As Metodologias Do Trabalho de Ciencias

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Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE

doi.org/ 10.51891/rease.v7i12.3596

METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: UMA REVISÃO


BIBLIOGRÁFICA SOBRE SEU USO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA

Fabiana Elayne Barros Damasceno1


Thiago Coelho Silveira2
Keylla Cristina Coelho Lima3
Ivesmary Loureiro Ribeiro Magalhães4
Rebecca Loureiro Ribeiro Magalhães5

RESUMO: O presente artigo trata de uma revisão bibliográfica analisa como o uso das
Metodologias Ativas, no ensino da Geografia na Educação Profissional e
Tecnológica/EPT, contribuem para a formação intelectual do discente e como essas
metodologias podem desenvolver a autonomia do estudante, estimular a criatividade e o
preparar para a tomada de decisões no contexto em que ele vive. Portanto, a revisão
bibliográfica abordará as contribuições que as metodologias ativas trazem para o ensino da
Geografia na Educação Profissional e Tecnológica, enquanto um recurso didático para uma
formação crítica e reflexiva do estudante. Além disso, será discutido sobre as metodologias
ativas utilizadas no processo de ensino e aprendizagem e que correntes do pensamento 1546
geográfico convergem para o emprego das metodologias ativas no ensino da geografia na
EPT, para que, por fim, seja apontado como estas, podem contribuir para formação
intelectual do discente. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o objeto de
estudo, partindo da leitura sistemática de artigos científicos publicados e selecionados por meio
das bases de dados Google Acadêmico, SCIELO, períodicos, com o resumo e fichamento de cada
obra, ressaltando os pontos abordados pelos autores pertinentes ao assunto em questão.

Palavras-chave: Ensino. Geografia. Metodologias Ativas. Educação Profissional e


Tecnológica.

1
Mestranda do mestrado profissional PROFEPT-IFMA, Especialista em Engenharia Ambiental, em
Docência do Ensino Superior e em Mediação de Conflitos e Arbitragem pela faculdade Unyleya. Graduada
em Geografia Licenciatura pela Universidade Estadual do Maranhão (2010), em Geografia Bacharel pela
Universidade Federal do Maranhão(UFMA) e em Direito pela FACEM-(Faculdade do estado do
Maranhão).
2
Doutor em História (UNISINOS). Professor do Instituto Federal do Maranhão (IFMA, Campus
Presidente Dutra e do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica
(ProfEPT/IFMA).
3
Mestranda do mestrado profissional PROFEPT-IFMA, possui graduação em Letras e especialista na área de
língua espanhola.
4
Mestranda do mestrado profissional PROFEPT-IFMA, possui graduação em Tecnologia em Eletrônica
Industrial e em Licenciatura em Pedagogia e especialização em Gestão Escolar;
5
Especialista em Docência do ensino superior e bacharel em arquitetura e urbanismo.

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ABSTRACT: The present article is a literature review that analyzes how the use of
Active Methodologies in the teaching of Geography in Professional and Technological
Education/EPT contributes to the intellectual formation of the student and how these
methodologies can develop student autonomy, stimulate creativity and prepare them to
make decisions in the context in which they live. Therefore, the literature review will
address the contributions that active methodologies bring to the teaching of Geography in
Vocational and Technological Education, as a didactic resource for a critical and reflective
training of the student. Moreover, it will be discussed about the active methodologies used
in the teaching and learning process and which currents of geographic thought converge to
the use of active methodologies in geography teaching in the VET, so that, finally, it will
be pointed how these can contribute to the intellectual formation of the student. For this, a
literature review was conducted on the object of study, starting with the systematic
reading of scientific articles published and selected through the databases Google
Academic, SCIELO, periodicals, with the summary and fiching of each work,
highlighting the points addressed by the authors relevant to the subject in question.
Keywords: Teaching. Geography. Active Methodologies. Professional and Technological
Education.
INTRODUÇÃO
Num sentido amplo, toda a aprendizagem é ativa em algum grau, porque exige do
aprendiz e do docente formas diferentes de movimentação interna e externa, de motivação, 1547

seleção, interpretação, comparação, avaliação, aplicação. Aprendemos também de muitas


