A Unção Profética - John Bevere

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A Unção Profética

John P. Bevere

Título original: The Voice of One Crying


Tradução Nelson Salviano da Silva
Editora Atos, 2004

Digitalizado por: LUZ

http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com
ÍNDICE

Agradecimentos ...................................................................................................... 3
Sobre o Autor .......................................................................................................... 4
Prefácio ................................................................................................................... 5
Introdução .............................................................................................................. 6
A Unção de Elias...................................................................................................... 9
O Ministério Profético .......................................................................................... 16
A voz do que Clama .............................................................................................. 27
Prepare o Caminho do Senhor.............................................................................. 34
Lobos Vestidos de Ovelhas ................................................................................... 47
Apartem-se de Mim: Nunca os Conheci ............................................................... 55
Arrependimento Sincero ou Falso? ...................................................................... 65
O Evangelho do Egoísmo ...................................................................................... 76
Fugi da Idolatria .................................................................................................... 87
Boa Raiz - Bom Fruto ............................................................................................ 97
AGRADECIMENTOS
Minha profunda gratidão a todos que labutaram conosco em
oração, num projeto e através do sustento financeiro para que este livro
fosse concluído; à nossa equipe de ministério, pela sua constante ajuda e
fidelidade; a Amy, Angela e Doug, pelos seus muitos talentos.
À minha esposa, Lisa, que altruisticamente ajudou com a redação,
mas sobretudo pela esposa devota que ela tem sido para mim. Eu amo
você, querida!
Aos meus três filhos, Addison, Austin e Alexander, que
sacrificaram seu tempo com o papai para que este projeto pudesse ser
completado. Vocês são dons especiais do céu!
O mais importante ainda: minha sincera gratidão ao nosso Pai no
céu, pelo seu dom incrível; ao nosso Senhor Jesus, pela sua graça e
verdade; e ao Espírito Santo, pela sua direção fiel durante este projeto.
SOBRE O AUTOR
John P. Bevere, Jr.
John Bevere Mínistries

John Bevere tem em seu coração um forte desejo de ver a


restauração vindo ao Corpo de Cristo. Ele crê que para haver restauração
terá que primeiro haver arrependimento das obras mortas, da idolatria e
do temor do homem.
Esse ministério não nasceu da teoria somente, mas das lutas e
triunfos pessoais de John. Ele crê que há um enorme exército dos filhos de
Deus que estão cativos à espera da libertação do legalismo, da rebelião, da
falta de pecado e do medo.
É com isso no coração que John viaja visitando igrejas e falando em
conferências, chamando a todos, ousadamente, para o arrependimento,
restauração e ordem. Embora ele viaje dentro e fora do país, seu coração
clama pela América. Ele deseja ver o espírito de avivamento e o temor do
Senhor partilhado através do seu ministério.
John é autor dos livros: Vitória no Deserto, A Unção Profética, A Isca
de Satanás, O Temor do Senhor e Feche a Porta na Cara do Diabo. Ele é um
convidado frequente de programas cristãos, incluindo aparições na TBN e
na CBN.
John crê que uma parte integral do ministério é ser fiel ao
ministério de ajuda. Por essa razão, ele serviu por quatro anos nesse tipo
de ministério até 1987. Nessa ocasião, ele se tornou um pastor assistente
da Orlando Christian Center, sob a direção de Benny Hinn. Reconhecendo o
chamado em sua vida, o pastor Hinn lançou John no ministério itinerante
de tempo integral, em janeiro de 1990.
John e sua esposa, Lisa, moram na Flórida com seus quatro filhos.
PREFÁCIO
O fato mais importante no mundo é a salvação. Sem ela ninguém
vai para o céu, e sem o arrependimento não há salvação. A Unção Profética
é um livro excelente sobre arrependimento. Eu desafio a todos que lerem
este livro a submeterem-se a uma purificação completa da alma através do
arrependimento. Nós não podemos mais viver sob os padrões do mundo.
Deus nos tem chamado para uma vida santa. Somente através do
arrependimento podemos esperar obter a espécie de purificação que nos
dá o padrão certo com o Pai, para que possamos ter a vida eterna.
Eu exorto fortemente os líderes e leigos a falarem com autoridade e
amor. Parem de fazer cócegas nos ouvidos e comecem a guiar a Igreja ao
arrependimento para que possamos ser achados sem mancha, sem culpa e
sem falha no retorno do nosso Senhor Jesus Cristo.
Ao ler este livro, visualize seu relacionamento pessoal com Deus.
Deixe que isto fale com você. Não olhe para seu vizinho julgando-o; Deus
quer falar com você.
Deus está buscando homens que irão fazer e dizer o que é
necessário para conservar a Igreja na direção certa. John Bevere é um
desses homens. Eu o conheço há dez anos e percebo que tem um coração
puro, ousadia de caráter e um relacionamento com Deus que é evidente
em sua estabilidade.
Dr. Norvel Hayes
Escritor, professor
Norvel Hayes Ministries
Cleveland, Tennesse, EUA
INTRODUÇÃO
Este livro é uma mensagem para a Igreja. Também é dedicado
àqueles que deixaram a estrutura de uma Igreja por causa de
descontentamento, ou por alguma ofensa sofrida. E uma mensagem para
os cristãos de diferentes denominações, ou até mesmo para aqueles que
não têm nada a ver com denominações e membrezia. Para aqueles que
estão no ministério de tempo integral, bem como para aqueles que
trabalham parcialmente na obra. É um livro para jovem e idoso, não
importando se conhecem ao Senhor há muitos anos ou se têm se
aproximado dele recentemente.
Ao chegarmos ao limiar de um novo milênio, estamos diante de
várias interrogações. Será que estamos num avivamento? Estamos
esperando um derramar do Espírito de Deus e uma colheita de almas
anunciados pelo profeta Joel? Como nos comparamos com a Igreja no
livro de Atos? Será que somos a Igreja glorificada que Cristo virá buscar?
Estamos prontos para o retorno dele?
Será possível que temos aceitado exaltação e estímulos emocionais
como pobres substitutos para o reavivamento nas últimas décadas? Será
que nos tornamos pessoas que amam a aparência e não a substância, não
produzindo desta forma nenhuma profundidade? Será que abandonamos
a piedade e a integridade por aquilo que chamamos de "progresso do
reino"? O mundo está vendo Jesus Cristo em nós, através do amor ge-
nuíno de uns para com os outros? Será que os anos 80 e 90 são ilustrações
do nosso destino?
A chegada do avivamento profetizado por Joel será diferente
daquilo que muitos estão esperando. Ele não ocorrerá através de um
sistema da igreja que cheira a mundanismo. Não virá através de uma
Igreja morna ou idólatra, nem de ministros que competem e lutam uns
contra os outros. O avivamento não acontecerá a menos que
comprometamos o sucesso pela integridade. O mundo não será atraído
pelo fascínio e esplendor da Igreja, mas sim pela sua glória.
A causa do declínio da Igreja nos dias atuais é o estilo de vida que
temos adotado e pregado na última parte do Século XX. Nós temos
reduzido o Evangelho a uma solução barata dos problemas da vida.
Temos oferecido Jesus como um vendedor tentando atingir sua cota de
vendas! Na verdade temos deixado de lado o arrependimento como
marca do convertido. Então, a questão é, que espécie de conversões temos
tido? Jesus disse aos ministros dos seus dias: "Ai de vocês, mestres da lei e
fariseus, hipócritas, porque percorrem terra e mar para fazer um convertido e,
quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês"
(Mt 23.15 - NVÍ). Convertidos são fáceis de se fazer, mas será que eles são
verdadeiramente filhos do reino de Deus? Este livro trata destes e de
outros assuntos.
No outono de 1992, o Espírito de Deus comissionou-me a escrever
este livro. Enquanto escrevia, eu tremia de espanto porque as coisas que
Deus estava me dando eram muito mais fortes do que eu pensava. Na
verdade, num certo ponto eu parei de escrever. Eu não queria dizer
algumas coisas tão fortes como vieram a mim. Depois que várias semanas
se passaram, comecei a escrever novamente, tentando mudar a maneira
que eu havia dito algumas coisas. Eu não estava chegando a lugar algum.
Parecia que a unção para escrever tinha sumido. Eu gastei muitas horas no
computador tentando escrever, mas o fluir do Espírito não estava lá. Eu
comecei a orar e buscar o Senhor a respeito deste livro. Eu disse: "Senhor,
se Tu queres que eu escreva este livro, o Senhor terá que me dar as
palavras. Parece que não há nada fluindo e não há vida nem unção nisto".
O Senhor respondeu-me com muita clareza, dizendo: "Há seis semanas,
você se afastou daquilo que Eu desejava; retorne ao ponto onde a vida e a
unção estavam fluindo". Retornei àquele capítulo que eu havia
abandonado e imediatamente a unção voltou. Então continuei escrevendo
sem parar até que este livro foi completado.
Eu já preguei grande parte do que está escrito neste livro nos
Estados Unidos e em outros países. Porém muita coisa veio a mim
enquanto escrevia, pois nunca havia ouvido, pregado ou pensado nisto
antes. Isto era uma outra confirmação que este livro era inspirado pelo
Senhor. Eu sei que esta mensagem é o clamor do coração de Deus para seu
povo nos últimos dias. Por favor, leve isto a sério!
Quero encorajá-lo a ler este livro até o fim pois a mensagem não
será completa se você ler apenas uma parte. Enquanto estiver lendo peça
ao Senhor para aplicá-lo em sua vida para que seu caminho seja
preparado em sua vida e em seu ministério. A Igreja será transformada
assim que cada um de seus membros individualmente mudarem. Quase
sempre pensamos que todos as outras pessoas precisam mudar e não nós.
Muito do que escrevi diz respeito a áreas que Deus tem lidado comigo
pessoalmente, preparando-me para os últimos dias.
O Senhor está realmente voltando para buscar uma Igreja gloriosa
e santa, que não tem manchas ou marcas ou qualquer coisa semelhante (Ef
5.27). Precisamos conservar esta visão diante de nós para que não nos
tornemos desencorajados e assim percamos o que nos foi prometido.
Quando Deus nos chama para o arrependimento, é para nos
mudar e nos mover em direção à esperança que está colocada diante de
nós. A mensagem de João Batista era "Arrependei-vos, porque está próximo o
reino dos céus" (Mt 3.2). Em outras palavras, ele estava proclamando: "O
reino está próximo, então para que você receba tudo que Deus tem para
você, é preciso que haja uma mudança (arrependimento)". Pregar
arrependimento sem esperança irá levar as pessoas ao legalismo. Nós precisamos
mudar para chegarmos a um lugar onde podemos receber aquilo que
Deus nos prometeu.
Esta é uma mensagem de misericórdia do coração de Deus, não é
julgamento. Misericórdia, porque Ele está nos advertindo que está
voltando em sua glória, quer estejamos prontos individualmente, ou não.
Então, para recebermos o que Ele tem para nós, precisamos mudar aquilo
que não vem dele em nós para que, quando sua glória for revelada, nós
nos alegremos com grande júbilo!
Minhas orações são para que, ao ler este livro, você ouça a voz de Deus lhe
falando e que seus ouvidos possam ouvir, seus olhos possam ver e seu
coração venha reconhecer e entender o que o Espírito de Deus está dizendo
a você e à Igreja nestes últimos dias. Eu também oro para que Ele revele a
si mesmo e a sua vontade a você através deste livro e que você esteja
pronto para aquilo que Ele o tem chamado nestes dias finais.
John Bevere
Capítulo 1
A UNÇÃO DE ELIAS
O julgamento de Deus será de acordo com seu padrão de justiça e
não o nosso.

"Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que


venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá
o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus
pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição "
(Ml 4.5,6).

O dia do Senhor
O grande e terrível dia do Senhor - a segunda vinda de Cristo -
talvez esteja mais perto do que eu e você pensamos. Deus está dizendo
que enviará o profeta Elias antes do dia da vinda do Senhor. Será um
grande dia para os fiéis e servos sábios do Senhor e um terrível dia para
aqueles que nunca receberam o Evangelho de Cristo e que foram
insensatos e perversos. Estes são aqueles que, ainda que conhecessem a
vontade de Deus, não a cumpririam! Isto é ilustrado nas seguintes
palavras de Jesus:

"Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e


prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos
para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado
aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar
fazendo assim. Verdadeiramente, vos digo que lhe
confiará todos os seus bens. Mas, se aquele servo disser
consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a
espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a
embriagar-se, virá o senhor daquele servo, em dia em
que não o espera e em hora que não sabe, e castigá-lo-á,
lançando-lhe a sorte com os infiéis. Aquele servo,
porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se
aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido
com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a
vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação
levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi
dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se
confia, muito mais lhe pedirão" (Lc 12.42-48).

O grande e terrível dia do Senhor é o seu retorno para executar o


julgamento. O julgamento de Deus será de acordo com o seu padrão de
justiça, não o nosso. Nesse dia, "A arrogância do homem será abatida, e a sua
altivez será humilhada; só o SENHOR será exaltado naquele dia. Os ídolos serão
de todo destruídos" (Is 2.17, 18). E um dia de vingança do orgulho e
desobediência do homem, mesmo que no momento a arrogância e a
rebelião pareçam não ser notadas ou punidas e até galardoadas.
Muitos hoje são derrotados. Eles vivem para si mesmos mas crêem
que estão vivendo retamente diante de Deus. A dureza do coração deles
fez com que perdessem o temor de Deus. A respeito disso lemos: "... virão
escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e
dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais
dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação " (2
Pe 3.3, 4). Estes homens e mulheres andam de acordo com os seus
próprios desejos e não de acordo com os desejos de Deus. Muitas
atividades suas são até mesmo feitas em nome do cristianismo. O padrão
deles não é Jesus; eles se comparam uns com os outros. A aceitação da
sociedade é o padrão deles. O pensamento deles 6 o seguinte: "Por que eu
deveria viver um estilo de vida santo quando muitos na Igreja não vivem
dessa maneira e caminham sem punição alguma? Na verdade, eles até
parecem prosperar naquilo que fazem. Por que eu deveria colocar sobre
mim um jugo desnecessário'?"
O Senhor se levantará em juízo, dizendo: "Por muito tempo me calei,
estive em silêncio e me contive; mas agora darei gritos como a parturiente, e ao
mesmo tempo ofegarei, e estarei esbaforido. Os montes e os outeiros devastarei..."
(Is 42.14, 15) Deus tem estado quieto e distanciou-se por um longo tempo.
O propósito desta demora é a salvação. Muitos retornarão ao Senhor nessa
época, enquanto outros irão se endurecer ainda mais ao recusarem o seu
chamado. Para estes, o dia do Senhor virá inesperadamente.
"Pois vós mesmos estais inteirados com precisão
de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite.
Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes
sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores do
parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo
escaparão " (1Ts 5.2,3).

O dia do Senhor virá como nos dias de Ló. Sodoma e Gomorra


eram cidades frutíferas e sem ausência de alimento e moradia. Não havia
nenhum sinal de julgamento iminente. Tudo tinha sido o mesmo como foi
para com seus antepassados. "... comiam, bebiam, compravam, vendiam,
plantavam e edificavam" (Lc 17.28). Eles foram apanhados totalmente
despercebidos. Eles devem ter pensado que Deus não havia notado a
condição do coração deles e seus caminhos perversos.
Ló estava até despercebido quanto ao julgamento vindouro. Ló poderia
representar os cristãos carnais. Percebemos isto pelo lugar onde ele
escolheu morar (entre os habitantes de Sodoma e Gomorra), o tipo de
esposa que ele tinha e os filhos de quem ele era pai através do incesto - os
moabitas e os amonitas. Em contraste, Abraão escolheu viver uma vida
separada. Ele estava buscando a cidade cujo construtor e edificador era
Deus. Ló escolheu ter comunhão com os ímpios, ao invés de viver uma
vida separada. A influência dos ímpios certamente começou a produzir
frutos nele e em sua família. Os seus valores e padrões não eram mais
ditados por Deus, mas pela sociedade ao redor dele. Ló se tornou "...
afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo,
pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa,
cada dia, por causa das obras iníquas daqueles)" (2 Pe 2.7, 8).
O dia do julgamento teria vindo sobre ele como um ladrão durante
a noite, se não fosse pelos mensageiros que Deus enviara para adverti-lo.
Porém, mesmo com esta advertência do julgamento, sua esposa escolheu
olhar para trás, porque ela tinha sido tão influenciada pelo mundo que
não temia mais o Senhor. Esta é a razão pela qual Jesus nos adverte,
dizendo: "Lembrai-vos da mulher de Ló. Quem quiser preservar a sua vida
perdê-lá-á; e quem a perder de fato a salvará" (Lc 17.32, 33).

Elias vem primeiro


Deus disse que enviaria o profeta Elias antes do grande e terrível
dia do Senhor. Este Elias que está para vir não é o Elias de 1 e 2 Reis
reencarnado. O texto não está se referindo a um homem histórico e nem
está limitado a um mero homem. Ao contrário, descreve o verdadeiro
significado de "Elias". Para explicar, a palavra Elias vem de duas palavras
hebraicas el e Yahh. El significa "poder ou força" e Yahh, o próprio nome do
verdadeiro Deus Jeová. Colocando-os juntos, chegamos a "poder ou força
de Jeová, o verdadeiro Deus". Então, o que Malaquias estava dizendo era
que, anterior ao dia do Senhor, Deus enviaria um manto ou uma unção
profética na força e no poder do verdadeiro Deus.
Antes da primeira vinda de Jesus, o anjo Gabriel apareceu a
Zacarias, o pai de João Batista, e descreveu o chamado na vida de seu
filho, como se segue:

"E converterá muitos dos filhos de Israel ao Se-


nhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e
poder de Elias, para converter o coração dos pais aos
filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos
e habilitar para o Senhor um povo preparado" (Lc 1.16,
17).

João era o profeta Elias enviado para preparar o caminho' do


Senhor anterior à primeira vinda de Jesus. Ele era a voz do que clama no
deserto: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (Mc 1.3). O
impulso de seu ministério era tornar o coração dos filhos de Israel de volta
para Deus; sua mensagem: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos
céus" (Mt 3.2). Arrependimento significa uma mudança de coração, não
apenas uma mudança de ação. As ações dos filhos de Israel eram muito
religiosas, mas o coração deles estava longe de Deus. Milhares
frequentavam as sinagogas fielmente, inconscientes da verdadeira
condição de seus corações. Então Deus levantou o profeta João para expor
a real condição do coração deles. João declarou à multidão: "Raça de
víboras, quem vos induziu a fugir da ira [julgamento] vindoura? Produzi, pois,
frutos dignos do arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos
por pai a Abraão..." Lc 3.7, 8).
Ele expôs o engano no qual seus corações estavam firmados. Eles
criam que eram justificados porque eram filhos de Abraão e por causa de
sua fidelidade na frequência à sinagoga e na entrega dos dízimos. João
não foi enviado aos gentios que nunca haviam confessado conhecer Deus;
ele foi enviado para despertar as "ovelhas perdidas" da casa de Israel, e
prepará-las para receberem Jesus.
João Batista cumpriu as profecias de Elias para os seus dias antes
da primeira vinda do Senhor Jesus. Todavia, Malaquias profetizou que
esta unção seria enviada antes do grande e terrível dia do Senhor. Isto
significa que havia dois diferentes cumprimentos da profecia. Isto é
explicado através do seguinte texto bíblico:

"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e


aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um
alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto
resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se
brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e
Elias, falando com ele" (Mt 17.1-3).

É digno de nota que a face de Jesus brilhava como o sol, que as


suas vestes tornaram-se brancas como a luz e Moisés e Elias apareceram e
conversaram com Ele. Quando Jesus retornar naquele grande e terrível
dia, em seu corpo glorificado, Ele irá governar e reinar por mil anos sobre
a Terra em seu corpo glorificado, e os seus santos irão governar com Ele.
Continuando os versos bíblicos, lemos:

"E, descendo eles do monte, ordenou-lhes Jesus: A


ninguém conteis a visão, até que o Filho do Homem res-
suscite dentre os mortos. Mas os discípulos o interroga-
ram: Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que
Elias venha primeiro ? Então, Jesus respondeu: De fato,
Elias virá e restaurará todas as coisas. Eu, porém, vos
declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes,
fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o
Filho do Homem há de padecer nas mãos deles. Então,
os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de
João Batista" (Mt 17.9-13).

Jesus falou isto depois que João tinha sido decapitado. Notemos
que ele se refere a dois diferentes períodos de tempo da unção de Elias:
futuro {virá) e passado (já veio).
Anterior à segunda vinda de Jesus Cristo, uma vez mais Deus irá
levantar uma unção profética. Todavia, dessa vez o manto não cairá sobre
um homem apenas, mas sobre, um grupo de profetas, homens e mulheres
ungidos no corpo de Cristo. No livro de Atos, Pedro citou o profeta Joel:

"... vossos filhos e vossas filhas profetizarão... até


sobre os meus servos e sobre as minhas servas
derramarei do meu Espírito naqueles dias, e
profetizarão... antes que venha o grande e glorioso Dia
do Senhor" (At 2.17-20).

Uma das definições da palavra "profecia" na língua grega, nos


versos acima, é "falar sob divina inspiração". Como podemos notar, esta
unção para falar o que Deus colocar em nossos corações não será limitada
apenas ao ministério profético, mas virá sobre pastores, professores,
evangelistas e apóstolos. Virá sobre aqueles ministros que seguirão a Deus
completamente, que não estão preocupados em construir seus próprios
ministérios e que não são intimidados pelas opiniões de homens ou de
organizações. Esta unção também virá sobre os remanescentes, homens e
mulheres, que seguirão a Deus de todo o coração sem temer o homem.
Jovens que, embora não estejam no ministério de tempo integral, vão fluir
nesta unção que irá cair sobre o povo remanescente na Igreja. Estes não
dobrarão seus joelhos em compromisso com o mundo, mas prepararão a
Igreja para o retorno do Senhor.
Como João Batista, estes profetas Elias vão buscar as ovelhas
perdidas que se decepcionaram com a estrutura da Igreja, assim como
aquelas que se afastaram por causa de alguma ofensa. Há muitos que
frequentam a igreja e se sentem prontos para o retorno de Jesus. Como as
pessoas no tempo de João Batista, eles crêem que pelas suas obras, boa
conduta, frequência à igreja, dízimos ou pelo fato de que um dia fizeram a
oração de entrega a Cristo, são justificados. Eles podem até crer que são
justificados, mas a verdade é que eles não estão prontos para a volta de
Jesus.
Há ministros que vivem aquém do padrão que Deus estabeleceu
para eles. Suas vidas estão cheias de ambição e de prazer. Eles usam o
ministério para servir a si mesmos e a seus próprios alvos. Alguns vivem
como hipócritas; ignoram e atemorizam suas famílias. Contudo, na igreja,
agem espiritualmente e com amor. Tais líderes não podem continuar de
pé. Eles podem parecer firmes por algum tempo, mas cedo ou tarde serão
apanhados por seus próprios erros. Da mesma forma, os líderes religiosos
da época de João criam que, através do serviço, do treinamento, das
experiências e da boa amizade com os colegas de ministério e com as
organizações, eles seriam justos aos olhos de Deus. Ou, talvez porque
muitos seguem o ministério deles, crêem que Deus os tem aprovado. Os
fariseus tinham um grande número de seguidores até que a Palavra do
Senhor veio a João no deserto e eles os deixaram. Então estes ministros
hipócritas vieram ouvir o que Deus estava dizendo através de um homem
que entregou não apenas sua boca para Deus, mas também sua vida
inteira!
Sim, o dia do Senhor virá sobre os ministros que são arrogantes e
orgulhosos. Na verdade vai começar com eles. Haverá um
esquadrinhamento de suas vidas privadas e de seus motivos. Eles também
pensaram que, "desde que seus pais dormiram, tudo permanece o
mesmo". Ministros do Senhor, esvaziem os seus corações agora para que
vocês possam cumprir o chamado de Deus em suas vidas e assim
escaparem do julgamento dele.
Antes que o leitor prossiga para o próximo capítulo, quero
encorajá-lo a ler a introdução, caso ainda não o tenha feito. A mensagem
deste livro é forte. Mas é forte para salvar vidas e não para destruí-las. É
forte para salvar ministros, não para destruí-los. Ela até pode remover as
partes de seu ministério que foram edificadas pela força da carne. Mas
lembre-se: Deus não destrói ou corta pela raiz ou arrasa nossas vidas e
ministérios sem edificar e plantar algo novo em seu lugar. A mensagem
deste livro é a mensagem sobre o amor e a misericórdia de Deus, Ele nos
adverte para que não sejamos julgados com o mundo, como a vida de Ló!
Capítulo 2

O MINISTÉRIO PROFÉTICO
Se eu quero alguma coisa de você, você pode manipular-me,
controlar-me ou dominar-me.

"Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no


deserto da Judéia e dizia: Arrependei-vos, porque está
próximo o reino dos céus. Porque este é o referido por
intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deser-
to: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas" (Mt 3.1-3).

