Artigo Metodologia Hipopressiva - Udesc

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Revista de Terapia Manual, Posturologia e Reabilitação


Número de série: 2236-5435
RELATO DE CASO

Protocolo de ginástica abdominal hipopressiva em


puérperas após cesárea no período remoto: Série de
casos preliminares
Natália Aguiar¹, Cristiane Kilian1, Ester PDM Gonçalves1 , Janaína Cintas2, Melissa Moraes3, Soraia Cristina T. da
Luz3, Gesilani Júlia da S. Honório3

1 Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina


(UDESC), Florianópolis (SC), Brasil
2 Curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), São Paulo
(SP), Brasil
3 Curso de Fisioterapia, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis
(SC), Brasil

Resumo

Introdução: O período pós-parto é marcado por importantes alterações para retorno à situação pré-
gestacional. Durante a gestação, os músculos reclinados do abdômen sofrem retração, caracterizando
diástase dos músculos retos abdominais (DMRA), podendo permanecer patológico no pós-parto. A
ginástica abdominal hipopressiva (GAH) tem papel benéfico na ativação dos músculos abdominais,
apresentando resultados positivos na redução da GAH. Objetivo: Descrever o efeito de um protocolo
de GAH em puérperas submetidas à cesárea no período remoto, comparando a distância inter-reto
(DIR) e a circunferência abdominal antes e após a aplicação do protocolo. Métodos: Série de casos
de caráter quase experimental envolvendo participantes que tiveram sua DIR avaliada por meio de
aparelho de ultrassom portátil com transdutor linear e circunferência abdominal medida por meio de
fita métrica flexível. Elas receberam um protocolo de GAH, com nove posturas, durante três
semanas, duas vezes por semana, totalizando seis sessões com duração de 45 a 60 minutos cada.
Após a intervenção, todas as participantes foram reavaliadas usando os mesmos métodos.
Resultados: Quatro puérperas participaram. O maior ponto antes da intervenção foi o umbilical em repouso.
Ambos os pontos supraumbilicais analisados obtiveram maiores resultados na redução do IRD. A
participante 001 obteve a maior redução do IRD após o protocolo, pois apresentou maiores valores
de IRD durante a avaliação, além de alto índice de massa corporal (IMC) e maior medida de
circunferência abdominal. A medida da circunferência abdominal apresentou alteração após a HAG,
atingindo redução de 10 cm em uma das participantes. Conclusão: Esta série de casos demonstrou
resultados positivos da prática da HAG na redução da RAD, principalmente supra-umbilical, e também
na redução da circunferência abdominal. Participantes com maiores IMC e circunferência da cintura
Autor correspondente:
apresentaram maiores reduções do IRD.
Gesilani Júlia da Silva Honório.

E-mail: [email protected]
Palavras-chave: Período pós-parto; reto abdominal; cesárea; circunferência da cintura.
Recebido: 07 Mar, 2024.

Aceito: 17 de junho de 2024.


Publicado: 09 out, 2024.
FUNDO
Copyright © 2023. Este é um Open
Acesse o artigo distribuído sob a licença O período puerperal inicia-se após a expulsão da placenta e seus anexos pós-
termos do Creative Commons
gestacionais, sendo marcado por importantes alterações corporais e psicológicas para
Atribuição Não comercial
retorno à situação pré-gestacional. Esse período é dividido em três fases, o pós-parto
Licença que permite acesso irrestrito

uso não comercial, distribuição, imediato, que se inicia no 1º dia após o parto e segue até o 10º dia; o pós-parto tardio,
e reprodução em qualquer meio, desde que do 11º ao 45º pós-parto; e o pós-parto remoto, que se estende além do 45º dia¹.
o artigo seja devidamente citado.

https://doi.org/10.17784/mtprehabjournal.2024.22.1336 Jornal MTP&Rehab 2024, 22:1336


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Ginástica abdominal hipopressiva em mulheres no pós-parto Aguiar, N. et al.

