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UNIVERSIDADE PAULISTA

ÍCARO WINSTON DE QUEIROZ PEREIRA

O SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA E OS DIREITOS


FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS:
Um estudo sobre a proteção ao trabalho no esporte

MANAUS
2024
ÍCARO WINSTON DE QUEIROZ PEREIRA

O SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA E OS DIREITOS


FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS:
Um estudo sobre a proteção ao trabalho no esporte

Trabalho de conclusão de
curso para obtenção do título
de Bacharel em Direito
apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.

Orientador (a): Prof. Fabrício


Paixão

MANAUS
2024
ÍCARO WINSTON DE QUEIROZ PEREIRA

O SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA E OS DIREITOS


FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS:
Um estudo sobre a proteção ao trabalho no esporte

Trabalho de conclusão de
curso para obtenção do título
de Bacharel em Direito
apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

____________________________________
Orientador
Prof. Fabrício Paixão
Universidade Paulista – UNIP

____________________________________
Membro da banca (1)
Prof. Título. Nome membro
Universidade Paulista – UNIP

____________________________________
Membro da banca (2)
Prof. Título. Nome membro
Universidade Paulista – UNIP
Dedico esse trabalho A minha filha que de uma
forma tão rápida mudou tudo o que eu tinha
como certeza de vida e mesmo sem saber
segurou minhas mãos e me guiou para os
caminhos do êxito.
Aos meus irmãos, pelo companheirismo, pela
cumplicidade e pelo apoio em todos os
momentos delicados da minha vida.
Aos meus pais, por toda paciência e por todo
suporte que dado desde o nascimento até
os dias de hoje.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, а Deus, qυе fez com que meus objetivos fossem
alcançados, durante todos os meus anos de estudos.
A minha filha, que mudou a minha vida e aos meus pais e irmãos, que me
incentivaram nos momentos difíceis e compreenderam a minha ausência enquanto
eu me dedicava à realização deste trabalho.
Ao professor Fabrício, por ter sido meu orientador e ter desempenhado tal
função com dedicação e amizade.
RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo analisar a atuação do


Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no contexto da proteção dos direitos
fundamentais dos atletas, com enfoque no direito ao trabalho, à dignidade e à ampla
defesa. O estudo parte do reconhecimento de que o esporte, especialmente o
futebol, possui uma relevância social e econômica significativa no Brasil, o que torna
a regulamentação jurídica desportiva essencial para assegurar o equilíbrio entre a
manutenção da disciplina nas competições e a proteção dos direitos dos
profissionais do esporte. A pesquisa explora a estrutura e função do STJD, seu
papel na regulação das infrações desportivas e as garantias processuais oferecidas
aos atletas. O trabalho discute as peculiaridades do contrato de trabalho desportivo
e os desafios enfrentados na aplicação dos direitos fundamentais, incluindo as
controvérsias envolvendo a equidade nos julgamentos, a proporcionalidade das
sanções e a compatibilidade das decisões do STJD com os princípios
constitucionais. Com base em uma análise crítica da jurisprudência e da legislação
desportiva vigente, o estudo identifica pontos de melhoria no sistema de justiça
desportiva e sugere propostas para o fortalecimento dos direitos fundamentais no
contexto desportivo. Conclui-se que, embora o STJD desempenhe um papel
essencial na administração da justiça no esporte, existem desafios a serem
superados, especialmente em relação à padronização das sanções, à transparência
das decisões e à equidade no acesso à justiça.
Palavras-chave: Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Direito Desportivo, Direitos
Fundamentais, Atletas, Direito ao Trabalho.
ABSTRACT

This thesis aims to analyze the role of the Superior Tribunal de Justiça Desportiva
(STJD) in protecting the fundamental rights of athletes, focusing on the right to work,
dignity, and the right to a fair defense. The study recognizes the significant social and
economic relevance of sports, particularly football, in Brazil, which makes legal
regulation essential to ensure the balance between maintaining discipline in
competitions and safeguarding the rights of sports professionals. The research
examines the structure and functions of the STJD, its role in regulating sports
infractions, and the procedural guarantees provided to athletes. It explores the
peculiarities of sports employment contracts and the challenges in applying
fundamental rights, including controversies regarding fairness in rulings,
proportionality of sanctions, and the compatibility of STJD decisions with
constitutional principles. Through a critical analysis of jurisprudence and existing
sports legislation, the study identifies areas for improvement in the sports justice
system and suggests proposals to strengthen fundamental rights within the sports
context. The conclusion is that, while the STJD plays an essential role in sports
justice administration, challenges remain, particularly in the standardization of
sanctions, decision-making transparency, and equitable access to justice.

Keywords: Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Sports Law, Fundamental


Rights, Athletes, Right to Work.
LISTA DE SIGLAS

STJD Superior Tribunal de Justiça Desportiva

CBJD Código Brasileiro de Justiça Desportiva


CF/88 Constituição Federal de 1988
CBF Confederação Brasileira de Futebol
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
FIFA Fédération Internationale de Football Association
TAS Tribunal Arbitral do Esporte
IAAF International Association of Athletics Federations
COI Comitê Olímpico Internacional
TJD Tribunal de Justiça Desportiva
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 10
2 O DIREITO DESPORTIVO E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS 12
2.1 Conceito de Direito Desportivo.......................................................................12
2.2 Os Direitos Fundamentais no esporte: Direito ao Trabalho, à Dignidade e à
Ampla Defesa............................................................................................................ 13
2.3 A aplicação dos Direitos Fundamentais aos Atletas Profissionais..................14
2.4 Relação entre Normas Desportivas e Constitucionais: possíveis conflitos e
harmonia....................................................................................................................14
3 O DIREITO DESPORTIVO E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS 16
3.1 Estrutura e função do Superior Tribunal de Justiça Desportiva......................16
3.3 A competência do STJD para julgar infrações e disputas desportivas...........17
3.4 A evolução histórica do STJD e seu papel na regulação do esporte no Brasil
18
4 O DIREITO AO TRABALHO E O STJD...............................................................20
4.1 O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional................................................20
4.2 O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional................................................21
4.3 O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional................................................21
4.4 O Direito à dignidade no ambiente esportivo..................................................22
4.5 Desafios na proteção do direito ao trabalho no esporte..................................23
4.6 Futuro do STJD na proteção dos direitos dos atletas.....................................23
5 O STJD E A PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS...25
5.1 A proteção ao direito de defesa e ao contraditório..........................................25
5.2 A equidade nos julgamentos do STJD: desafios e controvérsias...................26
5.3 Como o STJD assegura (ou falha em assegurar) os direitos fundamentais nas
suas decisões............................................................................................................26
5.4 Críticas ao sistema de sanções e à compatibilidade com os direitos
fundamentais dos atletas...........................................................................................27
5.5 Propostas para o fortalecimento dos direitos fundamentais no contexto
desportivo.................................................................................................................. 28
6 METODOLOGIA................................................................................................... 30
7 RESULTADOS......................................................................................................31
8 CONCLUSÃO....................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 34
10

