clusivo sobre o grupo.
cio do segundo milênio a.C. com tratados entre senhores e servos que surgiram a partir
do nal desse período.
Isso, de maneira alguma, coloca a lei de Deus como apenas mais uma entre as leis
vigentes no mundo antigo, tampouco a torna um plágio. Pelo contrário, evidencia tanto a
graça comum de Deus quanto a tendência humana de perverter a verdade.
Pense comigo.
Assim, a existência de leis, tratados e alianças no antigo Oriente Próximo não di-
minui o valor da lei dada por Deus a Moisés e a Israel. Pelo contrário, essa diversidade
legal exigiu a introdução do padrão de verdade revelado pelo próprio Deus ao homem. E
é exatamente isso que encontramos na lei de Moisés: o diapasão divino da verdade.
Os Dez Mandamentos
nuidade da jornada no deserto (Números 1.1—10.10). Além disso, outras leis serão pro-
mulgadas ao longo da peregrinação entre o Sinai e Moabe, sendo que, em Deuteronô-
mio, a aliança será renovada, rea rmando o compromisso do povo com Deus.
2“Eu sou o Senhor, seu Deus, que o libertou da terra do Egito, onde você era escravo.
Números 14.11 (NVT) e o SENHOR disse a Moisés: “Até quando este povo me tra-
tará com desprezo? Será que nunca confiarão em mim, mesmo depois de todos os si-
nais que realizei entre eles?
Deuteronômio 1.32-33 (NVT) 32“No entanto, mesmo depois de tudo que ele fez,
vocês se recusaram a confiar no SENHOR, seu Deus, 33que vai adiante de vocês bus-
cando lugares para acamparem e guiando-os com uma coluna de fogo durante a noite e
uma coluna de nuvem durante o dia.
Salmo 78.15-22 (NVT) 15No deserto, partiu as rochas para lhes dar água, como a
que jorra de um manancial. […] 17Ainda assim, continuaram a pecar contra ele e se
rebelaram contra o Altíssimo no deserto. 18Puseram Deus à prova em seu coração […]
22pois não creram em Deus nem confiaram em seu cuidado.
Os profetas também entenderam que a lei deveria ser cumprida por fé, pois, de
outro modo, o ato de cumpri-la não passaria de orgulho e vaidade, à semelhança dos
povos pagãos que não viviam pela fé. Con ra, por exemplo, Habacuque 2.4 (ARA): “Eis
o soberbo! Sua alma não é reta nele [NVT: ‘em si mesmos con am’]; mas o justo viverá
pela sua fé [NVT: ‘viverá por sua delidade a Deus.’].”
Mais tarde, o apóstolo Paulo, ao olhar para o Antigo Testamento, também com-
preendeu, tal como os profetas que chamaram Israel de volta para o livro da lei de Deus,
que a lei se cumpre pela fé em Deus. Con ra:
declarado justo, mesmo antes de ele ser circuncidado. Portanto, Abraão é o pai daque-
les que têm fé mas não foram circuncidados. Eles são considerados justos por causa de
sua fé. 12E Abraão também é o pai daqueles que foram circuncidados, mas somente se
tiverem o mesmo tipo de fé que Abraão tinha antes de ser circuncidado.
13A promessa de que Abraão e seus descendentes herdariam toda a terra não se ba-
seou em sua obediência à lei de Deus, mas sim no fato de ele ter sido considerado justo
quando teve fé. […]
16É por isso que a promessa vem pela fé, para que ela seja segundo a graça e, assim,
alcance toda a descendência de Abraão, não somente os que vivem sob a lei, mas todos
que têm fé como a que teve Abraão. Pois ele é o pai de todos que creem. 17Conforme
aparece nas Escrituras: “Eu o fiz pai de muitas nações”. Isso aconteceu porque Abraão
creu no Deus que traz os mortos de volta à vida e cria coisas novas do nada.
SENHOR contra os egípcios, encheu-se de temor diante dele e passou a con ar no SE-
NHOR e em seu servo Moisés.”
