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DIABETES MELLITUS TIPO 2: COMO O ESTILO DE VIDA PODE INTERFERIR

Daiane Campos da Rocha Sousa 1


Olivia Galvão De Podestá 2

1
Acadêmico do curso de Nutrição
2
Doutora – Docente do curso de Nutrição Multivix – Vitória

1. INTRODUÇÃO

A Diabetes Mellitus (DM) se refere a um grupo de doenças crônicas não


transmissíveis e metabólicas, que é descrito pela hiperglicemia crônica que são picos
duradouros de glicemia, essa característica ocorre devido a deficiência na secreção
ou no desempenho da insulina, ou as duas situações em conjunto (Kahn et al., 2009).
A insulina é um hormônio que ajuda no controle da concentração de glicose na
circulação sanguínea, fazendo com que ela seja absorvida e impedindo a
gliconeogênese (produção hepática da glicose) (Khan et al., 2019).

Dentro das classificações de DM, temos 3 tipos mais comuns, a Diabetes


Mellitus Gestacional (DMG), e as Diabetes Mellitus tipo 1 e 2, tendo mais destaque
essas duas últimas. A DM1 representa 5% de todos os casos diagnosticados da DM,
é uma doença autoimune onde o próprio sistema imunológico destrói as células beta
pancreáticas que produzem a insulina, o que gera total privação da insulina, que tem
como resultado hiperglicemia (Raymond e Morrow, 2022).

A DM2 é a agente causadora de 90-95% dos casos diagnosticados de DM. É


definida pela junção da resistência insulínica e da falha das células beta pancreáticas.
A quantidade de insulina produzida pelo pâncreas pode ser normal, reduzida ou alta,
mas são inapropriadas para exceder a resistência insulínica coexistente, resultando
em hiperglicemia, podendo ter também como sintomas fadiga, micção e sede
excessiva (Raymond e Morrow, 2022).

Existem fatores de riscos ligados a DM2, sendo os modificáveis a obesidade,


microbioma, tabagismo, sedentarismo, hábitos alimentares, duração e qualidade do
sono. E os não modificáveis incluem a faixa etária, fatores socioculturais e
econômicos, genética e epigenética (Salzberg, 2022).
Estudos demonstram que indivíduos que possuem um índice de massa
corporal (IMC) maior que o indicado, dispõem de maiores chances de desenvolver a
DM2. A obesidade aumenta a chances de uma tolerância diminuída a glicose (pré-
diabetes). Ambientes facilitadores de hábitos não saudáveis promovem a
hipernutrição, que ocasiona desequilíbrio metabólico, seguido de concentrações de
gordura em orgãos que não são responsáveis pelo depósito da mesma, como o
endotélio, fígado e músculo esquelético, condição essa que pode acarretar resistência
insulínica, pré-diabetes, DM2, doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e
hepáticas (La Sala e Pontiroli, 2020).

Dentro da DM2 temos complicações que podem ser classificadas como


crônicas e agudas. Podemos ressaltar as agudas sendo a hipoglicemia e o
desequilíbrio hiperglicêmico agudo, que pode ocasionar cetoacidose diabética e
síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica. As crônicas compreendem
alterações microvasculares que ocorrem devido a modificações nos capilares, como
doenças nefropáticas, neuropáticas, retinopáticas, e as macrovasculares afetam
orgãos como o coração, cérebro e membros inferiores (Ministério da Saúde, 2024).

1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA

De acordo com o Vigitel (2021), no Brasil em 2006 o IMC ≥ 25 kg/m2


correspondia a 42,6% da população entrevistada, e em 2021 passou a ser 57,2%,
sendo o sobrepeso/obesidade um fator de risco para a DM2. Levando em
consideração as altas taxas de prevalência e incidência da Diabetes Mellitus 2, é
necessário que seja elucidada a importância da prevenção e tratamento dessa
doença.