1 INTRODUÇÃO

O Direito Desportivo no Brasil tem se consolidado como uma área autônoma


dentro da esfera jurídica, especialmente após a promulgação da Constituição
Federal de 1988, que reconheceu o desporto como um direito fundamental. A
relevância desse reconhecimento vai além do caráter recreativo, abrangendo
também o desporto como uma atividade profissional e de lazer. Dentro desse
contexto, emerge a necessidade de proteger os direitos fundamentais dos atletas,
com destaque para o direito ao trabalho, à dignidade e à segurança jurídica. O atleta
profissional, como trabalhador, tem direitos garantidos pela Constituição, e o
Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) desempenha um papel fundamental
na defesa desses direitos dentro das competições esportivas.
O STJD é o órgão máximo da Justiça Desportiva no Brasil, responsável pela
resolução de litígios e pela aplicação de sanções no âmbito desportivo. Criado para
assegurar a regularidade das competições e garantir a ordem no esporte, o tribunal
atua com base em um conjunto de normativas próprias, como o Código Brasileiro de
Justiça Desportiva (CBJD). No entanto, sua atuação tem sido objeto de debate
quanto à efetividade da proteção dos direitos fundamentais dos atletas, sobretudo no
que diz respeito à manutenção de condições dignas de trabalho e à observância de
princípios constitucionais, como o contraditório, a ampla defesa e a dignidade
humana.
Com a crescente judicialização de questões esportivas, especialmente no
futebol, o STJD tornou-se uma peça central na mediação de conflitos entre atletas e
entidades desportivas. Segundo Barros Júnior (2010), o Direito Desportivo no Brasil
tem evoluído, mas ainda enfrenta desafios significativos na conciliação entre os
interesses econômicos e a proteção dos direitos fundamentais dos atletas. A
regulamentação do desporto, embora avançada com a Lei Pelé, ainda deixa lacunas
em questões de equidade e uniformidade nas decisões judiciais, principalmente no
âmbito das infrações disciplinares.
De acordo com Schmitt (2002), o direito desportivo deve ser compreendido
como um campo que não apenas regula a conduta de atletas e entidades, mas
também zela pelos princípios constitucionais de dignidade e proteção ao trabalho. O
autor ressalta que o STJD tem a responsabilidade de equilibrar os interesses
econômicos das competições com a proteção dos direitos fundamentais, tarefa que,
11

muitas vezes, enfrenta desafios complexos, principalmente em relação à


proporcionalidade das avaliações aplicadas às atribuições.
Outro ponto central é a aplicação de avaliações esportivas e sua
compatibilidade com os direitos dos atletas. Ramos (2009) defende que as decisões
do STJD nem sempre refletem a devida atenção aos princípios do contraditório e da
ampla defesa, especialmente em situações onde a rapidez dos julgamentos pode
comprometer a defesa adequada dos atletas. Isso levanta preocupações sobre a
harmonização entre a justiça desportiva e os princípios constitucionais, exigindo que
o tribunal adote uma postura mais rigorosa na garantia dessas garantias
processuais.
Por fim, é importante ressaltar a necessidade de aprimoramento das normas
esportivas vigentes para fortalecer os direitos fundamentais no esporte. Segundo
Romita (2007), o direito desportivo imposto precisa evoluir para garantir que as
avaliações do STJD sejam cumpridas integralmente com os direitos garantidos pela
Constituição Federal, evitando que os atletas sejam prejudicados por decisões
desproporcionais ou arbitrárias. A implementação de uma maior padronização nas
decisões e o reforço da transparência nas práticas do tribunal são essenciais para
garantir o respeito aos direitos fundamentais dos profissionais do esporte.
A escolha deste tema se justifica pela crescente judicialização das questões
esportivas e a complexidade envolvida na conciliação entre as exigências
competitivas do esporte de alto rendimento e a proteção dos direitos dos atletas,
que, por sua vez, são trabalhadores inseridos em um contexto peculiar. O esporte,
especialmente o futebol, movimenta grandes quantidades de recursos financeiros e
envolve interesses econômicos significativos, o que pode, em algumas situações,
levar à relativização dos direitos trabalhistas dos atletas. Nesse cenário, o STJD tem
a responsabilidade de atuar como um guardião dos direitos dos profissionais do
esporte, garantindo que suas decisões estejam em consonância com os princípios
fundamentais consagrados na Constituição Federal.
O problema central deste trabalho é a investigação sobre como o STJD garante
ou compromete os direitos fundamentais dos atletas em suas decisões. Até que
ponto o tribunal atua de forma a proteger o direito ao trabalho digno e a segurança
jurídica dos atletas? E em que medida suas decisões podem, eventualmente,
comprometer esses direitos em prol de outros interesses, como os econômicos e
institucionais? O presente estudo busca responder a essas questões por meio de
12

uma análise crítica da jurisprudência do STJD e da legislação desportiva vigente.


2 O DIREITO DESPORTIVO E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS

1.1 Conceito de Direito Desportivo

O Direito Desportivo é um ramo especializado do Direito, cuja função é


regular as relações jurídicas que envolvem o esporte, englobando tanto os direitos e
deveres dos atletas quanto as normas que disciplinam as competições e a atuação
das entidades esportivas. Trata-se de uma área que evoluiu de forma significativa no
Brasil, especialmente a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, que
elevou o desporto ao status de direito social fundamental, conforme disposto no
artigo 217. O Direito Desportivo abrange uma vasta gama de questões jurídicas,
incluindo contratos de trabalho, transferências de atletas, doping, violência nos
estádios e outras infrações disciplinares. Para Galindo (2016, p.1) “[...] o futebol se
transformou em uma grande força econômica que movimenta exuberantes quantias
por todo o mundo.
Álvaro Melo Filho define o Direito Desportivo como uma “criatura da lei”,
destacando que nenhuma outra atividade humana está tão entrelaçada com o direito
quanto o desporto, visto que abarca uma série de normativas que regulam desde o
funcionamento das competições até as relações contratuais entre atletas e clubes. A
Lei Pelé (Lei nº 9.615/98) é o principal diploma legal que rege o esporte no Brasil,
sendo complementada por outras normativas infraconstitucionais e pela atuação de
tribunais especializados, como o Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
Além de sua dimensão regulatória, o Direito Desportivo é também um campo
de estudo interdisciplinar, que dialoga com outros ramos do Direito, como o Direito
Trabalhista, o Direito Civil e o Direito Constitucional. No contexto internacional, a
crescente influência de organizações como a FIFA e o Comitê Olímpico
Internacional (COI) reflete a dimensão global do esporte, que exige uma
uniformidade normativa, especialmente em competições internacionais.
13