maneiras, com diversas técnicas, procedimentos, mais ou menos eficazes para conseguir os
objetivos desejados. Se queremos, enquanto docentes, que os alunos sejam proativos,
precisamos adotar metodologias em que os alunos se envolvam em atividades cada vez
mais complexas, em que tenham que tomar decisões e avaliar os resultados, com apoio de
materiais relevantes. Se queremos que sejam criativos, eles precisam experimentar
inúmeras novas possibilidades de mostrar sua iniciativa.
As escolas que nos mostram novos caminhos estão mudando para modelos mais
centrados em aprender ativamente com problemas reais, desafios relevantes, jogos,
atividades e leituras, valores fundamentais, combinando tempos individuais e tempos
coletivos, projetos pessoais de vida e de aprendizagem e projetos em grupo. Isso exige uma
mudança de configuração do currículo, da participação dos professores, da organização das
atividades didáticas, da organização dos espaços e tempos pedagógicos.
Quanto mais aprendemos próximos da vida, melhor. Alguns teóricos enfatizam, há
muito tempo, a importância de superar a educação bancária, tradicional e focar a

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aprendizagem no aluno, envolvendo-o, motivando-o e dialogando com ele. Os alunos


aprendem melhor, quando os motivamos intimamente, quando eles acham sentido nas
atividades que propomos, quando consultamos suas motivações profundas, quando se
engajam em projetos em que trazem contribuições, quando há diálogo sobre as atividades e
a forma de realizá-las.
Diante desse contexto estão as metodologias ativas, enquanto um dos caminhos a
ser tomado pelo professor em sala de aula, no intuito de não apenas transmitir
conhecimento, mas de promover contextos de participação do estudante na sua construção.
Sabe-se que são métodos centrados no estudante e empregados como estratégias de ensino,
as quais permitem explorar a aprendizagem do educando, instrumentalizando-o para
resolução de problemas e para tornar-se argumentativo, pensante e colaborativo com/em
grupo. Por meio delas o estudante vivencia o aprendizado e percebe aquilo que aprende,
podendo assim participar inquietamente na construção do seu conhecimento. Portanto,
entende-se que as metodologias ativas se configuram como um importante instrumento de
empoderamento do estudante. 1548

No ensino da Geografia na Educação Profissional e Tecnológica(EPT) busca-se a


formação de estudantes preparados tecnicamente e intelectualmente, desenvolvendo
competências profissionais capazes de se adaptar às mudanças do mundo de trabalho com
agilidade, criatividade, proatividade e autoconhecimento e por meio das metodologias
ativas efetivarão a aprendizagem significativa. Assim, é importante que o professor
repense os processos de aprendizagem e a mediação do conhecimento com seus alunos,
incorporando metodologias inovadoras ao processo de ensino, de modo a proporcionar a
participação dos estudantes na construção do conhecimento.
Moran (2015) afirma que as metodologias ativas precisam complementar o método
de ensino em sala de aula. Dito de outro modo, para que os estudantes sejam proativos e
criativos, precisamos ser instigados estes no desenvolvimento de atividades mais
complexas, em que tenham que tomar decisões e serem mais reflexivos. Segundo Bacich e
Moran(2018), o estudante além de assumir uma postura participativa por meio das
metodologias ativas, consegue resolver problemas, desenvolver projetos, criando
oportunidades para agregar na sua construção do conhecimento. Ela enfatiza o papel

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protagonista do aluno, o seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as


etapas do processo, experimentando, desenhando, criando, com orientação do professor
(MORAN, 2017, p. 01).
Nesta direção, entende-se que nas metodologias ativas, “[...] o aprendizado ocorre a
partir da antecipação, durante o curso, de problemas e situações reais, os mesmos que os
alunos vivenciarão depois na vida profissional” (BACICH, 2015, p. 30). Logo, compreende-
se que as metodologias ativas, estão alicerçadas na autonomia, no protagonismo do aluno,
onde o foco está no desenvolvimento de competências e habilidades, com base na
aprendizagem colaborativa e na interdisciplinaridade, sendo estas características que
constituem os princípios de atuação na EPT.
Os desafios aqui são relacionar a EPT com as mudanças organizacionais, com as
inovações no meio tecnológico, com a ética, com a ecologia e dentro deste contexto a
geografia estudará as relações humanas no espaço geográfico, nas competências que lhe
cabem, colaborando na transposição desses desafios, visto que nela reside a
responsabilidade em explicar fenômenos do cotidiano dos estudantes. 1549

