Tecidos e Criacao de Moda Como Aprender para Empreender

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 13

9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

Tecidos e criação de moda: como aprender para empreender

Fabrics and fashion creation: learn how to undertake

1
Elga Buck

Metrocamp Campinas; Especialista.

[email protected]

Resumo

Com base em experimentações discentes, produzidas dentro e fora do ambiente acadêmico,

investigar os resultados efetuando crítica aos modelos de ensino e carga horária vigente para

as disciplinas ligadas à tecnologia têxtil. Compreender as necessidades de ensino

aprendizagem ligadas à aplicabilidade dos têxteis durante o processo criativo.

Palavras-chave: têxtil; ensino; moda.

Abstract

Based on experiments students, produced inside and outside the academic environment,

investigate the results critical to effecting teaching models and load current for the disciplines

related to textile technology. Understanding the needs of teaching and learning related to the

applicability of textiles.

Keywords: textile; methodology; fashion.

1. Introdução

Ao longo dos anos, o Brasil lança ao mercado inúmeros designers e


estilistas que buscam o reconhecimento de seu trabalho em vestuário e afins
através da criatividade e talento, expressos em seus produtos.

1
Elga Buck é Especialista em Styling de Moda, Graduada em Tecnologia Têxtil e atua como docente no
Ensino Superior de Design de Moda em Instituições da região de Campinas (SP).
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

Contudo, detectam-se, através da observação acadêmica e mercadológica,


falhas na construção do conhecimento ao longo da trajetória nos cursos de
Design de Moda.
É perceptível uma grande dificuldade, por parte dos discentes, em utilizar
adequadamente seu conhecimento em têxteis para a produção do vestuário,
tornando-se, muitas vezes, desinteressantes para as empresas. Da mesma
forma, nota-se o baixo aproveitamento e interesse pelo denso valor teórico das
disciplinas que envolvem este conteúdo bem como a grande dificuldade, por
parte do professor, em manter os alunos envolvidos.
Este artigo, portanto, pretende evidenciar a necessidade do conhecimento
em tecidos e seus componentes como etapa fundamental durante o
desenvolvimento de novos produtos de moda, almejando-se assim melhores
formas de fixação de conteúdos para que o aprendizado seja prazeroso, além
de permitir que o aluno participe da construção do conhecimento, deixando de
ser um mero recebedor de informações (que muitas vezes, ele julga
desnecessárias).
Busca-se, através de experiências em sala de aula, enfatizar a importância
de uma metodologia de ensino capaz de melhorar a qualificação dos alunos
consentindo que estes absorvam melhor o conhecimento de forma a prepara-
los substancialmente para o mercado - seja na área da confecção industrial
como comercial.
A proposta trata ainda da investigação de conteúdos da disciplina de
Tecnologia Têxtil2 ofertada pelos cursos Superiores de Design de Moda3 e
explora as experimentações realizadas dentro e fora do ambiente acadêmico
como método de ensino aprendizagem. Para tal, conta, com a análise de
amostras projetuais elaboradas pelos alunos durante o periodo letivo.
Esta proposta muito se aproxima de uma abordagem cognitivista

onde o indivíduo é visto como um sistema aberto, que passa por


reestruturações sucessivas, em busca de um estágio final nunca
alcançado completamente. O ensino compatível com esta abordagem
deveria fundamentar-se no ensaio-erro, na pesquisa e solução de
problemas por parte dos estudantes, e não apenas a aprendizagem

2
Incluem-se aqui os conhecimentos envolvidos desde a compreensão das fibras têxteis até a
aplicabilidade dos materiais beneficiados.
3
Serão observados os cursos superiores oferecidos na macro região de Campinas (SP). Notas
da autora.
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

de definições, nomenclaturas e fórmulas. A estratégia geral no


processo seria a de ajudar o estudante no desenvolvimento de um
pensamento autônomo, crítico e criativo. Não seriam privilegiadas
ações finalistas, mas mediadoras do processo de aprendizagem (GIL,
2012, p.11).