2.2 Os Direitos Fundamentais no esporte: Direito ao Trabalho, à Dignidade e à


Ampla Defesa

No Brasil, os direitos fundamentais dos atletas estão intimamente ligados às


garantias previstas na Constituição Federal de 1988, que estabelece o trabalho
como um dos pilares da dignidade da pessoa humana. No âmbito desportivo, esses
direitos são assegurados tanto pela legislação geral, que abrange todos os
trabalhadores, quanto por normativas específicas, como a já mencionada Lei Pelé.
Entre os direitos fundamentais garantidos aos atletas, destacam-se o direito ao
trabalho, o direito à dignidade e o direito à ampla defesa.
O direito ao trabalho é particularmente relevante no contexto desportivo, uma
vez que os atletas são profissionais que dependem de condições específicas para
exercer sua profissão. A Constituição Federal, em seu artigo 7º, assegura direitos
mínimos a todos os trabalhadores, e esses direitos se aplicam também aos atletas,
ainda que suas relações de trabalho sejam regidas por contratos especiais e
temporários. O contrato de trabalho de um atleta profissional, por exemplo, inclui
peculiaridades como cláusulas compensatórias e indenizatórias, além da
regulamentação de questões como o direito de imagem e o período de
concentração.
O direito à dignidade, por sua vez, é uma extensão do princípio da dignidade
da pessoa humana, que permeia todo o ordenamento jurídico brasileiro. No esporte,
esse direito é frequentemente colocado à prova, especialmente em casos de doping,
assédio ou exploração econômica dos atletas. A dignidade do atleta deve ser
protegida tanto no âmbito de suas relações com os clubes e patrocinadores quanto
em sua exposição midiática, evitando que os interesses comerciais prevaleçam
sobre o bem-estar físico e mental dos profissionais.
Por fim, o direito à ampla defesa é fundamental nos processos disciplinares
desportivos. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e os tribunais
equivalentes em outras modalidades esportivas são responsáveis por julgar
infrações cometidas por atletas, técnicos e clubes. Nessas instâncias, a observância
dos princípios do contraditório e da ampla defesa é essencial para garantir que os
julgamentos sejam conduzidos de forma justa e imparcial. As sanções impostas pelo
STJD podem ter impactos severos sobre a carreira dos atletas, o que torna ainda
14

mais relevante a garantia desses direitos processuais.

2.3 A aplicação dos Direitos Fundamentais aos Atletas Profissionais

A aplicação dos direitos fundamentais aos atletas profissionais ocorre por


meio de uma complexa interação entre o direito comum, aplicável a todos os
trabalhadores, e o direito desportivo, que estabelece normas específicas para a
profissão. Apesar de a maioria dos atletas de destaque ser vista como pertencente a
uma elite privilegiada, a realidade da maioria dos profissionais no esporte revela
uma situação bem diferente. De acordo com estudos sobre o mercado de trabalho
dos atletas no Brasil, grande parte deles recebe remunerações modestas e enfrenta
condições de trabalho muitas vezes precárias.
O contrato de trabalho de um atleta é regido por normativas específicas, como
a Lei Pelé, que introduziu uma série de dispositivos voltados à proteção desses
profissionais. Entre eles, destacam-se as cláusulas compensatórias e indenizatórias,
que garantem que o atleta seja remunerado mesmo em caso de rescisão contratual
antecipada, além do direito à imagem, que permite ao atleta controlar a exploração
comercial de sua figura. Esses direitos são aplicados em conjunto com as garantias
previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na Constituição, de forma a
assegurar que os atletas tenham acesso a condições de trabalho dignas e justas.
No entanto, a aplicação desses direitos nem sempre é plena. Existem casos
emblemáticos em que os direitos fundamentais dos atletas foram violados, seja por
meio de abusos por parte dos clubes, seja por decisões judiciais controversas. Por
exemplo, o direito ao trabalho e à dignidade pode ser comprometido em situações
de exploração excessiva da imagem do atleta, sem a devida contrapartida
financeira, ou em casos de abusos físicos e psicológicos cometidos no ambiente
esportivo.

2.4 Relação entre Normas Desportivas e Constitucionais: possíveis conflitos e


harmonia

A relação entre as normas desportivas e os princípios constitucionais é um


tema complexo, que envolve a conciliação entre o direito do esporte, como uma
15

atividade regulada por normas próprias, e as garantias fundamentais asseguradas


pela Constituição Federal. Essa relação nem sempre é harmoniosa, especialmente
em situações onde os interesses econômicos e institucionais do esporte entram em
conflito com os direitos fundamentais dos atletas.
Um dos principais pontos de conflito diz respeito à autonomia das entidades
desportivas na gestão das competições e no julgamento das infrações cometidas
pelos atletas. Embora a Constituição Federal reconheça a justiça desportiva como
uma instância autônoma, subordinada à legislação desportiva, essa autonomia não
pode se sobrepor aos direitos fundamentais dos atletas, como o direito à ampla
defesa e ao contraditório.
Por outro lado, existem situações em que o direito desportivo e os direitos
fundamentais podem coexistir de maneira harmônica. A Lei Pelé, por exemplo, foi
concebida como uma tentativa de equilibrar os interesses dos clubes e dos atletas,
estabelecendo um conjunto de regras que visam proteger o direito ao trabalho e à
dignidade dos atletas, sem prejudicar o funcionamento das competições. Além disso,
a atuação de tribunais como o STJD tem se mostrado importante para garantir que
as infrações disciplinares sejam punidas de forma justa, sem comprometer os
direitos fundamentais dos envolvidos.
Em suma, a relação entre as normas desportivas e os direitos fundamentais
dos atletas requer um constante equilíbrio entre a autonomia das entidades
esportivas e o respeito às garantias constitucionais. Em alguns casos, essa relação
pode ser tensa, mas o ordenamento jurídico brasileiro oferece mecanismos
suficientes para assegurar que os direitos dos atletas sejam protegidos, mesmo
diante das peculiaridades do esporte profissional.
16

3 O DIREITO DESPORTIVO E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS

3.1 Estrutura e função do Superior Tribunal de Justiça Desportiva

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) é o principal órgão da


Justiça Desportiva no Brasil, com competência para julgar infrações desportivas e
outras controvérsias ligadas ao esporte. Sua atuação está prevista na Constituição
Federal de 1988, no artigo 217, que garante a existência de uma Justiça Desportiva
autônoma, vinculada à organização do desporto, mas independente das esferas do
Poder Judiciário. O STJD é composto por diferentes comissões, que se subdividem
em várias instâncias, permitindo uma estrutura hierárquica de julgamento.
A estrutura do STJD é semelhante à de um tribunal judicial tradicional. Ele é
composto por auditores, que funcionam como juízes, advogados que representam
as partes envolvidas, e procuradores que defendem a aplicação das normas
desportivas. O STJD é dividido em diversas câmaras, que analisam desde questões
disciplinares, como infrações cometidas por atletas e dirigentes, até disputas
administrativas, como questões de registros e transferências de jogadores. Além
disso, o tribunal possui um pleno, formado por todos os auditores, que julga os
casos mais complexos e controversos.
A principal função do STJD é a manutenção da disciplina e da ordem nas
competições esportivas, assegurando que as regras sejam respeitadas por todos os
envolvidos no esporte. Ele tem o poder de aplicar sanções aos atletas, técnicos,
clubes e até torcedores, sempre que houver infrações ao Código Brasileiro de
Justiça Desportiva (CBJD) ou às regras específicas de cada competição. O STJD
também atua na homologação de resultados, garantindo que as competições sigam
padrões de justiça e lisura.

