Apostila 12

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

➢ DO DANO: ART.163 DO CP:


• Cuida-se DE CRIME COMUM, não se exigindo nenhuma qualidade específica do
sujeito ativo. Tutela-se o patrimônio, público ou privado, tanto no âmbito da
propriedade quanto da posse. CRIME DE AÇÃO MÚLTIPLA
• O objeto material é coisa alheia, razão pela qual a destruição, inutilização ou
deterioração de coisa própria não configura o crime do artigo 163 do Código Penal,
sendo sua punição possível apenas se for meio para a prática de outro delito, como
fraude contra seguro.
• Existe forte divergência em torno da necessidade de especial finalidade por parte
de quem dolosamente danifica coisa alheia consubstanciada na intenção
específica de causar prejuízo à vítima (animus nocendi):
a) Nélson Hungria sustenta que é necessário o animus nocendi e explica dizendo que
não há crime na conduta de uma pessoa que, para pregar uma peça, corta os fios da
campainha da casa de um amigo.
b) Damásio de Jesus e Magalhães Noronha defendem que não se mostra exigível tal
fim específico, simplesmente porque o tipo penal não o menciona. Para tais autores,
basta que o agente tenha ciência de que sua conduta causará prejuízo e, mesmo assim,
a realize.

• Há diversos julgados sobre o preso o preso que danifica a cela para a sua fuga, se
pratica o crime do artigo 163 ou não.
• O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, possui entendimento consolidado de que
referida conduta praticada pelo preso não configura o crime, dada a ausência de
animus nocendi. Isto porque o indivíduo encarcerado, ao deteriorar as grades da cela,
por exemplo, busca evadir do local, sem o intuito específico de causar dano ao
patrimônio público:
“(...) 1 - Consoante jurisprudência desta Corte, para a configuração do crime
de dano previsto no art. 163 do Código Penal, mostra-se imprescindível a
presença do elemento subjetivo específico, qual seja, o animus nocendi, que
consiste na vontade deliberada de causar prejuízo ao patrimônio alheio. 2 - "A
destruição de patrimônio público (buraco na cela) pelo preso que busca fugir
do estabelecimento no qual encontra-se encarcerado não configura o delito de
dano qualificado (art. 163, parágrafo único, inciso III do CP), porque ausente
o dolo específico (animus nocendi), sendo, pois, atípica a conduta" (HC n.
260.350/GO, Relª. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, DJe 21/5/2014). 3 - Agravo regimental desprovido.” (AgRg no HC
409417/SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 6ª Turma, DJe 06/11/2017).
“(...) 3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, para que se possa falar em
crime de dano qualificado contra patrimônio da União, Estado ou Município,
mister se faz a comprovação do elemento subjetivo do delito, qual seja, o
animus nocendi, caracterizado pela vontade de causar prejuízo ao erário. Nesse
passo, a destruição, deterioração ou inutilização das paredes ou grades de cela
pelo detento, com vistas à fuga de estabelecimento prisional, ou, ainda, da
viatura na qual o flagranteado foi conduzido à delegacia de polícia, demonstra
tão somente o seu intuito de recuperar a sua liberdade, sem que reste
evidenciado o necessário dolo específico de causar dano ao patrimônio
público.” (STJ, HC 503970/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
04/06/2019).

• Para que exista o crime, ademais, é necessário que o dano seja um fim em si mesmo
e não meio para a prática de outro crime, pois, nesse caso, ficará absorvido. É o que
ocorre, por exemplo, quando alguém danifica a porta de uma casa para nela adentrar
e subtrair pertences, hipótese em que o agente responde apenas por crime de furto
qualificado pelo rompimento de obstáculo.

• PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: Tem-se admitido o reconhecimento de tal


princípio, que leva à atipicidade da conduta, quando o valor do bem danificado
é irrisório, ínfimo, pois, em tal caso, não se justifica a movimentação da máquina
judiciária com os custos a ela inerentes.