V—X: Já os seis últimos são apresentados sem qualquer justi cativa. Outra coisa:
exceto, talvez, o décimo mandamento, a maioria dessas leis é encontrada sim em diver-
sas culturas, uma vez que proibições contra assassinato, roubo e adultério são essenci-
ais para a sobrevivência de qualquer sociedade. Essas normas fazem parte da lei moral
inscrita na consciência humana, e, por isso, são apresentadas de forma direta, sem ne-
cessidade de explicação adicional.
4“Não faça para si espécie alguma de ídolo ou imagem de qualquer coisa no céu, na
terra ou no mar. 5Não se curve diante deles nem os adore, pois eu, o Senhor, seu Deus,
sou um Deus zeloso. Trago as consequências do pecado dos pais sobre os filhos até a
terceira e quarta geração dos que me rejeitam, 6mas demonstro amor por até mil gera-
ções dos que me amam e obedecem a meus mandamentos.
7“Não use o nome do Senhor, seu Deus, de forma indevida. O Senhor não deixará
O Mandamento de Transição
semana para fazer os trabalhos habituais, 10mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, seu
Deus. Nesse dia, ninguém em sua casa fará trabalho algum: nem você, nem seus filhos
e filhas, nem seus servos e servas, nem seus animais, nem os estrangeiros que vivem
entre vocês. 11O Senhor fez os céus, a terra, o mar e tudo que neles há em seis dias; no
sétimo dia, porém, descansou. Por isso o Senhor abençoou o sábado e fez dele um dia
santo.
Portanto, Cristo é o cumprimento do dia de descanso, e por meio dele nós entramos no
descanso eterno com Deus. Cristo é também o cumprimento de todas as outras regula-
mentações cerimoniais: rituais, alimentação, circuncisão, etc.
Embora – por causa de Cristo – a guarda do dia de descanso já não seja uma ca-
racterística distintiva do povo de Deus, a maioria das razões para observá-lo ainda per-
manece válida. Principalmente, embora não estejamos mais debaixo das leis cerimoniais
de Israel— e a Bíblia não ordene ao cristão que guarde o sábado —, há em nosso cora-
ção o desejo e a necessidade de separar um dia, santi cando-o para descanso, adora-
ção e re exão. Portanto, a pessoa que se sente inclinada a trabalhar sete dias por sema-
na deve re etir sobre qual deus ela realmente está adorando.
15“Não roube.
17“Não cobice a casa do seu próximo. Não cobice a mulher dele, nem seus servos ou
servas, nem seu boi ou jumento, nem qualquer outra coisa que lhe pertença”.
Diante da manifestação direta do SENHOR no monte Sinai, Israel reagiu com te-
mor e admiração, reconhecendo a santidade e o poder de Deus. O povo, profundamente
impactado pela majestade divina, demonstrou reverência diante da grandeza do Senhor.
dos raios e a fumaça que subia do monte, ficou a distância, tremendo de medo.
19Disseram a Moisés: “Fale você conosco e ouviremos; mas não deixe que Deus nos
Esse prólogo (Êx 20.22-26) remete o povo da aliança aos mandamentos referentes
a Deus nos Dez Mandamentos (Êx 20.3-7), destacando que tudo o mais no Livro da Lei
será um desdobramento da adoração correta ao Senhor. Ou seja, o culto de Israel
deve re etir a exclusividade, a glória e a santidade de Deus, em vez de promover a idola-
tria, exaltar o homem ou outros deuses e estimular a sensualidade.
olhos que eu lhes falei do céu. 23Lembrem-se de que não devem fazer ídolos de prata
ou ouro que tomem o meu lugar.
24“Construam para mim um altar feito de terra e nele ofereçam holocaustos e ofer-
tas de paz, sacrifícios de ovelhas e bois. Em todo lugar onde eu exaltar meu nome,
construam um altar. Eu virei até vocês e os abençoarei. 25Se usarem pedras para cons-
truir meu altar, que sejam apenas pedras inteiras, em sua forma natural. Não alterem a
forma das pedras com alguma ferramenta, pois isso tornaria o altar impróprio para o
uso sagrado. 26E não usem degraus para chegarem diante do meu altar, para que sua
nudez não seja exposta.”
