Direito Do Consumidor - PDF de Conteúdo 37° Exame Da OAB
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Direito do Consumidor
Direito do Consumidor
Prof.ª Patrícia Strauss
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Olá! Boas-Vindas!
Cada material foi preparado com muito carinho para que você
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade.
Com carinho,
Equipe Ceisc. ♥
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Direito do Consumidor
Prof.ª Patrícia Strauss
Sumário
1. Relação de consumo ............................................................................................................... 4
2. Direitos básicos do consumidor ............................................................................................. 11
3. Responsabilidade civil nas relações de consumo .................................................................. 16
4. Decadência e prescrição........................................................................................................ 23
5. Práticas comerciais ................................................................................................................ 26
6. Proteção contratual ................................................................................................................ 34
7. Defesa do consumidor em juízo ............................................................................................. 38
8. Superendividamento .............................................................................................................. 40
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco-
menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
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1. Relação de consumo
1.1. Consumidor
O Código de Defesa do Consumidor (CDC – Lei no 8.078/1990) é uma lei especial em razão dos
seus destinatários, já que somente é aplicável aos consumidores e fornecedores. Assim, para que se possa
ter a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, é necessária a existência do binômio fornecedor/con-
sumidor.
Destinatário final: é aquele que retira o bem do mercado, aquele que coloca um fim na cadeia
de produção e não utiliza esse bem para continuar a produzir.
A pessoa que adquire produtos/serviços para seu uso ou de sua família é destinatária final. Não é
necessária a verificação se é vulnerável ou não. Há uma presunção absoluta de vulnerabilidade. Aqui te-
mos, sem dúvida, a configuração de um consumidor.
Ex.:
*Para todos verem: esquema.
Entre fabricante e comerciante teremos uma relação civil, teremos uma relação empresarial, apli-
cando-se o Código Civil.
Entre Nidal e comerciante teremos uma relação de consumo: Nidal, ao comprar cervejas artesanais
do mercado, será considerado consumidor. A relação entre o comerciante e Nidal será uma relação de
consumo, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor.
O consumidor padrão, assim, é aquele que, em posição de vulnerabilidade, adquire não profissio-
nalmente produtos ou serviços como destinatário final. Tais bens são adquiridos de forma a satisfazer suas
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necessidades pessoais ou de sua família ou de terceiros que estão em suas relações domésticas.
No entanto, o Código de Defesa do Consumidor também se aplica a terceiros que não seriam con-
sumidores padrão, mas que são equiparados a consumidores.
O ponto de partida da definição é a observação de que muitas pessoas, mesmo sem ter adquirido
produtos/serviços, podem ser consideradas consumidores. Assim, por exemplo, alguém que efetua a com-
pra de um alimento para seu filho, esse filho também será considerado consumidor, sendo chamado de
consumidor equiparado. Temos três situações de consumidor equiparado:
Lei no 8.078/1990
Art. 2o (...)
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeter-
mináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
O parágrafo demonstra o caráter coletivo da proteção ao consumidor. Tem por objetivo dar eficácia
para a tutela coletiva de direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, previstos nos
arts. 81 e ss. do CDC.
Importante!
Súm. no 601 do STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decor-
rentes da prestação de serviços públicos.
Lei no 8.078/1990
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento. [refere-se à Seção II, que trata da responsabilidade pelo fato do produto e do ser-
viço]
Alguém é atropelado por um veículo em virtude de um defeito do freio. A pessoa atropelada será
consumidora por equiparação e teremos aqui a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Alguém é
atropelado porque o condutor se distraiu, teremos então a aplicação do Código Civil.
Ex.: Ana adquire uma televisão e, alguns dias depois, realiza uma festa em sua casa. Ao ligar a
televisão, esta explode, causando lesões nas amigas Carla e Joana. Ana é consumidora padrão (art. 2 o).
Carla e Joana são consumidoras por equiparação (art. 17).
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Lei no 8.078/1990
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas
as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. [refere-se ao capí-
tulo que trata de práticas comerciais e contratos]
Muito importante!
Teoria finalista ou subjetivista: Restringe a figura do consumidor como sendo aquele que ad-
quire/utiliza um produto para uso próprio ou de sua família. Assim, o consumidor não pode ser um profissi-
onal, já que o Código de Defesa do Consumidor não dispõe sobre a vulnerabilidade de alguém que seja
profissional. Consumidores, então, seriam pessoas físicas ou jurídicas não profissionais. Somente para
finalidades não profissionais. Pessoa jurídica e profissionais não poderiam ser consumidores.
Teoria maximalista ou objetiva: o Código de Defesa do Consumidor seria um Código geral para
o consumo, instituindo normas e regramentos para todos os agentes do mercado. A definição do art. 2 o
deveria ser interpretada de forma mais ampla possível. Não importa a finalidade. Então abrangia todas as
empresas, até as que compram insumos etc.
Teoria finalista aprofundada ou mitigada: por esta interpretação, o sujeito poderá ser conside-
rado consumidor se estiver em uma posição de vulnerabilidade. A vulnerabilidade pode ser econômica,
técnica (não compra para atividade-fim e sim para atividade-meio), jurídica, fática. A vulnerabilidade é veri-
ficada casuisticamente, in concreto.
Desta forma, profissionais (pessoas jurídicas/profissionais liberais etc.) podem ser consumidores
quando estiverem em posição de vulnerabilidade.