3.2 A competência do STJD para julgar infrações e disputas desportivas

O STJD tem competência exclusiva para julgar infrações cometidas no âmbito


desportivo, especialmente no futebol, sendo o principal tribunal encarregado de
aplicar as normas estabelecidas pelo CBJD e pela Lei Pelé. Suas competências
abrangem uma ampla gama de situações, desde casos disciplinares até disputas
administrativas. Entre as infrações julgadas pelo STJD, encontram-se agressões
17

físicas e verbais, doping, manipulação de resultados, infrações contratuais,


irregularidades em registros de jogadores e comportamento inadequado de
torcedores.
A Lei Pelé (Lei nº 9.615/1998) define que o STJD tem competência para atuar
em todos os esportes organizados, não apenas no futebol. No entanto, o futebol é,
sem dúvida, a área de maior atuação do tribunal, dado o seu impacto econômico e
cultural no Brasil. Em cada esporte, o STJD adapta sua atuação às especificidades
das regras e regulamentos das respectivas competições. No futebol, o CBJD
estabelece a hierarquia de julgamentos, onde infrações são inicialmente julgadas
pelas comissões disciplinares e, em grau de recurso, pelo pleno do tribunal.
Em termos de sanções, o STJD pode impor desde advertências e multas até
suspensões de atletas, técnicos e clubes, ou até a exclusão de competições. A
aplicação de sanções pelo STJD tem por objetivo assegurar o cumprimento das
normas e preservar a integridade das competições. No entanto, a competência do
STJD não se limita a infrações disciplinares, podendo também resolver disputas
entre atletas e clubes, especialmente aquelas que envolvem contratos de trabalho
ou transferências.

3.3 A competência do STJD para julgar infrações e disputas desportivas

O processo disciplinar no STJD segue princípios que são semelhantes aos


adotados pela Justiça Comum, tais como o contraditório e a ampla defesa. Essas
garantias são fundamentais para assegurar que os atletas e outros agentes do
desporto possam se defender adequadamente diante de acusações de infração. O
CBJD estabelece que, em qualquer processo disciplinar, o acusado deve ter o direito
de apresentar provas, testemunhas e argumentos para sua defesa, além de ser
representado por advogados, se assim desejar.
O processo disciplinar no STJD começa normalmente com uma denúncia,
feita por um procurador que representa o tribunal. Após a denúncia, é aberta uma
instrução processual, onde são coletadas provas e ouvidas as partes envolvidas. Os
julgamentos são públicos, o que garante transparência nas decisões do tribunal.
Uma vez concluído o julgamento, o tribunal pode decidir pela absolvição ou pela
condenação do acusado, aplicando as sanções previstas no CBJD.
18

Entre os direitos processuais garantidos aos atletas no STJD, além do


contraditório e da ampla defesa, destaca-se o direito ao recurso. Caso o atleta ou
clube discorde da decisão de uma comissão disciplinar, pode recorrer ao pleno do
tribunal, que revisará o caso. Esse sistema de duplo grau de jurisdição garante que
as decisões sejam analisadas com rigor e imparcialidade. O CBJD também prevê
prazos para a conclusão dos processos, evitando que as sanções sejam aplicadas
de forma arbitrária ou com demora excessiva, o que poderia prejudicar a carreira do
atleta.
Apesar dessas garantias, o processo disciplinar no STJD enfrenta críticas,
especialmente no que diz respeito à sua parcialidade e à pressão de interesses
econômicos. Em alguns casos, houve acusações de que o tribunal favoreceu clubes
ou atletas de maior expressão econômica, em detrimento da justiça esportiva. Isso
levanta questões sobre até que ponto o STJD pode, de fato, garantir a
imparcialidade de seus julgamentos.

3.4 A evolução histórica do STJD e seu papel na regulação do esporte no


Brasil

O STJD foi criado oficialmente em 1941, com a instituição da primeira


legislação esportiva brasileira, mas sua origem remonta às primeiras tentativas de
organizar o esporte no Brasil, principalmente o futebol, que já era um fenômeno de
massas no início do século XX. A criação do tribunal foi motivada pela necessidade
de regular as competições e garantir que as regras fossem respeitadas por todos os
participantes, evitando assim desordens e conflitos que poderiam comprometer a
integridade do esporte.
Inicialmente, a Justiça Desportiva brasileira era limitada a questões
disciplinares, tratando principalmente de punições a atletas por condutas violentas
ou antiéticas durante os jogos. Com o passar do tempo, no entanto, o papel do
STJD foi se expandindo, e o tribunal passou a atuar também em questões
administrativas e contratuais, especialmente a partir da década de 1990, com a
promulgação da Lei Pelé.
A Constituição Federal de 1988 foi um marco importante na consolidação do
STJD, pois reconheceu expressamente a existência da Justiça Desportiva e sua
19

competência para julgar infrações no âmbito esportivo. A partir de então, o STJD


adquiriu maior relevância e autonomia, reforçada pelo advento da Lei Pelé, que
regulamentou com mais detalhes as suas funções e competências. O Código
Brasileiro de Justiça Desportiva, que orienta as decisões do tribunal, passou por
diversas reformas ao longo dos anos, adaptando-se às novas demandas do esporte
moderno, como a prevenção do doping e o combate à manipulação de resultados.
Ao longo de sua história, o STJD tem desempenhado um papel crucial na regulação
do esporte no Brasil, garantindo que as competições sigam padrões de justiça e
disciplina. No entanto, o tribunal também tem enfrentado desafios consideráveis,
especialmente no que diz respeito à sua independência. A pressão de grandes
clubes e patrocinadores sobre o STJD levanta questionamentos sobre a
imparcialidade do tribunal em alguns casos, o que reforça a importância de uma
constante vigilância sobre suas decisões.
20

