Anotações. Direito Do Consumidor

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DIREITO DO CONSUMIDOR

* Introdução – 14/08/2024
- Compra fracionada: conservação e informações
- Transição entre o século XIX para o XX – publicização do direito privado - atenuação de vulnerabilidades
através de leis específicas
- Descodificação de macro sistemas (código civil trata indivíduos de forma igual em todas as relações) ->
microssistemas (código de defesa do consumidor)
- O dirigismo contratual contribuiu para a proteção legal de classes vulneráveis
- Uma lei de proteção ao consumidor pressupõe entender a sociedade a que nós pertencemos
- Presunção hipossuficiência do consumidor – vulnerabilidade (financeiramente, tecnicamente)
- Anteriormente à edição da Lei 8.078/90, a proteção se dava por utilização do Código Civil
- Base constitucional: art. 5º, XXXII / art. 170, V, CF / art. 48 ADCT

* Consumidor e Fornecedor – 21/08/2024


- O CDC não define em um único artigo o que se entende por consumidor. Tal definição encontra-se
respaldada em artigos diversos (art. 2º, caput, e parágrafo único, art. 17, art. 29 do CDC). Além disso, não se
definiu “consumidor” apenas na ótica individual, mas também pela ótica coletiva etc. (art. 81, I, II, III
CDC).
- O CDC não dispõe que consumidor seja apenas aquele que se apresenta no ato final contratual. Para além
disso, entende-se que seja consumidor aqueles que figuram na fase pré-contratual, sejam ou não
compradores ou destinatários finais. Tal afirmativa se depreende da análise dos dispositivos que vedam a
publicidade abusiva, publicidade que nutra aspectos preconceituosos, racistas, etc.
- Teorias finalista e maximalista e a definição principal do art. 2º, CDC:
- Segundo o art. 2º do CDC, o consumidor é “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.”
- A norma contida no art. 2º define como consumidor tanto quem efetivamente adquire (obtém) o produto
ou o serviço como aquele que, não o tendo adquirido, utiliza-o ou o consome COMO DESTINATÁRIO
FINAL.
- Destinatário final: Para a corrente finalista a expressão “destinatário final” deve ser interpretada de
maneira restrita. Destinatário final -> necessidade de ser destinatário final econômico do bem (não adquirir
para revenda, não adquirir para uso profissional.)
- Nessa teoria, o consumidor é aquele que compra o serviço ou produto para utilização própria ou familiar.
Lembrando que, para esta teoria, não há possibilidade desse produto ou serviço ser reinserido no mercado de
consumo.
- Teoria maximalista:
- Já para a teoria maximalista, não importa o direcionamento que eu dê para o produto ou serviço, basta que
eu retire os mesmos da cadeia de consumo.
- Crítica: esvaziamento da intenção do CDC.
- Teoria finalista mitigada ou aprofundada:
- O rigor dogmático da teoria finalista (mais aceita), pode produzir contextos de injustiça.
- Havendo demonstração de fragilidade econômica, resta configurado a vulnerabilidade. Logo, mesmo que
o produto seja utilizado com a intenção de obter lucro, havendo a caracterização de vulnerabilidade
econômica do adquirente, este será consumidor à luz da teoria finalista mitigada.
- Tipos de Consumidor – consumidores equiparados:
1. Consumidor coletivo: Art. 2º, § único. “...a coletividade de pessoas que participa da relação.” Ex.: grupo
e pessoas que usa determinado medicamento que é prejudicial à saúde
2. Consumidor bystander: Art. 17 do CDC – vítimas terrestres de acidente aéreo; Boate Kiss, etc.
3. Consumidor potencial (virtual) – Art. 29 do CDC – pessoas expostas às práticas comerciais e contratuais
abusivas. Serão consideradas consumidoras desde que comprovem vulnerabilidade. Ex.: Coletividade lesada
por uma publicidade enganosa. Ex.: Caso Betina
OBS: influenciadores tomar cuidado, pois acabam sendo uma ponte, intermediadores, com propagandas
enganosas
- Consumidor e fornecedor são conceitos interdependentes – um não existe sem o outro. - O consumidor
consome algo colocado no mercado pelo fornecedor.
- Fornecedor: Art. 3º CDC. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
- O rol de atividades trazidas no art. 3º é meramente exemplificativo. Todavia, para que se reconheça o
status de fornecedora a alguém, necessário que essa mesma pessoa desenvolva uma atividade profissional.
- Atividade profissional:
1. Habitualidade: Constância no desenvolvimento da atividade. Não pode ser algo eventual.
2. Especialização: A atividade é desenvolvida com conhecimento técnico (Know how)
3. Vantagem econômica: Não necessariamente lucro, mas deve auferir algum tipo de remuneração. Ex.:
Entidades filantrópicas que vendem produtos para fazer doações. Note que aqui o fim primeiro não é
obtenção do lucro, mas há uma certa remuneração pela atividade desenvolvida.
4. Atividade profissional: Aquela que é praticada dentro do mercado de consumo. - Mercado de consumo –
conceito aberto. Os próprios Tribunais não possuem um consenso a respeito. Já a doutrina afirma ser: um
ambiente próprio para desenvolver atividade econômica voltada a circulação de produtos ou serviços.
- Exceções: para o STJ, não incide o CDC nos seguintes casos:
1. Serviços advocatícios;
2. Contrato de crédito educativo;
3. Relações condominiais;
4. Locação predial urbana;
5. Previdência privada complementar fechada.
- Tipos de fornecedor:
1. Fornecedor real: fabricante
2. Fornecedor presumido: importador
3. Fornecedor aparente: é aquele que coloca uma marca nos produtos disponibilizados ao consumidor
4. Fornecedor por equiparação: aquele terceiro que na relação de consumo serviu como intermediário ou
ajudante para a realização da relação principal, mas que atua frente a um consumidor como se fosse o
fornecedor.