Ex.: Loja de roupas (pessoa jurídica) que compra um computador (fora da área de seu domínio, há
vulnerabilidade técnica).
Vejamos decisão do STJ:
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previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria fi-
nalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando
finalismo aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses,
a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à con-
dição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade,
que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo, pre-
missa expressamente fixada no art. 4o, I, do CDC, que legitima toda a proteção con-
ferida ao consumidor. (REsp no 1.195.642/RJ – rel. Min. Nancy Andrighi – Terceira
Turma – j. 13-11-2012)
Em conclusão, para que uma pessoa física ou jurídica seja considerada consumidora, de acordo
com a teoria finalista aprofundada, faz-se necessário, em primeiro lugar, que haja vulnerabilidade. Em
segundo lugar, é preciso que os bens por ela adquiridos sejam bens de consumo e que na pessoa
jurídica esgotem a sua destinação econômica.1
Muito importante!
Insumo, matéria-prima, peças para produção etc., o entendimento é de que esses produtos não são
disponibilizados aos destinatários finais, não sendo, assim, seus destinatários considerados consumidores.
Compra de peças para montar carro, por exemplo. O STJ entende que não há relação de consumo. Inclu-
sive no caso de empresa que contrata outra empresa para transporte de insumos que comprou, não há
relação de consumo.
Pessoa jurídica e profissionais não são consumidores, já que adquirem produtos/serviços para uso
profissionalmente.
1 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2022. .
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1.2. Fornecedor
Lei no 8.078/1990
Art. 3o Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estran-
geira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1o Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2o Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunera-
ção, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decor-
rentes das relações de caráter trabalhista.
Desenvolve atividade com habitualidade, como sendo o ofício, a profissão ou uma de suas profis-
sões.
Importante lembrar que fornecedor se enquadra como gênero. Dessa forma, não somente o fabri-
cante, por exemplo, mas também transformadores, intervenientes e até comerciantes poderão ser respon-
sabilizados. Não importa se regularizado ou não, com CNPJ ou não.
1.3. Produto
O produto pode ser todo bem móvel ou imóvel, material ou imaterial (muito raro, já que, em geral,
atrela-se ao conceito de serviço). Também temos produtos duráveis (bens que não se extinguem após uso
regular, ainda que sofram desgastes, tais como carro, mesa, brinquedos etc.) e produtos não duráveis (ali-
mentos, remédios, cosméticos, canetas, sabonetes etc.).
1.4. Serviços
Segundo o § 2o do art. 3o do CDC, serviço é: “qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as de-
correntes das relações de caráter trabalhista”.
Assim, as atividades de serviço podem ser de natureza material, financeira ou intelectual, prestada s
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Importante!
O fornecedor de serviços tem um outro requisito (que não tem o fornecedor de produtos): remune-
ração.
Há serviços que são gratuitos ao consumidor, mas que trazem remuneração ao fornecedor, man-
tendo, assim, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Assim, tanto faz a remuneração ser direta
ou indireta. As Cortes brasileiras aceitaram o conceito de remuneração indireta e entendem que os serviços
“gratuitos” são submetidos às regras do Código de Defesa do Consumidor, se houver remuneração indireta.
Assim, transporte de passageiros idosos de forma gratuita, lavagens de carro como brinde etc.,
ainda que não sejam onerosos para o consumidor, dão uma retribuição para o fornecedor, enquadrando -
se no Código de Defesa do Consumidor.
Os serviços chamados de uti universi, tais como segurança pública, saúde pública etc., são financi-
ados por impostos e, dessa forma, não têm aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
Os serviços chamados uti singuli são passíveis de determinação, tais como telefonia, água e energia
elétrica. Nestes casos, há a aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
Para Cavalieri Filho2: “os serviços públicos remunerados por tributos (impostos, taxas ou contribui-
ções de melhoria) não estão submetidos à incidência do CDC, porque trava-se entre o Poder Público e o
contribuinte uma relação administrativo-tributária, conforme já ressaltado, disciplinada pelas regras do Di-
reito Administrativo (segurança pública, saúde pública, educação pública etc.). (...) Só estão sujeitos às
regras do CDC os serviços públicos remunerados por tarifa ou preço público”. São os serviços uti singuli. A
2 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2022, p. 49.
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Exemplo de serviços uti singuli e que têm aplicação do Código de Defesa do Consumidor: Só irei
receber energia elétrica, se contratar. Só terei água em minha casa, se contratar. Só terei transporte público,
se pagar o valor da passagem (tanto faz ser empresa pública de transporte ou empresa privada que presta
serviços ao ente público).
Neste contexto, é possível a interrupção do fornecimento de energia elétrica, por exemplo, caso o
consumidor esteja inadimplente? Sim. De acordo com o posicionamento mais atual do STJ, é lícito à con-
cessionária interromper o fornecimento de energia elétrica, se, após aviso prévio, o consumidor de perma-
necer inadimplente no pagamento da respectiva conta.
De qualquer forma, é necessário sempre que se pondere com princípios como o da dignidade da
pessoa humana, miserabilidade etc.
DPVAT.
Súmulas importantes:
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Súm. no 609 do STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença pree-
xistente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a
demonstração de má-fé do segurado.
