Documento de Ana Paula ??
Documento de Ana Paula ??
Documento de Ana Paula ??
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Epílogo
Recado da autora + dicas de leitura!
CATÁLOGO DE LIVROS LANÇADOS
Epígrafe
Se souber que fui eu que persuadi seu pai a girar aquela roleta,
você vai me odiar. Não pude vê-la feliz longe de mim, quis trazê-la de volta,
não importasse como ou em quais circunstâncias.
Vincent Henderson
Capítulo 1
Eu sei que não o amava, mas a mudança e mais uma perda são
horríveis, será que é por isso que eu quero chorar? Embaçando ainda mais o
vidro seboso? Ou são as promessas vãs do meu pai de que vai melhorar... o
jogo é seu vício e ele o ama mais do que a si mesmo.
A mudança não ocorre de dentro para fora, mas só para mais uma
cidade, dessa vez, a capital. Qual seria a outra? Olho com amabilidade para
minha mãe.
— Amy, filha, olha lá, já dá pra ver a capital. — minha mãe aponta,
meu pai sorri orgulhoso, o carro alugado, semi-semi-seminovo conseguiu
nos trazer até aqui.
À medida que o GPS nos leva para a casa nova, destinada aos
funcionários do senhor Henderson, observo as folhas das árvores cair, sinto
o clima gelado nítido do outono, combinado com a paisagem agitada.
Nossa família sempre morou de aluguel, então não temos móveis, os
poucos que possuímos estão nesse carro ou foram parte para pagar a última
dívida de agiota do meu pai.
Arrumo as mãos da minha mãe sobre uma manta, tirando alguns fios
de seu rosto. Quando meu pai acelera o carro um pouco mais, eu digo:
— Você vai amar a capital, mãe, sabia que vai ter até banheira na
nossa casa? Eu estava vendo aqui na Internet... — minha mãe sorri, desde o
AVC está impossibilitada de trabalhar. O que ficou mais evidente no efeito
colateral foi a fala arrastada e o lado esquerdo que é um pouco mais duro,
mas com fisioterapia e muito esforço ela já tinha melhorado bastante, quase
autônoma para fazer qualquer atividade.
— A Amy também tem que trabalhar duro, pagar o curso que faz
tanta questão e lembrar que o tal do Conrad nunca iria ficar com ela. —
sorri maliciosamente, cutucando o dente com um palito, estalando a língua.
— É, Amy, o rapaz está cursando medicina, ricaço, acha mesmo que ele iria
pra frente com uma garota como você?
— Lynda, dessa vez veja bem com quem a sua filha se relaciona!
Que inferno! Vai ser uma merda decorar todos esses trajetos! — desacelera
ao passar em uma ponte. — Só não me venha com mais namorados e
problemas, Amy.
Eu pego meu celular para tirar uma foto sem legenda, seria uma
prova de vida nova, tento resgatar uma animação com o frescor da cidade,
não estou exatamente otimista com meu pai, mas sim em voltar ao curso,
trabalhar, ajudar com as despesas da casa e, principalmente, cuidar com
mais dignidade da minha mãe.
Eu posso tentar ser feliz aqui.
As folhas de outono bailam pelo meu cabelo solto ao vento
enquanto ajudo meu pai a arrumar o restante dos nossos pertences, e não
poderia estar mais surpresa com a nossa casa cedida pelo senhor
Henderson.
Três quartos, sendo duas suítes — uma no andar de baixo para meus
pais e outra só para mim, no andar de cima —, uma bela sala com televisão,
sofá e alguns puffs, muito espaçosa, cozinha modulada com um balcão
americano, banheiro social no andar de baixo, um belo jardim, móveis
novos e um porão limpo.
— Vejam isso, a casa é tão grande que nem temos tralhas para
preencher tudo, família! — exclama meu pai, abraçando a minha mãe,
rimos nos entreolhando.
Rolo meu feed do Instagram e vejo fotos das minhas antigas colegas
que conheci lá e acolá e praticamente todas elas ou estão na faculdade ou
conhecendo países, vivendo suas vidas e construindo relacionamentos.
Tentei explicar que ele era meu primeiro namorado e que a situação
tinha me abalado muito, mas ele não quis ouvir. Em vez disso, disse:
“O que há de errado comigo? Será que sou tão feia e fria assim?”
Adormeço soluçando, engasgada no meu próprio choro, sem ter uma
resposta para as duas perguntas.
Capítulo 2
— Se... cuida — fecho o portão, ouço meu pai berrar por mim. Eu
vejo pelo vidro da sala a mulher, que se vira para mim, e eu com um sorriso
do tamanho do mundo segurando o uniforme, cumprimento com um aceno
de cabeça, ela arruma o xale, dizendo:
— Essa deve ser a Amy. — estende a mão mais uma vez, faço o
mesmo de maneira mais apropriada, colocando o embrulho no aparador.
— Sou sim, prazer! Desculpa, uma colega veio me entregar o
uniforme da cafeteria que vou trabalhar, a Castelo Café, conhece!? —
comunico, animada. Só então percebo que ainda estou com a mão da
mulher na minha, porém, ela parece não se importar, apenas sorri.
— Ora, ora, alguém está bem feliz, não? — meu pai ri, presunçoso,
dizendo que eu não ficaria um dia sem “ralar”, minha mãe o desaprova e
outra tensão estremece o ambiente mais uma vez.
— Bom, seus pais já sabem, meu nome é Agnes Bast, mas podem
me chamar de Agnes mesmo. — passa a mão no coque já impecável. — Eu
sou a governanta da casa do senhor Henderson e ajudo a recepcionar novos
funcionários. — dá uma chave ao meu pai. — Opa, aqui, ontem eu deixei a
casa aberta para vocês, mas a partir de hoje é mais seguro que cada membro
da família tenha a própria chave.
Sorrio, agradecendo.
— Tudo bem, sem pressão, deixa eu andar com você até o ponto
então? — concordo.
— Seu pai teria que trabalhar dois anos seguidos, sem gastar
absolutamente nada para arcar com essa cirurgia, aliás... — toma outro gole
de chá. — Já se passou um ano e é um grande talvez essa cirurgia dar certo
e...
Fico indignada, essa conversa é típica do meu pai, saio do meu lugar
para poder abraçá-la enquanto diz no meu ouvido:
Desço para fazer o café, apreensiva que meu pai ainda esteja em
casa.
— Bom dia, filha, que bom que já está quase arrumada, vou te
ajudar a preparar alguma coisa e...
— Amy fala francês, sim, aliás, senhora Bast, foi sempre um curso
muito caro, mas prezo pela educação dela e...
É a minha deixa.
— Ok, bem, hm... até à noite, preciso ir, com licença. — seguro a
alça da mochila com força, correndo.
Logo me vejo entre pessoas, meu coração retumba, eu sequer sei
quem é o senhor Henderson. Ao entrar no ônibus, esbarro em um senhor
que xinga até a minha 8ª geração.
Na hora do almoço, Daisy pede para que eu faça o creme gelado, ela
toma o café que fiz sozinha, sem olhar a receita, fico em expectativa,
segurando a bandeja contra o colo.
— Qual o babado?
Melanie continua:
— Vincent Henderson!
— Sim! O pai dela — aponta para mim — foi contratado para ser
motorista particular do senhor Henderson, é dessa Amy que eu e Kate
estava te falando!
Daisy abre a boca em indignação, as duas começam a rir, Kate
irrompe pela cozinha, exclamando:
— Amy, você não viu uma foto dele, né? Então te apresento: tá dá!
— Kate se junta a Daisy enquanto Melanie me mostra um homem de terno
aberto, um abdômen trincado, olhos pretos e profundos, a pele branca, uma
das mãos na barba rala, a outra no bolso da calça, ele está recostado em uma
parede.
Thom,
Segura o lugar pra mim? Vou chegar uns dez minutos atrasada,
como sempre.
Assim que vou entrar no ônibus, sinto um puxão pela minha cintura,
forço a minha entrada e antes que eu perceba o que está acontecendo, um
homem segura ambas as alças da minha mochila, me jogando para dentro
do ônibus.
— Desculpa, lindeza! — abre os dois dedos, passando a língua entre
eles, num gesto obsceno, dando um empurrão e começando a correr
loucamente, algumas pessoas do ônibus, inclusive o motorista, me colocam
para sentar.
O que aconteceu?
— Meu celular, minha bolsa! — grito, olhando para todos aqueles
rostos incrédula, tudo foi em fração de segundos, os docinhos caem, sem
nada para apoiar, vejo que fui roubada!
Conrad, o que ele diria? Que esse não é meu lugar. Eu começo a
andar pela multidão a esmo, os faróis ligados no meu rosto, as risadas
constrangedoras, as pessoas revivendo momentos, alegrando sua noite.
— Senhor Miller, aqui está bem perigoso, não foi culpa da sua filha.
— meu pai me olha pelo retrovisor contrariado, agarrando a marcha com
raiva, certamente descontente que o próprio patrão tenha ficado do meu
lado.
Quando contratei Gordon Miller eu sabia que era casado com uma
mulher vítima de AVC, a esposa Lynda, eu também sabia que tinham uma
filha que cursava francês e que ajudava a mãe.
Era mais fácil assim, menos escandaloso, nada como meu último
affair, porém, ao abraçar Amy, depois de um desgraçado tê-la roubado, foi
como se eu soubesse, pela primeira vez, o que é querer ter alguém, cuidar,
me envolver.
— O Albert, por favor? Quero falar com ele, Agnes. — viro para
ela, que franze a mesma ruga, eu iria pessoalmente na casa de Amy Miller:
subitamente a dinâmica da família me interessa.
— Claro, você não viu ela ainda. — olho pela janela, ouvindo-o
mexer no celular e rir.
Seus longos e sedosos cachos loiros caem ainda úmidos pelo colo
enquanto observa atenta o aferimento da pressão, mirando pelos cílios os
meus olhos, encolhida, ainda sensível pelo que aconteceu. Como eu quero
sentir de novo sua pele na minha, mesmo que em um abraço rápido, seu
cheiro de chocolate na pele branca quase passa por meus lábios.
Amy mordisca a ponta do lábio inferior, respiro um pouco mais
acelerado, minha boca semiaberta, sentindo o tesão latejando em mim, que
atratividade deliciosa é essa? O que estou sentindo?
— Fica para o jantar? — peço a Albert que, pela cara debochada, sei
que vai falar sobre meu interesse na garota e, sinceramente, quero muito
que pergunte, porque já posso marcar meu território.
— O que a gente vai ter? — pergunta, olhando o menu da noite. —
Nada dessas coisas, quero um belo Burger King e um bom refrigerante.
— Espero que tragam até aqui, você se esconde, não mora. Essa
mansão tá mais para um mausoléu abandonado do que um lar, Vincent, já é
hora de pensar em ir embora, principalmente depois do acidente, já faz
tantos anos e...
— Hm... meu relacionamento com a Lesse B foi tão rápido que mal
tive tempo de... pensar sobre isso, acho. — pondero, olhando-o ao passo
que meu amigo rouba uma das minhas fritas, não gosto de falar sobre meu
irmão ou sobre Natais.
Combustão.
Quando fiquei com a bela Lesse B, ou Mary Bernadette para os
íntimos, eu experimentei um “fogo de palha”, como diz Bert, a mulher é
linda, uma voz poderosa, um beijo que me levou nas alturas, o sexo intenso,
mas com ela vieram as fãs, os fãs e os ships, pessoas que são fãs do casal,
nos chamaram de Vinless.
— Eu não sei, mas sei quando vai fazer alguma coisa contra alguém,
Vince, você vai caçar o sujeito, sei disso porque seu olhar não me engana,
você está atraído por Amy e esse interesse me assusta. — meu amigo se
curva na mesa, em tom de confidência, não gosto disso.
— Melhor você ir, Albert, está tarde e eu preciso checar uns papéis
antes da reunião.
— Vou pra cama, boa noite. — não olho para trás, os fantasmas que
habitam essa casa não são mais gelados do que eu e... meu passado.
Capítulo 6
— Veja o que fez comigo, Amy! — saio da cama, indo tomar uma
ducha fresca, encaro a imensidão da janela de blindex da parede ao teto, nu,
pensando que ela está perto de mim e que eu poderia exercer meu poder e
mandar que viesse aqui, mas não, não será assim, tudo a seu tempo, não sou
nem posso ser impetuoso.
— Não, não... por favor, pode levar Amy para o trabalho e para o
curso à noite com o carro, sem problema algum, dei a liberdade para usar o
carro quando precisar. — como se eu precisasse falar, ele já age como o
dono.
Mas não me importo, sinto uma brisa fria fresca, encaro os olhos de
outono de Amy, ainda estão tão tristes e apáticos, ah, olhos tão lindos,
altivos, deveria levantá-los para encarar o mundo.