* Direitos Básicos do Consumidor – 28/08/2024


- Como salientado, o CDC como um microssistema, busca estender proteção a uma classe específica de
pessoas: os consumidores. Todavia, não basta apenas que seja reconhecida tal proteção sem elencar direitos
essenciais aos mesmos.
- Pelo fato da Carta Constitucional ter reconhecido essa proteção especial aos consumidores, identificou
também direitos básicos à esses.
- Tais direitos estão previstos no art. 6º do CDC. São complementados pelo art. 7º!
- Art. 7º CDC – “cláusula de abertura” – normas internacionais e nacionais!
- Logo, o art. 6º não é um rol taxativo.
- Ex.: direito à gratuidade dos transportes coletivos urbanos e semiurbanos para pessoas maiores de 65 anos
- previsão na constituição e estatuto do idoso.
- Resolução ANAC – menos de dois anos de idade e que não ocupe acento – possibilidade cobrança de até
10% do valor da tarifa.
- Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e
serviços considerados perigosos ou nocivos;
- Obrigação imposta ao fornecedor para que ele coloque no mercado produtos que não gerem perigo à vida,
saúde ou segurança do consumidor.
- Não se admite que o fornecedor coloque no mercado produtos que possam gerar danos além da esfera
daqueles que sejam “suportáveis”!
- A nossa sociedade é uma sociedade de riscos, com gama extensa de produtos que podem, inclusive serem
danosos, perigosos para os consumidores. Assim, para além de lançar o produto no mercado, o fornecedor
deve fazê-lo de forma que observe os direitos considerados básicos.
- Em outubro de 2022 a ANVISA editou novas normas sobre rotulagem nutricional dos alimentos. O
objetivo é facilitar o acesso as informações nutricionais e possibilitar que o consumidor faça escolhas mais
conscientes.
- Um dos objetivos dessas instruções normativas também é conter o avanço de doenças relacionadas ao
consumo exagerado dessas substâncias, tais como, diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, etc.
- O papel da vigilância sanitária na proteção do direito à saúde do consumidor.
- Fiscalização de serviços prestados à população;
- Investigação de situações que envolvem reações adversas ao uso de medicamentos, vacinas, etc.
- Ações para eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde do consumidor;

