Geohist

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 8

Abertura Boas Vindas Tema do Congresso Comissões Sessões Programação Áreas Títulos Ficha Catalográfica

II Congresso Nacional de Formação de Professores


Trabalho Completo
XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores

REFLEXÕES SOBRE O CONTEÚDO E A PRÁTICA DE ENSINO DE HISTÓRIA E


GEOGRAFIA: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE.
Claudete De Sousa Nogueira

Eixo 1 - Formação inicial de professores para a educação básica


- Relato de Experiência - Apresentação Oral

A experiência que aqui queremos apresentar e discutir se desenvolveu durante atividade de


ensino realizada no curso de graduação em Pedagogia na Faculdade de Ciências e Letras-
UNESP/Araraquara. Trata-se de refletir sobre as situações didáticos pedagógicas criadas na
disciplina Conteúdo, metodologia e prática de ensino de História e Geografia e sua
contribuição na formação do futuro docente. Por meio da observação e análise de materiais
produzidos pelos alunos, identificou-se que o conhecimento referente à história e geografia
aprendidos em sala de aula passou a fornecer subsídios para reflexões sobre as situações
de aprendizagens que permitam construir um processo pedagógico crítico e participativo.

1130
REFLEXÕES SOBRE O CONTEÚDO E A PRÁTICA DE ENSINO DE HISTÓRIA E
GEOGRAFIA: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE.

Claudete de Sousa Nogueira 1. UNESP, FCL/Ar

INTRODUÇÃO

A disciplina Conteúdo, Metodologia e Prática de Ensino de História e Geografia faz


parte do conjunto de disciplinas de natureza teórico-prática, que tem como proposta articular
o ensino à metodologia específica dos diferentes níveis de atuação. De acordo com o
projeto Pedagógico do Curso essas disciplinas

“têm como objetivo possibilitar ao futuro professor a


compreensão teórica dos diferentes campos de produção de
conhecimento aliados ao tratamento didático que possibilite a
aprendizagem das crianças, isto é, o conteúdo é abordado
acompanhado de situações de ensino, entendendo-se que o que
ensinar e como ensinar são elementos constitutivos e indissociáveis
nessa proposta de formação de professores.”

Dentro da sua especificidade, essa disciplina tem como objetivo central proporcionar
ao aluno de Pedagogia, futuro docente, a compreensão do espaço histórico e
geográf ico enquanto produção humana e suas organizações econômicas,
sociais e culturais. Nessa perspectiva propõe que o aluno entenda que a
percepção espacial de cada indivíduo ou sociedade é também marcada por laços afetivos e
referências sócio-históricas, ou seja, “operações culturais começadas antes de nós, e que a
reanimamos ou reativamos a partir de nosso presente.”

As atividades propostas para o ensino das disciplinas de História e Geografia têm


como foco oferecer instrumentos para a “compreensão da vida humana e
consequentemente formação de personalidades democráticas, essenciais ao exercício da
cidadania”.

Segundo as indicações dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino


fundamental as disciplinas de História e Geografia têm como um dos objetivos desenvolver
a “compreensão da cidadania como participação social e política, como o exercício de
direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade,

1
Professora Assistente Doutora da UNESP - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Letras –
Departamento de Didática. Araraquara – SP – Brasil. CEP: 14.801-110 [email protected]

1131
cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo
respeito”. (BRASIL, 1997). Compreende-se a partir dessas considerações que os
conhecimentos de história e geografia devem servir como instrumentos de compreensão da
realidade, desde as séries iniciais do Ensino Fundamental.
Neste sentido, é fundamental refletir sobre experiências de ensino, voltadas a
formação dos graduandos de Pedagogia, futuro docente dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, pois esse profissional terá como desafio encontrar maneiras produtivas de
ensinar História e Geografia para as crianças, levando-se em conta o processo de
construção de identidades e a formação de cidadãos críticos e conscientes.
Diante do exposto, este artigo tem como objetivo principal apresentar e discutir a
experiência de atividade de ensino realizada no segundo semestre de 2012, no curso de
graduação em Pedagogia na Faculdade de Ciências e Letras-UNESP/Araraquara. Trata-se
de refletir sobre as situações didáticos pedagógicas criadas na disciplina Conteúdo,
metodologia e prática de ensino de História e Geografia e sua contribuição na formação do
futuro docente Busca-se apontar quais as contribuições da disciplina Conteúdo, metodologia
e prática de ensino de História e Geografia na formação docente, tendo em vista que esse
profissional pode promover um ambiente de aprendizagem que leve a compreensão do
mundo e dos sujeitos que o organiza, além de proporcionar um espaço para o
desenvolvimento de uma consciência ativa e participativa na sociedade. Esta experiência
está fundamentada num modelo de ensino voltado para a formação de noções e conceitos
básicos, trabalhados a partir dos anos iniciais e que se opõe a memorização e mera
reprodução de fatos e fenômenos.
Pretende-se, que as reflexões aqui apresentadas possam fornecer subsídios às
atividades de ensino e que contribuam para o aprofundamento de discussões críticas
referentes às questões da prática em sala de aula.