— Eu não sei que horas eu saio, senhor Miller, então pode deixar
que eu vou com outro carro que está aqui no banco, o senhor está livre por
hoje. — dispenso, andando apressadamente para atender o telefone, ligando
para o delegado.
— Ela já está pronta para ir! — repete com os dentes cerrados para
mim, fazendo “xô” com as mãos.
Sorrio para ele, que me retribui, dando um beijo na minha mão.
Vincent dirige muito bem e sabe disso, na verdade, ele tem noção do
quão bonito, atraente e interessante é e o que poderia querer comigo? Seria
culpa por eu ter sido assaltada?
— Senhor Henderson...
— Vincent. — corrige.
A pele do seu pescoço fica na altura do meu nariz, posso sentir seu
cheiro masculino, testosterona, madeira... florestas.
— Oh! — Vincent inesperadamente me gira pela mão, dou uma
volta inteira, para em seguida, estar sobre seus pés novamente. — Nem sei
como fiz isso! — rio, relembrando todo o ambiente na volta de 360°.
Apenas isso, preciso colocar em mente que tudo isso é uma fantasia
da minha cabeça.
Mas o que estaria fazendo ali? Me esperando? Ah, por favor, Amy!
Penso imediatamente, já achando ver aparições de Vincents em carros. Se
eu não tomasse cuidado seria atropelada, isso sim, porém, a buzina retorna e
pela luz do farol que se apaga, é ele!
Capítulo 8
— A gente pode...
— Silêncio, Amy, você já chegou atrasada, pode fazer silêncio? — o
professor estava certo, eu sempre chego atrasada e acabo chamando a
atenção. Thomas se vira para a lousa e eu pego meu material, não sei se
aliviada por ter cortado Thomas ou Vincent estar perto, me esperando.
— Merci, podem ir, até semana que vem. — o professor se despede,
deixando uma tonelada de exercícios. Tento sair o mais rápido possível,
mas não posso ignorar Thomas, que me chama.
Eu nunca tive medo ou receio de caras feias para mim. Nas minhas
inúmeras mudanças, o que eu mais vi, senti, presenciei foi justamente essa
sensação de não pertencimento a lugar nenhum.
— Tarde, hein? Onde foi que se meteu e o que é essa caixa aí? —
ele diz. Minha mãe parece descontente e não é para menos, meu pai parece
estar levemente embriagado, o que é muito estranho, mesmo de folga.
Vadiazinha.
Rebato:
Observo por alguns segundos minha nova vida, não vale a pena
discutir, até porque eu pretendo ganhar dinheiro o suficiente para a cirurgia
da minha mãe. Preciso me agarrar às perspectivas de melhora, tento sorrir,
abaixando a cabeça.
— Posso ir para o meu quarto? — ele tromba na poltrona, dando de
ombros, pegando o controle da televisão, cruzando as mãos e gritando
qualquer palavrão.
Tiro algumas fotos, nada poderia estragar esse dia, nem mesmo
aquele homem embriagado!
Vadiazinha, de fato.
Chego no Café e, para falar a verdade, eu nunca fui muito chegado
em doces, bolos, mas almoçaria isso todo dia só para vê-la. Eu a vejo, Amy
está atendendo no caixa, as suas colegas, acredito que Daisy — a de chanel
liso, pernas gordas, muito bonita, contrastando com Kate, que é magra
demais, a menos bonita das três — talvez por isso a mais mal-humorada.
— Oi. — cumprimento, sei que ela havia me visto, mas é sempre
lindo vê-la corar. — Hm... o que sugere para hoje?
Amy está diferente hoje, passou-se uma semana, a reunião é nesse
sábado e sei que está tensa, não desgrudei dela, conversando por
mensagens. Percebi que o seu maior temor é Gordon e não atender as
minhas expectativas como intérprete.
— Que tal o bolo de nozes? Acredito que vai ser um sucesso nesse
Halloween. — o cabelo loiro tangendo a cintura, a deliciosa curva da sua
cintura com o avental amarrado atrás. A meia calça ralada no joelho lhe dá
um aspecto tão sexy.
Odeio nozes, porém, meus sentidos se alertam quando ela confessa:
— Quero o bolo inteiro, amo nozes e, ah! Uma fatia para comer
agora, me acompanha? — tudo para ver esse sorriso doce, o pulinho
animado em preparar com esmero e cuidado o prato, enfeitando com mais,
er... nozes e um café expresso.
Não só isso, eu tive uma conversa com eles dias atrás exigindo que
Amy fosse única e exclusivamente minha enquanto eu estivesse no
estabelecimento, acredito que uma ponta de obsessão começa a me corroer.
Eu instalei um aplicativo no celular dela que me permite saber onde está...
fui além, o mesmo app copia os dados e posso, inclusive, ter acesso às
recentes conversas.
— Eles são clientes do banco, pedi para almoçar com você, só isso.
— elevo uma sobrancelha, não quero assustá-la ou dizer que fantasio com
essa maldita saia todas as noites, que estou alucinado por ela... quase louco.
Tenho que ir com calma, muita calma. — Se não se importar, claro.
Meu rosto escorrega por seu pescoço, coloco os longos fios de lado,
chupando o lóbulo de sua orelha. Amy sussurra inaudível, levando suas
mãos às minhas costas, meu pau lateja forte ao fazer menção de separar
nosso beijo, mordo o lábio inferior dela, chupando-o, ao passo que sussurra,
cerrando as pálpebras.
— Por quê? — murmura. Não posso mais suportar, vou pedir para
que venha comigo, mas sou perturbado por uma de suas amigas, então Amy
se levanta, recompondo-se rapidamente como se houvesse cometido um
pecado. — Já terminei o almoço, vou para o balcão, pode pedir para as
meninas virem. — olha para mim, dando um tchau com a mão. Eu retribuo
com um aceno de cabeça.
— Senhor Henderson, tudo bem? — não preciso olhar para trás para
saber que é Kate, cumprimento-a, a moça prepara alguns cafés na máquina,
ajeitando a bandeja com rapidez. — Amy, espera, o Café está ficando cheio.
Assim que chega ao 15º andar, a porta se abre diretamente para uma
sala de reunião: olho os lindos vasos decorativos, altos, belas e saudáveis
plantas, o vintage em detalhes das almofadas, algumas mãos francesas que
seguram vasinhos delicados. Todos os móveis são de um bom gosto
impecável, estilo industrial, rústico entre preto e marrom e confortáveis,
largas cadeiras com recosto na longa mesa.
Sua boca me invade e volto a sentir seu sabor, meus lábios estão
trêmulos, Vincent, entretanto, sustenta o beijo, invadindo a língua na minha
boca, levantando minha cabeça com os dedos, olhando nos meus olhos.
Por que esse homem estaria interessado em mim? Por quê? Deixo
uma lágrima escorrer, atônita com a minha própria fragilidade, mas Vincent
passa o indicador no meu rosto, enxugando-o, dando um passo para trás.
— Toquei em um assunto sensível? — arfo, minhas pernas se
agitam, aperto-as uma contra a outra, a meia-calça fricciona mais em mim,
me deixando absolutamente excitada. Abaixo a cabeça, balançando
negativamente.
— É que... meu pai é... seu empregado e... — suas mãos vão até a
minha cintura, me elevando e fazendo me sentar na gigantesca mesa de
madeira, abro instintivamente as pernas, onde ele se encaixa.
— Esquece isso, nada vai acontecer com o seu pai. — sua língua
resvala pelo meu pescoço e eu abraço-o. Vincent descobre meu seio,
lambendo-o, gemo baixo, deixando-o explorar meu corpo quando chupa
meu mamilo, prenso-o mais forte contra mim. — Vamos pra um lugar mais
reservado? — sussurra numa expressão de desejo, tesão, posse, minhas
próximas palavras são difíceis de pronunciar.
— Esse moleque não tem noção da mulher linda que deixou escapar,
felizmente para mim. — sussurra no meu pescoço, puxando as minhas
pernas para o canto da mesa, impossível não sentir seu volume, quase
enlouqueço com as ondas de prazer que reverberam nos meus músculos,
contraindo-os. — Você vai ser minha, Amy?
Vincent sobe mais o meu vestido, deixando minha barriga de fora,
na verdade, praticamente estou nua sobre sua mesa de reunião. Ouço
algumas vozes próximas, será que viriam até nós? Espalmo minhas mãos
em seu peito, levantando rapidamente, me arrumando; ele me olha
intrigado.
— Ninguém vai vir aqui, a não ser que eu peça, honey. — o apelido
me pega de surpresa, será que é costume dele usar com as mulheres?
Olho para o canto, depois para ele, em seguida para a minha roupa,
mas antes que eu fale qualquer palavra, Vincent embrenha suas mãos no
meu cabelo, reanalisando minhas feições, me mirando tão profundamente
que penso que enxerga meus segredos, minha existência, minha alma, olhos
profundos de turmalina, cristais negros.
Não tiro os olhos dela, simplesmente não consigo virar o rosto para
qualquer um que exija a minha atenção, depois de mais uma rodada de
negociações com os franceses e canadenses, vislumbrar como Amy é
desenvolta na língua, não só na francesa, decido encerrar a reunião.
— Não faz ideia de como nos ajudou. — meus cumprimentos
juntam-se ao coro de colegas concordando, minha secretária entrega a ela
uma caixa, eu comprei um laptop para ela. Amy pega o embrulho
desconfiada, porém, seja por educação ou tensão de todos os meus sócios
estarem observando seus movimentos, aceita o presente.
Seguro a meia-calça que roubei mais cedo, deslizo-a pelo meu rosto,
o cheiro de chocolate invade minhas narinas. Virgem? Que surpresa
agradável.
Eu coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, expirando
forte, lendo a mensagem, quase nas escadas.
Vou dar folga para o seu pai, que tal jantar comigo no mesmo hotel
cassino?
Hoje, às 20h?
— Hoje, às 20h. — digito, coração a mil relembrando seus dedos
tocando a minha mão. Antes de voltar aos seus afazeres, ousei roubar dele
um último selinho, até girar meu corpo em direção às escadas, sem olhar
para trás.
— Pacco, vou pra casa. — eu não queria ir, mas estou alarmada por
não conseguir falar com a minha mãe. Coloco no banco de trás o embrulho
com o laptop, dinheiro e um lampejo vem à minha memória, o que eu tenho
a oferecer a Vincent? Seria legal eu dar um presente a ele também.
Abro a porta do carona quando Pacco a fecha.
— Vai para o seu quarto, Amy. — ela sussurra para mim, porém,
seguro seus punhos, pegando o pano e o balde para limpar em seu lugar.
Colocando a cabeça no meu ombro, minha mãe chora baixo, repetindo. —
Por favor, filha, só sobe para o seu quarto.
Observo que seus braços e pernas estão machucados, passo a mão
delicadamente em seu rosto e vejo o que tenta esconder com o cabelo um
corte recente.
— Mãe... sobe comigo. — ao abraçá-la, vejo que tudo está um caos,
as louças espatifadas, cristaleira, os doces que trago na cafeteria amassados
e embolados no chão junto com o que parecem papéis, um cheiro horrível
sobe pelas minhas narinas ao vislumbrar que meu pai revirou as lixeiras. —
Amy... — minha mãe enrola a língua, acredito que numa convulsão.
O quê?
Empurro-o com o máximo de força que meus braços possam
aguentar, ele tomba em cima da mesinha de centro e eu saio correndo para
buscar ajuda, mas ele agarra meu tornozelo. Vejo-o monstruoso, a língua
para fora, o fedor, o cinto desafivelado, cabelo e barba desgrenhados. O
pavor me congela, uso meus joelhos para impedi-lo de subir sobre mim.
— Então, o que será que esse homem quer? E por que nenhum dos
meus seguranças sabem de Amy Miller? — eu tinha homens na rua
seguindo Amy, desde seu roubo. Desde então, só descubro
desmoronamento da dinâmica familiar, Gordon apostava o que tinha e o que
não tinha, mas até aí não era problema meu.
Pacco disse que não havia ninguém em casa, agora Gordon aqui,
bêbado? Expiro o ar, olhando a paisagem pela janela, frustrado pelo meu
jantar não ter o rumo que eu queria.
Eu me pego observando tudo que tinha feito para esse jantar, o meu
desejo por Amy queimando em cada poro, não mediria esforços para
encontrá-la.
— Primeiro, vão atrás da prima, segundo... quero esse desgraçado
aqui, finjam que não sabem de nada! — aumento minha voz, irritado,
coloco o presente dela no bolso da minha calça, meus seguranças se
concentram em achá-la sob o meu comando e o de Percy. — Não
mencionem a porra do carro até eu falar sobre.