Lei no 8.078/1990
Art. 6o São direitos básicos do consumidor:
I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
* Vide arts. 8o a 10 e 12 e ss.
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asse-
guradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
* Vide art. 39.
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especi-
ficação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes
e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
* Vide art. 31; e art. 62 da Lei no 13.146/2015.
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos
ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento
de produtos e serviços;
* Vide art. 36 e ss.
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcio-
nais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente
onerosas;
* Vide art. 51.
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos
e difusos;
* Vide art. 12 e ss.
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou repara-
ção de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a prote-
ção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
IX – (VETADO)
X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral;
XI – a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção
e tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos
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O art. 6o somente pode ser usado em favor do consumidor. O fornecedor não se pode utilizar dele.
O consumidor é titular de direitos fundamentais, já que sua própria proteção está inserida no art. 5 o
da CF/1988. O consumidor foi assim identificado na Constituição Federal como um sujeito que precisa de
especial proteção.
O art. 6o do CDC traz inúmeros direitos básicos do consumidor. Segundo a doutrina, o rol do
artigo é um rol exemplificativo:
a) O inciso I traz a proteção da incolumidade física do consumidor: vida, saúde e segurança. Tal
proteção se consagra pela observância aos princípios da segurança e prevenção.
b) Direito à educação para o consumo está no inciso II: ainda que o consumidor seja, e sempre
será, o sujeito vulnerável nas relações de consumo, ele também tem direito a ter conhecimento para que
possa aumentar seu poder de pensamento sobre hábitos e direitos relacionados ao consumo.
c) O inciso III traz o direito à informação e princípio da transparência: como reflexo do princípio da
transparência, há o dever de informar do fornecedor. A informação é uma conduta de boa-fé. Direito à
informação é um ponto que mitiga a desigualdade, já que o consumidor não tem conhecimento da “exper-
tise” do fornecedor.
Para Cavalieri Filho,3 o fornecedor cumpre o dever de informar deve cumprir três requisitos:
3 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2022, p. 112. .
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De qualquer forma, pergunta-se até onde se espera que vá o dever de informar do fornecedor. O
dever de informar deve compreender as informações necessárias e suficientes para que o consumidor
possa tomar a sua decisão. Fatos notórios, assim, não constituem dever de informar.
Por exemplo, uma cirurgia eletiva que possa trazer consequências para o paciente impõe a obriga-
ção do médico de informar cuidadosamente quais seriam as possíveis consequências indesejadas do pro-
cedimento. E então, o paciente, uma vez consciente e informado, decide pela celebração do contrato ou
não.
Importante!
Por falta de informação adequada, o fornecedor pode responder civilmente pelo “risco inerente”
(riscos de um produto tóxico, de uma cirurgia médica etc.).
Exceção: fornecedor que deixa de informar ao consumidor, por exemplo, sobre produtos nocivos e
perigosos (agrotóxicos, alergênicos etc.), poderá responder por isso.
d) O inciso IV do art. 6o, na sua primeira parte, trata do controle da publicidade. Temos aqui o direito
básico de proteção contra a publicidade enganosa e/ou abusiva.
Importa lembrar que o Código de Defesa do Consumidor obriga o fornecedor a fazer publicidade de
produtos e serviços, desde que seja suficientemente precisa e que veicule o que foi ofertado, fazendo parte
do contrato eventualmente celebrado.
e) Proteção contra práticas e cláusulas abusivas estão na segunda parte do inciso IV: “Práticas
abusivas” é uma expressão genérica e abrange tudo o que vá contra os princípios do Código de Defesa do
Consumidor.
Um exemplo dado pela doutrina é o consumidor que recebe cartão de crédito em casa sem que
tenha solicitado. Não há necessidade de dano ao consumidor. O simples fato do envio já é prática abusiva.
Súm. no 532 do STJ: Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e su-
jeito à aplicação de multa administrativa.
f) O inciso V trata de um tema muito importante: a possibilidade de ser revisadas cláusulas contra-
tuais: “V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua
revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”.
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1. lesão: no momento da celebração, temos o desequilíbrio. A lesão estará configurada pelo simples
fato de haver desequilíbrio;
Na causa superveniente, entende a doutrina (ainda que não seja pacífico) que a posição adotada
pelo Código de Defesa do Consumidor foi a da Teoria da Quebra da Base Objetiva do Negócio, em que se
procura olhar as razões pelas quais celebraram o contrato: moeda estável, juros baixos, fornecimento de
insumos frequentes etc. Para que haja sua aplicação, questiona-se o passado. Se uma destas bases é
modificada, um dos pilares pelo qual se fez o contrato mudou, então estaria autorizada a modificação de
cláusula. A teoria da base objetiva do negócio não solicita a imprevisão.
Importante lembrar que o Código de Defesa do Consumidor não traz como requisito a imprevisão.
O fato superveniente não precisa ser imprevisível para o Código. E, além disso, segundo o art. 51, § 2 o,
tenta-se a manutenção do contrato. Importante salientar que o consumidor pode pedir a decretação de
nulidade (art. 51) ou revisão ou modificação da cláusula, com base no art. 6 o, V.
h) Acesso à justiça e à administração, conforme o inciso VII. Também consagrado no art. 5 o, por
exemplo, a manutenção de assistência jurídica gratuita para o consumidor hipossuficiente.