Assim, vale ressaltar que, tanto professor como aluno são partes
fundamentais na construção do conhecimento para que este seja sólido e não
se perca ao longo dos módulos.

2. Os objetivos da disciplina

Os cursos oferecidos nas universidades e faculdades têm (ou


deveriam ter!) objetivos. Convém considerar que hoje as escolas
dispõem de mais liberdade neste aspecto do que dispunham no
passado. Antes da vigência da Lei das Diretrizes e Bases, o Conselho
Nacional de Educação fixava currículos mínimos para cada curso
superior. Hoje, apresenta apenas as diretrizes curriculares, o que faz
com que a escola tenha muito mais flexibilidade para definir seus
currículos, bem como para estabelecer os objetivos de seus cursos e
disciplinas (idem, 2012, p.16).

Um dos principais fundamentos nos cursos de Design de Moda é como criar


e desenvolver produtos de vestuário e seus complementos4. Para atingir este
objetivo, faz-se indispensável desenvolver uma matriz curricular que atenda
tanto às expectativas da instituição como também do discente, que será
apresentado ao mercado tão logo deixe a sala de aula. O docente, por sua vez,
tende a adaptar-se ao ofertado, buscando a melhor forma de conduzir seu
plano de ensino.
Durante a trajetória dos cursos de Design de Moda, sejam eles de nível
superior Tecnológico ou Bacharelado, os alunos desenvolvem habilidades para
o processo criativo. Em dado momento, são esperados os resultados de suas
criações de forma a surpreender, evidenciando sua assinatura e diferencial –
fundamentais para um mercado competitivo e até mesmo, para “o
desenvolvimento de um portfólio, que poderá assegurar ao jovem designer um
emprego ou vaga em curso de pós-graduação” (RENFREW, 20009, p. 146).

4
Há ainda os cursos que preparam para a gestão de empresas, mas, ainda assim, não se
abstrai o conhecimento em têxteis. Nota da autora.
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

Durante o processo de criação você deve entender os princípios


básicos do design têxtil, como escala, textura, cor, padronagem,
repetição, posicionamento e peso. Pense como estes parâmetros
funcionam dentro de uma amostra, como estas amostras trabalham
juntas como séries e como os designs resultarão em tecidos
funcionais, inspiradores ou comerciais, convenientes para o uso no
design de moda contemporâneo e na fabricação de roupas (UDALE,
2009, p. 24).

Ocorre que, grande parte dos alunos tem considerável dificuldade em


aplicar a seu produto final uma matéria prima ideal que favoreça seu uso,
caimento e fabricação e, ao mesmo tempo, torne seu produto atraente e viável.
É notável a dificuldade que os mesmos apresentam, quando a pauta em
questão é a escolha da matéria prima ideal, o que acarreta na não contratação
por parte das empresas, que ficam inseguras quanto à qualificação do ex-
aluno.
Uma vez que

habilidade, motivação e hábitos de estudos dos alunos, a despeito de


sua importância , não são suficientes para explicar o sucesso em
relação à aprendizagem, cabe, portanto, considerar o papel do
professor nesse processo (GIL, 2010, p. 15).

Vista a escassa quantidade de materiais didáticos que direcionem com


clareza e objetividade a aplicação destes conhecimentos e a densidade
substancial explorada pela disciplina, propõem-se, como parte dos estudos,
exercícios práticos em pesquisa e aplicação de materiais, além do
desenvolvimento de atividades interdisciplinares, que explorem o uso dos
tecidos.
Deve ser observada também, como forma de fixação do conhecimento em
matérias primas a montagem de um acervo pessoal, ou, dossiê de texturas de
forma a assimilar melhor estas informações5.
A partir do instante que o discente necessita escolher a melhor estrutura
têxtil que dará forma e vida às suas criações durante o andamento do curso,
muitos se sentem frustrados por não conseguirem executar seus projetos como
o proposto no papel. Em sentido inverso, sentem-se também limitados a criar já
que, não conseguem visualizar a superfície ideal para executar suas ideias. Daí

5
Neste caso, os alunos coletam materiais diversos e os classificam por reconhecimento de sua
estrutura, toque, composição, gramatura, caimento, transparência entre outras possibilidades.
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

a importância em desenvolver tarefas para suprir esta necessidade de maneira


eficaz.