— É. Bem, agora você tem uma dívida séria comigo, senhor Miller.
— uso o incidente do carro a meu favor, olho para Percy. — Percy? Quanto
custa aquele mesmo? — instigo, eu quero muito ouvir da boca sebosa e
alcoólica de Gordon o que aconteceu, mesmo que os meios para que eu
conquiste tal feito sejam cartas sujas na mesa bem-posta deste Cassino.
Meu foco agora é Amy e o que fazer para tê-la de volta, posso bater
em frente à porta de quem as refugia, pedindo para que voltem, mas e
quanto a Gordon? E o que vou dizer? Não se preocupe, Lynda, eu posso
cuidar de Amy.
Seria vergonhoso.
Cínico desgraçado.
Um contrato de casamento?
Tem certeza?
— Hm... vai começar pra valer? Posso saber o que terei com esses
mil dólares? — Gordon dá de ombros, tomando sua vodka, orgulhoso,
respondendo:
— Amy deixou um computador lacrado em casa... acredita? — ele
roubou a filha, que... tento relaxar meus ombros tensos, acenando ao
garçom que trouxesse mais uma garrafa de vodka, a noite vai ser longa.
— Bom saber, eu cubro seus dois mil para dois e cem, o que acha?
— sabiamente, o pai de Amy desloca as fichas para números ímpares e
vermelhos, salvando algumas entre os dedos.
O crupiê arruma as fichas com um longo bastão dourado, fazendo-se
ouvir ao limpar a garganta.
Divertido, então não é mistério algum meu interesse por ela? Tiro o
paletó, colocando-o no banco.
— Vai ser tudo ou nada, se perder essa rodada eu volto pra casa e
você some da vida da minha filha.
Estou apostando a vida de uma pessoa! Duas, na verdade, mas não é
hora para escrúpulos. Gordon tosse:
— Amy, eu vou para o hospital, ok? Não se preocupe, sua mãe está
bem. — eu nem tinha ouvido o telefone ou o celular dela ligar, ergo a
cabeça, sem forças, agradecendo.
Thomas continua:
Não respondo.
Vadiazinha.
Encaro o quarto de Heloise pelas minhas lágrimas, a cama estreita
nesse quarto de visita, ao lado do quartinho de guardar bugigangas. A
madeira clara da cômoda, a janela muito estreita sendo açoitada pelo urro
do vento gelado.
Acredito que seja ansiedade, estou louco para respirar nos orgasmos
suados de Amy, construir memórias, esticar um tapete vermelho por onde
passa, já penso nos meus votos.
— O que eu quero dizer é que Amy, você e até sua prima estarão
mais seguras comigo, pode acreditar, atrás do meu sobrenome. Amy será
intocável e isso se estende aos seus. — enfatizo, olhando em seus olhos, da
mesma tonalidade dos de Amy.
— Ele quer falar com você. — dando um beijo no meu rosto com
olhar enigmático, fito-a, sem entender. Lembro que falei sobre uma pessoa,
mas nunca o chefe do meu pai, por medo de represália e, no fundo,
pensarem que eu só pensaria no dinheiro dele.
Sorvo todo ar ao meu redor, hipnotizada com sua beleza, como pode
ter ficado ainda mais bonito? E... a mão? Quente... os dedos englobam
quase toda a minha palma, me conduzindo como na dança pela casa até a
cozinha. Vejo que Heloise e minha mãe cerram a porta do corredor.
Vadiazinha.
O meu casamento.
Nem sei como cheguei aqui, essa semana que passou simplesmente
passou sem eu ver.
Eu não quis ver, nem falar, nem ouvir sobre Vincent, sei, através da
minha mãe, que ele me procurou, já que eu o bloqueei do meu celular. Claro
que se ele insistisse ou batesse à minha porta não teria jeito, contudo,
respeitou a minha decisão de ficar sozinha e viajou essa semana.
Kate ter me ignorado, falando que eu era igual a todas as pessoas
enricadas que ela conhecia, foi penoso e triste para mim.
— Isso não parece certo. — caminho até ela, o véu balança pela
brisa de alto-mar. Olho de novo inquieta para Vincent, que eleva a taça para
mim num brinde, como sempre está lindo, hoje especialmente.
— Albert não tem jeito, depois lidamos com eles. Vem, vem
comigo. — tento resistir no mesmo lugar, quem eram eles? Porém Vincent
usa toda a sua sedução, no sorriso, nos gestos, quase posso concordar com a
minha mãe sobre ser um anjo.
Vincent me guia pelo iate, olho-o de baixo, observando melhor seus
cabelos pretos, a pele branca, sinto seus músculos deliciosos me embalando,
o vento ulula, posso ver um pouco do seu abdômen, tenho que reter a
vontade de passar meus dedos nele.
Meus olhos percorrem mais abaixo, vendo o... volume, Deus! Minha
imaginação percorre por lados obscuros, relembro de imediato a noite que
coloquei o vestido para ir à sua empresa e... me toquei, pensando nele.
— Não! — porém ele parece não ouvir, seus lábios passam pela
minha panturrilha, seus dedos tiram as minhas sandalhas, tento me debater,
em protesto, mas não causo efeito algum.
— Amy, se permita sentir o que eu queria que tivesse sentido depois
da reunião. — respiro descompassadamente, tudo fica turvo quando sua
língua alcança a minha coxa. Habilmente, Vincent ata meus punhos com o
véu, seus olhos cheios de lascívia magnetizados aos meus naquele ambiente
de penumbra. — Agora você é minha!
— Nã-não sou... de ninguém... — jogo a cabeça para trás, tentando
disfarçar o prazer que o roçar do seu rosto na minha pele provoca. Ele
lambe meus pés, seus dedos puxam a calcinha rendada e, sem demora,
sinto... sinto sua boca me tocar entre as pernas.
— Fala, sou seu marido... pode falar tudo pra mim, está gostoso,
honey?
Desgraçado!
— Você é linda. — diz, lambendo meu pé, até seguir dentro de mim
novamente com a voz naturalmente sedutora, seguro a respiração, sinto
gotas de suor sob meus cílios, mesmo no ambiente climatizado. Ele ondula
o corpo, como o oceano calmo abaixo de nós.
Viro o rosto, não... eu não acreditava, fui uma moeda de troca por
dívida do meu pai.
— É retaliação pelo carro!? — não consigo gritar, ainda estou
cansada e sem saber como pude ter tanto prazer assim. Ele me pega em seu
colo, me levando até lá fora.
Amy me evita e isso dói, mas sei que terei muito tempo para
convencê-la de que não, não me casei por pena ou por dívida, e sim porque
estou fascinado por ela.
Albert surtou ao telefone quando contei, berrando que eu sofria de
obsessão patológica, que, segundo ele, bilionários com passados escusos
eram vítimas, por não ter Amy quando eu queria, depositei nela uma
espécie de “idealização”, um amor que eu achava existir.
Meu pai sorri de lado, olhando para mim, depois para o iate.
— Bonito aqui, casar em um iate na costa Azul da França quase no
inverno é... uma superação, Vince. — miro meus sapatos, dando uma risada
seca, eu não tinha o que dizer, na verdade. — As empresas estão indo bem,
prosperando, soube até que está expandindo para a América Latina.
A mãe e prima de Amy ao seu lado direito, eu, Albert e meus pais
ao seu lado esquerdo, beijo sua mão enquanto junto coragem para me
levantar e brindar.
— O casamento está lindo, desculpem fazê-lo tão de repente. —
começo, batendo uma colher de sobremesa na taça. — Obrigado por terem
aceitado o convite em cima da hora.
— Uma pergunta de cada vez, Amy, por hoje vamos ficar com a
pergunta “o que está acontecendo?” — voltando a se posicionar atrás de
mim, sinto que ele abre os botões feitos de pérolas do vestido, sem pressa.
— Estou louco por você e quero só te proteger.
— Não faz ideia o quanto eu esperei por isso... — inala meu cheiro,
puxando meu cabelo, beijando minha bochecha, lambendo meu colo, suas
mãos espalmam a minha bunda, apertando, a outra força meu braço a se
abrir, para que possa ter acesso aos meus seios. — Você não tem ideia de
como é linda, Amy.
Nos olhamos por vários segundos, ele enrola o lençol com o dedo,
me levando para si com o tecido e sussurrando:
Desfrute essa manhã para fazer o que quiser, ok? Seu beijo tem
gosto de chocolate.
V. H.
Capítulo 16
Não durmo.
Quero checar cada vez que seu peito sobe na inspiração e desce na
expiração, Amy tem um sono agitado, vez ou outra chama pela mãe, vacila
por toda a extensão da cama, com o que será que sonha? Ou tem pesadelos?
— Não... — ouço-a dizendo quase pela manhã, caminho para o
closet vagarosamente para não a acordar, depois que finalmente adormeceu
em meus braços.
Abro a porta e começo a arrumar a gravata no corredor, onde vejo
Agnes com uma bandeja.
— O café da manhã que pediu e... festa linda, Vince, parabéns, pena
que não ficaram mais, foi muito bom ver Anthony e Angela, sinto falta
deles. — arruma minha gravata. — As pessoas estão festejando até agora.
— Tem certeza que não vão voltar à França para a lua de mel? —
nego, pegando uma das torradas.
— Tudo foi feito muito às pressas, depois eu penso nisso, bom dia.
— espio Amy pela fresta da porta, pernas longas para fora da cama, braços
sobre os olhos. Eu engulo, seio à mostra, quando minha governanta fecha a
porta.
Ando apressadamente para um dos carros, sorrindo como há tempos
não sorria, cumprimento os funcionários da casa e dispenso motoristas, eu
queria dirigir, precisava de distrações para as mãos.
— Casada comigo. — sussurro a mim mesmo, assim que sinto o
vento do começo do inverno chicotear meu rosto.
Vincent & Amy os nomes vazados em ouro avermelhado na pulseira
delicada, fina, que não tenho qualquer dificuldade em colocar no meu
punho. Eu puxo minhas pernas, me abraçando em dúvida se meu estômago
está em conformidade de comer alguma coisa ou não, apoio a cabeça nos
joelhos, ansiosa, quase me beliscando, estou mesmo casada?
— O meu cartão?
Sei que Amy está na avenida Princes Street, na Palácio Café, que
bom, sorrio... ótimo que eu possa proporcionar bons momentos.
— Isso, ele disse que além das ações, pode entrar com acionistas da
própria empresa, o que acha? — levanto, pegando algumas pastas e meu
laptop.
— Senhor Henderson, tudo bem? Espero que seu pai esteja bem. —
Anísio coloca a mão no ombro do filho. — Esse é meu garoto, medicina,
acredita?
Bato a mão na mesa, Robert está pálido, mal se mexe, coloco os pés
na mesa, meu funcionário murmura “licença”, fechando a porta do seu
escritório, saindo, tá vendo? Por isso gosto do sujeito, nem precisei mandar
e já vazou, sabe que o assunto é pessoal.
— Ex-namoradinha e minha mulher. — rodopio a aliança. — Que
mundo pequeno, senhores Lamay. — faço uma careta. — Nome estranho,
mas vamos ao que interessa, eu posso negativar qualquer linha de crédito do
senhor, em todos os bancos, de todos os países...
— Shhh, ainda não acabei, será que o senhor não sabe ouvir? —
descruzo os pés, levantando teatralmente. — Eu dou o dinheiro para a
clínica do garoto, se ele se formar, claro. — dou uma piscada enigmática,
folheando as páginas do contrato proposto. — Aceito a linha de crédito
pedida com a condição de eu ser acionista majoritário e esse e é bem
grande...
Ela está tão seca, chateada, não sei, assim que penso em dar meia
volta para a mesa da minha mãe, encaro minha amiga num tom de voz mais
elevado.
— Achei que fosse diferente, Amy, não que fosse cair em tentação
tão rápido e ainda levar as meninas! Qual seu próximo passo? — enfeza,
chego a abrir a boca para me defender, mas ela segura meus ombros, me
colocando de lado. — PRÓXIMO!
Ela se joga em uma cadeira, toco em seu ombro, mas ela recua,
olhando para mim, ferida.
— Essa cara de boneca, esse cabelo anjo e esse corpo lindo...
padrãozinha, o que você fez para que ele te assumisse assim? — seu olho
encara minha barriga. — Você não me engana.
Suspiro fundo, sentando ao lado dela.
— Achei, por um momento, que você estava saindo com ele pelo
emprego do seu pai, sei lá! Mas casar é algo muito além, você tá grávida
dele?
Volto para a mesa, minha mãe conversando com Heloise, assim que
me sento, desligam.
