Fabio Limene

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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO E EMPREENDEDORISMO GWAZA

MUTHINI
Licenciatura em Saúde Pública – Laboral
Bioética e pesquisa

Fabião Roberto Limene

Resumo das aulas

Marracuene

Agosto de 2024
Ética, pesquisa e virtudes

A Bioética, como termo e campo de estudo, surgiu com o objetivo de enfrentar os


dilemas éticos associados ao desenvolvimento das ciências biomédicas e à aplicação das
novas tecnologias. Foi inicialmente introduzido pelo médico e biólogo Van Rensselaer
Potter em 1971, no seu livro ”Bioética: Ponte para o Futuro”, e rapidamente evoluiu
para um campo interdisciplinar de relevância crescente.

A origem filosófica da Bioética remonta ao pós-Segunda Guerra Mundial, em resposta


às atrocidades cometidas pelos médicos nazistas durante os experimentos humanos nos
campos de concentração, o que levou à criação do Código de Nuremberg em 1947. Este
código estabeleceu que nenhuma experiência científica pode ser realizada em seres
humanos sem o seu consentimento informado, marcando um momento crucial na
regulação ética da ciência.

Ao longo dos anos, o campo da Bioética expandiu-se para além das preocupações
iniciais sobre os direitos humanos, abrangendo também questões relativas à vida de
todos os seres animados e à proteção ambiental. Isso inclui debates sobre o uso de
animais em experimentos científicos, biotecnologia, clonagem, e a preservação

A Bioética é um campo interdisciplinar que surgiu para abordar os dilemas éticos


decorrentes do progresso científico e tecnológico, especialmente nas ciências
biomédicas. O termo foi cunhado em 1971 pelo biólogo Van Rensselaer Potter. Suas
raízes filosóficas remontam ao pós-Segunda Guerra Mundial, com o Código de
Nuremberg de 1947, que estabeleceu que nenhuma pesquisa pode ser realizada em seres
humanos sem seu consentimento. A Bioética hoje abrange temas como direitos
humanos, proteção animal e preservação ambiental, com o objetivo de guiar decisões
éticas no avanço da ciência e tecnologia.

A pesquisa científica é a busca sistemática, rigorosa e metódica de conhecimento, com o


intuito de ampliar os dados já existentes. Ela pode ser classificada de diversas maneiras,
como quanto à abordagem, podendo ser qualitativa, focada na compreensão de
fenômenos sociais, ou quantitativa, que coleta e analisa dados numéricos. Também pode
ser classificada quanto à sua natureza, sendo básica, que busca novos conhecimentos
sem aplicação prática imediata, ou aplicada, que visa solucionar problemas específicos.

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Além disso, a pesquisa pode ser exploratória, descritiva ou explicativa, dependendo dos
seus objetivos, e utiliza diferentes procedimentos como pesquisa experimental,
bibliográfica, documental, de campo, entre outros.

A ética é um elemento central na condução de pesquisas, garantindo que sejam feitas


com integridade e respeito à dignidade humana. Os princípios da pesquisa incluem
rigorosidade, objetividade, problematização, aplicação adequada de métodos e foco na
resolução de problemas práticos. O avanço científico e tecnológico traz desafios éticos,
e é essencial que a prática da pesquisa mantenha-se alinhada a esses princípios,
garantindo o bem-estar dos envolvidos e a validade dos resultados.

Durante as aulas exploramos conceitos de virtude, consciência moral e ética no contexto


da bioética e da pesquisa. A virtude é definida como “força” ou “poder de algo”,
representando um hábito ou maneira de ser que envolve esforço voluntário para fazer o
bem. Aristóteles destacou virtudes como prudência, justiça, coragem e temperança,
enquanto os cristãos distinguem virtudes cardiais (prudência, fortaleza, temperança e
justiça) e teologais (fé, esperança e caridade). Kant define virtude como “fortaleza
moral no cumprimento do dever”.

Na vida profissional, virtudes como lealdade, responsabilidade, iniciativa e criatividade


são essenciais para o sucesso. Lealdade significa agir no interesse da organização,
responsabilidade implica agir em prol dos interesses da equipe, e a iniciativa é
importante para a inovação. Honestidade e sigilo são fundamentais para manter a
confiança, enquanto competência e prudência são necessárias para tomar decisões
seguras. Coragem é essencial para enfrentar desafios e defender a justiça, e
perseverança ajuda a persistir mesmo diante de dificuldades.