A unção profética
João era um pregador, não um professor. Para ser mais específico,
ele era um proclamador daquilo que Deus estava dizendo. Não
encontramos João Batista ensinando em nenhum lugar nas Escrituras. Isto
é característico daqueles que andarão nestes últimos dias da unção de
Elias. Quando eles operam debaixo dessa unção, eles primariamente
estarão proclamando o que Deus está dizendo. Não encontraremos estes
homens e mulheres pregando um sermão de cinco pontos ou tópicos.
Profetizar significa falar debaixo de divina inspiração. Uma outra forma
de dizer isto é ser um "porta-voz". Deus disse a Moisés a respeito de Arão:
"Tu (Moisés), pois, lhe falarás e lhe porás na boca (de Arão) as palavras... Ele
falará por ti ao povo; ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus " (Êx 4.15,16).
O Senhor disse que Arão falaria exatamente o que Moisés lhe dissera para
falar. Arão não falaria o que Moisés havia dito, mas o que Moisés estava
dizendo. Ele seria a boca de Moisés. Mais tarde, Deus disse da seguinte forma:
"Vê que te constituí como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta"
(Êx 7.1). Moisés era aquele que tinha a mensagem, mas Arão era o que
entregava a mensagem. Então Arão era o profeta ou o porta-voz de
Moisés.
O ensino estabelece o que já foi proclamado. Sempre teremos
professores no corpo de Cristo para fortalecer linha por linha aquilo que já
foi pregado. Profetizar, no entanto, significa falar como os oráculos de
Deus. Você não vai com uma mensagem já planejada. Você abre a boca,
Deus coloca suas palavras nela e você fala. Você se torna os lábios de
Deus.
Hoje temos muitas pessoas que ensinam a Palavra escrita de Deus.
Eles falam aos homens a respeito de Deus. No entanto, Deus está
levantando homens e mulheres que não confiem no seu próprio
entendimento e falem de acordo com a letra apenas, mas abram a sua boca
e falem pelo Espírito de Deus. Se eles ensinam, será profeticamente, por
divina inspiração, e não através de uma mensagem planejada da qual eles
não podem se desviar.
Muitas das proclamações desses profetas serão um chamado para
mudanças, porque a missão prioritária deles será converter o coração das
pessoas de volta para Deus. A mensagem deles talvez não pareça
"agradável", mas trará uma forte convicção. A mensagem deles, em
algumas áreas, será como um machado esmiuçando uma rocha. Eles irão
ordenar, repreender, corrigir e exortar com toda autoridade e com um
coração cheio do amor de Deus por seu povo. Eles não serão críticos,
suspeitosos e judiciosos como muitos dos autodenominados profetas de
hoje.
Há muitos hoje que pensam que para um ministro se tornar um
profeta ele precisa entregar profecias, palavras de conhecimento e de
sabedoria da forma que as pessoas estão acostumadas a ouvir. Um profeta
pode entrar num culto e nunca dizer: "Assim diz o Senhor..." Contudo, sua
mensagem pode ser inteiramente profética, palavras de conhecimento e de
sabedoria! A razão por que a maioria das pessoas não reconhece um
profeta é porque estão procurando ver se suas mensagens estão empacota-
das da maneira "comum", como as que se iniciam dessa forma: "Assim diz
o Senhor..."
João Batista nunca disse: "Assim diz o Senhor..." Na verdade, a
maioria das pessoas na Igreja hoje diria que João Batista era um
evangelista e não um profeta, pois muitos se arrependeram como
resultado de suas mensagens e ele não entregava profecias individuais. Se
limitamos o ofício profético àquilo que pensamos que este seja, por causa
do que as pessoas nos ensinaram no passado, podemos perder aquilo que
Deus está trazendo nestes últimos dias através de seus profetas Elias!
Alguns talvez digam: "Mas as profecias do Novo Testamento são para
edificação, exortação e conforto". Essa é exatamente a razão do ministério
de João Batista. Vamos observar o que ele pregava. Leia atentamente o
que profetizava e note cuidadosamente o último verso:

"Dizia ele, pois, às multidões que saíam para serem


batizadas: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da
ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrepen-
dimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos:
Temos por pai a Abraão; porque eu voz afirmo que
destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. E
também já está posto o machado à raiz das árvores; toda
árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e
lançada ao fogo. Então, as multidões o interrogavam,
dizendo: Que havemos, pois, de fazer? Respondeu-lhes:
Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e
quem tiver comida, faça o mesmo. Foram também
publicanos para serem batizados e perguntaram-lhe:
Mestre, que havemos de fazer? Respondeu-lhes: Não
cobreis mais do que o estipulado. Também soldados lhe
perguntaram: E nós, que faremos? E ele lhes disse: A
ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa e contentai-
vos com o vosso soldo. Estando o povo na expec- tativa,
e discorrendo todos no seu íntimo a respeito de João, se
não seria ele, porventura, o próprio Cristo, disse João a
todos: Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o
que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno
de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos batizará
com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá, ele a tem na
mão, para limpar completa-mente a sua eira e recolher o
trigo no seu celeiro; porém queimará a palha em fogo
inextinguível. Assim, pois, com muitas outras
exortações anunciava o Evangelho ao povo" (Lc 3.7-18).

Deus chamou a pregação de João Batista de exortação! Mesmo


assim ele iniciou sua mensagem chamando-os de raça de víboras e depois
advertindo-os de que, se não se arrependessem, seriam julgados! Você
acha que temos tido uma visão distorcida ou limitada do que edificação,
exortação e conforto significam? Eles são a verdade que nos tornam livres.
Se você precisar de informações adicionais, veja a mensagem de
Jesus às sete igrejas da Ásia, no livro de Apocalipse, capítulos 2 e 3! Aos
crentes de uma igreja disse que se não se arrependessem Ele iria vomitá-los
de sua bocal Quantos hoje considerariam esta declaração como uma
edificação, exortação ou conforto?
Se você observar a maneira como Jesus iniciou cada mensagem às sete
igrejas, você perceberá que Ele disse: "Ao anjo da Igreja em..." A palavra
grega "anjo" é aggelos que significa "mensageiro". Esta é a mesma palavra
grega usada para descrever o ministério de João Batista: "Conforme está
escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o
qual preparará o teu caminho" (Mc 1.2). "Mensageiro" neste versículo é
também a palavra grega aggelos. Esses mensageiros enviados às igrejas em
Apocalipse são os profetas Elias. Eles não estão trazendo um ensino
agradável, mas sim a mensagem do Senhor, de arrependimento, à sua
Igreja.
Um ponto que deveria ficar claro é que aquele que profetiza nesse
dia e hora irá sempre falar de acordo com o que está escrito na Bíblia.
Porque Deus disse que ninguém pode adicionar ou tirar um só acento das
palavras da Bíblia.

O campo de treinamento
Observe onde João está pregando: no deserto. O campo de
treinamento para esses profetas será o deserto ou lugares áridos. "O
menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que
havia de manifestar-se a Israel" (Lc 1.80). João Batista cresceu e se tornou forte
no espírito no deserto! Não foi nos palácios, seminários, escolas bíblicas ou
nas sinagogas, mas no deserto. Profeticamente isso deveria nos dizer que
o treinamento para esses profetas Elias não será fácil! Deus será duro com
eles. E como ser treinado para uma tropa de elite. Eles têm de passar por
um treinamento muito mais forte do que os soldados comuns. Por quê?
Porque eles irão a lugares mais perigosos do que aqueles que um soldado
simples irá enfrentar.
No deserto, João aprendeu que o Senhor era a sua fonte, não o
homem ou as instituições. Ele não era sustentado por sua denominação ou
igreja. Ele não buscou sustento através de sua lista de correspondência ou
de um empresário rico, nem através de cartas com promessas de Deus
àqueles que ofertassem para seu ministério. Sua motivação não era
receber, e sim dar.
Ele não gerou sustento escrevendo cartas às sinagogas locais
pedindo que viessem pregar em sua igreja ou preenchendo sua agenda
com as maiores sinagogas para que o orçamento fosse atingido. Suas
necessidades não eram satisfeitas mediante conversas bajuladoras com os
ricos, dando-lhes tratamento especial. Suas necessidades foram supridas
pelo Senhor.
João Batista aprendeu que o Senhor era sua fonte total naquele
deserto! Nenhum homem ou ministério o sustentou. Portanto, ele podia
falar o que Deus mandava, sem medo de ser rejeitado! Muitos pregadores
hoje estão presos pela preocupação sobre o que seus membros pensam
deles ou de suas mensagens. A junta de diretores é que os controla e não o
Espírito de Deus. O medo de ser rejeitado os domina. Então, eles são como
marionetes, controlados pela aprovação dos homens.
Deixa-me colocar isso dessa maneira. Se eu quero alguma coisa de
você - quer seja o seu dinheiro, amizade, aprovação, aceitação, uma
posição que você pode me oferecer ou uma segurança que você pode me
dar - então, você pode me manipular, controlar ou me dominar. Se eu
quero qualquer coisa de você, então você se torna a fonte, e se eu ofender
essa fonte aquilo que eu quero pode ser recusado. Isso é chamado o temor
do homem. Você não pode temer o homem e a Deus ao mesmo tempo.
Você vai temer um ou o outro. A razão por que o ensino e a pregação de
muitos obreiros não têm efeito é que eles estão amarrados pelo temor ao
homem! "O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria..." (Sl 111.10) "Quem
teme ao homem arma ciladas..." (Pv 29.25) Se um ministro teme a Deus, ele
vai operar na sabedoria de Deus. Haverá liberdade e vida em tudo o que
ele diz ou faz. Se um ministro teme ao homem, isso será uma cilada para
ele. Uma cilada é uma armadilha que o homem usa para pegar animais.
Certa manhã, eu perguntei ao Senhor o que seria o temor do homem. Ele
disse: "O temor do homem é o medo de ser rejeitado pelo homem, sem
considerar a minha rejeição!" O medo de ser rejeitado pelo homem é uma
armadilha! Quantos crentes estão amarrados por essa armadilha no desejo
de obter a aprovação dos homens! João Batista aprendeu no deserto que
Deus era a sua fonte. Ele não queria nada das pessoas; desde que a
mensagem de Deus fosse pregada através dele, não importava se as
pessoas ou os líderes o rejeitassem, pois ele não queria nada deles.
João aprendeu a ouvir a voz do Senhor no deserto. Ele não estava
repetindo o que ele ouvia outro pregador ensinar. Ele não lia livros para
retirar deles seus sermões. Ele não estudava horas e horas para construir
uma nova mensagem. Ele não foi instruído sobre como preparar um
sermão ou recebeu qualquer treinamento homilético. Ele tinha a unção do
Senhor. Ele buscava a Deus e o Senhor revelava-se a Ele! Ele sabia o que
Deus dissera: "Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso
coração " (Jr 29.13).
Uma de minhas responsabilidades, quando trabalhei por quatro
anos e meio no ministério de socorro, era cuidar dos ministros que
visitavam nossa igreja. Eu servia a Deus numa enorme igreja em Dallas,
no Texas, e era um ministério múltiplo. Muitas vezes, esses ministros me
ofereciam conselhos sobre o ministério para o qual percebiam que eu era
chamado. Um homem falou-me para comprar um livro sobre como fazer
amigos e influenciar as pessoas. Um outro aconselhou-me a adquirir um
livro sobre como se vestir para o sucesso, dizendo que no ministério temos
sempre de nos vestir da maneira correia. Ele instruiu-me a usar gravatas
poderosas, ternos escuros e nunca usar camisas de mangas curtas.
Um outro disse: "Sempre esteja no lugar certo no momento certo.
Vá às igrejas e seminários onde muitos pastores estão e carregue consigo
muitos cartões. Faça os pastores saberem que você está disponível para
pregar". Outro homem advertiu-me a sempre falar palavras positivas para
minhas audiências; não lhes falar de forma negativa. Tenho certeza que
muitos jovens ouviram as mesmas coisas nos seminários ou escolas
bíblicas.
Penso que esses homens não consideraram o ministério de João
Batista. "Sempre estar no lugar certo, na momento certo." Lá estava ele,
quinze quilômetros no meio do nada. Ele não colocou um anúncio num
jornal cristão sobre o seminário profético que ele estava ministrando no
deserto. Não colocou nenhum propaganda numa revista cristã, dizendo:
"Venha à minha conferência profética e você será um profeta em uma
semana". Ele nem mesmo distribuiu folhetos por toda a Jerusalém,
anunciando sua convenção. Mesmo assim, a Bíblia mostra claramente que
a Palavra do Senhor veio a ele no deserto. "Então, saíam a ter com ele
Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão" (Mt 3.5). O que,
ou quem, levou todas aquelas pessoas para o deserto?
E quanto a este conselho: "Sempre fale coisas positivas à sua
audiência"? As primeiras palavras a saírem da boca de João Batista no
Evangelho de Lucas foram: Raça de víboras! Esta é a maneira como ele
iniciou o culto! Você poderia imaginar-se olhando para aquela multidão
dizendo que era um bando de cobras venenosas? Como fazer amigos e
influenciar pessoas para João Batista?
"Vista-se para o sucesso!" Ele usava um terno italiano no valor de
três mil reais e um par de sapatos de couro de lagarto legítimo, certo?
Não! Ele provavelmente tinha um pedaço de pêlo de camelo enrolado em
seu corpo com um cinto de couro para segurar. Talvez tivesse os pés sujos
e mau hálito. Quando pregava, talvez cuspisse acidentalmente naqueles
que estavam mais próximos e o seu fervor era notado.
Essa é a razão por que Jesus disse a seu respeito:

"... Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado


pelo vento? Sim, que saístes a ver? Um homem vestido
de roupas finas? Ora, os que vestem roupas finas
assistem nos palácios reais. Mas para que saístes? Para
ver um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que
profeta. Este é de quem está escrito: Eis aí eu envio
diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o
teu caminho diante de ti" (Mt 11.7-10).

Pessoas famintas viajarão quilômetros e enfrentarão o desconforto


para ouvir a Palavra do Senhor. Muitas pessoas nos Estados Unidos estão
fartas de pregações e ensinos sem vida. Elas estão cansadas de ouvir
homens sem a unção do Espírito. Estão, saturadas de sermões que não
penetram os corações nem provocam mudanças nas pessoas.
Recentemente, fui convidado para pregar numa igreja na
Califórnia, começando num domingo à noite. Então cheguei mais cedo
para ouvir o pastor pregar no domingo pela manhã e foi maravilhoso e
cheio de vida. Eu sabia que ele tinha uma mensagem planejada, mas ele
não estava preso a ela. Pude notar que o Espírito de Deus estava falando
através dele, mesmo tendo ele mais talento para ensinar do que para
pregar. Ele estava ensinando profeticamente. Ele estava falando os
mistérios de Deus. No dia seguinte, num momento de oração, eu
perguntei ao Senhor por que todos os pastores não podiam falar com
aquela espécie de unção e vida. Eu estava pesaroso pelos pastores que não
podiam pregar como aquele homem podia. O Senhor respondeu-me,
dizendo: "John, todos os que tenho chamado para o ministério podem
pregar com aquela espécie de vida. O único problema é que eles me
limitam através de suas mensagens pré-planejadas. Eles não podem
confiar em mim para falar através deles!" Os homens limitam Deus de
acordo com o entendimento que eles têm de Deus ao invés de permitir
que Ele opere através deles como vasos. Todas as vezes que eu me rendo a
Deus e o deixo falar através de mim, Ele me tem revelado mais de sua
natureza.
Por que temos de colocar Deus dentro da caixa da nossa zona de
conforto? Muitos tentam colocá-lo dentro de seus limites intelectuais.
Você não pode confinar o mover do Espírito dentro do seu entendimento.
Tentar colocar Deus dentro do seu reino racional é como tentar prender o
vento numa jaula. Ele é como o vento. É impossível confiná-lo. Tudo que
devemos fazer é nos render a Ele somente.
Esta nação precisa de homens e mulheres de Deus que não "coçem
as orelhas" das pessoas para quem estão pregando. Precisamos de
pregadores que falem às pessoas o que elas precisam ouvir, não o que
desejam ouvir! Necessitamos de homens e mulheres que saibam que a sua
fonte é Deus e não a igreja ou as pessoas. Nos Estados Unidos hoje, os
ministros aprenderam como apertar o botão certo para obter a resposta
que desejam. Se o verdadeiro motivo deles fosse revelado, descobriríamos
que o que desejam realmente é que as pessoas fiquem empolgadas com o
ministério deles para que entreguem ofertas generosas e voltem trazendo
seus amigos.
Em muitas igrejas não há mensagens desafiadoras para convencer
os membros de seus pecados. A condição da Igreja vai de mal a pior por
causa dos ministros que estão mais preocupados com a sua reputação do
que em proclamar a verdade. Precisamos nos tornar como o Mestre que a
si mesmo se esvaziou (Fp 2.7). Precisamos de pregadores que saibam que se
Deus tiver de trazer o sustento deles através dos corvos ou dos anjos, Ele é
capaz de fazer isso. Ele não depende dos membros da igreja ou da lista de
correspondência!
João não estava procurando um lugar para pregar
João Batista não foi treinado para o ministério como os jovens
religiosos de sua época. Todos eles estudaram nas escolas bíblicas de
Jerusalém, aos de pés de Gamaliel, para se tornarem sacerdotes, fariseus e
professores da Lei. O pai de João era um sacerdote - o sumo sacerdote. A
herança de João era para que ele se tornasse um sacerdote, como o seu pai.
Ele também deveria estudar nas escolas em Jerusalém, graduar-se e ser
ordenado. Depois ele seria colocado numa sinagoga para ministrar. No
entanto, quanto mais João buscava o Senhor na sua juventude, mais ele se
distanciava do ministério profissional. Ao invés de Deus guiá-lo para um
seminário, levou-o para o deserto!
Será que podemos imaginar o conflito interior que se instalou
dentro dele enquanto sua mente racionalizava, dizendo: "Todos os meus
amigos que cresceram comigo estão indo para o Seminário. Eles vão
receber diplomas e reconhecimento como líderes. Eles serão ordenados e
terão habilidade para pregar em todas as sinagogas do país. O que eles
vão pensar ao meu respeito? Como vou cumprir o chamado da minha
vida se não compareço às convenções e não entrego meu cartão aos
pastores para que possam me convidar para pregar em suas sinagogas?
Meu pagamento para pregar será o menor de todos; não tenho uma
família para sustentar. Estou cheio do Espírito Santo e sei que há um
chamado em minha vida para pregar. Meu pai contou-me que um anjo
anunciou o meu nascimento e o meu ministério. Se eu for para o deserto,
ninguém saberá quem eu sou! Nunca serei convidado para pregar!"
Todavia, o chamado ardente para se dirigir ao deserto venceu o grito do
seu intelecto. Ele decidiu seguir o Espírito, não se importando com aquilo
que seus familiares ou seus amigos pensassem, ou o que a tradição exigia.
No Evangelho de Lucas está escrito: "Sendo sumos sacerdotes Anás e
Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto" (Lc 3.2).
"Então, saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do
Jordão" (Mt 3.5). João não estava procurando um lugar para pregar porque
"os dons do homem abrirão portas para ele... " (Pv 8.16 - NKJ) Ele sabia que
Deus lhe daria eloquência e abriria portas para a proclamação da Palavra
que o Senhor colocara em seu coração.
Eu era um jovem pastor dos adultos numa igreja enorme em
Orlando, Flórida, de 1987 a 1989. O pastor daquela igreja sabia que Deus
nos queria - eu e minha esposa - no ministério de tempo integral. Então,
numa reunião de pastores, no início de 1989, ele fez esse anúncio. O pastor
e eu sentimos que o momento certo seria o primeiro dia de janeiro de
1990. Baseada nisso, a igreja continuaria pagando nosso salário até o dia
31 de dezembro de 1989 e, conforme planejado, seríamos enviados em
janeiro de 1990.
Quando o mês de novembro chegou, eu sabia que nosso salário
seria cortado dentro de um mês e tudo que eu tinha agendado era um
culto numa igreja pequena, na Carolina do Sul, na primeira semana de
janeiro, e numa outra igreja no Tennessee, no final de fevereiro. Tudo o
que tínhamos era trezentos dólares na poupança e dois filhos pequenos
com necessidades para serem supridas. Meu pastor, que é muito
conhecido em nossa nação, deu-me uma tremenda carta de recomendação
e me forneceu um estoque de seiscentos cartões de endereços de igrejas
nas quais ele estivera. Eu havia feito muitas cópias e estava pronto para
endereçar os envelopes para seiscentos pastores quando o Espírito do
Senhor veio a mim e disse: "O que você está fazendo, John?" "Eu estou
informando aos pastores que estou disponível para ministrar", respondi.
Ele, rapidamente, disse-me: "Você vai sair fora da minha vontade!" Eu
disse: "Deus, ninguém me conhece aí fora!" Então Ele respondeu-me: "Eu
conheço você!" Eu sabia que Ele estava me mostrando que sua estratégia
não era fazer propaganda da minha pessoa. Eu não chamava isso
propaganda, mas era exatamente isso! Quando eu o ouvi dizendo isso,
joguei fora aquelas cartas e os envelopes já endereçados. Isso não estava
de acordo com aquilo que me ensinaram para o ministério, mas eu sabia
que Deus tinha falado comigo.
Desde então, não tivemos falta de um centavo ou ficamos sem
trabalho. Não demos um telefonema ou escrevemos uma carta, a menos
que ficássemos sabendo antecipadamente que determinado pastor queria
que entrássemos em contato com ele. Temos visto Deus abrindo portas de
forma a nos deixar extasiados. Nos dois anos seguintes ministramos nas
igrejas em dezesseis estados e em outras cinco nações. Deus está
procurando homens e mulheres que confiem nele sem tentar ajudá-lo a
fazer isso.
Hoje há ministérios itinerantes que tentam enviar informações de
pacotes promocionais, procurando vender seu ministério aos pastores.
Temos contratado aqueles que viajam e cobram para "ministrar". Eles
justificam o uso do dom de Deus dizendo que têm um orçamento para
cobrir e que as igrejas nem sempre percebem quais são as suas
necessidades. Eles aceitam um convite para pregar somente depois de se
certificarem que receberão certo montante de dinheiro e provisão. Eles
fazem das igrejas a fonte deles, e não Deus!
Por outro lado, há também alguns pastores que da oferta levantada
dão apenas uma porção para o ministério itinerante e guardam outra
porção para os gastos do culto. Estes têm se tornado tão avarentos a ponto
de se esquecerem de que um homem não vai para a batalha a sua própria
custa (1 Co 9.7).
Esta pessoas têm centralizado o ministério no egoísmo. O dinheiro
tornou-se o fator motivador. Esta é a razão por que as pessoas ricas
controlam muitos ministros. Esta é a razão por que vemos esses ricos
manipuladores assentados em lugares especiais nas igrejas e tendo voz na
liderança, ao invés de esses lugares serem ocupados pelos santos homens
e mulheres de Deus.
Precisamos fazer com que nossa maneira de "ministrar" se volte
para a maneira de Deus. Este é o propósito pelo qual Deus está
levantando este ministério de Elias nos últimos dias antes do retorno de
Cristo. Esses homens e mulheres irão até a liderança e ao restante da igreja
para chamá-los ao arrependimento. Eles irão "adiante do Senhor no
espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos,
converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um
povo preparado" (Lc 1.17).
Capítulo 3
A VOZ DO QUE CLAMA
O seu fruto irá revelar qual é o seu chamado.

"Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de


Deus. Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí
envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual
preparará o teu caminho; voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas
veredas" (Mc 1.1-3).

O princípio do evangelho de Jesus Cristo


Muitos diriam que João era um profeta do Velho Testamento e que
seu ministério não se aplica aos nossos dias. Se esse fosse o caso, por que
Deus não inspirou um quadragésimo livro no Velho Testamento e o
chamou de "João Batista"? Ao invés disso, Ele claramente descreve o
ministério de João Batista como o "princípio do evangelho de Jesus Cristo"
(Mc 1.1). Ele é encontrado no início de todos os quatro Evangelhos. Jesus
tornou isso absolutamente claro ao dizer: "A Lei e os Profetas vigoraram até
João " (Lc 16.16). E, novamente, disse: "Desde os dias de João Batista até
agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam
dele. Porque todos os Profetas e a Lei profetizaram até João" (Mt 11.12,
13).
A mensagem de João era sobre o arrependimento: "Apareceu João
Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de
pecados" (Mc 1.4). A palavra "batismo" significa imergir ou dominar. Sua
mensagem não era sobre um arrependimento parcial para entrar no Reino
de Deus, mas um arrependimento total do coração. Há muitos pregando
que as pessoas podem ser salvas simplesmente fazendo a oração de
entrega a Jesus e tornando-se membro de uma igreja. Isso quase sempre
produz uma conversão falsificada porque, quando as pessoas
perguntaram a Pedro o que deveriam fazer para serem salvas, ele
declarou com ousadia: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem can-
celados os vossos pecados" (At 3.19). Para que os pecados sejam apagados é
necessário arrependimento e conversão. Sem um verdadeiro
arrependimento, não haverá uma verdadeira conversão. Isso será tratado
em outro capítulo deste livro.

Ser conhecido pelo fruto, não pelo cartão de visita


João Batista era descendente de um sumo sacerdote, da tribo de
Levi. Quando os sacerdotes e levitas de Jerusalém o questionaram sobre
quem ele era, ele lhes respondeu dizendo que não era o Cristo. "Então, lhe
perguntaram: Quem és, pois? Es tu Elias? Ele disse: Não sou. Es tu o profeta?
Respondeu: Não" (Jo 1.21). João respondeu as perguntas rapidamente,
dizendo "não". "És tu Elias?" "És tu o profeta?" Por que ele negou ser o
profeta Elias, sendo que o anjo Gabriel e Jesus disseram que ele o era? (Lc
1.17; Mt 17.12,13) Creio que uma das razões foi para chamar a atenção
daqueles homens de volta para Deus, pois estavam presos aos seus títulos
ministeriais e ao louvor dos homens.
O ministério era um grande negócio naquela época, da mesma
forma que o é hoje. Se aquele povo tivesse os mesmos recursos que temos
hoje, nós os veríamos na mesma rota que temos estado na última parte do
século XX: programas cristãos na televisão que mais parecem com
Hollywood, encorajando os cristãos a serem espectadores, e a "música
cristã" que segue o padrão do mundo, não o de Deus. Muitos exigem uma
soma exorbitante de dinheiro para vir e "ministrar". Se a igreja não puder
pagar o preço que exigem, eles simplesmente não vêm. Eles têm
empresários para programar sua agenda, não o Espírito Santo. A ênfase é
entretenimento, e não a ministração, ainda que eles se autodenominam
ministros. Muitos defendem esses ministros dizendo que eles estão
levando a mensagem àqueles que nunca ouviram. A pergunta é: que tipo
de mensagem eles estão proclamando? O estilo de vida de um ministro
fala mais alto do que aquilo que ele prega ou canta! Que espécies de
convertidos estão sendo produzidos? Aqueles que deixam tudo para
seguir a Jesus, ou aqueles que compraram a mentira de que podem servir
a Jesus e amar o mundo ao mesmo tempo? A maneira pela qual ganhamos
essas vidas para Cristo é a maneira pela qual teremos de mantê-los.
Através dos anúncios nas publicações cristãs, percebemos uma
clara competição entre os ministros, a ponto de pensarmos se é um
ministério ou um grande negócio. "O profeta 'fulano de tal' vai realizar um
seminário de escola de profetas. Venha e divirta-se com as atrações da
cidade, enquanto você participa das reuniões e se torna um profeta dos
últimos dias. O pastor 'beltrano' realizará sua convenção anual. Você não
pode perder! Sua vida será mudada para sempre." Parece que eles estão
num concurso de popularidade, e não no ministério cristão. Então,
quando muitos deles se levantam para pregar, gastam muito tempo
falando sobre seu maravilhoso ministério e sobre como estão indo bem na
igreja. Quem está recebendo atenção: o Senhor ou o ministério deles?
"Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou
procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de
Cristo" (Gl 1.10). A palavra grega para "agradar" nesse verso é aresko. Uma
das definições dessa palavra é "alegre mediante a idéia de emoção
excitante" {Strong Dictionary of Greek New Testament Words). Colocando de
forma mais clara, quer dizer "aparecido". Então, esse verso está dizendo:
"Se eu ainda busco estimular as emoções dos homens através de
empolgação (querendo aparecer), eu não sou um fiel servo de Cristo!" O
que é um "aparecido"? É alguém que busca estimular as emoções através
de simulações artificiais. Está dizendo que estamos no Espírito quando
nossa emoção estiver nas alturas apenas! Está dizendo que estamos num
avivamento quando o avivamento não se encontra em lugar nenhum. Está
declarando a mentira como verdade! Será que isso acontece em nossos
dias?
Esses homens que se aproximavam de João tinham títulos, posição
e popularidade. O controle das pessoas era a chave para o sucesso do
ministério deles. A razão por que eles vieram até ele não era para ouvir
sua mensagem mas sim para checá-lo. Eles estavam intimidados pelo
ministério dele. As multidões estavam deixando os cultos dos fariseus
para irem ao deserto ouvir esse homem. Essa é a razão por que, quando
eles chegaram para checá-lo, ele olhou para eles e os chamou de cobras.
Ele viu através de suas máscaras religiosas a intenção de seus corações.
Ele não entraria na arena dos seus títulos, posições e intenções
ministeriais. Então, quando ele foi questionado por eles - "... Declara-nos
quem és, para que demos respostas àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito
de ti mesmo?" Ele disse: "Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o
caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías" (Jo 1.22, 23). Ele
imediatamente dirigiu a atenção deles para o Senhor, e não para o seu
ministério.
Se Deus colocou você no ministério de profeta, Ele vai permitir que
todos saibam; não será preciso anunciar a sua posição no ministério. A
Bíblia fala a respeito de Samuel, um dos maiores profetas do Velho
Testamento: "Todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava
confirmado como profeta do SENHOR" (1 Sm 3.20). O seu fruto revelará o seu
chamado. Muitas pessoas ficam indecisas com questionamentos: "Para que
tipo de ofício eu sou chamado e qual é o meu título?" Quando colocam a
mente nisso, começam a desenvolver um tipo de ministério de acordo com
a percepção que têm do mesmo. A percepção deles pode ser parcialmente
correta ou totalmente errada.

