Anais Da Semana de Fisioterapia 2020

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA

(ISSN 2525-6017)

Atuação da fisioterapia no aleitamento materno: revisão de literatura e


elaboração de cartilha educativa
Betize Tená de Alexandre1, Izabela Regina Flávio Moreira1, Jéssica Bérgamo Dos
Santos1, Nilda Rosário Salviano Da Silva1, Suelen De Oliveira1, Taynã Maglia Ribeiro1,
Elaine Cristine Lemes Mateus de Vasconcelos2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

A prática da amamentação é recomendada mundialmente devido às inúmeras


vantagens que proporciona ao binômio mãe-filho. Contudo, há uma considerável
ocorrência de desmame precoce em função da escassez de orientações pertinentes
associada a altos índices de complicações, como ingurgitamento mamário, fissura
mamilar, mastite e desconfortos musculoesqueléticos (ALVES et al., 2018; CARVALHO
et al., 2018).
Diante desse contexto, a atuação do fisioterapeuta parece ser bastante útil e eficaz
no auxílio ao aleitamento materno. O profissional deverá analisar a postura da mãe e do
lactente durante a amamentação, pois uma postura inadequada da mãe favorecerá o
aparecimento ou o agravamento de disfunções musculoesqueléticas, que também
interferirão no posicionamento do bebê para a amamentação. No recém-nascido, uma
postura errada dificultará a deglutição, o que poderá levar à broncoaspiração do leite e,
por conseguinte, a uma pneumonia ou asfixia. Além do mais, um posicionamento
inadequado favorece o aumento do gasto energético da criança, interferindo no seu ganho
de peso (ALVES et al., 2018).
Desse modo, justifica-se o desenvolvimento deste estudo, cuja finalidade é
sintetizar as evidências científicas atuais relacionadas à atual do fisioterapeuta na
promoção do aleitamento materno.

2 OBJETIVOS

Desenvolver uma revisão de literatura sobre a atuação da fisioterapia no


aleitamento materno.
Elaborar uma cartilha educativa com orientações sobre a amamentação.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Refere-se a um estudo de revisão de literatura com a finalidade de reunir e


sintetizar resultados de pesquisas sobre a atuação da fisioterapia no aleitamento materno.
Quanto aos critérios de elegibilidade, foram incluídos artigos sem restrição quanto
à data de publicação, na língua inglesa e portuguesa, e que abordassem a atuação do
fisioterapeuta no aleitamento materno inserido ou não em uma equipe multiprofissional.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Os desenhos metodológicos aceitos para esta revisão foram: ensaios clínicos, estudos
descritivos, estudos qualitativos e revisões de literatura.
Foram consultadas as bases de dados eletrônicas: , Scielo e Lilacs. Os descritores
utilizados na busca de artigos foram: aleitamento materno e fisioterapia; “posição de
amamentar”; aleitamento e “saúde da criança”; amamentação e puerpério; e os termos em
inglês: “breast feeding” and “physical therapy”; “breastfeeding position”; e “breast
feeding” and “child’s health”.
O período de busca na literatura foi de 20 de fevereiro de 2020 a 30 de abril de
2020.
Posteriormente, foi elaborada uma cartilha educativa com orientações específicas
sobre o aleitamento materno.

4 RESULTADOS

Um total de 100 artigos foram identificados no PubMed, 150 publicações no


Scielo e 509 publicações no Lilacs, totalizando 759 publicações. Após a leitura dos títulos
e resumos e aplicação dos critérios de elegibilidade, oito estudos foram selecionados para
integrar essa revisão de literatura (Figura 1).

Figura 1 - Fluxograma com o número de artigos identificados, excluídos e incluídos na revisão


de literatura, de acordo com o Prisma Statement (MOHER et al., 2009).
Identificação

Registros identificados mediante pesquisa


nas bases de dados (n=759)
Triagem

Estudos selecionados pela leitura dos


títulos e resumos (n=24)
Elegibilidade

Estudos excluídos por não


Artigos para avaliar a
atender aos objetivos do estudo
elegibilidade (n=24)
(n=16)
Incluídos

Estudos incluídos na síntese


(n=8)

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

4.1 Síntese dos artigos incluídos no estudo

Um total de oito estudos foram incluídos. Os artigos de revisão de literatura (n=4)


mostraram o importante papel do fisioterapeuta na promoção do aleitamento materno,
principalmente no que diz respeito à postura da mãe durante a amamentação e às
intervenções relacionadas à correção da pega mamilar (SANTANA et al., 2017;
FEITOSA et al., 2019; ALVES et al., 2018; CARVALHO et al., 2018). Nos estudos
descritivos (n=2), constatou-se a falta de informações sobre o posicionamento correto
durante a amamentação e sobre como o fisioterapeuta pode contribuir nesse processo
(ALVES et al., 2017; SUÁREZ-COTELO et al., 2019). Nos estudos qualitativos (n=2),
observou-se que a troca de conhecimentos entre os profissionais e as gestantes é
fundamental para mudar o paradigma de atendimento e fortalecer o ato da amamentação
(ROCHA et al., 2010; MENESCAL et al., 2015).
Esses resultados nortearam a elaboração de uma cartilha educativa com
informações e ilustrações relevantes sobre a amamentação.

5 DISCUSSÃO

Este estudo de revisão de literatura buscou sintetizar a atuação da fisioterapia no


aleitamento materno e os benefícios proporcionados à mãe e ao bebê. Os estudos
incluídos apontam, de maneira unânime, a importância de ações em saúde com
orientações específicas e da atuação fisioterapêutica na promoção do aleitamento materno
(ALVES et al., 2017; ALVES et al., 2018; CARVALHO et al., 2018; FEITOSA et al.,
2019; MENESCAL et al., 2015; ROCHA et al., 2010; SANTANA et al., 2017; SUÁREZ-
COTELO et al., 2019), com a instituição de intervenções relevantes desde o período
gestacional e sua continuidade no período pós-parto.
A amamentação apresenta vantagens potenciais, pois, além de ser um meio de
alimentação saudável para o bebê, contribui para a saúde da mãe, estimulando o vínculo
afetivo entre mãe e filho (ALVES et al., 2018), tão necessário para a qualidade de vida
de ambos (CARVALHO et al., 2018), inclusive para a prevenção de sintomas depressivos
no pós-parto. Entretanto, apesar do crescente incentivo ao aleitamento materno pelos
órgãos de saúde, ainda é notável a falta de informação sobre vários aspectos essenciais,
com destaque ao posicionamento correto da mãe e do bebê, que constitui uma orientação
fundamental para o sucesso da amamentação, além da prevenção de morbidades e do
desmame precoce (ALVES et al., 2017).
Nesse sentido, orientações claras e adaptações pertinentes fornecidas pelo
fisioterapeuta produzem efeitos benéficos ao binômio mãe-filho. Para a mãe, atua na
prevenção de desconfortos musculoesqueléticos e no favorecimento de uma pega correta,
com redução do risco de desenvolvimento de complicações como fissuras mamilar
(CARVALHO et al., 2018; FEITOSA et al., 2019), ingurgitamento mamário e mastite,
que impactam negativamente o processo de amamentação. Para o bebê, o posicionamento
adequado facilita uma pega correta e uma sucção adequada, favorecendo o esvaziamento
da mama, o ganho de peso e o seu desenvolvimento.
Segundo Alves et al. (2018), o importante papel dos profissionais de saúde,
incluindo o fisioterapeuta, está relacionado ao ato de informar e aconselhar as gestantes
quanto à prática do aleitamento materno, vantagens e as suas possíveis complicações que
são comuns, como as fissuras, ingurgitamento mamário, mastite, entre outras.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Contudo, ainda nos dias atuais, a inserção do profissional fisioterapeuta na equipe


multiprofissional que atua na assistência obstétrica não é comum em todas as
maternidades e a sua atuação não é do conhecimento de todas as mulheres (ALVES et al.,
2017; SANTANA et al., 2017). Nesse contexto, o estudo desenvolvido por Alves et al.
(2017) apontou a necessidade de se ampliar a atuação do fisioterapeuta junto às gestantes
e puérperas, com o intuito primário de oferecer orientações claras e seguras que
impactarão positivamente o processo da amamentação.
Diante do exposto, evidencia-se a real necessidade de realização de mais
atividades de educação em saúde direcionadas à comunidade, assim como a criação e o
aperfeiçoamento de políticas públicas destinadas a melhorar o nível de informações das
mulheres quanto aos vários aspectos relacionados ao ciclo gravídico-puerperal, incluindo
o aleitamento materno (ALVES et al., 2017; SUÁREZ-COTELO et al., 2019). Além
disso, existe uma carência de informações por parte das mulheres quanto a esse tema e
uma necessidade de se facilitar o acesso aos profissionais de saúde, no sentido de
promover uma assistência pré-natal saudável. Para atender essa lacuna, outro objetivo do
presente estudo foi desenvolver um material educativo com orientações específicas e
ilustrações explicativas quanto às possibilidades de posicionamentos da mãe e do bebê
para amamentar, adoção de posturas corretas e realização de alongamentos para
prevenção de quadros álgicos, especialmente as cervicalgias.
Os pontos fortes do presente estudo referem-se à contextualização de um assunto
relevante em temos de saúde pública que é o aleitamento materno, além da elaboração de
uma cartilha educativa que poderá beneficiar muitas mulheres por permitir o
esclarecimento de dúvidas, orientar alongamentos musculares e proporcionar maior
segurança quanto aos posicionamentos corretos para amamentar, com consequente
prevenção de disfunções musculoesqueléticas e melhora da qualidade do ato nobre de
amamentar.
Novos estudos devem ser conduzidos sobre essa temática com os objetivos de
aprofundar o conhecimento e favorecer a divulgação da atuação fisioterapêutica no
aleitamento materno, para que mais mulheres tenham acesso às informações de qualidade
e aos profissionais da saúde, cujas ações contribuirão para o sucesso da amamentação e o
alcance de seus inúmeros benefícios.

6 CONCLUSÃO

As intervenções fisioterapêuticas incluem orientações quanto aos


posicionamentos da mãe e do bebê para amamentação, estabelecimento de uma pega
correta, adequação postural e exercícios específicos de alongamento e fortalecimento
muscular. Com isso, a atuação da fisioterapia evita ou reduz o risco do desenvolvimento
de complicações como ingurgitamento mamário, fissuras mamilares e mastites, além de
disfunções musculoesqueléticas, que impactarão negativamente o ato de amamentar.
Diante desse contexto, esforços devem ser direcionados para a inserção de mais
fisioterapeutas nas equipes multiprofissionais que atuam na assistência obstétrica, para a
divulgação ampla e de qualidade de suas ações e para a facilitação do acesso a esses
profissionais por parte das mulheres.

Palavras-chave: aleitamento materno, cartilha educativa, fisioterapia.

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(ISSN 2525-6017)

REFERÊNCIAS

ALVES, A. S. P. et al. Atuação da fisioterapia no aleitamento materno. 2018. 5 f.


TCC (Graduação) - Curso de Fisioterapia, Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ,
Aracati, 2018. Disponível em: <https://www.fvj.br/uploads/midia/2018/04/atuacao-da-
fisioterapia-no-aleitamento-materno.pdf>.

ALVES, D. A. et al. Educação em saúde no processo de posicionamento da mãe com o


bebê durante a amamentação. Em Extensão, v. 16, n. 2, p. 242-252, 2017.

CARVALHO, D. B. et al. A importância da fisioterapia na lactação. Revista Ciência &


Saberes, v. 1, n. 4, p.1-6, 2018.

FEITOSA, D. P. R. A. et al. Tratamento para dor e trauma mamilar em mulheres que


amamentam: revisão integrativa de literatura. Nursing, v. 22, n. 256, p. 1-5, 2019.

MENESCAL, E. L. C. et al. Promoção da saúde: ação do fisioterapeuta sobre o


aleitamento materno no grupo de gestantes do bairro Vila União, Sobral-CE. SANARE
- Revista de Políticas Públicas, v. 14, p. 149, 2015.

MOHER, D. et al. The PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic
reviews and meta-analyses: The PRISMA Statement. PLoS Medicine, v. 6, n. 7, p. 1-6,
2009.

ROCHA, N. B. et al. O ato de amamentar: um estudo qualitativo. Physis: Revista de


Saúde Coletiva, v. 20, n. 4, p. 1293-1305, 2010.

SANTANA, L. S. et al. O papel do fisioterapeuta na promoção do aleitamento materno:


um estudo de revisão. Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes - SEMPESq,
v. 2518, n. 1807, p. 1-2, 2017.

SUÁREZ-COTELO, M. C. Breastfeeding knowledge and relation to prevalence.


Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 53, p. 1-9, 2019.

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Atuação da fisioterapia na equipe multiprofissional de assistência ao


parto humanizado: revisão de literatura
Bruna Euclídia Silveira Freiria1, Cristiane Helena Bisco1, Daiane Lopes de Souza
Marques1, Kátia Adriana Aparecida Garcia Rocha1, Millena Bolsato1, Miriam Francine
Moreno1, Nélida Correia da Rosa1, Elaine Cristine lemes Mateus de Vasconcelos2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

A maternidade é uma experiência única na vida de uma mulher, podendo ter um


impacto emocional e se revelar como um evento de grande responsabilidade (OLIVEIRA;
SANTANA, 2019). A dor constitui uma resposta fisiológica ao parto, e a origem dessa
sintomatologia dolorosa tem como possíveis causas fisiológicas, a hipóxia da musculatura
uterina, o estiramento cervical, vaginal, perineal e o aumento de nível de glicocorticoides
e catecolaminas (CANESIN; AMARAL, 2010).
O parto humanizado refere-se a uma assistência voltada à parturiente e ao seu
bebê. Esta assistência visa promover conforto à parturiente em todas as fases do trabalho
de parto sem, necessariamente, excluir a necessidade de ajuda farmacológica,
assegurando-lhe o direito de se sentir segura durante todo o processo (GALLO et al.,
2011).
Atualmente, é de conhecimento que o fisioterapeuta deveria estar inserido nas
equipes multiprofissionais que atuam nas maternidades, pois ele é o profissional apto a
utilizar recursos não farmacológicos e técnicas que proporcionam melhores condições
durante o parto, potencializando a participação da mãe, promovendo a redução da dor e
fornecendo suporte contínuo à parturiente (GALLO et al., 2011). Diante deste contexto,
justifica-se o desenvolvimento deste trabalho, pois constitui um tema relevante e atual,
mas que ainda demanda de estudos que abordem as possíveis intervenções
fisioterapêuticas na assistência ao parto e os seus resultados na promoção do bem-estar
materno e na evolução do trabalho de parto.

