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Lit Pré-M 03JUL23

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QUESTÕES DE LITERATURA – PRÉ MODERNISMO

01.

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe–me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê–los,


E há de deixar–me apenas os cabelos,
Na frialdade ignorância da terra!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição


designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem
temática presentes no soneto, identificam–se marcas dessa literatura de
transição, como

a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o


vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos
vigentes no Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em
metáforas como “Monstro de escuridão e relutância" e “influência má dos
signos do zodíaco".
c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e
amoníaco", “epigênese da infância" e “frialdade ignorância", que restitui a visão
naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo
e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o
desconcerto existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo
tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde
renovados pelos modernistas.

02. "Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua
vida? nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e
querê-la muito bem, no intuito de contribuir para a sua felicidade e
prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora
que estava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como
ela o condenava? matando-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na
sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara – todo esse lado da
existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele
não provara, ele não experimentara.

Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice
de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois se
fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do
Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-
se das suas causas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava
disto tudo em sua alma uma sofisticação? Nenhuma! Nenhuma!"

(Lima Barreto)

As obras do autor desse trecho integram o período literário chamado Pré-


Modernismo. Tal designação para este período se justifica, porque ele:

a) desenvolve temas do nacionalismo e se liga às vanguardas europeias.


b) engloba toda a produção literária que se fez antes do Modernismo.
c) antecipa temática e formalmente as manifestações modernistas.
d) se preocupa com o estudo das raças e das culturas formadoras do
nordestino brasileiro.
e) prepara pela irreverência de sua linguagem as conquistas estilísticas do
Modernismo

3. Assinale a alternativa incorreta sobre o Pré-Modernismo:

a) Não se caracterizou como uma escola literária com princípios estéticos bem
delimitados, mas como um período de prefiguração das inovações temáticas e
linguísticas do Modernismo.
b) Algumas correntes de vanguarda do início do século XX, como o Futurismo e
o Cubismo, exerceram grande influência sobre nossos escritores pré-
modernistas, sobretudo na poesia.
c) Tanto Lima Barreto quanto Monteiro Lobato são nomes significativos da
literatura pré-modernista produzida nos primeiros anos do século XX, pois
problematizam a realidade cultural e social do Brasil.
d) Euclides da Cunha, com a obra "Os Sertões", ultrapassa o relato meramente
documental da batalha de Canudos para fixar-se em problemas humanos e
revelar a face trágica da nação brasileira.
e) Nos romances de Lima Barreto observa-se, além da crítica social, a crítica ao
academicismo e à linguagem empolada e vazia dos parnasianos, traço que
revela a postura moderna do escritor.

4. Assinale a alternativa que rotula adequadamente o tratamento dado ao


elemento indígena, nos romances O Guarani, de José de Alencar, e Triste fim de
Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, respectivamente:

a) Nacionalismo exaltado, nacionalismo caricatural.


b) Idolatria nacionalista, derrotismo nacional.
c) Aversão ao colonizador, aversão ao progresso.
d) Aversão ao colonizador, derrotismo nacional.
e) Nacionalismo exaltado, aversão ao progresso.

5. (EsPCEx - 2020)
Os primeiros anos da República foram agitados no Brasil. A Região Nordeste do
país enfrentava o crônico problema da seca. Vivendo de forma precária, muitos
aderiram à pregação messiânica de Antônio Conselheiro. Essa temática está
claramente retratada no livro
a) O sertanejo, de José de Alencar.
b) Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
c) Os sertões, de Euclides da Cunha.
d) Canaã, de Graça Aranha.
e) O alienista, de Machado de Assis.

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