A Unção Profética - John Bevere
A Unção Profética - John Bevere
A Unção Profética - John Bevere
John P. Bevere
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ÍNDICE
Agradecimentos ...................................................................................................... 3
Sobre o Autor .......................................................................................................... 4
Prefácio ................................................................................................................... 5
Introdução .............................................................................................................. 6
A Unção de Elias...................................................................................................... 9
O Ministério Profético .......................................................................................... 16
A voz do que Clama .............................................................................................. 27
Prepare o Caminho do Senhor.............................................................................. 34
Lobos Vestidos de Ovelhas ................................................................................... 47
Apartem-se de Mim: Nunca os Conheci ............................................................... 55
Arrependimento Sincero ou Falso? ...................................................................... 65
O Evangelho do Egoísmo ...................................................................................... 76
Fugi da Idolatria .................................................................................................... 87
Boa Raiz - Bom Fruto ............................................................................................ 97
AGRADECIMENTOS
Minha profunda gratidão a todos que labutaram conosco em
oração, num projeto e através do sustento financeiro para que este livro
fosse concluído; à nossa equipe de ministério, pela sua constante ajuda e
fidelidade; a Amy, Angela e Doug, pelos seus muitos talentos.
À minha esposa, Lisa, que altruisticamente ajudou com a redação,
mas sobretudo pela esposa devota que ela tem sido para mim. Eu amo
você, querida!
Aos meus três filhos, Addison, Austin e Alexander, que
sacrificaram seu tempo com o papai para que este projeto pudesse ser
completado. Vocês são dons especiais do céu!
O mais importante ainda: minha sincera gratidão ao nosso Pai no
céu, pelo seu dom incrível; ao nosso Senhor Jesus, pela sua graça e
verdade; e ao Espírito Santo, pela sua direção fiel durante este projeto.
SOBRE O AUTOR
John P. Bevere, Jr.
John Bevere Mínistries
O dia do Senhor
O grande e terrível dia do Senhor - a segunda vinda de Cristo -
talvez esteja mais perto do que eu e você pensamos. Deus está dizendo
que enviará o profeta Elias antes do dia da vinda do Senhor. Será um
grande dia para os fiéis e servos sábios do Senhor e um terrível dia para
aqueles que nunca receberam o Evangelho de Cristo e que foram
insensatos e perversos. Estes são aqueles que, ainda que conhecessem a
vontade de Deus, não a cumpririam! Isto é ilustrado nas seguintes
palavras de Jesus:
Jesus falou isto depois que João tinha sido decapitado. Notemos
que ele se refere a dois diferentes períodos de tempo da unção de Elias:
futuro {virá) e passado (já veio).
Anterior à segunda vinda de Jesus Cristo, uma vez mais Deus irá
levantar uma unção profética. Todavia, dessa vez o manto não cairá sobre
um homem apenas, mas sobre, um grupo de profetas, homens e mulheres
ungidos no corpo de Cristo. No livro de Atos, Pedro citou o profeta Joel:
O MINISTÉRIO PROFÉTICO
Se eu quero alguma coisa de você, você pode manipular-me,
controlar-me ou dominar-me.
A unção profética
João era um pregador, não um professor. Para ser mais específico,
ele era um proclamador daquilo que Deus estava dizendo. Não
encontramos João Batista ensinando em nenhum lugar nas Escrituras. Isto
é característico daqueles que andarão nestes últimos dias da unção de
Elias. Quando eles operam debaixo dessa unção, eles primariamente
estarão proclamando o que Deus está dizendo. Não encontraremos estes
homens e mulheres pregando um sermão de cinco pontos ou tópicos.
Profetizar significa falar debaixo de divina inspiração. Uma outra forma
de dizer isto é ser um "porta-voz". Deus disse a Moisés a respeito de Arão:
"Tu (Moisés), pois, lhe falarás e lhe porás na boca (de Arão) as palavras... Ele
falará por ti ao povo; ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus " (Êx 4.15,16).
O Senhor disse que Arão falaria exatamente o que Moisés lhe dissera para
falar. Arão não falaria o que Moisés havia dito, mas o que Moisés estava
dizendo. Ele seria a boca de Moisés. Mais tarde, Deus disse da seguinte forma:
"Vê que te constituí como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta"
(Êx 7.1). Moisés era aquele que tinha a mensagem, mas Arão era o que
entregava a mensagem. Então Arão era o profeta ou o porta-voz de
Moisés.
O ensino estabelece o que já foi proclamado. Sempre teremos
professores no corpo de Cristo para fortalecer linha por linha aquilo que já
foi pregado. Profetizar, no entanto, significa falar como os oráculos de
Deus. Você não vai com uma mensagem já planejada. Você abre a boca,
Deus coloca suas palavras nela e você fala. Você se torna os lábios de
Deus.
Hoje temos muitas pessoas que ensinam a Palavra escrita de Deus.
Eles falam aos homens a respeito de Deus. No entanto, Deus está
levantando homens e mulheres que não confiem no seu próprio
entendimento e falem de acordo com a letra apenas, mas abram a sua boca
e falem pelo Espírito de Deus. Se eles ensinam, será profeticamente, por
divina inspiração, e não através de uma mensagem planejada da qual eles
não podem se desviar.