Em 2019, aproximadamente 437,9 milhões de pessoas no mundo possuíam


DM2 e mais de 1 milhão de pessoas morreram devido a essa patologia e suas
complicações. Na população brasileira 12,0 milhões de pessoas apresentavam essa
doença, e ocorreu o falecimento de 62.882 de indivíduos (Ministério da Saúde, 2024).

A falta de tratamento de forma adequada, pode acarretar diversas


complicações microvasculares e macrovasculares, muitas vezes irreversíveis, sendo
elas as doenças cardiovasculares (DCV), retinopatias, nefropatias, neuropatias, entre
outras.
O custo para realizações dos tratamentos de internações que são causadas por
complicações da DM são valores exorbitantes, de acordo com o IDF (International
Diabetes Federation) (2021), no Brasil o valor gasto foi US$ 42.928,5 milhões de
dólares, que poderiam ser reduzidos com o cuidado apropriado.

Assim, a Nutrição é uma grande aliada para a prevenção, controle e tratamento


dessa doença, tendo uma dieta adequada e balanceada pode ser possível atingir o
controle glicêmico adequado juntamente com exercícios físicos, e medicação quando
necessário e prescrito pelo médico.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Diversos estudos demonstram que a DM2 possui maior chance de


desenvolvimento em indivíduos com excesso de peso e/ou obesos, pois ocorre a
diminuição da sensibilidade a insulina, mas com mudanças do estilo de vida como a
perda de peso, pode ajudar no controle da DM2. Um indivíduo que consiga reduzir o
peso, melhorar as escolhas alimentares, como a ingestão de fibras e exclusão dos
alimentos ultraprocessados, apresentam melhoras nas taxas de glicemia em até 80%
dos casos (Magkos, Hjorth, Astrup, 2020).

O entendimento sobre as orientações nutricionais voltadas a DM2, faz com que


os pacientes diabéticos possam ter um maior autoconhecimento metabólico,
realizando escolhas benéficas a sua condição (Breen et al., 2015). Dessa forma, a
terapia nutricional pode colaborar com a prevenção, controle e tratamento desta
doença, juntamente com mudanças do estilo de vida.

1.3 PROBLEMA DA PESQUISA

O conhecimento sobre mudanças de estilo de vida, como o manejo nutricional


na prevenção, tratamento e controle da DM2 pode influenciar os indivíduos a serem
mais conscientes nos hábitos diários e seguir as mudanças propostas pela equipe
multiprofissional?

1.4 HIPÓTESE

O aumento da obesidade e da DM2 possuem como agentes causadores o


ambiente social, econômico, ambiental e genético, que estão associados com o estilo
de vida, hábitos alimentares indevidos e ao sedentarismo (Araújo, 2020).
1.5.1 OBJETIVO GERAL

Analisar as mudanças de estilo de vida tanto na prevenção, quanto em


complicações futuras da DM2.

1.5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Abordar fatores de risco e diagnóstico em pacientes com DM2;


• Descrever como a mudança no estilo de vida pode controlar a DM2;
• Analisar as dificuldades que o paciente tem em seguir o tratamento
determinado pelo profissional da saúde responsável;
• Descrever as complicações que a DM2 pode apresentar ao paciente que não
segue as recomendações de controle da doença.

2. REFERENCIAL TEORICO

2.1 Fatores de risco e diagnóstico

A DM2 advém de diversos fatores que ocasionam resistência insulínica e


alteração nas células beta pancreáticas. Khan et al., (2019) relatam que o
sobrepeso/obesidade são uma das causas que levam ao desenvolvimento dessa
doença, e 50% dos indivíduos diagnosticados com a DM2 são obesos e 90% destes
pacientes possuem sobrepeso.