3. Ofertando o conhecimento em têxteis

Ambição, compromisso, curiosidade e competitividade são algumas das


muitas qualidades de um bom designer (Jones, 2005). Contudo, além das
características que o fazem sobressair em suas criações, deve-se considerar
os passos que levam um discente a tornar-se um bom profissional.

O aprendizado dos alunos também tem a ver com a motivação do


professor. Quando o professor está motivado para ensinar e
demonstra o seu entusiasmo com a matéria, cria-se um clima muito
mais favorável para a aprendizagem. E convém considerar que essa
motivação depende muito menos do salário e das condições de
ensino do que do quão responsável o professor se sente pelo
aprendizado dos alunos e quão realizadora é sua missão (GIL, 2010,
p. 15).

Em vias de etapa letiva, um aluno de design de moda recebe intenso


volume de conhecimento teórico, como por exemplo, o aprendizado sobre
fibras têxteis, indicadas como o início de toda a cadeia produtiva. Estas podem
ser caracterizadas “simplesmente como naturais, artificiais ou sintéticas, sendo
que cada uma tem suas próprias características e qualidades” (UDALE, 2009,
p. 40). O papel do aluno é tentar reconhecê-las, pois, estas estão diretamente
ligadas ao fabrico das estruturas, ligando-se imediatamente ao seu propósito
final.
O aluno deve ainda assimilar a compreensão da fabricação de fios e qual o
papel destes na composição das estruturas, pois, “a maneira como um fio é
produzido está relacionada à textura, às propriedades funcionais, à espessura
e ao peso do tecido final” (idem, p. 54).
Ocorre que o volume de dados a ser compreendido é muito grande para um
curto espaço de tempo, então, há a necessidade de investir em propostas
criativas, como por exemplo, um painel semântico sobre as características
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

principais de cada fibra. Este está relacionado às suas sensações táteis e


visuais, conforme denota a figura 1:

Figura 1: painel semântico sobre fibras têxteis

Fonte: projeto das alunas Heloísa Nogueira e Jaqueline Leme. Ceunsp, Salto (SP).

Para alcançar um bom resultado neste sentindo, estimular o aluno a


participar ativamente poderá ser um caminho, já que “a motivação é o que nos
impulsiona para a ação, e tem origem em uma necessidade. Alunos motivados
aprendem muito mais facilmente que os não motivados” (GILL, 2012, p.14).
A figura 2 exemplifica a importância em permitir que o aluno participe
ativamente da construção de um fio fantasia6 artesanal inspirando-se em
referenciais distinguidos por ele:

6
Fio de aspecto ou toque diferenciado que tem por finalidade valorizar a superfície têxtil,
diversificando o tecido mesmo nas construções mais simples, como uma tela ou jérsey
(Pezzolo, 2007).
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

Figura 2: Construção de 26 metros de fios fantasia.

Fonte: projeto das alunas Isadora Mello, Paula Tavares e Maria Eduarda Ayres. Ceunsp,
Salto (SP)

Mesmo considerando que há diferenças significativas nas características


individuais dos estudantes e que estes devam ser identificados durante o curso
(Gil, 2011), a maioria chega à sala de aula sem qualquer conhecimento sobre
texturas e seu fabrico. É de fato, durante o processo criativo, que o aluno se
depara com a dificuldade em escolher a matéria prima que dará vida e forma
às suas criações, mesmo que seja apenas a escolha da melhor fibra, ou, da
mistura destas.
Vista como um elemento fundamental do design a superfície têxtil fornece
ao produto não somente uma aparência, como também uma identidade,
mutável à medida que alternamos esta estrutura (Seivewright, 2009). “Nota-se
que a interferência sobre as superfícies pode ocorrer de maneira controlada,
planejada, previsível e, em última análise, projetada”. (Menezes et al, 2009:
108)