2 OBJETIVO

Desenvolver uma revisão de literatura sobre a atuação do profissional


fisioterapeuta na equipe multiprofissional de assistência ao parto humanizado.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Refere-se a um estudo de revisão de literatura com a finalidade de reunir e


sintetizar resultados de pesquisas sobre a atuação do fisioterapeuta na equipe
multiprofissional de assistência ao parto humanizado.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Quanto aos critérios de elegibilidade, foram incluídos artigos publicados na


íntegra, sem restrição quanto à data de publicação, na língua inglesa e portuguesa, e que
abordassem modalidades de intervenções fisioterapêuticas empregadas no trabalho de
parto. Os desenhos metodológicos aceitos foram: estudo de caso, ensaio clínico e revisão
de literatura. Os critérios de exclusão foram artigos que investigassem modalidades de
tratamento que não integram o arsenal de recursos da fisioterapia.
Foram consultadas as bases de dados eletrônicas: PubMed, Scielo e Lilacs. Os
descritores utilizados na busca de artigos foram: parto humanizado, recursos não
farmacológicos e parto, dor no parto e fisioterapia, e trabalho de parto e fisioterapia; e os
termos em inglês: “non-pharmacological” and “birth”; “humanized delivery” e
“humanized birth”.
O período de busca na literatura foi de 26 de fevereiro a 30 de abril de 2020, sendo
que os manuscritos foram selecionados para o estudo com base nos títulos e resumos.

4 RESULTADOS

Um total de 179 artigos foram identificados no PubMed, 270 publicações no


Scielo e 711 publicações no Lilacs, totalizando 1160 publicações. Após a leitura dos
títulos e resumos e aplicação dos critérios de elegibilidade, nove estudos foram
selecionados para integrar essa revisão de literatura (Figura 1).

Figura 1 - Fluxograma com o número de artigos identificados, excluídos e incluídos na revisão


de literatura, de acordo com o Prisma Statement (MOHER et al., 2009).
Identificação

Registros identificados mediante pesquisa


nas bases de dados (n=1160)
Triagem

Estudos selecionados pela leitura dos


títulos e resumos (n=33)
Elegibilidade

Artigos com textos


Artigos com textos completos completos excluídos por não
para avaliar a elegibilidade atender aos objetivos do
(n=33) estudo (n=24)
Incluídos

Estudos incluídos na síntese


(n=9)

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

4.1 Síntese dos artigos incluídos no estudo

Os nove artigos incluídos neste estudo foram desenvolvidos por: Henrique et al.
(2016); Davim, Torres e Dantas (2009); Ferreira et al. (2004); Gallo et al. (2011); Oliveira
e Santana (2019); Angelo et al. (2016); Nunes, Souza e Vial (2015); Mamede, Mamede
e Dotto (2007); e Bavaresco et al. (2011).
Os dados dos artigos mais relevantes incluídos nessa revisão de literatura estão
sumarizados no Quadro 1.

Quadro 1 - Síntese dos três estudos mais relevantes incluídos na revisão de literatura.
Autor/Ano Bavaresco et al., 2011
Periódico Ciência & Saúde Coletiva
Desenho
Revisão de literatura
metodológico
Realizar uma revisão de literatura sobre como as estratégias não farmacológicas podem
Objetivo influenciar na fisiologia da dor e na evolução do trabalho de parto.
*Deambulação: Proporciona uma menor duração do período de dilatação e do período
expulsivo e melhor dinâmica da contratilidade uterina.
*Posturas verticais: Proporciona menor irregularidade da contratilidade uterina em sua forma
e ritmo, pois melhora a irrigação sanguínea do útero, prevenindo a oclusão da artéria aorta e
da veia cava inferior.
Intervenção
*Bola suíça: Proporciona a percepção da tensão e do relaxamento do assoalho pélvico da
parturiente, por meio da realização de movimentos associados à respiração.
*Eletroestimulação nervosa transcutânea (ENT): Proporciona analgesia através da ativação
de receptores sensoriais periféricos, atuando através do fenômeno das comportas de dor,
aumentando a produção de endorfinas.
O posicionamento vertical reduz o tempo de trabalho de parto, e diminui o índice de partos
instrumentalizados, do uso de ocitócitos, de episiotomia e de intensidade da dor.
Conclusão
A ENT constitui um recurso que pode ser utilizado para alívio da dor no trabalho de parto,
mas os resultados dos estudos ainda não são conclusivos.
Autor/Ano Nunes; Souza; Vial, 2015
Periódico Revista Faipe
Desenho
Revisão de literatura
metodológico
Mostrar a importância do profissional fisioterapeuta qualificado e a eficiência dos recursos
Objetivo da fisioterapia para o alívio da dor durante o trabalho de parto e promoção do bem-estar da
mãe.
*Mobilidade pélvica: A mobilidade pélvica deve ser feita nos intervalos das contrações. As
posturas utilizadas devem ser orientadas pelo fisioterapeuta ou a parturiente assumir aquelas
que melhor se identificar. Algumas posições incluem: sentada, em pé, de cócoras e sentada.
*Banho de chuveiro: As parturientes (n=100) foram submetidas ao banho de chuveiro (água
Intervenção
morna entre 37 e 38°C) durante as contrações uterinas, sendo elas as responsáveis por cessar
o banho.
*Banho de imersão: O banho de imersão foi realizado dentro de uma banheira, sendo que a
água deveria estar entre 37 e 38°C para um relaxamento completo dos músculos que se

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encontravam tensos. A vantagem da banheira é possibilitar a posição deitada pela parturiente,


diferente do banho de chuveiro.
A mobilidade pélvica e as diversas posições assumidas pela parturiente facilitam o encaixe
do bebê, diminuem o tempo do trabalho de parto e promovem alívio da dor na região lombar
Conclusão
e sacral. Tanto o banho de chuveiro quanto o banho de imersão apresentam os benefícios de
proporcionar relaxamento muscular e diminuição da dor.
Autor/Ano Oliveira; Santana, 2019
Periódico Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente
Desenho
Revisão de literatura
metodológico
Discorrer a importância da assistência fisioterapêutica prestada à parturiente no parto
Objetivo
humanizado.
*Massagem: Proporciona relaxamento muscular, melhora do fluxo sanguíneo e alívio da dor.
Essa intervenção apresenta efeito sedativo e analgésico por promover a liberação de
endorfinas que diminui a transferência de sinais entre as células nervosas, reduzindo a
percepção de dor. A utilização da massagem terapêutica atua na diminuição do quadro álgico
Intervenção
e na redução do nível de estresse em todas as fases do trabalho de parto.
*Exercícios respiratórios: Durante o trabalho de parto, os exercícios respiratórios propiciam
uma respiração fisiológica, fornecendo à mulher e ao bebê uma oxigenação adequada, além
de evitar a ocorrência de fadiga e diminuir a ansiedade da parturiente.
A fisioterapia no centro obstétrico contribui significativamente no parto, tornando-o mais
Conclusão
ativo, humanizado e satisfatório à mulher.

5 DISCUSSÃO

A humanização do parto ainda é pouco conhecida e pouco praticada nos dias


atuais. A visão do parto humanizado na nossa sociedade, muitas vezes, não representa o
seu verdadeiro sentido.
O fisioterapeuta que atua nos centros obstétricos é um profissional especializado
que aplica intervenções e protocolos que vão de encontro às premissas do parto
humanizado, pois oferece suporte contínuo e emprega recursos não farmacológicos
voltados ao alívio da dor e promoção do bem-estar da parturiente. Portanto, atua nesse
momento tão peculiar, considerando a integralidade da mulher, que envolve as dimensões
psicológica, fisiológica e patológica (NUNES; SOUZA; VIAL, 2015).
Diante desse contexto, o objetivo do presente estudo foi desenvolver uma revisão
de literatura sobre a atuação do profissional fisioterapeuta na equipe multiprofissional de
assistência ao parto humanizado. Os recursos como banho de chuveiro (NUNES;
SOUZA; VIAL, 2015), banho de imersão (GALLO et al., 2011; NUNES; SOUZA;
VIAL, 2015), massagem (ANGELO et al., 2016; OLIVEIRA; SANTANA, 2019), ENT
(FERREIRA et al., 2004; BAVARESCO et al., 2011), relaxamento e exercícios
respiratórios (ANGELO et al., 2016; OLIVEIRA; SANTANA, 2019) têm como foco
principal oferecer alívio da dor, enquanto que a deambulação, adoção de posturas
verticais, mobilização corporal e exercícios na bola terapêutica (ANGELO et al., 2016;
BAVARESCO et al., 2011; MAMEDE; MAMEDE; DOTTO, 2007; NUNES; SOUZA;
VIAL, 2015) têm como foco principal facilitar a descida fetal e diminuir o tempo de
trabalho de parto.

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A movimentação proporciona à parturiente liberação de hormônios, relaxamento


e melhora da coordenação diafragmática (ANGELO et al., 2016; BAVARESCO et al.,
2011; MAMEDE; MAMEDE; DOTTO, 2007; NUNES; SOUZA; VIAL, 2015).
Recursos, como a bola terapêutica, auxiliam na movimentação, como a mobilidade
pélvica, e podem ser utilizados, até mesmo, no banho de chuveiro (BAVARESCO et al.,
2011). O estudo conduzido por Nunes, Souza e Vial (2015) aponta os mesmos benefícios
do banho de chuveiro em relação ao banho de imersão, que incluem o relaxamento
muscular e o controle da dor. Quanto à respiração, estudos atuais comprovam que a
respiração lenta e profunda demostra maior efetividade na oxigenação adequada do bebê
e da mãe, além de evitar a ocorrência de fadiga e diminuir a ansiedade (ANGELO et al.,
2016; OLIVEIRA; SANTANA, 2019). A ENT atua positivamente no alívio da dor,
porém há necessidade de mais estudos para comprovar a sua efetividade (FERREIRA et
al., 2004; BAVARESCO et al., 2011), pois os resultados obtidos ainda são inconclusivos
(BAVARESCO et al., 2011).
As vantagens evidenciadas nesse estudo de revisão de literatura mostram que a
presença do fisioterapeuta é fundamental na promoção da humanização da assistência
obstétrica. Adicionalmente, a presença de um acompanhante durante todo o processo é
essencial no sentido de proporcionar apoio, segurança e confiança.
Algumas limitações do presente estudo incluem a falta de padronização dos
protocolos e intervenções, além de alguns estudos não citarem o fisioterapeuta como o
profissional que aplica os recursos terapêuticos investigados. Contudo, é importante
salientar os seus pontos fortes, pois constitui um tema que tem despertado interesse
gradual nas pessoas de um modo geral e, em especial, na comunidade científica que atua
na Saúde da Mulher. Os resultados obtidos apontam que esforços devem ser direcionados
para a inserção crescente de fisioterapeutas nas maternidades.

6 CONCLUSÃO

O fisioterapeuta atua na assistência obstétrica do parto humanizado com a


utilização de recursos não farmacológicos como massagem, relaxamento, respiração,
ENT e banho quente, além do incentivo às mudanças de posição, adoção de posturas
verticais, estímulo à deambulação e suporte contínuo. Essas intervenções promovem
alívio da dor; menor estado de ansiedade da parturiente; diminuição do tempo de trabalho
de parto, por facilitar a progressão do trabalho de parto; e redução da utilização de
recursos farmacológicos, promovendo autonomia e bem-estar à parturiente de modo
seguro. Esses dados reforçam a importância da inserção do fisioterapeuta na equipe
multiprofissional de assistência ao parto humanizado.

Palavras-chave: parto humanizado, recursos não farmacológicos, fisioterapia.

REFERÊNCIAS

ANGELO, P. H. M. et al. Atuação da fisioterapia no trabalho de parto, uma revisão


sistemática. Fisioterapia Brasil, v. 17, n. 3, p. 285-292, 2016.

BAVARESCO, G. Z. et al. O fisioterapeuta como profissional de suporte à parturiente.


Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. 7, p. 3259-3266, 2011.

10
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

CANESIN, K. F; AMARAL, W. N. Atuação fisioterapêutica para diminuição do tempo


do trabalho de parto: revisão de literatura. Femina, v. 38, n. 8, p. 429-433, 2010.

DAVIM, R. M. B.; TORRES, G. V.; DANTAS, J. C. Effectiveness of non-


pharmacological strategies in relieving labor pain. Revista da Escola de Enfermagem
da USP, v. 43, n. 2, p. 438-445, 2009.

FERREIRA, C. H. J. et al. O uso da eletroestimulação nervosa transcutânea como


recurso de alívio de dor no trabalho de parto em um contexto de humanização da
assistência obstétrica. Fisioterapia Brasil, v. 5, n. 4, p. 307-311, 2004.

GALLO, R. B. S. et al. Recursos não farmacológicos no trabalho de parto: protocolo


assistencial. Femina, v. 39, n. 1, p. 41-48, 2011.

HENRIQUE, A. J. et al. Hydrotherapy and the swiss ball in labor: randomized clinical
trial. Acta Paulista de Enfermagem, v. 29, n. 6, p. 686-692, 2016.

MAMEDE, F. V.; MAMEDE, M. V.; DOTTO, L. M. G. Reflexões sobre deambulação


e posição materna no trabalho de parto e parto. Escola Anna Nery Revista de
Enfermagem, v. 11, n. 2, p. 331-336, 2007.

MOHER, D. et al. The PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic
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11
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Avaliação da sexualidade de mulheres após câncer de mama


Aline Mesquita Oliveira1, Ana Laura Gotardo1, Caroline Maria Francisco Sorrini1,
Isabela de Brito Santana1, Larissa Zauli França1, Priscila Araujo Reis1, Elaine Cristine
Lemes Mateus de Vasconcelos2, Adriana Costa Gonçalves2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente e a principal causa


de óbito entre as mulheres no Brasil, sendo uma manifestação multidimensional, pois
abrange fatores físicos, psicológicos, sociais e culturais (OLIVEIRA; SILVA;
PRAZERES, 2017; INCA, 2004; INCA, 2019).
A relação entre câncer de mama e sexualidade é que a mulher pode enfrentar
dificuldades sexuais devido à retirada da mama (CHANG et al., 2019; SANTOS;
SANTOS; VIEIRA, 2014; SOUTO; SOUZA, 2004; VERENHITACH et al., 2014),
podendo se sentir menos feminina e insatisfeita com o novo corpo, diminuindo o desejo
sexual e os sentimentos de atração e feminilidade. O desconforto físico constitui um dos
principais motivos da vulnerabilidade dessas mulheres, pois favorece a redução da
lubrificação vaginal e da excitação sexual, causada pelo tratamento do câncer de mama
(SHAFIEI; SAFARINEJAD, 2012; SOUTO; SOUZA, 2004; VAIDAKIS et al., 2014;
VERENHITACH et al., 2014).