A inversão do ônus da prova pode se dar em decorrência da lei (arts. 12, § 3 o, 14, § 3o, e 38) ou
então em decorrência de determinação do juiz (art. 6 o, VIII).
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Inversão de ônus de prova judicial (art. 6o, VIII): segundo o STJ, o momento de inversão é no
saneamento (art. 357 do CPC e tal ato do julgador é uma decisão).
Assim, por exemplo, para vício, teremos a inversão do juiz, uma vez configurados os requisitos. Fica
a critério do juiz, portanto, durante um processo, a inversão do ônus da prova, sempre em favor do consu-
midor.
Inversão legal (arts. 12, § 3o, 14, § 3o, e 38): na inversão legal, independe o momento, já que mesmo
antes da formação de um processo o fornecedor já sabe de sua obrigação, por foça de lei.
Quando há inversão do ônus da prova, não se quer dizer que o consumidor não deve provar o
ocorrido. Ele está dispensado de provar o próprio defeito do produto ou serviço, mas não está dispensando
de provar que ocorreu o acidente de consumo, por exemplo, ou então os danos causados.
j) Direito à prestação adequada e eficaz dos serviços públicos em geral, conforme o inciso X do art.
6o.
Obs.:
Lei no 8.078/1990
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias
ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços ade-
quados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas
neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
causados, na forma prevista neste código.
Em 2021, entrou em vigor a Lei do Superendividamento, que alterou diversos artigos do Código de
Defesa do Consumidor. Institui, assim, entre os direitos básicos do consumidor, a prevenção do superendi-
vidamento. Contudo, caso ocorra a situação de o consumidor ter se superendividado, a lei também traz a
possibilidade de tratamento, nos arts. 104-A a 104-C do CDC.
Neste contexto, também foi determinado que seja preservado o chamado “mínimo existencial”, que
seria o valor mínimo com o que o consumidor poderá viver, incluindo vestuário, alimentação, transporte etc.,
quando da repactuação das dívidas ou da concessão de crédito ao consumidor.
A Lei do Superendividamento incluiu o inciso XIII ao art. 6 o do CDC, nos direitos básicos do consu-
midor, garantindo o direito à informação aos vulneráveis na relação de consumo, em especial aos valores
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Direito do Consumidor
Havendo a ideia de danos (materiais, morais etc.), teremos o fato, que o legislador chama de defeito.
O Código de Defesa do Consumidor traz a aplicação da teoria do risco proveito, na qual todo forne-
cedor deve responder por eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços fornecidos. A responsabilidade
do Código de Defesa do Consumidor é dividida em:
Ex.: João compra um ferro de passar. O ferro explode, mas ninguém fica ferido. Temos vício do
produto. Se alguém fica ferido, temos fato do produto. Encanador contratado para conserto em casa. O
serviço não resolve o problema. Temos vício de serviço. O serviço prestado faz com que um cano exploda
e cause danos na casa. Temos fato de serviço.
Acontecimento que causa dano material ou moral ao consumidor, mas que decorre de um defeito
de produto.
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Lei no 8.078/1990
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos cau-
sados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,
bem como por informações insuficientes ou inadequados sobre sua utilização e riscos.
O que seria o defeito? O primeiro parágrafo do artigo 12 nos informa: “o produto é defeituoso quando
não oferece a segurança que dele legitimamente se espera”.
Obs.: É certo que não há produto 100% seguro, por isso que a ideia de segurança é uma ideia
dentro do razoável. Um shampoo que vai aos olhos, espera-se que não vá causar um dano ao olho. Um
bicho de pelúcia que é colocado na boca, espera-se que não vá intoxicar. Um carro que não tenha sistema
de freios ABS terá que, ainda assim, funcionar e frear.
Quem são os responsáveis por fato de produto? Como regra, será o fabricante, produtor, construtor
e importador (art. 12, caput).
E o comerciante?
Importante!
O comerciante possui responsabilidade quando se fala de fato de produto.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador;
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis;
(...)
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito
de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do
evento danoso.
Prazo prescricional: 5 (cinco) anos, a contar do conhecimento do dano e da autoria (art. 27).
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Também aqui temos como fundamento o dever de segurança e com responsabilidade objetiva.
O que seria serviço defeituoso, que trará um fato de serviço? O primeiro parágrafo do art. 14 nos
responde:
Lei no 8.078/1990
Art. 14. (...)
§ 1o O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – o modo de seu fornecimento;
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi fornecido.
Também já nos fala o § 2o do art. 14 que o serviço não é considerado defeituoso pela adoção de
novas técnicas.
Segundo a orientação jurisprudencial desta Corte Superior, o art. 14 do CDC estabelece regra de
responsabilidade solidária entre os fornecedores de uma mesma cadeia de serviços, razão pela qual as
“bandeiras”/marcas de cartão de crédito respondem solidariamente com os bancos e as administradoras de
cartão de crédito pelos danos decorrentes da má prestação de serviços. (AgRg no AREsp n o 596.237/SP –
3ª Turma – rel. Min. Marco Aurélio Bellizze – j. 3-2-2015).
• Danos causados por hospitais (não tem medicação ou instrumentos cirúrgicos para
cirurgia);
• Transporte de pessoas;
• Falha no dever de informar quando vende passagens aéreas (não informar sobre a
necessidade de visto, p. ex.);
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No art. 14, § 3o, temos a inversão legal do ônus da prova, já que o fornecedor responde, como regra.