Deus lhes diz a quem deveriam adorar: somente a ele, o Senhor. Deus também
lhes ensina como adorá-lo: com simplicidade (v. 24a, 25), sacrifícios (v. 24b), sem a ideia
de lugares sagrados (v. 24c), sem idolatria (v. 25) e com toda pureza e santidade (v. 26).
Tendo explicado a quem e como deveriam adorar, Deus não desejava apenas que
Israel não adorasse deuses pagãos; o Senhor também queria que o povo da aliança
não adorasse como os pagãos adoravam.
idolatria. Além disso, visava-se impedir que o altar se tornasse “impróprio para o uso sa-
grado” (v. 25b). Mas o que isso signi ca?
Degraus não deveriam ser construídos para acessar o altar. A razão é que a veste
solta e esvoaçante, lá em cima, poderia expor a nudez da pessoa que conduzisse o sa-
crifício. Mais tarde, quando altares com degraus foram permitidos (Lv 9.22; Ez 43.13-17),
os sacerdotes foram instruídos a usar calções de linho (Êx 28.40-42; Ez 44.18).
As Tábuas de Pedra:
Reflexo da Majestade de Deus
As Tábuas de Pedra, ou, se preferir, Os Dez Mandamentos, ou ainda, se desejar ser mais
literal, As Dez Palavras, colocam-nos à sombra da majestade de Deus. Lembrando que
este é o investimento mais valioso da vida: chegar-se à majestade de Deus, frente a fren-
te, cara a cara. Esses mandamentos não são meramente um conjunto de regras, mas
uma revelação do caráter divino e uma expressão da vontade soberana de Deus para o
seu povo. Eles re etem a santidade e o poder do Deus que os proclamou, e são um con-
vite para vivermos em obediência, pela fé, à luz da grandeza de sua presença e no poder
de sua graça.
Concluindo, uma estrutura detalhada que explora a profunda relação dos Dez
Mandamentos com o caráter de Deus, o evangelho e o Novo Testamento.
Deus chamou Israel para ser seu povo santo, estabelecendo o fundamento da ali-
ança e revelando seu propósito: uma nação de sacerdotes e uma possessão exclusiva.
5. O Quinto Mandamento (Êxodo 20.12) — “Honra teu pai e tua mãe”. Re ete a
autoridade de Deus delegada à família. A estrutura familiar está no centro da ordem
social, e o respeito à autoridade começa no lar.
Os escritores do Novo Testamento rea rmam a lei como princípios morais contí-
nuos. Jesus, Paulo e Tiago ensinam que a lei é cumprida no amor (Rm 13.8-10, Tg
2.8-12). O chamado para viver de acordo com a lei continua relevante, mas agora é en-
tendido à luz da fé em Cristo, pelo poder do Espírito Santo.
Jesus não apenas con rma os mandamentos, mas os aprofunda. Ele ensina que o
verdadeiro cumprimento da lei vai além da obediência externa e alcança o coração. Por
exemplo, Jesus amplia o sexto mandamento ao ensinar que até mesmo a ira contra o
próximo é uma forma de assassinato (Mt 5.21-22), e o sétimo mandamento ao a rmar
que o adultério começa no olhar cobiçoso (Mt 5.27-28).
por isso Deus fez o que a lei era incapaz de fazer ao enviar seu Filho na semelhança de
nossa natureza humana pecaminosa e apresentá-lo como sacrifício por nosso pecado.
Com isso, declarou o fim do domínio do pecado sobre nós, 4de modo que nós, que ago-
ra não seguimos mais nossa natureza humana, mas sim o Espírito, possamos cumprir as
justas exigências da lei.
Hoje, nos encontramos face a face com Deus, não por meio de Moisés, mas atra-
vés de Cristo. Ele não apenas nos chama a Si — “vinde a mim…” — mas é, ele próprio, o
re exo da glória de Deus e a expressão exata do seu ser. Em Cristo, contemplamos ple-
namente a presença e a essência divina, revelada em toda a sua glória. E contemplá-lo,
pela fé, é o maior investimento da vida!
S.D.G. L.B.Peixoto