Com o crescimento constante do feto durante o período gestacional, somado ao


deslocamento dos órgãos abdominais e às alterações hormonais (relaxina, progesterona e
estrogênio) que modificam a elasticidade do tecido conjuntivo, a parede abdominal sofre
estiramento de sua musculatura, o que pode resultar na separação dos feixes dos músculos
retos abdominais, caracterizando um quadro de diástase dos músculos retos abdominais
(DMRA)². Estimativas variadas da incidência de DMRA foram relatadas de 66% a 100% durante
o terceiro trimestre da gestação, até 53% imediatamente após o parto e 36% no período
remoto³.
A DRAM é relativamente comum, e sua resolução natural ocorre entre um e oito dias
após o nascimento. Entretanto, essa condição pode persistir de forma patológica, e um dos
fatores que a predispõe é a cesárea³. Embora ainda não haja consenso quanto ao ponto de
corte para diagnosticar essa condição, considera-se que uma separação de ambas as bordas
mediais dos músculos maior que dois centímetros deve ser considerada patológicaÿ. Esse
aumento da distância inter-reto (IRD) pode enfraquecer os músculos da parede abdominal,
influenciando na eficácia de suas funçõesÿ. Buscando exercícios para o tratamento da DRAM,
uma revisão sistemática com meta-análise publicada por Gluppe, Engh e Bø (2021) conclui
que os resultados ainda são contraditórios, não havendo evidências suficientes para recomendar
nenhum programa de exercícios fisioterapêuticos específico para essa finalidadeÿ.

Há também uma correlação entre disfunções do assoalho pélvico e DRAM; quanto maior
o IRD, maior a redução da força dos músculos do assoalho pélvico (MAP)ÿ. A redução da
eficácia dos MAP associada a alterações na parede abdominal ocorre devido ao sinergismo e
à co-contração desses grupos muscularesÿ. Portanto, DRAM pode ser um fator de risco para
o desenvolvimento de incontinência fecal, esforço por incontinência urinária e prolapso de
órgãos pélvicosÿ.
No início da década de 1980, popularizou-se na Europa a ginástica abdominal hipopressiva
(GAH), criada por Marcel Caufriez com a intenção de tonificar a musculatura abdominal no pós-
parto, levando em consideração os danos que a cinesioterapia e o exercício físico intenso
causam ao assoalho pélvico (AP) femininoÿ. Trata-se de um método postural e sistêmico que,
por meio da ativação de diferentes grupos musculares e do controle respiratório, promove o
relaxamento do diafragma e a diminuição da pressão intra-abdominal (PIA), que, por reflexo,
tonifica a musculatura abdominal e a PA sem sobrecarga¹ÿ. Estudos sugerem que um programa
de GAH tem papel benéfico na melhora do controle postural11 e na ativação do transverso do
abdome, oblíquo interno, oblíquo externo, reto abdominal e MAP em diferentes posturas¹²,
apresentando assim resultados positivos para a redução da DRAM, principalmente supra-
umbilical, podendo essas alterações permanecer por um período de até dois meses¹³.

Diante do exposto, diante da escassez de estudos relacionando a HAG com o período


pós-parto remoto, somado ao fato de que a DRAM traz impactos físicos e emocionais às
mulheres que passaram pela gestação, revela-se a necessidade de busca por novas
intervenções nessa área. O presente estudo, portanto, teve como objetivo descrever o efeito
de um protocolo de HAG em puérperas submetidas à cesárea no período remoto, comparando
a IRD e a circunferência abdominal antes e após a aplicação do protocolo.

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Ginástica abdominal hipopressiva em mulheres no pós-parto Aguiar, N. et al.

MÉTODOS

Trata-se de uma série de casos com caráter quase experimental, trazendo dados preliminares de
um estudo maior intitulado “Protocolo de ginástica abdominal hipopressiva para redução da diástase dos
músculos retos abdominais em puérperas submetidas à cesárea no período remoto”. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em Seres Humanos da Universidade Estadual de
Santa Catarina (UDESC), sob o parecer n.º 5.830.512 (CAAE 65609322.1.0000.0118). O estudo foi
submetido e incluído no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) sob o número RBR-4vhnyr9.

Os critérios de inclusão foram mulheres com idade igual ou superior a dezoito anos, com parto cesáreo,
primíparas, entre 45 dias e 12 meses pós-parto, com gestação única, e que realizaram a manobra
hipopressiva de forma eficaz. Mulheres que estivessem em gestação, que apresentassem distúrbios
neurológicos ou autoimunes do tecido, contraindicações para HAG (doença cardiorrespiratória, hipertensão
arterial sistêmica, câncer, distúrbios vasovagais), que tivessem realizado HAG nos últimos dois anos, que
estivessem realizando algum exercício físico intenso durante o período de coleta de dados e que
estivessem em tratamento fisioterapêutico para monitoramento pós-parto da disfunção abdominal.