Muitas das proclamações desses profetas serão um chamado para
mudanças, porque a missão prioritária deles será converter o coração das
pessoas de volta para Deus. A mensagem deles talvez não pareça
"agradável", mas trará uma forte convicção. A mensagem deles, em
algumas áreas, será como um machado esmiuçando uma rocha. Eles irão
ordenar, repreender, corrigir e exortar com toda autoridade e com um
coração cheio do amor de Deus por seu povo. Eles não serão críticos,
suspeitosos e judiciosos como muitos dos autodenominados profetas de
hoje.
Há muitos hoje que pensam que para um ministro se tornar um
profeta ele precisa entregar profecias, palavras de conhecimento e de
sabedoria da forma que as pessoas estão acostumadas a ouvir. Um profeta
pode entrar num culto e nunca dizer: "Assim diz o Senhor..." Contudo, sua
mensagem pode ser inteiramente profética, palavras de conhecimento e de
sabedoria! A razão por que a maioria das pessoas não reconhece um
profeta é porque estão procurando ver se suas mensagens estão empacota-
das da maneira "comum", como as que se iniciam dessa forma: "Assim diz
o Senhor..."
João Batista nunca disse: "Assim diz o Senhor..." Na verdade, a
maioria das pessoas na Igreja hoje diria que João Batista era um
evangelista e não um profeta, pois muitos se arrependeram como
resultado de suas mensagens e ele não entregava profecias individuais. Se
limitamos o ofício profético àquilo que pensamos que este seja, por causa
do que as pessoas nos ensinaram no passado, podemos perder aquilo que
Deus está trazendo nestes últimos dias através de seus profetas Elias!
Alguns talvez digam: "Mas as profecias do Novo Testamento são para
edificação, exortação e conforto". Essa é exatamente a razão do ministério
de João Batista. Vamos observar o que ele pregava. Leia atentamente o
que profetizava e note cuidadosamente o último verso:
O campo de treinamento
Observe onde João está pregando: no deserto. O campo de
treinamento para esses profetas será o deserto ou lugares áridos. "O
menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que
havia de manifestar-se a Israel" (Lc 1.80). João Batista cresceu e se tornou forte
no espírito no deserto! Não foi nos palácios, seminários, escolas bíblicas ou
nas sinagogas, mas no deserto. Profeticamente isso deveria nos dizer que
o treinamento para esses profetas Elias não será fácil! Deus será duro com
eles. E como ser treinado para uma tropa de elite. Eles têm de passar por
um treinamento muito mais forte do que os soldados comuns. Por quê?
Porque eles irão a lugares mais perigosos do que aqueles que um soldado
simples irá enfrentar.
No deserto, João aprendeu que o Senhor era a sua fonte, não o
homem ou as instituições. Ele não era sustentado por sua denominação ou
igreja. Ele não buscou sustento através de sua lista de correspondência ou
de um empresário rico, nem através de cartas com promessas de Deus
àqueles que ofertassem para seu ministério. Sua motivação não era
receber, e sim dar.
Ele não gerou sustento escrevendo cartas às sinagogas locais
pedindo que viessem pregar em sua igreja ou preenchendo sua agenda
com as maiores sinagogas para que o orçamento fosse atingido. Suas
necessidades não eram satisfeitas mediante conversas bajuladoras com os
ricos, dando-lhes tratamento especial. Suas necessidades foram supridas
pelo Senhor.
João Batista aprendeu que o Senhor era sua fonte total naquele
deserto! Nenhum homem ou ministério o sustentou. Portanto, ele podia
falar o que Deus mandava, sem medo de ser rejeitado! Muitos pregadores
hoje estão presos pela preocupação sobre o que seus membros pensam
deles ou de suas mensagens. A junta de diretores é que os controla e não o
Espírito de Deus. O medo de ser rejeitado os domina. Então, eles são como
marionetes, controlados pela aprovação dos homens.
Deixa-me colocar isso dessa maneira. Se eu quero alguma coisa de
você - quer seja o seu dinheiro, amizade, aprovação, aceitação, uma
posição que você pode me oferecer ou uma segurança que você pode me
dar - então, você pode me manipular, controlar ou me dominar. Se eu
quero qualquer coisa de você, então você se torna a fonte, e se eu ofender
essa fonte aquilo que eu quero pode ser recusado. Isso é chamado o temor
do homem. Você não pode temer o homem e a Deus ao mesmo tempo.
Você vai temer um ou o outro. A razão por que o ensino e a pregação de
muitos obreiros não têm efeito é que eles estão amarrados pelo temor ao
homem! "O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria..." (Sl 111.10) "Quem
teme ao homem arma ciladas..." (Pv 29.25) Se um ministro teme a Deus, ele
vai operar na sabedoria de Deus. Haverá liberdade e vida em tudo o que
ele diz ou faz. Se um ministro teme ao homem, isso será uma cilada para
ele. Uma cilada é uma armadilha que o homem usa para pegar animais.
Certa manhã, eu perguntei ao Senhor o que seria o temor do homem. Ele
disse: "O temor do homem é o medo de ser rejeitado pelo homem, sem
considerar a minha rejeição!" O medo de ser rejeitado pelo homem é uma
armadilha! Quantos crentes estão amarrados por essa armadilha no desejo
de obter a aprovação dos homens! João Batista aprendeu no deserto que
Deus era a sua fonte. Ele não queria nada das pessoas; desde que a
mensagem de Deus fosse pregada através dele, não importava se as
pessoas ou os líderes o rejeitassem, pois ele não queria nada deles.