4 O DIREITO AO TRABALHO E O STJD


4.1 O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional

O direito ao trabalho é um dos pilares dos direitos fundamentais no Brasil,


garantido pela Constituição Federal de 1988, que coloca o trabalho como base para
a dignidade da pessoa humana. No âmbito desportivo, o trabalho dos atletas
profissionais é regido por normas específicas que refletem as particularidades dessa
profissão, que envolve altos níveis de competitividade, pressão midiática e,
frequentemente, instabilidade contratual. Neste contexto, o Superior Tribunal de
Justiça Desportiva (STJD) desempenha um papel crucial na mediação de conflitos
que envolvem o direito ao trabalho dos atletas, principalmente em questões
contratuais, disciplinares e de transferências.
O contrato de trabalho de um atleta profissional possui características
peculiares em relação aos contratos tradicionais, regulados pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). O principal marco regulatório para os atletas profissionais no
Brasil é a Lei Pelé (Lei nº 9.615/1998), que estabelece as bases legais para o
relacionamento entre atletas e clubes. Essa legislação traz normas específicas para
a celebração de contratos, fixando direitos e deveres de ambas as partes, além de
garantir proteção mínima aos atletas frente aos interesses econômicos das
entidades esportivas.
Entre os principais direitos garantidos pela Lei Pelé, destaca-se a
obrigatoriedade de um contrato de trabalho formalizado entre o atleta e a entidade
desportiva, com cláusulas compensatórias e indenizatórias em caso de rescisão
contratual. Essas cláusulas visam proteger o atleta de rescisões unilaterais
arbitrárias, garantindo-lhe uma compensação financeira quando o contrato é
interrompido sem justa causa. Além disso, a lei também regulamenta questões
relacionadas ao direito de imagem, um aspecto essencial para a carreira dos atletas
em tempos de grande exposição midiática.
No entanto, apesar das proteções conferidas pela Lei Pelé, muitos atletas,
especialmente os que atuam em clubes menores, enfrentam dificuldades no
cumprimento de seus direitos trabalhistas. O direito ao trabalho digno nem sempre é
garantido em sua totalidade, e muitas vezes os atletas têm que recorrer ao STJD ou
à Justiça Comum para assegurar o pagamento de salários, direitos de imagem ou
mesmo para contestar rescisões contratuais indevidas.
21

4.2 O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional

O STJD, enquanto órgão máximo da Justiça Desportiva no Brasil, tem


competência para julgar disputas que envolvem infrações disciplinares e também
questões relacionadas ao cumprimento dos contratos de trabalho entre atletas e
clubes. No entanto, é importante destacar que, embora o tribunal tenha um papel
fundamental na mediação desses conflitos, ele não substitui a Justiça do Trabalho,
que é o foro competente para tratar de litígios puramente trabalhistas.
A atuação do STJD em questões trabalhistas é limitada a situações que
envolvem a aplicação das normas desportivas, como o registro de contratos,
transferências de atletas e a aplicação de sanções disciplinares que possam
impactar o direito ao trabalho do atleta. Por exemplo, quando um atleta é suspenso
por infração disciplinar, o STJD tem a função de assegurar que os princípios do
contraditório e da ampla defesa sejam respeitados, garantindo que o direito ao
trabalho do atleta não seja prejudicado por decisões arbitrárias.
O tribunal também desempenha um papel importante na homologação de
transferências de atletas entre clubes, tanto no âmbito nacional quanto internacional.
As transferências, regidas por normas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
e da FIFA, envolvem questões complexas que afetam diretamente o direito ao
trabalho dos atletas, especialmente quando há disputas contratuais entre clubes e
jogadores. Nesses casos, o STJD atua para garantir que as transferências sejam
feitas de forma regular, respeitando os direitos do atleta e das partes envolvidas

4.3 O Contrato de Trabalho do Atleta Profissional

Uma das questões mais sensíveis envolvendo o direito ao trabalho no esporte


é a rescisão contratual. Atletas profissionais estão frequentemente sujeitos a
contratos de curta duração, que podem ser interrompidos prematuramente por
iniciativa dos clubes ou dos próprios atletas. A Lei Pelé estabeleceu mecanismos de
proteção ao atleta em caso de rescisão imotivada, como a cláusula compensatória,
que garante ao jogador uma indenização financeira proporcional ao tempo restante
de contrato.
No entanto, há muitos casos em que os clubes buscam rescindir os contratos
por motivos que podem ser contestados pelos atletas, como desempenho técnico
22

insatisfatório ou alegadas violações de normas internas. Nessas situações, o STJD é


acionado para mediar o conflito e decidir se a rescisão foi feita de forma legítima ou
se o atleta tem direito a uma compensação. Além disso, o tribunal também pode
intervir em situações em que o clube não cumpre com suas obrigações contratuais,
como o pagamento de salários e outros direitos trabalhistas.
Em casos de transferência de jogadores entre clubes, o STJD atua de
maneira decisiva para garantir que as regras da FIFA e da CBF sejam observadas.
Transferências mal conduzidas ou sem a devida documentação podem resultar na
interrupção da carreira do atleta, afetando diretamente seu direito ao trabalho. A
intervenção do tribunal em casos de disputa de registro é essencial para assegurar
que o atleta não fique impossibilitado de exercer sua profissão por questões
burocráticas.

4.4 O Direito à dignidade no ambiente esportivo

O direito à dignidade no trabalho é um princípio basilar da ordem jurídica


brasileira, e sua aplicação no contexto desportivo é de fundamental importância.
Atletas, como qualquer outro trabalhador, têm direito a um ambiente de trabalho
seguro, respeitoso e livre de abusos. No entanto, o mundo do esporte é marcado por
uma série de pressões que podem comprometer a dignidade dos profissionais,
desde questões relacionadas à saúde física e mental até o assédio moral e sexual.
Nesse contexto, o STJD tem a responsabilidade de atuar em casos onde a
dignidade dos atletas esteja em risco, especialmente em situações de abuso ou
exploração por parte dos clubes ou outros agentes esportivos. A imposição de
sanções disciplinares deve ser equilibrada, de modo a garantir que o direito à
dignidade dos atletas seja preservado, mesmo quando eles são acusados de
infrações.
O tribunal também desempenha um papel importante na regulamentação da
exposição pública dos atletas, especialmente em relação ao uso da imagem. O
direito de imagem é uma das principais fontes de renda dos atletas profissionais,
mas também pode ser uma fonte de conflito, quando os clubes ou patrocinadores
exploram a imagem dos jogadores sem a devida compensação financeira. O STJD
pode ser chamado a intervir em disputas que envolvem o uso indevido da imagem
do atleta, garantindo que seus direitos sejam respeitados.
23