2 OBJETIVO

Avaliar a função sexual de mulheres após câncer de mama.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um estudo clínico transversal, no período de junho a setembro de


2020, no qual participaram mulheres com idade igual ou superior a 18 anos, com histórico
de câncer de mama e vida sexual ativa, que aceitaram participar do estudo mediante a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário
Barão de Mauá, conforme Parecer número 4.027.764.
Para a coleta de dados, foram utilizados uma ficha de avaliação contendo dados
pessoais da participante e o instrumento denominado Índice de Função Sexual Feminina
(FSFI) para avaliação da função sexual (PACAGNELLA; MARTINEZ; VIEIRA, 2009).
Foi realizado contato telefônico e, após o aceite em participar do estudo, as
participantes foram convidadas a preencherem a ficha de avaliação e o FSFI, que foram
entregues em um envelope e, após alguns dias, os mesmos foram retirados nos endereços
pelas pesquisadoras.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

4 RESULTADOS

No período de junho a setembro de 2020, foram recrutadas 74 mulheres com


história de câncer de mama para a realização deste estudo. Contudo, foram excluídas 10
participantes que não tiveram atividade sexual nas últimas quatro semanas e 14
participantes devido ao não preenchimento, recusa ou preenchimento incompleto dos
questionários. Portanto, para a análise dos dados, foi utilizada uma amostra de 50
participantes.
A idade média das participantes foi de 50,0 (DP: 8,9) anos, 64,0% (n=32)
encontravam-se no período pós-menopausa, com predomínio de participantes casadas em
84,0% (n=42) dos casos. Em relação ao grau de escolaridade, predominou o ensino
superior completo, representando 54,0% (n=27) da amostra investigada.
Houve prevalência do tratamento clínico com quimioterapia em 82,0% (n=41) das
participantes, 76% (n=38) realizaram radioterapia e, em relação ao uso de medicamentos,
o mesmo foi relatado em 78,0% (n=39) dos casos. Quanto ao tipo de cirurgia, observou-
se que a mastectomia foi predominante em 52,0% (n=26) da amostra. No que se refere à
lateralidade do câncer de mama, houve predomínio do lado esquerdo em 48,0% (n=24),
sendo a reconstrução da mama realizada com colocação de prótese em 50,0% (n=25) dos
casos e 44% (n=22) não realizaram cirurgia de reconstrução.
Referente à análise da dor na região da cirurgia, observou-se uma pequena diferença
entre aquelas que não relataram a presença de dor, representadas por 52,0% (n=26),
daquelas que relataram, representadas por 48,0% (n=24) da amostra. Em relação à
alteração na sensibilidade na região da cirurgia, essa foi relatada por 84,0% (n=42) das
participantes (Tabela 1).
O tempo após o diagnóstico do câncer de mama e a última cirurgia foi de 61,4 meses
(DP: 45,5), com máximo de 192 meses e mínimo de 8,4 meses.

Tabela 1 - Informações referentes às características dos procedimentos cirúrgicos realizados nas


participantes.
Características cirúrgicas Participantes (n=50)
Tipo de cirurgia
Mastectomia 52,0% (26)
Tumorectomia 14,0% (07)
Quadrantectomia 32,0% (16)
Não soube relatar 02,0% (01)
Reconstrução da mama
Retalho músculo reto abdominal 2,0% (01)
Retalho músculo grande dorsal 2,0% (01)
Expansor de pele 2,0% (01)
Prótese mamária 50,0% (25)
Não 44,0% (22)
Dor na região da cirurgia
Sim 48,0% (24)
Não 52,0% (26)
Sensibilidade na região da cirurgia
Sim 84,0% (42)
Não 14,0% (07)
Não respondeu 02,0% (01)
Porcentagens com números absolutos apresentados como: % (n).

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

A maioria das participantes tinha parceiro fixo, em média por 21,9 (12,7) meses,
e a autoconfiança durante a relação sexual foi relatada por 94% (n=47) delas.
Na avaliação da função sexual pelo instrumento específico FSFI, foi identificado
que 50,0% (n=50) das mulheres recrutadas apresentavam disfunção sexual, definida pelo
escore total do FSFI ≤ 26,55 (WIEGEL; MESTON; ROSEN, 2005), com um valor médio
de 24,23 (DP: 5,81). Os escores referentes a cada domínio da função sexual, assim como
o escore total do FSFI, estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Função sexual avaliada pelo instrumento Índice de Função Sexual Feminina (FSFI).
Índice de Função Sexual Participantes
Feminina (FSFI) (n=50)
Desejo 3,32 (1,13)
Excitação 3,73 (0,97)
Lubrificação 3,88 (1,28)
Orgasmo 4,00 (1,31)
Satisfação 4,59 (1,30)
Dor 4,70 (1,36)
Total 24,23 (5,81)
Médias com desvio padrão apresentadas como: média (DP).

5 DISCUSSÃO

Após o câncer de mama, devido ao tratamento clínico e cirúrgico, as mulheres


podem apresentar tanto sequelas físicas como psicológicas e sexuais, que têm o potencial
de comprometer sua qualidade de vida (AMARAL et al., 2009; ALMEIDA; GUERRA;
FIGUEIRAS, 2012). Neste estudo, o escore médio total do questionário FSFI caracterizou
mulheres com disfunção sexual, porém, destaca-se que, apesar deste dado, na análise dos
domínios específicos, os itens com maiores escores foram dor, satisfação e orgasmo
(escores médios de 4,7, 4,59 e 4,0, respectivamente), lembrando que, nesse caso, uma
pontuação alta para dor caracteriza sua ausência. Por outro lado, destaca-se escores baixos
para lubrificação, excitação e desejo (3,88, 3,73 e 3,32, respectivamente), porém com
autoconfiança durante a relação sexual relatada por 94% das participantes, demonstrando
a complexidade na avaliação dos dados.
Santos et al. (2008), em sua pesquisa com mulheres após câncer de mama,
relataram que estas mulheres sofrem com dor durante as relações sexuais e têm
dificuldade de atingir o orgasmo, o que difere dos dados encontrados neste estudo, no
qual o escore médio para o domínio dor durante a relação sexual (4,7) caracterizou
ausência ou baixa dor. Porém, houve relato de presença de dor na região da mastectomia
em 52,0% das mulheres avaliadas, assim como alteração da sensibilidade na região da
cirurgia em 84,0%, queixas frequentes após mastectomia (FERNANDES, 2016;
NASCIMENTO et al., 2012), o que pode ter influenciado na função sexual das mulheres
avaliadas.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Para a realização do presente estudo, foi utilizado o questionário FSFI, pois além
de ser traduzido e validado para a língua portuguesa (PACAGNELLA; MARTINEZ;
VIEIRA, 2009) e citado na literatura por autores que realizam trabalhos relacionados às
disfunções do assoalho pélvico (ZINCIR et al., 2018; MAGNO et al., 2011), é de fácil
aplicabilidade e entendimento, caracterizando a função sexual de mulheres. Porém,
estudos específicos sobre a disfunção sexual em mulheres após câncer de mama são
desenvolvidos com menor frequência na literatura nos últimos 10 anos (CASTELO, 2014;
MOREIRA et al., 2010; PRATES; ZANINI; VELOSO, 2012).

6 CONCLUSÃO

Neste estudo, houve predomínio de participantes com idade média de 50 anos, no


período pós-menopausa, casadas, mastectomizadas, com grau de escolaridade superior
completo e que apresentavam disfunção sexual identificada pelo questionário FSFI, com
destaque aos domínios desejo, excitação e lubrificação, porém com autoconfiança
relatada durante a relação sexual.

Palavras-chave: avaliação, câncer de mama, sexualidade, fisioterapia.

REFERÊNCIAS

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INCA - INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA


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INCA - INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA


SILVA (INCA). Estimativa 2020. 2. ed. Rio de Janeiro: MS, 2019. p. 1-122.

MAGNO, L. D. P. et al. Avaliação quantitativa da função sexual feminina


correlacionada com a contração dos músculos do assoalho pélvico. Revista Pan-
Amazônica de Saúde, v. 2, n. 4, p. 39-46, 2011.
15
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

MOREIRA, J. R. et al. Sexualidade de mulheres mastectomizadas e submetidas à


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câncer de mama: estudo retrospectivo. Fisioterapia e Pesquisa, v. 19, n. 3, p. 248-255,
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OLIVEIRA, F. B. M.; SILVA, F. S.; PRAZERES, A. D. S. B. D. Impacto do câncer de


mama e da mastectomia na sexualidade feminina. Revista de Enfermagem UFPE On
Line, v. 11, n. 6, p. 2533-2540, 2017.

PACAGNELLA, R. C.; MARTINEZ, E. Z.; VIEIRA, E. M. Validade de construto de


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PRATES, A. C. L.; ZANINI, D. S.; VELOSO, M. F. Investimento corporal e o


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16
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Correlação entre incapacidade, cinesiofobia e catastrofização em


pacientes com dor lombar crônica
Beatriz Bernardi Monteiro de Oliveira1, Beatriz Copeschi Busato1, Caroline Stoque
Silva1, Isabela Ribeiro Da Silva1, Jacqueline Suellen Araujo1, Larissa Petri Defina1,
Victor Guilherme Luvizaro Felice Garcia Neves2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

A dor é definida pela International Association for the Study of Pain (IASP) como
uma “experiência sensorial e emocional desagradável associada à lesão tecidual, real ou
potencial, ou descrito em termos de tal dano” (RAJA et al., 2020).
De maneira simplificada, a dor pode ser classificada como aguda, quando tem a
função fisiológica; ou crônica, quando caracterizada pela sua duração maior do que três
meses (TREEDE, 2015). É imprescindível salientar ainda, que a dor crônica pode se
estender por longos períodos, podendo chegar até anos de sofrimento. Uma revisão
sistemática recente apontou que dois terços dos pacientes com dor lombar não específica,
mesmo após um ano do início, ainda apresentam quadro álgico (BREIVIK; EISENBERG;
O’BRIEN, 2013).
A prevenção do surgimento ou da incapacidade relacionada à dor lombar requer
o entendimento de que o grau de incapacidade gerada parece estar intimamente ligado ao
contexto social, psicológico e econômico das pessoas, e isso aparentemente se relaciona
diretamente com as crenças pessoais e culturais sobre dor nas costas (BUCHBINDER et
al., 2018).
A utilização de diagnósticos anatômicos ou radiográficos isoladamente, isto é,
modelo biomédico, sem considerar os mecanismos subjacentes da dor, ou seja, modelo
biopsicossocial, é insuficiente para orientar os cuidados de reabilitação (CHIMENT;
FREY-LAW; SLUKA, 2018). Somando estas afirmações ao aumento da cronicidade no
Brasil e no mundo e suas consequências para a sociedade, faz-se necessário um estudo
que refute ou confirme correlações entre fatores psicossociais e o status funcional de
indivíduos com dor lombar crônica.

2 OBJETIVO

Testar a hipótese nula de que não há correlação entre o nível de incapacidade,


avaliado pelo Oswestry, e os aspectos psicossociais, avaliados pelas escalas TAMPA de
Cinesiofobia e Escala de Pensamento Catastrófico sobre a Dor.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Neste estudo, participaram 156 indivíduos entre 18 e 65 anos de idade, com dor
lombar com ou sem presença de dor irradiada ou referida para extremidades inferiores.

17
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Foram aplicados nos participantes, os questionários traduzidos, adaptados e


validados para a população brasileira Oswestry 2.0 (VIGATTO; ALEXANDRE;
CORREA FILHO, 2007), Escala Tampa para Cinesiofobia (SOUZA et al., 2008), Escala
de Pensamento Catastrófico sobre a Dor – B-PCS (SARDÁ JUNIOR et al., 2008) e
Inventário Breve de Dor (FERREIRA et al., 2011). Os valores descritivos foram tratados
e organizados em planilha eletrônica e os valores médios dos instrumentos foram
utilizados para aplicação do coeficiente de correlação de Spearman.

4 RESULTADOS

O recrutamento dos participantes ocorreu do dia 02 a 08 de setembro de 2020. Na


análise estatística, foram obtidas médias e desvios-padrão, bem como o valor de p. Os
valores médios, desvio padrão, mediana, mínimo e máximo das principais variáveis
podem ser apreciados na Tabela 1.

Tabela 1 - Valores médios das principais variáveis estudadas.

Para análise das correlações, foi aplicado o coeficiente de correlação de Spearman


() com os seguintes resultados descritos na Tabela 2:

Tabela 2 - Resultados das correlações do coeficiente de correlação de Spearman.

18
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

5 DISCUSSÃO

Este trabalho teve como objetivo principal testar a hipótese nula de que não há
correlação entre o nível de incapacidade e os aspectos psicossociais. No que diz respeito
ao medo do movimento e à incapacidade, obtivemos uma correlação fraca, no entanto,
contrariamente a estes resultados, na revisão sistemática de Luque-Suarez et al. (2018),
foram encontrados maiores níveis de correlação entre cinesiofobia e incapacidade. Por
outro lado, Luque-Suarez et al. (2019), em análise posterior, relataram que não obstante
aos resultados prévios, não havia evidências claras de correlação entre cinesiofobia e
incapacidade.
Quanto à correlação entre incapacidade e catastrofização, nosso estudo
demonstrou uma correlação moderada em indivíduos com dor lombar crônica. Apesar
dos valores de correlação que encontramos, o manual oficial da escala (SULLIVAN;
BISHOP; PIVIK, 1995) faz uma estimativa de que 30 pontos seriam um valor de corte
para classificar pacientes como alto nível de catastrofização, sendo que nossa média ficou
em 18,73±12,32 e mediana de 16,50, porém, precisamos considerar que os idealizadores
da escala mostraram valores maiores para homens do que para mulheres e nós tratamos
os dados de maneira global, fato que pode ter diluído nossos cálculos.
Por fim, no tocante à correlação entre o medo do movimento e a intensidade da
dor, Bletzer et al. (2016) afirmaram que o medo e a percepção da dor foram significativos
em sete estudos encontrados. Em concordância a estes achados, um estudo prévio
encontrou fortes evidências de uma associação entre um maior grau de cinesiofobia e
maiores níveis de intensidade da dor (LUQUE-SUAREZ; MARTINEZ-CALDERON;
FALLA, 2019).
Novamente contrariando os estudos relatados no parágrafo acima, Luque-Suarez
et al. (2019) não encontraram associação entre cinesiofobia e intensidade da dor ao longo
do tempo. Em nosso trabalho, quando avaliadas as correlações entre cinesiofobia e
percepção dos sintomas, encontramos correlação fraca, contudo, além das limitações já
descritas acima, isso também pode se explicar ao fato de que a média de idade dos
participantes da pesquisa é inferior à encontrada na literatura.