Antes mesmo do diagnóstico da DM2, quando o indivíduo possui altas


concentrações de lipídios no corpo, já ocorre o aumento da resistência insulínica e
diversas modificações metabólicas, que podem ocorrer antes mesmo do desequilíbrio
da glicose. A obesidade está relacionada a alta disponibilidade de ácidos graxos na
corrente sanguínea. No tecido muscular, hepático e adiposo ocorre a redução da
sensibilidade à insulina e ocorre o aumento das concentrações de lipídios (Magkos,
Hjorth, Astrup, 2020).

Em relação a faixa etária, é identificada uma maior prevalência da DM2 em


idosos, que pode ser explicado pelas mudanças fisiológicas que ocorrem devido ao
envelhecimento. A DM2 em idosos aumenta o risco de óbito prematuro e de
desenvolvimento de novas patologias secundárias. Embora a predominância seja em
idosos, o índice de diagnósticos em jovens está cada vez maior, e na maioria das
vezes em conjunto com a obesidade e síndrome metabólica, que pode ocorrer por
conta de uma má alimentação e pela falta da prática de atividades físicas (Malta et al.,
2019).

Uma alimentação que tenha grandes quantidades de carboidratos, gorduras


saturadas e trans, alimentos açucarados e baixa quantidade de fibras, ocasionam
resistência insulínica, elevando os níveis de glicose sanguínea. Alterações para bons
hábitos alimentares ajudam na regulação da glicemia e diminui o risco de doenças
cardiovasculares, sendo essencial na prevenção e manejo da DM2 (Pereira, Frizon,
2018; Peñafiel, 2024).

O sedentarismo é um relevante fator de desenvolvimento para a DM2, está


ligado diretamente com sobrepeso/obesidade aumentando a chances de
desencadear essa patologia. A troca de 30 minutos inativos, por uma atividade física
de proporção moderada a intensa, pode causar uma melhoria de até 15% da
sensibilidade à insulina, tendo uma captação da glicose plasmática quando ocorre a
contração aguda dos músculos (Khan et al., 2019).

A síndrome metabólica (SM) é um fator de risco para a DM2 e para doenças


cardiovasculares. A SM e a DM2 apresentam fisiopatologias parecidas. Na SM ocorre
a elevação do estresse oxidativo e dos marcadores inflamatórios, que causam lesões
metabólicas, resultando em resistência insulínica, que também é uma das principais
características da DM2. Além dos desequilíbrios mencionados, encontra-se na SM a
alteração do HDL-colesterol, da pressão arterial sistólica (PAS), do triglicerídeos e da
circunferência abdominal, para ser considerado como SM, é necessário ter três
dessas cinco alterações (Lopes et al., 2024).

O tabagismo também é um fator de risco preocupante, o uso do tabaco resulta


em uma redução da sensibilidade à insulina. A nicotina faz com que o pâncreas
produza menos insulina, elevando os níveis de insulina na circulação sanguínea. Em
indivíduos diabéticos ou não, o tabagismo está independentemente relacionado a
altas quantidade de HbA1c (hemoglobina A1c), tendo maior risco de DM2 de forma
diretamente proporcional, quanto maior a quantidade de cigarros fumados ao dia,
maior o risco. Em contrapartida, em pessoas que interrompem o uso do tabaco,
também ocorre um aumento do risco devido ao ganho de peso após o cessamento,
devido a regularização do apetite (Tong et al., 2020; Peñafiel, 2024).
O diagnóstico da DM2 pode ser realizado através de quatro testes, sendo o
teste de glicemia de jejum (GPJ), que é necessário jejum total com exceção de água
por 8h, e é um indicativo de DM2 se for ≥ 126 mg/dℓ (7 mmol/ℓ); teste oral de tolerância
à glicose (TOTG), onde é realizada a aferição da glicemia em jejum, em seguida é
consumido um xarope com 75 g de glicose, após 2h é realizada nova aferição, indica
DM se ≥ 200 mg/dℓ (11,1 mmol/ℓ); Níveis de HbA1c (hemoglobina glicada), avalia a
glicemia do indivíduo nos últimos 3 meses e não precisa ser realizado em jejum,
sinaliza DM se ≥ 6,5% (48 mmol/mol); também pode ser usado para o diagnóstico,
qualquer valor aleatório de glicose que seja ≥ a 200 mg/dL ou 11,1 mmol/L em
pessoas que possuem sintomas de hiperglicemia. É aconselhado usar mais de um
teste para realizar o diagnóstico. (Khan et al., 2019; Raymond e Morrow, 2022).