João aprendeu a ouvir a voz do Senhor no deserto. Ele não estava
repetindo o que ele ouvia outro pregador ensinar. Ele não lia livros para
retirar deles seus sermões. Ele não estudava horas e horas para construir
uma nova mensagem. Ele não foi instruído sobre como preparar um
sermão ou recebeu qualquer treinamento homilético. Ele tinha a unção do
Senhor. Ele buscava a Deus e o Senhor revelava-se a Ele! Ele sabia o que
Deus dissera: "Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso
coração " (Jr 29.13).
Uma de minhas responsabilidades, quando trabalhei por quatro
anos e meio no ministério de socorro, era cuidar dos ministros que
visitavam nossa igreja. Eu servia a Deus numa enorme igreja em Dallas,
no Texas, e era um ministério múltiplo. Muitas vezes, esses ministros me
ofereciam conselhos sobre o ministério para o qual percebiam que eu era
chamado. Um homem falou-me para comprar um livro sobre como fazer
amigos e influenciar as pessoas. Um outro aconselhou-me a adquirir um
livro sobre como se vestir para o sucesso, dizendo que no ministério temos
sempre de nos vestir da maneira correia. Ele instruiu-me a usar gravatas
poderosas, ternos escuros e nunca usar camisas de mangas curtas.
Um outro disse: "Sempre esteja no lugar certo no momento certo.
Vá às igrejas e seminários onde muitos pastores estão e carregue consigo
muitos cartões. Faça os pastores saberem que você está disponível para
pregar". Outro homem advertiu-me a sempre falar palavras positivas para
minhas audiências; não lhes falar de forma negativa. Tenho certeza que
muitos jovens ouviram as mesmas coisas nos seminários ou escolas
bíblicas.
Penso que esses homens não consideraram o ministério de João
Batista. "Sempre estar no lugar certo, na momento certo." Lá estava ele,
quinze quilômetros no meio do nada. Ele não colocou um anúncio num
jornal cristão sobre o seminário profético que ele estava ministrando no
deserto. Não colocou nenhum propaganda numa revista cristã, dizendo:
"Venha à minha conferência profética e você será um profeta em uma
semana". Ele nem mesmo distribuiu folhetos por toda a Jerusalém,
anunciando sua convenção. Mesmo assim, a Bíblia mostra claramente que
a Palavra do Senhor veio a ele no deserto. "Então, saíam a ter com ele
Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão" (Mt 3.5). O que,
ou quem, levou todas aquelas pessoas para o deserto?
E quanto a este conselho: "Sempre fale coisas positivas à sua
audiência"? As primeiras palavras a saírem da boca de João Batista no
Evangelho de Lucas foram: Raça de víboras! Esta é a maneira como ele
iniciou o culto! Você poderia imaginar-se olhando para aquela multidão
dizendo que era um bando de cobras venenosas? Como fazer amigos e
influenciar pessoas para João Batista?
"Vista-se para o sucesso!" Ele usava um terno italiano no valor de
três mil reais e um par de sapatos de couro de lagarto legítimo, certo?
Não! Ele provavelmente tinha um pedaço de pêlo de camelo enrolado em
seu corpo com um cinto de couro para segurar. Talvez tivesse os pés sujos
e mau hálito. Quando pregava, talvez cuspisse acidentalmente naqueles
que estavam mais próximos e o seu fervor era notado.
Essa é a razão por que Jesus disse a seu respeito:
Embora esta passagem fosse para ser cumprida nos dias de João
Batista, ela não foi totalmente cumprida. Será que toda a carne viu a glória
do Senhor nos dias de João Batista? A resposta é claramente não. Ainda
que muitos tenham visto a glória do Senhor na pessoa de Jesus Cristo, não
se pode dizer que toda a carne junta a viu. A Bíblia deixa claro que a
Glória do Senhor será vista por toda a carne no dia da segunda vinda de
Cristo.
Muitas profecias bíblicas têm mais de um cumprimento. Às vezes,
há cumprimentos preliminares antes do cumprimento final daquilo que
Deus disse. Paulo fala da multiforme (variada) sabedoria de Deus (Ef
3.10). A Palavra de Deus pode ser aplicada a muitas situações e a eventos
diferentes. Então, pegar uma verdade ou uma profecia das Escrituras e
dizer que é a verdade ou o cumprimento profético, isso é limitar o que
Deus quer dizer. Esta é a razão por que muitos nesses dias têm
dificuldade em receber o que os profetas no Velho Testamento previram
para os nossos dias. Precisamos perceber que Jesus disse: "Não penseis que
vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir" (Mt
5.17).
Portanto, essa profecia de Isaías 40 nos mostra que há duas
diferentes unções de Elias: a primeira veio antes da primeira vinda de
Cristo, e a segunda virá antes de sua segunda vinda. Nesse momento você
pode estar pensando: "Por que fala da voz do que clama ...?" A resposta é
que não haverá divisão de propósito nos profetas e ministros dos últimos
dias. Eles terão uma voz: a voz de Deus! Eles serão como um homem. Eles
serão mortos para o seu próprio desejo e buscarão somente a vontade de
Deus. Eles serão treinados no deserto e lá eles morrerão para si mesmos e
para suas ambições ministeriais.
Deus está levantando um exército de pessoas nos últimos dias que
tem um só propósito. O local de treinamento desse exército é o deserto.
Ou lugares áridos: "... no deserto preparem o caminho para o Senhor" (Is 40.3 -
NVI). Podemos perceber o resultado do deserto nos filhos de Israel depois
que deixaram o Egito. O deserto serviu-lhes para dois propósitos:
primeiro, consumiu com aqueles que serviam o Senhor por razões egoístas
- eles foram espalhados no deserto. Segundo, ele preparou o povo para
entrar na Terra Prometida e possuí-la. Nós não vemos a mesma espécie de
rebelião e concupiscência no livro de Josué como vemos nos livros de
Êxodo e Números. Aqueles que buscavam seus próprios interesses foram
destruídos, enquanto o restante foi fortalecido através das lutas que
enfrentaram no deserto.