4.5 Desafios na proteção do direito ao trabalho no esporte

Embora o STJD desempenhe um papel importante na proteção dos direitos


dos atletas, a realidade prática revela uma série de desafios que ainda precisam ser
superados. Muitos atletas, especialmente os que atuam em clubes menores,
enfrentam dificuldades para acessar a Justiça Desportiva e garantir a plena
efetivação de seus direitos trabalhistas. Além disso, a falta de recursos financeiros
por parte dos clubes pode dificultar o cumprimento das decisões do STJD, o que
compromete a efetividade das sanções impostas.
Outro desafio é a crescente judicialização do esporte, que sobrecarrega o
STJD e muitas vezes retarda a resolução dos conflitos. A celeridade é um fator
crucial na Justiça Desportiva, especialmente porque as carreiras dos atletas são
curtas e qualquer demora no julgamento de um caso pode ter consequências
irreparáveis para sua trajetória profissional. Nesse sentido, é importante que o STJD
continue aprimorando seus procedimentos e garantindo que as decisões sejam
tomadas de forma rápida e justa.
Além disso, a globalização do esporte e o aumento das transferências
internacionais colocam novos desafios para o STJD, que precisa harmonizar suas
decisões com as normas estabelecidas por entidades internacionais, como a FIFA e
o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). Essa cooperação internacional é essencial para
garantir que os direitos dos atletas sejam protegidos em um ambiente cada vez mais
interconectado.

4.6 Futuro do STJD na proteção dos direitos dos atletas

O STJD tem um papel fundamental na proteção dos direitos dos atletas,


especialmente no que se refere ao direito ao trabalho. No entanto, para que continue
desempenhando esse papel de maneira eficaz, é necessário que o tribunal se
adapte às novas demandas do esporte moderno. A crescente profissionalização do
esporte, aliada às pressões econômicas e midiáticas, torna cada vez mais complexo
o ambiente em que os atletas atuam, exigindo do STJD uma postura ativa e
inovadora na defesa dos direitos desses profissionais.
24

O futuro do STJD na proteção do direito ao trabalho dos atletas dependerá,


em grande parte, de sua capacidade de se modernizar e de fortalecer sua
autonomia. Garantir que os interesses dos atletas estejam sempre protegidos,
mesmo diante de pressões externas, será um dos principais desafios do tribunal nos
próximos anos. Além disso, é necessário que o STJD trabalhe em conjunto com
outras instâncias da Justiça, como a Justiça do Trabalho para assegurar que os
direitos trabalhistas dos atletas sejam plenamente respeitados.
25

5 O STJD E A PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ATLETAS

4.1 A proteção ao direito de defesa e ao contraditório

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) desempenha um papel


central na administração da justiça no esporte brasileiro, especialmente no que diz
respeito à garantia dos direitos fundamentais dos atletas. Em um cenário desportivo
cada vez mais profissionalizado e complexo, o STJD tem a responsabilidade de
zelar pela proteção dos direitos individuais e coletivos dos atletas, como o direito ao
contraditório, à ampla defesa, à dignidade e ao trabalho. No entanto, o tribunal
enfrenta desafios e controvérsias sobre a efetividade de sua atuação na garantia
desses direitos.
O direito de defesa e o contraditório são pilares do sistema jurídico brasileiro,
garantidos pela Constituição Federal, e aplicam-se também ao âmbito da Justiça
Desportiva. No STJD, esses princípios são fundamentais para assegurar que os
atletas e demais envolvidos nos processos possam se defender adequadamente
contra acusações de infração às normas desportivas. O Código Brasileiro de Justiça
Desportiva (CBJD) estabelece que os acusados têm o direito de conhecer as
acusações que lhes são imputadas, de apresentar provas, de produzir defesa e de
ser ouvidos durante o processo.
O direito ao contraditório assegura que o atleta possa se manifestar sobre as
acusações, contestando as provas e apresentando argumentos que possam
influenciar o julgamento. Esse princípio, aliado ao direito de ampla defesa, garante
um julgamento mais justo, pois impede que decisões sejam tomadas unilateralmente
ou sem a participação do acusado. No entanto, a aplicação desses princípios no
STJD enfrenta alguns obstáculos, como a celeridade dos processos desportivos,
que muitas vezes exige uma rápida resolução dos casos para não prejudicar o
andamento das competições.
Embora o STJD siga os princípios constitucionais, há momentos em que a
rapidez exigida pelo calendário esportivo pode comprometer a profundidade das
investigações ou a plena defesa dos acusados. Por exemplo, em casos de doping
ou agressões em campo, as suspensões imediatas são uma medida frequente, mas
podem ocorrer antes de uma defesa adequada ser apresentada. Ainda assim, o
26

tribunal oferece a possibilidade de recursos e revisões, permitindo que o


contraditório e a ampla defesa sejam exercidos em sua totalidade durante o
julgamento.

4.2 A equidade nos julgamentos do STJD: desafios e controvérsias

A busca por equidade nos julgamentos do STJD é um dos maiores desafios


enfrentados pelo tribunal. A equidade implica tratar todos os envolvidos de forma
justa e imparcial, independentemente de sua posição no esporte, seja como atleta,
técnico, clube ou torcedor. No entanto, há percepções recorrentes de que o STJD,
em alguns casos, pode ser influenciado por fatores externos, como a pressão dos
grandes clubes, da mídia e dos patrocinadores, o que pode comprometer a
imparcialidade de suas decisões.
Uma das principais críticas que o STJD enfrenta está relacionada ao
tratamento desigual entre grandes e pequenos clubes. Historicamente, há a
percepção de que clubes de maior expressão econômica e midiática recebem
tratamentos mais favoráveis do tribunal. Isso pode ocorrer, por exemplo, em casos
de sanções mais leves ou na suspensão de penalidades em momentos cruciais das
competições. Essa percepção de favorecimento gera um questionamento sobre a
verdadeira imparcialidade do tribunal.
Além disso, outro desafio para a equidade nos julgamentos do STJD está na
distribuição desigual de recursos entre atletas e clubes. Enquanto os grandes clubes
têm acesso a equipes jurídicas altamente capacitadas, que podem construir defesas
robustas, muitos atletas de clubes menores não dispõem do mesmo suporte, o que
pode comprometer sua capacidade de apresentar uma defesa eficaz. Esse
desequilíbrio de recursos coloca em xeque a equidade do sistema, já que o acesso à
justiça desportiva pode ser limitado pelas condições financeiras dos envolvidos.