Reflexões da ordem de relações sociais, econômicas, ambientais e de produção do


espaço, requerem a constituição de um ambiente de aprendizagem que faça sentido aos
estudantes da EPT, tanto a nível profissional quanto pessoal. Para tanto, necessário se faz
munir-se de estratégias facilitadoras, tais como – as metodologias ativas de ensino e
aprendizagem – para que se fomente a sensibilização e tomadas de decisão dos discentes
mediante os acontecimentos do seu dia a dia.
O ensino da Geografia embasado na utilização de diferentes recursos didáticos
favorece aos discentes, maior compreensão sobre o espaço geográfico e a realidade base de
suas vivências. A inserção da variedade de linguagens e diferentes métodos nas aulas torna
a apreensão da ciência geográfica mais significativa na construção do conhecimento.
Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo analisar as contribuições das
metodologias ativas no ensino da geografia na EPT, enquanto um recurso didático para
uma formação crítica e reflexiva do estudante, caracterizando as metodologias ativas
utilizadas no processo de ensino e aprendizagem, refletindo sobre as correntes do
pensamento geográfico que convergem para o emprego das metodologias ativas no ensino

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da geografia na EPT e apontando como estas, podem contribuir para formação intelectual
do discente.

METODOLOGIA
O presente artigo trata-se de revisão bibliográfica sobre as Metodologias Ativas
no ensino da Geografia na EPT e por isso, tem como base as pesquisas e as discussões de
estudos escritos anteriormente sobre o tema. É a contribuição das teorias de outros autores
para esta pesquisa. A pesquisa contou com a análise crítica de artigos científicos publicados e
selecionados por meio das bases de dados Google Acadêmico, SciELO, ressaltando os pontos
abordados pelos autores pertinentes ao assunto em questão.
Diante disso, foram analisados artigos em língua portuguesa e aqueles que
envolvessem, especificamente, aplicação das metodologias ativas no ensino da geografia,
em especial na educação profissional e tecnológica. Além disso, é importante destacar que
as palavras-chave utilizados na busca das referências foram: “metodologias ativas”,
“ensino da geografia”, “educação profissional e tecnológica”, “ensino-aprendizagem”. Com
1550
isso, todos os estudos foram devidamente analisados, selecionados de acordo com o tema
apresentado, título e conteúdo para a construção da revisão bibliográfica.

3. AS METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DA GEOGRAFIA NA


EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA: DISCUSSÕES A PARTIR DA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Um dos grandes desafios da educação contemporânea é romper com a compreensão
de currículo e avaliação tradicionais, engessados. Para isso, é necessário pensarmos de
modo complexo, tendo em vista a dinâmica dos problemas da sociedade. Destaca-se que a
educação do futuro pede uma reforma de mentalidades, pois, vai exigir um esforço
transdisciplinar que seja capaz de rejuntar ciências e humanidades e romper a oposição
entre natureza e cultura, visando à perspectiva da integralidade.
No relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI editado
pela UNESCO, Jacques Delors (1999) destaca que a educação deve organizar-se à volta de
quatro aprendizagens fundamentais que serão os quatro pilares do conhecimento: aprender
a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder
agir sobre o meio envolvente; aprender a conviver, a fim de participar e cooperar com os

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outros em todas as atividades humanas e, finalmente, aprender a ser, via essencial que
integra os três precedentes.
Dentro desse contexto, as metodologias ativas compreendem estratégias
pedagógicas com eixo nos processos de ensino e aprendizagem do aprendiz, conduzindo a
formação crítica de futuros profissionais, proporcionando o desenvolvimento de
estudantes autônomos, criativos, críticos, interessados e firmes na tomada de decisões.
Além da contribuição do educando as metodologias ativas também qualificam a prática
docente do educador no seu planejamento. Podemos destacar que:

O ato de ensinar exige intervenções deliberadas para garantir que ocorram


mudanças cognitivas no aluno. Portanto, os ingredientes-chave são estar
consciente dos objetivos de aprendizagem, sabendo quando um aluno é bem-
sucedido em atingir aquelas metas; conhecer suficientemente a compreensão
prévia dos alunos antes de cumprirem uma tarefa e conhecer o conteúdo a ponto
de fornecer experiências significativas e desafiadoras a fim de que ocorra algum
tipo de desenvolvimento progressivo. (HATTIE, 2017, p.14) .