Toda carne verá


"Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho
do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.
Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e
outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares
escabrosos, aplanados. A glória do SENHOR se manifesta-
rá, e toda a carne a verá, pois a boca do SENHOR O disse "
(Is 40.3-5).

Embora esta passagem fosse para ser cumprida nos dias de João
Batista, ela não foi totalmente cumprida. Será que toda a carne viu a glória
do Senhor nos dias de João Batista? A resposta é claramente não. Ainda
que muitos tenham visto a glória do Senhor na pessoa de Jesus Cristo, não
se pode dizer que toda a carne junta a viu. A Bíblia deixa claro que a
Glória do Senhor será vista por toda a carne no dia da segunda vinda de
Cristo.
Muitas profecias bíblicas têm mais de um cumprimento. Às vezes,
há cumprimentos preliminares antes do cumprimento final daquilo que
Deus disse. Paulo fala da multiforme (variada) sabedoria de Deus (Ef
3.10). A Palavra de Deus pode ser aplicada a muitas situações e a eventos
diferentes. Então, pegar uma verdade ou uma profecia das Escrituras e
dizer que é a verdade ou o cumprimento profético, isso é limitar o que
Deus quer dizer. Esta é a razão por que muitos nesses dias têm
dificuldade em receber o que os profetas no Velho Testamento previram
para os nossos dias. Precisamos perceber que Jesus disse: "Não penseis que
vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir" (Mt
5.17).
Portanto, essa profecia de Isaías 40 nos mostra que há duas
diferentes unções de Elias: a primeira veio antes da primeira vinda de
Cristo, e a segunda virá antes de sua segunda vinda. Nesse momento você
pode estar pensando: "Por que fala da voz do que clama ...?" A resposta é
que não haverá divisão de propósito nos profetas e ministros dos últimos
dias. Eles terão uma voz: a voz de Deus! Eles serão como um homem. Eles
serão mortos para o seu próprio desejo e buscarão somente a vontade de
Deus. Eles serão treinados no deserto e lá eles morrerão para si mesmos e
para suas ambições ministeriais.
Deus está levantando um exército de pessoas nos últimos dias que
tem um só propósito. O local de treinamento desse exército é o deserto.
Ou lugares áridos: "... no deserto preparem o caminho para o Senhor" (Is 40.3 -
NVI). Podemos perceber o resultado do deserto nos filhos de Israel depois
que deixaram o Egito. O deserto serviu-lhes para dois propósitos:
primeiro, consumiu com aqueles que serviam o Senhor por razões egoístas
- eles foram espalhados no deserto. Segundo, ele preparou o povo para
entrar na Terra Prometida e possuí-la. Nós não vemos a mesma espécie de
rebelião e concupiscência no livro de Josué como vemos nos livros de
Êxodo e Números. Aqueles que buscavam seus próprios interesses foram
destruídos, enquanto o restante foi fortalecido através das lutas que
enfrentaram no deserto.
Há alguns anos, o Senhor acordou a minha esposa às quatro horas
da manhã. Ela foi para a sala e lá o Senhor lhe deu uma visão do exército
que Ele está preparando nos últimos dias. Os homens e as mulheres
tinham a mesma face (nenhum superastro). Todos sabiam qual era a sua
posição, e ninguém estava competindo pela posição dos outros. Ela
contou-me que nesta visão todos os membros do exército estavam com
suas cabeças inclinadas olhando para o líder, que era Jesus. Quando o
líder se virou, as pessoas não olharam umas para os outras, todas se
viraram ao mesmo tempo, porque estavam seguindo o Mestre. O exército
era como um homem, porque eram um no propósito e mortos para seus
próprios desejos. (Nosso primeiro livro, Vitória no Deserto, seria de grande
ajuda para um maior entendimento desse processo de treinamento e
preparação.)

Não se torne crítico


Ao ler este livro, quero encorajá-lo a não ficar na defensiva, mas a
examinar o seu coração com sinceridade. Permita que o Espírito de Deus
revele qualquer área de sua vida ou ministério que você tem
comprometido ao tolerar o pecado e a carne.
Eu também quero pedir-lhe que não critique os líderes no corpo de
Cristo ou na sua igreja. Seria insensatez de sua parte agir dessa forma,
pois dois erros não resultam em acerto. Eu creio que o propósito de
mostrar esses pontos é para dirigir o leitor àquilo para o qual Deus o está
chamando e para desafiar a Igreja a retornar ao coração de Deus.
Tornamo-nos julgadores não cumprindo esse alvo.
Deus colocou o jovem Samuel debaixo da liderança de Eli. Eli era
cheio de compromisso, e os seus dois filhos, que também ocupavam uma
posição no ministério acima de Samuel, eram corruptos e fracos. A
corrupção era tanta que a Palavra do Senhor era rara. No entanto, Samuel
não atacou a liderança pessoalmente. Ele não se levantou e derrubou a
liderança, declarando que "era o verdadeiro profeta com a Palavra de
Deus". Ao invés disso, "O jovem Samuel servia ao SENHOR, perante Eli" (1 Sm
3.1). Deus advertiu Eli e seus filhos e, como eles não deram ouvidos, Deus
trouxe o julgamento. Depois Ele levantou Samuel para ser o líder no lugar
de Eli.
Deus colocou Davi debaixo da liderança do rei Saul. Saul era um
líder dominante e inseguro, que estava pronto para matar Davi. Na sua
perseguição a Davi, Saul matou oitenta e cinco sacerdotes do Senhor que
vestiam estola sacerdotal de linho, porque deram comida e abrigo para
Davi, escondendo-o na cidade de Nobe (1 Sm 22.17-19). Saul estava
disposto a matar Davi a qualquer custo. Ele tinha um exército de três mil
soldados para cumprir essa tarefa. Chegou o dia quando Davi e Abisai
(irmão de Joabe) secretamente entraram no acampamento de Saul
enquanto todos dormiam. Davi aproximou-se de Saul, que estava
dormindo, e Abisai disse a Davi: "Deus te entregou, hoje, nas mãos o teu
inimigo; deixa-me, pois, agora, encravá-lo com a lança... Davi, porém, respondeu
a Abisai: Não o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do
SENHOR e fique inocente?" (1 Sm 26.8, 9)
Davi não julgaria o servo do Senhor; ele deixou que Deus o fizesse.
Deus julgou Saul e ele morreu na batalha contra os filisteus no monte
Gilboa (1 Sm 31.1-7). Quando Davi ouviu essa notícia ele não se alegrou,
mas pranteou e cantou um cântico para Saul fazendo com que todo o
exército cantasse com ele (2 Sm 1.11-27).
Deus é aquele que irá julgar os seus servos. Não critique os servos
de Deus falando contra eles. Precisamos servir ao Senhor. Se você tem
áreas em sua vida nas quais Ele está trabalhando, deixe que as trate. Ele
cuidará de cada um de seus servos.
Capítulo 4
PREPARE O CAMINHO DO SENHOR
Nós temos atraído os pecadores com mensagens sem poder para
libertá-los.

"Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho


do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.
Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e
outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares
escabrosos, aplanados. A glória do SENHOR se manifes-
tará, e toda a carne a verá, pois a boca do SENHOR O
disse" (Is40.3-5).

Como já declaramos, essa passagem fala profeticamente sobre o


ministério de João Batista. "Porque este é o referido por intermédio do profeta
Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai
as suas veredas" (Mt 3.3).
A palavra hebraica para "preparar" em Isaías 40.4 é panah. A
definição dessa palavra no dicionário da língua hebraica é "voltar,
retornar ou preparar". Em quarenta e nove outros lugares no Velho
Testamento essa palavra é traduzida por "voltar" ou "retornar". Somente
em seis lugares no Velho Testamento essa palavra é traduzida por
"preparar" (quatro desses têm a ver com essa mesma mensagem sobre o
caminho do Senhor - Is 40.3; 57.14; 62.10; Ml 3.1). As palavras "preparar" e
"preparados" são encontradas mais de cem vezes no Velho Testamento,
mas advindas de diferentes palavras hebraicas. Portanto, é seguro dizer
que este verso poderia ser lido assim: "A voz do que clama no deserto:
retorne ao caminho do Senhor..."
As Escrituras dizem que "o que é tortuoso será retificado, e os lugares
escabrosos, aplanados" (Is 40.4). A palavra hebraica para "tortuoso" é aqob
que significa "fraudulento, enganoso, poluído ou tortuoso". Aqob aparece
três vezes no Velho Testamento, sendo que a primeira é no verso citado
acima e a segunda é em Jeremias, onde se lê: "Enganoso (aqob) é o coração,
mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jr
17.9) A terceira menção a essa palavra está no livro de Oséias: "Gileade é a
cidade dos que praticam a injustiça, manchada (ou poluída, aqob) de sangue"
(Os 6.8). Eu creio que a outra forma de ler Isaías 40.4 poderia ser assim:
"Os lugares enganosos serão aplanados..."
Colocando tudo junto, seria assim: "Voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor... os lugares enganosos, aplanados..." (Is 40.3,4)
Quando retornamos ao ministério de João Batista, percebemos que
o anjo Gabriel disse sobre ele: "E converterá muitos dos filhos de Israel ao
Senhor, seu Deus" (Lc 1.16). Ele não foi enviado aos gentios que nunca
tinham ouvido falar do nome do Senhor. Ele foi enviado às ovelhas
perdidas nas estruturas religiosas e àqueles que haviam abandonado a
estrutura religiosa por causa de descontentamento, desencorajamento e
ofensa. A prioridade de seu ministério era chamar os filhos de Israel de
volta para os caminhos de Deus e a não continuarem nos seus próprios
caminhos, mesmo que muitos deles fossem religiosos e cressem que
estavam vivendo bem assim. Milhares atendiam às sinagogas fielmente,
totalmente inconscientes da verdadeira condição de seus corações. Eles
estavam enganados, pensando que seu louvor e sua adoração ao Senhor
eram aceitos por Deus. João tinha sido enviado para denunciar essa
confiança errônea que possuíam. Eles criam que eram justificados porque
eram descendentes de Abraão e que aderiram à doutrina dos líderes mais
velhos entregando os dízimos, orando e desenvolvendo outros inúmeros
atos religiosos, mas isso era apenas um substituto - na verdade seus
corações estavam longe de Deus. Eles estavam enganados. Uma vez mais,
como foi com o povo nos dias de João, muitos hoje são derrotados. Eles
não estão buscando a Deus, mas seus próprios interesses. Todavia, eles
fazem isso no nome do Senhor, usando as Escrituras como base. Jesus foi
incorporado ao estilo de vida deles apenas para vantagens próprias. Eles
crêem que, apesar do estilo de vida que têm, porque fizeram a oração de
entrega ao Senhor, frequentam uma igreja, entregam os dízimos e lalam
em línguas, estão justificados e prontos para o retorno de Jesus. Eles estão
enganados.
Essas pessoas são um produto do evangelho do egoísmo. Nossa
mensagem tem sido: "Venha a Jesus e receba". Temos atraído os pecadores
com uma mensagem sem poder para libertá-los do pecado. Nós os
convidamos através de promessas de um estilo de vida novo e melhor.
Temos nos preocupado mais com uma resposta positiva deles do que com
a verdade que liberta. Temos atraído os pecadores através dos atavios e
dos benefícios da salvação sem mostrar-lhes claramente onde se
encontram, transmitindo-lhes a mensagem de arrependimento para que se
voltem para o senhorio de Cristo.
O profeta Jeremias disse: "Curvam a língua, como se fosse o seu arco,
para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade, porque avançam
de malícia em malícia e não me conhecem, diz o SENHOR. Guardai-vos cada um do
seu amigo e de irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz mais do que
enganar, e todo amigo anda caluniando. Cada um zomba do seu próximo, e não
falam a verdade; ensinam a sua língua a proferir mentiras; cansam-se de praticar
a iniquidade. Vivem no meio da falsidade; pela falsidade recusam conhecer-me, diz
o SENHOR" (Jr 9.3-6).
Onde estão os homens e as mulheres que são valentes para a
verdade! Essa pergunta é o clamor do coração de Deus. Ao invés de se
posicionarem para a justiça, alguns ministros e outros cristãos estão
preocupados em não ofender as pessoas através da proclamação da
verdade. Então, eles recuam e mentem. O fato alarmante é que se uma
pessoa continuar mentindo crerá nisso como sendo uma verdade. Isso é
um engano! Tiago confirma isso, dizendo: "Se alguém supõe ser religioso,
deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua
religião é vã" (Tg 1.26). Esse fermento de compromisso tem se espalhado
numa extensão tão grande que alguns ministros têm sido perseguidos por
outros ministros porque falam a verdade. É fácil ganhar novos
convertidos se você não diz nada que irá possivelmente ofendê-los - isso,
quase sempre, significa não falar a verdade. Alguns ministros preparam
mensagens que atraem as pessoas para Jesus sem arrependimento. Como
resultado disso, o pecado está bem vivo em seus corações.
Isso resulta em "crentes" que crêem na mentira de que podem
servir a Deus e amar o mundo ao mesmo tempo. Isso lhes dá uma forma
de piedade enquanto negam o poder de Deus para mudar os corações.
Estude cuidadosamente o verso seguinte:

"Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão


tempos difíceis, pois os homens serão egoístas,
avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores,
desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,
desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio
de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos,
enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de
Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe,
entretanto, o poder... aprendem sempre e jamais podem
chegar ao conhecimento da verdade" (2 Tm 3.1-5,7).

Tenho ouvido alguns ministros usando essa passagem das


Escrituras para dizer que os homens e as mulheres terão uma forma de
piedade, mas que rejeitariam os dons do Espírito. No entanto, ao analisar
esse texto percebemos que não é essa a mensagem. Deus está falando que
nos últimos dias (os que vivemos no presente) as pessoas da Igreja vão
clamar pelo nome do Senhor, frequentar a igreja e até ficarão empolgadas
com as promessas de Deus, mas ainda assim negariam o poder da
santidade para mudá-los de amantes de si mesmos para amantes dos
outros; de amantes do dinheiro para amantes de Deus; de orgulhosos e
presunçosos para verdadeiramente humildes; de desobedientes aos pais
para obedientes; de ingratos para agradecidos; de impuros para santos; de
sem amor para cheio de amor, etc. Paulo os descreve como aqueles que
"aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade ". Em
outras palavras, eles querem aprender sobre as coisas de Deus, mas nunca
chegam ao conhecimento da verdade porque não a aplicam. Assim eles
permanecem sem mudanças. Embora pareça que têm vida espiritual, na
verdade eles não conhecem a Deus por causa da falsidade. Deus diz: "...
pela falsidade recusam conhecer-me" (Jr 9.6). Essa forma de piedade não
produz um conhecimento íntimo de Deus. Jesus disse que muitos lhe
diriam naquele dia: "... Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado
em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-
vos de mim, os que praticais a iniquidade " (Mt 7.22, 23). O apóstolo Paulo
declara: "Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis; nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem
sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem
roubadores herdarão o reino de Deus" (1 Co 6.9, 10).
Deus olha o coração. Conhece-se o verdadeiro estado em que um
pessoa se encontra através de seu coração e não de suas ações. Jesus está
retornando para a sua santa Igreja, não para uma igreja morna e cheia de
pecado. Umas das definições de "santidade" é "a condição de estar puro".
Jesus disse: "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus"
(Mt 5.8). Notemos que ele não disse: "Bem-aventurado os limpos de ação,
porque eles verão a Deus". Nós temos tentado obter a santidade através de
regras e regulamentos, restringindo a nós mesmos através de normas
legalistas sobre coisas tangíveis (nenhuma maquiagem, código de
vestimenta estrito, abstinência da televisão, etc.) a fim de obter uma
pureza interna. Mas Deus não está olhando para uma forma externa de
piedade. Ele quer ver uma mudança de dentro para fora, porque um coração puro
produz uma conduta pura! Jesus disse: "Limpa primeiro o interior do copo, para
que também o seu exterior fique limpo!" (Mt 23.26)
Se o seu coração for puro, você não desejará usar um vestido provocativo.
Uma mulher pode usar um vestido que chega até o seu tornozelo e ainda ter o
espírito sedutor; enquanto outra pode usar um par de calças e ter o coração puro.
Não interessa o que a moda diz; não é a moda que faz as roupas das mulheres.
Um homem pode se vangloriar de nunca ter se divorciado, mas mesmo
assim cobiça outras mulheres. Isso é santidade?
Se o seu coração é puro, você não vai desejar ou tolerar o pecado; nem
condenar aqueles que estão amarrados pelo pecado. Quase sempre, categorizamos
o pecado condenando certos pecados específicos e perdoando outros. Colocando-
nos como juízes, tornamo-nos como os fariseus, que condenaram os coletores de
impostos e outros justificando-se a si mesmos.
Em Gálatas está escrito: "Ora, as obras da carne são conhecidas e são:
prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes,
iras, discórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas
semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos
preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam " (Gl
5.19-21).
Inimizade, discórdia, ciúmes, ira e ambição estão incluídos na mesma
lista que adultério e assassinato. Muitas vezes, pessoas justas aos seus próprios
olhos condenam um homossexual enquanto estão cheias de ódio e amargura. Esse
ódio é visto na atitude deles para com o homossexual, por quem Jesus morreu. A
pessoa consumida pelo ódio não é mais justa do que uma pessoa amarrada pelo
homossexualismo (isso será discutido em detalhes nos próximos capítulos).
A unção de Elias que Deus está trazendo nesses últimos dias vai
confrontar essas decepções ousadamente. A mensagem será retornar aos
caminhos do Senhor e, como resultado disso, "os lugares escabrosos serão
aplanados " (Is 40.3,4). Deus ama muito a sua Igreja para deixá-la enganada.

Todos os montes e outeiros serão nivelados


"Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho
do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.
Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e
outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares
escabrosos, aplanados" (Is 40.3,4).

Deus diz que todos os vales serão aterrados e todos os montes serão
nivelados. Montes e montanhas significam o orgulho dos homens. Todos os
orgulhosos e altivos serão humilhados.
Precisamos definir o que é orgulho. Ousadia é quase sempre confundida
com altivez. Se um homem está seguro em Deus, às vezes ele é tido como
arrogante e orgulhoso. Quando Davi chegou no campo de batalha onde seus
irmãos estavam lutando e viu o gigante derrotando o exército de Deus, sua
resposta segura fez com que seu irmão mais velho o acusasse de orgulhoso ou
altivo. Davi disse: "... Que farão àquele homem que ferir a este filisteu e tirar a
afronta de sobre Israel? Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os
exércitos do Deus vivo?" (1 Sm 17.26)
Sua ousadia trouxe convicção a Eliabe, seu irmão mais velho, que estava
servindo fielmente o exército do rei Saul. "Acen-deu-se-lhe a ira [de Eliabe]
contra Davi, e disse: Porque desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas
ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção e a tua maldade... " (1 Sm
17.28) Eliabe era o orgulhoso. Talvez ele ainda estivesse enciumado porque
Samuel ungiu seu irmão mais novo como o próximo rei de Israel ao invés dele.
Será que essa foi a razão pela qual Deus não o havia escolhido - um coração
orgulhoso? Muitas vezes nós acusamos as pessoas de coisas que nós mesmos
estamos enfrentando.
O mesmo acontece hoje. Muitos que estão seguros em Deus são
acusados de serem presunçosos. Há um falso conceito de orgulho e
humildade. Muitos, na Igreja, pensam que humildade é agir
prudentemente, conduzir-se a si mesmo de forma superespiritual, agir
como se você não fosse digno. Eles têm colocado a humildade como ação,
quando ela deveria ser um estado interior do coração.
Havia um rei de Judá chamado Uzias, um descendente do rei Davi.
Ele foi coroado rei aos dezesseis anos de idade. Quando ele se tornou rei,
buscou a Deus diligentemente. É claro que se você tivesse dezesseis anos
de idade e fosse colocado como rei de uma nação, você iria buscar muito a
Deus também. A respeito de Uzias é dito que "nos dias em que buscou ao
SENHOR, Deus o fez prosperar" (2 Cr 26.5). Deus o abençoou grandemente;
ele guerreou contra os filisteus e os derrotou em inúmeras cidades, bem
como os árabes, os meunitas e os amonitas. Ele conduziu a nação de forma
a que se tornasse muito forte econômica e militarmente. Houve muito
sucesso sob sua liderança.

"Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu


coração para a sua própria ruína, e cometeu
transgressões contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou
no templo do SENHOR para queimar incenso no altar do
incenso'' (2 Cr 26.16).

Foi quando Uzias estava forte, não fraco, que seu coração se
exaltou. Foi quando ele viu a prosperidade e o sucesso sobre tudo que ele
tocava é que seu coração cessou de buscar o Senhor! Deus falou comigo
um dia, dizendo: "John, a maioria daqueles que caíram, cederam no tempo
de abundância e não de escassez". Essa é uma armadilha que apanha
muitos crentes. Quando eles se tornam crentes, têm muita fome de
conhecer ao Senhor e os seus caminhos. Eles o buscam e confiam nele para
todas as coisas. Eles vêm à igreja, clamando: "Senhor, eu quero conhecê-lo
mais!" No entanto, quando chegam a conhecê-lo mais e se tornam fortes
através da experiência com Ele, suas atitudes mudam para "vamos ver se
este ministério realmente funciona!" Então, ao invés de lerem a Bíblia com
a seguinte atitude: "Senhor, revela-te a mim!" eles já têm suas doutrinas
preestabelecidas e lêem o que crêem ao invés de crerem no que lêem. Eles
são agora experts nas Escrituras, mas se esqueceram da humildade de
coração que uma vez tiveram.
Este é o caso nos Estados Unidos, com tantos ensinos disponíveis
para o povo. "... reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber
ensoberbece, mas o amor edifica" (ICo 8.1). O amor não busca os seus
próprios interesses! A soberba busca seus próprios interesses, quase
sempre escondidos na religião. Deus diz que o saber adquirido sem amor
resulta em orgulho e soberba.
Quanto mais o orgulho invadia o coração do rei Uzias, mais religioso ele
se tornava. Seu coração se exaltou, e ele entrou no templo para "adorar". O
orgulho e o espírito religioso andam de mãos dadas. O espírito de
religiosidade faz com que a pessoa pense que é humilde através de sua
aparência de "espiritualidade", quando na verdade ela é orgulhosa. De
outro lado, o orgulho mantém a pessoa presa em cadeias, num espírito
religioso, porque ela é muito orgulhosa para admitir isso. Essa é uma
razão por que o orgulho na Igreja é muito bem camuflado. Ele se esconde
atrás de uma máscara religiosa.
O orgulho religioso pode ser definido como "se ver capaz de ser
como Deus, separado de Deus". É se ver com a habilidade de fazer, saber
ou ter qualquer coisa que estiver à frente (mesmo que isso pareça
espiritual), fora do caminho de Deus. Isso faz de você o centro e a fonte de
todas as coisas em sua vida. Para explicar melhor, note como Jesus via a si
mesmo.

"Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade


vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo,
senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o
que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz "
(Jo 5.19).

Isso fala tudo. O próprio Jesus disse que não podia fazer nada sem
a direção, o poder e a ajuda de seu Pai. Note o tempo verbal do que ele
disse. Ele não disse: "O Filho não pode fazer nada de si mesmo, mas
somente o que Ele viu o Pai fazer". Mas o que ele disse foi: "O Filho não
pode fazer nada de si mesmo, somente o que ele vir o Pai fazer". Um
espírito religioso vai agarrar-se firme àquilo que Deus fez, enquanto
resiste ao que Deus está fazendo. O orgulho, que opera no poder de sua
própria força, trabalha lado a lado com esse espírito religioso.
Vemos um exemplo disso na vida dos fariseus. Eles agiam de
forma "espiritual e santa", enquanto seus corações estavam cheios de
orgulho. Eles se firmavam naquilo que Deus havia feito através de Moisés
e Abraão, enquanto resistiam ao Filho do Deus vivo manifestado no meio
deles.
A aparência deles era muito espiritual... jejuavam semanalmente,
dizimavam, faziam longas orações em público. No entanto, isso era feito
na sua própria habilidade, tudo em nome de Jeová, com base nas
Escrituras do velho Testamento, mas não no Espírito de Jeová!
Hoje, nós também temos aqueles que falam em línguas, dizimam,
frequentam a igreja e participam dos seus trabalhos e mesmo assim seus
corações estão cheios de orgulho. Eles dizem que aquilo que fazem é
inspirado por Deus, mas na realidade é a vontade deles e a maneira deles,
tudo em nome de Jesus!
Vamos observar novamente o rei Uzias e ver o que aconteceu
quando ele foi confrontado pelos sacerdotes:

"Então, Uzias se indignou; tinha o incensário na


mão para queimar incenso; indignando-se ele, pois,
contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os
sacerdotes, na Casa do SENHOR, junto ao altar do
incenso. Então, o sumo sacerdote Azarias e todos os
sacerdotes voltaram-se para ele, e eis que estava leproso
na testa, e apressadamente o lançaram fora; até ele
mesmo se deu pressa em sair, visto que o SENHOR o
ferira" (2 Cr 26.19, 20).