4. A matriz curricular

Verificam-se, nos diversos cursos de design de moda, diferentes finalidades


sobre o ensino aprendizagem em tecidos e deve-se notar que, cada instituição
promove a matriz curricular de acordo com os propósitos do curso ofertado.
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

Após análise das grades de cursos superiores oferecidos na macro região


de Campinas (SP)7, constata-se que os cursos tem carga horária variável entre
60, 80 e 160 horas letivas para a abordagem de todos os aspectos da
tecnologia em tecidos (desde a compreensão das fibras até os beneficiamentos
em superfícies). Percebe-se então, a dificuldade de adequar tamanha
variedade de conteúdos entre grades tão curtas e distintas.
Observa-se a diferença de carga horária aplicada a conteúdos similares
seja em cursos superiores de curta duração, como outros, em nível
bacharelado e revela-se a discrepância de abordagem destes conhecimentos
fundamentais entre uma instituição e outra mesmo que todas almejem a
formação de um designer de produtos de moda. 8 Para algumas, o
conhecimento é aprofundado, para outras, superficial.
Revela-se importante e fundamental o conhecimento das propriedades
dos tecidos assim como a melhor maneira de utilizá-los sobre o corpo,
buscando características não apenas funcionais como também estéticas.
Soma-se a esta etapa de escolha a viabilidade do uso desta matéria prima bem
como sua adequação regional e produtiva (Udale, 2009).
Sendo as texturas pertencentes ao universo sensorial, é natural que um
designer busque para seu produto materiais que convençam e afirmem seu
propósito, pois, “o tecido ou os materiais com que a roupa é feita podem fazer o
sucesso ou o fracasso de um estilo que parecia bom no papel” (JONES, 2005,
p. 103).
Todavia, isto só é possível a partir do momento que haja conhecimento e
segurança para fazer tais escolhas e a análise anterior deixa claro que o
conhecimento transmitido em poucas aulas não pode ter o mesmo resultado
daquele transmitido em muitas horas letivas. Por maior que se apresente o
esforço do professor, este fica limitado ao volume de informações que um
aluno pode receber e assimilar dentro de um espaço de tempo.

7
Foram analisadas as grades das instituições Ceunsp (Salto, SP), Esamc e Unip (Campinas,
SP), FAAL (Limeira, SP), Unisal (Americana, SP) e Uniso e Esamc (Sorocaba, SP). Tais
instituições disponibilizam as grades em seus sites. Também foram fornecidos dados por
docentes das mesmas.
8
Leva-se em conta que, independente ao foco de criação, o conhecimento em têxteis é
totalmente relevante mesmo que para o setor administrativo, de compras e revenda em
produtos de moda.
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