Assim, segundo Camargo e Daros(2016), podemos destacar várias


contribuições das metodologias ativas na vida dos estudantes e docentes na EPT, dentre 1551
elas: Desenvolvimento efetivo de competências para a vida profissional e pessoal; visão
transdisciplinar do conhecimento; visão empreendedora; o protagonismo do aluno,
colocando-o como sujeito da aprendizagem; o desenvolvimento de nova postura do
professor, agora como facilitador, mediador; a geração de ideias e de conhecimento e a
reflexão, em vez de memorização e reprodução de conhecimento.
Vários autores apresentam uma definição para metodologias ativas, porém o
seu conceito vai sendo construído à medida que conhecemos as características de cada
metodologia ativa.
João Mattar (2017, p. 21) concebe as metodologias ativas como “uma educação que
pressuponha a atividade (ao contrário da passividade) por parte dos estudantes. Nesse
sentido, a proposta do learning by doing (aprender fazendo) seria um exemplo de
metodologia ativa”.
José Moran (2018, p. 4) define metodologias como “grandes diretrizes que orientam
os processos de ensino e aprendizagem e que se concretizam em estratégias, abordagens e
técnicas concretas, específicas e diferenciadas”. Ele afirma que “metodologias ativas são

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estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na construção do


processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada e híbrida”. Esta construção pode
ser individual, grupal e tutorial – com a orientação de um mediador experiente.
Conforme Beto Silva (2018, p. 75), uma metodologia ativa “reconhece e potencializa
a participação ativa e colaborativa e, desse modo, mobiliza para alterar percursos e garantir
resultados”. Já para Berbel (2011, p.29), as metodologias ativas “baseiam-se em formas de
desenvolver o processo de aprender, utilizando experiências reais ou simuladas, visando às
condições de solucionar, com sucesso, desafios advindos das atividades essenciais da
prática social, em diferentes contextos”. A autora também informa que, a problematização
utilizada nas metodologias ativas leva o estudante a buscar informações e a produzir
conhecimento com a finalidade de encontrar soluções para os problemas. Desse modo, é
possível que os estudantes desenvolvam, gradativamente, o seu pensamento crítico,
criativo e reflexivo, bem como seus valores éticos.
A partir das definições apresentadas pelos autores citados, é possível ilustrar
algumas características das metodologias ativas: Provocam o fazer e o pensar sobre o que 1552

se faz; Envolvem processos de aprendizagem flexíveis, interligados e híbridos; Visam ao


protagonismo, à criatividade, à autonomia e à criticidade; Possuem um enfoque mais
humanista, voltado aos valores éticos e ao aprender a ser; Envolvem conhecimentos,
habilidades, competências e atitudes; Objetivam a apropriação, a produção de
conhecimentos e a resolução de problemas; Valorizam a realidade e o contexto social e
profissional do estudante; Contemplam atividades diversificadas para construção do
conhecimento de forma individual, grupal e mediada.
A partir de suas características, evidencia-se que as metodologias ativas focam no
protagonismo e na autonomia do discente e em uma educação mais centrada no ser
humano, isto é, na capacidade humana de aprender e de se desenvolver levando em
consideração a sua realidade, as suas perspectivas pessoais e profissionais, bem como as
perspectivas dos outros, a partir de uma relação colaborativa e flexível, a qual pode ocorrer
tanto presencialmente quanto à distância, por meio das tecnologias.
Nesse sentido, deve-se destacar que a Geografia, por ser uma ciência que analisa a
construção social do espaço e, por conseguinte, as dinâmicas socioespaciais deve priorizar

