Apostila 12
Apostila 12
Apostila 12
• Há diversos julgados sobre o preso o preso que danifica a cela para a sua fuga, se
pratica o crime do artigo 163 ou não.
• O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, possui entendimento consolidado de que
referida conduta praticada pelo preso não configura o crime, dada a ausência de
animus nocendi. Isto porque o indivíduo encarcerado, ao deteriorar as grades da cela,
por exemplo, busca evadir do local, sem o intuito específico de causar dano ao
patrimônio público:
“(...) 1 - Consoante jurisprudência desta Corte, para a configuração do crime
de dano previsto no art. 163 do Código Penal, mostra-se imprescindível a
presença do elemento subjetivo específico, qual seja, o animus nocendi, que
consiste na vontade deliberada de causar prejuízo ao patrimônio alheio. 2 - "A
destruição de patrimônio público (buraco na cela) pelo preso que busca fugir
do estabelecimento no qual encontra-se encarcerado não configura o delito de
dano qualificado (art. 163, parágrafo único, inciso III do CP), porque ausente
o dolo específico (animus nocendi), sendo, pois, atípica a conduta" (HC n.
260.350/GO, Relª. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, DJe 21/5/2014). 3 - Agravo regimental desprovido.” (AgRg no HC
409417/SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 6ª Turma, DJe 06/11/2017).
“(...) 3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, para que se possa falar em
crime de dano qualificado contra patrimônio da União, Estado ou Município,
mister se faz a comprovação do elemento subjetivo do delito, qual seja, o
animus nocendi, caracterizado pela vontade de causar prejuízo ao erário. Nesse
passo, a destruição, deterioração ou inutilização das paredes ou grades de cela
pelo detento, com vistas à fuga de estabelecimento prisional, ou, ainda, da
viatura na qual o flagranteado foi conduzido à delegacia de polícia, demonstra
tão somente o seu intuito de recuperar a sua liberdade, sem que reste
evidenciado o necessário dolo específico de causar dano ao patrimônio
público.” (STJ, HC 503970/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe
04/06/2019).
• Para que exista o crime, ademais, é necessário que o dano seja um fim em si mesmo
e não meio para a prática de outro crime, pois, nesse caso, ficará absorvido. É o que
ocorre, por exemplo, quando alguém danifica a porta de uma casa para nela adentrar
e subtrair pertences, hipótese em que o agente responde apenas por crime de furto
qualificado pelo rompimento de obstáculo.
Para o Direito Penal, com base nos ensinamentos de Nelson Hungria, grande parte
da doutrina aponta que somente o depósito miserável corresponde ao exigido pela
modalidade qualificada da apropriação indébita tratada no inciso I do artigo 168
do Código Penal. É a posição de Rogério Greco e de Cezar Bitencourt3.