Há alguns anos, o Senhor acordou a minha esposa às quatro horas
da manhã. Ela foi para a sala e lá o Senhor lhe deu uma visão do exército
que Ele está preparando nos últimos dias. Os homens e as mulheres
tinham a mesma face (nenhum superastro). Todos sabiam qual era a sua
posição, e ninguém estava competindo pela posição dos outros. Ela
contou-me que nesta visão todos os membros do exército estavam com
suas cabeças inclinadas olhando para o líder, que era Jesus. Quando o
líder se virou, as pessoas não olharam umas para os outras, todas se
viraram ao mesmo tempo, porque estavam seguindo o Mestre. O exército
era como um homem, porque eram um no propósito e mortos para seus
próprios desejos. (Nosso primeiro livro, Vitória no Deserto, seria de grande
ajuda para um maior entendimento desse processo de treinamento e
preparação.)
Deus diz que todos os vales serão aterrados e todos os montes serão
nivelados. Montes e montanhas significam o orgulho dos homens. Todos os
orgulhosos e altivos serão humilhados.
Precisamos definir o que é orgulho. Ousadia é quase sempre confundida
com altivez. Se um homem está seguro em Deus, às vezes ele é tido como
arrogante e orgulhoso. Quando Davi chegou no campo de batalha onde seus
irmãos estavam lutando e viu o gigante derrotando o exército de Deus, sua
resposta segura fez com que seu irmão mais velho o acusasse de orgulhoso ou
altivo. Davi disse: "... Que farão àquele homem que ferir a este filisteu e tirar a
afronta de sobre Israel? Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os
exércitos do Deus vivo?" (1 Sm 17.26)
Sua ousadia trouxe convicção a Eliabe, seu irmão mais velho, que estava
servindo fielmente o exército do rei Saul. "Acen-deu-se-lhe a ira [de Eliabe]
contra Davi, e disse: Porque desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas
ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção e a tua maldade... " (1 Sm
17.28) Eliabe era o orgulhoso. Talvez ele ainda estivesse enciumado porque
Samuel ungiu seu irmão mais novo como o próximo rei de Israel ao invés dele.
Será que essa foi a razão pela qual Deus não o havia escolhido - um coração
orgulhoso? Muitas vezes nós acusamos as pessoas de coisas que nós mesmos
estamos enfrentando.
O mesmo acontece hoje. Muitos que estão seguros em Deus são
acusados de serem presunçosos. Há um falso conceito de orgulho e
humildade. Muitos, na Igreja, pensam que humildade é agir
prudentemente, conduzir-se a si mesmo de forma superespiritual, agir
como se você não fosse digno. Eles têm colocado a humildade como ação,
quando ela deveria ser um estado interior do coração.
Havia um rei de Judá chamado Uzias, um descendente do rei Davi.
Ele foi coroado rei aos dezesseis anos de idade. Quando ele se tornou rei,
buscou a Deus diligentemente. É claro que se você tivesse dezesseis anos
de idade e fosse colocado como rei de uma nação, você iria buscar muito a
Deus também. A respeito de Uzias é dito que "nos dias em que buscou ao
SENHOR, Deus o fez prosperar" (2 Cr 26.5). Deus o abençoou grandemente;
ele guerreou contra os filisteus e os derrotou em inúmeras cidades, bem
como os árabes, os meunitas e os amonitas. Ele conduziu a nação de forma
a que se tornasse muito forte econômica e militarmente. Houve muito
sucesso sob sua liderança.
Foi quando Uzias estava forte, não fraco, que seu coração se
exaltou. Foi quando ele viu a prosperidade e o sucesso sobre tudo que ele
tocava é que seu coração cessou de buscar o Senhor! Deus falou comigo
um dia, dizendo: "John, a maioria daqueles que caíram, cederam no tempo
de abundância e não de escassez". Essa é uma armadilha que apanha
muitos crentes. Quando eles se tornam crentes, têm muita fome de
conhecer ao Senhor e os seus caminhos. Eles o buscam e confiam nele para
todas as coisas. Eles vêm à igreja, clamando: "Senhor, eu quero conhecê-lo
mais!" No entanto, quando chegam a conhecê-lo mais e se tornam fortes
através da experiência com Ele, suas atitudes mudam para "vamos ver se
este ministério realmente funciona!" Então, ao invés de lerem a Bíblia com
a seguinte atitude: "Senhor, revela-te a mim!" eles já têm suas doutrinas
preestabelecidas e lêem o que crêem ao invés de crerem no que lêem. Eles
são agora experts nas Escrituras, mas se esqueceram da humildade de
coração que uma vez tiveram.
Este é o caso nos Estados Unidos, com tantos ensinos disponíveis
para o povo. "... reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber
ensoberbece, mas o amor edifica" (ICo 8.1). O amor não busca os seus
próprios interesses! A soberba busca seus próprios interesses, quase
sempre escondidos na religião. Deus diz que o saber adquirido sem amor
resulta em orgulho e soberba.