6 CONCLUSÃO

As correlações encontradas foram fracas ou moderadas, contudo, o fato de


utilizarmos a coleta com ambos os sexos pode ter levado a média geral para baixo, já que
na literatura há sinais de que os valores presentes em populações masculinas são
significativamente maiores. Os valores baixos, porém, não invalidam a hipótese de que
há influências dos fatores nos aspectos funcionais dos indivíduos com dor. Novos estudos
com melhor delineamento são necessários.

REFERÊNCIAS

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
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knowledge and availability of appropriate care. BMC Public Health, v. 13, n. 1, p. 1-
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BUCHBINDER, R. et al. Low back pain: a call for action. The Lancet, v. 391, n.
10137, p. 2384-2388, 2018.

CHIMENT, R. L.; FREY-LAW, L. A.; SLUKA, K. A. A mechanism-based approach to


physical therapist management of pain. Physical Therapy, v. 98, n. 5, p. 302-314,
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LUQUE-SUAREZ, A. et al. Is kinesiophobia and pain catastrophising at baseline


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systematic review. British Journal of Sports Medicine, v. 54, n. 15, p. 892-897, 2019.

LUQUE-SUAREZ, A.; MARTINEZ-CALDERON, J.; FALLA, D. Role of


kinesiophobia on pain, disability and quality of life in people suffering from chronic
musculoskeletal pain: a systematic review. British Journal of Sports Medicine, v. 53,
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RAJA, S. N. et al. The revised International Association for the Study of Pain definition
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SOUZA, F. S. et al. Psychometric testing confirms that the Brazilian-Portuguese


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20
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Estimulação acústica em indivíduos pós acidente vascular cerebral:


revisão sistemática
Beatriz de Paula Ferreira1, Fábio Gabriel Carneiro dos Santos1, Isabela Doria Pares
Brunelli1, Juliana Franco de Souza1, Nathalia de Andrade da Silva1, Rhayane Barros
Pupin1, Robson Ricardo Lopes2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma patologia cerebrovascular, que


acomete a região encefálica, caracterizado pelo início agudo de um déficit neurológico
que persiste por pelo menos 24 horas (PIASSAROLI et al., 2012). O AVC pode ser
classificado em isquêmico e hemorrágico, sendo que 80% a 85% dos casos são causados
por episódios isquêmicos caracterizados por obstrução ou inadequação do aporte
nutricional das artérias responsáveis pela irrigação cerebral (BERTOLUCCI et al., 2016;
STOKES, 2000). Uma abordagem inovadora que está sendo muito pesquisada na
literatura é a utilização de estimulação acústica que estimula neurônios motores a nível
de tronco cerebral e de medula vertebral. Essa técnica estimula esses neurônios, utilizando
a via retículo espinal, fazendo com que diminua o tempo necessário para uma resposta
muscular a um dado comando motor (SONG; RYU, 2016).

2 OBJETIVO

Avaliar por revisão bibliográfica as respostas motoras de indivíduos com acidente


vascular cerebral que foram submetidos a um programa de estimulação auditiva.

3 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo se refere a uma revisão sistemática de literatura. Foi utilizada a estratégia


PICOT (P- população, I- intervenção, C- comparação, O- resultados, T- tipo de estudos)
para elaboração da pesquisa (P- indivíduos acometidos por AVC, I- terapia com
estimulação acústica, C- pré e pós intervenção, O- efetividade da estimulação acústica,
T- ensaios clínicos randomizados) para elaboração da seguinte pergunta da pesquisa: A
estimulação acústica promove melhora funcional aos indivíduos pós AVC? Essa
estratégia tem o intuito de nortear a busca pelas evidências na literatura nas seguintes
bases de dados: US National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed),
Physiotheraphy Evidence Database (PEDro) e Bireme.

21
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Foram encontrados 1972 estudos no total, dos quais apenas nove preencheram os
critérios de inclusão. Foram selecionados estudos com indivíduos com AVC hemorrágico
e/ou isquêmico, sem distinção de etnia, idade e sexo. Os critérios de inclusão foram:
artigos publicados entre 2015 e 2020 que utilizaram a estimulação acústica associada à
cinesioterapia. Os critérios utilizados para exclusão foram: publicações com data anterior
a 2015; artigos duplicados; estudos que tinham além da estimulação acústica e
cinesioterapia, outra intervenção associada; revisões sistemáticas e metanálises.

4 RESULTADOS

Os nove artigos que seguiram os critérios de inclusão foram expostos na Tabela


1, de modo resumido e em ordem cronológica:

Tabela 1 - Resumo dos estudos extraídos das bases de dados Bireme, PEDro e PubMed, de 2015
a 2020.
Ano Autor Objetivo Método Resultados
2015 Tong et Avaliar os efeitos da música N=33 Houve melhora significativa na
al. na função motora dos Ensaio clínico randomizado em 2 função motora do grupo com
membros superiores em grupos por 4 semanas, 5 vezes na música audível.
pacientes pós AVC crônicos. semana, por 30 minutos.
2015 Park et Comparar a marcha em N=19 O grupo de marcha na esteira
al. pacientes com AVC crônico Ensaio clínico randomizado em 2 com EAR teve melhora
após treinamento de dois grupos, 30 minutos, 5 vezes na significativa em relação ao
caminhada na esteira e solo semana, por 4 semanas. grupo de treino de marcha no
com estimulação auditiva. solo.
2015 Shin et Avaliar os efeitos da EAR nos N=18 Melhora significativa nos
al. padrões cinemáticos e Ensaio clínico randomizado em 2 padrões cinemáticos e
temporoespaciais da marcha grupos, 30 minutos, 3 vezes na temporoespaciais em pacientes
em pacientes hemiplégicos. semana, por 4 semanas. submetidos à EAR.
2016 Song e Comparar a recuperação N=40 Houve melhora significativa
Ryu motora e melhora da marcha Ensaio clínico randomizado, 2 para pacientes submetidos à
no treinamento de marcha em grupos, 30 minutos, 5 vezes na EAR.
solo com e sem EAR. semana, por 4 semanas.
2016 Yoon e Avaliar treinamento em esteira N=30 Estudo mostrou melhora
Kang inclinada associada à EAR na Ensaio clínico randomizado em 3 significativa para submetidos à
marcha e equilíbrio. grupos, por 4 semanas, com 30 EAR.
minutos cada sessão.
2018 Lee, Lee Observar os efeitos do N=40 Houve melhora significativa
e Song treinamento da marcha com 2 grupos, 30 minutos por sessão, 5 para pacientes submetidos à
estimulação auditiva rítmica vezes na semana, por 6 semanas. EAR.
na reabilitação dos membros
inferiores.
2018 Mainka Avaliar efeitos de diferentes N=6 Melhoras significativas para
et al. programas ambulatoriais de 30 minutos de fisioterapia, 3 vezes pacientes submetidos à EAR.
marcha após AVC. por semana, por 4 semanas.
2020 Elsner Avaliar melhoras funcionais N=35 Não houve diferença
et al. na marcha associada à 3 grupos, 5 vezes na semana, por 4 significativa para pacientes
estimulação acústica em semanas, em média 20 minutos por submetidos à EAR.
paciente após AVC. sessão.
2020 Tian, Melhora do membro superior N=32 Melhora significativa para
Zhang e hemiparético através da 1 hora e 30 minutos por sessão, 5 pacientes submetidos à
Zhu estimulação rítmica. dias por semana, por 4 semanas. estimulação acústica.
EAR= estimulação acústica rítmica.
Fonte do próprio autor.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Tabela 2 - Análise do nível de evidências entre os estudos.

Fonte do próprio autor.

5 DISCUSSÃO

A estimulação acústica no tratamento de pessoas com AVC demonstra resultados


promissores com uma base sólida e consistente quanto à propriedade científica. O estudo
de Park et al. (2015) mostrou que o treino de marcha na esteira obteve melhoras
significativas para a funcionalidade dos membros inferiores. Mainka et al. (2018)
validaram que o treino de caminhada na esteira com estimulação acústica rítmica melhora
a cadência, trazendo uma marcha mais funcional. Yoon e Kang (2016) expuseram que o
treino de marcha na esteira adicionando leve inclinação melhora o equilíbrio e a
capacidade de andar. O estudo de Song e Ryu (2016) demonstrou melhor desempenho na
cadência e comprimento do passo, com eficácia na marcha funcional em solo. Shin et al.
(2015) e Lee, Lee e Song (2018) também abordaram estudos com marcha em solo, onde
foram demonstrados por eles uma melhora significativa da simetria, cadência da marcha
e equilíbrio. Em contrapartida com esses resultados, no estudo de Elsner et al. (2020), não
houve diferença significativa entre os grupos. Tal resultado levanta a hipótese de que a
ausência de realizar movimentos funcionais sincronizados com batidas rítmicas tenha
interferido em resultados mais significativos.
No estudo de Tong et al. (2015), observa-se a aplicação de estimulação acústica
através de instrumentos musicais para os membros superiores. E, como resultado, houve
uma melhora significativa da função motora, coordenação e flexibilidade do lado afetado.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Tian, Zhang e Zhu (2020) confirmam a eficácia da estimulação auditiva rítmica


na melhora da função motora dos membros superiores. Indivíduos do grupo de
estimulação rítmica obtiveram índices melhores em velocidade, simetria, cadência da
marcha e comprimento de passada.

6 CONCLUSÃO

A estimulação acústica rítmica traz resultados benéficos para a marcha em


indivíduos com AVC. Entretanto, mais estudos devem ser realizados para membros
superiores, uma vez que foi demonstrada uma escassez de resultados para os mesmos.

Palavras-chave: fisioterapia, acidente vascular cerebral e estimulação acústica.

REFERÊNCIAS

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Manole, 2016.

ELSNER, B. et al. Walking with rhythmic auditory stimulation in chronic patients after
stroke: a pilot randomized controlled trial. Physiotherapy Research International, v.
25, n. 1, p. 1-7, 2020.

LEE, S.; LEE, K.; SONG, C. Gait training with bilateral rhythmic auditory stimulation
in stroke patients: a randomized controlled trial. Brain Sciences, v. 8, n. 9, p. 164-174,
2018.

MAINKA, S. et al. The use of rhythmic auditory stimulation to optimize treadmill


training for stroke patients: a randomized controlled trial. Frontiers in Neurology, v. 9,
n. 755, p. 1-8, 2018.

PARK, J. et al. Comparison between treadmill training with rhythmic auditory


stimulation and ground walking with rhythmic auditory stimulation on gait ability in
chronic stroke patients: a pilot study: a pilot study. NeuroRehabilitation, v. 37, n. 2, p.
193-202, 2015.

PIASSAROLI, C. A. P. et al. Modelos de reabilitação fisioterápica em pacientes adultos


com sequelas de AVC isquêmico. Revista Neurociências, v. 20, n. 1, p. 128-137, 2012.

SHIN, Y. K. et al. Effect of rhythmic auditory stimulation on hemiplegic gait


patterns. Yonsei Medical Journal, v. 56, n. 6, p. 1703-1713, 2015.

SONG, G. B.; RYU, H. J. Effects of gait training with rhythmic auditory stimulation on
gait ability in stroke patients. Journal of Physical Therapy Science, v. 28, n. 5, p.
1403-1406, 2016.

STOKES, M. Neurologia para fisioterapeutas. São Paulo: Premier, p. 347-348, 2000.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

TIAN, R.; ZHANG, B.; ZHU, Y. Rhythmic auditory stimulation as an adjuvant therapy
improved post-stroke motor functions of the upper extremity: a randomized controlled
pilot study. Frontiers in Neuroscience, v. 14, n. 649, p. 1-10, 2020.

TONG, Y. et al. Music-supported therapy (MST) in improving post-stroke patients'


upper-limb motor function: a randomised controlled pilot study. Neurological
Research, v. 37, n. 5, p. 434-440, 2015.

YOON, S. K.; KANG, S. H. Effects of inclined treadmill walking training with


rhythmic auditory stimulation on balance and gait in stroke patients. Journal of
Physical Therapy Science, v. 28, n. 12, p. 3367-3370, 2016.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Fisioterapia aquática na melhora da dor e função de pacientes com


osteoartrose: uma revisão de literatura
Ana Cláudia Costa do Nascimento1, Bruna de Souza1, Guilherme Spanó Nakano1, Júlia
Biagini Sá Mosna1, Laura Cardoso Remundini1, Luiz Roberto Pinheiro Graffietti1, Thais
Zattoni Vargas1, Patricia Costa Silva2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

A osteoartrose (OA) é uma doença reumática degenerativa apresentando


alterações nas articulações sinoviais e, consequentemente, na cartilagem articular. A OA
está associada com dor e rigidez articular, deformidade e progressiva perda da função,
afetando o indivíduo em múltiplas dimensões (MARQUES; KONDO, 1998). As
articulações mais acometidas no sexo feminino são as mãos (rizartrose) e joelhos
(gonartrose), já no sexo masculino é o quadril (coxartrose), segundo a Sociedade
Brasileira de Reumatologia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA,
2019).

2 OBJETIVO

Revisar a literatura frente aos benefícios e as melhorias dos pacientes com OA de


joelho na prática de exercícios na fisioterapia aquática, no controle do quadro álgico e
melhora da função.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão de literatura na qual foram consultadas as bases de dados


eletrônicas: Scielo, Lilacs, Google Acadêmico e PubMed. Os descritores em português e
inglês utilizados nas buscas de artigos para a pesquisa foram: osteoartrite de joelho (knee
osteoarthritis) e hidroterapia (hydrotherapy). Os critérios de inclusão dos artigos para o
estudo compreenderam: série de casos, ensaio clínico randomizado e estudos de caso
controle, que abordassem a hidroterapia como forma de intervenção fisioterapêutica em
indivíduos com osteoartrite de joelho; artigos publicados na íntegra; e publicações no
período de 2010 a 2020. Os critérios de exclusão foram artigos que envolvessem outros
tipos de osteoartrite e que não abordassem a hidroterapia como forma de tratamento ou
de revisão.