Cerro meus dentes em tensão, o que um deus como ele viu em uma
reles mortal como... eu? E se Kate estivesse certa sobre nossos mundos não
colidirem, nem orbitarem na mesma direção?
— Você fala com cinismo, filha. — aparentemente não se abala,
dando outra mordida no seu doce. — Por que não pode aceitar um homem
bom como ele? Ou preferiria ser humilhada por Conrad? — deixo o
chocolate suspenso, fico pensativa.
— Que tal você ir comigo num shopping e você vai em umas lojas?
Chame suas madrinhas, converse, saia, viva... é o seu momento de ser feliz,
filha. — seu sorriso me aquece, ela termina de tomar seu café. — Eu vou
pro apartamento, a Heloise está animada para a cirurgia, até mais do que eu.
— Para com isso, pelo que contou pra gente, você bem que
aproveitou a festa, não? Ele mandou bem com a língua? — Daisy tenta
racionar sua atenção ao seu kindle e a mim, abaixa-o e, interrompendo a
amiga, aponta para a presente opção.
— Esse, o vermelho. — Daisy emenda. — Desde que você botou o
olho naquela foto que eu te mostrei, sabia que ia dar bom. — com exceção
de Kate, as duas riem alto, mordo o lábio, tentando arrumar a lingerie ao
meu corpo.
— Vamos que a gente ainda tem que dormir cedo, boa sorte, Amy.
Assim que minha rola entra em sua buceta apertada e inchada, ouço
seu gemido, não consigo me controlar. Apoio a mão em suas costas
delicadas, a outra aperta seus seios, junto suas pernas e a cascata dourada
dos seus cabelos molhados cola na minha pele.
— Quer bater uma punheta pra mim, é? — sinto que sorri no meu
peito, escondendo o rosto de vergonha? Faço que olhe para mim, procuro
seus olhos. — Se quer me dar prazer, Amy, olha nos meus olhos e diz o que
quer fazer.
Ela deixa os cabelos esconderem suas feições, mordendo o lábio,
ainda insegura, cochicha:
— Eu queria ir ao café...
— Ir ao café? Ao Palácio Café? — um pedido tão simples, relaxo a
minha coluna, colocando um braço para trás da minha cabeça, alisando seus
ombros ainda tensos.
— Me deixa te... chupar? — ora, ora... meu pau enrijece ainda mais,
se possível, com a menção de ter essa boca linda em mim.
Eu sento no colchão, ela não se move, passo as costas das mãos pelo
rosto delicado, vejo os olhos outonais abrirem-se em um sorriso preguiçoso,
ela olha para os lados numa exclamação genuína.
— Nosso peso mais o do trenó quebrou o gelo e... senti meu irmão
perdendo a vida, agarrado a minha mão, fui resgatado de helicóptero e
fiquei internado até o ano novo, hipotérmico, doente, foi quando eu soube
que minha mãe tinha se cegado.
— É triste, Amy, sim... é uma dor que nenhuma mãe deveria passar.
Depois disso, meu pai tentou cuidar de mim, mas... ela gritava e gritava
pelo nome de Mat, então ele decidiu me emancipar e me deixar aos
cuidados de Agnes e dos meus padrinhos, os pais de Albert, que também
não moram aqui.
Amy me dá a mão quente, vou conduzindo-a até o chuveiro, então
reparo que falei sobre o assunto sem chorar, pela primeira vez. Abraço-a,
me despi completamente em sua presença, não fugi do assunto, não me
zanguei, só remanesci a saudade, eu passei bons momentos na breve vida de
Matthew Henderson.
Acredito que qualquer estrela que ele tenha se tornado no céu, Mat
brilha por mim, abraço-a mais forte. Eu sou eternamente grato pelo meu
irmão e devo ser igualmente por ter essa mulher em minha vida.
— Me deixa ajudar nos preparativos ao menos? — peço a Agnes,
que nega mais uma vez. Ando de um lado para outro inquieta, arrastando os
pés, até conseguir um pouco de atenção da governanta, que informa:
— Amy, por que você não vai na sua mãe como ontem? Ou faz
compras? Aqui o senhor Henderson não comemora Natal, não há enfeites e
eu preciso deixar tudo pronto para minhas férias, serão curtas, prometo,
enquanto isso vá ao centro. — voltando aos seus afazeres, sem me dar
maiores explicações, faço o que praticamente manda, que eu saia do seu
caminho e a deixe trabalhar em paz.
Encaro-o, respondendo:
— Trabalha pra mim, vou adorar ter sua bunda linda contornada em
uma saia ao estilo do café. — eu não iria conseguir nada dele. Ao ver minha
frustração, Vincent muda de assunto.
— Amy, mesa sete! — Kate anuncia e qual não é a minha surpresa ao ver...
Thomas sentado. A música natalina suave preenche o ambiente, há alguns pisca-
piscas, mas não gosto mais desse brilho intenso depois de saber o passado de
Vincent.
— Para quem até pouco tempo atrás dizia não conhecer ninguém, até que
você se enturmou bem rapidinho não é mesmo? — enrubesço no mesmo instante
com o comentário.
— Senta comigo por alguns instantes? — olho para Melanie, que entreolha
Daisy, que assume o lugar de Kate, que por sua vez, mostra o número cinco para
mim com os dedos.
Thomas continua:
— Não acredito que está mesmo casada, sei lá, me sinto meio enganado.
— ri seco, tomando um copo d’água que estava esquecido na mesa. Meu colega
faz um esforço para tentar parecer mais robusto, forçando os braços para que os
bíceps fiquem em evidência, decido terminar a conversa:
— Eu realmente sinto muito que pense isso de mim, não sei, talvez se eu
estivesse na sua posição ficaria feliz. — dou de ombros, me encolhendo em
seguida. — Sei lá, tipo, a gente não tem química.
Eu me arrependo imediatamente do que falei, Thomas inflama o olhar,
pegando o menu, empertigando-se como um pavão raivoso.
— É? Sem química? Bom, que tal fazer seu trabalho e me trazer esse doce
aqui... esse cookie de gengibre e canela, traz também um leite quente com mel,
gotas de chocolate e me traz também uma bomba de chocolate e creme para
viagem, vadiazinha.
Minha boca seca, sinto uma opressão no meu peito, levanto, batendo com
as mãos na mesa bamba dele.
Kate recebeu uma ligação inesperada da mãe — uma chamada urgente que
a arrancou do trabalho. Não houve tempo para discutirmos sobre Thomas, ainda
bem, porque eu não queria falar sobre ele. A pressa de Kate deveria ser enorme, já
que ela prontamente aceitou a carona de Melanie, mesmo ciente das habilidades
duvidosas dela em pilotar sua moto.
Decido sufocar esse instinto e digito uma mensagem para que Pacco venha
me buscar. Não dá tempo, vejo a silhueta de Thomas debaixo de um toldo em uma
loja fechada para as festividades.
Tremo, não somente pelo frio, mas também pelo medo. Thomas não diz
nada, correndo em minha direção, me segura pelo punho.
— Abre, você precisa tomar algo quente. — seu olhar recai para a minha
saia, os segundos se arrastam, cada instante se transformando em uma eternidade
de incerteza.
Eu nunca me senti uma presa tão indefesa e vulnerável como agora, nem
no dia do assalto, cada batida do coração ecoa em meus ouvidos, marcando o
ritmo desenfreado do medo que percorre minhas veias.
Eu minguo, meus lábios tremem, não quero chorar... olho-o com a voz
embargada.
— Não importa, quero trabalhar aqui! Pela primeira vez tenho amigas, um
trabalho que me sinto bem, posso comer docinhos e... e me sinto com raízes, ok?
— expiro, controlando minha respiração, mas uma lágrima escapole do meu olho,
enxugo com a manga do casaco.
— Hãn... posso fazer o café gelado e tem alguns cookies ainda quentes de
gengibre... — imagino o que pretende, já que acabamos de ter um encontro terrível
com Thomas, se Vincent não tivesse chegado... mas não consigo pensar muito
nisso. Vince fecha o cardápio, colocando-o com elegância na mesa.
— Traz pra mim? — seu sorriso me aquece, seu braço musculoso se apoia
na cadeira, o outro apoia a cabeça e seus grandes e brilhantes olhos transmitem
uma estranha sensação de prazer... pós trauma?
Como pode achar que eu não saberia onde está... que ingenuidade.
Não iria, mas conversei com Albert no mesmo dia, descobri que ele
está mais do que interessado em Melanie Hudson e que a ideia de comprar
esse lugar partiu mais dele também, só dei um empurrão como investidor
fantasma.
— Quero que sinta seu paladar doce toda vez que gozar pra mim,
honey. — melo sua boca com o chocolate, ela lambe meu dedo, os seios
colidindo um no outro, afrodisíacos.
Ela me beija com força, envolvendo os braços no meu pescoço,
seguro-a pela cintura, Amy faz com que eu prove o chocolate dos seus
lábios quentes, sua língua lambe a minha boca, expiro forte... gozando.
Amy sorri para mim:
Eu seguro seus seios, sem notar que rasguei também a camisa, esse
uniforme é um crime, deslizo minha língua pelas costas quase nuas, que...
foda! Aperto sua cintura, espalhando os cabelos loiros, sem crer que vou...
vou gozar de novo!
Amy me observa sobre os ombros, aqueles grandes e femininos
olhos magnetizantes, dou outro tapa em sua bunda, dessa vez o som do
estalo é mais alto, unindo-se ao ambiente sexual da nossa foda.
— Ah, Vice! Obrigada! Não sabe como é... importante pra mim! —
ela pula, me abraçando, sussurro em sua orelha pequena:
— Não minta mais pra mim... não se coloque em perigo à toa, Amy,
não suportaria te perder. — ela sorri, dessa vez, um riso contido e sem
graça, as bochechas inflamam num tom avermelhado da aurora, algumas
poucas sardas abrilhantando o rosto angelical.
Sou um hipócrita, por um momento penso que talvez fosse melhor
contar a Amy sobre o cassino, a roleta, minha genuína intenção de levá-la
ao altar independente de um contrato lavrado em cartório ou de seu pai.
Beijo o rosto dele, que abaixa a cabeça por alguns segundo, sou
presenteada com a vista de suas costas malhadas, as pernas firmes... deslizo
as minhas pelas dele, envolvo minha mão em seu... pau.
— Vem, Amy, se quer aprender a bater uma pra mim, vai ter que me
deixar ver. — suspendo minha respiração, ainda me acostumando com as
palavras, não que eu não gostasse, eu adoro... somos casados afinal de
contas, ouso:
Mas o quê?
Olho os belos cabelos crespos da cantora num black poderoso, igual a
uma coroa, a pele reluzente com pinturas douradas, belíssima, minha garganta
fecha, é... é ciúmes?
Não quero pensar sobre isso hoje, não hoje, balanço a cabeça, ele se
aproxima com um sorriso... aperto qualquer botão, mas só faço com que o show
dela vá para o home theater, potencializando a voz de Lessie.
Enquanto Vincent escolhe o carro que quer dirigir, fico pensando que
estou há apenas um dia sem celular e que minha mãe e ele conversavam como
velhos amigos, com qual frequência?
— Filha, feliz Natal, olha o que eu compramos pra você. — minha mãe
sorri genuinamente, Heloise vem me abraçar, Melanie e Albert trocam olhares,
Vincent toma um pouco de champanhe, as ações ocorrem ao mesmo tempo,
porém parece ser em câmera lenta.
— Não precisava, mãe. — foco meu olhar nela, que me dá uma caixinha
de... celular, rio, abraçando-a, sinto o cheiro gostoso de especiarias e do assado,
Heloise se precipita:
Um celular novo...?
E eu não vou ter acesso? Eu avisei Lynda que eu iria comprar um!
Caralho...
— Você comentou que Amy perdeu o celular ontem com a Lynda, achei
que seria legal trazer um para ela, aí Melanie não ficaria com vergonha de aceitar
um meu. — Albert conta em tom de confissão... então foi ele!
— Seeei... então, você e Melanie estão se acertando bem, pelo que posso
ver. — Albert concorda imediatamente, dando um gole exagerado na bebida,
abaixando o tom de voz.
Albert nega, aparentando tensão, sei disso porque toda vez que fica assim,
coça a nuca, passando os dedos pelo cabelo:
— É... bem, ainda não... mas depois das festividades eu conto... seu pai
ligou? — Albert tenta mudar de assunto, dou de ombros, respondendo:
— É sempre uma data muito difícil, você sabe, se não fosse por Amy ter
insistido para que eu viesse, teria ficado em casa ou ido ao memorial de Matthew
no jazigo da família.
Eu não gosto de falar sobre meu irmão, nem meus pais, omito do meu
amigo que recebi uma mensagem e que não tinha respondido, estava arquivada,
sem nem mesmo ter visualizado.