Quanto mais o orgulho invadia o coração do rei Uzias, mais religioso ele
se tornava. Seu coração se exaltou, e ele entrou no templo para "adorar". O
orgulho e o espírito religioso andam de mãos dadas. O espírito de
religiosidade faz com que a pessoa pense que é humilde através de sua
aparência de "espiritualidade", quando na verdade ela é orgulhosa. De
outro lado, o orgulho mantém a pessoa presa em cadeias, num espírito
religioso, porque ela é muito orgulhosa para admitir isso. Essa é uma
razão por que o orgulho na Igreja é muito bem camuflado. Ele se esconde
atrás de uma máscara religiosa.
O orgulho religioso pode ser definido como "se ver capaz de ser
como Deus, separado de Deus". É se ver com a habilidade de fazer, saber
ou ter qualquer coisa que estiver à frente (mesmo que isso pareça
espiritual), fora do caminho de Deus. Isso faz de você o centro e a fonte de
todas as coisas em sua vida. Para explicar melhor, note como Jesus via a si
mesmo.
Isso fala tudo. O próprio Jesus disse que não podia fazer nada sem
a direção, o poder e a ajuda de seu Pai. Note o tempo verbal do que ele
disse. Ele não disse: "O Filho não pode fazer nada de si mesmo, mas
somente o que Ele viu o Pai fazer". Mas o que ele disse foi: "O Filho não
pode fazer nada de si mesmo, somente o que ele vir o Pai fazer". Um
espírito religioso vai agarrar-se firme àquilo que Deus fez, enquanto
resiste ao que Deus está fazendo. O orgulho, que opera no poder de sua
própria força, trabalha lado a lado com esse espírito religioso.
Vemos um exemplo disso na vida dos fariseus. Eles agiam de
forma "espiritual e santa", enquanto seus corações estavam cheios de
orgulho. Eles se firmavam naquilo que Deus havia feito através de Moisés
e Abraão, enquanto resistiam ao Filho do Deus vivo manifestado no meio
deles.
A aparência deles era muito espiritual... jejuavam semanalmente,
dizimavam, faziam longas orações em público. No entanto, isso era feito
na sua própria habilidade, tudo em nome de Jeová, com base nas
Escrituras do velho Testamento, mas não no Espírito de Jeová!
Hoje, nós também temos aqueles que falam em línguas, dizimam,
frequentam a igreja e participam dos seus trabalhos e mesmo assim seus
corações estão cheios de orgulho. Eles dizem que aquilo que fazem é
inspirado por Deus, mas na realidade é a vontade deles e a maneira deles,
tudo em nome de Jesus!
Vamos observar novamente o rei Uzias e ver o que aconteceu
quando ele foi confrontado pelos sacerdotes:
É triste reconhecer que o dinheiro fala mais alto para muitas igrejas
e para ministros da América; uma atenção especial é dada àqueles que
possuem muito; banquetes e funções são dadas aos altos contribuintes da
obra. Qual é o propósito disso? Para que continuem contribuindo e não
sejam atraídos por outro ministério e levem junto consigo o sustento da
obra. Assim, o ministro não é mais controlado pelo Espírito de Deus, mas
pelos seus ricos contribuintes. Ele vai falar bem daqueles que alimentam o
seu ministério, enquanto faz vista grossa aos pecados deles. Essas pessoas
ricas influenciam seu ministério. Isso não quer dizer que todos os ministros
que dão banquetes de gratidão e funções especiais fazem isso para
levantar dinheiro - alguns querem genuinamente ministrar àqueles que
têm investido na obra. No entanto, se um banquete é oferecido, deveria
ser tanto para aqueles que dão um dólar por mês para o ministério quanto
para aqueles que dão quinhentos dólares por mês. Jesus disse que a viúva
deu mais do que todos, ainda que ela tenha dado apenas duas moedas. Se
os banquetes são oferecidos por esse motivo, eles têm em si uma
atmosfera totalmente diferente.
Deus coloca bem claro como é perigoso receber suborno das
pessoas ricas e influentes: "Também suborno não aceitarás, porque o suborno
cega até o perspicaz e perverte as palavras dos justos" (Êx 23.8). Um ministro
perde sua capacidade de discernir no momento que começa a dar
tratamento preferencial àquele que tem influência ou dinheiro. Seu
discernimento se vai, porque ele está motivado pelo egoísmo e não por
amor. Suas palavras tornam-se pervertidas, e assim ele começa a afastar-se
da fé daquele momento em diante. Mesmo que o ministério dele continue
a crescer e sua unção não decline. Sim, a unção não cessa, "porque os dons e
a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11.29). Deus não tira a unção e o
chamado. Essa é a razão por que temos alguns ministros ainda andando
no poder e na unção de Deus, enquanto suas vidas estão pervertidas.
Miquéias era uma pessoa que verdadeiramente amava as pessoas.
Ele disse que em virtude de os ministros estarem pregando paz àqueles
que os alimentavam, eles não teriam nenhuma resposta do Senhor. Suas
palavras soavam como se vindas de Deus, mas na realidade não eram. No
entanto, porque Miquéias era corajoso o bastante para falar o que Deus
havia mandado - sabendo que podia sofrer perseguição por causa disso -
ele era cheio do poder e do Espírito do Senhor. Ele tinha a resposta do
Senhor que os outros tentavam imitar. Porém, ele era capaz de repreendê-
los, corrigi-los e exortá-los. Ele era capaz de ministrar-lhes o que Deus
estava dizendo, ao invés daquilo que serviria para os melhores interesses
de seu ministério. No seu caso, a Palavra do Senhor expunha os pecados
do povo de Deus e os chamava ao arrependimento. Ele não ministrava
palavras suaves para receber aceitação mas pregava o que Deus estava
dizendo, quer as pessoas gostassem ou não.