Em síntese, os conteúdos relacionados anteriormente devem preparar o


aluno para que suas criações possam tornar-se críveis, buscando a interação
com os materiais e transmitindo conhecimentos diversos como resistência,
toque, caimento e compatibilidade com o produto, mercado e estação do ano.
Deve-se ressaltar a importância no conhecimento do mercado de tecidos
nacionais e suas possibilidades para a moda regional e assim, o aluno saiba
onde encontrar o que procura. (Chataignier, 2006). Faz-se necessário ainda
permitir ao aluno, o conhecimento substancial em materiais e seus tipos,
diferenciando, por exemplo, um substrato de origem natural de outro cuja
origem é química, bem como as particularidades de cada material (Pezzolo,
2007).
Qualquer estudante de design deve fundamentalmente praticar
exercícios de linguagem de superfície, visto que, em processos de
comunicação visual a área plana e lisa adquire valor quando trabalhada em seu
contexto táctil (Munari, 2001). Formas básicas tornam-se mais interessantes
quando valorizadas por sua matéria prima.
Assim, uma textura pode provocar contrastes e sensações de peso e
volume necessários a uma composição que pode sacrificar-se ou tornar-se
intangível em função de uma escolha inadequada (Gomes Filho, 2004).
Estimular o aluno através de atividades que permitam a fixação de
conteúdos requer uma metodologia, ou conjunto de métodos adequados, que
não podem ser confundidos com a simples aplicação de técnicas e estratégias
(Moura, 2009). É preciso mediar conhecimentos e saberes através das reais
condições dos alunos.
Embora nem todo problema de ensino-aprendizagem seja concentrado
em metodologias este estudo visa empregar as múltiplas funções da didática –
tanto no campo professor como no campo aluno - como parte da exploração
dos caminhos que levam o aprendiz em design de moda a compreender e
utilizar melhor o universo das texturas em suas criações.
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

5. Por uma nova forma de ensinar

Em pesquisa9 realizada junto a 121 alunos e ex-alunos de design de


moda, pôde-se constatar que a maioria destes, quando têm seu primeiro
contato com a disciplina, julgam-na interessante e necessária mas, ao
mesmo tempo, densa. Reconhecem a importância deste estudo, mas,
chegam a identificar a disciplina como cansativa, que tende a melhorar
quando há práticas para fixação de conteúdo.
Em questões permitidas somente a ex-alunos, estes avaliaram seu
aprendizado como prazeroso em boa parte do tempo, mas, não de forma
eficaz, uma vez que sentiram dificuldades no mercado de trabalho por não
terem praticado o suficiente em aula.
Assim, o presente estudo enfatiza os seguintes pontos:

I. Propor ao aluno atividades exploratórias criativas como forma de


assimilação dos conteúdos teóricos;
II. Aplicar de forma empírica através de atividades interdisciplinares ou
isoladas estudos que facilitem a compreensão das características das
diversas estruturas têxteis bem como toque, caimento, costurabilidade,
encolhimento, dentre outras;
III. A partir dos resultados obtidos nos itens I e II, desenvolver metodologia
de ensino que torne as aulas de tecnologia têxtil menos densas e, por
consequência, estimular o aluno e sua participação efetiva durante as
aulas;
IV. Ao final do estudo e após análise dos itens anteriores, pretende-se
alcançar como resultado alunos desprendidos, impetuosos e seguros do
uso das matérias primas têxteis para executar suas criações bem como
a divulgação dos resultados como uma metodologia de ensino segura,
para diversos cursos de design de moda.

A tabela a seguir sugere atividades a serem cobradas durante o período


letivo, adaptadas à carga horária de cada instituição:

9
Pesquisa eletrônica gerenciada pelo Google Docs e realizada no mês de maio de 2013 entre
alunos das Instituições Ceunsp (Salto, SP) e Esamc Campinas (SP).
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

Etapa Fibras e Fios  Compreensão do comportamento das diversas fibras


(oferecer conhecimento sobre e suas características peculiares através de coleta de
a composição dos materiais amostras e análise comparativa, com emissão de
bem como os fatores ligados à relatórios.
seu toque, gramatura e  Montagem de moodboard para o reconhecimento de
aplicabilidade) superfícies a partir de sua composição
 Seminários de apresentação de tipos de fibras para
grupos, com amostras ilustrativas, em peças
confeccionadas.
Etapa Estruturas têxteis  Montagem de ligamentos têxteis planos a partir de
(oferecer conhecimento sobre macro filamentos (fitas de cetim ou similar)
as diferentes bases têxteis,  Comparativos entre tecidos planos, malhas e TNT
seu caimento, manufatura e através da coleta de amostras confecionadas, virtuais
aplicabilidade). e análise das diferentes características
 Trabalho interdisciplinar com Modelagem para
conferir o caimento e comportamento das diferentes
estruturas têxteis
 Análise de desfiles de moda, como forma de explorar
as possibilidades de uso das texturas, diretamente
ligadas ao valor do design.
 Criação de mini coleção (projeto em desenho) para
aplicação de texturas
Etapa Beneficiamentos  Visitas a empresas têxteis
(oferecer conhecimento sobre  Criação/aplicação de estampas a partir de inspiração
os beneficiamentos que no universo da arte.
podem melhorar o aspecto tátil  Elaboração de Dossiê de Beneficiamentos para
e visual tanto dos tecidos Superfícies e Produtos de Vestuário
como dos produtos
confeccionados)