O que conversavam?
Mas secretamente, sei que algo está errado comigo, a incerteza persiste, e
se um dia Gordon voltasse? Os pensamentos pairam como uma sombra sobre o
Natal perfeito que se desenrola diante dos meus olhos.
A mesa festiva localizada no centro da sala, está repleta de comidas
saborosas, todas decoradas com arranjos florais. Os aromas irresistíveis dos
pratos tradicionais permeiam o ar, as cadeiras são confortáveis, dispostas ao
redor da mesa, Lynda e Heloise nos convidam a sentar e desfrutar.
— Que bom que deu certo nos reunirmos para esse Natal maravilhoso! —
Lynda diz, erguendo uma taça com água, — nesse momento queria agradecer a
Vincent e ao doutor Albert, que já marcou a minha cirurgia.
Amy sorri para mim, dizendo “obrigada” com os lábios, muito embora
Kate ainda me olhe com desconfiança, Daisy e Melanie cochicham e riem,
Heloise diz:
Eu sou acostumado com isso, pelo menos, deveria ser, todos me olham
como a um salvador, se soubessem, Amy pede licença às amigas e vem se sentar
ao meu lado, tão carinhosa, gentil, angelical... mas Kate me incomoda, seu olhar
não é julgador e constante.
Eu não sei se quero dividir a atenção dela com uma criança ou crianças,
nunca pensei sobre o assunto, antes que comecem a se animar com a
possibilidade, limpo a garganta, passando o guardanapo na boca:
— Vince, vai ser como nos velhos tempos!? Estou louco para viajar! —
Melanie e Daisy começam a fazer as contas sobre o tempo que ficarão longe do
Café e que precisarão falar com o patrão delas, pobrezinhas, mal sabem que eu
sou o novo proprietário.
Sorrio para Albert, enquanto Amy está tão feliz que começa a fazer
planos e uma rota de passeios, mas... Kate é quem interrompe o falatório:
— Não... ah! Nunca mais um bilionário vai me chamar pra nada! — olha
para mim, corada, se corrigindo, — bem... quer dizer...
Nããão... seria melhor colocar na conta do Albert, que fez a merda de ter
falado, e; teoricamente, não seria mentira, porque ele tomaria conta do comércio,
eu só entrei com o dinheiro e o know-how mais nada.
Certo?
Bert parece um golden retriever de tão feliz, mal sabe que eu nunca quis
socá-lo tanto como nesse exato momento, definitivamente, odeio Natal!
Heloise avisa que vai deixar a chave extra para uma das enfermeiras e
fisioterapeutas que Albert indicou para não interromper o tratamento de Lynda,
deixando as louças para uma das faxineiras contratadas.
Mesmo com tudo isso, Amy ainda se preocupa tanto com a mãe...
observo como a abraça com carinho, o esmero que ajuda com o remanescente do
banquete, sempre tão cuidadosa, gentil e prestativa.
Eu não tive muitos momentos a sós com a minha sogra desde o contrato
de casamento e, na verdade, era melhor assim.
A gente se comunica pelo amor que sentimos por Amy e é isso que
importa no final das contas. Estendo a mão para Amy, infelizmente ela guardou o
celular na bolsa que Heloise costurou.
Ela me dá a mão, mas sei que está inquieta, se coçando para perguntar
sobre o café, mas ela não vai falar, porque ela sabe como o Natal é importante
para mim, meu celular toca, pego e me deparo com o meu pai, paro meus passos,
atendendo:
— Filho, meu garoto, você está bem? — sorrio, vendo atrás dele minha
mãe numa cadeira de balanço, costurando um cachecol...
— Oi, pai, bem e vocês? — meu pai ri, dando tchau para Amy, que o
cumprimenta com entusiasmo.
Olho para Amy que abaixa a cabeça, capto que ela sorri... eu a ganho na
França, vou fazê-la esquecer sobre a cafeteria, depois me entenderia com Bert,
meu pai desliga, não posso deixar de pensar em Matthew, sempre penso no meu
irmão e, encarando Amy, enlaço nossas mãos.
Vincent chama o elevador, olhando para mim, ele sabe que eu não gostei,
seus dedos pressionam os meus, coçando a barba rala, sorri:
Por que estou assim? Medo? Não posso ter medo dele.
Minha mãe, na hora que me abraçou, sussurrou um “dê um sorriso, filha,
fique feliz que Albert comprou o café”.
Eu me abaixo, arrumando a minha bota, pretexto para não dar a mão a ele.
Estou tão confusa, — quando entramos no carro —, Vincent olha para mim,
piscando lentamente.
Ele justifica:
— Ah... — seu rosto se aproxima, seus lábios encostam nos meus com
carinho, — eu não sei de todos os investimentos, Amy, eu cuido mais da parte
burocrática, entende?
— Então... você não sabia que Albert vai ser meu novo chefe? — Vincent
respira fundo, pousando sua mão na minha perna, seus olhos me esquadrinham
como lanças flamejantes cravando em minhas pupilas.
— Vou falar com o piloto do jato, assim nem vamos para casa, vamos
direto para a França.
Eu não sei o quão alto posso erguer os muros entre ela e o mundo, só sei
que enquanto puder trancá-la na torre de cristal que eu mesmo construí, irei fazê-
lo. Não penso em Natal, minha cabeça oblitera qualquer tipo de lembrança
profunda de Matthew.
Acho que é um artifício que consegui aperfeiçoar através dos anos, minto
sem muitos remorsos, até a mim mesmo e não sei o porquê fico me justificando,
Amy jamais saberia.
Dirijo olhando-a vez ou outra como um imbecil, sou tão apaixonado por
essa mulher que começo a duvidar da minha própria racionalidade, indo
diretamente para o heliporto.
Aviso o piloto que pediu cerca de uma hora para arrumar a tripulação,
começo a entrar no clima de viagem ao observar o entusiasmo de Amy.
— Nunca andei de avião… e a primeira vez vai ser num, como é o nome?
Jatinho? — rio, percorrendo com os dedos em seus braços, após ter tirado o casaco
dela e colocado sobre suas pernas.
O sol esboça raios preguiçosos pela neve, espero que não seja um
empecilho para a viagem, tudo está movimentado, o calor da pele dela me envolve
como a beleza da neve que brilha, como se não fosse perigosa, pintando o rio
Forth com tons de azul gélido.
Amy tem uma postura elegante, o cabelo caindo com delicadeza pelos
ombros, controlo minha ereção ao volante não com muita facilidade enquanto me
concentro na movimentação ao redor.
Ao tocar na mão dela, que repousa delicadamente sobre o console central
do carro, sorri:
— Hm? — olho-a curioso, ela se apoia na minha perna, ofego, ela pretende
me chupar enquanto dirijo?
É isso mesmo?
Amy envolve meu pau em sua boca e, Céus! Só posso estar a um passo
mais próximo ou do céu, ou do inferno… provocante, ela sabe que tenho que me
concentrar, pareço um maldito adolescente de quatorze anos, idade que perdi a
minha virgindade com uma mulher bem mais velha… não que isso importe.
O cabelo loiro de Amy se espalha pelo meu corpo, sinto minha respiração
em suspenso, aperto o volante com força, um calafrio deleitoso percorre todos os
meus membros, assim como os meus músculos, devo admitir que ela está
começando a ficar boa nisso.
Outra notificação sobe… Albert dizendo que vai levar Melanie junto e que
já está no caminho para a minha casa, ah! Maldição… não consigo responder, não
agora, Amy engasga e eu fico mais e mais excitado, isso está muito bom, bom
demais.
Dou seta, parando no acostamento, Amy faz menção de parar, minha voz
sai autoritária e baixa:
— Não para… — Amy ergue seu olhar para mim… é como ver o
desabrochar da primavera, além de linda, quente, é gostosa em tudo, me leva às
alturas, não me seguro muito, gozo em sua boca e me surpreende que ela engula a
minha porra… safada e minha.
— Aquela cafeteria vai ser uma mina de ouro, Vince! — sinto um certo
ciúmes daquele lugar, o doce que coloquei na boca de Amy enquanto gozava é um
sabor para minha imaginação, para sempre, fora o aroma do café, — por isso eu
decidi dar para Kate e Daisy gerenciar.
Merda, meu amigo é louco? Elas não sabem empreender, cacete, repreendo-
o:
— Mas Albert, elas não vão saber empreender! — me exaspero, irritado!
Elas iriam contar… Daisy e Kate, principalmente Kate, iria falar, — cacete, Bert!
Deveria ter me falado antes de decidir tão importante.
Melanie vem em minha direção, meu amigo não responde, decido chamar o
piloto que se aproxima de Amy, dou a mão a ela:
— Bom dia, Brown, esta é Amy, minha mulher, Melanie, a amiga dela,
garotas esse é o piloto, o comandante Brown, — cumprimento-o dando a mão, eu
queria estar mais feliz, porque Amy realmente está se soltando… se entregando a
mim, apesar de Melanie e Albert, — Albert, o piloto Brown, acredito que já
conheça.
Amy vem para o meu lado, sorrio, beijando seus lábios, Melanie olha tudo
com curiosidade, Albert me dá um tapa nas costas:
— Explica pra elas sobre o jato, Vince. — Albert se senta preguiçosamente
em uma das poltronas, esparramado e preguiçoso, não tem como não rir.
— Melanie, Amy, a aeronave dá até para dezoito passageiros aqui, —
seguro a mão da minha mulher, mostrando as poltronas espaçosas, que inclinam
até se converterem em camas, claro que Albert já está deitado, — em menos de
duas horas a gente chega.
— Mas é claro, só vou mostrar tudo a vocês. — Amy observa as TVs com
conectividade sem fio, deslizando os dedos nas taças da cozinha acoplada, percebo
que a pulseira reluz com o sol.
Eu pagaria quanto fosse para vê-la feliz, Albert toca em minhas costas,
pedindo para que eu sente na poltrona, dou sinal ao piloto para partirmos.
— Preciso ligar para o Brian. — digo, Albert concorda, que meu advogado
deva me auxiliaria no que dizer.
— Ah, Vince, eu nunca imaginei que pudesse ser tão… tão lindo! —
envolvo-a, Melanie dá um beijo em Albert, em seguida, se vira para mim:
Meus dedos deslizam por um móvel, que está cercado por correntes
vermelhas de museu, em destaque no ambiente pouco iluminado pelo clima.
— Honey, esse aparador foi dado ao rei Luís XV, — ela me olha,
interessada, Melanie a acompanha, Albert abre a porta do quarto que sempre fora
destinado a ele. — É um trabalho artesanal dado ao rei pela família de sua amante,
a marquesa de Pompadour.
O homem altivo, na casa dos setenta anos, que conheceu minha família e...
Mat, na única vez que veio aqui quando vivo, acena um “sim” elegante:
— Senhor, Lesse B está hospedada aqui e... insistiu em falar com o senhor.
Merda!
Capítulo 25
— Minha mãe vai ter um treco quando souber que vim mesmo! —
exclama Melanie, radiante, sorrio para meu celular novo, tirando uma foto
nossa.
Paris é ainda mais bonita do que imaginava, quem diria que a filha
de um empregado viria um dia para cá.
Que dor de cabeça.
Brian me liga via vídeo para combinar algumas respostas, enquanto
saio e me deparo com uma chuva de flashes, repórteres loucos para ter uma
notícia, algumas câmeras na minha direção.
Meu amigo, como sempre, se mandou… dizendo que iria atrás das
meninas, me deixando com a parte triste da situação toda.
Apesar de ter uma vida reservada, não posso dizer que sou ou fui
santo. O meu relacionamento com uma celebridade como Lesse B, — Mary
Bernadette — só aumentou as fofocas, atraindo o interesse da mídia para
minha vida, até então, pacata.
— Acho que eu sou sortudo por ter uma mulher como ela. —
respondo, os microfones quase batem no meu queixo, mas não me importo,
era melhor acabar com isso de uma vez.
— Nem sabia que tinha isso. — coço a barba intrigado, — não sei,
alguém em mente? — todos riem, ela se cala, pensativa, apertando um
ponto no ouvido, provavelmente irritada por não conseguir pensar em outra
questão.
— Há um contrato de casamento?
Engulo o nó que se faz na minha garganta, controlando a imensa
vontade de esmurrar o filha da puta, só pode ser contrato de casamento,
respondo seco:
— Não.
— Aqui, direto da emissora… NTV, o senhor conheceu a sua mulher
onde? Ainda estava com Lesse B? Ela é o pivô da sua separação com a
artista? — a mesma jornalista da revista Who do solteiro alguma coisa,
franzo a testa:
— São três perguntas, não? — ouço os burburinhos de insatisfação
dos colegas dela, decido aproveitar a situação a meu favor, — depois delas
estou liberado? — rio, tentando aparentar um bom humor inexistente.