• DANO QUALIFICADO – I, II, III:


✓ I: Tanto a violência à pessoa quanto a grave ameaça precisam ser MEIOS
para a prática do crime de dano ou utilizados para possibilitar a prática do
dano. Se não, não é o caso de dano qualificado por violência à pessoa ou grave
ameaça.
✓ https://emtempo.com.br/205119/amazonas/video-mulher-quebra-carro-a-
marteladas-e-viraliza-em-manaus/
✓ II: EXPRESSAMENTE SUBSIDIÁRIA. Ex: se o agente com intenção de matar
a vítima coloca uma bomba em seu carro, provocando a destruição do veículo e a
morte dela, responde apenas pelo homicídio qualificado.
✓ IV: O motivo egoístico que qualifica o dano é a motivação ligada a um sentimento
pessoal do agente, ligado a algum interesse seu, seja econômico ou moral. É o
caso de quem danifica o comércio que fica perto do seu, querendo torná-lo menos
atrativo para os clientes pelos quais disputam. O prejuízo considerável para a
vítima é a consequência do delito que o torna qualificado. Como já é circunstância
que qualifica o crime, tal circunstância não pode ser valorada também na primeira
fase da dosimetria, sob pena de bis in idem. O prejuízo deve ser analisado em
relação a cada vítima, de acordo com o caso concreto e as condições
socioeconômicas do sujeito passivo.

➢ Art.164/CP: INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM


PROPRIEDADE ALHEIA
✓ É imprescindível que haja prejuízo para a vítima.
✓ O imóvel pode ser urbano ou rural.
✓ CRIME DE FORMA LIVRE; CRIME MATERIAL exigindo que a introdução ou
o abandono dos animais na propriedade alheia acarrete prejuízo para outrem para
que haja a sua consumação). DOLOSO. O crime é de ação múltipla, ou seja,
cuida-se de tipo penal misto alternativo.

➢ Art.165 do CP: DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO,


ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO
Houve revogação tácita deste artigo com a entrada em vigor da Lei 9.605/98, que
passou a dispor sobre o tema em seu artigo 62.
Vale lembrar que a revogação tácita está prevista no parágrafo primeiro do artigo 2º
da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro:
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra
a modifique ou revogue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que
tratava a lei anterior.
A revogação é tácita quando lei posterior é incompatível com a anterior ou regula a
matéria inteiramente.

No caso em estudo, o artigo 62 da Lei 9.605/98 passou a regular a matéria


inteiramente, do seguinte modo:
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou
similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de
detenção, sem prejuízo da multa.

➢ ART. 166/CP: ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO


Também houve revogação tácita, art,63 da lei 9.605/98.

➢ ART.168/CP: DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA


• A apropriação indébita é crime doloso, exigindo o animus rem sibi habendi, ou seja,
o intuito de tomar a coisa para si. O atraso ou a demora na devolução da coisa não
significam, por si sós, a configuração do delito, sendo imprescindível que demonstre
a intenção do agente de modificar a natureza da posse, passando a possuir a coisa
como dono.
• A doutrina majoritária classifica o crime em estudo como comum. Há, entretanto,
entendimento minoritário de que a infração penal de apropriação indébita é própria,
por envolver a necessidade de anterior posse justa ou detenção lícita da coisa.
• É crime material, pois exige que a que a coisa passe a ser possuída pelo agente a título
de proprietário, o que acarreta o resultado naturalístico de lesão ao patrimônio da
vítima.
• MODALIDADES: NEGATIVA DE RESTITUIÇÃO E APROPRIAÇÃO
PROPRIAMENTE DITA.
• Quanto à aplicação do princípio da insignificância, o STJ estabeleceu o parâmetro de
limite de valor até 10% do salário mínimo vigente. Ademais, tem entendido que a
restituição da coisa não implica, por si só, no reconhecimento do crime de bagatela:
(...) 1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou-se no sentido
de ser incabível a aplicação do princípio da insignificância quando o montante
do valor da res furtiva e superar o percentual de 10% do salário mínimo vigente
à época dos fatos. Precedentes. 2. O fato de o bem ter sido devolvido à vítima
não constitui, por si só, motivo suficiente para a aplicação do princípio da
insignificância. (...)” (STJ, AgRg no AREsp 1322476/MG, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, Quinta Turma, DJe 10/10/2018).