2.2 Controle da DM2 através do estilo de vida e dificuldades que o paciente pode
apresentar no tratamento

A mudança no estilo de vida, com a inclusão de bons hábitos alimentares e


realização frequente de atividades físicas, é aproximadamente duas vezes mais
eficiente no manejo da DM2 do que tratamentos feitos através de medicamentos.
Essas modificações devem ser realizadas levando em consideração as predileções
alimentares do paciente, a segurança alimentar e a situação sociocultural (Pereira e
Frizon, 2018; Raymond e Morrow, 2022).

A perda de peso tem grande importância no controle da diabetes, a eliminação


de aproximadamente 15% do peso corporal provocado pela redução calórica em um
período curto (1 a 6 meses), resulta em considerável diminuição da glicemia em jejum
e da HbA1c, podendo trazer para alguns pacientes a regulação dos níveis desses
indicadores (Magkos, Hjorth, Astrup, 2020).

A mudança dos hábitos alimentares é um dos maiores problemas enfrentados,


visto que os hábitos são formados desde criança, e a mudança na vida adulta não
será simples. A dificuldade em adotar essas modificações se dão por questões
sociais, culturais, financeiras e emocionais, sendo crucial o apoio da família e amigos,
e de uma equipe multiprofissional para guiar este indivíduo (Pereira e Frizon, 2018).

A alimentação deve ser equilibrada, com alto consumo de fontes de fibras e


alimentos in natura. As escolhas dos carboidratos devem ser feitas baseadas em
vegetais, legumes, frutas e grãos integrais, e as gorduras devem ser em sua grande
parte monoinsaturados ou poli-insaturados, diminuindo o consumo das gorduras trans
e saturadas (Harreiter e Roden, 2023).

As orientações sobre a alimentação dos diabéticos se resumem na qualidade


nutricional e em uma dieta padronizada, sendo abundante em nutrientes e com
diminuição do consumo calórico para pessoas com sobrepeso/obesidade.
Recomenda-se levar em consideração o individualismo e finalidade de cada paciente,
tendo como principal fator de eficácia a adesão do paciente a dieta proposta,
independente do tipo que foi escolhida (Petroni et al., 2021).

A atividade física tem grande importância no controle da DM2. Segundo


Magkos, Hjorth e Astrup (2020), os benefícios que as atividades de forma contínua
podem trazer, podendo ser aeróbicas e/ou de resistência, de forma isolada ou
associada com os hábitos alimentares, resultam em diminuição da gordura corporal
total e da gordura visceral, melhoramento do perfil lipídico sanguíneo, pressão arterial,
da sensibilidade à insulina e redução da HbA1c. Apesar de haver melhora sem a
mudança dos hábitos alimentares, sem mudanças na dieta os resultados serão mais
tardios.

O controle da pressão arterial, níveis de lipídeos e glicose é necessário para


que possa ser realizada a prevenção, adiamento e administração de distúrbios micro
e macrovasculares. O consumo de fibras 30-50 g/dia, sendo ≥ 30% solúveis ajudam
no controle da glicemia e do colesterol LDL. Um padrão alimentar sugerido para o
controle desses parâmetros é a dieta mediterrânea ou a dieta DASH (Petroni et al.,
2021).