Deus está levantando uma geração que pregará o que Ele está
dizendo, mesmo que seja uma mensagem impopular. Esses ministros
serão jovens e velhos; alguns terão estado no ministério por muitos anos;
outros serão recém-chamados por Deus. Eles terão o fruto do Espírito na
vida pessoal. Eles terão o caráter de Deus desenvolvido em suas vidas. O
amor de Deus será o alicerce de suas vidas e ministério. Portanto, eles irão
amar o povo de Deus com um amor puro. Eles não buscarão os dons ou o
ministério, mas o coração de Deus. Porque eles sabem que "ainda que falem
as línguas dos homens e dos anjos, se não tiverem amor, serão como o bronze que
soa ou como o címbalo que retine. Ainda que tenham o dom de profetizar e
conheçam todos os mistérios e toda a ciência; ainda que tenham tamanha fé, a
ponto de transportar montes, se não tiverem amor, nada serão. E ainda que
distribuam todos os seus bens entre os pobres e ainda que entreguem o próprio
corpo para ser queimado, se não tiverem amor, nada disso se aproveitarão'''' (1
Coríntios 13.1-3). Sabendo disso, eles irão seguir o amor e procurar com zelo
os dons espirituais (1 Co 14.1).
O Novo Testamento fala dos "falsos profetas" e dos "falsos irmãos"
(2 Co 11.13, 26). Ambos eram julgados pelos frutos de sua vida pessoal e
pelos frutos produzidos pelos seus ministérios. Será que o ministério deles
estava atraindo pessoas para si mesmos ou para os planos e propósitos de
Deus? Portanto, Paulo, um verdadeiro profeta de Deus, exorta a Timóteo,
dizendo: "Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento,
propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança" (2 Tm 3.10). Mesmo
havendo tremendos milagres e dons no ministério de Paulo, ele lembrou a
Timóteo que havia seguido o fruto do Espírito na vida de Paulo, não os
milagres ou a unção. Jesus colocou isso absolutamente claro, dizendo:
"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos
outros" (Jo 13.35).
Então, novamente direi para que não olhemos para os milagres ou
para a unção a fim de determinar se estamos lidando com um falso ou
com um verdadeiro profeta, ou apóstolo ou irmão, mas olhemos para o
fruto da sua vida pessoal e de seu ministério.
Capítulo 6
APARTEM-SE DE MIM: NUNCA OS CONHECI
Quem são estes muitos que não poderão entrar no Reino?
Deus diz que não se lembrará de sua justiça. Quando Deus esquece
alguma coisa, é como se isso nunca tivesse acontecido. Falamos sobre
Deus esquecer os nossos pecados, jogando-os nas profundezas do mar do
esquecimento. Deus nunca mais se lembrará de nossos pecados. O diabo
tenta nos acusar, mas Deus disse que não se lembrará mais dos nossos
pecados. Na mente de Deus é como se nunca tivéssemos cometido pecado.
Bom, o oposto também é verdade. Quando Deus diz que a justiça de um
homem não será mais lembrada, Ele quer dizer que esquecerá que um dia
conheceu tal pessoa. Essa é a razão por que Jesus disse: "Nunca os conheci".
Por que teria sido melhor nunca ter conhecido o caminho da justiça? Judas
responde essa pergunta, dizendo: "... para as quais tem sido guardada a
negridão das trevas, para sempre" (Jd 13). A negridão das trevas significa
uma das piores punições. "Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu
senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com
muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez
coisas dignas de reprovação levará poucos açoites... " (Lc 12.47, 48) Judas
considera que esse grande castigo é estar "duplamente morto " (Jd 12,13).
Estar duas vezes morto significa que a pessoa estava morta sem Cristo,
depois se tornou viva ao recebê-lo, e morreu novamente mediante seu
afastamento de Deus.
Há muitas outras passagens no Novo Testamento para reforçar
isso. Muitas pessoas são enganadas ao pensarem que podem viver a vida
da maneira que quiserem, bastando confessar Jesus como Salvador para
serem salvas. Elas estão separando textos da Bíblia para sustentar suas
doutrinas; quando Deus diz, por exemplo: "... De maneira alguma te deixarei,
nunca jamais te abandonarei" (Hb 13.5).
Ele realmente não nos abandonará, mas nunca disse que nós não o
abandonaríamos. "Se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos,
ele, por sua vez, nos negará" (2 Tm 2.12). Uma pessoa pode negar a Cristo
não apenas pelas suas palavras mas também através de suas ações! Na
verdade, as ações falam mais alto do que as palavras. "No tocante a Deus,
professam conhecê-lo, entretanto, o negam por suas obras... " (Tt 1.16) Tito deixa
claro que uma pessoa pode professar ou confessar que conhece Jesus
Cristo, mas pelas suas obras ela o nega.
Tiago diz assim: "Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que
tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?" (Tg 2.14) Será
que apenas dizendo que cremos em Jesus Cristo e um dia na vida
fizermos a oração de entrega a Ele, seremos salvos mesmo que não haja
ações condizentes com nossa fé? Tiago continua, dizendo: "... mostra-me
essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé" (Tg 2.18).
Ele está dizendo que minhas obras (ações) falarão mais alto do que
minhas palavras! Isso nos leva de volta ao que Jesus disse: "Pelos seus
frutos os conhecereis (não pelas suas palavras)" Qual é o fruto da vida
dessas pessoas? Será que elas são motivadas por ambição própria? Estão
vivendo para si mesmas? Será que renderam suas vidas para seguir a
Jesus?
