Fichamento Ranciere
Fichamento Ranciere
Fichamento Ranciere
CITAÇÕES LITERAIS
“(...) a obra de Jacques Rancière revela-se como uma contribuição fundamental para
encararmos diversos impasses contemporâneos da psicologia política brasileira.” (p.
264).
“(...) a ordem policial tende a fixar identidades, de modo que o ordenamento social
apareça como dado, ocultando ou naturalizando os danos que produz e organizando
a heterogeneidade do demos. A divisão das partes aparecerá então como natural,
pois a percepção sensível da hierarquização não será polemizada.” (p. 268).
“Por este motivo, Rancière (2010) argumenta que a política é uma raridade, que
emerge em momentos específicos, os quais dependem de complexos processos de
elaboração individual e coletiva.” (p. 269).
“A partilha do sensível nos remete à constituição das
identidades que dela fazem parte. O trabalho da política
consistirá em questionar a conta das partes desse sistema em
um processo que Rancière denomina “subjetivação política”.
Subjetivação política é um processo de desidentificação ou de
desclassificação que interpela a ordem policial em um
determinado campo sensível.” (p. 269).
“Um processo de subjetivação política compreende a possibilidade de questionar
não apenas a conta de cada parte em um sistema partilhado, mas o próprio
processo de contar as partes, separando-as hierarquicamente (...).” (p. 269).
“Além disto, a partir de Rancière (2010), a ideia de classe social pode aparecer
como construção teórica, e não como um dado da realidade, sem que isto signifique
secundarizar as desigualdades econômicas que a noção de conflito de classes já
descreveu com propriedade.” (p. 275).
No pensamento do autor, a teoria, por si só, não muda a realidade e não deve
ser considerada distante dos aspectos práticos da sociedade. O pensamento
científico, portanto, é parte de uma comunidade compartilhada, e não deve ser
considerado superior a ela. Esta comunidade define os lugares sociais e as funções
de cada indivíduos neles, além de definir o enquadramento partilhado em que eles
atribuirão sentido à sua parte e participação na partilha. Há, portanto, um aspecto
individual e um coletivo a ser considerado, dando margem para a subjetividade de
cada indivíduo no processo de organização social. A ordem social aparece para fixar
as identidades desse ordenamento social, ocultando ou tornando os danos naturais
e organizando as diferenças. Rancière argumenta que a política é uma raridade, que
aparece em momentos específicos que carecem de processos complexos de
elaboração individual e coletiva. O trabalho da política é questionar a conta das
partes do sistema, em um processo conhecido como “subjetivação política”. Esse
processo dá a possibilidade de questionar não só a conta de cada parte do sistema
partilhado, mas a hierarquia e a divisão das partes em si. É uma ação de
desidentificação e reidentificação, em que a experiência sensível do sujeito seja
levada em consideração e que ele possa questionar a identidade que lhe foi
determinada, identificando-se ou não com parte dela. Em outras palavras, a política
questiona a distribuição hierárquica de lugares e funções na sociedade,
interrompendo a naturalização desta ordem.