METODOLOGIA
Diante das reflexões a que se propõe esse artigo e partindo das observações feitas
em sala de aula, busca-se analisar de maneira qualitativa, as aulas ministradas, os debates
em torno de alguns temas e materiais produzidos pelos alunos.
No decorrer das aulas procurou-se promover situações didático-pedagógicas que
permitiram refletir sobre o conteúdo a ser ensinado, a proposição de metodologia adequada,
a elaboração de planos de ensino e a prática ou simulação de situações didáticas geradoras
de um conhecimento de natureza experiencial. A disciplina também possibilitou, dentre
outras atividades, que o graduando aprendesse a analisar de maneira crítica os diferentes
recursos didáticos existentes, assim como produzisse novos materiais, de acordo com as
necessidades de ensino.

1132
Além da metodologia e recursos utilizados, buscou- se também refletir sobre
as situações didáticas pedagógicas criadas com o intuito de incentivar o aluno de
pedagogia a desenvolver projetos experimentais a respeito dos temas geradores do
conteúdo, tendo em vista organizar material didático para sua futura docência.
Com objetivo de registrar as atividades, os alunos produziram diários reflexivos,
individuais e coletivos, onde puderam relatar as situações vivenciadas, as propostas
específicas das disciplinas de História e Geografia embasadas pelas teorias e a
organização dos projetos experimentais.
De acordo com Schõn (2000), o ensino prático reflexivo é aquele em que o aluno
consegue aprender fazendo por meio de um diálogo de reflexão-na-ação entre professor e
estudante, em que o papel do professor é instruir; suas atividades são demonstrar,
aconselhar, questionar e criticar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos dados, emergida mediante a observação participante e coleta de


materiais revela que a aquisição dos conhecimentos de história e geografia se estabelece
em um contexto de “experiênciação” do mundo, ou seja, a partir da compreensão das
relações, das situações vivenciadas pelos alunos.
Para Silva (2007) o processo de aprender-ensinar-aprender que envolve mulheres e
homens ao longo de suas vidas está relacionado a trocas de significados com outras
pessoas de diferentes faixas etárias, sexo, grupos sociais e étnico-raciais, experiências de
viver. “Tratar, pois, de ensinos e de aprendizagens, é tratar de identidades, de
conhecimentos que se situam em contextos de culturas, de choques e trocas entre jeitos de
ser e viver, de relações de poder.”(SILVA,p.491).
Dessa maneira a formação de professores é compreendida como uma construção
de conhecimento significativa, em que o aluno licenciando, futuro docente, é agente
construtor de seu conhecimento. De acordo com Nóvoa (1997, p. 28):

A formação passa pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio de


novos modos de trabalho pedagógico. E por uma reflexão crítica sobra a
sua utilização. A formação passa por processos de investigação,
diretamente articulados com as práticas educativas.

Dentro desse contexto e levando-se em conta a opção pedagógica voltada a


autonomia do aluno, utilizou-se uma abordagem de ensino construtivista em que os métodos
e as técnicas definidos e utilizados no decorrer das aulas permitiram ir além da
sistematização de conteúdos, contemplando as seguintes características:

1133
- Organização de registros escritos e incentivo as narrativas orais que possibilitavam
reflexões sobre sua experiência enquanto estudantes e perspectivas enquanto futuros
docentes;
- Aulas dialogadas que incentivavam a participação dos graduandos, permitindo a
reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos específicos dessas
disciplinas;
- Análises e discussões sobre a estrutura conceitual de História e Geografia;
- Análises e desenvolvimento de estudos de casos envolvendo os conteúdos a serem
trabalhados e procedimentos metodológicos;
- Reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem, em que eram
problematizadas as possíveis dificuldades e como minimiza-las.

A relação entre o conhecimento teórico e prático esteve presente ao longo do


processo, sendo observada nos relatórios elaborados pelos futuros docentes, assim como
no planejamento do curso e nos planos de aulas.
Destaca-se a seguir algumas temáticas e reflexões presentes nos relatos e
trabalhos produzidos pelos alunos:

- O contato com as disciplinas de História e Geografia ao longo de sua


formação

Diante dos relatos elaborados no diário reflexivo, chama atenção a deficiência e o


pouco conhecimento com os conteúdos propostos pelas disciplinas. Muitos dos alunos
afirmam que os conhecimentos históricos e geográficos só podem ser aprendidos por meio
da memorização, experiência que tiveram ao longo de sua formação.
A aprendizagem das noções de espaço, objeto central da Geografia, aparece muito
subjetivamente quando memorizam as atividades envolvendo mapas, muito mais
relacionados aos aspectos artísticos, como transferências, colagens e pinturas, do que
representações das realidades territoriais. Concordando com Callai (2005):