• Vale ressaltar que o STJ já aceitou a configuração do crime de apropriação indébita


em caso de bem fungível (QUE PODE SER SUBSTITUIDO POR OUTRO DA
MESMA ESPÉCIE, QUALIDADE E QUANTIDADE):
(...) 1. Este Tribunal Superior já reconheceu a possibilidade de ocorrência do
delito de apropriação indébita quando se trata de bem fungível. 2. É também
entendimento deste Sodalício que o ressarcimento do prejuízo decorrente do
desvio do bem depositado - inocorrente no caso – não descaracteriza o delito.
(...)” (STJ, AgRg no AREsp 528420/MS, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta
Turma, DJe 02/03/2018).

• AUMENTO DE PENA: I, II, III:


I. em depósito necessário:
O Código Civil faz distinção entre o depósito necessário e o voluntário. Além disso,
subdivide o necessário em legal e miserável:
Art. 647. É depósito necessário:
I - O que se faz em desempenho de obrigação legal;
II - O que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a
inundação, o naufrágio ou o saque.
O parágrafo único do artigo 649 traz, ainda, as hipóteses equiparadas ao
depósito:
Parágrafo único. Os hospedeiros responderão como depositários, assim como
pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos
seus estabelecimentos.
O artigo 647 traz as hipóteses de depósito necessário para o Direito Civil. O inciso
I representa o chamado depósito legal, enquanto o inciso II cuida do depósito
miserável, as duas modalidades do depósito necessário em referido ramo do
Direito.

Para o Direito Penal, com base nos ensinamentos de Nelson Hungria, grande parte
da doutrina aponta que somente o depósito miserável corresponde ao exigido pela
modalidade qualificada da apropriação indébita tratada no inciso I do artigo 168
do Código Penal. É a posição de Rogério Greco e de Cezar Bitencourt3.

Deste modo, apenas as hipóteses do artigo 647, inciso I, do Código Civil se


amoldam ao artigo 168, § 1º, inciso I, do Código Penal. O depósito judicial,
conforme veremos, se enquadra na hipótese do artigo 168, § 1º, inciso II, do
Código Penal. O depósito legal do funcionário público pode configurar peculato.

Para Hungria, o depósito por equiparação, do artigo 649, deveria configurar a


modalidade majorada em razão do exercício de ofício, emprego ou profissão.

Deste modo, o termo depósito necessário, previsto na causa de aumento de pena


do inciso I, deve ser entendido como aquele decorrente de efetiva necessidade,
não se estendendo às hipóteses de depósito legal. Somente o depósito miserável,
decorrente de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou
o saque, serve para a configuração da majorante. O desvalor maior reside na
situação de vulnerabilidade da vítima.

II. na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,


testamenteiro ou depositário judicial:
São funções enumeradas em rol taxativo, isto é, não admitem a inclusão de outras
não mencionadas, sob pena de se aceitar analogia in malam partem, o
que já vimos não ser possível.

III. em razão de ofício, emprego ou profissão:


O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a modalidade majorada do
inciso III do § 1º impede a configuração do crime bagatelar, afastando a
aplicação do princípio da insignificância:
“(...) 3. Malgrado o valor irrisório do bem e a primariedade da paciente,
inviabiliza-se o reconhecimento do crime bagatelar, porquanto o crime de
apropriação indébita é majorada por ter sido cometida em razão do ofício,
emprego ou profissão, circunstância concreta desabonadora, nos termos da
jurisprudência deste Tribunal Superior, suficiente para impedir a aplicação do
referido brocardo, pois fomenta exponencialmente a prática de outros crimes.
4. Habeas corpus não conhecido.” (HC 351173/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
5ª Turma, DJe 20/09/2016).