Uzias ficou furioso. O orgulho sempre justifica a si mesmo. Esta


autodefesa será casada com a ira. Uma pessoa orgulhosa porá a culpa em
todas os outras para se desculpar. O ódio de Uzias era direcionado aos
sacerdotes, mas o problema não era deles. O orgulho é cego! Como
resultado, a lepra surgiu em sua face. A lepra era uma manifestação
externa da condição interna. Então a lepra era o que aparecia, mas a raiz
era o orgulho. O mesmo é verdade hoje. Temos visto muitos ministros
caindo em pecado, especialmente em pecados sexuais. O Senhor falou
comigo sobre todos os pecados sexuais entre os ministros. Ele disse: "John,
a raiz não é sexual, mas sim o orgulho; o pecado sexual é um resultado da
semente do orgulho já germinando em seus corações".
Deus está levantando a unção profética como "a voz do que clama no
deserto; preparai o caminho do Senhor... Todo vale será aterrado, e nivelados
todos os montes e outeiros..." O orgulho será nivelado antes que a glória do
Senhor seja revelada. Isaías disse: "No ano da morte do rei Uzias, eu vi o
Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam
o templo " (Is 6.1).
As abas de suas vestes tipificam sua glória! Deus falou comigo,
dizendo: "John, Isaías não viu a glória do Senhor até a morte de Uzias".
Esta mensagem tem o seguinte significado para nós hoje: "A Igreja não verá
a glória de Deus até o momento em que o orgulho morrer".

Todo vale será exaltado

"Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho


do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.
Todo vale será aterrado (exaltado), e nivelados, todos os
montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os
lugares escabrosos, aplanados" (Is 40.3, 4).

Os vales significam humildade. Aqueles que se humilham serão


exaltados. Essa é uma grande oportunidade de dizer que o deserto nos
ajudará a nos humilharl Se você se lembra, foi somente quando o filho
pródigo perdeu todo seu dinheiro e estava comendo o alimento dos
porcos é que percebeu que tudo aquilo que ele tinha possuído nesse
mundo era vazio e sem vida, e a verdadeira alegria podia ser encontrada
apenas na casa de seu pai.
Moisés tentou libertar Israel do Egito à sua própria maneira
quando ele tinha quarenta anos de idade. Ele sabia que Deus o chamara
para fazer isso. Embora Moisés fosse o escolhido de Deus, ele tentou
realizar a tarefa na força e na sabedoria do Egito. Aquela montanha da
auto-suficiência teria de cair. No entanto, depois de quarenta anos no
deserto pastoreando ovelhas, Moisés estava pronto para cumprir a tarefa à
maneira de Deus! O deserto o ajudou a humilhar-se debaixo da poderosa
mão de Deus.
O profeta Jonas buscou uma rota fácil, fugindo do chamado de
Deus para sua vida. Todavia, depois de três dias na barriga de um grande
peixe, ele caiu em si, humilhou-se e clamou: "... tornarei, porventura, a ver o
teu santo templo?" (Jn 2.4) Jonas é aquele que se humilhou, mas as
circunstâncias certamente o ajudaram a fazer isso. Estar no ventre daquele
peixe certamente foi uma experiência típica do deserto, e isso preparou o
caminho do Senhor e não o de Jonas. Quando Jonas se humilhou, Deus o
exaltou para levar a Palavra do Senhor à ímpia cidade de Nínive.
Como podemos apontar nosso dedo para o mundo e pregar
"Arrependam-se..." no estado em que nos encontramos? Orgulho e
motivos egoístas tornam os ministros agressivos. Somos apanhados em
brigas e divisões que nos separam em centenas de diferentes grupos. "Da
soberba só resulta a contenda..." (Pv 13.10) A raiz das brigas e divisões na
Igreja hoje são a soberba ou o orgulho. Esse orgulho tem estado encoberto
por uma falsa humildade, que diz: "Nós damos a Deus toda a glória por
tudo que Ele faz". Mas o que de fato seus corações estão dizendo é: "Vejam
bem através de quem Ele está fazendo tudo isso!"
Ao escolhermos a humildade, tal como foi com Jonas, Deus vai nos
ungir como seu povo e sua Igreja para proclamar sua Palavra ao mundo.
Então veremos uma grande colheita de almas. Deus está preparando sua
Igreja para manifestar a glória dele como nunca antes. Cidades inteiras
virão ao Senhor. Nações virão aos pés do Mestre com grande alegria.
Todos na Igreja estarão envolvidos nessa grande colheita. Todavia,
ninguém receberá a glória que é de Deus. Ninguém será capaz de negociar
esse grande mover de Deus e nem de receber algum crédito dele.
Nenhuma carne será sócia da glória de Deus!
Deus trouxe o profeta Ezequiel ao vale dos ossos secos e
perguntou-lhe o que estava vendo. Ezequiel viu ossos muitos secos sem
nenhuma carne. Isso representava toda a casa de Israel. Deus removeu
todo o pedaço de carne do orgulho no vale da humildade! As pessoas
disseram: "Nossos ossos estão secos, nossa esperança desvaneceu-se e
estamos perdidos!" Eles pareciam tão desesperados que Deus, que pode
fazer todas as coisas, olhou para Ezequiel e disse: "Será que estes ossos
podem viver?" Ezequiel talvez tenha dito consigo mesmo: "Eles parecem
tão acabados que nunca viverão, mas eu não me atrevo a dizer nada para
Deus sobre seu povo". Então, ele sabiamente respondeu: "Ó meu Deus, so-
mente o Senhor sabe!"
Então Deus disse: "Profetiza a esses ossos e diz-lhes: "Ó ossos
secos, ouçam a voz do Senhor!" Se Ezequiel tivesse profetizado de acordo
com os padrões de hoje, teria ido a cada osso, dizendo algo assim: "Caro
osso, levante-se por favor. Assim diz o Senhor: 'Meu pequeno osso, você
será chamado por mim para o ministério e se casará com outro pequeno
osso do outro lado, que tem cabelos louros e olhos azuis, e lhe darei uma
linda casa de dois pavimentos, e você será grandemente abençoado!"
Então ele iria ao próximo osso e lhe daria uma maravilhosa palavra de
"exortação" etc... Temos interpretado mal o ofício de profeta. Ezequiel
pregou a Palavra do Senhor sob a inspiração divina e a Palavra profética
do Senhor fez com que a respiração e a vida voltassem naqueles ossos.

"Profetizei como ele me ordenara, e o espírito en-


trou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército
sobremodo numeroso " (Ez 37.10).

Deus tem permitido que a Igreja verdadeira, não a Igreja meretriz,


chegue ao ponto de sentir-se quase sem poder (comparado com o livro de
Atos). Ele tem feito isso para nos levar à humildade, para que quando
formos cheios de seu poder e glória, não caiamos na mesma condenação
do maligno: orgulho (lTm 3.6).
José era um pouco orgulhoso ainda que amasse a Deus. Quando
Deus lhe deu aqueles dois sonhos de que ele reinaria sobre seus irmãos,
imediatamente foi até eles e gabou-se do seu chamado. Depois de treze
anos de escravidão e na masmorra de faraó, porém, ele foi colocado num
lugar onde se humilhou. Quando seus irmãos vieram à sua presença, ele
não disse: "Vejam, eu lhes falei que Deus havia me chamado para ser o
líder de vocês!" Ao invés disso, José graciosamente entregou-se a eles e os
serviu, como um líder no reino de Deus é chamado a fazer.
Há muitos na Igreja que serão precursores como José. Eles
passarão por um deserto severo, enquanto outros não experimentarão
aquilo que esses homens em treinamento terão de experimentar. Então,
quando esses líderes estiverem prontos, Deus levará os outros ao deserto
de sequidão. Eles não serão capazes de viver da mesma forma que antes.
Eles virão a esses precursores, como os irmãos de José o fizeram, e a
liderança mudará de mãos. Líderes que governaram através da
dominação virão àqueles sobre os quais dominaram e servirão debaixo da
liderança desses. Portanto, o caráter de Deus terá se desenvolvido em suas
vidas por causa do vale da humilhação, e eles não buscaram ser servidos,
mas sim servir. Deus vai exaltá-los, porque pode confiar que seus corações
humildes se voltarão para o povo e não para si mesmos. Deus diz que essa
unção profética de Elias irá "converter o coração dos pais aos filhos, converter
os desobedientes à prudência dos justos" (Lc 1.17).
Ouçam cuidadosamente todos os que clamam pelo nome do
Senhor. Você vai humilhar-se no vale da humilhação, ou será humilhado
no dia em que a glória do Senhor for revelada. Todo vale será exaltado e
todos os montes serão aplanados!
Capítulo 5
LOBOS VESTIDOS DE OVELHAS
O fruto de Balaão era maligno ainda que suas profecias fossem
corretas.

"Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos


apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são
lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis.
Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos
dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons
frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não
pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore
má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz
bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois,
pelos seus frutos os conhecereis" (Mt 7.15-20).

Identificando os falsos profetas


Jesus nos advertiu ao dizer "acautelai-vos dos falsos profetas". Por
que somos frequentemente advertidos no Novo Testamento? A razão é
que esses falsos profetas são enganosos. Eles são sutis e astutos, não são
barulhentos. Eles vêm vestidos de ovelhas, e não de lobos. Eles parecem,
falam e agem como cristãos. Jesus falou a respeito dos últimos dias que
"levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos" (Mt 24.11).
Ele continuou dizendo que, se possível, até os próprios escolhidos
seriam enganados por eles por causa de seus sinais e prodígios. Como
poderemos conhecê-los? Jesus disse que nós os conheceríamos pelos seus
frutos, não pelos seus ensinos ou sinais e maravilhas. Permita-me
enfatizar um ponto importante: Jesus não disse que conheceríamos os
falsos profetas por causa de suas profecias ou que conheceríamos os
verdadeiros profetas pelo fato de suas profecias se cumprirem. Esse
pensamento vem do Velho Testamento: "Sabe que, quando esse profeta falar
em nome do SENHOR, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como
profetizou, esta é a palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal
profeta; não tenhas temor dele " (Dt 18.22).
Muitos hoje julgam os verdadeiros e os falsos profetas por essa
referência, ao invés daquela que Jesus nos deu. Tenho ouvido inúmeras
pessoas, mesmo líderes, dizendo que um homem era um falso profeta
porque entregou uma profecia que não se cumpriu. Mas tenho ouvido
também pessoas dizerem: "Eu sei que esse homem é um profeta
verdadeiro porque aquilo que ele diz se cumpre".
No entanto, permita-me dizer que no Velho Testamento Balaão -
que era um profeta corrupto cujo coração era ambicioso - profetizou
corretamente sobre Israel e sobre o nascimento do Messias. Mesmo que
suas palavras proféticas fossem corretas, seu fruto era mal. Portanto Jesus
disse que ele "ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para
comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição" (Ap 2.14). Ele
recebeu dinheiro e presentes para amaldiçoar Israel, mas, porque ele não
pôde amaldiçoar quem Deus tinha abençoado, ele ensinou Balaque como
colocar os filhos de Israel debaixo de maldição, incitando-os a pecar. Isso
os colocaria sob o julgamento de Deus.
Como resultado, vinte e quatro mil filhos de Israel morreram da
praga que veio como julgamento da sua desobediência (Nm 23.8). O fruto
de Balaão era mal, ainda que suas profecias fossem corretas. Ele era um
falso profeta, e em Josué 13.22 ele foi chamado de "adivinho" e foi morto
pelo fio da espada de Israel numa batalha. Então, como podemos verificar,
se são exatas ou não as profecias de um homem para determinar se ele é
um profeta falso ou verdadeiro não funciona, mesmo no Velho
Testamento. Vamos examinar cuidadosamente os critérios de Deus no
Velho Testamento para discernir entre os profetas falsos e verdadeiros.

"Quando profeta ou sonhador se levantar no meio


de ti e te anunciar um sinal ou prodígio, e suceder o tal
sinal ou prodígio de que te houver falado, e disser:
Vamos após outros deuses, que não conheceste, e
sirvamo-los, não ouvirás as palavras desse profeta ou
sonhador; porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova,
para saber se amais o SENHOR, VOSSO Deus, de todo o
vosso coração e de toda a vossa alma. Andareis após o
SENHOR, vosso Deus, e a ele temereis; guardareis os seus
mandamentos, ouvireis a sua voz, a ele servireis e a ele
vos achegareis. Esse profeta ou sonhador será morto,
pois pregou rebeldia contra o SENHOR, VOSSO Deus, que
vos tirou da terra do Egito e vos resgatou da casa da
servidão, para vos apartar do caminho que vos ordenou
o SENHOR, VOSSO Deus, para andardes nele. Assim,
eliminarás o mal do meio de ti" (Dt 13.1-5).

O fruto da vida e do ministério de Balaão fez os filhos de Israel


desviarem-se do coração do Senhor, ainda que as palavras que ele
profetizou fossem verdades e certas. Então, percebemos que mesmo que
as palavras de uma pessoa sejam corretas, não é uma confirmação de que
ela é um profeta verdadeiro. Jesus deixou isso claro ao dizer: "Assim, pois,
pelos seus frutos os conhecereis " (Mt 7.20). O que precisamos examinar é o
fruto da vida do ministro como o fruto do seu ministério.

Pelos seus frutos os conhecereis

"Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longa-


nimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio. Contra estas coisas não há lei" (Gl 5.22,
23).

Esse é o fruto que deve ser visto na vida pessoal de um verdadeiro


profeta. Jesus disse que o mundo conheceria que somos seus discípulos
através do nosso amor uns pelos outros (Jol3.35). Amar alguém não
significa necessariamente ser agradável a essa pessoa. Há pessoas que
fazem a outra sentir-se maravilhosa e a trata de forma agradável para tirar
vantagens dela. Há homens que tratam as mulheres de maneira
maravilhosa, mas somente para ganhar vantagem sexual sobre elas. Então,
não é apenas porque uma pessoa sorri e diz coisas agradáveis sobre você
que ela está andando no fruto do Espírito! "... a ninguém conhecemos
segundo a carne... " (2 Co 5.16) Não devemos conhecer os homens e as
mulheres pelas personalidade deles, caso contrário podemos nos
decepcionar. Devemos conhecê-los pelo espírito. O fruto do Espírito deve
ser discernido, isto é, os motivos e as intenções de uma pessoa devem ser
vistas ou claramente reconhecidas. Discernir é perceber acuradamente o
que está no coração da outra pessoa. A Bíblia diz que aqueles que são
espiritualmente maduros têm seus sentidos exercitados para discernir o
bem e o mal (Hb 5.14). Para discernir apropriadamente, o seu motivo deve
ser o amor, não a crítica. Muitas pessoas proclamam que podem discernir
o mal nos outros, mas na realidade elas são apenas críticas. "E também faço
esta oração; que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e
toda a percepção" (Fp 1.9).
Quando Jesus disse que "conheceríamos os falsos profetas pelos
seus frutos", Ele estava dizendo que podemos discerni-los pelo fruto de
suas vidas. Será que é amor ou orgulho o que está por trás da máscara do
sorriso? O verdadeiro amor não é a busca pessoal; não é motivado por
vantagens pessoais ou por prazeres; não é motivado pelo sucesso,
reconhecimento, status ou dinheiro. Você vai falar e expressar a verdade
mesmo que isso signifique ser rejeitado, porque isso é o melhor para os
outros. Se você realmente ama alguém, pensará em deixar de lado seus
desejos e alvos para melhor ajudar o outro. Jesus disse: "Ninguém tem
maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos "
(Jo 15.13). Esse é o fruto que Jesus fala que precisamos ver na vida do
verdadeiro profeta.
Precisamos também ver o fruto produzido pelo ministério. Este
está atraindo as pessoas para mais próximo de Deus? Ou está apontando
as pessoas para o ministério através da pregação de palavras que elas
querem ouvir ao invés daquilo que precisam ouvir? Jeremias clama pelo
Espírito de Deus, dizendo: "Mas nos profetas de Jerusalém vejo coisa horrenda;
cometem adultérios, andam com falsidade e fortalecem as mãos dos malfeitores,
para que não se convertam cada um da sua maldade..." (Jr 23.14) Como eles
estava fortalecendo as mãos dos malfeitores? Pregando o que lhes
agradava, ao invés de confrontar suas maldades. Isso acontece
normalmente na América, através de pregadores e ministros que proferem
sermões que não produzem convicção de pecados, para que as pessoas
não se sintam ofendidas e deixem a igreja. Se elas partirem, levarão seu
dinheiro junto. É uma decepção ouvirmos esses ministros dizerem:
"Precisamos dos seus dízimos, de suas ofertas ou de seus talentos para
continuarmos este ministério que Deus nos tem confiado". Porque
comprometem a verdade, eles começam a crer no engano da indiferença.
O resultado ou o fruto disso é: ninguém se voltando para Deus ou
arrependendo-se das más intenções de seus corações ou de sua má
conduta, a qual é tão evidente. Então, se alguém surge pregando a
verdade, esses ministros e membros da igreja começam a se esquivar
disso, dizendo: "A pregação dele é muito dura. Ele não está sendo
amoroso". Deus é muito misericordioso, esta é a razão por que ele nos
permite arrepender!
Havia um casal que contribuiu com nosso ministério através de
ofertas generosas durante nossos primeiros anos de ministério. Eles
amavam nosso ministério e compartilharam a muitos sobre nós. Eles
sempre estavam ansiosos aguardando nossa chegada à região deles para
ministrar. Um dia o Senhor me deu uma mensagem de correção para eles.
Eles estavam tentando controlar a igreja com sua influência e seu
dinheiro. A mulher não gostou nada do que eu disse. Ela começou a nos
ofender e, juntamente com sua família, parou de sustentar nosso
ministério. Eu sabia que eles não estavam nos sustentando mais por causa
do que eu fiz, mas falar-lhes a verdade era mais importante para eles e
para a igreja, mesmo que não vissem dessa forma. Depois de dois meses
considerando essa situação, senti que devia escrever-lhes uma carta.
Reforcei a mensagem que lhes havia entregue e acrescentei algumas
palavras que Deus colocou em meu coração. Eu não me importava com o
dinheiro ou com a rejeição deles; o que me interessava era a verdade.
Quando Deus é a sua fonte, as pessoas não podem manipular você com
seu dinheiro ou amizade. Veja o que Deus disse através do profeta
Miquéias:

"Assim diz o SENHOR acerca dos profetas que fa-


zem errar o meu povo e que clamam: Paz, quando têm o
que mastigar, mas apregoam guerra santa contra aqueles
que nada lhes metem na boca. Portanto, se vos fará noite
sem visão, e tereis treva sem adivinhação; pôr-se-á o sol
sobre os profetas, e sobre eles se enegrecerá o dia. Os
videntes se envergonharão, e os adivinhadores se con-
fundirão; sim, todos eles cobrirão o seu bigode, porque
não há resposta de Deus. Eu, porém, estou cheio do
poder do Espírito do SENHOR, cheio de juízo e de força,
para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu
pecado. Ouvi, agora, isto, vós, cabeças de Jacó, e vós,
chefes da casa de Israel, que abominais o juízo, e
perverteis tudo o que é direito, e edificais a Sião com
sangue e a Jerusalém, com perversidade. Os seus cabeças
dão as sentenças por suborno, os seus sacerdotes
ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por
dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não
está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobre-
virá" (Mq 3.5-11).

Isso se parece com o que tem acontecido na Igreja da América. Se


alguém é um generoso contribuinte para um determinado ministério, o
ministro e sua equipe ministerial toleram desse indivíduo um
comportamento que nunca aceitariam de uma pessoa pobre ou que não
tenha fama ou influência. Eles colocam tais pessoas como membros de
diretorias ou lhes dão assentos reservados ou tratamento preferencial.
Tiago fala a esse respeito:
"Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus
Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Se,
portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com
anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar
também algum pobre andrajoso, e tratardes com
deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes:
Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao
pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do
estrado dos meus pés, não fizestes distinção entre vós
mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos
pensamentos?" (Tg 2.1-4)

É triste reconhecer que o dinheiro fala mais alto para muitas igrejas
e para ministros da América; uma atenção especial é dada àqueles que
possuem muito; banquetes e funções são dadas aos altos contribuintes da
obra. Qual é o propósito disso? Para que continuem contribuindo e não
sejam atraídos por outro ministério e levem junto consigo o sustento da
obra. Assim, o ministro não é mais controlado pelo Espírito de Deus, mas
pelos seus ricos contribuintes. Ele vai falar bem daqueles que alimentam o
seu ministério, enquanto faz vista grossa aos pecados deles. Essas pessoas
ricas influenciam seu ministério. Isso não quer dizer que todos os ministros
que dão banquetes de gratidão e funções especiais fazem isso para
levantar dinheiro - alguns querem genuinamente ministrar àqueles que
têm investido na obra. No entanto, se um banquete é oferecido, deveria
ser tanto para aqueles que dão um dólar por mês para o ministério quanto
para aqueles que dão quinhentos dólares por mês. Jesus disse que a viúva
deu mais do que todos, ainda que ela tenha dado apenas duas moedas. Se
os banquetes são oferecidos por esse motivo, eles têm em si uma
atmosfera totalmente diferente.
Deus coloca bem claro como é perigoso receber suborno das
pessoas ricas e influentes: "Também suborno não aceitarás, porque o suborno
cega até o perspicaz e perverte as palavras dos justos" (Êx 23.8). Um ministro
perde sua capacidade de discernir no momento que começa a dar
tratamento preferencial àquele que tem influência ou dinheiro. Seu
discernimento se vai, porque ele está motivado pelo egoísmo e não por
amor. Suas palavras tornam-se pervertidas, e assim ele começa a afastar-se
da fé daquele momento em diante. Mesmo que o ministério dele continue
a crescer e sua unção não decline. Sim, a unção não cessa, "porque os dons e
a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11.29). Deus não tira a unção e o
chamado. Essa é a razão por que temos alguns ministros ainda andando
no poder e na unção de Deus, enquanto suas vidas estão pervertidas.
Miquéias era uma pessoa que verdadeiramente amava as pessoas.
Ele disse que em virtude de os ministros estarem pregando paz àqueles
que os alimentavam, eles não teriam nenhuma resposta do Senhor. Suas
palavras soavam como se vindas de Deus, mas na realidade não eram. No
entanto, porque Miquéias era corajoso o bastante para falar o que Deus
havia mandado - sabendo que podia sofrer perseguição por causa disso -
ele era cheio do poder e do Espírito do Senhor. Ele tinha a resposta do
Senhor que os outros tentavam imitar. Porém, ele era capaz de repreendê-
los, corrigi-los e exortá-los. Ele era capaz de ministrar-lhes o que Deus
estava dizendo, ao invés daquilo que serviria para os melhores interesses
de seu ministério. No seu caso, a Palavra do Senhor expunha os pecados
do povo de Deus e os chamava ao arrependimento. Ele não ministrava
palavras suaves para receber aceitação mas pregava o que Deus estava
dizendo, quer as pessoas gostassem ou não.
Deus está levantando uma geração que pregará o que Ele está
dizendo, mesmo que seja uma mensagem impopular. Esses ministros
serão jovens e velhos; alguns terão estado no ministério por muitos anos;
outros serão recém-chamados por Deus. Eles terão o fruto do Espírito na
vida pessoal. Eles terão o caráter de Deus desenvolvido em suas vidas. O
amor de Deus será o alicerce de suas vidas e ministério. Portanto, eles irão
amar o povo de Deus com um amor puro. Eles não buscarão os dons ou o
ministério, mas o coração de Deus. Porque eles sabem que "ainda que falem
as línguas dos homens e dos anjos, se não tiverem amor, serão como o bronze que
soa ou como o címbalo que retine. Ainda que tenham o dom de profetizar e
conheçam todos os mistérios e toda a ciência; ainda que tenham tamanha fé, a
ponto de transportar montes, se não tiverem amor, nada serão. E ainda que
distribuam todos os seus bens entre os pobres e ainda que entreguem o próprio
corpo para ser queimado, se não tiverem amor, nada disso se aproveitarão'''' (1
Coríntios 13.1-3). Sabendo disso, eles irão seguir o amor e procurar com zelo
os dons espirituais (1 Co 14.1).
O Novo Testamento fala dos "falsos profetas" e dos "falsos irmãos"
(2 Co 11.13, 26). Ambos eram julgados pelos frutos de sua vida pessoal e
pelos frutos produzidos pelos seus ministérios. Será que o ministério deles
estava atraindo pessoas para si mesmos ou para os planos e propósitos de
Deus? Portanto, Paulo, um verdadeiro profeta de Deus, exorta a Timóteo,
dizendo: "Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento,
propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança" (2 Tm 3.10). Mesmo
havendo tremendos milagres e dons no ministério de Paulo, ele lembrou a
Timóteo que havia seguido o fruto do Espírito na vida de Paulo, não os
milagres ou a unção. Jesus colocou isso absolutamente claro, dizendo:
"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos
outros" (Jo 13.35).
Então, novamente direi para que não olhemos para os milagres ou
para a unção a fim de determinar se estamos lidando com um falso ou
com um verdadeiro profeta, ou apóstolo ou irmão, mas olhemos para o
fruto da sua vida pessoal e de seu ministério.
Capítulo 6
APARTEM-SE DE MIM: NUNCA OS CONHECI
Quem são estes muitos que não poderão entrar no Reino?

"Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos


apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são
lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis.
Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos
dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons
frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não
pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore
má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz
bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos
seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele
que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e
em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi
explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim,
os que praticais a iniquidade " (Mt 7.15-23).