Imparcialidade é destacada como essencial para a justiça, e a humildade permite


reconhecer os próprios limites e valorizar o conhecimento dos outros. também
abordamos diferentes formas de justiça, como distributiva, comunicativa e social,
enfatizando seu papel nas relações entre indivíduos e a sociedade.

Elementos da bioética

A Bioética busca resolver dilemas relacionados à vida e à morte, considerando que,


mesmo com os avanços científicos, critérios éticos devem sempre prevalecer para

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preservar a dignidade humana. A vida, sendo um dom natural, deve ser protegida e
vivida plenamente, sem intervenções que comprometam sua naturalidade. Dentro desse
contexto, a Bioética aborda questões como eutanásia, distanásia, aborto e suicídio.

Eutanásia

A eutanásia, originária das palavras gregas “eu” (bem) e “thanatos” (morte), refere-se à
ideia de “boa morte” ou, mais precisamente nos dias atuais, “morte deliberada”. Trata-se
de antecipar a morte de alguém, geralmente em estado terminal, para evitar mais
sofrimento. É uma prática antiga, defendida por filósofos como Platão e Sócrates, que
consideravam a eliminação da vida para aliviar o sofrimento em casos de doenças
incuráveis e dolorosas.

A classificação da eutanásia varia de acordo com o tipo de ação

 Eutanásia ativa: Quando uma ação deliberada, como a administração de um


medicamento letal, provoca a morte do paciente sem sofrimento.
 Eutanásia passiva: Quando não se inicia ou se interrompe um tratamento
médico, permitindo que a morte ocorra.
 Eutanásia de duplo efeito: Quando ações médicas destinadas a aliviar o
sofrimento acabam acelerando indiretamente a morte.

Quanto ao consentimento do paciente:

 Eutanásia voluntária: A morte ocorre com o consentimento do paciente.


 Eutanásia involuntária: A morte é provocada contra a vontade do paciente.
 Eutanásia não-voluntária: A morte é provocada sem o consentimento explícito
do paciente.

A eutanásia é um tema controverso, com defensores argumentando que alivia o


sofrimento dos pacientes terminais e dos seus familiares, além de reduzir os custos
sociais e econômicos com tratamentos prolongados. No entanto, a prática enfrenta forte
oposição das religiões e da Bioética, que considera a eutanásia como contrária à vida,
argumentando que a morte deve ocorrer de forma natural e não ser induzida.

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A Bioética, por sua vez, condena a eutanásia, sustentando que a vida humana tem um
valor ético intrínseco, e a prática de antecipar a morte vai contra esse princípio
fundamental.

Distanásia

A distanásia é o conceito oposto à eutanásia, referindo-se à luta excessiva pela vida, ou


seja, ao prolongamento artificial da vida de um paciente em estado terminal, muitas
vezes causando sofrimento físico ou psicológico. Enquanto a eutanásia visa uma “morte
serena”, a distanásia envolve o uso de meios tecnológicos para prolongar a vida, mesmo
que isso aumente a agonia do paciente. O termo foi proposto por Morache em 1904, e
descreve a situação em que se busca preservar a vida a qualquer custo, mesmo diante de
um quadro irreversível e doloroso.

Aborto

O aborto é a interrupção da gravidez, que pode ser classificado em três tipos:

 Aborto Espontâneo: Ocorre naturalmente, sem intervenção, por motivos como


doenças ou estresse. Geralmente, não envolve responsabilidade moral, a menos
que haja negligência da gestante.
 Aborto Provocado: Deliberado, motivado por fatores econômicos, sociais ou
psicológicos. Gera intensos debates morais e é frequentemente visto como
eticamente problemático.
 Aborto Terapêutico: Realizado para salvar a vida da mãe. É geralmente aceito
moralmente, pois visa preservar a saúde da gestante.

Socialmente, as percepções sobre o aborto variam. Embora muitos vejam a prática como
uma violação da dignidade humana, há também um reconhecimento das dificuldades
que podem levar à sua busca. A legalidade do aborto muitas vezes não se alinha com a
realidade das práticas clandestinas, refletindo um descompasso entre ética, lei e as
necessidades sociais.

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