Grande parte dos pacientes diabéticos restringem apenas o consumo de


açúcar, desconhecendo o impacto e importância que os macronutrientes têm na sua
glicemia. Para que os pacientes diabéticos sigam as orientações passadas e
consigam fazer escolhas melhores sobre sua alimentação, é fundamental que seja
feito uma educação nutricional, com isso será obtido mais autocuidado, melhorando a
qualidade de vida, resultando em melhoras clínicas (Breen et al., 2015)

Além da mudança no estilo de vida, deve estar incluso a monitorização contínua


da glicemia nos cuidados básicos que o paciente deve ter, estar atento aos sinais e
sintomas precavendo possíveis complicações advindas dessa patologia. Acrescenta-
se que é de extrema importância que além do autocuidado, a família também esteja
inclusa no processo, participando das ações de educação nutricional e dando apoio a
este paciente (Ministério da Saúde, 2024).

Outro fator marcante que é um empecilho no controle da DM2 é a baixa


escolaridade, refletindo a realidade socioeconômica do nosso país, que afeta
diretamente na alimentação, atividades físicas, precaução de patologias e no
autocuidado. Ademais, muitos diabéticos não têm acesso aos serviços básicos de
saúde ou até mesmo desconhecem que possuem a patologia (Malta et al., 2019).

A condição emocional do indivíduo pode ocasionar implicações na mudança do


estilo de vida, principalmente na alimentação, pois o ato de comer não envolve apenas
demandas fisiológicas, abrange também contextos representativos e emocionais. O
alimento pode amenizar sentimentos como tristeza, ansiedade, etc. trazendo também
sentimentos de alegria e prazer (Pereira e Frizon, 2018).

2.3 Possíveis complicações da DM2

Dentro das complicações agudas da DM2, temos a hipoglicemia, que é


caracterizada por valores de glicemia aleatórias ≤70 mg/dL. Os sintomas da
hipoglicemia podem ser leves, sendo tremores, palpitações e fome, podendo ser
tratado ao consumir um carboidrato de rápida absorção, mas podem evoluir para
graves, como alterações de comportamento, desordem mental, convulsões e coma,
podendo ser necessário que o paciente procure atendimento médico de urgência
(Ministério da Saúde, 2024).

A hiperglicemia pode causar CAD (cetoacidose diabética), advém de altos


níveis de cetonas no sangue. Ocorre devido a insulina está inapropriada para a
glicose, dessa forma, o corpo utiliza gordura para produção de energia, originando as
cetonas. A CAD é descrita por elevação da cetona sérica e da glicose sérica (> 250
mg/dℓ), pelo pH < 7,3 e pelo bicarbonato sérico < 18 mEq/ℓ. Apresentam sintomas
como micção frequente, sede excessiva, hiperventilação, desidratação, odor frutado
de cetonas e fadiga. Pode ser evitado com monitorização da glicose e com ação
clínica, se não tratado pode levar ao coma e óbito (Raymond e Morrow, 2022).
Podemos citar como complicação crônica a nefropatia diabética, que faz parte
dos distúrbios microvasculares. É caracterizada pela diminuição da função renal,
causada pela hiperglicemia, frequentemente em conjunto com a albuminúria. O
diagnóstico é feito através de dois principais marcadores, redução da taxa de filtração
glomerular estimada (TFGe) e aumento da albuminúria. O tratamento consiste em
controlar a glicose sanguínea, proteinúria e prejuízos renais gradativos até as fases
finais da doença renal, e possivelmente o paciente terá que realizar hemodiálise ou
transplante de rim. Está associada ao aumento do risco de mortalidade (Cole e Florez,
2020).

Outro distúrbio comum é a neuropatia, que atinge por volta de 50% dos
diabéticos, e ocorre devido a hiperglicemia crônica. A redução da hiperglicemia de
forma considerável, diminui e posterga o risco de evolução da neuropatia diabética,
mas não é possível a reversão do dano neural causado. Essa patologia pode afetar
os pés e mãos, a função nervosa que administra diversos sistemas orgânicos,
desempenho sexual e a inervação do sistema gastrintestinal (Raymond e Morrow,
2022).