"Muitos me dirão naquele dia"


Jesus deixou claro que conheceríamos os falsos profetas mediante
seus frutos. Como discutimos no último capítulo, podemos discerni-los
pelos frutos de sua vida pessoal e pelos frutos do ministério deles.
Percebemos que o fruto do ministério que Jesus está procurando não são
sinais, maravilhas ou milagres; se fosse, Ele receberia a todos que
profetizaram, expulsaram demônios e fizeram milagres no nome de Jesus.
O fruto que devemos procurar no ministério de um verdadeiro profeta,
mestre, evangelista, apóstolo ou pastor é a obediência à vontade de Deus.
Essa é a razão por que Ele diz: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos
céus".
Esses falsos profetas irão conduzir muitos ao engano. Eles mesmos
serão enganados, porque não serão cumpridores da Palavra ou da
vontade de Deus. "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" (Tg 1.22). Eles serão enganados,
pensando que o que fazem lhes garantirá entrada no Reino de Deus. Paulo
adverte a Timóteo, dizendo: "Mas os homens perversos e impostores irão de
mal a pior, enganando e sendo enganados" (2 Tm 3.13). O dicionário define
"impostor" como aquele que engana os outros através de um caráter
assumido e falsas pretensões.
O caráter que eles assumem é o de um verdadeiro ministro de
Cristo, mas na realidade eles são lobos vestidos de cordeiros. Eles mesmos
são enganados, e nisso enganam os outros. Eles são os cegos guiando
outros cegos para o buraco.
Jesus disse que muitos o viriam naquele dia clamando "Senhor",
mas não lhes seria permitida a entrada no Reino. Esses muitos serão
enganados pelos falsos profetas. Jesus nos advertiu a respeito disso:

"Levantar-se-ão muitos falsos profetas [lobos


vestidos de ovelha] e enganarão a muitos [os que dirão
naquele diz, 'Senhor, Senhor']. E, por se multiplicar a
iniquidade, o amor se esfriará de quase todos" (Mt 24.11,
12).

A pergunta é: quem são esses aos quais não é permitida a entrada


no Reino? Será que são budistas, muçulmanos, bruxos, feiticeiros ou
homens e mulheres de outras seitas? A resposta é clara: não. Pelas
seguintes razões: eles vão olhar para Jesus e dizer: "Em teu nome fizemos
milagres e expulsamos demônios". Não é no nome de Maomé ou de Buda
nem pelo poder de Satanás. Jesus explica: "Se Satanás expele a Satanás,
dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino?" (Mt 12.26)
Jesus esclarece que Satanás não expulsará Satanás. Aqueles que se
aproximarem de Jesus no dia do julgamento, terão expulsado demônios
em nome de Jesus!
Será que esses poderiam ser homens e mulheres que usam o nome
de Jesus apenas para operar milagres e expulsar demônios sem nenhuma
associação com o Senhor Jesus? Para responder a essa pergunta, vamos
dar uma olhada no livro de Atos:

"E alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram


invocar o nome do Senhor Jesus sobre possessos de
espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a
quem Paulo prega. Os que faziam isto eram sete filhos
de um judeu chamado Ceva, sumo sacerdote. Mas o
espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei
quem é Paulo; mas vós, quem sois? E o possesso do
espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e,
de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e
feridos, fugiram daquela casa. Chegou este fato ao
conhecimento de todos, assim judeus como gregos
habitantes de Éfeso; veio temor sobre todos eles, e o
nome do Senhor Jesus era engrandecido" (At 19.13-17).

Está claro que expulsar demônios não é o bastante para carregar o


nome de Jesus; é preciso conhecê-lo. Mas o leitor poderá perguntar: "quem
são essas pessoas?" Veja novamente a narrativa sobre os últimos dias:

"Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão


a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se
esfriará de quase todos" (Mt 24.11, 12).

O amor de quase todos se esfriará. A palavra grega para "amor"


nesse verso é agape, que expressa o tipo de amor de Deus. É o amor que
descreve o amor de Deus por nós. Há várias palavras gregas traduzidas
por "amor" no Novo Testamento. Jesus introduziu a palavra agape e disse
que essa seria compartilhada a todos que o servem. O mundo ou os não-
cristãos não conheceriam esse tipo de amor. Então, os muitos que são
enganados por esses falsos profetas não são os pagãos.
Por que o amor de Deus se esfriaria? A resposta é: porque a
iniquidade irá abundar. O que Jesus dirá àqueles que virão a Ele no dia do
julgamento? Ele lhes dirá explicitamente: "nunca vos conheci. Apartai-vos de
mim, os que praticais a iniquidade".
Um dia Deus me deu uma visão muito sóbria. Eu vi muitos, não
um pouco ou alguns, mas muitos, vindo aos portões de pérola, cheios de
expectativa de ouvir Jesus lhes dizer: "entrai no gozo do Senhor". Ao invés
disso eles ouviram as palavras: "nunca os conheci; apartai-vos de mim!" Que
tragédia! Pessoas que foram tão enganadas, que clamaram por Ele,
"Senhor, Senhor!" e fizeram milagres no nome dele, mas mesmo assim lhes
foi negada a entrada no reino dos céus. Ele estava falando a respeito de
pessoas que frequentavam a igreja e que criam nos dons do Espírito, que
se autodenominavam "Evangelho pleno".
Você talvez esteja pensando: "mas Jesus disse que nunca os
conheceu; portanto, como eles poderiam ter expulsado demônios e
operado milagres em seu nome? Como pode ser isso?"
Há dois grupos possíveis de pessoas. O primeiro é constituído
pelos que se unem a Jesus por motivos egoístas, por causa dos benefícios
da salvação. Eles nunca chegaram a conhecer o coração de Deus; querem
apenas seu poder e suas bênçãos. Eles o buscam para seus próprios
benefícios. Então o trabalho deles para Jesus é inteiramente egocêntrico,
não é motivado pelo amor. Paulo diz: "se alguém ama a Deus, esse é
conhecido por ele" (1 Co 8.3). Lembre-se de que Jesus disse: "nunca os
conheci". Portanto, aquele que não ama a Deus não é conhecido por Ele.
Há aqueles que dizem que amam a Deus, mas não amam. Essa falta de
amor é confirmada pelas suas ações, mesmo que ousadamente confessem
esse amor. Amar a Deus significa colocar sua vida à disposição dele. Você
não vive mais para si mesmo, mas para Ele apenas.
Judas Iscariotes buscava a Jesus e se uniu a Ele; parecia que amava
a Deus pelo grande sacrifício que havia feito para seguir Jesus. Ele havia
deixado tudo para se unir à equipe ministerial de Jesus; mesmo no calor
da perseguição não abandonou Jesus. Ele expulsou demônios, curou
enfermos e pregou o Evangelho. Não há nada escrito falando o contrário.
No entanto, as intenções de Judas não eram corretas desde o início. Ele
nunca se arrependeu dos seus motivos egocêntricos. Seu caráter foi
revelado através de declarações, tais como: "Que me quereis dar..." (Mt
26.15) Ele mentia e bajulava para ganhar vantagem (Mt 26.25); ele pegou
dinheiro da tesouraria do ministério de Jesus para uso pessoal (Jo 12.4-6);
e a lista continua. Ele nunca conheceu ao Senhor, ainda que tenha passado
três anos e meio em sua companhia!
Há aqueles que, como Judas, que fazem grande sacrifício pelo
ministério, até expulsam demônios, curam enfermos e pregam o
Evangelho, mas eles nunca conheceram o Senhor, pois tudo que fizeram
foi por motivos egoístas e não pelo amor a Deus.
O segundo grupo é constituído pelos que ouvem o Mestre dizer:
"Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!" São homens ou
mulheres que, por causa do pecado abundante em suas vidas (Mt 24.11,
12), afastam-se permanentemente de seguir a Jesus.O amor de Deus
esfriou-se neles por causa da sua contínua prática do pecado ou da
iniquidade. Veja o que Deus diz através do profeta Ezequiel:

"Mas, desviando-se o justo da sua justiça e co-


metendo iniquidade, fazendo segundo todas as abo-
minações que faz o perverso, acaso, viverá? De todos os
atos de justiça que tiver praticado não se fará memória;
na sua transgressão com que transgrediu e no seu
pecado que cometeu, neles morrerá" (Ez 18.24).

Deus diz que não se lembrará de sua justiça. Quando Deus esquece
alguma coisa, é como se isso nunca tivesse acontecido. Falamos sobre
Deus esquecer os nossos pecados, jogando-os nas profundezas do mar do
esquecimento. Deus nunca mais se lembrará de nossos pecados. O diabo
tenta nos acusar, mas Deus disse que não se lembrará mais dos nossos
pecados. Na mente de Deus é como se nunca tivéssemos cometido pecado.
Bom, o oposto também é verdade. Quando Deus diz que a justiça de um
homem não será mais lembrada, Ele quer dizer que esquecerá que um dia
conheceu tal pessoa. Essa é a razão por que Jesus disse: "Nunca os conheci".

Uma vez salvos - salvos para sempre?


Uma doutrina muito enganosa tem sido propagada na Igreja: a de
que a pessoa, uma vez salva, não perde a salvação. Vamos examinar isso
com as Escrituras do Velho e do Novo Testamento:
"Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da
verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que
converte o pecador do seu caminho errado salvará da
morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados" (Tg
5.19, 20).

A primeira coisa que precisamos notar é que Tiago disse: "Meus


irmão, se algum entre vós..." Ele não está falando a pessoas que apenas
pensam que são cristãos. Ele está falando do crente que está cogitando
sobre o caminho da verdade. Notemos que Tiago chama de pecador
aquele irmão que se desvia do caminho da verdade. O resultado, se não
houver uma volta para Deus (arrependimento), é a morte. O livro de
Provérbios amplifica esta afirmação, dizendo:

"O homem que se desvia do caminho do entendi-


mento na congregação dos mortos repousará " (Pv
21.16).

Provérbios diz sobre o lugar de descanso ou um lar final de um


homem ou de uma mulher que se desvia do caminho da verdade do
Evangelho sem voltar ao caminho da justiça: é a congregação dos mortos,
o qual é o Hades ou o inferno. Pedro novamente coloca isso claro:

"Portanto, se, depois de terem escapado das con-


taminações do mundo mediante o conhecimento do
Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de
novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior
que o primeiro. Pois melhor lhes fora nunca tivessem
conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-
lo, volverem para trás, apartando-se do santo manda-
mento que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz
certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio
vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no
lamaçal" (2 Pe 2.20-22).
Pedro descreve aqueles que têm escapado da contaminação do
mundo através do conhecimento de Jesus Cristo, mas estão novamente
entrelaçados nos caminhos do mundo e sendo vencidos por ele. Ser
vencido pelo mundo significa que eles não retornaram aos caminhos do
Senhor. Eles não se arrependeram de suas iniquidades. Pedro declara que
teria sido melhor para eles nunca terem conhecido o caminho da justiça do
que tê-lo conhecido e depois afastarem-se dos caminhos do Senhor. Em
outras palavras, Deus está dizendo que seria melhor se nunca tivessem
sido salvos do que receberem o dom da vida eterna e se afastarem dele
permanentemente. Isso caminha lado a lado com as palavras de Ezequiel:

"... De todos os atos de justiça que tiver praticado não se


fará memória..." (Ez 18.24)

Por que teria sido melhor nunca ter conhecido o caminho da justiça? Judas
responde essa pergunta, dizendo: "... para as quais tem sido guardada a
negridão das trevas, para sempre" (Jd 13). A negridão das trevas significa
uma das piores punições. "Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu
senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com
muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez
coisas dignas de reprovação levará poucos açoites... " (Lc 12.47, 48) Judas
considera que esse grande castigo é estar "duplamente morto " (Jd 12,13).
Estar duas vezes morto significa que a pessoa estava morta sem Cristo,
depois se tornou viva ao recebê-lo, e morreu novamente mediante seu
afastamento de Deus.
Há muitas outras passagens no Novo Testamento para reforçar
isso. Muitas pessoas são enganadas ao pensarem que podem viver a vida
da maneira que quiserem, bastando confessar Jesus como Salvador para
serem salvas. Elas estão separando textos da Bíblia para sustentar suas
doutrinas; quando Deus diz, por exemplo: "... De maneira alguma te deixarei,
nunca jamais te abandonarei" (Hb 13.5).
Ele realmente não nos abandonará, mas nunca disse que nós não o
abandonaríamos. "Se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos,
ele, por sua vez, nos negará" (2 Tm 2.12). Uma pessoa pode negar a Cristo
não apenas pelas suas palavras mas também através de suas ações! Na
verdade, as ações falam mais alto do que as palavras. "No tocante a Deus,
professam conhecê-lo, entretanto, o negam por suas obras... " (Tt 1.16) Tito deixa
claro que uma pessoa pode professar ou confessar que conhece Jesus
Cristo, mas pelas suas obras ela o nega.
Tiago diz assim: "Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que
tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?" (Tg 2.14) Será
que apenas dizendo que cremos em Jesus Cristo e um dia na vida
fizermos a oração de entrega a Ele, seremos salvos mesmo que não haja
ações condizentes com nossa fé? Tiago continua, dizendo: "... mostra-me
essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé" (Tg 2.18).
Ele está dizendo que minhas obras (ações) falarão mais alto do que
minhas palavras! Isso nos leva de volta ao que Jesus disse: "Pelos seus
frutos os conhecereis (não pelas suas palavras)" Qual é o fruto da vida
dessas pessoas? Será que elas são motivadas por ambição própria? Estão
vivendo para si mesmas? Será que renderam suas vidas para seguir a
Jesus?
Alguns têm sido motivados por essa mensagem que Deus me falou
para pregar. Eles se aproximam de mim num estado de pânico, dizendo:
"Eu pensei que uma vez salvos seremos sempre salvos!" Minha resposta a
eles é: "Se você verdadeiramente ama a Jesus Cristo, você não irá negá-lo
através de pensamentos, palavras ou ações".
O apóstolo João nos diz: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para
que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo" (1 Jo 2.1). O alvo daquele que ama a Deus é não pecar,
mas, se pecar, ele tem um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo, a
quem pode confessar seu pecado e ser perdoado. Ele não disse: "Filhinhos,
estas coisas vos escrevo para que pequeis. E, quando pecar, há um Advogado
junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo" (Compare as duas declarações
cuidadosamente).
Judas nos adverte, pelo Espírito de Deus, que homens e mulheres
irão entrar na igreja mudando a graça de Deus com o objetivo de
satisfazer seus próprios desejos e negar ao Senhor Jesus Cristo com seus
caminhos rebeldes e avarentos. Ele começa sua carta dizendo: "Amados,
quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum
salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a
batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos" (Jd 3). Como é que lutamos ou batalhamos para guardar a fé?
Judas responde: "Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima,
orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus..." (Jd 20,21) Não
permita que seu amor se esfrie através do engano do pecado. Nós lutamos
ou batalhamos pela fé guardando nosso amor por Deus, mesmo quando
alguns em nosso meio professam o cristianismo, mas seu estilo de vida é
de avareza e de rebelião. Não deixe o fermento de hipocrisia deles minar em seu
coração e mente!
Se Judas nos adverte a guardar o amor de Deus, isso significa que o
amor pode ser perdido. Esse é o segundo grupo que ouvirá o Mestre
dizendo: "Apartai-vos de Mim..."
Se você ama a Deus, não terá dificuldades em guardar os seus
mandamentos! Se servir a Deus é uma obrigação, você entrou numa
relação legalista e será difícil guardar os seus mandamentos. Nós não
deveríamos servir a Deus para ganhar sua aprovação; deveríamos servir a
Deus porque estamos apaixonados por Ele! Judas continua dizendo como
podemos manter esse amor sempre vivo se na Igreja há um fermento mal.
Ele nos diz: "Guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso
Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna" (Jd 21). Nossos olhos têm de estar
fitos no Senhor todos os minutos do dia. Temos de buscá-lo ansiosos e
continuamente para que Ele possa se revelar de forma poderosa. "E a si
mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança [a esperança de Jesus
revelar-se], assim como ele é puro" (1 Jo 3.3).

"Bem-aventurados aqueles servos a quem o


senhor, quando vier, os encontre vigilantes; em verdade
vos afirmo que ele há de cingir-se, dar-lhes lugar à mesa
e, apro-ximando-se, os servirá. Quer ele venha na
segunda vigília, quer na terceira, bem aventurados serão
eles, se assim os achar. Sabei, porém, isto: se o pai de
família soubesse a que hora havia de vir o ladrão,
[vigiaria e] não deixaria arrombar a sua casa. Ficai
também vós apercebidos, porque, à hora em que não
cuidais, o Filho do Homem virá. Então, Pedro
perguntou: Senhor, proferes esta parábola para nós ou
também para todos? Disse o Senhor: Quem é, pois, o
mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os
seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo ?
Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor,
quando vier, achar fazendo assim. Verdadeiramente, vos
digo que lhe confiará todos os seus bens. Mas, se aquele
servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir,
e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a
beber e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo, em
dia em que não o espera e em hora que não sabe, e
castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis. Aquele
servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e
não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será
punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não
soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de
reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem
muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem
muito se confia, muito mais lhe pedirão" (Lc 12.37-48).

Na conclusão do livro de Judas está uma das minhas promessas


bíblicas favoritas. Àqueles que se guardam no amor com Deus, olhando
para a revelação de Jesus Cristo, ele diz:

"Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de


tropeços e para vos apresentar com exultação,
imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso
Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória,
majestade, império e soberania, antes de todas as eras; e
agora, e por todos os séculos. Amém!" (Jd 24, 25)

Deus nos guardará de tropeçar e nos apresentará sem mácula


diante da presença de sua glória com crescente júbilo! Isso conforta os
corações daqueles que são sinceros, mas que tremem diante da discussão
sobre "uma vez salvos, salvos para sempre". Eu os exorto, dizendo: "Se
vocês amam a Deus e o têm no coração, ele irá guardá-los sem mácula!"
Aqueles que verdadeiramente o servirem não irão ter falta da graça de
Deus.
Capítulo 7
ARREPENDIMENTO SINCERO OU FALSO?
Ele está nos chamando para nos arrependermos da natureza que
nutre o pecado.

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará


no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-
me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade" (Mt
7.21-23).

Note que Jesus disse: "Eu nunca vos conheci, apartai-vos de mim vós
que praticais a iniquidade!" A palavra-chave nessa declaração é praticar. O
apóstolo João disse: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei,
porque o pecado é a transgressão da lei... Filhinhos, não vos deixeis enganar por
ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que
pratica o pecado procede do diabo..." (1 Jo 3.4, 7, 8)
Agora leia cuidadosamente os versos seguintes sobre o que as
obras das trevas são. Note a palavra "praticar".

"Ora, as obras da carne são conhecidas e são: pros-


tituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimiza-
des, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissenções, facções,
invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a es-
tas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora,
vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que
tais coisas praticam" (Gl 5.19-21).
Neste momento vamos definir a palavra "praticar". Algumas das
definições são: "fazer frequentemente ou como regra; fazer sempre para
aprender; ensinar através de constante repetição; fazer algo
habitualmente". A pessoa que "pratica o pecado" é aquela que peca sem
deixar que seja convencida do erro, mesmo que seja uma vez por semana
ou poucas vezes num mês. Diz algo assim para justificar: "Ah, é apenas
uma fraqueza minha. Eu sou melhor do que muitos irmãos em minha
igreja. Se Deus perdoou aquelas pessoas, Ele certamente vai me perdoar
porque, afinal de contas, ninguém é perfeito, e eu sou muito melhor do
que elas". Não há um arrependimento genuíno. Ele não está sentido por
ter ferido o coração de Deus.
Na igreja nós classificamos o pecado. Colocamos pecados como
embriaguês, adultério e homossexualidade numa categoria, e pecados
como ódio, fofoca, contenda e outros numa categoria diferente. Decidimos
que as pessoas que estão na primeira categoria de pecados estão em
perigo infernal, mas aquelas que estão na segunda são apenas fracas. Essa
é uma mentira religiosa de autojustificação. Deus não classifica os
pecados, mas coloca-os numa mesma categoria. Ele declara que todos que
praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus!
Deus coloca os pecados como ódio, ira, inveja, ambição egoísta e
ciúmes junto com adultério e assassinato. Se as pessoas soubessem que
Deus vê o ódio e o egoísmo na mesma base que adultério e assassinato,
elas não seriam tão rápidas em se renderem ao pecado e se desculparem
deles. Essa tolerância e prática de pecado por homens e mulheres que
professam ser cristãos traz uma decepção amarga.
Essa forma de pensar tem feito a Igreja se tornar dura e judicial.
Eles olham para aqueles que estão amarrados pelo homossexualismo e
pelos vícios de álcool e de drogas julgando-os, enquanto fazem vista
grossas para os pecados de falta de perdão, contenda, fofoca e orgulho.
Seus corações têm-se tornado insensíveis à voz do Espírito Santo.
Assim que recebi a Cristo como meu Salvador, minha esposa e eu
estávamos discutindo sobre a mulher que trouxe aquele óleo de fragrância
de alabastro à casa do fariseu onde Jesus estava e lavou os pés dele com
lágrimas, ungindo-os com óleo. Enquanto ela fazia isso, o fariseu olhou
para ela com desprezo e pensou que se Jesus fosse verdadeiramente um
profeta não permitiria a essa prostituta fazer isso. Jesus olhou para Simão,
o fariseu, e disse: "Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos
denários, e o outro, cinquenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar,
perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?" Simão respondeu-
lhe dizendo que aquele que devia quinhentos denários o amaria mais,
pois sua dívida perdoada era a maior. Jesus respondeu-lhe dizendo que
ele havia julgado corretamente! (Lc 7.36-50)
Eu disse à minha esposa que "queria ter sido um viciado cm
drogas, um ladrão ou outra espécie de criminoso antes de ter encontrado
com Jesus; pois, assim, eu o amaria mais porque teria recebido muito
perdão. Queria amá-lo o quanto mais possível!" Ao discutir mais esse
assunto, o Senhor falou comigo: "John, você não entendeu o que Eu disse.
Eu estava lidando com a atitude do coração de Simão, que viu essa mulher
como um tipo de pecadora e a si mesmo como outro melhor do que ela e
que exigiu pouco perdão. Eu disse que 'qualquer que guarda toda a lei, mas
tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos' (Tg 2.10). Aos meus olhos a
pessoa que conta apenas uma mentira durante toda a sua vida é igual ao
pior prisioneiro! O destino dos dois é o mesmo se não receberem a
salvação em Cristo."
Eu me senti aliviado quando percebi que podia amá-lo tanto
quanto qualquer outra pessoa, porque estive debaixo do mesmo
julgamento como o pior criminoso no corredor da morte!
O problema é que nossa sociedade, encorajada pela religião,
classifica os pecados. Então, aqueles considerados "bons" estão debaixo do
engano de que precisam apenas de pouca graça. Pouco meses atrás, um
homem do Alabama me ligou. Eu tinha ministrado numa igreja que ele
visitava. Quando eu estava pregando, sabia que ele era um homossexual.
Agora ele estava dizendo isso e eu lhe disse que já sabia. Sua voz tornou-
se defensiva: "Provavelmente você me viu como um pervertido esquisito,
certo?" Minha resposta imediata foi: "Não!" Então, comecei a me desculpar
por aquilo que muitos de nós cristãos temos feito. Eu disse: "Por favor,
perdoe-nos por colocar o homossexualismo numa categoria de pecados e
os demais pecados em outra. Eu estava amarrado pelo pecado e estava
indo em direção ao inferno da mesma forma que você estava. Minha
necessidade pelo Salvador era tão grande quanto a sua. Meus pecados
eram apenas mais socialmente aceitáveis. No entanto, eles eram uma
grande ofensa a Deus tanto quanto os seus". Aquele homem percebeu
minha sinceridade, nós oramos juntos e Deus o libertou. Poucos meses
depois ele me ligou novamente e relatou com grande alegria o que Jesus
estava fazendo em sua vida. Louvado seja Deus!
Precisamos perceber que pecado é pecado, não importa o tipo.
Aqueles que tolerarem qualquer pecado estarão em perigo de ouvir o Mestre
dizer-lhes: "Afastai-vos de Mim..."

Tristeza do mundo, ou tristeza segundo Deus?

"Agora, me alegro não porque fostes contristados,


mas porque fostes contristados para arrependimento;
pois fostes contristados segundo Deus, para que, de
nossa parte, nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza
segundo Deus produz arrependimento para a salvação,
que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo
produz morte" (2 Co 7.9, 10).

