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Recursos energéticos
No nosso planeta podemos presenciar a presença de diversos recursos
energéticos, podendo estes ser não renováveis ou renováveis. Uma das energias não renováveis existentes é a energia nuclear, e foi no século XX que se descobriu as suas capacidades. Com esta descoberta os investigadores daquela época pensaram que os problemas energéticos da humanidade ficariam resolvidos. Primeiramente, a energia nuclear resulta da cisão controlada de elementos químicos de elevada radioatividade, como o urânio que, ao desintegrar-se, emite radiação que acaba por libertar energia sob a forma de calor, que, por sua vez, é usado na produção de vapor de água que, acaba sendo utilizado na produção de energia elétrica. Estas reações foram inicialmente realizadas em laboratório e só depois passaram para centrais nucleares, dado que, estes processos tem um alto rendimento energético. Por exemplo o urânio é capaz de libertar uma quantidade de energia três milhões de vezes superior à energia libertada pela mesma quantidade de carvão. Apesar da energia nuclear ser um recurso energético com alto rendimento, abundante em termos de reservas e de não produzir gases efeitos de estufa, hoje em dia são poucos os países que constroem novas centrais nucleares, isto deve-se ao elevado custo de construção e manutenção, mas também aos riscos de ocorrer uma catástrofe ambiental, como a de Chernobyl e também o perigo que existe em relação à gestão dos resíduos radioativos. As consequências que estas desvantagens trazem são por exemplo o elevado potencial mutagénico e o risco a que a vida no nosso planeta é exposto. Embora as energias não renováveis tenham maior rendimento, as energias renováveis são menos poluentes como é o caso da energia geotérmica, que tem origem na própria Terra. O calor interno da Terra tem origem, essencialmente, na presença de elementos radioativos, cuja desintegração produz energia em grandes quantidades, sendo este o principal motor da dinâmica interna da Terra. O calor do interior da Terra, corresponde, (grosso modo), à fonte energética, que referimos como energia geotérmica. A diferença de temperatura entre a zona mais superficial (a crusta) e a zona mais interna (o núcleo) da Terra é muito grande, a esta variação da temperatura, em função da profundidade, dá-se o nome de gradiente geotérmico. Esta diferença origina um fluxo contínuo de calor, que pode ser por condução ou por convecção, desde o interior da Terra até à sua superfície. Esta corrente é a responsável por manifestações naturais, como o vulcanismo, os geiseres ou as nascentes termais. Designa-se de grau geotérmico a profundidade a que é preciso descer para que a temperatura aumente 1°C. Em zonas consideradas normais, esta profundidade é de aproximadamente 33 metros, isto quer dizer que é preciso descer 33 metros em direção ao interior da crusta terrestre para que a temperatura aumente 1°C. Desta forma, um mineiro que esteja a trabalhar no interior de uma mina a 500 metros de profundidade, poderá estar sujeito a uma temperatura que será cerca de 15°C mais elevada do que a temperatura que se regista na superfície daquela região. Contudo, nem todas as zonas do globo apresentam o mesmo grau geotérmico. Em alguns locais da crusta, determina-se que o grau geotérmico é anormalmente mais elevado, chegando a ser cerca de dez vezes superior ao valor referido anteriormente. Estas zonas correspondem a locais onde existe intensa atividade tectónica. Os melhores locais de aproveitamento de energia geotérmica são locais onde há formação de nova crusta, isto é, onde as placas litosféricas têm movimento divergente, como na dorsal médio atlântica ou em locais onde há destruição de crusta, ou seja, onde as placas litosféricas têm movimento convergente, como na zona de convergência das placas sul- americana e de Nazca. Para que haja um eficaz aproveitamento deste calor, é necessário que exista um fluido capaz de assegurar a sua transferência, desde a fonte onde o calor é produzido ou onde ele exista, até locais onde ele possa ser utilizado de forma rentável pelo ser humano, sendo o fluido mais comum a água. Logo, a água, ao circular pelo interior da Terra, quando passa por zonas onde o calor é produzido, aquece, passando a água quente, podendo transportar esse calor até locais onde ele pode ser de alguma forma aproveitado. Tendo em conta a temperatura que pode ser atingida num aproveitamento geotérmico, os locais onde esta energia é produzida podem ser divididos em aproveitamentos geotérmicos de alta entalpia (em que a temperatura atingida pode ultrapassar os 150°C) e aproveitamentos geotérmicos de baixa entalpia (em que a temperatura atingida está entre os 50°C e os 150°C). Nos aproveitamentos geotérmicos de alta entalpia, o calor é usado, quase sempre, para a produção de energia elétrica. Como exemplo de aproveitamentos deste género, Portugal tem a ilha de São Miguel, nos Açores, onde grande parte da energia elétrica que é consumida na ilha provém de aproveitamentos geotérmicos de alta entalpia. Os aproveitamentos geotérmicos de baixa entalpia aplicam-se, principalmente, para o aquecimento e para a produção de água quente sanitária. Como por exemplo em Chaves ou São Pedro do Sul em estabelecimentos termais, a água, a uma temperatura da ordem dos 80°C, além das clássicas utilizações terapêuticas, é usada no aquecimento de alguns hotéis, de escolas e de piscinas municipais aí existentes. Os principais aspetos positivos ligados à utilização desta fonte de energia são a reduzida emissão de gases de efeito de estufa, o facto de uma central geotérmica apresentar um risco ambiental extremamente reduzido, é uma forma de energia altamente rentável e eficiente em locais onde o recurso seja de alta entalpia e a possibilidade de estarmos a aproveitar um bem disponibilizado pela natureza que, de outra forma, se perderia. Entre as desvantagens, na utilização da energia geotérmica, temos o difícil acesso aos locais de elevado potencial geotérmico, o facto de termos um número reduzido de locais com interesse geotérmico, mesmo de baixa entalpia e os custos elevados da manutenção das centrais.