Continuo:
— Tudo bem, vou pedir para abrirem a sala de reunião. — ela entra
na minha frente, colocando a mão no meu peito, me interrompendo.
— No meu quarto, pode ser? — sinto um desconforto intenso, mas
tudo bem, seria mais adequado, mais privado e acabaria com isso de uma
vez.
— Tudo bem, aqui, eu peço o elevador. — aperto o botão.
Sim, não esqueci do vestido. Nunca levo uma mulher para a cama se
não estiver interessado, mas espero que ela saiba disso.
— Não posso acreditar que você se casou… — ela diz assim que
entramos no elevador, aperta o botão do andar. Eu cruzo os braços, sentindo
a tensão aumentar.
Assim que o andar chega, ela segue decidida até seu quarto. Alguns
seguranças trocam olhares, ela abre a porta e quase me empurra para dentro,
revelando sua impaciência.
Bufo, irritado:
Que situação eu me meti, logo Amy iria chegar e o que iria saber?
Que estou no quarto de hotel com uma ex, revido:
— Não, não está. Foi amor, Mary, espero que tenha isso na sua vida
um dia, só posso te desejar sorte. — decido sair daquele cômodo, Lesse me
abraça por trás, segurando forte, aparentemente chorando.
— Deixa eu conhecer ela, então, Cent; aí quem sabe a gente não faz
a três?
— Ela queria, não sei, acho que voltar. — resumo, Albert não se dá
por satisfeito, fazendo uma pose de pensativo, estalando os dedos:
— Tá, vamos almoçar? Você me conta. — a ideia não me parece
ruim, entro em seu quarto, me largando no sofá.
— Eita. — fala baixo, ficando com o rosto sério, não queria nada
demais, só alertá-lo a não falar mais nada sobre a bendita cafeteria ou faria
harmonização facial caseira só o esmurrando, quando voltarmos.
Capítulo 26
Após horas de conversa com Bert, o galã prometeu ficar de bico fechado com elas
em relação ao Castelo Café, passei algumas instruções breves e planejamento de
pequenos negócios para que ele conseguisse falar sobre o assunto com Daisy e
Kate.
— E comprei uma torre que acende! Nunca vi. — abre uma caixa branca,
revelando uma torre Eiffel de um plástico emborrachado, não muito resistente, ela
coloca na tomada, simplesmente maravilhada por uma… torre de plástico, seus
olhos brilham.
Acredito que as luzes lhe encantem, Matthew era assim. Porém, está
gelada, sem luvas, ainda com as botas que veio, coberta por neve derretendo e um
pouco pálida.
Ela sorri, sempre o sorriso angelical que me quebra, corre para uma outra
embalagem personalizada da l’épicerie, a logo bonita, prata e bronze sobre o
fundo preto, onde há seis marrons, doce típico francês de farinha de amêndoa,
várias cores e recheios.
— Pra você! São de café, que sei que gosta, cappuccino e chocolate, eu
que comprei com o meu dinheiro, — olho-a confuso, — é um presente, Vince, —
ri, jogando os longos cabelos para o lado, — obrigada pela viagem.
Eu não acredito que ela tenha comprado doces para mim, por quê?
— Não precisava… e é para usar o cartão que te dei, faça compras, honey,
sem se preocupar com na…
Ela pula no meu colo, sussurrando:
Não me importo com mais nada, início um beijo lento, caminhando com
ela nos meus braços, entrando no banheiro, minha mão já apanha seus seios,
enquanto a banheira enche, o vapor delicioso nos envolve.
Amy vai para o chão, olho-a tirar as botas, lentamente o casaco, a blusa…
não consigo nem fechar a boca, impressão minha ou essa garota está me fazendo
um striptease?
— Preciso tomar banho… — sorri, ergo-a pelo meu ombro, ela gargalha,
mordo sua bunda, colocando-a na beira da jacuzzi, Amy afunda nas espumas dos
sais de banho e se a visão de um mortal frente a uma deusa existisse, seria essa.
Os olhos pedem para que eu entre com ela, eu o faço, puxando-a para cima
de mim, Amy desliza devagar no meu colo, encaixando-se sozinha, deixo que
tome a iniciativa que quiser, gemo baixo, contido, é torturante a penetração tão
lenta, quase doloroso.
— Apertada pra cacete! — xingo em meio aos seus lábios, a água dificulta
ainda mais a penetração, a visão de seus seios na linha d’água, montando em mim,
me enlouquece de tesão.
Os sais de banho, deixando sua pele ainda mais lisa ao toque, permitem
que minhas mãos explorem sua bunda, introduzo um dedo, ela me olha um pouco
assustada.
— Só relaxa, vai ficar bom — beijo seu pescoço, lambendo seus ombros
de ponta a ponta.
Ela cede aos poucos, rebolando, os jatos d’água nas laterais, nas costas,
ondulando seus seios, molhando os cabelos loiros, mordo seu lábio inferior,
sugando-o.
Eu chego a salivar, estou tão excitado, ela é tão gostosa que nem me
lembro da dor de cabeça, Amy me abraça, escorregando um pouco, no fundo da
banheira, circundo o indicador em seu cu devagar, ela gosta, introduzo um pouco,
geme, se permitindo mais, se entregando mais.
Perigosamente mais.
Ela me chupa e não é preciso muito mais estímulos, estou tão sensível e
com tanto tesão que gozo rapidamente em seus lábios.
— Sou só sua... — assim que vou beijá-la, ouço alguém batendo na porta.
Amy coloca um longo e aconchegante roupão, — deve ser a Melanie, a gente
combinou que vai jantar nós quatro.
E eu pensando que iria rolar mais sexo depois, até a dor de cabeça sumiu,
mas fico feliz que ela esteja animada em se entrosar mais:
Ela anda um passo para dentro do quarto e eu? Só penso em chorar feito
uma boba, impeça, Amy, faça valer a sua vontade! — penso, irritada por minha
própria inércia.
— Achei mesmo que fosse uma moça mais nova, porém… — engulo em
seco, Lesse B me encara, perto do meu rosto, — não achei que seria tão sem graça
e até meio xoxa.
— O que ela faz aqui? — minha voz sai mais alta que o esperado, Vincent
parece pálido, colocando-se à minha frente.
— Não sei! Não sei o que ela faz aqui, honey e... — Lesse B gargalha,
colocando as mãos na boca, contorcendo-se:
Vincent tira a mão de Lesse B do seu corpo, chamando o segurança, ela faz
uma bola de chiclete, que explode, levantando as mãos, rendida:
— Ok, ok… eu já vou, mas se lembre do que eu te disse mais cedo, Cent...
— mais cedo? — eles se encontraram.
Não me importa.
Vadiazinha.
Grito:
— Amy, não precisa ficar com ciúmes, não vê que ela tá fazendo isso de…
Eu me enfezo:
Vincent fala com a voz baixa, ouço Albert mandar o amigo para o quarto
dele para conversarem, me apoio na porta, querendo escutar todas as ações, mas
não consigo.
Olho minhas mãos, meio zonza, irritada, enciumada, eu sei que deveria
conversar, mas não consigo, não agora, Melanie bate na porta:
— Abre, Amy, sou eu, vamos para um outro hotel? — limpo meu nariz,
está escorrendo, que inferno! Eu fico toda inchada, continuo com o roupão, o
cabelo bagunçando e o cheiro dele impregnado em mim.
— Não vai a lugar algum, — range os dentes, a voz baixa, severa, — não
precisa ter ciúmes… ela é uma mimada, terminei bem antes de te conhecer, Amy,
me ouve!
Tento puxar meu braço, ele tenta me envolver, me debato, dando um tapa
estalado em seu rosto, seguro o choro, Vincent não move o rosto:
— Você falou com ela antes? Hoje? O que prometeu? — empurro seu
peito, tirando as mãos no momento que tenha me abraçar.
— A gente prometeu nunca mentir, você tinha que ter me contado que ela
te procurou, era sua obrigação! — aponto o dedo em sua direção, dando um tapa
em seu peito… gostoso, gostoso filho da mãe! Eu o amo, mas não posso mais
conviver com mentiras, respiro fundo, quase perdendo o ar em seguida:
— Vincent, acho que a gente tem que falar sobre divórcio! — os olhos dele
arregalam, sua boca perde a cor, cambaleia até se sentar na cama, em seguida, me
mira.
— Não… Amy, divórcio? Você está louca? Divórcio por uma… uma
bobagem! Eu nem… — ele aperta os olhos, dando um murro na cama, me
sobressalto, logo em seguida, estende a mão para mim. — A gente vai para outro
lugar e...
— Não faz assim… por favor, me bate, se quiser, mas não saia com essa
neve, vocês duas sozinhas, — desalinhando os cabelos com os dedos, Vincent se
aproxima da porta, — pense na Melanie, pode dormir aqui, eu não vou incomodar,
só não fale em divórcio.
— Não vou dar merda de divórcio nenhum, garota, a gente vai ter uma
conversa madura! — ralha, chutando o que encontra pelo caminho.
Melanie vem para o quarto, consigo ouvir Albert falando o que houve. Eu
tomo uma ducha, mas estou tão magoada, sentida, humilhada e enciumada que
nem sei o que sentir primeiro.
Melanie luta contra o sono, mas após me ouvir pela centésima vez da
mesma história, deixo-a descansar, viro para o lado da cama, abraçando os lençóis,
me odiando por, sim, querer sentir o cheiro delicioso de Vincent Henderson.
Capítulo 27
Eu nem sei se consigo cochilar, vejo a torre apagar as luzes, a neve cair
calmamente, contrastando com o rebuliço inflamado no meu peito, acredito que
esteja até com febre de tanto, os raios de sol brilharem e arderem meus olhos, que
ódio!
Ouço o celular vibrando, demoro algum tempo para perceber que é o meu
e que a palavra “mamãe” brilha na tela, não sei se atendo, não quero preocupá-la,
lembro da cirurgia, não penso muito mais, atendendo.
— O que houve ontem, filha? — parece que sopra alguma coisa, com
certeza é um café com leite que eu ensinei a preparar.
— Ah… ele te ligou? — por que não me surpreende? Fecho os olhos, mas
os abro rapidamente, a imagem de Vincent impregnada na minha retina.
— Você não entende, ela está aqui, no mesmo hotel, mesmo dia,
aproveitou que eu saí com a Melanie e foi falar com ela, que apareceu aqui, aqui,
mãe!
— Você contou para o Vincent o que ele tentou fazer? — nunca falei com
ninguém sobre isso e acho que nunca falaria, embora tentada, minha mãe expira
forte do outro lado.
Acho que nem faz sentido o que eu disse — ela só quer ajudar Amy —
penso, me sentindo imediatamente culpada.
— Amy, eu já disse, não vai faltar mulher dando em cima dele, você tem
que contornar a situação. — ela volta a tomar o café, me levanto, olhando para a
janela inquieta…
— Fácil falar, filha, eu sei que é uma indireta, — seu tom de voz é brando,
calmo, como se falasse com uma criança de oito anos, — mas fiz de tudo pelo meu
casamento, para manter minha família, quando vi que estava insustentável eu fugi
com você.
Outra pausa, aquela noite foi tão horrível, nunca parei para entender o
ponto de vista dela, a do marido se jogar em cima da filha, para… continua:
— Você já tem vinte e um anos e tá se comportando como se ainda fosse
adolescente.
— A Melanie está aí, não está? Saiam vocês duas, é uma viagem dos
sonhos, você se casou aí.
E fugi não querendo encarar uma Lua de Mel, estava tão perdida e brava,
minha mãe continua:
— Você fala a língua, curso caro que eu sempre fiz questão que fizesse, vá
para uma livraria, sei lá! — a ideia não é ruim e certamente foi de Vincent, me
apoio no beiral da janela que antecede a sacada.
— Ok…
Minha mãe está do lado dele? Mordo os meus lábios secos, sinto que meu
corpo pede — implora por ele.
— Então, filha, me escuta… sei que não teve experiências amorosas e tudo
é muito novo, inclusive seu casamento, não precisa jogar isso na cara da sua mãe.
— Faz o que te digo, essa Lesse aí, que tem nome de cachorro, quer fazer
intriga, — não consigo pensar em outro adjetivo, realmente, Lesse não era o nome
de uma raça de cachorro? Ela ri, eu também, — pega a Melanie, vai resfriar sua
cabeça, depois conversa com ele, tudo bem?
Merda, agora essa porra de segurança vai se deixar entregar, levanto para
colocar um casaco, me deparo com Albert de calça jeans, tomando um suco de
laranja:
— Vince, bom dia, a Melanie tá preocupada que a Amy saiu sozinha, vou
lá com ela. — visto um sobretudo, apertando os olhos para me adaptar à claridade.