➢ ART.168-A - APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA:


• Trata-se de crime omissivo. CRIME DOLOSO.
• O repasse, para a configuração do delito, deve não ter sido feito na forma e no prazo
legal ou convencional.
• Como os prazos estão previstos em lei, é necessária uma complementação normativa,
o que leva à conclusão de se tratar de norma penal em branco. Os prazos e a forma
estão previstos na Lei 8.212/91.
• O STJ possui precedentes no sentido de que o CRIME É FORMAL. Entretanto, após
adotar a posição do STF, vem entendendo que o CRIME É MATERIAL, exigindo a
constituição definitiva do débito tributário para a sua configuração:
“(...) 1. Este Superior Tribunal de Justiça, adotando entendimento firmado pelo
Supremo Tribunal Federal na Súmula Vinculante n.º 24, entende que o crime
tipificado no art. 168-A, do Código Penal possui natureza material e, dessa
forma, consuma-se a partir da conclusão definitiva do procedimento
administrativo de constituição do crédito tributário, sendo, portanto, este o
momento a ser considerado para fins de contagem inicial do prazo da
prescrição da pretensão punitiva estatal. Precedentes. (...)” (STJ, REsp
1734799/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 31/08/2018).

“(...) O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que os crimes


de sonegação e apropriação indébita previdenciárias, a exemplo dos delitos
previstos no art. 1º da Lei 8.137/1990, são materiais, não se configurando
enquanto não lançado definitivamente o crédito, o que também impede o início
da contagem do prazo prescricional.” (STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1806096,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 08/10/2019).

• FORMAS EQUIPARAS - §1º


• O parágrafo segundo do artigo 168-A prevê uma causa de extinção da
punibilidade.
• O parágrafo terceiro do artigo 168-A do Código Penal prevê hipótese de perdão
judicial ou de substituição da pena privativa de liberdade pela de multa
(PRIVILEGIADA).
• O STF e o STJ têm admitido a extinção da punibilidade pelo pagamento integral
do débito, consistente no valor das contribuições previdenciárias (e acessórios,
como juros), mesmo após o trânsito em julgado. Por outro lado, o parcelamento
implica na suspensão da pretensão punitiva, sendo necessário que haja a
consolidação do parcelamento pela Administração (não basta o requerimento).
“(...) 3. Consoante dispõe o art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/03, nos crimes contra
a ordem tributária e de apropriação indébita previdenciária, extingue-se a
punibilidade do agente que efetua o pagamento integral do débito em questão.
(...)” (STJ, EDcl no AgRg no AREsp 320281/SE, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, 6ª Turma, DJe 16/09/2016).

“(...) 1. O pagamento integral do débito previdenciário extingue a punibilidade


do acusado, sendo que a adesão ao programa de parcelamento suspende o
andamento do prazo prescricional até sua revogação ou a posterior extinção da
punibilidade, em razão do pagamento integral. (...)” (STJ, AgRg no AREsp
774580/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, 6ª Turma, DJe 04/04/2018).

“Não há como se interpretar o referido dispositivo legal de outro modo, senão


considerando que o parcelamento do tributo concedido pela Fazenda Pública,
a qualquer tempo, até mesmo após o advento do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, é causa de suspensão da ação penal e do prazo
prescricional.” (STJ, HC 402978/SC, Rel. Min Jorge Mussi, Sexta Turma, DJe
06/11/2017)

“1. Tratando-se de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, § 1º, I, CP),


o pagamento integral do débito tributário, ainda que após o trânsito em julgado
da condenação, é causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do
art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/03. Precedentes. (...)” (STF, RHC 128245/SP,
Rel. Min. Dias Toffoli, 2ª Turma, Julgamento: 23/08/2016).

“(...) 2. Quanto ao mérito recursal, nos termos da jurisprudência deste Superior


Tribunal de Justiça, o simples requerimento de adesão do contribuinte ao
programa de parcelamento não implica imediata suspensão da pretensão
punitiva estatal, pois, conforme a dicção do art. 68 da Lei n. 11.941/2009, tal
benefício está adstrito aos débitos quanto aos quais a Fazenda Pública houver
efetivamente concedido o parcelamento e que tenham relação com a ação penal
em curso. No caso, conforme reconhecido no acórdão proferido no julgamento
da impetração, os débitos encontravamse aguardando consolidação do
parcelamento quanto ao quantum debeatur e ao valor das parcelas, o que revela
ser prematura a suspensão da persecução penal. (...)” (STJ, AgInt no RHC
61543/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 30/05/2018).

• APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:


O STF e STJ atualmente não têm admitido a aplicação do princípio da
insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária. Houve uma
modificação do entendimento do STJ, que tinha o entendimento de ser possível o
reconhecimento da atipicidade material tanto do crime de apropriação indébita
previdenciária quanto do delito de sonegação de contribuição previdenciária.

“Agravo regimental em recurso ordinário em habeas corpus. 2. Apropriação


indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenciária.
Condenação. 3. Reconhecimento da prescrição. Impossibilidade. Necessidade
de esgotamento da via administrativa para deflagração da ação penal e início
da contagem do prazo prescricional. Não ocorrência da alegada prescrição. 4.
Aplicação do princípio da insignificância. Impossibilidade. Elevado grau de
reprovabilidade da conduta. Precedentes. 5. Dosimetria da pena. Reprimenda
aplicada de forma proporcional e suficientemente fundamentada. 6. Agravo
regimental a que se nega provimento.” (RHC 132706 AgR/SP, Rel. Min.
Gilmar Mendes, Segunda Turma, Julgamento em 21/06/2016).

(...) 1. Ambas as Turmas que compõem o Supremo Tribunal Federal entendem


ser inaplicável o princípio da insignificância aos crimes de sonegação de
contribuição previdenciária e apropriação indébita previdenciária, tendo em
vista a elevada reprovabilidade dessas condutas, que atentam contra bem
jurídico de caráter supraindividual e contribuem para agravar o quadro
deficitário da Previdência Social. 2. A Terceira Seção desta Corte Superior
concluiu que não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos
crimes de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição
previdenciária, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais
protegem a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado
o grau de reprovabilidade da conduta do agente que atenta contra este bem
jurídico supraindividual. (...) (STJ, AgRg no REsp 1783334/PB, Rel. Min.
Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 02/12/2019).

➢ ART.169/CP- APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO


FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA
É o caso de envio pelos Correios, sendo que o carteiro entrega por erro em
apartamento diverso. Também pode ocorrer de uma enchente levar os bens de um
vizinho para a propriedade do outro. Ou, ainda, se o gado consegue derrubar uma
cerca e adentra no imóvel adjacente, de propriedade de outrem.
O crime é comum, por não exigir nenhuma qualidade específica do sujeito ativo. É
material, pois exige a ocorrência do resultado naturalístico para sua consumação.
É de forma livre, instantâneo e plurissubsistente, admitindo, portanto, a modalidade
tentada.

➢ APROPRIAÇÃO DE TESOURO, ART.169, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO I


DO CP:
Tesouro é um conjunto de coisas valiosas ou preciosas, como moedas de ouro, que
podem estar enterradas ou apenas ocultas. O encontro deve ser causal, situação em
que deverá ser dividido igualmente entre o proprietário do terreno e aquele que o
encontrar.
O Código Civil trata do tema do achado de tesouro em seus artigos 1.264 a 1.266.
O crime é comum, instantâneo, material, de forma livre e plurissubsistente.

➢ ART.169, II- APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA:


• Cuida-se de crime de conduta mista, por envolver uma ação seguida de uma omissão,
sendo ambos os comportamentos necessários para a sua configuração.
• A coisa perdida (res desperdita) é aquela que teve a posse perdida pelo seu dono ou
possuidor, o que não afeta a sua propriedade. Deste modo, quando encontrada, deve
ser restituída ao proprietário, sob pena de configuração do delito.
• O prazo para se restituir a coisa ao proprietário é de 15 dias, razão pela qual o delito
em estudo também é classificado como crime a prazo, por depender do decurso de
determinado lapso temporal para sua configuração.
• A exemplo dos demais crimes previstos no artigo 169, é classificado como comum,
material, instantâneo e de forma livre. Entretanto, ainda que haja doutrinadores
entendendo possível sua tentativa, apesar de difícil configuração, a parte omissiva da
conduta não se mostra compatível com a tentativa.

➢ FORMA PRIVILEGIADA – ART.170

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