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essa perspectiva dinâmica de ensino-aprendizagem. Durante séculos, a Geografia carrega a


imagem de uma disciplina decorativa e enfadonha, resultado de um ensino enciclopédico
baseado em concepções pedagógicas tradicionais de ensino-aprendizagem.
Mesmo com as renovações teórico-metodológicas da Geografia, o caráter
enciclopédico ainda predomina nas aulas tanto do ensino básico, como no superior. A
Geografia é marcada por uma histórica dicotomia físico/humano cujos conteúdos são
trabalhados de forma enciclopédica, que, por sua vez, denotam um caráter decorativo e
enfadonho à disciplina geográfica. Nessa perspectiva, o aluno não é posto como sujeito do
seu próprio conhecimento, tão pouco problematizador das problemáticas socioespaciais.
Embora haja preponderância das metodologias tradicionais no ensino da
Geografia, outras concepções de ensino ganham destaque dentro dessa área do
conhecimento. Perspectivas atreladas à renovação da Geografia, que dialogam com
concepções pedagógicas renovadas, que põem a problematização da realidade social dos
discentes como cerne do processo de ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva, Cavalcanti
(1998) destaca que o ensino de geografia visa à aprendizagem ativa dos alunos, atribuindo- 1553

se grande importância a saberes, experiências, significados que os alunos já trazem para a


sala incluindo, obviamente, os conceitos cotidianos. Assim, o ensino parte de uma
perspectiva pedagógica tradicional, centrada no docente como possuidor do conhecimento
enciclopédico e transmissor do mesmo, para compreensões que propõem a atuação dos
discentes como agentes ativos no processo de desvendamento dos problemas sociais,
problematização e ação frente a tais realidades.
Diante disso, o ensino da Geografia na EPT, tem como foco o desenvolvimento de
competências e habilidades, com base na aprendizagem colaborativa e na
interdisciplinaridade, caracterizando os princípios de atuação da Geografia na EPT e
superando a histórica dicotomia físico/humano cujos conteúdos eram trabalhados de
forma enciclopédica, que, por sua vez, denotam um caráter decorativo e enfadonho à
disciplina geográfica. Nessa perspectiva, o aluno não é posto como sujeito do seu próprio
conhecimento, tão pouco problematizador das problemáticas socioespaciais.
Portanto, frente a essa realidade imperante no contexto da educação geográfica
brasileira, a proposição do ensino a partir de métodos ativos deve ocupar lugar de destaque,

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quando o assunto é o ensino de Geografia na EPT. É nesse sentido que as metodologias


ativas podem ser consideradas como uma das estratégias de mediação de ensino de
geografia na EPT. Tais metodologias podem permitir a construção do conhecimento
significativo e contextualizado, por valorizarem o discente no núcleo de sua aprendizagem,
com autonomia no próprio saber. Para Inocente; Tommasini; Castaman (2018, p. 1):

O processo de ensino e aprendizagem exige constantemente o aperfeiçoamento


por parte dos professores em estratégias para a mediação de conteúdo. Na
modalidade da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) este aspecto não é
diferente, já que necessita-se de métodos de ensino que permitam uma
aprendizagem significativa e contextualizada, para a formação de competências
para a vida pessoal e profissional do estudante. Nesta perspectiva, um dos
caminhos são as metodologias ativas, as quais voltam-se para o protagonismo do
estudante, sendo ele, o centro do aprendizado. Também favorecem a autonomia
do estudante, estimulando a criatividade e preparando para a tomada de decisões
no contexto em que ele vive. A partir do emprego das metodologias ativas, os
estudantes tornam-se sujeitos históricos e assumem um papel ativo na
aprendizagem, uma vez que compreende-se que este possui experiências e saberes
que podem ser consideradas para a construção do conhecimento.
No contexto da Educação Profissional são ampliadas as possibilidades de
reflexão crítica sobre a prática formativa dos sujeitos, a autoformação, visto que a 1554
formação integral destes seres é intrinsecamente ligada à compreensão de sua totalidade,
isto é, ao pleno desenvolver de suas competências nas mais variadas dimensões.
De acordo com Pacheco; Pereira; Sobrinho (2010), essa modalidade da educação
exige nos tempos atuais profissionais preparados para enfrentar os novos desafios
relacionados às mudanças organizacionais, aos efeitos das inovações tecnológicas sobre as
atividades de trabalho e as culturas profissionais, ao aumento das exigências na qualidade
da produção e dos serviços – além da preparação para lidar com as implicações éticas de sua
intervenção no mundo social, seja no tocante à função social da EPT, seja quanto a suas
implicações ecológicas.
O ensino da Geografia na EPT, tem por missão formar profissionais cidadãos
aptos não só para serem críticos reflexivos nas suas funções no mundo do trabalho, mas
também na sua vida em geral, que é tecida por diversos tipos de relações sociais.