* Fato do Produto e Serviço – 18/09/2024


OBS: no CDC a regra é pela responsabilidade objetiva, sendo a responsabilidade subjetiva a exceção – risco,
vulnerabilidade, etc
- Teoria da qualidade e responsabilidade no CDC:
1 – Característica da atividade econômica: risco
2 – O risco é determinante na análise da viabilidade do negócio
3 – Efeitos da revolução industrial: produção em série e inevitabilidade da existência dos vícios e defeitos.
4 – A receita e o patrimônio devem arcar com os prejuízos – a “receita” abarca todos os produtos
oferecidos, seja ele com ou sem algum tipo de vício.
5 – Reparação integral – ampla reparação dos danos materiais (danos emergentes e lucros cessantes),
estéticos e à imagem.
- A responsabilidade objetiva é oriunda do risco da atividade econômica.
- A responsabilização poderá se dar a fins de reparação de danos materiais, morais, estéticos e à imagem –
reparação integral
- Essa reparação se estende à todos consumidores, inclusive aos equiparados? Sim
- O CDC reconhece quatro regimes de responsabilidade:
1. Fato do Produto; 2. Fato do serviço; 3. Vício do produto; 4. Vício do serviço;
- Vício: dano patrimonial, porque o produto não atingiu a finalidade a que se propõe – quantidade ou
qualidade – responde: fornecedor (genérico)
- Fato: dano financeiro, físico e/ou psicológico – responde: fabricante, construtor, produtor, importador
- Fato do Produto: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e
riscos.
- Haverá fato do produto ou do serviço sempre que o defeito, além de atingir a incolumidade econômica do
consumidor atinge sua incolumidade física ou psíquica.
- Quem é responsável?
1. Fabricante: participa de forma ativa da fabricação do produto. Ou também aquele que produziu
componente ou peça do produto. - Obs.: o montador do produto também é considerado fabricante para fins
do CDC!
2. Produtor: coloca no mercado de consumo produtos não industrializados. Origem animal ou vegetal. - Ex.:
agricultor que fornece legumes, verduras, etc.
3. Construtor: coloca no mercado de consumo bens imóveis.
4. Importador: coloca no mercado de consumo nacional um produto importado.
- Dois consumidores vão à concessionária receber seu automóvel zero-quilômetro no mesmo momento. Ambos
recebem o carro com o mesmo problema de fabricação: o freio não funcionará quando acionado. O primeiro
consumidor, ao conduzir o veículo, aciona o freio e não consegue pará-lo, vindo a colidir com outro veículo. O
segundo, na mesma condição, consegue reduzir as marchas e parar o carro no acostamento, não sofrendo qualquer tipo
de lesão.
- Pressupostos da responsabilidade:
1. Conduta: a responsabilização deve ser baseada pela prática de uma conduta – provar que o fornecedor
colocou um determinado produto no mercado de consumo. EX.: compra de réplicas na 25 de março. Lesão à
visão.
2. Dano: indenização, ressarcimento necessita da comprovação de dano! Tem que ser dano extrínseco ao
produto. Ou seja, deve extrapolar os limites do produto e atingir o patrimônio do consumidor. Dano
material, estético, moral. Precisa gerar diminuição no patrimônio! Precisa ser lesionado de alguma maneira!
Ex.: celular que explode ao carregar e causa danos ao consumidor. - Princípio da reparação integral dos
danos!
3. Nexo causal: como a responsabilidade é objetiva, não se preocupa com a análise da culpa. Todavia, no
momento de imputar a responsabilidade ao fornecedor, ele tem que provar a relação de causa e efeito. O
consumidor não é isento de provar algumas coisas! - Aqui deve-se provar que a ação do fornecedor gerou
um
dano ao consumidor. Relação de causa e efeito!
4. Defeito: falha na segurança do produto. A doutrina considera que qualquer produto oferece um
determinado risco ao produto. Todo produto possui uma potencialidade danosa normal. Todavia, na
responsabilidade pelo fato do produto o dano deve ser inesperado!!! Ou seja, extrapolou a esfera do
aceitável.
4.1. Defeito e concepção: defeito na criação do produto. Existe um defeito no projeto, na fórmula, foi mal
planejado. Defeito inevitável e universal. Ou seja, o problema está no nascimento do produto. O que dali
vier nascerá com defeito. - Ex. matéria prima mal escolhida.
4.2. Defeito de fabricação: durante o processo de produção do bem. Existe uma fabricação, manipulação
errada. É inevitável e pontual. Afeta apenas alguns produtos - Ex.: lote de uma caixa de bombas que não
lacrou
devidamente a pólvora.
4.3. Defeito de comercialização: chamado de defeito de informação. Se manifestam na apresentação do
produto. Existe uma falha de informação. - Ex.: venda de produtos com lactose, glúten, caso não informado.
OBS: já imprimi
* Continuação – 02/10/2024
- Excludente de responsabilidade:
Art. 12 - § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

- Responsabilidade do Comerciante (há casos em que ele é igualmente responsável):


Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; - Neste caso, o comerciante
será responsável quando não se puder identificar algum dos sujeitos elencados no art. 12. Por óbvio, o
consumidor não poderá sofrer o prejuízo. Como os fornecedores atuam no mercado de consumo se
submetendo a riscos, certamente o comerciante deverá responder de forma objetiva, caso comercialize
produtos sem identificação.
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; - Aqui, o
consumidor fica impossibilitado de saber contra quem se voltar, e assim o comerciante também irá
responder.
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. - Crítica e possível equívoco do legislador:
“...igualmente responsável...” - A melhor interpretação seria de que o comerciante é integralmente
responsável, tendo em vista que a responsabilidade pela conservação é dele!
- Não se pode atribuir ao comerciante a responsabilidade por um defeito de fabricação, construção, produção
ou pela importação de um produto que cause dano a outrem, devendo o consumidor se voltar contra os
sujeitos arrolados no art. 12.
- Responsabilidade do fornecedor:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento segundo o qual assalto em transporte coletivo é
hipótese de fortuito externo, excluindo a responsabilidade do transportador: Processo civil. Recurso especial.
Indenização por danos morais, estéticos e material. Assalto à mão armada no interior de ônibus coletivo.
Caso fortuito externo. Exclusão de responsabilidade da transportadora. Fortuito externo – alheio ou estranho
ao processo de elaboração do produto ou prestação do serviço. Imprevisível e inevitável.
Obs.: 1 - atos violentos praticados dentro de um ambiente comercial – dever de zelar pela segurança
2 - troca dos ganhos financeiros indiretos gerados pelo conforto oferecido aos consumidores – grandes
estacionamentos - drive-thru
3 - área aberta, sem controle de acesso. Mera comodidade.
4 – tempestade – a princípio, fortuito externo.
- Responsabilidade do profissional liberal:
- Para fins de responsabilização, os profissionais liberais são considerados fornecedores. Somente que, a
responsabilidade deles foge à regra, sendo pois, responsabilidade subjetiva.
- Art. 14, § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de
culpa.
- O profissional liberal é aquele que tem autonomia, não sendo necessário que tenha diploma de ensino
superior, pelo menos curso técnico. Ele cumpre uma obrigação intuito personae (confiança)
- Os profissionais liberais podem desempenhar uma obrigação meio e uma obrigação fim.
- A obrigação meio é aquela em que ele se empenha para conseguir um resultado, mesmo que o resultado
não seja alcançado. Sua prestação não consiste em atingir um resultado certo e determinado, mas somente
desenvolver uma atividade prudente e diligente em benefício do credor. Ex.: Quando o advogado emprega
seu conhecimento técnico para obter o melhor resultado para seu cliente. Mas, observa-se que nenhum
advogado pode prometer ganho de causa, pois isso não depende somente dele!!! Obs.: a inadimplência
ocorre quando há omissão em relação à certas precauções.
- A obrigação fim é aquela em que a prestação será cumprida com a obtenção de um resultado, geralmente,
oferecido pelo devedor. Ex.: Quando o cirurgião plástico faz uma mastopexia; quando o dentista coloca uma
coroa; quando o arquiteto entrega um projeto, etc. Obs.: a inadimplência ocorre quando o devedor não
cumpre o objetivo final. E o adimplemento ocorre quando temos a efetiva produção do resultado final útil. –
Com presunção de culpa pelo profissional, no entanto, ela também pode ser desmentida.
- Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do
serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do
dano e de sua autoria.
* Vício do Produto e Serviço – 09/10/2024
Passo a passo:
- Produto durável – 90 dias (art. 26, II, CDC)
- Produto não durável – 30 dias (art. 26, I, CDC)
- Vício oculto – difícil constatação – prazo para reclamar começa a correr desde a constatação do defeito –
jurisprudência: vida útil do produto
- Vício aparente – fácil constatação – prazo para reclamar começa a correr desde a entrega efetiva do
produto
Vício: características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam e lhe diminuam o valor. Também é considerado vício a
disparidade havida em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou
mensagem publicitária.
- Os vícios do produto, portanto, são problemas que:
1 – Fazem que o produto não funcione adequadamente (liquidificador que não gira)
2 – Fazem que o produto funcione mal (automóvel que “morre” toda hora)
3 – Diminuam o valor do produto (riscos na lataria do automóvel).
- Vício aparente - de fácil constatação. Pode ser observado de imediato.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos
serviços.
- Vício oculto: o vício oculto é aquele que só aparece algum ou muito tempo após o uso e/ou que, por estar
inacessível ao consumidor, não pode ser detectado na utilização ordinária.
Art. 26 § 3° CDC - Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o
defeito.

- E se o problema surgir depois de muito tempo de utilização? Ainda sim se falará da responsabilidade do
fornecedor?
Art. 18 - § 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os
produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à
saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

- Prazo de validade: O prazo de validade dos produtos é garantia de dupla face:


A) Garante ao consumidor que o produto até a data marcada se encontra em condições adequadas de
consumo;
B) Garante ao fabricante, produtor, importador ou comerciante que, após a data marcada, o risco do
consumo do produto é do consumidor.

- Quem é responsável pela reparação?