Alguns têm sido motivados por essa mensagem que Deus me falou
para pregar. Eles se aproximam de mim num estado de pânico, dizendo:
"Eu pensei que uma vez salvos seremos sempre salvos!" Minha resposta a
eles é: "Se você verdadeiramente ama a Jesus Cristo, você não irá negá-lo
através de pensamentos, palavras ou ações".
O apóstolo João nos diz: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para
que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo" (1 Jo 2.1). O alvo daquele que ama a Deus é não pecar,
mas, se pecar, ele tem um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo, a
quem pode confessar seu pecado e ser perdoado. Ele não disse: "Filhinhos,
estas coisas vos escrevo para que pequeis. E, quando pecar, há um Advogado
junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo" (Compare as duas declarações
cuidadosamente).
Judas nos adverte, pelo Espírito de Deus, que homens e mulheres
irão entrar na igreja mudando a graça de Deus com o objetivo de
satisfazer seus próprios desejos e negar ao Senhor Jesus Cristo com seus
caminhos rebeldes e avarentos. Ele começa sua carta dizendo: "Amados,
quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum
salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a
batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos" (Jd 3). Como é que lutamos ou batalhamos para guardar a fé?
Judas responde: "Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima,
orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus..." (Jd 20,21) Não
permita que seu amor se esfrie através do engano do pecado. Nós lutamos
ou batalhamos pela fé guardando nosso amor por Deus, mesmo quando
alguns em nosso meio professam o cristianismo, mas seu estilo de vida é
de avareza e de rebelião. Não deixe o fermento de hipocrisia deles minar em seu
coração e mente!
Se Judas nos adverte a guardar o amor de Deus, isso significa que o
amor pode ser perdido. Esse é o segundo grupo que ouvirá o Mestre
dizendo: "Apartai-vos de Mim..."
Se você ama a Deus, não terá dificuldades em guardar os seus
mandamentos! Se servir a Deus é uma obrigação, você entrou numa
relação legalista e será difícil guardar os seus mandamentos. Nós não
deveríamos servir a Deus para ganhar sua aprovação; deveríamos servir a
Deus porque estamos apaixonados por Ele! Judas continua dizendo como
podemos manter esse amor sempre vivo se na Igreja há um fermento mal.
Ele nos diz: "Guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso
Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna" (Jd 21). Nossos olhos têm de estar
fitos no Senhor todos os minutos do dia. Temos de buscá-lo ansiosos e
continuamente para que Ele possa se revelar de forma poderosa. "E a si
mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança [a esperança de Jesus
revelar-se], assim como ele é puro" (1 Jo 3.3).
Note que Jesus disse: "Eu nunca vos conheci, apartai-vos de mim vós
que praticais a iniquidade!" A palavra-chave nessa declaração é praticar. O
apóstolo João disse: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei,
porque o pecado é a transgressão da lei... Filhinhos, não vos deixeis enganar por
ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que
pratica o pecado procede do diabo..." (1 Jo 3.4, 7, 8)
Agora leia cuidadosamente os versos seguintes sobre o que as
obras das trevas são. Note a palavra "praticar".
O fruto do arrependimento
A primeira coisa que quero que você perceba é que esse homem
veio correndo a Jesus. Quando chegou, ele ajoelhou-se diante de Jesus e
perguntou o que ele precisava fazer para ser salvo. Posso ver esse homem
correndo em meio à multidão, ajoelhando-se perante Jesus, agarrando
suas mãos, e implorando com uma grande paixão: o que preciso fazer para
ser salvo? Até essa data, na minha vida pessoal ou ministerial, não tive
qualquer pessoa, rica ou pobre, correndo para mim, ajoelhando-se e
implorando: "O que preciso fazer para nascer de novo?" Esse homem era
intenso! Alguns podem visualizar esse jovem governante rico, passeando
casualmente com Jesus com uma tonalidade de voz calma, tranquila e
intelectual, perguntando-lhe o que uma pessoa precisava fazer para
herdar a vida eterna. Esse, no entanto, não foi o caso. Esse homem estava
sério sobre ser salvo! Vejamos:"... Bom Mestre, que farei para herdar a vida
eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão
um, que é Deus" (Mc 10.17, 18).
Ele não estava lisonjeando Jesus, ele não o chamou de "bom
Senhor". Eu creio que esse homem tinha integridade. Ele sabia que ao
chamar Jesus de Senhor teria de estar pronto a fazer o que Ele disse!
Muitos crentes hoje não têm esse tipo de caráter. Eles chamam Jesus de
Senhor e dizem que o líder deles é o pastor, mas não fazem o que o Senhor
lhe pede ou não recebem a instrução de seu pastor. Eles sorriem, dizem
"amém" para aquilo que o pastor prega, mas não aplicam isso a suas
próprias vidas. Eles têm ouvidos para ouvir, mas não aplicam o que o
Espírito está lhes dizendo. Muitas vezes eles sentem que a mensagem é
apropriada para os que são "piores do que eles". São hipócritas! Eles
tentam remover o cisco do olho do irmão, enquanto uma trave está
cegando seus próprios olhos. Ouça como Jesus ministra a esse homem in-
tenso que deseja ser salvo:
Notemos que Jesus o amou! Mas como Ele demonstrou seu amor
por esse homem? Foi apresentando-lhe um Evangelho mais fácil caso ele
se sentisse ofendido? Ou não o confrontando com os ídolos da posição, do
poder e do dinheiro na vida dele? Por que Jesus não o convidou apenas
para fazer a oração do pecador entre-gando-se a Cristo, na esperança de
que ele se esquecesse desses ídolos mais tarde? Afinal de contas, aquele
era um candidato pronto, com um desejo intenso de ser salvo. Tudo o que
Jesus tinha a fazer era puxar a rede e Ele teria um crente rico e
proeminente! Mas Jesus o amava! Ao invés disso, Ele deu a esse homem a
verdade -uma palavra muito forte - correndo o risco de perder esse
homem poderoso e empolgado. Jesus olhou-o nos olhos e disse que lhe
faltava algo que não era o zelo, mas uma prontidão de coração e mente
para abandonar tudo o que tinha.