Figura 3: tabela de atividades sugeridas nas disciplinas.

Fonte: da autora.

Em relação à análise dos resultados dos exercícios, é preciso levar em


conta que a crítica destas tarefas, isoladamente, não permite avaliar o
aprendizado do aluno.
Será necessária a avaliação ao final de cada módulo e ainda, somente
quando este apresentar projetos em âmbito de desenvolvimento de novos
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

produtos (em outras disciplinas paralelas) é que se avalia o desempenho deste


para finalmente, concluir a metodologia ideal de aplicação dos conteúdos das
disciplinas sobre o universo têxtil, respeitando a matriz curricular de cada
curso.

Considerações finais

Espera-se ao final das experiências acumuladas durante esta pesquisa, que


o aluno seja orientado de forma adequada a escolher e utilizar seus materiais,
compreendendo seus mais variados aspectos. Espera-se que, com a
compreensão estimulada continuamente por projetos criativos possam revelar
maior interesse por parte dos discentes e ainda, do docente que conduz as
aulas.
Sendo inúmeras as opções de matérias primas no mercado, é somente ao
longo dos anos e com a coleta de amostras que estes irão acumular
conhecimento amplo na área de tecnologia em tecidos, porém, o início parte da
sala de aula (Fitzgerald e Grandon, 2009).
Enquanto isso, no ambiente acadêmico, é papel da instituição oferecer ao
aluno os melhores recursos para que sejam alcançados os objetivos iniciais: o
de criar atraentes e inovadores produtos de moda.
Caberá ao professor adminstrar o tempo e o volume de dados a cobrar dos
alunos quando considerar tais atividades de caráter exploratório e empírico,
lembrando-se ainda de esclarecer aos discentes os objetivos de cada tarefa,
oferecendo modelos de montagem bem como a devolutiva de correções em
tempo hábil para questionamentos.

Referencias

CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo,


Estação das Letras e Cores Editora, 2006.
FITZGERALD, Tracy; GRANDON, Adrian. 200 projects to get you into
fashion design. London: Barron, 2009.
GIL, Antonio Carlos. Didática do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2012.
9°Colóquio de Moda – Fortaleza (CE) - 2013

GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma.


São Paulo: Escrituras Editora, 2004.
____________________Design do objeto: bases conceituais. São Paulo:
Escrituras Editora, 2006.
JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. São Paulo: Cosac
Naify, 2005.
MOURA, Tania M. Melo. Metodologia do ensino superior: saberes e fazeres
da/para a prática docente. Maceió: Edufal, 2009.
MUNARI, Bruno. Design e comunicação visual: contribuindo para uma
metodologia didática. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. São Paulo:
Editora Senac São Paulo, 2007.
POLLAK, Lindsay. Da escola para o mercado de trabalho: 90 dicas para
conseguir um bom emprego. São Paulo: Summus, 2008.
RENFREW, Elianor; RENFREW, Colin. Fundamentos de Design de Moda:
Desenvolvendo uma coleção. Porto Alegre: Bookman, 2010.
SEIVEWRIGHT, Simon. Fundamentos de Design de Moda: Pesquisa e
Design. Porto Alegre: Bookman, 2009.
UDALE, Jenny. Fundamentos de design de moda: tecidos e moda. Porto
Alegre: Bookman, 2009.

Você também pode gostar