— Vince, sei que não é um momento muito adequado, mas… você fez um
contrato de casamento? — paro os goles no mesmo instante, meu olhar recai sobre
Albert.
— Nada, a gente tem mais assunto do que vocês dois, sabia? — ri, batendo
no meu ombro. Albert é o tipo de pessoa que sempre vê o copo meio cheio,
mesmo ontem eu tendo lhe dado um esporro, seu sorriso de cachorro labrador
continua.
— Poderia me dar bom dia, ao menos, né? — ele finge que não ouve, ando
de costas, mirando-o, — Não é legal seguir as pessoas, Vincent que te mandou?
Ele dá uma corrida até mim, um rapaz loiro, bombado, olhos muito azuis,
sem barba, um pouco carrancudo e atarracado.
Ele insiste:
Não enrolo:
— O que você quer? — o lugar começa a esvaziar um pouco por
passar a hora do almoço.
Amy toma a frente, brava, não… não está brava, pior, está
decepcionada:
— Não acredito que você falou com o Conrad, Vincent, justamente
com um dos homens mais desprezíveis e horrível que passou pela minha
vida, fora o meu pai!
A ligação me intriga, o que tinha a ver um com o outro? Sei que
Conrad foi um imbecil com ela, mas o pai?
Relembro:
— Aconteceu alguma coisa na noite que fugiu com a sua mãe para a
casa de Heloise?
Amy abaixa a cabeça, o cabelo loiro cobre sua face e,
definitivamente, não gosto de vê-la assim, ouço seu soluço, os pingos de
lágrimas caem nas botas.
— Amy, por favor… me conta o que houve naquela noite, seja o que
for, — enlaço nossos dedos, — nunca vou soltar a sua mão, eu te amo,
garota.
— Por que me ama? — pergunta, olhando inquisidoramente para
mim, — Por que não a Lesse B? — esfrega um lado do rosto com a mão,
deixando-o vermelho.
— Como você acha que é, para mim, saber que a mãe se cegou por
não conseguir enxergar mais nada, além da morte do filho caçula, do eterno
luto em segurar o cachecol que ele usava há quase trinta anos atrás?
A imagem me assombra, escondo no sarcasmo, no sexo, no
trabalho, mas o amor que sinto por ela me fez ver além do meu umbigo,
seguro sua cabeça em minhas mãos.
Ela sussurra:
— Vince…
O meu apelido não poderia ser vir por outra boca, quero tocá-la,
porém, as minhas forças vão esmaecendo com as próximas palavras dela:
— Eu dei uma joelhada nele, que tombou para o lado, ele disse que
eu tinha que cumprir o papel da minha mãe como esposa, — tenho que me
controlar ou iria socar um saco de boxe até amanhã.
— Minha mãe teve uma crise… e, aí, você me pediu em casamento.
Não sei o que falar, como agir, o que fazer… tento acalmá-la, Amy
chorando é como me dar um tiro e eu ainda pedi para aquele Conrad fodido
que pedisse desculpas, o que pensei?
Sou um idiota… beijo seus cabelos, inconfundível o cheiro de
chocolate e cítrico, as lágrimas salgam sua pele de boneca:
— Ah, é? — tento sorrir, mas não tem como, por mais que fique
feliz que confesse que teve ciúmes, diferente de mim que não admiti a mim
mesmo.
— Presente de Natal?
Eu a viro sobre mim, ela sorri, Amy está quente, molhada, as gotas
de suor de prazer ao invés das lágrimas, apoia as mãos sobre meu peito,
descendo e subindo no meu pau, me curvo um pouco para poder lambê-los,
ela mova o cabelo para o lado, sorrindo:
É uma tortura.
Vê-la nua meio enrolada pelos lençóis, a bunda para cima, as pernas
levantadas, os pés cruzados é uma bela visão, interessante, sexy, deliciosa...
— Gostou? — pergunta, sorrio, acenando que sim, ela vem até mim,
abraço-a, me recuperando de ter gozado mais uma vez durante o dia.
Ela atende, Agnes traz um carrinho com o jantar; Amy está enrolada
no lençol e recepciona minha governanta, que desvia os olhos de mim,
dizendo:
Aliso os braços dela que estão sobre mim, tentando sair devagar,
observo o rosto adormecido e tenso, a pele fresca do banho, o cabelo recém
lavados, secos no secador, exalando o perfume de chocolate, a respiração é
pesada.
Saio do quarto, descendo as escadas com o meu celular, mesmo já
longe do quarto, decido ir ao píer, coloco um casaco grosso, ponderando o
que fazer...
A cirurgia da sua mãe foi marcada para depois de amanhã, passa aqui
mais tarde?
Respondo que iria com certeza, já um pouco intrigada, será que tinha
acontecido alguma coisa para adiantarem?
Ele se encontra de perfil, olhos sérios, barba por fazer, gola alta no
sobretudo preto, contrastando com a pele muito branca, seus passos estão firmes e
decididos, parece tenso.
— Por quê? — não sei se quero saber, mas uma incômoda curiosidade me
assombra.
Sou esmurrada pelo destino? Meu pai... finalmente tinha conseguido fazer
com que seu vício lhe desse lucro, é isso mesmo?
— Como você sabe? — burrice a minha pergunta, como ele sabe, Amy?
Será que é por que Vincent é dono de bancos? Seu sorriso de lado confirma isso.
— Parece piada, — o tom é irônico, parece ser mais para ele do que para
mim, — Gordon Miller quer investir seu dinheiro na sede do meu banco.
Começo a rir, rir não, gargalhar... o que é a minha vida? Um grande circo?
Um mau gosto nas mãos de um escritor criativo, só pode!
Ele segue nossa ideia inicial que bolamos no meio do caminho: não contar
a ela.
Tentando ignorar minha angústia, sorrio para a minha mãe, nunca tinha
pensado nesse tipo de hobby antes, mas ver a prima dela tão imersa nas voltas da
agulha de crochê, me dá uma estranha sensação de paz.
Não tem como não me sentir culpada, na verdade, desolada! Ele nunca foi
feliz com a família e precisou ser arrancado da gente para progredir?
Será que é por isso que ele nunca me procurou pedindo dinheiro?
Foi porque ele está com dinheiro, logo, em sua visão deturpada da vida
está feliz... e querendo investir.
Mas se é isso que ele ama tanto, então é isso que eu vou tirar dele.
E se ele contar que foi por conta de um jogo bem-sucedido que estou
casado com a filha dele, aperto-a mais, vou perdê-la?
— Você parece meio pálido, não quer tomar um café? — nego, meu celular
vibra é Robert dizendo que...
Sogro.
É Brian.
Robert acena sorrindo para mim da porta, já não sei se gosto tanto dele, me
apresso, cumprimentando-o formalmente, ele dá alguns tapinhas no meu ombro:
Eu não tenho o direito de ficar bravo com ele, então apenas concordo,
enquanto andamos pelo hall espelhado, chamo um dos seguranças com a mão para
que me siga.
— Robert, liga para o Percy e esvazie esse andar, — aviso, sério, o sorriso
do gerente vacila com um pouco de medo, quando vai falar algo, nego com a
cabeça, — depois, só... faz o que tô pedindo.
Não demora para que eu veja a minha sala, portas abertas, um homem com
um sobretudo preto e roxo, cheio de anéis nos dedos, cabelo comprido com uma
enorme careca ao meio.
— Seu verme... você tentou abusar da sua própria filha! — vou em sua
direção, segurando-o pelo colarinho, a xícara cai no chão, meus músculos
tensionam de ódio, quando o desgraçado, simplesmente ri.
— Quem você pensa que vazou seu casamento para a imprensa? Seu
merda? — não afrouxo minhas mãos, praticamente eu o levanto do chão,
pressionando-o contra a parede.
Eu vejo uma... pistola? Mas como? Como esse desgraçado entrou com uma
pistola no banco? Gordon a beija, dizendo:
Não posso morrer, grunho, indo para cima dele, que atira para o alto, ouço
pessoas correndo, gritando, o alarme do banco dispara, logo os policiais estarão
aqui, mas não posso deixar que Amy veja essa cena...
Eu o deixo falar:
Eu avanço para cima dele, minhas mãos têm o objetivo certo de inutilizar a
arma, Gordon volta a me chutar com o sapato, não posso parar, porém, minhas
pernas estão empapadas de sangue, realmente aquele calçado foi afiado.
— Então, temos que esperar por ela antes de pôr fim a tudo, não é mesmo?
Entro no jogo:
— Está se sentindo com sorte hoje? — ele olha a arma, depois a mim.
— Oh sim, mas antes... ligue para Amy e mande ela vir aqui! — droga, ele
não desvia os olhos da porra da arma, se pelo menos eu tivesse alguma bebida
alcoólica por aqui...
— Ao seu tempo, Gordon, estou meio furado caso não tenha notado. — ele
ri, olhando o sangue gotejando ao meu redor.
Amy!
Capítulo 30
— Ele foi embora, achei que tinha dito, engraçado porque vi o motorista
vindo beber água, — sua atenção se volta para o longo corredor que dá acesso aos
quantos, — sua mãe está bem?
— Acho que vou ligar pra ele. — sorrio, pedindo licença, uma sensação
horrível em meu estômago, ando a passos largos, a ligação chama e ninguém
atende... estranho.
— Pacco! Onde está o Vincent? — ele traz mais um casaco para mim,
jogando-o em meus ombros, algumas bolas de neve caem sobre o carro, meu
cabelo e roupa, porém, não é o clima que gela minha coluna.
Onde estão as pessoas? Será que teve uma queda de energia? Ouço um
estampido... é tiro?
Munida de uma coragem que não sei de onde vem, todavia, com uma
certeza sem igual, corro para dentro, confiando na minha memória para a sala de
Vincent, algo está terrivelmente errado.
Não sinto frio, só um medo irracional, olho para os lados e não vejo
ninguém, só os seguranças dele se organizando e...
Tiro as botas para poder correr mais rápido, um dos homens, que eu sabia
conhecer na rua, provavelmente a mando de Vincent, tenta me parar, cochichando:
— Amy! Vem aqui! — ele exige, Vincent está ferido nas duas pernas! O
segurança responde por mim:
— Quero que você saiba, Amy, o que o seu salvador fez... — olho-o
confusa, está diferente, muito magro quase cadavérico, cabelo ralo tentando
esconder a careca, a roupa, embora cara se assemelha a uma fantasia.
Tento persuadi-lo:
Gordon gargalha:
— É... estou me sentindo com sorte hoje e quero que saiba, Amy, que se
não fosse por ele, nada disso teria acontecido! — Vincent o encara, negando:
Covarde.
Gordon desliza a arma pelo cabelo de Vince, a tensão é tanta, que sinto a
respiração de todos, menos a minha, estou tão apavorada, que não sinto os
policiais se aproximando ou os seguranças tentando achar o melhor ângulo.
— Issooo, filha, seu pai ganhou três milhões e tudo que esse safado me
deixou foi uma única ficha, vê? Eu comprei ela de volta... sou o tio Patinhas.
Eu rio quando ele ri, Gordon tira a arma da cabeça de Vincent, mostrando
uma ficha dourada surrada.
— Amy, — Gordon fala com a voz pastosa, — vem com o papai, filha...
atira nele, prova que está do meu lado, aí esses policiais de merda e seguranças de
bosta vão ver os miolos de Vincent na explodir na cara deles!
O suor lava seu rosto com o sangue de Vincent, um dos homens grita que
ele está ferido, sangrando muito, um policial me segura pelo braço, Vincent é
levantando e está pálido, deve ter perdido muito sangue.
Gordon é alvejado diversas vezes pela polícia, mas antes ele segura meu
punho, quebrando a pulseira que Vincent me deu com nossos nomes, sim, ali eu vi
que não tínhamos futuro juntos.
Vincent me apostou com meu pai em uma roleta, fui uma moeda de troca,
um prêmio de consolação ao ego de dois homens que eu admirei e amei.
Capítulo 31
Eu fiquei no hospital por dias, meu pai disse que Amy esteve comigo o
tempo todo, mas assim que acordo, ela vai embora e tudo o que vejo é um pedido
formal de divórcio na mesa ao lado.
Porém, não vou agradecer... não ainda, olho para meu pai:
— Ela nunca vai me perdoar. — digo, desanimado, mirando os papéis da
advogada dela.
Amy não pede nada, apenas uma porcentagem da Cafeteria que iria me
pagar com um pequeno empréstimo da mãe, talvez se referisse à fortuna que o pai
deixou, e seu próprio trabalho.