A Educação Profissional e Tecnológica enquanto modalidade de ensino exige a


construção de conhecimentos que habilitem os estudantes a analisar, questionar e
compreender o contexto em que estão inseridos. Além disso, é imperioso que
estes desenvolvam capacidade investigativa diante da vida, de modo criativo e
crítico; que identifiquem necessidades e oportunidades de melhorias para si, suas

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famílias e a sociedade na qual vivem e atuam como cidadãos. (INOCENTE;


TOMMASINI; CASTAMAN, 2018, p. 5)
O professor de Geografia na Educação Profissional deve desenvolver uma
prática pedagógica em que o aluno continue aprendendo, de forma autônoma e crítica,
através de uma aprendizagem significativa oriunda dos métodos ativos e das metodologias
ativas que o auxiliam através de recursos tecnológicos, pesquisa, aula invertida, atividades
online, projetos integradores, artigos científicos, resenhas, seminários orientados,
extensão, jogos, júri simulado, aulas de campo, debates críticos de conceitos, iniciação
científica etc.
De acordo com Berbel (2011), as metodologias ativas além de desenvolver o processo
de aprender, utilizam experiências reais ou simuladas, visando condições de solucionar
com êxito os desafios advindos das atividades essenciais da prática social em diferentes
contextos.
Considerando o princípio das Metodologias Ativas, o docente deve atuar na
mediação de discussões; manter grupos de alunos focados em um problema ou questão
1555
específica; motivar alunos a se envolverem com as tarefas requeridas no processo de busca
de solução; estimular o uso da função de pensar, observar, raciocinar e entender. Além
disso, o planejamento das aulas de Geografia precisa basear-se no enfoque crítico para que
a assimilação de novos conceitos possa associar-se a saberes já adquiridos pelos discentes,
os saberes socialmente construídos. Conceitos claros, exemplos relacionados ao
conhecimento prévio promoverão aprendizagem com significado. Um exemplo prático
desta estratégia é associar o conceito de lugar aos seus ambientes conhecidos, vividos,
como seu quarto, sua casa, sua rua, seu bairro e sua cidade.
Os tipos de materiais e linguagens de que se pode dispor são variados, como livros
didáticos, paradidáticos, mapas, gráficos, imagens de satélite, literatura, música, poemas,
fotografia, filme, videoclipe, jogos, aplicativos, slides, charges, cartuns, imagens, sala de
aula invertida, para citar alguns. Cada um com características e especificidades que podem
ser aproveitadas quando se objetiva fazer refletir sobre a ação humana na produção do
espacial. É importante que o docente forneça as melhores e mais simples maneiras de
auxiliar na compreensão dos conceitos e categorias de análise geográficos.

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Assim, à medida que o(a) discente percebe a Geografia presente em seu cotidiano,
vai tornando-se cada vez mais capaz de desenvolver formas de aprendizado que possuam
significado e aplicação prática. A capacidade de senso crítico se torna gradualmente mais
intensa em relação aos textos que lê, às experiências e aos diálogos que trava e este fator
nada mais é que o aprendizado acontecendo de forma mais simples e objetiva, adquirido
por meio de suas próprias ações.
Diante disso, os benefícios das metodologias ativas no ensino da Geografia na EPT,
para os discentes, são: maior engajamento, autonomia, participação e interesse por
sentirem-se parte da própria construção do saber, pois prepara os estudantes para atender
as demandas profissionais por meio das estratégias de ensino e desenvolve uma educação
voltada para cidadania. Forma-se um profissional “capacitado” para determinada função,
mas este consegue atrelar aquilo que está sendo ensinado ao contexto em que está inserido.
Desse modo, torna-se um ser reflexivo, passando a ter voz ativa em seu aprendizado.
Por fim, as metodologias ativas fazem com que os alunos produzam o seu próprio
conhecimento, estabelecendo elos entre o conceito apresentado pelo(a) docente e seu 1556