Paulo escreveu isso para a Igreja, não para o mundo. Arre-


pendimento é para o mundo tanto quanto o é para a Igreja. Nessa
passagem, "arrependimento" vem da palavra grega metanoia que significa
"mudança da mente". Deus não está procurando somente arrependimento
de pecados, mas uma mudança de mente e de coração através do processo
de pensamento que tolera essa maneira de viver. Ele quer que nos
arrependamos do caráter que alimenta o pecado.
Arrependimento é mais do que se desculpar por alguma coisa
feita. Paulo disse que há uma tristeza que não produz arrependimento,
mas a morte! Nem todas as tristezas são piedosas. Nem todas as lágrimas
são motivadas por um arrependimento genuíno.
Através do verso acima, entendemos que há um tipo de tristeza
(do mundo) que nos leva à morte, e outra tristeza (piedosa) que nos leva à
vida. Qual é a diferença entre "a tristeza do mundo e a tristeza piedosa"?
A diferença é simples: a tristeza do mundo focaliza você, enquanto a
tristeza piedosa focaliza Cristo. A tristeza de acordo com o mundo se
preocupa com as consequências resultantes do pecado, não com o fato de
que o pecado tem nos separado do coração de Deus. Quando uma pessoa
está preocupada em como o pecado pode afetar seu status, seu bem-estar,
sua posição ou reputação, não é uma tristeza piedosa. Isso produz um
enfoque egoísta, que leva aquela pessoa, cada vez mais, a um estado de
endurecimento do coração! Isso, mais cedo ou mais tarde, leva à morte!
Para ilustrar essa diferença, vamos examinar a vida e os motivos
do rei Saul e do rei Davi. Deus ordenou a Saul que atacasse Amaleque e
destruísse totalmente tudo que tivesse. Ele tinha de matar homens,
mulheres, crianças, bebês, gado, ovelhas, camelos e burros. Saul foi para a
guerra; entretanto, ele trouxe ò rei Amaleque vivo e ficou com o melhor
do gado, das ovelhas, dos animais confinados, dos cordeiros e com o que
era bom, sem destruir tudo. Então, a Palavra do Senhor veio ao profeta
Samuel sobre a desobediência de Saul à ordem de Deus. Samuel o
confrontou porque em seu coração não havia arrependimento. Saul se
defendeu dizendo que havia feito tudo o que Deus lhe havia ordenado.
Samuel apontou especialmente o que Saul havia omitido. Quando Saul
viu que Samuel estava correto, ele se desculpou e culpou o povo. Samuel
declarou que era Saul que havia desobedecido a ordem do Senhor.
Quando Saul percebeu que não havia ninguém mais para ele culpar,
respondeu: "Pequei; honra-me, porém, agora, diante dos anciãos do meu povo e
diante de Israel; e volta comigo, para que adore o SENHOR, teu Deus" (1 Sm
15.30). Ele reconheceu seus pecados como muitos fazem quando são
apanhados em flagrante. Entretanto, era uma tristeza do mundo, pois ele
estava preocupado com a exposição de seu pecado diante dos líderes e
dos homens de Israel, não porque ele havia pecado contra Deus. Sua
resposta era para guardar sua reputação e o seu reino, c seu motivo era a
ambição egoísta. Como resultado, o reino que ele tentou proteger
duramente da sua própria maneira foi tirado dele. Ele temeu o homem mais
do que temia a Deus. Essa é a motivação daqueles que buscam seus
próprios interesses!
Agora veja o rei Davi. Ele cometeu um adultério com Bate-Seba,
esposa de Urias, o heteu, o servo fiel de Davi. Quando Davi menos
esperava, ela estava grávida como resultado de seu pecado; mas seu
esposo não quis dormir com ela enquanto os seus homens estavam no
campo de batalha. Davi, então, colocou Urias na linha de frente da batalha
e deu ordens a Joabe, o capitão, para retirar os homens de detrás dele para
que os inimigos o matassem. Davi cometeu um adultério e premeditou
um assassinato para cobrir o seu pecado. Então, ele foi confrontado pelo
profeta Natã e, quando seu pecado foi exposto, "disse Davi a Natã: Pequei
contra o Senhor" (2 Sm 12.13). Saul e Davi confessaram que haviam pecado,
mas Davi compreendeu sobre contra quem ele havia pecado e caiu com a
face no chão em arrependimento. Davi não estava preocupado com o que
seus líderes ou os homens de Israel poderiam pensar dele; ele se
preocupou apenas com o que Deus pensava sobre ele, pois sabia que
havia machucado o coração de Deus. Ele clamou, dizendo: "Pequei contra
ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos..." (Sl 51.4) Davi era
um homem segundo o coração de Deus, enquanto Saul tinha seu coração
em seu próprio reino. Davi foi sustentado pelo seu amor a Deus; Saul foi
destruído pelo seu amor próprio.
Quando era adolescente, eu estava amarrado pelo pecado da
cobiça sexual. A maioria dos males da América está relacionado com a
cobiça e a impureza. Isso não me deixou assim que recebi a Cristo no
coração, mas permaneceu me atormentando. Vez após outra eu clamava a
Deus, implorando seu perdão. Eu pensei que quando me casasse isso iria
me deixar, mas, infelizmente, descobri que estava errado. Isso atrapalhou
meu relacionamento sexual com minha esposa, que eu amava tanto.
Estava atormentado por esse pecado. Estava amarrado!
Em 1984, aproximei-me de um pregador muito conhecido e
confessei esse pecado. Ele era conhecido como um dos mais poderosos
pregadores da América. Pensei que se havia alguém que poderia ajudar-
me a me livrar desse pecado, era aquele homem. Ele olhou para mim e
disse: "Se você apenas soubesse quantos homens e mulheres na Igreja
estão presos a esse mesmo pecado!" Ele começou a conversar comigo por
alguns minutos, e então eu disse: "Por favor, ore por mim para que eu seja
livre disso". Então ele orou, mas nada aconteceu. Eu sabia que o problema
não era ele, mas eu não pude descobrir por que eu não conseguia me
libertar.
Um ano depois, no dia 2 de maio de 1985, ausentei-me para jejuar
durante quatro dias. Eu já estava preocupado com aquele pecado. Eu
sabia que estava ferindo a Deus e que Jesus já havia pago o preço para que
eu ficasse livre. No quarto dia de jejum, Deus me dirigiu numa oração de
libertação e o espírito de concupiscência da carne me deixou! Eu estava
livre! E estou livre até hoje!
Quando perguntei ao Senhor por que não me libertara no ano
anterior, quando aquele pregador orara por mim, Ele mostrou-me que a
minha tristeza inicial era segundo o mundo. Eu queria ser liberto porque
pensava que se isso não ocorresse, Deus não iria promover-me do
ministério de socorro ao ministério de pregação. Eu estava mais
preocupado com as consequências desse pecado do que com o fato de
estar pecando contra Deus. Um ano mais tarde, minha tristeza tinha
mudado, e meu motivo agora era não temer as consequências no meu
ministério, mas sim que eu amava a Deus e não queria que nada estivesse
entre nós. A tristeza segundo Deus produz uma vida de entrega total em
arrependimento a qual leva à Salvação (2 Co 7.10). "Salvação", naquele
verso vem da palavra grega sozo, que o Dicionário Grego define como "cura,
preservação, plenitude, integridade e libertação". Então, minha tristeza
piedosa produziu arrependimento, que me garantiu o perdão!

Arrependimento é o pré-requisito para libertação


Na Igreja, muitos querem ser libertos sem perceber que o arrependimento
é um pré-requisito. Analise estas palavras de Jesus ao enviar os doze
discípulos:

"Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de


dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos
imundos, Ordenou-lhes que nada levassem para o cami-
nho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem
dinheiro... Então, saindo eles, pregavam ao povo que se
arrependesse; expeliam muitos demônios e curavam
numerosos enfermos" (Mc 6.7, 8 e 12, 13).

Jesus enfatizou o arrependimento demonstrando que este cria uma


atmosfera para a libertação. Há muitos que vêm a mim nas filas, e em
particular, para receberem oração, desejosos de serem livres do tormento
de alguns pecados particulares, mas não estão desejosos de mudar sua
atitude com respeito ao pecado. Eles têm prazer com o pecado, mas não
gostam das consequências ou da culpa que experimentam depois. Se eles
pudessem continuar sendo cristãos, permanecendo envolvidos com seus
pecados, eles o fariam, pois têm prazer nisso!
Antes de entrar no ministério, um pastor amigo meu, do sul da
Califórnia, estava preso ao vício de fumar. Ele fumava dois pacotes de
cigarros por dia e queria ser liberto. Ele havia implorado a Deus por dois
anos e meio para ser liberto. Um dos seus amigos aceitou a Cristo num
culto e foi liberto do cigarro imediatamente. Ele viu isso e ficou muito
triste com Deus. Por que Deus havia libertado seu amigo tão rapidamente
enquanto ele creu por dois anos e meio que seria livre? Ele deixou o culto
furioso e foi para casa reclamar com Deus. Depois de reclamar por alguns
minutos, explodiu, dizendo: "Por que o Senhor libertou meu amigo e não
a mim?" O Senhor lhe respondeu: "Porque você ainda gosta disso!" Ele
disse que olhou para o cigarro aceso em suas mãos e o jogou longe. Ele
ficou liberto e nunca mais segurou um cigarro em suas mãos.
Enquanto você gostar de seu pecado, você não será liberto dele.
Precisará aprender a odiar o pecado como Deus odeia. Você poderá
perguntar-me: "Como posso aprender a odiar algo de que minha carne
gosta?" Primeiro, compreenda que foi o pecado que pregou Jesus na cruz:
"Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro...'' (1 Pe 2.24) A segunda
coisa que precisamos compreender é que o pecado nos separa de Deus:
"Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos
pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça " (Is 59.2). A terceira
coisa que precisamos compreender é que o pecado é um veneno revestido
com mel: "Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se
constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne,
caminhais para a morte..." (Rm 8.12, 13) Note que Paulo está escrevendo
para os "irmãos", não para os incrédulos. Ele adverte sobre o trágico
resultado de alguém viver na carne e tolerando o pecado. O pecado pode
ser agradável por algum tempo, mas no final sempre produz morte. No
livro de Hebreus, percebemos Moisés preferiu "ser maltratado junto com o
povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado " (Hb 11.25). O pecado
é agradável à carne, mas esse prazer dura apenas um período curto.
Uma mulher me ligou e disse que havia praticado adultério com
um homem "crente". Ela me disse que seu marido não era crente e
abusava verbalmente dela por causa de sua fé. Disse-me que já havia se
arrependido de seu pecado e que alguns de seus amigos "crentes" a
aconselharam a divorciar-se de seu marido e casar-se com esse agradável
homem "crente" que a amava. Ela não estava certa de que eles tinham
razão, por isso queria ouvir minha opinião. A julgar pela situação, não
seria necessário muito esforço para persuadi-la a largar seu marido e
casar-se com esse outro homem. Ela sabia em seu coração que isso era
errado, mas ela estava buscando permissão para ir em frente e fazer isso. É
importante que sempre falemos a verdade, mesmo que não seja o que as
pessoas queiram ouvir. Em primeiro lugar, eu lhe disse que não havia se
arrependido. "Mas eu me arrependi com lágrimas!", disse ela. Eu, então,
lhe disse: "Você não odeia esse pecado; você apenas sabe que é errado e
que não será abençoada se continuar agindo assim". Ela continuou: "Não
estou entendendo o que você está me dizendo; eu me arrependi de
verdade!"
A idéia que ela tinha de arrependimento era reconhecer que o ato
de adultério era errado. Lembre-se de que Deus está procurando mais que
isso; Ele quer ver uma mudança do coração e da mente. Ele nos chama ao
arrependimento da natureza que alimenta e nutre o pecado. Se ela
genuinamente não se arrependesse da atitude de seu coração com respeito
àquele homem, isso iria, eventualmente, levá-la ao divórcio para obter o
que ela queria desde o início. Então eu lhe disse: "Suponhamos que
alguém lhe dissesse: 'Haverá uma orgia sexual na rua X. Você gostaria de
ir?'Como você responderia a esse convite?" Ela ficou indignada com o que
eu disse e respondeu-me: "Eu não queria ter nada a ver com isso". Eu lhe
disse: "Quando você puder olhar para o seu relacionamento com aquele
"irmão" da mesma forma que você olhou a orgia, aí você terá chegado ao
verdadeiro arrependimento!" Finalmente, ela entendeu.

O fruto do arrependimento

"Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento... " (Lc


3.8, 9)

Quantas vezes temos visto homens e mulheres ouvirem uma


mensagem e, sob a convicção do Espírito Santo, responderem ao apelo do
pregador e fazerem a oração de arrependimento no altar, mas a obra do
arrependimento não é completada porque nenhum fruto é apresentado?
Eles são libertos temporariamente pela oração, mas logo voltam ao estilo
de vida original. Arrependimento não é uma oração de libertação feita
uma única vez, é uma maneira de viver! É uma decisão do coração para
mudança. A obra de arrependimento não é completa até que o fruto da
justiça apareça. A oração de arrependimento é apenas um começo.
Paulo escreveu à Igreja de Coríntios na sua primeira carta
exortando-os pela sua carnalidade. Ele escreveu uma carta tão con-
vincente que os levou ao arrependimento. Em sua segunda carta, ele
reconheceu que eles tiveram tristeza segundo Deus, a qual produziu
arrependimento. Vamos ver o fruto que foi produzido:

"A tristeza segundo Deus não produz remorso,


mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a
tristeza segundo o mundo produz morte. Vejam o que
esta tristeza segundo Deus produziu em vocês: que
dedicação, que desculpas, que indignação, que temor,
que saudade, que preocupação, que desejo de ver a
justiça feita! Em tudo vocês se mostraram inocentes a
esse respeito" (2 Co 7.10, 11).

Note que ele alistou sete frutos de arrependimento. Estas são


características dos crentes que estão no fogo, que não estão apenas
mornos. As pessoas ficam imaginando por que alguns crentes são tão
zelosos e diligentes. A razão é que eles não têm nada no coração que os
distraia de seu propósito. Quase sempre tentamos viver em dois mundos.
O mundo da carne esfria o fogo do mundo do espírito. Vamos estudar
brevemente os sete frutos:
1. Diligência - Quando o coração está focalizado, você será
diligente. Nós somos ensinados que "quem se aproxima de Deus precisa crer
que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam (Hb 11.6 - NVI). Se
alguém vacilar para frente e para trás, vivendo no mundo natural e no
mundo do espírito, será preguiçoso espiritualmente. Somos ordenados a
"não sermos remissos, mas fervorosos de espírito, servindo ao Senhor" (Rm
12.11).
2. Ansiedade para estarem ausentes de culpa - Muitos vivem
debaixo do peso da culpa. Jesus veio para nos libertar da culpa do pecado.
Se o arrependimento é genuíno isso produz uma limpeza da consciência
que não pode ser produzida de outra forma.
3. Indignação - O arrependimento vai produzir um ódio pelo
pecado. Deus Pai disse a Jesus: "Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por
isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus
companheiros" (Hb 1.9). Muitos amam a justiça, mas não odeiam o pecado.
A unção é, portanto, fraca. Quando alguém odeia o pecado, percebe um
acréscimo de unção na sua vida.
4. Temor - Um livro inteiro poderia ser escrito sobre esse assunto.
Somos ensinados que devemos "aperfeiçoar a nossa santidade no temor de
Deus" (2 Co 7.1), porque o "temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a
soberba, a arrogância, omau caminho... O temor do SENHOR é o princípio da
sabedoria..." (Pv 8.13 e 9.10)
5. Desejo veemente - Desejo é a vida de oração, criando um clima
para receber de Deus o que você quer. Jesus disse: "Por isso, vos digo que
tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco"
(Mc 11.24). Se a sua vida de oração é sem vida, é porque o seu desejo não é
forte. O arrependimento vai produzir um desejo veemente.
6. Zelo - O dicionário define esta palavra como "estar ávido ou
entusiasmado". Quando Jesus expulsou os cambistas do templo, seus
discípulos se lembraram do que estava escrito: "O zelo da tua casa me
consumirá" (Jo 2.13-17). Jesus exortou a Igreja morna a que se arrependesse
(Ap 3.19).
7. Vindicação — O dicionário define essa palavra como "defesa,
justificação". A Bíblia diz: "Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo,
e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). A maneira de resistir ao Diabo é submeter-se a
Deus! Esta é uma vindicação perfeita. Sua maior arma contra o Diabo não
é sua boca, mas a sua humildade e seu estilo de vida santo!
O arrependimento produzirá essas qualidades piedosas, que são o
fruto que Jesus nos ordenou produzir. Nós não podemos imitar essas
características. Elas surgem apenas de um coração puro. Deus está
chamando seus filhos para uma vida santa. As pessoas que toleram o
pecado não verão a Deus, porque Ele disse que devemos seguir "a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14).
A santidade é obra de sua graça e não da carne. Essa obra inicia-se
em nosso coração através da avenida do arrependimento.Muitos têm
tentado viver um estilo de vida santo nas suas próprias forças e
terminaram amarrados pelo legalismo.
O caminho para a santidade é através da auto-humilhação em
arrependimento. Porque ele dá graça ao humilde, e graça é o que nos
capacita a andar na verdade.
CAPÍTULO 8
O EVANGELHO DO EGOÍSMO
Nossa mensagem é: "Venha a Jesus e receba..."

"Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis


o que vos mando?" (Lc 6.46)

Venha a Jesus e receba....

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará


no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-
me: Senhor, Senhor!" (Mt 7.21, 22)

Muitos hoje o chamam Senhor, professam ser crentes nascidos de


novo, frequentam a igreja regularmente e, possivelmente, falam em outras
línguas, mas será que é o Senhor deles? Uma coisa é chamá-lo Senhor, mas
outra é viver uma vida de submissão ao seu senhorio! Como Tiago
ousadamente coloca: "... Mos-tra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as
obras, te mostrarei a minha fé" (Tg 2.18).
A palavra "Senhor" no verso acima vem da palavra grega kurios. O
Dicionário da Língua Grega o define como "supremo em autoridade ou
mestre". Jesus estava dizendo que há homens e mulheres que confessam
com a boca que Ele é supremo em autoridade, mas vivem uma vida que
não é digna daquilo que dizem. Por essa razão, Jesus disse: "Por que me
chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?" (Lc 6.46)Na América e
em outras partes do mundo, muitos pregadores têm anunciado Jesus
apenas como Salvador. Temos feito tudo que podemos para encher o altar
com novos "convertidos" e as igrejas com membros dizimistas. Nossa
mensagem é: "Venha a Jesus e receba... salvação, paz, amor, alegria,
prosperidade, sucesso, saúde, etc." Temos barateado o Evangelho como
uma solução para os problemas da vida ou um melhoramento do estilo de
vida. Temos incitado os pecadores através da pregação de bênçãos que
são recebidas quando se segue a Jesus. Ele tem sido vendido por
vendedores tentando atingir sua quota! Ao fazer isso, estamos deixando
de lado o arrependimento para ganhar um "convertido". Então temos
muitos convertidos, mas de que espécie? Ao descrever o ministério em
seus dias, Jesus disse: "... percorrem terra e mar para fazer um convertido e,
quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês"
(Mt 23.15 -NVI). É fácil conseguir novos convertidos, mas será que eles são
verdadeiramente filhos do reino de Deus? Convertidos egoístas, não
discípulos, são procriados pelo que pregamos e vivemos. Não
proclamamos ousadamente o preço do seguir a Cristo - pelo menos não
tão alto quanto os benefícios que recebemos.
Jesus deixou claro às multidões: "... Se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida
perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á" (Mc
8.34, 35). Note que ele não diz: "Aquele que deseja perder sua vida por
minha causa... irá salvá-la." Apenas desejar perder a vida não é o bastante.
Há muitos que não frequentam uma igreja que receberiam com alegria os
benefícios da salvação se eles apenas pudessem guardar suas vidas
também. Eles percebem que há um preço o qual eles não estão prontos
ainda para pagar a fim de servir a Deus. Eles são honestos com Deus e
consigo mesmos. No entanto, há hipócritas que frequentam a igreja que
chamam 'Senhor, Senhor!'declaram sua submissão ao seu senhorio mas
têm deuses secretos em seus corações. Eles amam isso mais do que a Deus;
eles vivem uma vida de hipocrisia.
Os resultados desse Evangelho "Venha a Jesus e receba" são
convertidos que meramente desejam um estilo de vida melhor e que não
querem ir para o inferno. Eles o recebem como o Salvador que abençoa -
mas não como Senhor.

Um evangelho não americano


Não vemos isso no ministério de Jesus. Sua mensagem era muito
diferente da que tem sido pregada na América! Veja como Jesus lidou com
um jovem:
"E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem
ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom
Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" (Mc 10.17)

A primeira coisa que quero que você perceba é que esse homem
veio correndo a Jesus. Quando chegou, ele ajoelhou-se diante de Jesus e
perguntou o que ele precisava fazer para ser salvo. Posso ver esse homem
correndo em meio à multidão, ajoelhando-se perante Jesus, agarrando
suas mãos, e implorando com uma grande paixão: o que preciso fazer para
ser salvo? Até essa data, na minha vida pessoal ou ministerial, não tive
qualquer pessoa, rica ou pobre, correndo para mim, ajoelhando-se e
implorando: "O que preciso fazer para nascer de novo?" Esse homem era
intenso! Alguns podem visualizar esse jovem governante rico, passeando
casualmente com Jesus com uma tonalidade de voz calma, tranquila e
intelectual, perguntando-lhe o que uma pessoa precisava fazer para
herdar a vida eterna. Esse, no entanto, não foi o caso. Esse homem estava
sério sobre ser salvo! Vejamos:"... Bom Mestre, que farei para herdar a vida
eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão
um, que é Deus" (Mc 10.17, 18).
Ele não estava lisonjeando Jesus, ele não o chamou de "bom
Senhor". Eu creio que esse homem tinha integridade. Ele sabia que ao
chamar Jesus de Senhor teria de estar pronto a fazer o que Ele disse!
Muitos crentes hoje não têm esse tipo de caráter. Eles chamam Jesus de
Senhor e dizem que o líder deles é o pastor, mas não fazem o que o Senhor
lhe pede ou não recebem a instrução de seu pastor. Eles sorriem, dizem
"amém" para aquilo que o pastor prega, mas não aplicam isso a suas
próprias vidas. Eles têm ouvidos para ouvir, mas não aplicam o que o
Espírito está lhes dizendo. Muitas vezes eles sentem que a mensagem é
apropriada para os que são "piores do que eles". São hipócritas! Eles
tentam remover o cisco do olho do irmão, enquanto uma trave está
cegando seus próprios olhos. Ouça como Jesus ministra a esse homem in-
tenso que deseja ser salvo:

"Sabes os mandamentos: Não matarás, não adul-


terarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não de-
fraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe. Então, ele
respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a
minha juventude" (Mc 10.19, 20).

Jesus citou os seis últimos dos Dez Mandamentos, os quais lidam


com o relacionamento de uns para com os outros. O jovem,
animadamente, respondeu que havia guardado desde sua juventude
todos os mandamentos que Jesus citou. Eu creio que esse homem
realmente os havia guardado. Percebemos a intenção do seu coração ao se
aproximar de Jesus. Jesus, porém, propositalmente, omitiu os quatro
primeiros mandamentos os quais lidam com o relacionamento do homem
com Deus - o mais importante, não ter outros deuses ou ídolos diante
dele. Em outras palavras, nada em nossa vida deve vir antes da nossa
afeição, amor e compromisso com o nosso Deus. Esse jovem não havia
cumprido esses mandamentos,nem estava desejoso de cumpri-los naquele
momento; Jesus tinha exposto os ídolos na vida dele.

"Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te


falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás
um tesouro no céu; então, vem e segue-me" (Mc 10.21).

Notemos que Jesus o amou! Mas como Ele demonstrou seu amor
por esse homem? Foi apresentando-lhe um Evangelho mais fácil caso ele
se sentisse ofendido? Ou não o confrontando com os ídolos da posição, do
poder e do dinheiro na vida dele? Por que Jesus não o convidou apenas
para fazer a oração do pecador entre-gando-se a Cristo, na esperança de
que ele se esquecesse desses ídolos mais tarde? Afinal de contas, aquele
era um candidato pronto, com um desejo intenso de ser salvo. Tudo o que
Jesus tinha a fazer era puxar a rede e Ele teria um crente rico e
proeminente! Mas Jesus o amava! Ao invés disso, Ele deu a esse homem a
verdade -uma palavra muito forte - correndo o risco de perder esse
homem poderoso e empolgado. Jesus olhou-o nos olhos e disse que lhe
faltava algo que não era o zelo, mas uma prontidão de coração e mente
para abandonar tudo o que tinha.
Será que podemos imaginar Jesus dizendo que nos falta algo que
nos impediria de sermos salvos? Então, se verdadeiramente amamos,
somos sinceros, mesmo sabendo que isso pode significar rejeição. Muitos
crentes e pregadores bajulam os outros por causa do medo da rejeição.
Eles querem ser aceitos. Eu costumava ser assim. Todos que eu encontrava
gostavam de mim, porque eu sempre lhes falei o que queriam ouvir. Eu
odiava qualquer confrontação ou rejeição e queria que todos estivessem
sempre alegres. Aí Deus expôs meu motivo inseguro e egoísta. Ele revelou
o enfoque do meu amor - meu ego, não as pessoas que me rodeavam. Eu
estava mais preocupado com a aceitação deles do que dar-lhes aquilo de
que realmente precisavam.É melhor falar a verdade do que comprometer
a verdade e fazer com que alguém creia na mentira. É melhor que ouçam
isso agora do que crer que podem conservar pecado em suas vidas e um
dia ouvirem o Mestre dizer-lhes: "Apartai-vos de mim. Vocês foram
enganados!"

"Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-


se triste, porque era dono de muitas propriedades.
Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos:
Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm
riquezas!" (Mc 10.22, 23)

Esse homem estava tão animado mas se retirou tristemente! "Oh,


Jesus como o Senhor pôde fazer isso? O jovem estava tão empolgado, mas
depois de ouvir sua mensagem, retirou-se triste! O Senhor não sabe que
tem de terminar suas mensagens de forma brilhante? A sua pregação tem
de levantar as pessoas e fazê-las sentirem-se bem com elas mesmas, não
entristecê-las. A frequência em seus cultos vai cair se o Senhor continuar
tratando dessa forma homens e mulheres animados, especialmente os
ricos e influentes como esse jovem! Vá atrás dele e amenize isso; com
certeza ele voltará depois de um tempo!"
Isso é o que Jesus ouviria hoje dos membros de sua diretoria na
América! Eles mandariam trazer Jesus diante deles junto com sua
resignação. Como Ele se atreve a ofender esse grande dizimista em
potencial? Será que não sabe que temos um programa de construção em
andamento? Eu penso que Jesus não entendia a dinâmica de construir
ministérios grandes e prósperos, pelo menos não como alguns ministros
hoje têm aprendido. Talvez, por um momento, tenha se esquecido de
como fazer amigos e influenciar as pessoas. Talvez Ele tenha de diminuir
o tom de seus sermões e pregar mensagens não convincentes. Mensagens
que aumentem a auto-imagem.Isso não soa como na América? Temos
caído na armadilha de fazer qualquer coisa para levar alguém à decisão
por Cristo. Isso é ótimo desde que fundamentado na verdade. O Senhor
mostrou-me como muitos ministros, incluindo eu, responderia a esse
homem rico aproximando-se de mim, como se estivesse implorando:
"Pregador, o que devo fazer para ser salvo?" Deus mostrou-me o que
diríamos: "Você quer Jesus! Você quer ser um crente! Louvado seja Deus,
repita essa oração comigo... Agora, irmão, venha com o seu talão de
cheques e siga-me com esse Evangelho que prego!" Precisamos com-
preender que Deus nunca nos chamou para aumentar o Evangelho, torná-
lo mais fácil para as pessoas que têm ídolos na vida serem "salvas". Os
ídolos precisam ser abandonados. Jesus precisa ser recebido como Senhor,
não apenas como Salvador! Agora, veja o que Jesus fez depois que esse
jovem se retirou:

"Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus


discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus
os que têm riquezas! Os discípulos estranharam estas pa-
lavras; mas Jesus insistiu em dizer-lhes: Filhos, quão difí-
cil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino
de Deus! E mais fácil passar um camelo pelo fundo de
uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.
Eles ficaram sobremodo maravilhados, dizendo entre si:
Então, quem pode ser salvo ? Jesus, porém, fitando neles
o olhar, disse: Para os homens é impossível; contudo,
não para Deus, porque para Deus tudo é possível" (Mc
10.23-27).