— Oh, sim... ele ganhou uma boa quantia e, agora, o dinheiro está com
Lynda ex-Miller, o homem morreu... a arma era uma MAVERICK V2, criado por
Ross Peters.
Esclarece, se aproximando de mim:
— Percy disse que foi alvejado por policiais, os órgãos doados, quer dizer,
o que deu para doar.
Amy deve ter feito o que pode para que os órgãos, pelo menos a matéria do
homem pudesse ser aproveitada para algo bom seria lucro, já que em vida foi um
ridículo.
— Legalmente, sim, Lynda e Amy têm direitos e, acho que é por isso que
sua ex-sogra e a prima dela estão deixando o apartamento que você deu.
Achei que pudesse ajudá-las, mas no final, nem meu poder, influência ou
fortuna foram necessárias, afinal, elas que me ajudaram e me salvaram,
literalmente.
— Ela não percebe que não há como mudar aquela noite, a culpa não foi
de ninguém.
Requerimento de Divórcio
— A culpa é toda minha... — limpo outra lágrima com brutalidade, — se
eu tivesse mandado Matthew ir dormir ao invés de pegar aquele maldito trenó, se
eu tivesse falado a verdade para Amy... nada disso teria acontecido!
Meu pai pacientemente pega folha por folha, enquanto a enfermeira passa
no quarto para administrar mais um medicamento, limpar as feridas de bala das
minhas pernas.
Ela comenta que foi por pouco que não perfurou um tendão ou algo assim,
em poucas semanas, segundo a enfermeira, eu estaria novo em folha.
O grande problema tinha sido o sangue que perdi, não reclamo de dor, não
há nada em mim, apenas um vazio que não pode ser preenchido.
— Boa tarde, senhor Anthony, — meu coração gela, Amy está na porta do
quarto, absolutamente estonteante, o cheiro de chocolate no ar, sorri ao me ver, —
você está acordado e bem!
Nos dedos estão enrolados uma alça de sacola, ela se senta ao meu lado.
Meu pai passa por mim, acariciando meus pés, em seguida beija as mãos
dela:
Amy suspira, acho que não tem muito o que dizer, então, decido tomar a
iniciativa:
— Você mentiu.
— Você veio pelos papéis... — deduzo o óbvio, procuro uma caneta perto
das minhas coisas, achando uma perdida por ali.
E eu a perdi.
Engulo seco, dói... miro o nada, seria melhor assim, abraçando o meu lado
obscuro, acredito que eu tenha a mesma tendência mórbida da minha mãe: viver
em looping eterno esse luto, mais uma perda, mais um amor que larguei a mão e
deixei afundar, não fui capaz de trazer à tona pela minha própria incompetência.
Acabo de desmoronar
Não vejo os dias passarem, meu pai precisa voltar para a minha mãe,
levando Agnes consigo, ambos viajam depois de eu estar fazendo as malditas
sessões de fisioterapia.
— Não pior que você, — rio, amargamente, baforando para fora, — você
chegou a ver o Anthony Henderson?
— Eu vi sim, tem noção de quantos dias está aqui? — pergunta,
abaixando-se para pegar um medicamento no chão.
— Está na França com a mãe e Heloise, agora que elas têm uma grana. —
resume, imagino que Melanie deva ter pedido que meu amigo não seja leva e traz,
garota esperta.
Eu o abraço, felicitando:
— Que bom, Bert, fico muito feliz por vocês, de verdade. — tento sorrir,
estou feliz por Bert, que sempre sofreu tanto para se encaixar com uma metade.
E eu abandonei a minha.
Sorrio...
— Eu teria mais uma chance?
Eu amo essa cidade, estou indo no curso todos os dias, mas não consigo ser
plenamente feliz, olho a primeira foto que vi de Vincent, acariciando o rosto dele...
— Vou...
— Albert ligou, querendo saber como está... achei fofo da parte dele.
— Vou chegar atrasada, mãe, preciso ir... — olho para a minha cama,
alguns amigurumi que Helo estava treinando, até eu mesma comecei a fazer por
hobby.
Paris virou meu lar, a língua francesa vem a minha mente primeiro, as
passarelas ao redor da Torre Eiffel não perde o encanto e a cada vez que passo
aqui embaixo, vejo eu e Melanie felizes lá em cima.
Mas e eu?
Esperando por mim, assim que me vê, abre os braços e eu corro para
ele, Vincent rodopia comigo no ar, largo minhas mãos, sendo erguida por
ele, sentindo meus dedos próximos das nuvens e do imenso céu azul.
— Vince... eu senti tanto sua falta... — ele acarinha meu rosto, e,
pela primeira vez, vejo lágrimas brotarem de seus olhos negros, pouso
gentilmente meus lábios nos dele, que embrenha seus dedos pelos meus
cabelos, me tomando como sua.
— Gosto de recomeço, mas temos que ser sinceros, promete que não
vai mais mentir pra mim? — faz suspense, franzindo a testa, beijando
minhas mãos.
— Nunca mais irei mentir... namorados? — afirmo, abraçando-o
mais uma vez.
Meu pai sofreu muito pelo luto quando minha mãe nos deixou,
porém, deu munição a ele para tentar reconstruir a vida com todo meu apoio.
Acredito que minha mãe e irmão olham por nós e para sempre serão
lembrados.
Kate ralha com Daisy porque ela tentou flertar com um colega de
hospital de Albert, Lynda termina de arruma a farta mesa e Heloise mima
Merida com um de seus amigurumi, inclusive, a loja online vai de vento e
poupa.
Amy já não é muito boa com a agulha de crochê, quando disse que
seu elefante parecia mais um ogro, dormi no sofá por dois dias, mas sempre
amanhecia nua ao meu lado.
— Ok... ela está chegando! — Heloise avisa, indo para a porta,
pedimos para o porteiro avisar quando chegasse, guardo meu presente no
bolso, a pulseira que dei no casamento, outros presentes viriam mais à noite,
sendo impróprios para crianças.
Assim que Amy entra, ajoelho, da maneira mais brega que conheço,
ela se assusta tanto que quase cai para trás com alguns livros, ainda bem que
conseguiram registrar esse momento em foto.
— Casa comigo, de novo? — peço, literalmente nervoso, abro a
caixa, revelando a joia polida, Amy coloca as mãos na boca, concordando.
Link: https://amzn.to/3rKjhtl
Braun Ludowig é a promessa dos Estados Unidos para ser um atleta
perfeito, além de bonito, um Q.I acima da média e extremamente sensual,
sua vida muda quando descobre um misterioso plano dos russos.
Ele tem que partir de sua pátria para ser segurança da futura esposa do
embaixador americano que é misteriosamente assassinado, a culpa recai na
misteriosa noiva e seu fiel companheiro de Pátria.
Um jogo de sedução, guerra e morte se inicia, valendo a vida de milhares de
pessoas, numa competição perigosa em que ninguém pode confiar em
ninguém.
Anya esconde um segredo que pode mudar o futuro da humanidade.
E Braun, mesmo duvidando da inocência da bela mulher, não consegue
entender por que se sente perdidamente apaixonado perto dela.
Enemies to lovers.
Previamente lançado como “O Segurança”.
Link: https://amzn.to/3HGhZ8l
Luan quer provar que Manu e Bia são seu combo perfeito.
Manu acha que ele pode estar com pena da situação dela e de sua
bebê.
*Este livro faz parte da série “Bebê a Bordo”, composta por histórias
independentes, não sendo necessária nenhuma ordem na leitura. “Uma
família de contrato por um mês!”, da autora Nina Higgins, já se encontra
disponível para leitura.
Link: https://amzn.to/3HPQYQ2
Irving Durham, futuro marquês de Wembley, se muda para a França
para construir uma fábrica em uma pequena cidade do interior.
Por outro lado, os olhos azuis e frios do marquês encaram Sarah, que
vai se apaixonar pelo inimigo, forçada a viver no mesmo teto.
No calor da Revolução Industrial, nasce uma paixão mais quente que
qualquer fornalha...
Ériem será rendida aos perigos da corte ou manterá seu espírito livre?
Das adversidades, o amor seria capaz de nascer?
A guerra se aproxima e o amor é a mais perigosa delas.
Link: https://amzn.to/3rJApPW
Uma música e um clipe novos podem salvá-lo de ser odiado pelos fãs,
mas a modelo que interpretaria com ele desiste em cima da hora.
Surpreendentemente, seu assessor encontra na lanchonete em que estão
tomando seus cafés a musa que pode alavancar a carreira do cantor.
Kira não gosta de country e tampouco da ideia de ser musa, mas... por
um bom dinheiro e um contrato de namoro, ela também pode pagar suas
contas atrasadas de forma meteórica!
Link: https://amzn.to/3oLtzaJ
Isaac Kitz, o cowboy mais admirado da pequena cidade de Santa
Maria, no interior de Porto Alegre, é tão marrento, recluso e desacreditado
no amor e na vida quanto a jovem que herda dos avós uma chácara ao lado
de sua fazenda, Eloá Ferri.
Isaac tem uma filha de seis anos, ou como a criança costuma dizer
“quase sete”, Amelie, que se encanta por Eloá e acredita que unir o pai e a
recém-chegada pode ser uma boa ideia.
A chácara da moça está abandonada e o advogado dela,
coincidentemente tio de Isaac, propõe que Eloá fique algumas semanas na
fazenda do Cowboy.
Link: https://amzn.to/3Jrhxer
Emma Vacchiano vive no Brasil com o pai, Roger, um homem rigoroso até,
numa noite, ao sair escondida com as amigas, sua vida muda drasticamente.
É revelado que seu pai é um requisitado conselheiro da máfia, depois de
anos “aposentado”, Roger volta à Itália para sanar uma antiga dívida com
seu don, Khan Ricci, que está em meio a uma guerra entre famílias de
mafiosos e precisa do conselheiro para se concretizar como o senhor da
Máfia italiana.
Contudo, Roger só irá voltar e negociar seu retorno se houver segurança para
sua filha e, para isso, Khan aceita se casar com Emma com o intuito de
protegê-la, mas ela não é frágil e não está nada feliz com esse matrimônio.
Khan quer vingança pelo seu passado obscuro, Emma quer voltar ao Brasil e
esquecer o casamento.
Ambos não deveriam nutrir sentimentos um pelo outro, mas o que pode
acontecer quando paixão, sangue e vingança se misturam?
https://amzn.to/3L8iGJs
+18
O capítulo 2 é lido pelo streamer da Twitch (twitch.tv/feldtv) Rodrigo
Feldmann
Link do texto narrado: https://bit.ly/34PE5qD
Instagram: @rpfeldmann
Se não conseguirem ouvir o link, mandem uma DM para mim no insta:
@maylah_menezes
O CEO André Bacelar Vidal é um dos homens de maior prestígio do Brasil.
Com um patrimônio enorme, bonito e interessante, mulheres não faltavam,
porém sua trágica viuvez o deixou avesso a relacionamentos.
Quando é surpreendido com uma festa em sua casa, ele não imaginou que
conheceria alguém tão intrigante e ao mesmo tempo sexy como Liz.
A jovem traz algo diferente dentro de si que irá abalar as estruturas que
André acreditava estarem consolidadas pelo tempo.
Prólogo e capítulo 3 lidos pelo nosso narrador (já conhecido rs) Rodrigo
Feldmann
Twitch: twitch.tv/feldtv
Prólogo: https://bit.ly/3EoGRAK
Nathan Heidi é um bad boy e tudo nele grita perigo. Suas escolhas de
vida estão bem longe de agradar ao pai, o poderoso advogado Alonso Heidi.
Aos 23 anos, tem certeza de que o amor nunca estará nos seus planos. Para
ele, as garotas em sua cama após suas lutas, são o suficiente, principalmente
depois de sua última grande paixão trocá-lo pelo próprio pai.
Link: https://amzn.to/3BqAkoJ
Essa obra faz parte do mesmo universo de "O príncipe insolente" da autora
Nina Higgins, mas são leituras INDEPENDENTES, porém se
complementam.
O prólogo e uma parte bem hot (p. 219) são narrados pelo modelo,
estudante de educação física e streamer da Twitch Rodrigo Feldmann.
Link: https://amzn.to/3FIpQE0
Coincidência ou destino?
Um esbarrão despretensioso em um shopping foi o suficiente para Lavínia se
deparar com Caleb.
Lavínia tem uma vida cheia de dificuldades, Caleb, um passado triste, que
afeta seu presente.
Quando ele descobre pelo que a moça passa, seu passado volta às suas
memórias e seu instinto se sobrepõe a sua razão
O juiz tem um modo diferente de amar, e Lavínia é o objeto de seu desejo e
de sua obsessão.
Link: https://a.co/d/3t0AuVu
Obrigada