Ele somente não responderão se provar que: I – tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II – a culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiros. Ex.: consumidor que toma muita medicação.
Debate doutrinário: Para Cavalieri Filho, o fortuito interno e externo seria igual ao Código Civil, ou
seja, se for fortuito externo, rompe o nexo causal e, assim, não haveria responsabilidade. Há julgado do
STJ que diz que chuva de granizo em estacionamento seria caso fortuito externo e, então, não haveria
responsabilização. No entanto, é necessário haver a comparação com o risco do empreendimento (segundo
Tartuce) para, então, pensarmos em fortuito interno e fortuito externo.
O § 4o do art. 14 dispõe: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada medi-
ante a verificação de culpa”. Seria aquele que exerce uma profissão com autonomia, sem subordinação.
Ex.: médico, engenheiro, eletricista, pintor etc.
Consoante o art. 17, todas as vítimas do acidente de consumo são consideradas consumidoras.
Quem paga a indenização, se não for o único causador do dano, poderá demandar regresso contra
os demais responsáveis. Consequência da solidariedade passiva. Lembrando que o art. 88 do CDC veda
a denunciação da lide.
Lei no 8.078/1990
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.
§ 1o O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – o modo de seu fornecimento;
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi fornecido.
§ 2o O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3o O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
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Os vícios do Código podem ser: ocultos ou aparentes. Não importa se o vício é anterior, posterior,
oculto etc. Também entende a doutrina que não se fala em responsabilização por outros danos materiais,
além do valor da coisa. Assim, quando se fala em vício, não se pode pedir além do prejuízo com o pro-
duto/serviço.
Ex.: Foi em show artístico e não ocorreu. Temos vício. Foi em show artístico e houve briga, foram
arremessadas garrafas, e alguém se machucou. Temos fato.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Importa também dizer que o fornecedor somente tem uma possibilidade de correção do vício, que
são os 30 dias dados pela lei. Tal prazo é decadencial. Se neste interregno o produto “foi e voltou” várias
vezes, não há a suspensão do prazo, ele está correndo desde a primeira vez.
Consumidor reclamou " Fornecedor tem 30 dias " Não ficou bom dentro deste prazo, já
temos as outras possibilidades do consumidor.
Ex.: Consumidor reclamou no dia 18-9. Tem o fornecedor até 18-10 para arrumar. Apareceu pro-
blema de novo no dia 10-10. O prazo continua até o dia 18-10. Lembrando que são dias corridos.
Há caso, no entanto, em que se pode fazer uso das opções do § 1o do art. 18, elencadas anterior-
mente:
Lei no 8.078/1990
Art. 18. (...)
(...)
§ 3o O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1o deste artigo sempre
que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer
a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto es-
sencial.
Tal prazo também pode ser alterado. Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do
prazo, não podendo ser inferior a 7 (sete) nem superior a 180 (cento e oitenta) dias. Nos contratos de adesão,
a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consu-
midor.
Não há prazo de 30 (trinta) dias, troca etc., como no vício de qualidade de produto.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
O art. 20 do CDC fala de vício de serviço, que também pode ser de qualidade e de quantidade. Não
há prazo de 30 (trinta) dias (há prazo de 30 dias no vício de qualidade de produto).
a) Vício de serviço de qualidade: Tornam o serviço impróprio ao consumo ou lhe diminuem o valor.
Observe que não há prazo para que o fornecedor corrija o vício, como ocorre no vício de qualidade
de produto, podendo o consumidor já exigir algumas das alternativas que a lei garante.
b) Vício de serviço de quantidade: Está na segunda parte do art. 20: “aqueles decorrentes da dis-
paridade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária”.
Regra: fornecedores são solidários por vício de produto, por vício de serviço e por fato de serviço.
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Direito do Consumidor
Produto in natura. Não houve industrialização. Então o responsável será o fornecedor imediato (ex-
ceto quando identificado claramente o produtor).
4. Decadência e Prescrição
30 dias 90 dias
Fornecimento de
Produtos
produtos não
duráveis
duráveis
Vício aparente: tradição – entrega do bem ao consumidor (tanto de bem durável quanto não
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Direito do Consumidor
durável).
Vício oculto: A partir do momento em que ficar evidenciado o problema. Naquele dia (barulho no
motor do carro, p. ex.) começaria a contar o prazo de 90 (noventa) dias para reclamar contra o fornecedor.
Importante dizer que o Código de Defesa do Consumidor não traz quais seriam os prazos de ga-
rantia para bens duráveis ou não duráveis. Ele traz prazos para reclamação (30 dias ou 90 dias). Garantia
legal é um dever de adequação, que sempre existe. É um dever inerente. Independentemente de haver
uma garantia contratual ou não, sempre teremos uma garantia legal. É o que fala o art. 24.
Lei no 8.078/1990
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo ex-
presso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.
Importa ressaltar que também temos a garantia contratual, que é uma liberalidade, dada pelo fornece-
dor:
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo
escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer,
de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e
o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe
entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompa-
nhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com
ilustrações.