4.3 Como o STJD assegura (ou falha em assegurar) os direitos fundamentais


nas suas decisões

O STJD, como órgão máximo da justiça desportiva no Brasil, tem a


responsabilidade de assegurar que suas decisões respeitem os direitos
fundamentais dos atletas e demais envolvidos no esporte. Em muitos aspectos, o
27

tribunal tem conseguido cumprir essa função, garantindo que os processos sejam
conduzidos de maneira pública, que os acusados tenham acesso à defesa, e que as
decisões sejam baseadas nas normativas estabelecidas pelo CBJD e pela Lei Pelé.
No entanto, há falhas notórias no sistema que comprometem a efetiva
proteção dos direitos fundamentais. Um dos principais problemas identificados é a
falta de padronização das penas aplicadas. Em alguns casos, o tribunal impõe
sanções severas, enquanto em situações semelhantes, as punições podem ser mais
brandas. Essa inconsistência nas decisões gera insegurança jurídica e
questionamentos sobre a justiça do processo.
Outro ponto crítico está na celeridade com que o tribunal precisa julgar os
casos. Embora a rapidez seja necessária para garantir que as competições não
sejam prejudicadas, ela também pode comprometer a profundidade da análise e a
proteção dos direitos fundamentais. Processos apressados podem resultar em
julgamentos superficiais, onde nem todas as provas são adequadamente
examinadas, ou onde o direito de defesa é limitado. Esse cenário prejudica
principalmente os atletas, que podem ser punidos de forma inadequada.
Além disso, o STJD tem sido criticado por sua atuação em casos de doping,
onde, muitas vezes, as sanções são aplicadas antes de uma análise completa das
circunstâncias. Embora o combate ao doping seja uma prioridade no esporte, é
crucial que o tribunal considere todos os fatores antes de impor sanções severas
que podem prejudicar a carreira de um atleta de maneira irreversível

4.4 Críticas ao sistema de sanções e à compatibilidade com os direitos


fundamentais dos atletas

As sanções aplicadas pelo STJD são um dos principais instrumentos de sua


atuação, e seu objetivo é garantir a disciplina e a justiça nas competições esportivas.
No entanto, o sistema de sanções do tribunal é alvo de críticas frequentes,
principalmente no que diz respeito à proporcionalidade das punições e à sua
compatibilidade com os direitos fundamentais dos atletas.
Uma das críticas mais recorrentes é a falta de clareza e previsibilidade nas
sanções aplicadas. Em alguns casos, punições desproporcionais são impostas a
atletas por infrações menores, enquanto infrações mais graves recebem penas
brandas. Essa inconsistência gera descontentamento e desconfiança no sistema de
28

justiça desportiva, além de comprometer o princípio da proporcionalidade, que deve


orientar a aplicação das penas.
Além disso, há questionamentos sobre a compatibilidade de algumas
sanções com os direitos fundamentais dos atletas. Por exemplo, suspensões
prolongadas podem ter um impacto devastador na carreira de um atleta,
principalmente em esportes onde a longevidade profissional é limitada. Em alguns
casos, a aplicação de sanções severas pode comprometer o direito ao trabalho e à
dignidade dos atletas, especialmente quando as infrações não justificam tamanha
severidade.
O uso de multas também é um ponto controverso, especialmente quando
aplicado a atletas de clubes menores, que não possuem os mesmos recursos
financeiros que os grandes clubes e seus jogadores. A imposição de multas pesadas
pode prejudicar de maneira desproporcional os atletas e clubes com menos
recursos, criando uma disparidade na aplicação das sanções.

4.5 Propostas para o fortalecimento dos direitos fundamentais no contexto


desportivo

Para que o STJD possa garantir de maneira mais efetiva a proteção dos
direitos fundamentais dos atletas, é necessário implementar uma série de melhorias
em seu funcionamento. Em primeiro lugar, a padronização das sanções é
fundamental para garantir maior previsibilidade e justiça nas decisões. O
estabelecimento de critérios claros e objetivos para a aplicação das penas ajudaria a
evitar a arbitrariedade e a garantir que as sanções sejam proporcionais às infrações
cometidas.
Outra medida importante seria a ampliação do acesso à justiça desportiva
para atletas e clubes de menor expressão. A criação de um sistema de assistência
jurídica para aqueles que não têm recursos suficientes para contratar advogados
especializados ajudaria a equilibrar a equidade no tribunal e a garantir que todos os
envolvidos tenham uma defesa adequada.
Além disso, é crucial que o STJD continue a aprimorar seus procedimentos
para garantir que o direito ao contraditório e à ampla defesa seja plenamente
respeitado. Isso inclui garantir prazos adequados para a defesa e a revisão das
decisões, bem como a possibilidade de apelação em todas as instâncias do tribunal.
29

O fortalecimento da transparência nas decisões do STJD também é essencial para


que os envolvidos no esporte e o público em geral possam confiar na imparcialidade
e na justiça do tribunal.
Por fim, é necessário que o STJD mantenha um diálogo constante com as
entidades internacionais, como a FIFA e o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), para
garantir que suas decisões estejam em conformidade com as normas internacionais
e que os direitos dos atletas sejam protegidos em um cenário global. A cooperação
internacional é essencial para assegurar que as regras do esporte sejam aplicadas
de forma justa e uniforme em todas as competições
30

5 METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada com uma abordagem qualitativa, utilizando a análise


bibliográfica e a interpretação de jurisprudências relevantes ao tema proposto. O
método qualitativo foi escolhido por possibilitar uma investigação aprofundada das
normas jurídicas que regulam o desporto e seus impactos nos direitos fundamentais
dos atletas.
A metodologia seguiu os passos indicados por Gonçalves (2019), que enfatiza
a importância de um levantamento de literatura robusto como parte essencial da
construção de um projeto de pesquisa. Assim, a primeira etapa da pesquisa
consistiu na coleta de artigos científicos e livros especializados na área de Direito
Desportivo, utilizando bases de dados como o Google Acadêmico e plataformas de
jurisprudência. Foram selecionados textos que discutem a relação entre a legislação
esportiva e os direitos fundamentais, com foco nas decisões do Superior Tribunal de
Justiça Desportiva (STJD).
Após a coleta de material, foi realizada uma leitura crítica e seletiva dos
textos, conforme recomendado por Gonçalves (2019), priorizando trechos que
abordassem diretamente os direitos dos atletas. A análise da jurisprudência seguiu
uma metodologia descritiva, focando em decisões emblemáticas do STJD que
ilustram a aplicação ou violação dos direitos fundamentais dos atletas. O objetivo foi
compreender de que forma o STJD tem contribuído para a proteção do direito ao
trabalho e à dignidade no esporte, conforme o previsto na Constituição de 1988 e na
Lei Pelé.
A pesquisa também adotou a técnica de análise documental, conforme
sugerido por Gonçalves (2019), no qual documentos oficiais como a legislação
desportiva e decisões judiciais foram investigados para identificar padrões de
atuação do STJD em questões trabalhistas e disciplinares.
31