4 RESULTADOS

Foram encontrados 72 artigos por meio das palavras-chave e apenas quatro


enquadraram-se nos critérios de inclusão após análise (Figura 1).

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Figura 1 - Fluxograma de seleção dos artigos.

Lemos et al. (2018) verificaram o desempenho muscular de membros inferiores,


equilíbrio (estático e dinâmico) e mobilidade após a intervenção com fisioterapia aquática
em 12 idosos com gonartrose. Foi realizado um total de 20 atendimentos por paciente,
três vezes na semana, em dias intercalados, que foi composto por cinco fases. Os
participantes foram avaliados através do teste de sentar e levantar da cadeira (TSL) em
30 segundos, Time Up and Go Test (TUG) e escala de equilíbrio e marcha de Tinetti. A
reabilitação aquática mostrou-se eficaz no tratamento da gonartrose em idosos,
melhorando o desempenho muscular, a mobilidade e o equilíbrio.

27
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Kümpel et al. (2016) avaliaram os efeitos de um programa de tratamento


utilizando os métodos da fisioterapia aquática em pacientes idosos com OA. Foram
propostas 15 sessões de fisioterapia aquática, duas vezes na semana, com 50 minutos cada
sessão. O tratamento foi constituído por quatro fases. Para a avaliação, foram usados os
seguintes instrumentos: goniometria, teste de caminhada de seis minutos (TC6’) e escala
visual analógica (EVA). Após o tratamento proposto, foi possível observar uma melhora
da capacidade de realização das atividades de vida diária (AVD) e da capacidade física,
melhorando o quadro álgico e a amplitude de movimento. Barduzzi et al. (2013)
avaliaram o impacto da fisioterapia aquática e da fisioterapia terrestre na capacidade
funcional de idosos com diagnóstico de OA de joelho. Para tanto, 15 voluntários idosos
foram distribuídos aleatoriamente entre os grupos fisioterapia aquática, fisioterapia em
solo e grupo controle. A capacidade funcional foi avaliada com base na velocidade da
marcha usual, por meio de células fotoelétricas, nos movimentos de caminhar e subir e
descer escadas. Por meio dos resultados obtidos neste estudo, conclui-se que a fisioterapia
aquática seja a mais indicada para o tratamento da OA, com resultados significativos na
melhora da capacidade funcional. Belmonte et al. (2017) analisaram os efeitos do
exercício terapêutico aquático na dor, aptidão física e funcionalidade de joelho de
mulheres com diagnóstico clínico de OA de joelho. O estudo incluiu 28 indivíduos,
separados em dois grupos, grupo I e C. Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados
foram: EVA, Bateria (de teste) Senior Fitness Test e Questionário Lysholm, sendo que a
sessão tinha duração de uma hora, duas vezes na semana, no período de agosto a
dezembro de 2015, totalizando 32 intervenções no grupo I. O grupo C foi orientado a
manter tratamento habitual para OA. Notou-se diferença significativa nas variáveis dor,
função do joelho, levantar da cadeira, flexão de braço e caminhada de 6 minutos na
reavaliação do Grupo I; e no Grupo C, apenas na variável dor. Esses resultados indicam
que a intervenção com os exercícios terapêuticos aquáticos diminuiu a dor e melhorou a
funcionalidade do joelho, força de membros inferiores, força de membros superiores e
resistência aeróbica.

5 DISCUSSÃO

A OA é uma doença degenerativa que acomete as articulações, principalmente dos


joelhos e quadril. Nesta revisão literária verificamos, através da visão de alguns autores,
como a hidroterapia ajuda na melhora de vários fatores físicos do paciente com a ajuda
dos princípios físicos da água que atua sobre o corpo do paciente. Para o manejo da OA
de quadril e joelho, as diretrizes internacionais de prática clínica ressaltam a importância
de intervenções não farmacológicas, como programas educacionais e de exercícios.
Dentre as abordagens com exercícios, podemos destacar os realizados na água
(hidroterapia) e em solo. A hidroterapia é frequentemente recomendada e tem-se
demostrada atrativa para a população idosa por ser um ambiente considerado mais seguro,
devido ao menor risco de quedas quando comparado a exercícios em solo, contribuindo
para uma maior adesão ao tratamento (DIAS et al., 2017; SARMENTO; PEGORARO;
CORDEIRO, 2011; FOLEY et al., 2003; MASSELLI et al., 2012). A perda funcional e
dor presente nos indivíduos com OA de joelho são características marcantes (ALTMAN
et al., 1986). Essa perda da capacidade funcional e dor contribuem com a diminuição do
bem-estar e dificuldades de realizar suas AVD, que são indispensáveis para manter a
independência e participar da sociedade (ROCHA JÚNIOR; MOSSINI; SANTOS, 2015).

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

6 CONCLUSÃO

Os resultados apresentados nesta revisão sugerem que as técnicas de tratamento


com a hidroterapia apresentam efeitos positivos sobre os sintomas de dor e melhora da
funcionalidade em pacientes com OA de joelho. Os estudos clínicos que descreveram a
efetividade das técnicas, seja através de programas de tratamentos associados a outras
intervenções, destaca-se, em especial, a redução da queixa álgica e de edema e a melhora
da amplitude de movimento e algum ganho de força dos membros inferiores.
Os resultados das pesquisas revisadas no presente estudo não são suficientes para
chegar a uma conclusão que indique os melhores tipos de exercícios a serem utilizados,
de modo que cada organismo pode reagir melhor a um determinado exercício e cada
indivíduo pode ter um condicionamento físico melhor que outros. São necessárias mais
pesquisas que demonstrem efeitos também a longo prazo. Outro aspecto que deve ser
considerado é a individualidade de cada paciente, visto que cada indivíduo possui
diferentes características pessoais, clínicas e psicossociais, uma vez que esses fatores
devem ser considerados na avaliação, para a decisão do uso dos melhores procedimentos.
Esta pesquisa literária apresentou déficit em relação ao número de artigos
encontrados, requerendo novas pesquisas para poder avaliar com precisão a eficácia da
aplicabilidade desta técnica para que haja melhor compreendimento da mesma para
avaliar se realmente todas as melhorias propostas nos estudos são válidas.

REFÊRENCIAS

ALTMAN, R. et al. Development of criteria for the classification and reporting of


osteoarthritis: classification of osteoarthritis of the knee. Arthritis and Rheumatism, v.
29, n. 8, p. 1039-1049, 1986.

BARDUZZI, G. O. et al. Capacidade funcional de idosos com osteoartrite submetidos a


fisioterapia aquática e terrestre. Fisioterapia em Movimento, v. 26, n. 2, p. 349-360,
2013.

BELMONTE, L. M. et al. Effect of therapeutic aquatic exercise in women associated


with knee osteoarthrosis: a randomized controlled trial. FisiSenectus, v. 5, n. 1, p. 31-
41, 2017.

FOLEY, A. Does hydrotherapy improve strength and physical function in patients with
osteoarthritis - a randomised controlled trial comparing a gym based and a hydrotherapy
based strengthening programme. Annals of the Rheumatic Diseases, v. 62, n. 12, p.
1162-1167, 2003.

KÜMPEL, C. Et al. Impacto de um programa estruturado de hidrocinesioterapia em


pacientes com osteoartrite de joelho. Acta Fisiátrica, v. 23, n. 2, p. 51-56, 2016.

LEMOS, J. S. P. et al. Análise do desempenho funcional e equilíbrio em idosos com


gonartrose submetidos a fisioterapia aquática. Revista CPAQV - Centro de Pesquisas
Avançadas em Qualidade de Vida, v. 10, n. 3, p. 3-8, 2018.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

MARQUES, A. P.; KONDO, A. A fisioterapia na osteoartrose: uma revisão da


literatura. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 38, n. 2, p. 83-90, 1998.

MASSELLI, M. R. et al. Efeitos dos exercícios aquáticos na osteoartrite do quadril ou


joelho: revisão. Colloquium Vitae, v. 4, n. 1, p. 53-61, 2012.

ROCHA JÚNIOR, P. R.; MOSSINI, G. L. G.; SANTOS, B. M. Análise dos parâmetros


físicos-funcionais de idosos com osteoartrite de joelhos submetidos a um protocolo de
reabilitação aquática. Revista Envelhecer, v. 20, n. 1, p. 177-187, 2015.

SARMENTO, G. S.; PEGORARO, A. S. N.; CORDEIRO, R. C. Aquatic physical


therapy as a treatment modality in healthcare for non-institutionalized elderly persons: a
systematic review. Einstein (São Paulo), v. 9, n. 1, p. 84-89, 2011.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Osteoartrite (artrose): doença


que se caracteriza pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas, entre
elas os osteófitos, conhecidos vulgarmente como "bicos de papagaio". 2019. Disponível
em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/osteoartrite-artrose/. Acesso
em: 20 mar. 2020.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Impacto do nível de atividade física nas atividades e participação de


crianças com paralisia cerebral: revisão bibliográfica
Beatriz de Alcantara1, Luana de Fátima Bonesso1, Maria Julia Olivan1, Phelipe Muniz
Furtado1, Victor Hugo Acquaro1, Victtória Santos Sarne1, Maria Eloisa Borges
Junqueira de Mattos Frateschi2, Marisa Maia Leonardi Figueiredo2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

A paralisia cerebral (PC) é definida como um grupo de desordem permanente do


desenvolvimento da postura e do movimento, causando limitação em atividades, que são
atribuídas a um distúrbio não progressivo que ocorre no desenvolvimento encefálico fetal
ou na infância (ROSENBAUM et al., 2006). A lesão no sistema nervoso central pode
ocorrer durante o período pré, peri ou pós-natal, resultando em comprometimentos
neuromotores. Estima-se que no Brasil a cada 1000 nascidos vivos, sete apresentam PC,
e em casos de nascimento prematuro ocorre o aumento na incidência (REITZ et al., 2018).
A sequela apresentada pelo paciente varia de acordo com a área do sistema
nervoso afetada, desde alterações do tônus muscular, persistência de reflexos primitivos,
rigidez, espasticidade, dentre diversas outras que podem comprometer o desenvolvimento
funcional infantil. Como consequência das alterações neuromusculares, as crianças com
PC apresentam alterações tanto nas atividades básicas diárias, como na locomoção,
quanto na interação e integração na sociedade. A reabilitação no paciente com PC é um
processo complexo que visa promover a melhor participação e qualidade de vida possível
para a criança e a família. As intervenções na PC são frequentemente desenvolvidas para
melhorar a capacidade motora grossa. No entanto, recomenda-se que todas as dimensões
devem ser consideradas: o físico, mental, emocional, comunicativo e relacional,
envolvendo o contexto familiar, social e ambiental da criança
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define atividade física como sendo
quaisquer movimentos corporais produzidos pelo sistema musculoesquelético, que
requeiram gasto energético acima do repouso. A prática de atividade física possui o
importante papel de melhorar a funcionalidade e a mobilidade de crianças e adolescentes
com PC (SANTOS et al., 2018). Além dos benefícios citados, um estudo realizado em
jovens com PC concluiu que a atividade física foi positivamente associada ao sentimento
de felicidade, a fatores físicos e sociais (MAHER; LATIMER; COSTA, 2007). No
entanto, sabe-se que crianças com deficiência participam com menos frequência e em
menos tipos de atividades físicas de lazer do que crianças típicas

2 OBJETIVO

Esta revisão bibliográfica teve como objetivo analisar o impacto do nível de


atividade física de crianças e adolescentes com PC na participação em atividades.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

3 MATERIAL E MÉTODOS

Essa pesquisa corresponde a uma revisão sistemática, por buscar respostas na


literatura. A busca bibliográfica foi realizada nos meses de maio e junho de 2020 nas
bases de dados internacionais como: PubMed, MEDLINE, SciELO, Cochrane Library,
LILACS e PEDro. Foram utilizados os seguintes Descritores em Ciência da Saúde
(DeCS) nos idiomas português e inglês: paralisia cerebral/cerebral palsy, atividade
física/physical activity e participação/participation; e para correlacioná-los foi utilizado
o operador booleano “and”.
Os critérios de inclusão foram: artigos na língua inglesa ou portuguesa; realizados
em crianças e/ou adolescentes de ambos os sexos diagnosticados com PC, que se
classifiquem nos níveis de I a V do Sistema de Classificação da Função Motora Grossa
(GMFCS) e artigos relacionados aos descritores utilizados.
Os critérios de exclusão foram: artigos envolvendo crianças com idade inferior a
dois anos e superior a 18 anos, artigos indisponíveis de forma integral e gratuita nas bases
de dados utilizadas, artigos com mais de cinco anos de publicação, estudos que não
relacionavam nível de atividade física com função e/ou participação e estudos de revisão
sistemática.
Após o levantamento bibliográfico, os artigos selecionados, seguindo os critérios
de inclusão e exclusão mencionados acima, passaram por uma etapa de leitura crítica e
interpretativa a fim de selecionar os artigos mais relevantes para o estudo.

4 RESULTADOS

O diagrama de fluxo com as etapas metodológicas e razões das exclusões em cada


estágio está representado na Figura 1.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

A Tabela 1 apresenta a sistematização dos estudos incluídos. Esta revisão


envolveu um total de 70 participantes com PC classificados com nível I a III do GMFCS,
com idade entre 6 e 12 anos. Para avaliar o nível de atividade física, as crianças do estudo
de Ryan et al. (2015) utilizaram o acelerômetro triaxial RT3 (Stayhealthy Inc, Monrovia,
California) evidenciando que as crianças com PC permaneciam mais tempo em
comportamento sedentário, resultando em menor participação em atividade física
moderada e vigorosa ao longo do dia. Já no estudo de Reedman et al. (2019), as crianças
utilizaram o acelerômetro triaxial ActiGraph GT3X, evidenciando que as crianças com
PC pouco ativas puderam se beneficiar mais do tratamento focado na participação, mas o
aumento do desempenho na participação não foi capaz de modificar o nível de atividade
física habitual.

Tabela 1 - Sistematização dos estudos incluídos.


Estudos Participantes Instrumentos de medida Resultados
utilizados
Ryan, J. M. et al., GMFCS I a III; GMFCS = Classificou o Crianças com PC passam
2015 Idade: 6 a 10 anos; nível da PC; menos tempo em
Crianças com PC Acelerômetro RT3 = atividade física moderada
(n=33); Avaliou o nível de atividade e vigorosa e mais tempo
Crianças com física. em comportamento
desenvolvimento sedentário, resultando em
típico (n=33). menor participação nos
episódios de atividade
física moderada e
vigorosa ao longo do dia.