A DM faz parte de uma das patologias que mais realiza amputações, devido ao
pé diabético. Para identificação dessa complicação é necessário análise da pele e
estrutura do pé, parte neurológica e vascular. Em resumo, o tratamento dessa
complicação se concentra em evitar a amputação de extremidades, e é realizado em
três fases: reconhecimento do pé “em risco”, tratamento ativo do pé e precaução de
futuros transtornos. É essencial o teste de sensibilidade nos pés para mapeamento, e
orienta-se que este paciente tenha acompanhamento regular de especialistas (Kahn
et al., 2009).

A retinopatia diabética é causada pela hiperglicemia, que pode originar


prejuízos nos vasos sanguíneos da retina, provocando hemorragia, descolamento da
retina e perda de visão. É descrito pelo enfraquecimento destes vasos, e o
crescimento dos novos vasos são fragilizados e com escoamento em toda a retina. É
uma das complicações mais frequentes da diabetes, com cerca de 35% de
prevalência, e está entre um dos predominantes motivos de cegueira na fase adulta.
Diabéticos com microalbuminúria possuem duas vezes mais chances de ter
retinopatia diabética, e com macroalbuminúria aumenta para seis vezes mais (Cole e
Florez, 2020).

Entre as complicações crônicas e macrovasculares, podemos citar o infarto


agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral (AVC) e doenças vasculares
periféricas. Como tratamento e precaução desses distúrbios, é essencial que seja feito
acompanhamento e ações preventivas voltadas aos fatores de riscos
cardiovasculares, também prevenindo a dislipidemia e a hipertensão arterial sistêmica
(HAS) (Ministério da Saúde, 2024).

Indivíduos diabéticos possuem maior propensão a desequilíbrios lipídicos,


aumentando a chance de doenças cardiovasculares (DCV). 5-14% dos diabéticos
possuem níveis de triglicerídeos altos, e dispõem de prevalência das taxas de
colesterol altas, sendo 28-34%, e comumente possuem HDL-C baixo. Além da
dislipidemia, a hipertensão arterial é outra patologia comum em indivíduos diabéticos.
Para precaução de complicações micro e macrovasculares é essencial a pressão
arterial se manter < 140/80 mmHg, sendo com ações nutricionais e medicamentosas
(Raymond e Morrow, 2022).

3. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, que foi


realizada no período compreendido de março a dezembro de 2024, através de um
levamento bibliográfico de artigos de 2009 a 2024, por meio de base de dados, como
Pubmed, Google Acadêmico, Minha Biblioteca Integrada (Multivix). A pesquisa foi
realizada em livros, artigos e revistas científicas com o intuito de aprofundar
conhecimentos a respeito da Diabetes Mellitus tipo 2 e como as escolhas dos
indivíduos nos hábitos alimentares e estilo de vida podem influenciar. Consiste em
uma pesquisa de objetivo explicativo e de natureza básica. Foram utilizados os
descritores em inglês Diabetes Mellitus type 2, Prevention and Treatment e Obesity, e
em português Diabetes Mellitus tipo 2, Prevenção e Tratamento e Obesidade, a busca
foi realizada de maneira conjunta utilizando o operador boleano “or” e “and” e “ou” e
“e”. Adotaram-se como critérios de inclusão artigos sobre a Diabetes tipo 2,
exclusivamente em adultos, podendo ou não estar ligada a obesidade, e optou-se por
excluir artigos direcionados a DM2 em crianças e adolescentes, e que possuem
relação com outras patologias a não ser a obesidade.
4 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

Atividades Março/ Maio/ Julho/ Setembro/ Novembro/


Abril Junho Agosto Outubro Dezembro
2024 2024 2024 2024 2024
Definição do x
tema
Pesquisa x x x x
bibliográfica
Escrita do x x
projeto
Escrita do x x
TCC
Entrega e x
apresentação
do TCC

REFERÊNCIAS

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https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S221287782030048X?via%3Dihub

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