Ex.: Em 6-11, o consumidor recebeu o produto, uma televisão, apresentando defeito e nesta mesma
data já formaliza uma reclamação. Vício aparente – prazo de 90 (noventa) dias. Terá o fornecedor até 6-12
para sanar o vício. Se for sanado, ótimo! Digamos que há resposta negativa do fornecedor (alegação de
mau uso pelo consumidor) no dia 16-11. Da resposta negativa começa a contar o prazo para que o consu-
midor possa ajuizar a ação. Qual é o prazo? 90 dias. E se o fornecedor nunca respondeu? Então o
prazo continua parado. E o consumidor poderá ajuizar a ação.
Importa dizer que o STJ entende que o fornecedor não ficará para sempre responsável. Deve ser
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
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levado em conta o critério de “vida útil” do bem, mesmo que ultrapassado o prazo de garantia contratual.
Assim, por exemplo, caso o prazo de garantia contratual de um fogão seja de 1 (um) ano, e passados 14
meses, o fogão estraga, apresentando vício, teremos, então, que no momento da evidência do vício começa
a contar o prazo de 90 dias para reclamação. Isso porque um fogão tem vida útil maior que somente 14
meses. Não se poderia fazer tal pedido depois de dez anos, por exemplo, de uso do fogão.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I – trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1o Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou
do término da execução dos serviços.
§ 2o Obstam a decadência:
I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de
forma inequívoca;
II – (VETADO)
III – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.
Atenção!
Não necessita dos requisitos do art. 50 do CC. Com base no § 5 o do art. 18, é possível desconsiderar
por muito pouco. Esta é a teoria menor. Um exemplo seria o fato de o fornecedor estar insolvente. Então,
já teríamos a possiblidade de desconsideração, prevista no Código de Processo Civil. Para a teoria menor,
do § 5o do art. 28 do CDC, basta a constatação de insolvência do fornecedor.
Hipóteses:
Abuso de direito.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
5. Práticas Comerciais
O art. 30 do CDC conceitua a oferta como: “Toda informação ou publicidade, suficientemente pre-
cisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos
ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a
ser celebrado”.
A oferta deve assegurar informações corretas, claras, em língua portuguesa, sobre as característi-
cas, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, prazo de validade do produto, bem como os riscos
que apresentem à segurança e saúde dos consumidores (art. 31). Assim, a oferta é pautada na transpa-
rência e a aceitação do consumidor é fundada na confiança.
Um ponto muito importante é que a oferta integra o contrato. O art. 35 do CDC também fala do caso
de o fornecedor não cumprir a oferta:
Lei no 8.078/1990
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresen-
tação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou
publicidade;
II – aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III – rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
A ação cabível seria a do art. 84 do CDC, além das ações de obrigação de fazer ou dar do Código
de Processo Civil.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
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Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o
nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos uti-
lizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a cha-
mada for onerosa ao consumidor que a origina.
Como exemplo temos a situação do consumidor ligar para ter conhecimento do preço de
algum produto/serviço e ter que pagar pela ligação. Não daria para o consumidor ligar, estar pa-
gando e ficar ouvindo publicidade.
Está na sequência da oferta. Assim, se o preposto oferece algo por determinado valor, deter-
minado produto/serviço, o fornecedor deverá responder de forma solidária. Ex.: seguradora res-
ponde por oferta do segurado. Franqueado (Burger King) e franqueador com relação à oferta.
A proteção do consumidor, com relação à publicidade, está nos arts. 36 a 38 do CDC. O Código
não proíbe, obviamente, a publicidade, mas protege o consumidor de publicidades enganosas e/ou abusi-
vas.
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Direito do Consumidor
Obs.: Publicidade e propaganda não são sinônimas. Publicidade tem o objeto comercial de anunciar
bens no mercado de consumo. Propaganda tem fio ideológico, com objetivo de propagar teorias, ideias,
políticas etc.
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediata-
mente, a identifique como tal.
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer
forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresen-
tados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que
vier a ser celebrado.
Importante!
Quem patrocina a publicidade tem a obrigação de comprovar a sua veracidade, conforme manda-
mento legal.
5.2.2.4. Princípio da transparência na fundamentação da publicidade
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Direito do Consumidor
Significa que o fornecedor precisa ter consigo informações adequadas sobre os produtos e serviços
que está oferecendo.
5.2.2.5. Princípio da veracidade da publicidade
O Código de Defesa do Consumidor proíbe a prática da publicidade enganosa.
a) Publicidade enganosa por comissão: fornecedor afirma algo que não é a realidade, algo que não
existe, capaz de induzir o consumidor ao erro.
Ex.: Planos de saúde que anunciavam UTIs aéreas etc., mas que, na prática, não era verdade.
b) Publicidade enganosa por omissão: Fornecedor deixa de informar algo relevante, induzindo o
consumidor ao erro. A ausência de tal informação seria decisiva na formação do convencimento do consu-
midor; ele soubesse da informação que foi omitida, não teria contratado.
Obs.: Não está proibida a publicidade comparativa, segundo entendimento do STJ. Pode mencionar
o produto do concorrente, mas não o prejudicar.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Caso famoso!
Obs.: Sobre publicidade de produtos nocivos à saúde, tais como tabaco e bebidas alcóolicas, há
proibição na própria Constituição Federal:
Constituição Federal
Art. 220. (...)
(...)
§ 3o Compete à lei federal:
(...)