Reedman et al., GMFCS I a III; GMFCS = Classificou o O aumento do


2019 Idade: 8 a 12 anos; nível da PC; desempenho percebido de
Crianças com PC no Acelerômetro ActiGraph participação não foi capaz
grupo intervenção GT3X = Avaliou o nível de de modificar o nível de
(n=18); atividade física; HPA, no entanto, crianças
Crianças com PC no COPM, PEM-CY, BPPA-Q, com PC pouco ativas
grupo controle CP QOL-Child, BiGSS, podem se beneficiar do
(n=19). CFCS, MACS = Avaliaram tratamento e ter uma
questões relacionadas à resposta clinicamente
função e participação. significativa.
Legenda:
PC (Paralisia Cerebral);
GMFCS (Gross Motor Function Classification System);
HPA (Atividade Física Habitual);
COPM (Medida Canadense de Desempenho Ocupacional);
PEM-CY (Medida de Participação e Ambiente para Crianças e Adolescentes);
BPPA-Q (Questionário de Barreiras na Participação em Atividades Físicas);
CP QOL-Child (Cerebral Palsy Quality of Life Questionnaire for Children);
BiGSS (Escala de Auto competência de Crenças em Objetivos);
CFCS (Communication Function Classification System);
MACS (Manual Ability Classification System).

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

5 DISCUSSÃO

Diante da evidência de que crianças com deficiência participam com menos


frequência e em menos tipos de atividades físicas de lazer do que crianças típicas (LAW
et al., 2006; MICHELSEN et al., 2009), o objetivo do estudo foi, a partir de uma revisão
da literatura, analisar o impacto do nível de atividade física de crianças e adolescentes
com PC na participação em atividades. Após a análise crítica dos textos, foi possível
constatar que crianças com PC passam a maior parte do tempo em comportamento
sedentário e têm menor participação em atividade que requer melhor condicionamento
(moderada a vigorosa).
Os objetivos dos estudos analisados eram diferentes, enquanto Ryan et al. (2015)
objetivaram comparar o nível de atividade física de crianças com PC de crianças típicas,
Reedman et al. (2019) tiveram por objetivo determinar a eficácia de uma intervenção
focada na participação, desempenho e satisfação de metas de atividade física no lazer e
na Atividade Física Habitual (HPA) de crianças com PC. No entanto, ambos os estudos
utilizaram grupos homogêneos com relação à classificação da PC (GMFCS I ao III), o
que favorece a comparação dos dados a fim de obter resultados mais coerentes.
Reedman et al. (2019) concluíram que o aumento na participação não causou
melhorias no nível da atividade física habitual e que a intervenção pode ser mais eficaz
nos casos em que as crianças não correspondem às diretrizes de atividade física; enquanto
Ryan et al. (2015) concluíram que crianças e pré-adolescentes com PC são mais
sedentários e possuem menor participação nas atividades físicas moderadas quando
comparados com as crianças e pré-adolescentes que possuem desenvolvimento típico.
Embora a primeira etapa da busca desta revisão tenha resultado em um número
grande de estudos analisando o nível de atividade física em crianças com PC, a maioria
deles tiveram que ser excluídos (aproximadamente 1700 trabalhos), pois não
relacionavam com a participação dessas em atividades. Sabemos que muitas barreiras
podem influenciar a participação, principalmente naqueles com deficiência motora, por
isso é importante identificar quais são essas barreiras. No estudo de Ryan et al. (2015),
pode-se observar que aquelas atividades moderadas a vigorosas foram descontinuadas
pelas crianças com PC, e isso nos leva a questionar se o sedentarismo ou o baixo
condicionamento físico das crianças do estudo foi uma barreira para a participação nestas
atividades. No estudo de Reedman et al. (2017), após a intervenção, os cuidadores
relataram significativamente menos barreiras comportamentais e/ou mais facilitadores
para a participação das crianças, no entanto, o estudo não cita se o nível de
condicionamento físico interferiu diretamente nos resultados.

6 CONCLUSÃO

Com base nessa revisão, foi possível concluir que embora existam vários estudos
relatando sobre o nível de atividade física e/ou o comportamento sedentário em crianças
com PC, há carência de estudos que relacionam com a participação em atividades,
principalmente nas de lazer.

Palavras-chave: paralisia cerebral, atividade física, participação.

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

REFERÊNCIAS

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35
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Influência dos fatores biopsicossociais e da dor crônica em estudantes


universitários
Danielli Bolsoni Jacomette1, Gabriella Eloane Machado1, Lays Barros Braga Davoli1,
Maria Luiza Cavalari Dias1, Mariana Abrahão Silva1, Mateus Luís Manfredi1, Victor
Guilherme Luvizaro Felice Garcia Neves2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

A dor foi definida pela International Association for the Study of Pain (IASP,
2020) como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou
semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial” (RAJA et al., 2020).
Segundo Cailliet (1999), ela é essencial à sobrevivência, diferente da maioria das
modalidades sensoriais.
Devido ao nível de complexidade dos sintomas crônicos dolorosos, não há um
modelo único para sua resolução e, atualmente, podemos enxergá-los através de dois
prismas: o modelo biomédico e o modelo biopsicossocial (JULL, 2017). O modelo
biomédico não engloba todos os aspectos relacionados à saúde dos pacientes (SLUKA,
2016; JULL, 2017), já o modelo biopsicossocial trata o ser humano de forma
multidimensional, incluindo, em sua avaliação, os aspectos biológicos, psicológicos e
sociais (JULL, 2017).
Devido ao fato de os fatores biopsicossociais estarem envolvidos na dor crônica,
há indícios de que os estudantes universitários sofrem influências diretas destes fatores,
o que se reflete desfavoravelmente no seu desempenho acadêmico. Portanto, faz-se
relevante avaliar a presença de dor crônica em estudantes acadêmicos bem como a
correlação com fatores biopsicossociais e com o período acadêmico.

2 OBJETIVOS

Testar a hipótese de que estudantes com dor crônica não têm níveis de estresse
diferentes de estudantes sem dor crônica; verificar a incidência de dor crônica em
estudantes universitários; testar a hipótese de que a presença de estresse e ansiedade não
é diferente em estudantes ingressantes em comparação aos que se encontram no meio do
curso bem como aos concluintes; e também testar a hipótese de que não há correlações
entre traço e estado de ansiedade e a percepção dos sintomas assim como a interferência
dos sintomas nas atividades gerais.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Foram convidados a participar desse estudo estudantes entre 18 e 65 anos de idade,


que se encontravam regularmente matriculados em qualquer período de qualquer curso
de graduação e que tivessem relato, ou não, de dor em qualquer região do corpo. Foram
excluídos somente os voluntários menores de idade.
36
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Em seguida, foi aplicado um questionário on-line, contendo o Inventário Breve de


Dor (FERREIRA et al., 2011) e Escala de Ansiedade-Traço do IDATE (BIAGGIO;
NATALÍCIO, 1979). Os valores dos três instrumentos foram utilizados para fins de
análise estatística (FIGUEIREDO FILHO; SILVA JÚNIOR, 2009).

4 RESULTADOS

Avaliamos um total de 1046 indivíduos. Deste total, 486 responderam “sim” para
a questão de dor há mais de três meses, o que demonstra uma prevalência de 46,46% de
dor crônica no grupo estudado.
A média do grupo IDATE Estado “sim” foi de 48,9 com desvio padrão de ± 13,5
com mediana de 49. Já o grupo IDATE Traço “sim” teve uma média de 49,6 com desvio
padrão de ± 3,3 e mediana de 50. Para o grupo IDATE Estado “não”, a média foi de 46,
desvio padrão de ± 11,6 e mediana de 47. E, por último, o IDATE Traço “não” com média
de 45, desvio padrão ± 12,2 e mediana de 45.
A média do IDATE Estado do 1º ao 4° semestre foi de 47 com desvio padrão ±
12,7 e mediana de 48. Nos semestres do 5° ao 8°, respectivamente, 47,6 ± 12,7 e 48. E,
por último, os semestres do 9° ao 12° com média de 47,4, desvio padrão ± 12,7 e mediana
de 48.
Comparamos, em seguida, os grupos com Teste T para duas amostras. Ao analisar
o 1º ao 4° com o 5º ao 8° IDATE Estado, foi encontrado um valor de p = 0,478.
Novamente, o 1º ao 4° com o 9° ao 12° IDATE Estado, o valor de p = 0,682. Por último,
foi analisado o 5º ao 8° com o 9º ao 12° IDATE Estado, tendo como p = 0,94.
Foi observado que os grupos dos semestres letivos possuem IDATE Estado
semelhantes. Analisamos também, o IDATE Traço dos mesmos grupos, resultando na
análise abaixo.
Com a finalidade de comparar os grupos de IDATE Traço, aplicamos o teste de
Mann-Whitney. Para o grupo do 1° ao 4° e 5° ao 8° foi encontrado um valor p = 0,43; do
1° ao 4° e 9° ao 12° tivemos um valor de p = 0,06; e, por último, o 5º ao 8° e 9° ao 12°
obtivemos um valor de p = 0,01.
As correlações entre o Inventário Breve de Dor e o IDATE Traço-Estado foram
analisadas através do teste de correlação de Spearman, tendo os seguintes resultados:
IDATE Estado x Percepção dos Sintomas ρ = 0,308 (p = 0,0001), e IDATE Estado x
Interferência nas Atividades de Vida Diária com ρ = 0,301 (p = 0,0001), tendo uma
correlação fraca. No caso do IDATE Traço x Percepção dos Sintomas temos um valor de
ρ = 0,221 (p = 0,0001) e IDATE Traço x interferência nas atividades igual a ρ = 0,276 (p
= 0,003), tendo uma correlação desprezível.

5 DISCUSSÃO

Encontramos valores que variam de ansiedade média a altos níveis de ansiedade


de acordo com Barros et al. (20111 apud BIAGGIO; NATALÍCIO, 1979;
GORENSTEIN; ANDRADE, 1996; ANDRADE et al., 2001; FIORAVANTI et al.,
2006).

1 BARROS, B. P. et al. Ansiedade, depressão e qualidade de vida em pacientes com glomerulonefrite


familiar ou doença renal policística autossômica dominante. Brazilian Journal of Nephrology, v. 33, n.
2, p. 120-128, 2011.

37
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

No que concerne a estes dados em específico, tanto uma revisão sistemática (RS)
realizada por Zeng et al. (2019) quanto a RS realizada por Quek et al. (2019)
demonstraram haver uma prevalência alta de ansiedade em estudantes universitários.
Para além dos valores alarmantes de ansiedade encontrados nesse grupo e apesar
das diferenças de pontos serem aparentemente baixas para o IDATE Traço (Md=50 para
o grupo dor crônica x Md=45 para o grupo sem dor), o nível de significância de p =
0,00001 obtido pelo teste de Mann Whitney deixa claro que os grupos são estatisticamente
diferentes entre si e temos evidências de que esta significância também se estenda à
classificação clínica destes indivíduos, já que o grupo com dor crônica se enquadra como
alto nível de ansiedade, enquanto que o grupo de comparação tem níveis médios
(BARROS et al. 20111 apud BIAGGIO; NATALÍCIO, 1979; GORENSTEIN;
ANDRADE, 1996; ANDRADE et al., 2001; FIORAVANTI et al., 2006). Neste sentido,
Cáceres-Matos et al. (2019) evidenciaram que a ansiedade é um dos transtornos
psiquiátricos mais comuns entre jovens com dor crônica, causando maiores taxas de
incapacidade funcional.
Por fim, nossas correlações foram descritas como fracas, o que não denota, porém,
uma ausência de correlação e, além disso, há grande probabilidade de que os valores
encontrados apontem para observações fidedignas, porém, talvez pela escolha dos
instrumentos, tenhamos observado valores menores.
Por fim, a literatura mostra que a ansiedade e a depressão não se limitam aos
alunos iniciantes em cursos de graduação (DAMMEYER; NUNEZ, 1999). Apesar destes
dados prévios, nosso estudo evidenciou que estatisticamente não há diferença entre os
semestres letivos. Um último fator de importante consideração, é que o período de coleta
foi realizado durante a pandemia da COVID–19, podendo influenciar significativamente
o estado de ansiedade.

6 CONCLUSÃO

As evidências descritas em nosso trabalho demonstram que 46,46% dos


estudantes universitários têm dor crônica há mais de três meses. Foi perceptível um escore
maior de níveis de ansiedade no grupo que afirmou ter dor, sendo que pacientes que não
apresentam dor crônica possuem níveis médios de ansiedade, fato que pode ter relação
também com o período de pandemia. Com relação aos semestres letivos, não houve
diferença entre os níveis de ansiedade entre eles. Nosso estudo nos leva a reafirmar a
importância de se considerar fatores psicossociais durante um processo de avaliação para
todos os profissionais da saúde.

Palavras-chave: dor crônica, universitários, biopsicossocial.

REFERÊNCIAS

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Trait Anxiety Inventory applied to college students: factor analysis and relation to the
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BIAGGIO, A. M. B.; NATALÍCIO, L. Manual do IDATE. Rio de Janeiro: CEPA;


1979.
38
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

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39
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Reconceitualização da dor associada a exercícios aquáticos em


pacientes com dor lombar inespecífica: revisão de literatura
Eva Vilma Campos de Almeida1, Gleise Talita da Silva1, Jaqueline Vilas Boas
Olimpio1, Marlon Lupaquini da Silva1, Thaís Furlan de Oliveira1, Vera Lúcia dos
Santos1, Patrícia Costa da Silva2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que fatores biopsicossociais geram um impacto importante na lombalgia


crônica (RAMOND-ROQUIN et al., 2014).
Segundo Pires, Cruz e Caeiro (2015, p.539) “a educação em neurofisiologia da
dor demonstrou ser eficaz no tratamento da dor lombar crônica quando usada como uma
única intervenção e quando combinada com outras modalidades”.
Segundo Dundar et al. (2009), exercícios aquáticos promovem efeitos positivos
sobre a dor e incapacidade em pacientes com dor lombar.

2 OBJETIVO

Compreender, por meio de estudos de revisão bibliográfica, a eficácia e os


benefícios do tratamento da dor lombar crônica inespecífica por meio da execução de
exercícios aquáticos associados à educação em dor em indivíduos que apresentam dor
lombar crônica inespecífica.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica no qual os artigos foram obtidos


por busca nas bases de dados eletrônicas Scielo, Cochrane, PEDro, PubMed e Google
Acadêmico, filtrando-se o período de publicação entre 2010 e 2020. Foram utilizados os
descritores em inglês: “low back pain”, “hydrotherapy”, “water exercises” e “pain
education”, bem como os descritores em português: “dor lombar”, “hidroterapia”,
“exercícios aquáticos”, e “educação em dor”. Após leitura dos resumos, foram
selecionados cinco artigos que preenchiam os critérios propostos, abordando exercícios
aquáticos associados à educação em dor.