Ele não correu atrás do homem para trazê-lo de volta. Ele virou-se
para a sua equipe e os instruiu: "Quão difícil é para aqueles que confiam na
riqueza... " Um ídolo é qualquer coisa que amamos, em que confiamos ou
damos a nossa atenção mais do que a Deus! Aquele homem não estava
desejoso de abandonar seus ídolos e seguir Jesus. Para algumas pessoas, o
seu ídolo é a popularidade com seus colegas; para outros, pode ser um
esporte, comida,televisão ou música, etc... A lista pode ser enorme. O que
pode ser um ídolo para alguém não é, necessariamente, um ídolo para
outra pessoa. Deus disse: "Não fareis para vós outros ídolos... " (Lv 26.1)
Você é quem faz de alguma coisa um ídolo, amando ou confiando em algo
mais do que em Deus!
Notemos que Jesus também não disse: "Não lhe falei que se você
obedecer à palavra que o Pai acaba de me dar para você, para abandonar
esse dinheiro, Ele lhe daria cem vezes mais em retorno?" Muitos de nós
temos feito isso! Alguns ministros prometem cem vezes em retorno para
as pessoas que recebem a Palavra de Deus. Então, o motivo se torna: "Dá-
me para que você receba!" Se isso fosse correto, então Jesus deveria ter
enfocado no retorno e não no custo. Ele não tentou incitar esse homem a
entrar no reino de Deus pelas bênçãos do reino. Agora, leia com admira-
ção o que Ele fala a Pedro e aos outros discípulos:

"Então, Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós


tudo deixamos e te seguimos. Tornou Jesus: Em
verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado
casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou
campos por amor de mim e por amor do evangelho, que
não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos,
irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no
mundo por vir, a vida eterna. Porém muitos primeiros
serão últimos; e os últimos, primeiros" (Mc 10.28-31).

Agora, Jesus olhando para aqueles que haviam abandonado tudo


para segui-lo, diz: "Vocês receberão cem vezes mais, nesta vida, do que
aquilo que deixaram para seguir-me: casas... e terras, com perseguições - e
no tempo por vir, a vida eterna". Se o dinheiro tivesse sido a motivação de
Pedro, João, Tiago e André para seguirem e viverem com Jesus, eles nunca
teriam deixado seus negócios. Eles não estavam cônscios dessa promessa
de retorno cem vezes mais. Essa foi a primeira vez que ouviram isso. Eles
sabiam que Jesus tinha palavras de vida eterna, por isso dei-xaram tudo -
o dinheiro não era um ídolo na vida deles. Deus nunca ordenou que uma
pessoa se tornasse perfeita para que o seguisse. Ele apenas exige
obediência a Ele. Esse jovem rico talvez possuísse características muito
mais refinadas do que Pedro. Entretanto, Pedro estava desejoso de fazer
qualquer coisa que o Senhor lhe pedisse. Isso é o que Jesus queria dizer
quando Ele nos chamou para abandonar tudo para segui-lo.
Quando recebi a Jesus Cristo como Senhor, em 1979, e fui cheio do
Espírito Santo, Deus imediatamente começou a lidar comigo com respeito
ao meu ministério. Eu estava me graduando na Universidade de Purdue,
em Engenharia Mecânica, e estava na lista do deão, com planos de
frequentar Haward. Eu não queria nada com o ministério. Todos os
ministros que eu havia encontrado eram pessoas que eu julgava não irem
bem em outras áreas da vida. Todos pareciam esquisitos. Nunca tinha
encontrado e gastado tempo com um bom ministro. Outro conceito que
tinha sobre ministro era viver na África, numa choupana. Então, o Espírito
do Senhor veio a mim durante o culto e disse: "John, eu o chamei para
pregar. O que você fará quanto a isso?" Pensei que minha família ia me
deserdar; eles são todos católicos. Eu vou ser como todos os outros
ministros. Eu não quero ir para a África. Mas eu inclinei minha cabeça e
orei: "Sim, Senhor, eu lhe obedecerei, não importando qual será o custo!"
Hoje, percebo que nada tem sido como pensei, mas Deus não me mostrou
isso. Ele só queria saber se eu abandonaria tudo para segui-lo.
Se estudarmos o ministério de Pedro, Paulo e dos outros discípulos
no livro de Atos e nas Epístolas, veremos que as mensagens deles estavam
de acordo com o que Jesus pregou a esse homem rico! Hoje, temos
desviado muito desse caminho. Será que essa é a raiz da razão da
condição de decadência espiritual da América? Temos alcançado pessoas,
levando-as a "nascerem de novo" tão facilmente que o caminho da
verdade tem sido grosseiramente distorcido. Por essa razão, Deus está
chamando o seu povo para abandonar seus ídolos e voltar-se para o
coração de Deus, para preparar um povo para seu Senhor! Ajuntado ou
convertido?

"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem


cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença
do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele
o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é
necessário que o céu receba até aos tempos da
restauração de todas as coisas, de que Deus falou por
boca dos seus santos profetas desde a antiguidade" (At
3.19-21).
Pedro, ousadamente, proclamou essas palavras às multidões que
se ajuntavam, desejando saber o que deveriam fazer para serem salvas,
depois da cura do homem coxo à porta do templo. Arrependimento era o
pré-requisito para a salvação. As primeiras palavras que saíram da boca
de João Batista foram:
"Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mt 3.2). As
primeiras palavras que saíram da boca de Jesus, ao iniciar seu ministério
terreno, foram: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mt
4.17). As primeiras palavras que saíram da boca de Pedro, no dia de
Pentecostes, quando aqueles homens e mulheres quiseram saber o que
deveriam fazer para serem salvos, foram: "Arrependei-vos, e cada um de
vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados..."
(At 2.38) Paulo, descrevendo seu ministério ao rei Agripa nos últimos dias
de sua vida, disse: "Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial,
mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da
Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus,
praticando obras dignas de arrependimento" (At 26.19, 20).
Primeiro o arrependimento, depois a conversão, para que os
pecados sejam apagados. Uma conversão não pode ser genuína sem o
arrependimento, senão ela se torna uma falsidade. Isto não é o Evangelho
que tem sido pregado no final do século XX. Temospregado uma
mensagem que apela para os desejos da humanidade ao invés de
proclamar a verdade em amor, a qual produz arrependimento. Temos
feito do Evangelho um convite para uma vida melhor. Entretanto, a ênfase
ainda permanece nos orgulhosos desejos das pessoas. Arrependimento
não é uma opção, é uma ordem. "Ora, não levou Deus em conta os tempos da
ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se
arrependam" (At 17.30).
Certo dia, o Senhor me disse: "Aqueles que vêm a mim sem
primeiro se arrependerem são os tais que meramente se ajun-tam a mim".
A conversão sem arrependimento não resulta no apagar dos pecados,
apenas conduz a mais engano.
No capítulo 6, demonstramos como Judas buscou Jesus e se
ajuntou a Ele. Parecia que ele amava a Deus, pois havia feito sacrifícios
para segui-lo. Ele abandonou tudo para se unir à equipe ministerial de
Jesus e ministrar com eles. Ele esteve no calor da perseguição, expulsou
demônios, curou os enfermos e pregou o Evangelho. Todavia, as intenções
de Judas não eram certas desde n início. Ele nunca se arrependeu de seus
motivos egocêntricos. Ele era impostor, e sua mentira foi-se tornando pior
até que decidiu trair Jesus!
Aquele jovem rico foi honesto. Ele pesou na balança o custo de
negar a si mesmo, pegar a sua cruz e seguir a Jesus. Ele se retirou, mas
sabendo o caminho da salvação. Pode ser que esse homem tenha se
arrependido um dia, depois que Jesus ressuscitou dentre os mortos,
especialmente porque ele ouvira a verdade com amor.
Atos 5 mostra um incidente em que um homem e sua esposa
mentiram sobre a oferta que receberam. Eles venderam uma propriedade
por muito dinheiro, mas eles não queriam repartir todo
o valor com os outros. Todavia, querendo ser reconhecidos como grandes
contribuintes, disseram a Pedro, na presença de todos, que aquilo que
estavam entregando era todo o valor pelo qual vende-
ram a sua propriedade. Pedro confrontou os dois e, como resultadode
mentirem para o Espírito de Deus, caíram mortos. A Bíblia diz que um
grande temor veio sobre todos na Igreja e sobre aqueles que ouviram essas
coisas. Observemos os versos a seguir:

"... E costumavam todos reunir-se, de comum acor-


do, no Pórtico de Salomão. Mas, dos restantes, ninguém
ousava ajuntar-se a eles; porém o povo lhes tributava
grande admiração. E crescia mais e mais a multidão de
crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao
Senhor" (At 5.12-14).

Nenhum dos outros se atreveram ajuntar-se a eles. Assim, nos


próximos versos diz que o número dos crentes estava crescendo. Isso
parece uma contradição, pois se ninguém se ajuntava a eles, como o
número de crentes era aumentado? O que está sendo dito aqui? É simples:
ninguém se atrevia a ajuntar-se a Jesus sem antes arrepender-se.
Multidões estavam arrependendo-se, conver-tendo-se e ajuntando-se ao
Senhor.
Você talvez pergunte: "Por que esse homem e sua esposa caíram
mortos? Pessoas haviam mentido para os ministros antes e nenhuma caiu
morta". A razão pode ser encontrada no próximo verso:
"... a ponto de levarem os enfermos até pelas ruas e
os colocarem sobre leitos e macas, para que, ao passar
Pedro, ao menos a sua sombra se projetasse nalgum de-
les" (At 5.15).

A glória do Senhor estava se manifestando tão fortemente em


Pedro que apenas ao chegar perto dele as pessoas ficavam livres de
doenças ou das trevas. Ananias e Safira mentiram na presença da glória
do Senhor. Quando o pecado entra em contato com a glória de Deus, há
uma reação. O pecado, bem como qualquer coisa que o produza, será
destruído.Quando a arca da presença de Deus estava sendo levada para
Jerusalém, pelo rei Davi e seus homens, Uzá colocou nela as mãos para
protegê-la dos solavancos e foi morto: "Então, a ira do SENHOR se acendeu
contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de
Deus" (2 Sm 6.7). A razão por que Deus ainda não manifestou sua glória
tão fortemente como fez no livro de Atos é porque muitos cai-riam
mortos, como esse casal. Então, antes que o Senhor venha em glória para o
seu templo (a Igreja), Ele primeiro enviará seu mensageiro, o profeta Elias,
para chamar as pessoas de volta para o coração de Deus (Ml 3.1).
CAPÍTULO 9
FUGI DA IDOLATRIA
"Idolatria": excessiva adoração ou reverência a qualquer pessoa ou
coisa.

"De maneira que temiam o SENHOR e, ao mesmo


tempo, serviam aos seus próprios deuses, segundo o cos-
tume das nações dentre as quais tinham sido transporta-
dos" (2 Rs 17.33).

Eles servem a Deus e aos ídolos também


A Nova Versão Internacional da Bíblia diz: "Adoravam o Senhor, mas
também prestavam culto aos seus próprios deuses [ídolos]..." Será que isso nos
parece familiar? Será que os homens e mulheres, jovens e velhos, "adoram
a Deus" na igreja, mas têm ídolos em seus corações? Será que os cristãos
da nossa nação vivem diferentemente daqueles que professam não conhe-
cer a Cristo, servindo a seus ídolos da sensualidade da carne, da
concupiscência dos olhos e da soberba da vida? É para esse tipo de Igreja
que Jesus está voltando? Absolutamente não! Ele está voltando para uma
igreja santa, não para aquela que corre atrás daquilo que o mundo oferece!
Note o que Paulo fala à igreja de Corinto:

"Portanto, meus amados, fugi da idolatria. Falo


como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo...
Considerai o Israel segundo a carne; não é certo que
aque-les que se alimentam dos sacrifícios são
participantes do altar? Que digo, pois? Que o
sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio
ídolo tem algum valor?
Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a
demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero
que vos torneis associados aos demônios. Não podeis
beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não
podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa
dos demônios. Ou provocaremos zelos no Senhor?
Somos, acaso, mais fortes do que ele?" (1 Co 10.14-22)

Um ídolo não é nada em si mesmo! O bezerro de ouro que os filhos


de Israel fizeram enquanto Moisés estava no monte não tinha nenhum
poder em si mesmo. O poder daquela obra estava no coração dos filhos de
Israel ao lhe darem afeto, amor e confiança. Eles fizeram daquilo um altar
em seus corações. Deus, falando aos filhos de Israel, disse: "As suas
impudicícias, que trouxe do Egito, não as deixou..." (Ez 23.8) Os egípcios
adoravam os bezerros, bem como outros ídolos. Israel aprendeu a
idolatria do Egito, a qual representa um tipo de sistema do mundo.
Hoje, idolatria é uma palavra estranha para a Igreja. Não
consideramos que as advertências dadas por Deus a respeito da idolatria
se aplica a nós. Não temos nenhum altar ou estátuas de ouro. Nunca nos
envolveríamos com isso. O que não percebemos é que, às vezes, temos
mais ídolos do que podemos enumerar. O dicionário define "idolatria"
como: 1) a adoração aos ídolos; 2) adoração ou reverência excessiva a
qualquer pessoa ou coisa. Não percebemos que um ídolo é alguma coisa
que recebe mais atenção do que Deus. Porque não imaginamos os ídolos
acuradamente, somos facilmente enredados por eles como os filhos de
Israel. Para simplificar as palavras de Paulo, nós não podemos dar nosso
afeto e nosso amor às coisas para as quais o mundo dá seu afeto e seu
amor, porque não podemos ter parte na mesa do Senhor e na mesa dos
demónios.Lembre-se de que Deus ordenou: "Não terás outros deuses diante de
mim" (Êx 20.3). Um ídolo é o que colocamos no coração acima de Deus:
qualquer coisa de que gostamos, em que confiamos, amamos, adoramos,
desejamos, colocamos nossa fé, damos nossa atenção e buscamos mais do
que ao Senhor.
Em 1983, eu deixei a profissão de engenheiro, na qual era muito
bem pago, na Rockwell International, para entrar no ministério de ajuda
de tempo integral. Parei de receber milhares de dólares por ano. Fiz um
sacrifício que parecia que eu estava totalmente entregue a Cristo sem
nenhum outro desejo próprio.
Em 1986, fui a Filipinas com um outro ministro. Pensei que Deus
estava me enviando até lá para pregar. Não percebi que Ele estava me
enviando àquele lugar para mudar a minha vida para sempre! Na
segunda noite de culto, o outro ministro pregou uma mensagem sobre o
senhorio de Jesus Cristo. Ele começou a mostrar como Jesus precisa ser
recebido como Senhor, não apenas como Salvador! Ele compartilhou como
a palavra "Senhor" aparece mais de setecentas e oitenta vezes na Bíblia e a
palavra "Salvador" apenas trinta e sete! Eu me assentei durante aquele
culto debaixo de uma tremenda convicção. Lá estava eu, um ministro do
Evangelho, sem nunca ter ouvido aquilo em toda a minha vida! Comecei a
fazer um exame introspectivo da minha vida. Jesus Cristo era mesmo
supremo em autoridade para mim? Ou eu estava apenas dando uma
beirada do culto para Ele ao chamá-lo de Senhor? Será que Ele realmente
estava no trono da minha vida ou será que eu adorava o Senhor e servia
outros deuses (ídolos), da mesma forma que muitos outros?
Retornei para minha casa e, dentro de poucos dias, coloquei uma
cadeira no centro da sala, dizendo: "Deus, esta cadeira representa o centro
do meu coração. Não vou deixar esta sala até o momento em que Jesus
Cristo se assentar nela para sempre". Eu já estava cansado de dizer que
Jesus era Senhor sem que ele exercesse seu senhorio sobre todas as áreas
da minha vida. Quase sempre nós deixamos Jesus reinar apenas sobre as
áreas que desejamosque Ele reine. Jesus Cristo precisa ser Senhor de toda
nossa vida! Por duas horas eu circulei aquela cadeira. Muitas coisas vieram
à minha mente enquanto orava. Eu tinha controle por demais sobre a
minha vida, mesmo no ministério de tempo integral. Havia uma tremenda
luta, porque minha alma não queria entregar seu senhorio! Comecei a
chorar, mas meu coração estava firmado: não importa o que Ele quer de
mim, eu vou segui-lo!
Então começou a exposição dos ídolos. Primeiro veio o esporte
profissional, uma grande parte de entretenimento na minha vida. Eu era
um ávido torcedor do Dallas Cowboys. Todos os domingos, depois do culto,
eu me assentava para vê-los jogar. Se minha esposa precisasse de ajuda, ela
podia esquecer-se de mim: "Querida, o Cowboy está jogando". Nosso
jantar era no intervalo do jogo ou depois que terminasse. Eu era um bom
crente que não fumava, não bebia, não mentia ou cometia adultério. Mas
Deus estava expondo meu ídolo!
Num domingo, eu estava assistindo a uma partida de futebol
muito eletrizante e o Espírito de Deus começou a chamar-me para orar.
Havia um peso tremendo, e eu sabia que isso significava oração já. Porém,
eu disse: "Senhor, espere um pouco, pois há somente mais oito minutos
para o jogo terminar. Eu vou orar por cinco horas depois que este jogo
acabar!" Eu pensei: "Esperar mais uns oito minutos não seria problema,
afinal de contas eu lhe darei cinco horas ou mais depois do jogo". Eu até
pensei que estava sendo generoso! O único problema foi que o peso que
sentia não saiu, mesmo depois da minha generosa oferta. Então, sabe o
que fiz? Assisti ao resto do jogo, depois fui para um lugar a sós para orar,
mas a motivação tinha ido embora. O peso que senti havia me deixado!
Deus não queria meu sacrifício de cinco horas, Ele queria minha obediên-
cia! Obediência é melhor do que sacrifício. Deus queria saber se era Ele ou
o Cowboys que estava em primeiro na minha vida.
Percebi, então, que havia colocado o Cowboys antes dele. Eu nunca
teria dito isso, mas as minhas ações o provaram. Eu tinha feito do Dallas
Cowboys o meu ídolo! Eu estava no ministé-rio de tempo integral e não
podia deixar de assistir a um jogo do Dallas Cowboys para obedecer a
Deus. Lembre-se do que Deus disse: "Não fareis para vós outros ídolos..." (Lv
26.1) No entanto, o que pode ser um ídolo para uma pessoa não é,
necessariamente, um ídolo para outra. A pessoa, individualmente, faz de
alguém ou de algo um ídolo. Eu me humilhei e pedi a Deus que retirasse
isso do meu coração. Comecei a destruir aquele ídolo, não dando mais
lugar para ele em minha vida. Parei de assistir aos jogos e o desejo,
consequentemente, se foi. Hoje eu posso ver o time jogar sem sentir
nenhuma atração. A propósito, hoje é até enfadonho para mim assistir aos
jogos profissionais de futebol.
O golfe era outro ídolo em minha vida. Eu gostava muito de jogar
golfe; ficava pensando nisso constantemente. Eu me levantava às 4:30h da
manhã para ir ao campo de golfe e jogar durante horas, mas orar às 4:30h
da manhã era um assunto diferente. Era uma luta orar, mas jogar era um
divertimento. Um dia eu estava orando e, no meio da oração, eu estava
vendo o nono buraco do meu campo de golfe favorito em Dallas,
desejando estar ali jogando. O Senhor falou comigo: "John, doe seu
material de golfe para seu amigo Matt". Eu sabia que era Deus quem
estava falando e eu estava tentando ignorar isso. Eu tinha acabado de
comprar um conjunto de tacos e uma mochila de golfe que valiam mais de
quinhentos dólares. Meu material anterior tinha sido roubado na minha
garagem e o seguro tinha nos dado esse novo material. Eu tinha usado
aqueles tacos somente uma vez e havia gostado muito. Pensei: "Se eu doar
esse material, não poderei comprar outro". Foram quatro dias para que eu
decidisse doá-los, mas no quarto dia minha esposa e eu fomos à casa desse
meu amigo e lhe demos aquele material de golfe. No caminho, minha
esposa disse: "Querido, você tem certeza de que foi Deus quem lhe falou
para fazer isso?" Assim que doei aquele material experimentei uma alegria
tremenda e percebi que aquele esporte não era mais um ídolo em minha
vida. Como resultado disso, aproximei-me mais e mais do Senhor.Um ano
depois, algo impressionante aconteceu. Um homem disse à minha esposa:
"Abra o seu porta-malas porque tenho algo para o seu marido". Ele
colocou dentro do carro dela um conjunto de tacos de golfe e uma
mochila. Então, mudamo-nos para a Flórida e dentro de poucas semanas
um outro homem disse: "Abra seu porta-malas pois tenho algo para você".
Ele tinha estado no circuito profissional de golfe e me deu o melhor
conjunto de tacos de golfe que tinha visto, o qual valia dois mil dólares
aproximadamente. Ele olhou para mim e disse: "Deus falou comigo para
dá-los a você, pois o golfe não existirá mais na minha vida". No primeiro
instante pensei: "Será que isso é uma armadilha do inimigo para colocar-
me em suas cadeias novamente?" No entanto, Deus disse: "Aceite, isso
vem de mim!"
Aquele fino material ficou em nossa garagem por um ano e meio, e
eu o usei apenas uma vez. Deus havia colocado o golfe no lugar certo em
minha vida. Hoje, jogo golfe ocasionalmente, como um meio de descansar
e de ter comunhão com os outros. É importante para nós termos períodos
de "recreação", tempos de descanso e de relaxamento; isso conserva nossa
forma física, mental e espiritual. O golfe não é mais um ídolo para mim. Se
Deus me falasse para parar totalmente de jogar golfe, eu faria isso sem
hesitação, pois isso não me prende mais.
O terceiro ídolo era a comida. O leitor talvez me pergunte: "Como
a comida pode ser um ídolo? Ela é necessária para a vida". Se isso consiste
num prazer maior do que Deus em sua vida, é um ídolo. Eu pesava
apenas sessenta e nove quilos, mas eu preferia comer do que fazer
qualquer outra coisa, mesmo que não tivesse fome. Se eu estivesse um
pouco cheio, ficava ansioso para estar com fome novamente para me
alimentar mais. Muitas pessoas são assim. Elas não fumam nem bebem,
mas dão à sua carne a comida pela qual estão clamando. Elas estão sob
uma forma de vida legalista; abs-têm-se de beber e de fumar não por
causa do amor a Deus, mas por causa da "lei". Não é contra a religião
delas entregar-se à comida, então elas são ligadas a excessos socialmente
aceitos.O processo que Deus usou para expor esse ídolo foi semelhante ao
usado para expor o Cowboys. Certa manhã, estava pronto para encher a
tigela com meu cereal favorito, quando o Espírito de Deus falou: "John, eu
quero que você faça um jejum nesta manhã". Eu sabia que era Deus quem
falara aquilo. Meu primeiro pensamento foi: "Puxa, como estou faminto;
estou ansioso por este café da manhã (era o meu período de alimentação
favorito)". Depois, comecei a questionar: "Por que o Senhor está me
falando para jejuar faltando apenas dez minutos para orar antes de ir para
o trabalho? O que pode ser concluído num período de tempo como este?
Tudo bem, vou jejuar na próxima segunda, terça e quarta". Pensei que
Deus estaria feliz com o meu sacrifício, por isso coloquei o cereal na tigela
e comi. Deus estava usando isso para mostrar-me que a comida era um
ídolo! Ele mostrou-me que eu preferia a comida a obedecer-lhe! Essa
verdade me libertou daquela escravidão. Hoje, a comida tem o lugar
apropriado em minha vida. Eu continuo gostando de comer, mas, quando
estou satisfeito, paro.

Será que as bênçãos podem se tornar ídolos?


Quase sempre os ídolos são coisas do dia-a-dia em nossa vida. O
mesmo era verdade para o povo de Israel. Eles pegaram brincos de ouro
simples e formaram um bezerro de ouro. Esses brincos foram dados por
Deus quando eles deixaram o Egito. O Senhor fez com que os egípcios
dessem seus artigos de ouro e prata aos filhos de Israel (Êx 12.36).
Percebemos, novamente, que um ídolo não é nada em si mesmo, e
sim o que fazemos dele em nossos corações. O coração deles não estava
buscando a Deus, e sim a seus próprios desejos. Enquanto Deus estava
operando poderosamente e provendo-os do que queriam, eles o
adoravam. Ele abriu o Mar Vermelho - eles louvaram com júbilo e danças
diante do Senhor. Ele destruiu os seus inimigos - Miriã e todas as mulheres
pegaram os tamborins edançaram, louvando a Deus. Mas na ausência da
operação do seu poder de milagres, ou na ausência de Moisés, eles
revelaram o que realmente estava em seus corações. Três dias depois, a
murmuração começou. Como eles poderiam ser tão ingratos, mudando
sua confiança em Deus tão rapidamente? Facilmente, começaram a expor
que havia ídolos em seus corações e que não estavam satisfeitos com
Deus. Deus testificou contra Israel: "As suas impudi-cícias que trouxe do
Egito, não as deixou..." (Ez 23.8)
Moisés era diferente. Ele seguiu a Deus, não importando quão
difícil as coisas se tornavam ou quão distante parecia que Deus estava
dele. Ele tinha um desejo: conhecer a Deus! Todas as outras coisas em sua
vida enfocavam esse alvo.
Se o seu desejo é outra coisa a não ser conhecer a Deus
intimamente, isso irá florescer em épocas áridas e de lutas. A base da
idolatria é a auto-satisfação. O Novo Testamento refere-se a isso como
"avareza".

"Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena:


prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno, e
a avareza, que é idolatria" (Cl 3.5).

Ser avarento quer dizer desejar algo intensamente. Isso é


característico da pessoa que é dirigida por sua própria vontade, não da
pessoa que abandonou tudo para seguir a Jesus depois de ter observado o
custo de sua ação. Deus quer que sejamos abençoados e desfrutemos das
coisas boas que Ele colocou nesta terra. Entretanto, se essas coisas são
mais queridas do que Ele em nossa vida, há o perigo de se tornarem
ídolos para nós.
Certa vez, depois de quatro dias de jejum, fiz esta oração que veio
do meu coração e que havia ouvido depois de pronunciá-la: "Deus, meu
Pai, se as bênçãos que o Senhor me dá ou me dará vierem substituir o meu
amor pelo Senhor, então remova-as da minha vida!" Minha cabeça
balançou e argumentei: "Espere um pouco! Se foi Ele quem me deu essas
bênçãos, eu não deveria orardessa forma!" Meu coração, rapidamente,
respondeu-me que mesmo aquelas bênçãos de Deus poderiam tornar-se
ídolos em minha vida. Não busque bênçãos de Deus e depois deixe de se
tornar uma bênção aos outros! Lembre-se de que os filhos de Israel vieram
à Terra Prometida e rapidamente se esqueceram de que havia sido Deus
quem os abençoara e começaram a erigir lugares de adoração a ídolos na
terra! "Levantaram para si colunas e postes-ídolos, em todos os altos outeiros e
debaixo de todas as árvores frondosas" (2 Rs 17.10). Jeremias advertiu a Israel
sobre tornar suas promessas em ídolos:

"Disse mais o SENHOR nos dias do rei Josias: Viste


o que fez a pérfida Israel? Foi a todo monte alto e debai-
xo de toda árvore frondosa e se deu ali a toda prostitui-
ção... Sucedeu que, pelo ruidoso da sua prostituição, po-
luiu ela a terra; porque adulterou, adorando pedras e
árvores" (Jr 3.6, 9).