6 RESULTADOS

A análise dos julgamentos do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)


revelou uma atuação significativa na regulação das infrações cometidas no âmbito
desportivo, com um impacto direto sobre os direitos fundamentais dos atletas.
Observou-se que o STJD desempenha um papel crucial na mediação de conflitos
trabalhistas e disciplinares, porém enfrenta desafios importantes na padronização
das suas sanções e na promoção de uma justiça equitativa.
Com base nas decisões analisadas, constatou-se que, em casos de infrações
disciplinares, o direito ao contraditório e à ampla defesa é garantido na maioria dos
processos. No entanto, houve uma variação considerável na severidade das
sanções aplicadas, o que reforça a percepção de falta de uniformidade nas
penalidades. Esse resultado é consistente com as críticas apontadas por autores
como Gonçalves (2019), que destacam a necessidade de padronização nas
decisões do tribunal.
Em relação ao direito ao trabalho, a pesquisa revelou que o STJD tem se
posicionado de maneira a proteger os contratos dos atletas, principalmente no que
se refere às cláusulas compensatórias previstas na Lei Pelé. No entanto, verificou-se
que, em clubes de menor expressão, a aplicação dos direitos trabalhistas nem
sempre é observada com o mesmo rigor, muitas vezes resultando em decisões
desfavoráveis aos atletas, especialmente aqueles com menos poder econômico.
A análise documental das decisões do STJD também apontou para uma
deficiência na transparência das suas decisões, o que impacta diretamente na
percepção de justiça pelos atletas e clubes envolvidos. Muitos atletas relataram
dificuldades em acessar informações detalhadas sobre os processos em
andamento, o que comprometeu sua capacidade de defesa adequada.
Por fim, os resultados sugerem que, embora o STJD desempenhe um papel
central na administração da justiça desportiva, existem áreas que necessitam de
aprimoramento. As principais críticas giram em torno da falta de equidade nos
julgamentos, especialmente em processos envolvendo grandes clubes em
comparação com clubes menores. Esse desequilíbrio foi evidenciado na aplicação
de multas e suspensões que, muitas vezes, foram mais severas para os pequenos
clubes, o que corrobora os argumentos de Gonçalves (2019) sobre as dificuldades
na proteção dos direitos dos atletas em situações de vulnerabilidade econômica.
32

7 CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objetivo analisar a atuação do Superior Tribunal


de Justiça Desportiva (STJD) na proteção dos direitos fundamentais dos atletas,
com foco especial no direito ao trabalho, à dignidade e à ampla defesa. Ao longo do
estudo, ficou evidente que o STJD ocupa um papel central na administração da
justiça esportiva no Brasil, sendo responsável por julgar infrações disciplinares e
resolver disputas que envolvem questões contratuais e trabalhistas no esporte.
Contudo, como apontado ao longo do trabalho, a atuação do tribunal ainda
apresenta desafios importantes no que diz respeito à garantia de uma justiça
equitativa e proporcional, o que impacta diretamente os direitos fundamentais dos
atletas.
Um dos principais pontos levantados foi a discrepância na padronização das
avaliações aplicadas pelo tribunal. Conforme os casos analisados, percebe-se que
infrações semelhantes podem receber tratamentos distintos, o que compromete a
previsibilidade e a segurança jurídica das decisões. Essa inconsistência afeta
principalmente os atletas que dependem do STJD para garantir seu direito ao
trabalho e à dignidade. As suspensões prolongadas e multas desproporcionais
podem ter consequências devastadoras sobre a carreira de um atleta,
especialmente em esportes onde a longevidade profissional é curta. Este cenário
reforça a necessidade de padronização nas decisões, a fim de que as penas
aplicadas proporcionem infrações cometidas, sem prejuízo dos envolvidos.
Além disso, foi possível constatar que o STJD enfrentou dificuldades na
promoção da equidade em seus julgamentos, particularmente no que tange à
disparidade entre grandes e pequenos clubes. A percepção de que clubes com
maior poder econômico e midiático recebem tratamentos mais brandos em
comparação aos clubes de menor expressão é uma crítica recorrente, que abala a
confiança na imparcialidade do tribunal. Nesse sentido, a implementação de
medidas que assegurem um tratamento igualitário para todos os envolvidos,
independentemente de sua relevância financeira ou esportiva, é crucial para
fortalecer a substituição do sistema de justiça esportiva no Brasil.
Outro aspecto fundamental discutido foi a proteção ao direito de defesa e ao
contraditório no âmbito do STJD. Embora o tribunal siga os princípios constitucionais
e forneça mecanismos para garantir que os acusados tenham a oportunidade de
33

apresentar sua defesa, o ritmo acelerado exigido pelos calendários esportivos pode,
em alguns casos, comprometer o pleno exercício desses direitos. A celeridade nos
processos é importante para não prejudicar o andamento das competições, mas
deve ser equilibrada com a necessidade de garantir uma defesa adequada aos
atletas, principalmente em casos de doping e outras infrações graves que podem
acarretar sanções diversas.
A pesquisa também destacou a importância de uma maior transparência nas
decisões do STJD. A acessibilidade às informações sobre os processos em
andamento e as decisões sobre feridas ainda são limitadas, o que dificulta o
acompanhamento por parte dos envolvidos e do público em geral. Medidas para
aumentar essa transparência, como a publicação específica das decisões e a
divulgação dos processos em tempo real, seriam passos importantes para promover
maior confiança no tribunal e garantir a responsabilização de suas ações.
Diante desses desafios, a pesquisa sugere algumas propostas para o
fortalecimento da proteção dos direitos fundamentais no contexto esportivo. A
padronização dos critérios para aplicação de avaliações, a criação de um sistema de
assistência jurídica para atletas e clubes de menor expressão, e a promoção de
maior transparência nas decisões são medidas essenciais para garantir que o STJD
continue a desempenhar seu papel de forma eficaz e justa. Além disso, a
cooperação com organismos internacionais, como a FIFA e o Tribunal Arbitral do
Esporte (TAS), é crucial para que as decisões do STJD sejam em conformidade com
as normas internacionais, garantindo que os direitos dos atletas sejam respeitados
em todas as esferas.
Em conclusão, o STJD desempenha um papel crucial na regulação do
esporte no Brasil, mas enfrenta desafios importantes na proteção dos direitos
fundamentais dos atletas. A implementação de melhorias em sua estrutura e
procedimentos é necessária para garantir que suas decisões sejam justas,
fornecidas e pautadas pelo respeito aos princípios constitucionais. O esporte,
embora seja uma atividade de grande relevância social e econômica, precisa de um
sistema de justiça esportiva que assegure não apenas a disciplina nas competições,
mas também o respeito intransigente aos direitos humanos dos atletas.
34

REFERÊNCIAS

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ROMITA, Arion Sayão. Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho. 2. ed.


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SOBIERAJSKI, José Luiz. Política do direito desportivo brasileiro. Dissertação


(Mestrado em Ciências Humanas – Especialidade Direito) — Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.

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