4 RESULTADOS

Após busca nas bases de dados Scielo, Cochrane, PEDro, PubMed e Google
Acadêmico, foram encontrados um total de 62 artigos utilizando as palavras-chave
(Figura 1).

40
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Figura 1 - Fluxograma de seleção dos artigos.

5 DISCUSSÃO

Esse trabalho revisou ensaios clínicos avaliando a eficácia do tratamento de


pacientes com dor lombar crônica inespecífica que utilizaram a reconceitualização da dor
associada a exercícios aquáticos.
Pires, Cruz e Caeiro (2015) verificaram que adicionar a educação em dor antes do
programa de exercícios favorece consistentemente o tratamento do indivíduo. Foi
observado que houve diferença estatística significativa entre o grupo educação em dor e
grupo controle no quesito incapacidade funcional após três meses de acompanhamento, e
diferenças significativas de interação dos grupos para intensidade da dor e incapacidade
funcional.

41
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Cuesta-Vargas et al. (2011) observaram que acrescentar corrida em deep water a


um programa de fisioterapia com exercícios, terapia manual e educação em dor não
produziu diferenças estatísticas significativas entre os grupos controle e intervenção. O
estudo declarou que os dois grupos mostraram melhoras significativas, sendo o grupo
intervenção, aquele que demonstrou uma melhora maior, mas não importante.
Os autores apresentaram divergências em relação às intervenções aplicadas,
número de sessões, resultados obtidos e variáveis estudadas. Pires, Cruz e Caeiro (2015),
em seu tratamento, utilizaram de exercícios aquáticos que englobavam fases de
aquecimento, exercícios específicos (baseados no programa de exercícios aquáticos para
dor lombar crônica descrito por Dundar et al.) e fase de aquecimento novamente,
respectivamente nessa ordem, e a questão a ser analisada foi a eficácia da educação em
dor associada aos exercícios propostos comparado ao grupo que não recebeu educação
em dor.
Como cita Gosling (2012) em seu artigo “Mecanismos de ação e efeitos da
fisioterapia no tratamento da dor”, a dor pode se apresentar clinicamente de diversas
maneiras e associada a múltiplos sintomas. Por isso, autores vêm sugerindo que os
fisioterapeutas tratem a dor de acordo com os mecanismos clínicos periféricos, centrais
e/ou associados, identificados durante a avaliação. A compreensão e a identificação
destes mecanismos auxiliam no julgamento e raciocínio clínico da avaliação, tratamento
e prognóstico do paciente com dor.
A educação em dor é uma abordagem que traz propostas de tratamento para a
melhoria da dor e pode ser associada à terapia manual, exercícios e diversos outros
métodos adequados às necessidades do paciente. A educação em dor é uma estratégia que
ensina sobre o funcionamento da dor e pode ajudar na recuperação e melhora de pacientes
que recebem esse tipo de ensino. Embora seja uma técnica promissora no tratamento de
dor crônica, existem poucos estudos que associem educação a exercícios.
Muitas crenças que os pacientes têm em relação a sua dor, ao longo do tratamento,
vão sendo explicadas e esclarecidas, como por exemplo: a dor não melhora somente com
medicamentos e quando comparados pacientes que realizam somente fisioterapia
daqueles que realizam as aulas sobre educação em dor juntamente com a fisioterapia, este
último mostra melhora significativa da incapacidade que a dor lombar crônica causa
(BLASSI et al., 2020)
Alguns estudos demonstraram que apenas a educação em dor pode beneficiar o
paciente, mas quando a educação em dor é combinada com exercício ou terapia manual,
é muito superior na redução da dor em comparação com a educação sozinha (LOUW et
al., 2011).
Assim, podemos observar que os resultados encontrados nos estudos de Pires,
Cruz e Caeiro (2015) e Cuesta-Vargas et al. (2011), no que diz respeito à
reconceitualização da dor associada à fisioterapia aquática, corroboram com os achados
na literatura.

42
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

6 CONCLUSÃO

As pesquisas realizadas não foram suficientes para apontar superioridade de um


dos métodos utilizados. Essa revisão bibliográfica apresentou limitações de artigos cujo
tema ainda se encontra escasso na literatura, sendo necessárias novas pesquisas para
avaliar com precisão a eficácia da aplicabilidade das técnicas em desenvolvimento,
correlacionando-as com as características dos pacientes que obtiveram melhora com
educação em dor associada a exercícios aquáticos, atentando para a individualidade de
cada um.

Palavras-chave: dor lombar, hidroterapia, exercícios aquáticos, educação em dor.

REFERÊNCIAS

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efeitos de uma intervenção. Revista Inspirar: Movimento & Saúde, v. 20, n. 2, p. 1-18,
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CUESTA-VARGAS, A. I. et al. Exercise, manual therapy, and education with or


without high-intensity deep-water running for nonspecific chronic low back pain: a
pragmatic randomized controlled trial. American Journal of Physical Medicine &
Rehabilitation, v. 90, n. 7, p. 526-538, 2011.

DUNDAR, U. et al. Clinical effectiveness of aquatic exercise to treat chronic low back
pain: a randomized controlled trial. Spine, v. 34, n. 14, p.1436-1440, 2009.

GOSLING, A. P. Mecanismos de ação e efeitos da fisioterapia no tratamento da


dor. Revista Dor, v. 13, n. 1, p. 65-70, 2012.

LOUW, A. et al. The efficacy of pain neuroscience education on musculoskeletal pain:


a systematic review of the literature. Physiotherapy Theory and Practice, v. 32, n. 5,
p. 332-355, 2016.

PIRES, D.; CRUZ, E. B.; CAEIRO, C. Aquatic exercise and pain neurophysiology
education versus aquatic exercise alone for patients with chronic low back pain: a
randomized controlled trial. Clinical Rehabilitation, v. 29, n. 6, p. 538-547, 2015.

RAMOND-ROQUIN, A. et al. Interventions focusing on psychosocial risk factors for


patients with non-chronic low back pain in primary care - a systematic review. Family
Practice, v. 31, n. 4, p. 379-388, 2014.

43
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Treinamento de força e resistência muscular respiratória na distrofia


muscular de Duchenne: uma revisão narrativa da literatura
Ana Paula dos Santos Silva1, José Eduardo Pachioni de Souza1, Fernanda Ceresine
Caporal1, Larissa Carvalho Pozzato1, Letícia Constâncio da Rocha Lucas1, Lívia
Frequete da Silva1, Mauro César de Mello Filho1, Fabrizzia Rakel Messias2, Andrea
Campos de Carvalho Ferreira3, Patricia Costa da Silva3, Eloisa Maria Gatti Regueiro3
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Intérprete da Língua Brasileira de Sinais do Centro Universitário Barão de Mauá;
3
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma doença degenerativa, hereditária


e progressiva, sendo caracterizada por fraqueza muscular progressiva e perda de massa
muscular decorrente da deficiência da proteína distrofina localizada na região Xp21,
geralmente herdada da mãe portadora do gene e assintomática (SILVA, 2019; SINHA et
al., 2017).
A fisioterapia tem como objetivo amenizar as perdas globais causadas pela
doença; e sua associação ao treinamento muscular respiratório (TMR) tem se mostrado
eficaz no controle das complicações respiratórias, melhorando a ventilação pulmonar,
aumentando/ mantendo a força e resistência dos músculos respiratórios, apresentando
maior efetividade quando iniciado na fase inicial da doença (RAMOS et al., 2008;
NASCIMENTO et al., 2015).
Neste contexto, justifica-se a realização desta revisão narrativa a fim de evidenciar
os efeitos do TMR em indivíduos com DMD, com enfoque ao equipamento
PowerBreathe® (PB); um dispositivo versátil e tecnológico utilizado para o
fortalecimento e endurance da musculatura respiratória (MINAHAN et al., 2015).

2 OBJETIVO

O objetivo desta revisão narrativa foi discorrer sobre a DMD e evidenciar a


eficácia do TMR com enfoque ao dispositivo PB, além de enriquecer a literatura
relacionada ao tema.

3 DESENVOLVIMENTO

A DMD é a forma mais grave dentre as distrofias, sendo um distúrbio genético


relacionado ao cromossomo X, afetando principalmente crianças do sexo masculino e
com comprometimento da musculatura estriada causada pela falta e/ou diminuição da
produção da proteína distrofina na membrana muscular e musculatura lisa, gerando
fraqueza muscular generalizada (FONSECA; MACHADO; FERRAZ, 2007).

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ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

A doença é geneticamente recessiva e ocorre no cromossomo X devido à mutação


(30%), deleção (65%) e duplicação (5%) do gene que codifica a proteína distrofina,
acometendo indivíduos em suas duas primeiras décadas de vida, sendo comum no sexo
masculino e, nas mulheres, geralmente ocorre de forma assintomática ou associada à
Síndrome de Turner (cariótipo 45X) (MORAES; FERNANDES; MEDINA-ACOSTA,
2011).
As manifestações clínicas podem ser vistas desde o nascimento, tornando-se
evidentes entre os três e cinco anos de idade. Dentre elas, cita-se a perda progressiva da
força muscular, envolvendo a musculatura proximal dos membros inferiores, cintura
pélvica e, posteriormente, membros superiores e músculos flexores do pescoço. Este
impacto muscular deve-se ao acometimento do sistema nervoso periférico.
Progressivamente, o paciente perde a locomoção devido ao atraso motor relacionado ao
engatinhar e ao andar e, futuramente, perderá a marcha. Além disso, as manifestações
clínicas estendem-se a déficits na musculatura lisa, o que pode levar à miocardiopatia
dilatada e fraqueza muscular respiratória. Ao perderem a capacidade de deambulação, o
sistema cardiorrespiratório torna-se gradativamente comprometido, levando a uma
capacidade pulmonar reduzida e fraqueza desta musculatura (MORAES; FERNANDES;
MEDINA-ACOSTA, 2011).
A fraqueza muscular respiratória, característica da doença, pode contribuir para a
baixa efetividade da tosse, dificultando a remoção de secreção das vias aéreas de maneira
independente. Esses fatores contribuem para uma respiração superficial com
hipoventilação, alteração do padrão respiratório, redução da expansibilidade pulmonar e
da parede torácica, levando ainda à alteração do sono e qualidade de vida do paciente
(FONSECA; MACHADO; FERRAZ, 2007).
A ação fisioterapêutica preventiva minimiza estas complicações, proporcionando, como
citado, melhor qualidade de vida. Esta ação de tratamento deve ser associada ao TMR, iniciado
precocemente, com ação muscular efetiva e função pulmonar preservada, levando ao
estímulo adequado e dentro do linear pressórico do paciente, fortalecendo os músculos
respiratórios e desacelerando a progressão da doença (FONSECA; MACHADO;
FERRAZ, 2007; OLIVEIRA et al., 2017). Um dispositivo de TMR muito utilizado é o
Threshold® IMT (T-IMT), sendo específico para treinamento da musculatura inspiratória
(TMI). Este aparelho possui uma válvula unidirecional que se abre durante a expiração, sem
resistência durante esta fase, e fecha na inspiração. O resultado do treinamento depende da
intensidade, duração e frequência dos exercícios, levando à melhora da força e resistência e
consequente redução da fadiga muscular (PASCOTINI et al., 2014).
Em 1996, por meio de pesquisas sobre o TMI surgiu o dispositivo PB. Seu
funcionamento permite uma imposição de carga por meio de uma válvula eletrônica,
limitando a pressão necessária para impor resistência à musculatura inspiratória e, assim,
trabalhar a força dessa musculatura dentro das necessidades do paciente, e permite que o
desempenho muscular respiratório seja analisado continuamente devido sua capacidade
de fornecer informações do índice de força muscular respiratória global. Este dispositivo
chegou ao Brasil em 2011, atualmente apresentando diferentes versões, tornando-se cada
vez mais tecnológico (POWERBREATHE INTERNATIONAL, 2020).

45
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

O PB Classic Series possui três modelos que visam atender às necessidades do


paciente nas versões com resistência baixa, média e alta. Posteriormente, surgiram as
versões da série K, que faz parte da terceira geração de dispositivos para o TMI e estão
disponíveis nas versões K1, K2, K3, K4 e K5. Estão ainda disponíveis as versões KH1 e
KH2 que mostram em uma tela de LCD os resultados do TMR e do progresso do usuário,
possibilitando que o profissional realize uma avaliação detalhada por meio do software
Breathe-Link e otimize a função diafragmática (POWERBREATHE
INTERNATIONAL, 2020).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após análise da literatura apresentada, verificou-se que o TMR é benéfico ao


paciente com DMD, sendo possível retardar a progressão da doença, e que seu uso é
amplo em pacientes com desordens neuromusculares (FONSECA; MACHADO;
FERRAZ, 2007; NASCIMENTO et al., 2015; WOSZEZENKI; HEINZMANN-FILHO;
DONADIO, 2017).
Em relação aos dispositivos para o TMR, há evidências que tanto o T-IMT, como
o PB, são recursos terapêuticos efetivos para o TMI; todavia, o PB tem uma variação de
pressão de até 270 cmH2O, enquanto o T-IMT apresenta uma pressão máxima de 41
cmH2O (SOUTHIER; BOTEGAL NETTO; KROTH, 2018; MINAHAN et al., 2015).
Estudos prévios relatam bons resultados referentes à utilização do T-IMT,
contribuindo para a manutenção da pressão inspiratória máxima e pressão expiratória
máxima (PImáx e Pemáx), favorecendo a ventilação pulmonar e a musculatura
respiratória. Os mesmos achados foram encontrados em relação ao PB, ou seja, que o
mesmo é eficaz na avaliação e treinamento da musculatura respiratória de pneumopatas,
adultos ativos e atletas (OLIVEIRA et al., 2017; ESTEVES et al., 2016). Todavia, para a
população específica deste estudo, ainda são poucos os relatos apresentados em relação
ao seu uso.

5 CONCLUSÃO

Com base nesta revisão narrativa, reafirma-se a importância da fisioterapia


associada ao TMR em pacientes com DMD. Tanto o tratamento clínico, como o
fisioterapêutico, devem ser contínuos e precoces, com protocolos específicos e
individualizados. Os benefícios do TMR com T-IMT e PB, ainda que as pesquisas
relacionadas a este último sejam escassas, são evidenciados com o aumento e/ou
manutenção da força e resistência da musculatura respiratória, melhora na qualidade de
vida e aumento da sobrevida do paciente.