No livro de Malaquias, Deus fala aos sacerdotes de Israel:

"Agora, ó sacerdotes, para vós outros é este man-


damento. Se o não ouvirdes e se não propuserdes no
vosso coração dar honra ao meu nome, diz o SENHOR
dos Exércitos, enviarei sobre vós a maldição e
amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho
amaldiçoado, porque vós não propondes isso no
coração" (Ml 2.1).

No Novo Testamento, Jesus multiplicou dois pequenos peixes e


cinco pedaços de pão para alimentar as multidões e depois foi para o
outro lado do mar. No dia seguinte, a multidão veio à procura de Jesus.
Ao invés de se orgulhar porque aquela multidão de pessoas viera do outro
lado do mar buscando-o, Ele os repreendeu, sabendo que o buscavam
porque havia enchido o estômago deles, e não por haver reconhecido
quem Ele era! Ele havia sido a fonte deles somente em tempo de
necessidade! Muitosbuscam a Deus em situações de crises, mas em tempo
de paz eles se voltam para seus ídolos e se alegram neles, não em Deus.
Como pai de três meninos, eu os amo e desejo o melhor para eles.
Quase sempre, quando volto de minhas viagens, trago presentes para eles.
Eu gosto de ver a face deles cheia de excitação por causa dos presentes.
Você poderia imaginar como eu me sentiria se eles me vissem apenas
como aquele que lhes dá presentes? O que seria se outro homem lhes
desse presentes e seus corações se voltassem para ele porque haviam
recebido dele o que queriam? Ele não os teria ensinado, corrigido, ou
cuidado deles como um pai. Mas se o motivo deles fosse o que eles
poderiam receber de mim, o coração deles poderia ser facilmente vencido.
Será que podemos notar por que Deus disse que Ele é um Deus ciumento?
Ele tem cuidado de nós como Pai e deseja o nosso amor como filhos
queridos. Ele tem nos dado seu amor gratuitamente e espera o mesmo de
nós.
Certa vez, quando eu estava orando numa mata, preparando-me
para um culto, o Senhor me disse: "John, pergunte ao meu povo se ele
quer que Eu o sirva como me tem servido. Se quer que a minha fidelidade
seja como a deles". Eu me derramei em lágrimas, sentindo como o
estávamos servindo. Ele se deu totalmente por nós. "Por isso, também pode
salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles" (Hb 7.25). Ele não apenas se deu totalmente por nós
através de sua morte na cruz, mas ainda hoje Ele se dá em intercessão por
todos nós.

Uma noiva santa


Deus está enviando uma unção profética "para apresentar um
povo preparado para o Senhor". Suas palavras vão purificar e lavar o povo
de Deus, mudando-lhes totalmente a esperança ou desejo em relação a Ele
e não aos ídolos que o mundo possui. Cristo deu a si mesmo pela Igreja:

"... para que a santificasse, tendo-a purificado por meio


da lavagem de água pela palavra,para a apresentar a si
mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, porém santa e sem defeito " (Ef 5.25-27).
Note que a Igreja é referida como "ela" (v. 25). Paulo está
comparando o relacionamento de Cristo com a Igreja
como o relacionamento do marido e sua esposa. A Igreja
toma a posição de esposa ou de noiva nessa porção das
Escrituras. Ele reforça isso no verso 32: "Grande é este
mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja".

Permita-me fazer-lhe uma pergunta. Imagine uma mulher prometendo ao


homem com quem ela está noiva: "Querido, eu serei uma grande esposa.
Eu vou cozinhar as melhores refeições, conservar a casa limpa e sempre
me apresentar linda. Eu serei fiel a você por 364 dias no ano. Dá-me
apenas um dia por ano para que cu possa cometer adultério com os meus
antigos namorados". Você concordaria com isso? E se ela dissesse que
seria apenas por quatro horas no ano? Você concordaria? E se fosse
apenas por dez minutos? A maioria de nós não concordaria com nenhuma
dessas propostas. Quem se casaria com uma pessoa como essa? Embora
ela tenha se oferecido para ser uma esposa brilhante, ela não ofereceu todo
o seu coração. Ela ainda tem outros amores, ainda que ela cometa
adultério somente uma vez por ano.
Será que podemos imaginar Jesus voltando para uma noiva com a
mesma atitude? Com o coração entregue aos ídolos? Agora, entendemos
por que Paulo adverte a Igreja do Novo Testamento: "Portanto, meus
amados, fugi da idolatria" (1 Co 10.14). E por que João aconselha: "Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos" (1 Jo5.21).
Capítulo 10
BOA RAIZ - BOM FRUTO
Isto é um relacionamento e não uma lei.

"Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...


E também já está posto o machado à raiz das árvores;
toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e
lançada ao fogo" (Lc 3.8, 9).

A raiz é o que produz o fruto


Muitas pessoas, quando se arrependem de seus pecados, lidam
apenas com o fruto, não com a raiz! Se você arrancar um fruto de uma
árvore, ele nunca retorna! Para atingir isso, precisamos arrepender-nos
dos motivos do coração que produzem o fruto do pecado. Todos os
pecados são automotivados. Se alguém peca por outro, isso ainda é feito
por razões egoístas. Portanto, a raiz de todos os pecados é o egoísmo. O
amor de Deus, por outro lado, não busca seus próprios interesses (1 Co
13.5). Somos exortados pela Palavra de Deus para sermos arraigados e
alicerçados em amor (Ef 3.17). Se andamos em perfeito amor, não iremos
pecar, tal como uma árvore cuja raiz é boa não pode produzir frutos maus.
Deus não é egoísta! Sua natureza é dar. Ele é amor! Para que sejamos
enraizados no amor de Deus, primeiro precisamos entender seu amor por
nós.
Poucos anos depois da minha conversão, estava dirigindo de volta
para casa e o Senhor me disse: "John, você sabia que Eu estimo você mais
do que a mim mesmo?" Não pude acreditar naquilo que estava ouvindo-o
dizer. Como Ele poderia estimar-memais do que si mesmo? Ele é o
Criador dos céus e da Terra; Ele é Deus! Então eu lhe disse: "Senhor, não
posso acreditar nisso, a menos que me dê três textos bíblicos no Novo
Testamento confirmando o que estás me dizendo". Ele não me
repreendeu, porque da boca de duas ou três testemunhas toda a palavra é
confirmada. Então, Ele disse: "O que está escrito em Filipenses 2?" Abri a
Bíblia e li:
"Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas
por humildade, considerando cada um os outros supe-
riores a si mesmo" (Fp 2.3).

O Senhor disse: "Aí está o seu primeiro texto". Eu respondi: "Mas o


Senhor não está falando sobre seu relacionamento comigo. Paulo estava
escrevendo aos cristãos filipenses, dizendo-lhes que deveriam estimar os
outros mais do que a si mesmos". Ele respondeu: "John, eu nunca digo aos
meus filhos para fazer algo que Eu primeiro não faça". Esta é a razão por
que há muitos problemas em lares cristãos. Os pais falam para os filhos
não se comportarem de certa maneira, mas eles mesmos se comportam.
Falamos para nossos filhos não brigarem e brigamos. Então, nossas ações
falam mais alto do que nossas palavras, e os filhos crescem imitando o que
eles vêem, ao invés do que lhe é ensinado. Como ainda tinha dúvida sobre
o que Deus havia me falado, disse: "Isso é apenas um dos textos bíblicos.
O Senhor ainda precisa me mostrar mais dois!"
Então Ele me disse: "John, quem morreu na cruz, eu ou você?" Eu me
derreti quando Ele disse isso. Ele disse: "Eu fui pendurado na cruz por
causa de seus pecados e enfermidades, sua pobreza, seu julgamento,
porque eu o estimo mais do que a mim mesmol" Ele nunca cometeu qualquer
pecado. Na verdade, Ele nem precisava ter vindo à Terra. Ele poderia ter-
nos deixado para o fogo eterno com o Diabo e seus anjos (Mt 25.41). Ele
não veio para si mesmo, mas por nós! A seguir, estão o segundo e o
terceiro versos que Ele me mostrou:"Carregando ele mesmo em seu corpo,
sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos
para a justiça; por suas chagas, fostes sarados" (1 Pe 2.24).

Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor


fraternal, preferindo-vos, em honra uns aos outros " (Rm
12.10).

Ele disse: "John, Eu sou 'o primogênito entre muitos irmãos" (Rm
8.29). Eu não havia percebido a profundidade de seu amor até aquele
momento. A partir de então percebi que, se apenas uma pessoa tivesse se
perdido, Ele teria vindo e feito o mesmo. Essa espécie de amor é a
fundação do reino de Deus, e onde precisamos estar enraizados, e a
maneira como precisamos tratar uns aos outros!

Servir ou ser servido


Por causa da rejeição, muitos não entendem essa espécie de amor.
Filhos têm sido frequentemente rejeitados por seus pais. A maneira como
vemos nossos pais terrenos afeta a maneira como vemos nosso Pai
celestial. Assim, Deus se revela a nós de outra maneira. A unção de Elias
está sendo enviada para "converter o coração dos pais aos filhos e o coração dos
filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição" (Ml 4.6).
Começamos a perder nossos pais como uma nação nos anos 40 e
50, e tem ficado cada vez pior. O egoísmo começou esse processo de
rejeição. A exigência de paternidade entrou na vida de homens de
sucesso. Outros eram muito lentos. Agora, muitas pessoas vêem Deus
como aquele que tira e não como aquele que dá. Eles não podem receber o
amor de Deus por eles, porque pensam que isso precisa ser ganho através
da obtenção da sua aprovação e do seu amor, como fizeram com seus pais
terrenos.Muitos pais e líderes na igreja estão mais preocupados com seus
alvos do que com seus filhos ou o povo que Deus lhes têm confiado. As
pessoas são apenas os recursos para que eles cumpram sua visão. O
sucesso de sua visão é mais importante do que o propósito dela,
deixando-nos sem nenhum discípulo. Ao invés de servirem as pessoas
que Deus lhes confiou, eles exigem que sejam servidos, cumprindo, assim,
o propósito deles, e não o de Deus.
Depois da última ceia, o Senhor Jesus levantou-se, pegou a toalha,
colocou água dentro da bacia e começou a lavar os pés dos discípulos,
secando-os com a toalha. Então ele disse:

"... Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o


Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se
eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também
vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos
dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também''' (Jo 13.12-15).
Esse é o tipo de liderança para a qual Ele nos chamou. Líderes que
buscam servir e não serem servidos. Em minha opinião, Jesus lavou os pés
de Judas também! Ele sempre estava tentando alcançar até mesmo aquele
que estava pronto para traí-lo. Ele não usou sua autoridade para proteger
sua própria vida ou seu ministério!
Quantas vezes os líderes sufocaram alguns de seus subordinados
porque tinham medo de sua ascensão? A verdade é que eles são inseguros
no seu chamado. Eles não são perfeitos em amor; têm medo de que aquilo
que lhes tem sido dado possa ser roubado deles. Isso aconteceu com Saul.
Quando ele pensou que Davi ia ganhar o coração das pessoas, ele buscou
apagar Davi. Os homens de Saul o serviam porque tinham medo dele,
mas os homens de Davi o serviam por amor. Eles o conheciam como um
homem segundo o coração de Deus, que tinha um amor genuíno para com
aqueles que o serviam. Essa é a razão por que, ao desejar beber daágua de
Belém, três homens arriscaram a vida, atravessando a linha inimiga para
cumprir o desejo de Davi. O que havia na vida desse homem para fazer
outros agirem assim por ele? O cuidado dele por eles pode ser visto
quando lhe trouxeram a água. Ele se recusou a bebê-la, porque aqueles
homens haviam colocado a vida em perigo para cumprir o desejo dele.
Saul exigia respeito, enquanto Davi ganhava o respeito de seus homens.
Jesus nos deu a seguinte ordem, depois de lavar os pés de seus
discípulos:

"Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns


aos outros; assim como eu vos amei, que também vos
ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois
meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (Jo
13.34, 35).

Jesus ordena - não é uma sugestão - que amemos uns aos outros da
mesma forma que Ele acabara de demonstrar. Que estimemos aos outros
mais do que a nós mesmos. Se formos enraizados nessa espécie de amor
não egoísta, o pecado não produzirá mais fruto! Andaremos livres de
motivos egoístas. Ele disse que por essa espécie de amor o mundo nos
reconheceria como verdadeiros discípulos, não pelo que pregamos. O
mundo está cansado de simplesmente ouvir que Deus muda vidas; ele
quer ver o seu poder transformador na vida dos crentes! Não é pelos
milagres feitos em seu nome que nos conhecerão como seus discípulos. A
Bíblia fala sobre os mentirosos sinais e maravilhas dos últimos dias (2 Ts
2.9). Milagres vão chamar-lhes a atenção, mas o amor de Deus guardará a
atenção deles. Tenho ouvido pregadores dizerem que o mundo conhecerá
que somos dele pela nossa riqueza financeira. Certamente temos visto que
isso não é verdade! O mundo hoje está debochando dos crentes por causa
do seu excessivo amor pelo dinheiro! Eles vêem competição, inveja e arro-
gância entre os crentes - escondido pela máscara do ministério ou das
promessas da Bíblia, mas, ainda assim, motivados pelo amor ao ego.

Se você me ama
Como podemos guardar este mandamento de amar como Ele ama?
Como podemos andar nesta espécie de amor? Se é uma ordem de Deus,
isso significa que não é impossível. E somente impossível quando
tentamos atingir isso na nossa própria força. Deus seria injusto se nos
desse um mandamento impossível de ser cumprido. Examinemos
cuidadosamente as palavras de Jesus:

"Se me amais, guardareis os meus mandamentos"


(Jo 14.15).

Eu estava me preparando para ministrar e o Espírito de Deus


dirigiu minha atenção para esse texto. Ele me disse: "John, se você me
ama, vai provar isso guardando os meus mandamentos". Depois que
meditei nisso por algum momento, o Senhor fa-lou-me para ler esse verso
novamente. Então eu li de novo. Ele disse: "Você não entendeu o que
estou dizendo - leia novamente". Isso se repetiu várias vezes até a décima
vez. Finalmente, eu disse: "Senhor, perdoe a minha ignorância; mostra-me
o que o Senhor está dizendo!" Ele disse: "John, Eu não estava dizendo que
se você guardar os meus mandamentos irá provar que me ama. Eu já sei
se você me ama ou não. O que Eu estava dizendo era que se alguém ficar
totalmente apaixonado por mim, será capaz de guardar os meus
mandamentos!"
É um relacionamento e não uma lei. Eu o via como lei. Muitos hoje
o conhecem dessa maneira. Ao invés de um relacionamento de amor com
Deus, eles o têm substituído por "Sete passos para a cura", "Quatro
características da salvação", "Cinco textos sobre prosperidade" e "O
batismo do Espírito Santo". Eles ima-ginam que Deus está contido em suas
caixas de promessas, para ser retirado e usado quando sentirem
necessidade. Aí ficam indagando por que têm tantos problemas com o
pecado! Por que os seus mandamentos são tão duros para serem
guardados? É porque tais pessoas não estão enraizadas no amor de Deus!
Vamos ilustrar isso. Você já ficou apaixonado por alguém alguma
vez? Quando eu estava noivo da minha esposa, Lisa, eu estava enfermo de
amor por ela. Pensava nela constantemente. Eu faria qualquer coisa para
passar o maior tempo possível com ela. Se ela precisasse de alguma coisa,
não importava o que eu estava fazendo ou que hora era, eu entrava no
meu carro e ia atrás do que ela queria. Eu não tinha de me forçar a falar
sobre ela com as pessoas - eu a enchia de louvores a todos que me
ouvissem.
Por causa do meu amor intenso por ela, era uma alegria para mim
fazer qualquer coisa que ela desejasse. Eu não fazia isso para provar que a
amava, mas porque eu a amava. Ela tinha toda a minha atenção. Minha
afeição era para ela. Eu não pensava mais em nenhuma antiga namorada.
Não havia nenhuma outra moça que eu queria. Ela era a menina de meus
olhos.
Mas, depois de alguns poucos anos de casado, eu virei minha
atenção para outras coisas, como o trabalho de meu ministério. Agora era
uma amolação fazer algo por ela. Não estava mais tão preocupado com ela
e percebi que ela não ocupava mais os meus pensamentos como antes. Os
presentes que lhe dava eram mais por obrigação da ocasião, como Natal,
aniversários de nascimento e de casamento - e mesmo isso era um
aborrecimento.
Estávamos enfrentando guerras em nosso casamento. Nosso
primeiro amor estava morrendo, porque a intensidade do nosso amor
original não estava mais presente. Era difícil até mesmo dialogar. Desde
então, Deus abriu o meu coração para compreender o quanto egoísta
havia me tornado. Graciosamente, Ele reacendeu as chamas do nosso
primeiro amor e curou nosso casamento. À luz disso, você pode entender
por que Jesus disse:"Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro
amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arre-pende-te e volta à prática das
primeiras obras; e, senão, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso
não te arrependas" (Ap 2.4, 5).
Jesus está falando a sua Igreja nesse texto, e o que Ele quer dizer:
"arrependa-te e faça as primeiras obras"? No início desse texto ele diz:
"Conheço as tuas obras, sua paciência e que não podes suportar aqueles
que praticam o pecado". Então, Ele não está falando sobre pessoas
inativas. Mas por que ele fala para essas pessoas se arrependerem das suas
obras? A resposta é que elas estavam agora servindo por obrigação, não
por um relacionamento de amor. Ele está dizendo: "Arrepende-se mude
seu coração, deixe seu amor retornar para mim; coloque seus ídolos para
fora e sirva-me novamente por amor, não por tradição!"
Se o nosso coração está enraizado em amor intenso por Ele, então
guardar os seus mandamentos não é um jugo pesado, mas um prazer.
Como nos apaixonamos por Ele e continuamos apaixonados? A resposta
está no seguinte texto:

"Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com


Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, as-
sentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto,
não nas que são aqui da terra... Fazei, pois, morrer a
vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão
lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria " (Cl
3.1,2,5).

Aquilo que buscamos é aquilo no qual nosso afeto está concentrado! Se


buscamos sucesso, nosso afeto será colocado no sucesso - mesmo se for o
ministério! Eu pensava em Lisa constantemente durante nosso noivado e
estava sempre buscando gastar mais tempo com ela. Queria estar em sua
presença o maior tempo possível. Quando buscamos a presença de Deus,
nosso amoré dedicado a Ele. Muitos crentes derrotados vão à igreja, dão
seus dízimos, cantam louvores de adoração, concordam com a mensagem
do pregador e, possivelmente, até auxiliam no ministério, mas tudo isso é
feito por obrigação. Entretanto, se alguém toca numa área onde o coração
deles está posto, uma partida do campeonato brasileiro de futebol, por
exemplo, eles logo se motivam e, com um brilho diferente nos olhos e
grande empolgação, discutem sobre qual a equipe eles acham que vai
ganhar. Onde o amor deles estai Qualquer que seja o objeto de seu amor,
aquilo vai dominar seus pensamentos. Eu não tinha problema para pensar
em Lisa sempre que o trabalho não exigia minha total atenção. Sempre
que havia um intervalo da minha concentração no trabalho, minha mente
se voltava para onde ela estava presa - Lisa! Quando comecei a assistir o
Dallas Cowboys jogar, ele prendia muito pouco minha atenção. No
entanto, aquela pequena atenção começou a crescer conforme eu assistia
aos jogos, falava e pensava mais neles, até que ele se tornou um ídolo em
minha vida. Da mesma forma, quanto mais buscamos a presença do
Senhor, mais ele se manifestará a nós; mais e mais estaremos desejosos de
buscá-lo, até que esse desejo nos consuma! Jesus nos mostrou isso no
Evangelho de João:

"Aquele que tem os meus mandamentos e os guar-


da, esse é o que me ama; e aquele que me ama [a pessoa
que está buscando o Senhor de todo o coração] será ama-
do por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei
a ele" (Jo 14.21).

Quanto mais experimentarmos a manifestação de sua presença, mais


vamos desejá-la. Muitos fracassam em buscar a Deus mesmo quando
parece que Ele não está perto. "Buscar-me-eis e me achareis quando me
buscardes de todo o vosso coração " (Jr 29.13). A chave é buscar a Deus de todo
o coração! Se perdermos algo de grande valor, não vamos procurá-lo
apenas por cinco minutos e parar. Vamos continuar procurando até achar,
não impor-tando quanto tempo isso nos custe! "Ele se torna galardoador dos
que o buscam " (Hb 11.6). Precisamos buscar até encontrar - pois Ele nos
tem prometido que se o buscarmos diligentemente iremos encontrá-lo.
Talvez não acontecerá dentro da nossa previsão, mas certamente sua
presença será manifesta!
Note o que Paulo nos diz: "Fazei, pois, morrer a vossa natureza
terrena... " (Cl 3.5) O pecado é vencido não pela lei das obras, mas pela
intensa busca a Deus. Quando o buscamos intensamente, nosso afeto ou
nosso amor são direcionados para Ele, apagando os desejos da carne! Isso
retorna ao que Jesus disse: se estivermos apaixonados por Ele, vamos ter
prazer em cumprir os seus mandamentos. Muitos estão tendo de
crucificar as obras da carne sem terem um relacionamento ativo com Ele!
Podemos, portanto, entender o que o Apóstolo Paulo disse ao Gálatas: "...
andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne " (Gl 5.16). Estar
no Espírito anula os desejos da carne!
Esse é o propósito de Deus ao criar-nos! Se olharmos para Adão,
no Jardim do Éden, perceberemos a razão para a criação. Deus não
colocou Adão naquele jardim para ele ter um bem-suce-dido ministério de
cura ou evangelístico, ou de libertação de demônios, ou para ter uma
grande igreja. Deus o criou porque desejava ter comunhão com ele. O
mesmo é verdade hoje. Deus deseja nossa comunhão. Ele está procurando
por aqueles que gastarão tempo com Ele, não através de orações
religiosas, mas em espírito e em verdade.
Será que o leitor poderia me imaginar aproximando-me
intimamente de minha esposa mediante algumas orientações descritas
num cartão? Passo 1: Fale que ela é bonita. Passo 2: Segure sua mão. Passo
3: Olhe dentro de seus olhos e diga-lhe "eu amo você" etc. Onde você
pensa que eu chegaria? Assim é o tipo de relacionamento que algumas
pessoas tentam ter com Deus. Se continuarem com esse padrão legalista,
eles vão sentir suas vidas como uma maré. Deveríamos buscar a Deus não
por obrigação, mas pelo desejo de estar em sua presença. Nossa
comunicação com Ele deveser de coração. Devemos odiar o pecado
porque amamos a Deus e não queremos que nada atrapalhe nossa
comunhão com Ele.
Continuando com o exemplo de meu relacionamento com minha
esposa, vamos supor que fixamos um período diário, das 17 às 18 horas,
para mantermos nossa comunhão. Tudo que ela quisesse falar comigo
teria de esperar até às 17 horas. Depois, para piorar, às 17 horas, eu falei
mais do que ela o tempo todo. Ela não pôde começar nenhum assunto
porque eu falei sem cessar. Então, às 18 horas em ponto, eu me levantei,
disse que tinha sido maravilhoso e saí. Que espécie de relacionamento é
esse?
O exemplo que acabo de dar era minha rotina poucos anos atrás.
Orava por duas horas todas as manhãs, das 5 às 7. Eu saía para fora de
casa e andava por uma rua deserta, conversando zelosamente com o
Senhor. Eu tinha uma lista de pedidos de.oração para seguir e incluía
qualquer outro que surgisse em minha mente. Eu estava orgulhoso do
meu zelo.
Então, numa manhã, depois de completar as minhas duas horas de
oração, comecei a andar de volta para casa, quando o Senhor me balançou
dizendo em meu espírito em alta voz: "Eu gostaria de ter as outras vinte e
duas horas do dia!" Ele continuou: "John, você vem para este lugar quase
todas as manhãs e ora por duas horas e, quando diz 'amém', às 7 horas,
você vai para as suas atividades do dia colocando-me de fora de quase
todas elas". Ele me mostrou que queria o meu coração aberto para ouvir a
sua voz o tempo todo, não apenas durante meu período de oração.
Este é um tipo de relacionamento de comunhão com Deus. Coisas
grandiosas que Deus me tem revelado não aconteceram durante meu
dedicado período de oração pelas manhãs, mas sim dirigindo um carro,
tomando banho, podando a grama ou fazendo alguma outra atividade. O
Espírito do Senhor está conosco a todo o momento, não apenas durante
nosso dedicado período de oração. Não me entenda mal, todos nós
devemos ter um período diáriode oração quando vamos para um lugar
reservado para buscar o Senhor. Mas isso deve ser feito mediante um
desejo de manter comunhão com Ele. Então, quando terminamos o
período de oração, a comunhão com Ele continua!
Muitos crentes vivem numa rotina espiritual diária. Eles falam em
línguas, entoam cânticos de louvor e adoração, e fazem longas orações
sem terem nenhuma comunhão com o Espírito Santo. Depois eles ficam
imaginando: por que o fogo desapareceu? Por que servir a Deus se tornou
tão obscuro? Por que as atrações dessa vida prendem a atenção deles mais
facilmente do que as coisas de Deus? A resposta é que você tem se
distanciado do propósito de sua criação - a comunhão com o Deus Vivo.
Jesus disse para arrependermos e voltarmos à prática das
primeiras obras. Servi-lo com um amor ardente, não por obrigação. Se o
amor a Deus é a raiz da nossa motivação, então teremos o fruto do
arrependimento. O fruto pode ou não manifestar-se imediatamente, mas
vai manifestar-se. Entretanto, a obra do arrependimento não está completa
até o fruto ser manifestado. Não permita que alguma resistência de
qualquer tipo impeça você de continuar conhecendo-o. Continue
caminhando em direção ao alvo do alto chamado Deus em Cristo Jesus,
para conhecê-lo como é conhecido dele! Que a graça de Deus e sua
presença seja com o amado leitor em Cristo Jesus nosso Senhor.
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de
tropeços e para vos apresentar com exultação,
imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso
Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória,
majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e
agora, e por todos os séculos. Amém! "(Jd 24, 25)

FIM

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