espaço de vivência, reconhecendo que o aprendizado é processual e que as formas de


aprender vão se tornando elos com o que já se sabe num contexto em que o professor a se
torna tutor(a) e os(as) alunos(as)pesquisadores e produtores de novos conhecimentos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Esta revisão bibliográfica demonstra que existe um leque de opções em relação


às metodologias ativas e discorre sobre importância da adoção de estratégias mais
atualizadas para a educação das novas gerações que lidam com os mais diversos tipos de
tecnologia digital e se relacionam por meio destas, demonstrando que o processo educativo
passa a configurar-se como algo extremamente desafiador.
Diante disso, o processo de ensino-aprendizagem a partir de uma abordagem
ativa vem recebendo relevante atenção, visto que tal fato poderá resultar em uma mudança
do ensino tradicional para um ensino baseado em metodologias ativas, motivo de
preocupação para alguns professores céticos em relação às inovações educacionais, embora
já tenha atraído aqueles profissionais preocupados em buscar alternativas aos métodos de
ensino tradicionais. Por isso, entende-se que, se a escola e o professor, não

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reconhecerem que as mudanças no mundo ocorrem e que necessitam buscar novas


abordagens metodológicas, ressignificar a prática, tornar o processo educativo motivador,
atrativo e prazeroso, permitindo ao aluno participar ativamente de seu aprendizado, não
ocorrerá a superação do modelo de ensino tradicional e a possibilidade de abertura para
novas práticas que propiciem uma aprendizagem efetiva e significativa. Isso tudo exige a
necessidade de mudança na formação docente em relação aos recursos tecnológicos e
metodologias ativas, e políticas públicas educacionais voltadas para a efetiva inserção das
tecnologias na educação.
Isso ocorre porque muitos docentes não se sentem à vontade com as novas
tecnologias, pois não tiveram acesso a ela em sua geração, e por isso as inovações e
ferramentas educacionais soam como obstáculos. Além disso, a infraestrutura das escolas
deve comportar rede de internet, computadores e demais recursos tecnológicos
funcionando para que as atividades escolares dentro desse novo parâmetro possam ser
colocadas em prática. Enfim, deve haver mudança na escola e principalmente nos
professores. 1557

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a revisão bibliográfica apresentada neste artigo, infere-se que o


uso das metodologias ativas no ensino de geografia no contexto da EPT contribui para a
formação intelectual do discente, além de estimular a criatividade e o preparar para a
tomada de decisões no contexto em que ele vive, o que traz benefícios para o
desenvolvimento educativo humano na constituição de sua autonomia.
Entende-se que esta revisão trouxe alguns autores que tratam dos temas, porém
ainda é um pequeno fragmento mediante a grandeza da temática estudada e sugere-se que
as discussões possam ser ampliadas. Além disso, é sempre desejável que as metodologias
ativas de ensino estejam em pauta de formas cada vez mais atualizadas e renovadas, na
busca da construção do conhecimento crítico e reflexivo. Diante disso, entende-se que esta
revisão bibliográfica refletiu sobre as contribuições das metodologias ativas no ensino de
geografia na EPT de modo a desenvolver aprendizagens significativas e a formação para
além dos muros físicos, tendo em vista todos os meios e recursos disponíveis hoje em dia.

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REFERÊNCIAS

BACICH, L. Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre:


Bookman, 2015.

BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.

BERBEL, N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia dos estudantes. Semina:


Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan./jun. 2011. Disponível em:
<http://www.proiac.uff.br/sites/default/files/documentos/berbel_2011.pdf>. Acessado em:
20 jun. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466 de 13 de


junho de 2012. Disponível
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