- “Fornecedores” – ou seja, todos participantes do ciclo de produção.
- A responsabilidade é SOLIDÁRIA – entre os fornecedores
- Soluções/prazos para sanar o problema (30 dias):
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor
exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
- Exceção:
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser
inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser
convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão
do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe
o valor ou se tratar de produto essencial.
* Oferta e Publicidade – 30/10/2024
- Publicidade:
- Direito de arrependimento: art. 49, CDC;
- Por assim ser, o ponto chave é a publicidade, uma vez que esta é o elo entre fornecedor e consumidor.
- Afinal, o que se pode entender por publicidade? Tal pode ser entendida como instrumento pelo qual o
fornecedor faz com que, seu produto ou serviço seja conhecido na coletividade.
- OBS: a publicidade é mais do que isso nos dias atuais pois, além de fazer a apresentação do produto ou
serviço, induz ao consumo.
- Fala-se aqui em uma um trajeto que busca convencer o possível consumidor da imprescindibilidade,
conveniência e importância em se adquirir o bem ou produto X.
- As regras para a publicidade estão contidas no artigo 36, 37 e 38 do CDC.
- Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa,
ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características,
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou
a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

- A Coca-cola foi punida com uma multa de R$ 1.158.908,00 por publicidade enganosa.
- A empresa foi multada por usar termos incoerentes na descrição de determinada oferta: um suco de
“laranja caseira”.
- De acordo com nota do ministério da justiça, houve ofensa ao código de defesa do consumidor quando o
anunciante não esclareceu que o produto é um “néctar” e não “suco.
- Isso quer dizer que foi omitido do consumidor o fato de que a bebida possui aditivos de água, além do
suco da fruta.
- Em 2012 a Nutella sofreu graves denúncias. Isso porque em seus anúncios a empresa afirmava que seu
produto era um elemento saudável para o café da manhã das crianças, além de conter vários benefícios
nutricionais.
- A penalidade acabou custando à Nutella mais de US$ 3 milhões.
- A Danone, grande empresa a qual fabrica o iogurte Activia, foi penalizada por fazer afirmações falsas
sobre o produto.
- Suas campanhas, vistas como propaganda enganosa, usava palavras como “clinicamente” e
“cientificamente” para comprovar os benefícios do iogurte.
- Oferta:
- Entende-se por oferta a forma pela qual o fornecedor busca despertar o interesse das pessoas apresentando
qualidades e condições do produto ou serviço.
- Todavia, existe um possível problema: nem sempre essas informações são claras/precisas.
- Considerando que a oferta é um importante ponto, uma vez que apresenta elementos importantes na fase
pré-contratual aptos a fomentar a decisão final, o CDC estipula algumas regras para que a mesma seja
considerada legal.
- As informações da oferta devem se dar de maneira clara, ostensiva e suficiente.
- Princípio da vinculação – Art. 30 CDC: Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa,
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que porventura
vier a ser celebrado.
- Se, mesmo com obrigações legais tão claras e precisas o fornecedor recusa-se a cumprir o que prometeu
na oferta (art. 35, CDC), o consumidor tem direito de exigir uma, dentre as seguintes opções: o cumprimento
forçado da obrigação nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; ou aceitar outro produto ou
prestação de serviço equivalente; ou encerrar o contrato com direito ao reembolso de pagamentos
eventualmente antecipados, com correção monetária, sem prejuízo de indenização por perdas e danos.
- Dois requisitos são necessários para a incidência do princípio da vinculação (art. 30 do CDC). Em
primeiro lugar, não operará a força obrigatória se não houver veiculação da informação. Uma proposta que,
embora colocada no papel, deixe de chegar ao conhecimento do consumidor não vincula o fornecedor. É a
veiculação que enseja a "exposição" do consumidor, nos termos do art. 29 do CDC, abrindo a malha
protetória da lei especial.
- Em segundo lugar, a oferta (informação ou publicidade) deve ser suficientemente precisa, isto é, o
simples exagero (puffíng) não obriga o fornecedor. É o caso de expressões exageradas, que não permitem
verificação objetiva, como "o melhor sabor", "o mais bonito", "o maravilhoso".
- Forma de publicidade que utiliza o exagero publicitário como método de convencimento dos
consumidores: O puffing, ainda que utilizado intencionalmente para atrair o consumidor incauto, acaba não
podendo ser capaz de tornar enganoso o anúncio. Isso é muito comum nos casos dos aspectos subjetivos
típicos dos produtos ou serviços: quando se diz que é o 'mais gostoso'; tenha 'o melhor paladar'; 'o melhor
sabor'; 'o lugar mais aconchegante'; 'o mais acolhedor'; 'a melhor comédia';

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