...ler o mundo vai muito além da leitura cartográfica, cujas representações


refletem as realidades territoriais, por vezes distorcidas por conta das
projeções cartográficas adotadas. Fazer a leitura do mundo não é fazer uma
leitura apenas do mapa, ou pelo mapa, embora ele seja muito importante. É
fazer a leitura do mundo da vida, construído cotidianamente e que expressa
tanto as nossas utopias, como os limites que nos são postos, sejam eles do
âmbito da natureza, sejam do âmbito da sociedade (culturais, políticos,
econômicos).(CALLAI,2005,P.228)

1134
Da mesma forma, aparecem os relatos referentes aos conhecimentos históricos,
que se resumem a fatos envolvendo grandes acontecimentos e personalidades.

O contato com a realidade escolar: reflexões sobre procedimentos e


dificuldades observados no ensino de História e Geografia

A possibilidade de desenvolver atividades práticas no cotidiano escolar foi de


fundamental importância para que os alunos pudessem ter contato com os professores que
lecionam as disciplinas de História e Geografia nos anos iniciais do Ensino fundamental. A
partir de suas observações e constatações foi possível refletir sobre os procedimentos
adotados, as dificuldades encontradas pelos professores e alunos, no processo de ensino-
aprendizagem.
Percebe-se que as atividades de estágio favoreceram o andamento das discussões
em sala de aula. Partiu-se da concepção de estágio, que de acordo com Penteado (2011)
possibilita que o aluno:

- Registre constatações sobre a realidade escolar do trabalho do


qual irá se dedicar brevemente;
- se dê conta das interpretações que elabora sobre suas observações
e constatações;
- problematize tais constatações;
- analise os problemas levantados, a partir:
. dos conhecimentos socioculturais que já detém;
. do que se pretende atingir com o trabalho pedagógico;
. dos procedimentos utilizados; (PENTEADO, 2011,p.218)

Para Penteado (2011) o “fazer pedagógico” e o “pensar pedagógico”, como etapas


inseparáveis e imprescindíveis do processo de trabalho pedagógico, são “ o único caminho
capaz de conduzir a um exercício profissional competente” (p.218)
Assim, nas constatações e reflexões elaboradas pelos alunos sobre a
realidade escolar e o trabalho dos professores aparecem às dúvidas, as perspectivas e suas
considerações sobre o processo ensino-aprendizagem. Ao abordarem sobre suas
experiências com estágio nas séries iniciais, descrevem uma situação não muito diferente
daquela vivenciada no passado, ou seja, grande parte dos professores atualmente ainda
ignoram os conteúdos dessas disciplinas ou são trabalhados sob a perspectiva de uma
concepção de ensino tradicional, voltada para a memorização de fatos e fenômenos ou
reproduções de mapas.
Os relatos sobre a vivência na escola revelam as dificuldades presentes na
organização dessa atividade de ensino, relacionada a vários fatores: organização e

1135
planejamento das aulas, indefinição dos procedimentos metodológicos, deficiência nos
recursos didáticos e falta de interesse por parte dos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAS

Diante das constatações e observações feitas na escola, das reflexões sobre seu
contato com a temática e leituras e discussões de textos teóricos foi possível problematizar
e encontrar alguns caminhos para a construção dos conceitos básicos do ensino de história
e Geografia. Buscou-se refletir diante das conclusões obtidas, sobre as propostas atuais
para o ensino de história e geografia nas séries iniciais e a posição do aluno frente essas
propostas enquanto futuro docente.

Após o desenvolvimento das atividades percebeu-se a importância do “fazer


pedagógico” e “pensar sobre esse fazer”, uma vez que as discussões apresentadas, os
textos lidos, as reflexões sobre os resultados das observações e constatações puderam se
constituir em elementos imprescindíveis em sua formação.
Notou-se que por meio da interação entre alunos, os estudos e a reflexão diante da
temática, foi possíveis tecer novas considerações sobre a proposta de ensino de História e
Geografia e o papel do professor para a viabilização dessa proposta.

1136
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História


e Geografia. Brasília : MEC/SEF, 1997, (Volume 05).

CALLAI, Helena. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do Ensino
Fundamental. In: Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005.

PENTEADO, Heloisa Dupas. Metodologia do ensino de história e geografia. São Paulo:


Cortez, 2011.

SCHÖN, D.A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a


aprendizagem. Trad.Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SILVA, Petronilha Beatriz G. Aprender , ensinar e relações étnico-raciais no Brasil.


Educação .Porto Alegre/RS, ano XXX, n. 3 (63), p. 489-506, set./dez. 2007.

1137

Você também pode gostar