Palavras-chave: distrofia muscular de Duchenne, treinamento muscular respiratório,


PowerBreathe®, fisioterapia.

REFERÊNCIAS

ESTEVES, F. et al. Treino de músculos inspiratórios em indivíduos saudáveis: estudo


randomizado controlado. Saúde & Tecnologia, n. 15, p. 5-11, 2016.

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47
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Treinamento muscular respiratório e método Pilates em solo em idosos


sem doenças respiratórias, há evidências? Uma revisão narrativa da
literatura
Damaris Natalia de Oliveira1, Jessica Camargo Fernandes1, Luana Andressa Pereira
Andrigo1, Rayssa Braz Sorrino1, Andrea Campos de Carvalho Ferreira2, Eloisa Maria
Gatti Regueiro2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um fenômeno do processo da vida, assim como a infância, a


adolescência e a maturidade, e é marcado por mudanças biopsicossociais específicas
associadas à passagem do tempo. No entanto, este fenômeno varia de indivíduo para
indivíduo, podendo ser determinado geneticamente ou ser influenciado pelo estilo de
vida, pelas características do meio ambiente e pela situação nutricional de cada um
(ÁVILA; GUERRA; MENESES2, 2007 apud FERREIRA et al., 2010).
Dentre os sistemas do organismo, acredita-se que o respiratório seja o que
envelhece mais rapidamente, devido à maior exposição a poluentes ambientais ao longo
dos anos (BELINI3, 2004 apud LOPES; RUAS; PATRIZZI, 2014).
Dentre as alternativas terapêuticas disponíveis para o tratamento e promoção de
saúde dos idosos, cita-se o treinamento muscular respiratório (TMR), que visa melhorar
o desempenho respiratório por meio da carga imposta ao sistema respiratório, bem como
seu nível habitual de funcionamento, criando assim um efeito de treinamento
(MACHADO et al., 2018); além do método Pilates, que busca o condicionamento físico
e mental, e possui como intuito principal ampliar a independência no cotidiano das
atividades de vida diária (REIS; MASCARENHAS; LYRA4, 2011 apud SANTOS et al.,
2019).

2 OBJETIVO

O objetivo desta revisão narrativa é trazer evidências recentes sobre a eficácia do


TMR associado ao método Pilates em solo em idosos sem doenças respiratórias, além de
enriquecer a literatura científica relacionada ao tema.

2ÁVILA, A. H., GUERRA, M.; MENESES M. P. R. Se o velho é o outro, quem sou eu? A construção da
auto-imagem na velhice. Pensamiento Psicológico, v. 3, n. 8, p. 7-18, 2007.
3BELINI, M. A. V. Força muscular respiratória em idosos submetidos a um protocolo de cinesioterapia
respiratória em imersão e em terra [Trabalho de Conclusão de Curso]. Cascavél: Universidade Estadual do
Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, 2004.
4REIS, L. A.; MASCARENHAS, C. H. M.; LYRA, J. E. Avaliação da qualidade de vida em idosos
praticantes e não praticantes do método Pilates. C&D - Revista Eletrônica da Fainor, v. 4, n. 1, p. 38-51,
2011.

48
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

3 DESENVOLVIMENTO

O TMR aumenta a resistência à fadiga muscular, melhora a força muscular


respiratória, o aporte sanguíneo e fornece substratos para estes músculos, corroborando
para o aumento da capacidade respiratória (BARROS et al., 2018).
O método Pilates surge como forma de condicionamento físico particularmente
interessado em proporcionar bem-estar geral ao indivíduo, sendo capaz de proporcionar
força, flexibilidade, boa postura, controle postural, consciência corporal e percepção do
movimento (BLUM5, 2002 apud LOPES; RUAS; PATRIZZI, 2014).
Nesse contexto, acredita-se que, por este método ter como um dos princípios
básicos o trabalho respiratório associado aos exercícios, haja melhora na força muscular
respiratória aos praticantes de Pilates (RAFAEL et al., 2010); e que sua associação ao
TMR seja benéfica aos indivíduos idosos, ainda que não apresentem doenças respiratórias
prévias.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo o estudo de Vilaça et al. (2019), o TMI na vida de idosos saudáveis, se


realizado de maneira regular, pode contribuir não apenas para melhora da força dos
músculos inspiratórios, mas está relacionado com a força muscular periférica e,
consequentemente, à melhora na qualidade de vida nessa população, sendo uma prática
segura e eficaz para a população estudada.
O método Pilates, por requerer uma respiração específica durante os exercícios,
realizando contração ativa dos músculos estabilizadores da coluna, gera maior tensão
sobre o músculo diafragma diminuindo sua excursão para manter a pressão intra-
abdominal. Com esta alteração da respiração durante os exercícios, possivelmente ocorre
maior mobilidade torácica exigindo maior trabalho dos músculos respiratórios costais e
acessórios, promovendo assim maior expansão torácica na inspiração e maior retração
torácica na expiração do que em condições normais (SANTOS, et al., 2019). Jesus et al.
(2015) relatam melhora da mobilidade torácica e abdominal em praticantes de Pilates,
possivelmente atribuída à melhora da flexibilidade do tronco, visto que diminuem
possíveis encurtamentos da musculatura respiratória ou melhoram seu alongamento,
contribuindo para uma eficiente mecânica respiratória.
Pelos achados deste estudo, sugere-se que os idosos praticantes do método do
Pilates em solo associado com TMR apresentam melhora do desempenho da força
muscular e função pulmonar; entretanto, a literatura científica sobre o tema ainda é
escassa.

5 CONCLUSÃO

Por meio desta revisão narrativa da literatura, sugere-se que o TMR associado ao
método Pilates em solo em idosos sem doenças respiratórias é benéfico sobre a força e
endurance muscular respiratória, qualidade de vida, bem como nos níveis de
flexibilidade, agilidade, equilíbrio dinâmico e resistência aeróbica, contribuindo para a
prevenção de doenças e demais comorbidades associadas às alterações decorrentes do
processo de envelhecimento, mantendo e melhorando o estado de saúde.

5BLUM, C. L. Chiropractic and Pilates therapy for the treatment of adult scoliosis. Journal of
Manipulative and Physiological Therapeutics , v. 25, n. 4, p. 1-8, 2002.

49
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Todavia, ainda são escassos os relatos específicos à associação destes métodos,


sugerindo a necessidade de mais estudos a fim de enriquecer a literatura científica
relacionada ao tema.

Palavras-chave: idoso, treinamento muscular respiratório, método Pilates, fisioterapia.

REFERÊNCIAS

BARROS, T. C. et al. Treinamento respiratório em indivíduos saudáveis. Revista


Educação em Saúde, v. 6, n. 2, p. 25-30, 2018.

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50
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Uso da dinamometria na avaliação da força muscular de membro


superior após câncer de mama: revisão de literatura
Camila Martins Barroso1, Jaqueline de Carvalho Borges1, Jessica Castro Alvarez
Mattos1, Marina Camargo Oliveira1, Victor Guilherme Luvizaro Felice Garcia Neves2,
Adriana da Costa Gonçalves2
1
Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá;
2
Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá.

[email protected]

1 INTRODUÇÃO

O câncer de mama é o segundo tipo de neoplasia maligna mais frequente no


mundo (MIRANDA; FELICIANO; SAMPAIO, 2014), mas, se detectado em fases
iniciais, aumenta a possibilidade de cura (SILVA et al., 2014). Como possibilidades de
tratamento para esse tipo de câncer estão a quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal
ou hormonioterapia e alguns procedimentos cirúrgicos como a mastectomia (CASTRO
FILHA et al., 2016), com complicações físicas, dentre elas: infecção, linfedema,
aderência e deiscência cicatriciais, formação de cordão axilar, lesão de nervos motor e/ou
sensitivo, dor, limitação da amplitude de movimento do ombro, alteração sensorial e
fraqueza muscular (FRAZÃO; SKABA, 2013).
Um instrumento muito utilizado para avaliação da força de indivíduo é o
dinamômetro manual (ROBERTS et al., 2011), que avalia a força de preensão manual,
com medidas objetivas e quantitativas, sendo considerado o instrumento mais aceito para
avaliação da força de preensão manual. Estudos demonstram que a força muscular,
avaliada com dinamômetro em mulheres após cirurgia de câncer de mama, encontra-se
com diminuição significativa no membro superior homolateral à cirurgia da mama, com
comprometimento de sua funcionalidade e atividades de vida diária (CASASSOLA et al.,
2020).
Levando em consideração o grande impacto econômico, social, físico e emocional
que as sequelas provocadas tanto pela presença do câncer quanto pelas deixadas pelo
tratamento, parece ser fundamental que se desenvolva uma revisão de literatura sobre o
uso de dinamometria em vítimas de câncer de mama para que, desta forma, os processos
de avaliação e tratamento sejam otimizados.

2 OBJETIVO

Realizar uma revisão de literatura sobre o uso da dinamometria na avaliação da


força muscular de membro superior após câncer de mama.

51
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

3 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho de pesquisa é de natureza descritiva, com abordagem


qualitativa, que busca, por meio de uma revisão de literatura, analisar artigos científicos
que identifiquem o uso da dinamometria na avaliação da força muscular de membro
superior de mulheres após câncer de mama.
A elaboração da pesquisa teve como ferramenta embasadora, artigos científicos já
publicados e disponíveis nas seguintes bases de dados eletrônicas, nacionais e
internacionais: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-
americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), PubMed Central (PMC) e
Physiotherapy Evidence Database (PEDro), por meio da consulta das combinações dos
seguintes descritores em inglês: breast cancer, dynamometer, evaluation, muscle
strength, upper extremity; e descritores em português: avaliação, câncer de mama,
dinamômetro, força muscular, membro superior.
Os artigos selecionados pela estratégia de busca foram avaliados obedecendo aos
critérios de inclusão: texto (íntegra), idioma (português/inglês), tipo de documento
(artigo) e população (mulheres após câncer de mama), no período de publicação entre
2010 e 2020.

4 RESULTADOS

Durante a pesquisa foram encontrados 83 artigos, dos quais foram utilizados oito
em virtude do caráter específico. Na base de dados PubMed, foram encontrados 80
artigos, sendo quatro artigos selecionados; LILACS, foram encontrados dois artigos e
apenas um artigo estava vinculado ao tema proposto; SciELO, um artigo foi enquadrado
ao tema; e PEDro, nenhum artigo foi encontrado. Entre os artigos selecionados, observou-
se que um maior número de publicação ocorreu nos últimos quatro anos, com predomínio
de publicações no Brasil e Estados Unidos. Dos oito artigos selecionados, quatro
utilizaram o dinamômetro digital Lafayette e dois o dinamômetro hidráulico Jamar, com
amostras variando de 10 a 107 mulheres avaliadas após câncer de mama, na faixa etária
entre 25 e 84 anos; seis artigos indicam que a força muscular de membros superiores em
mulheres com câncer de mama encontra-se diminuída em comparação com mulheres
saudáveis.
O período mínimo de avaliação foi de seis meses após a realização da cirurgia e o
tempo máximo foi de 35 meses; quatro artigos citam que as mulheres avaliadas realizaram
quimioterapia e outros tratamentos adjuvantes. Houve um predomínio também na
avaliação da força muscular com dinamômetro correlacionando com a função de
membros superiores, função específica do ombro e avaliação da qualidade de vida após
mastectomia.

5 DISCUSSÃO

O dinamômetro manual, equipamento que mede a força de preensão palmar,


segundo alguns autores, não é simplesmente uma medida da força da mão ou mesmo
limitada à avaliação do membro superior, sendo utilizada, por exemplo, como um
indicador da força total do corpo e, neste sentido, é empregada em testes de aptidão física
(MOREIRA; ALVAREZ, 2002).

52
ANAIS DA SEMANA DE FISIOTERAPIA
(ISSN 2525-6017)

Em oncologia, verificou-se que a dinamometria manual é um método comumente


utilizado (LIMBERGER; PASTORE; ABIB, 2014), sendo o aparelho Jamar, considerado
o instrumento mais aceito para avaliar a força de preensão palmar desde 1954, por ser
relativamente simples e fornecer leitura rápida e direta, medindo a força por meio de um
sistema hidráulico fechado (MOREIRA; ALVAREZ, 2002), sendo considerado “padrão
ouro” (REIS; ARANTES, 2011). Porém, nessa revisão de literatura, observou-se que o
dinamômetro digital Lafayette foi o mais citado (AKOOCHAKIAN et al. 2017; CRUDE
et al. 2013; HARRINGTON et al. 2011; HARRINGTON et al. 2013), sendo uma possível
justificativa o fato do instrumento digital ser mais prático e de fácil uso (KORHONEN et
al., 2020).
Apesar do dinamômetro Jamar ter sido citado em menor número (PEREZ et al.
2018; SITLINGER et al. 2019) nesse período específico do estudo, desde a década de 50,
este instrumento é utilizado em pesquisas científicas (ASHFORD; NAGELBURG;
ADKINS, 1996; FIGUEREIDO et al., 2007; MOREIRA; ALVAREZ, 2002), sendo
também citado nos estudos sobre outros dinamômetros (SILVA et al., 2014; ZABIT;
IYIGUN, 2019).
O tratamento do câncer de mama envolve cirurgias e tratamentos clínicos que
revelam uma alta prevalência de sarcopenia (KLASSEN et al., 2017), sendo a baixa força
de preensão manual associada à fragilidade relacionada ao câncer e complicações pós-
operatórias (ORDAN et al., 2018). Existem evidências que um declínio no estado
nutricional e perda de massa esquelética afetam a funcionalidade e qualidade de vida em
pacientes oncológicos (LIMBERGER; PASTORE; ABIB, 2014), o que justifica a
avaliação da força muscular com dinamômetros, que avaliam não somente a força
muscular de preensão, mas também são indicadores da força total do corpo, conforme
citação prévia (MOREIRA; ALVAREZ, 2002).

6 CONCLUSÃO

A realização de uma revisão de literatura sobre o uso da dinamometria na


avaliação da força muscular de membro superior após câncer de mama mostra-se
importante para aprofundar o conhecimento desta área de atuação da fisioterapia, assim
como, reconhecer as possíveis características e correlação na avaliação e evolução destas
pacientes.

Palavras-chave: avaliação, dinamômetro de força muscular, câncer de mama, membro


superior.

REFERÊNCIAS

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after modified radical mastectomy and axillary nodes dissection. Journal of Research
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