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se
defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o dis-
posto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam
ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4o A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e
terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e
conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
Há leis específicas que tratam de regramentos restritivos com relação à publicidade de tais produtos.
Tais práticas podem ser pré-contratuais, contratuais ou pós-contratuais. A maioria das práticas abu-
sivas está na fase pré-contratual, e é exemplificativa:
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos. Normalmente, tais
produtos/serviços são vendidos separados. Ex.: Se para comprar uma escova de dentes, tem-
se que comprar a pasta, então temos venda casada.
Não é porque alguns produtos são vendidos em conjunto que há venda casada.
Ex.: Nos serviços bancários, são ofertados seguro, título de capitalização etc. como condição para
a contratação do serviço procurado pelo consumidor.
Súm. no 473 do STJ: O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro
habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela
indicada.
Obs.: É possível que se tenha preços diferenciados com base na forma de pagar (dinheiro, cartão
etc.), nas parcelas (Lei no 13.455/2017)
d) Orçamento prévio: executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização ex-
pressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes.
A obrigação de fornecer orçamento prévio não é absoluta, já que há casos de urgência em que o
orçamento nem sempre é possível, tais como atendimento médico/hospitalar.
Lei no 8.078/1990
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem emprega-
dos, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
§ 1o Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias,
contado de seu recebimento pelo consumidor.
Caso não seja nada estipulado em contrário, a validade do orçamento é de 10 (dez) dias.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Não há mais controle público, não há mais tabelamento de preços. Seria prática abusiva so-
mente aumentar (muito) sem justa causa, sem fundamento.
Há outros artigos que também trazem práticas abusivas (publicidade enganosa, cobrança vexatória
etc.).
Segundo o art. 42 do CDC, na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto
ao ridículo, nem submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
O art. 42 proíbe a cobrança abusiva, a cobrança vexatória, formas estas de abuso de direito do art.
187 do CC. Ex.: ligações repetidas, proibir o aluno de fazer provas etc. Inclusive é crime (art. 71 do CDC).
O parágrafo único do mesmo artigo traz uma punição para o fornecedor que cobrar indevidamente
o consumidor. É a repetição de indébito: “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição
do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável”.
Regra: Restitui em dobro se o consumidor teve que pagar (precisa pagar para que possa receber
em dobro).
Exceção: Se fornecedor explicar por que ele se enganou, não deveria devolver em dobro.
O consumidor terá direito à devolução em dobro daquilo que realmente tiver pago em excesso ou
indevidamente e não é necessário provar dolo ou culpa do fornecedor.
Importante!
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo,
nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção mo-
netária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor,
deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do
produto ou serviço correspondente.
O Código de Defesa do Consumidor não proíbe o banco de dados. Considera os bancos de dados
como entidades de caráter público. No entanto, quando utilizados de forma abusiva, poderão causar danos
aos consumidores.
Determina o Código de Defesa do Consumidor que os cadastros devem ser claros e verdadeiros.
Sempre que o consumidor encontrar inexatidão, poderá pedir correção. Além disso, a informação deve ser
acessível e com comunicação prévia ao cadastro em órgãos de inadimplência.
Resumindo:
Informações verdadeiras.
Direito a ser comunicado previamente (em geral, é uma carta enviada pelo banco de dados).
Importante!
Súm. no 323 do STJ: A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de
proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição
da execução.
Por cinco anos, segundo o STJ, entende-se que é do dia seguinte ao vencimento.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Súm. no 385 do STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe
indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito
ao cancelamento.
Pessoa já negativada devidamente e recebe a negativação indevida. Não gera dano moral, mas
pode pedir o cancelamento.
6. Proteção Contratual
O contrato de adesão é conceituado no art. 54 do CDC como sendo aquele cujas cláusulas tenham
sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos
ou serviços. O consumidor não é consultado, não podendo modificar de forma substancial o seu conteúdo.
O art. 46 informa que os contratos não obrigarão os consumidores se não for dada ao consumidor
a oportunidade de tomar conhecimento prévio do conteúdo e não houver clareza na redação. É necessário,
assim, conhecimento prévio e clareza.
Lei no 8.078/1990
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autori-
dade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou servi-
ços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
§ 1o A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.
§ 2o Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, ca-
bendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2o do artigo anterior.
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres
ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a
facilitar sua compreensão pelo consumidor.
§ 4o As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas
com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
Com relação à interpretação das cláusulas contratuais, segundo o art. 47, elas deverão ser inter-
pretadas de forma mais favorável ao consumidor (in dubio pro aderente), não importando quem redigiu o
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
contrato.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assi-
natura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especial-
mente por telefone ou em domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste
artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão,
serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
Requisitos:
A manifestação da desistência pode ser feita por qualquer meio, mas recomenda-se que o consu-
midor tenha a comprovação. Uma vez exercido o direito de arrependimento, o consumidor deverá ter de
volta os valores pagos, corrigidos, bem como eventuais despesas.
Quando comprar na loja, não existe o direito de arrependimento. Podemos ter vício, mas não arre-
pendimento.
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo
escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer,
de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e
o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe
entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompa-
nhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com
ilustrações.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Qualidade que o produto ou serviço deve ter, em termos de segurança, durabilidade e desempenho.
Tal prazo é relacionado a vícios de produtos/serviços (aparentes ou ocultos).