Será que podemos imaginar Jesus dizendo que nos falta algo que
nos impediria de sermos salvos? Então, se verdadeiramente amamos,
somos sinceros, mesmo sabendo que isso pode significar rejeição. Muitos
crentes e pregadores bajulam os outros por causa do medo da rejeição.
Eles querem ser aceitos. Eu costumava ser assim. Todos que eu encontrava
gostavam de mim, porque eu sempre lhes falei o que queriam ouvir. Eu
odiava qualquer confrontação ou rejeição e queria que todos estivessem
sempre alegres. Aí Deus expôs meu motivo inseguro e egoísta. Ele revelou
o enfoque do meu amor - meu ego, não as pessoas que me rodeavam. Eu
estava mais preocupado com a aceitação deles do que dar-lhes aquilo de
que realmente precisavam.É melhor falar a verdade do que comprometer
a verdade e fazer com que alguém creia na mentira. É melhor que ouçam
isso agora do que crer que podem conservar pecado em suas vidas e um
dia ouvirem o Mestre dizer-lhes: "Apartai-vos de mim. Vocês foram
enganados!"
Ele não correu atrás do homem para trazê-lo de volta. Ele virou-se
para a sua equipe e os instruiu: "Quão difícil é para aqueles que confiam na
riqueza... " Um ídolo é qualquer coisa que amamos, em que confiamos ou
damos a nossa atenção mais do que a Deus! Aquele homem não estava
desejoso de abandonar seus ídolos e seguir Jesus. Para algumas pessoas, o
seu ídolo é a popularidade com seus colegas; para outros, pode ser um
esporte, comida,televisão ou música, etc... A lista pode ser enorme. O que
pode ser um ídolo para alguém não é, necessariamente, um ídolo para
outra pessoa. Deus disse: "Não fareis para vós outros ídolos... " (Lv 26.1)
Você é quem faz de alguma coisa um ídolo, amando ou confiando em algo
mais do que em Deus!
Notemos que Jesus também não disse: "Não lhe falei que se você
obedecer à palavra que o Pai acaba de me dar para você, para abandonar
esse dinheiro, Ele lhe daria cem vezes mais em retorno?" Muitos de nós
temos feito isso! Alguns ministros prometem cem vezes em retorno para
as pessoas que recebem a Palavra de Deus. Então, o motivo se torna: "Dá-
me para que você receba!" Se isso fosse correto, então Jesus deveria ter
enfocado no retorno e não no custo. Ele não tentou incitar esse homem a
entrar no reino de Deus pelas bênçãos do reino. Agora, leia com admira-
ção o que Ele fala a Pedro e aos outros discípulos:
Ele disse: "John, Eu sou 'o primogênito entre muitos irmãos" (Rm
8.29). Eu não havia percebido a profundidade de seu amor até aquele
momento. A partir de então percebi que, se apenas uma pessoa tivesse se
perdido, Ele teria vindo e feito o mesmo. Essa espécie de amor é a
fundação do reino de Deus, e onde precisamos estar enraizados, e a
maneira como precisamos tratar uns aos outros!
Jesus ordena - não é uma sugestão - que amemos uns aos outros da
mesma forma que Ele acabara de demonstrar. Que estimemos aos outros
mais do que a nós mesmos. Se formos enraizados nessa espécie de amor
não egoísta, o pecado não produzirá mais fruto! Andaremos livres de
motivos egoístas. Ele disse que por essa espécie de amor o mundo nos
reconheceria como verdadeiros discípulos, não pelo que pregamos. O
mundo está cansado de simplesmente ouvir que Deus muda vidas; ele
quer ver o seu poder transformador na vida dos crentes! Não é pelos
milagres feitos em seu nome que nos conhecerão como seus discípulos. A
Bíblia fala sobre os mentirosos sinais e maravilhas dos últimos dias (2 Ts
2.9). Milagres vão chamar-lhes a atenção, mas o amor de Deus guardará a
atenção deles. Tenho ouvido pregadores dizerem que o mundo conhecerá
que somos dele pela nossa riqueza financeira. Certamente temos visto que
isso não é verdade! O mundo hoje está debochando dos crentes por causa
do seu excessivo amor pelo dinheiro! Eles vêem competição, inveja e arro-
gância entre os crentes - escondido pela máscara do ministério ou das
promessas da Bíblia, mas, ainda assim, motivados pelo amor ao ego.
Se você me ama
Como podemos guardar este mandamento de amar como Ele ama?
Como podemos andar nesta espécie de amor? Se é uma ordem de Deus,
isso significa que não é impossível. E somente impossível quando
tentamos atingir isso na nossa própria força. Deus seria injusto se nos
desse um mandamento impossível de ser cumprido. Examinemos
cuidadosamente as palavras de Jesus:
FIM