Os prazos para reclamar vícios de produto/serviço por serem inadequados são prazos decadenciais
(30 dias para produtos/serviços não duráveis e 90 dias para produtos/serviços duráveis – art. 26). Assim,
os prazos do art. 26 não são de garantia, e sim de decadência.
O art. 26 do CDC traz vícios ocultos e aparentes, diferenciando-os na contagem do dia inicial do
prazo de garantia.
Vício oculto: prazo decadencial somente a partir do momento em que ficar evidenciado o defeito.
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumido-
res, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo,
ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de
seu sentido e alcance.
Obs.: Não confundir cláusula limitativa de indenizar (fornecedor tinha a obrigação e não a cumpriu)
com cláusulas limitativas de direito, que seria aquela em que o fornecedor não assume a obrigação, então
não pode ser compelido a cumprir. A cláusula limitativa de direito é permitida, lembrando que há contratos
em que o Estado estabelece cláusulas que tratam de conteúdo (planos de saúde, seguros etc.) e, assim, o
fornecedor não pode se exonerar do cumprimento.
O Código de Defesa do Consumidor não proíbe a existência de cláusulas limitadoras de direito, mas
pede, no entanto, que sejam colocadas em destaque.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
No inciso IV, destaca-se a parte que fala da abusividade sobre “obrigações que coloquem o consu-
midor em desvantagem exagerada”. Será abusiva, assim, toda e qualquer cláusula que coloque o consu-
midor em desvantagem exagerada, qualquer que seja o motivo. Como exemplo, temos um julgado do STJ
que tratava de pacote turístico e que haveria a perda completa do valor, em caso de desistência em período
anterior a 21 dias da data da viagem (REsp n o 1321655/MG – rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino –
Terceira Turma – j. 22-10-2013).
O primeiro parágrafo trata do que seria vantagem exagerada: “Presume-se exagerada, entre outros
casos, a vantagem que: I – ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence”.
Obs.: A cláusula de eleição de foro não é mais automaticamente nula. É necessária a demonstração
de que há prejuízo ao consumidor, de que a cláusula é abusiva.
Não confundir, no entanto, cláusulas abusivas e práticas abusivas (art. 39, p. ex.). A prática pode
ocorrer antes mesmo da formação do contrato, enquanto as cláusulas abusivas estão inseridas no próprio
contrato.
Demais artigos:
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou con-
cessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, in-
formá-lo prévia e adequadamente sobre:
I – preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
II – montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
III – acréscimos legalmente previstos;
IV – número e periodicidade das prestações;
V – soma total a pagar, com e sem financiamento.
§ 1o As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não
poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação.
Importante!
A multa por mora (multa moratória) quando houver aplicação do Código de Defesa do
Consumidor, não pode ser superior a 2%.
§ 2o É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente,
mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de
pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em bene-
fício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a
retomada do produto alienado.
A parte processual do Código de Defesa do Consumidor é dividida em: ações individuais e ações
coletivas.
O art. 84 aborda tutela específica: busca do resultado prático. A conversão em perdas e danos se
daria somente se o consumidor solicitasse ou não, sendo mais frequente a execução da tutela específica.
O art. 84 pode ser analisado em conjunto com o art. 497 e ss. do CPC.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Ex.: consumidores contestando aumento abusivo da mensalidade escolar, titulares de plano de sa-
úde etc.
São legitimados para propor ações coletivas: Ministério Público, União, estados, municípios,
Distrito Federal, entidades e órgãos da Administração Pública e associações legalmente constituídas (art.
82).
Defensoria Pública também é autorizada, em virtude da Lei da Ação Civil Pública (Lei n o
7.347/1985).
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Lei no 8.078/1990
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem co-
mum.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I – o Ministério Público,
II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização
assemblear.
§ 1o O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas
nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimen-
são ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
(...)
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis
todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
8. Superendividamento
Lei no 8.078/1990
Art. 54-A. (...)
§ 1o Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor
pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e
vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial.
Promove a repactuação e revisão da dívida (não o perdão).
Lei protege o consumidor pessoa natural, com a preservação de uma renda mínima digna, a ser
verificada no caso concreto (mínimo existencial).
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Obs.: Dívidas não abrangidas: aquelas contraídas mediante fraude ou má-fé ou decorram da
aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor.
Pelas modificações advindas da lei, fica vedado na oferta de crédito ao consumidor (seja por publi-
cidade ou por outro meio) (art. 54-C):
• indicar que a operação de crédito será concluída sem consulta a serviços de proteção ao
crédito e sem avaliar a situação financeira do consumidor;
Sanções
Descumprimento dos arts. 52, 54-C e 54-D acarreta sanções ao fornecedor.
Obs.: Redução de juros, de encargos, dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original
(sem prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos ao consumidor).
A lei também define contratos coligados ou conexos (art. 54-F): o contrato principal de fornecimento
de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o
fornecedor de crédito: recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a
conclusão do contrato de crédito ou oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de
produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado.
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1ª Fase | 37° Exame da OAB
Direito do Consumidor
Petição inicial
Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, o juiz, a
pedido do consumidor, instaurará processo por superendividamento para revisão e inte-
gração dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes mediante plano judicial
compulsório e procederá à citação de todos os credores cujos créditos não tenham inte-
grado o acordo porventura celebrado.
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Direito do Consumidor
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