Para o recrutamento, foi realizada divulgação por meio de mídias sociais e, a partir daí, as mulheres
interessadas em participar do estudo entraram em contato com a equipe do projeto para agendar um
horário mediante disponibilidade. A coleta de dados ocorreu no Laboratório de Biomecânica do Centro de
Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da UDESC. No primeiro contato com a participante, foram
explicados todos os procedimentos e etapas da pesquisa e, em seguida, foi entregue, lido e assinado o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para consentimento de participação. Posteriormente, as
participantes foram avaliadas individualmente, por meio do formulário de avaliação (FIGURA 1), contendo
questões referentes a informações sociodemográficas, obstétricas e ginecológicas e campos para registro
do exame físico. Foi utilizada uma fita métrica flexível, de 150 centímetros de comprimento x 2 centímetros
de largura14 ,

com precisão de 0,1 cm, foi utilizado para medir a circunferência abdominal e foi posicionado a meio caminho

entre a costela inferior e a borda superior da crista. O Ilíaco foi medido após a expiração em volume corrente¹ÿ.

Formulário de Avaliação Fisioterapêutica Puerperal

Data da avaliação:_____/ _____/ ________ EU IA:__________________________________


DADOS PESSOAIS

Nome completo:___________________________________________________________

Idade: ______ Anos Aniversário: _____/ _____/ ________

Endereço:________________________________________________________Número :______

Complemento:______________________Bairro:________________Cidade:______
Telefone: ( ) ______________________
E-mail:_________________________________________________________________

Cor da pele: ( ) Branca ( ) Preto ( ) Marrom


Estado civil: ( ) Casado ( ) Divorciado ou separado judicialmente ( ) Divorciado ( ) Solteiro ( ) Viúvo
Educação: ( ) ensino fundamental incompleto ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( ) ensino médio completo ( )
ensino superior incompleto ( ) ensino superior completo
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Ocupação: ( ) Com autorização de trabalho assinada ( ) Militares e funcionários públicos estatutários ( ) Outros sem autorização de trabalho
assinada
Tempo pós-parto:_____________meses Local de nascimento:_

HISTÓRIA CLÍNICA - HISTÓRIA

Histórico de gravidez:
Medicamentos durante a gravidez:________________________________________________
Você fez pré-natal e quando começou:_____________________________________________
Complicações durante a gravidez:_________________________________________________

Histórico obstétrico e ginecológico:


Aborto anterior:_____________________________________________________________

Idade gestacional:_____________________________________________________________
Rota de entrega:__________________________________________________________________
Tempo de trabalho de parto ativo: ________________________________________________

Complicações no parto:__________________________________________________________
Complicações pós-parto (sangramento, infecção puerperal, dor abdominal causada por cesárea ou episiotomia, trombose venosa profunda,
embolias, cicatriz de cesárea)? _____________________________________

Amamentação: ( )Sim ( )Não

Quanto tempo:__________________________________

Problemas de lactação: ( )Sim ( )Não Quais:__________________________________

Você usa anticoncepcionais hormonais? ( )Sim Não

Se sim, qual o tipo? ( ) Oral ( ) Injetável

EXAME FÍSICO:

Massa corporal: _______Kg Altura:_______cm IMC: _______Kg/m2

Circunferência da cintura: ________________cm

Figura 1. Formulário de Avaliação Fisioterapêutica Puerperal

Posteriormente, utilizando um aparelho de ultrassom portátil com transdutor linear LOGIQTM


Ultrasound V2 (General Electric Company - GE HEALTHCARE®, EUA), o IRD foi avaliado por um
fisioterapeuta experiente, demarcando quatro locais de medição: na borda umbilical superior, ¼ e ½ da
distância da borda umbilical superior ao apêndice xifoide; e ¼ da distância da borda umbilical ao púbis.

Para isso, a participante foi deitada na maca em decúbito ventral, com a cabeça elevada a 15°, joelhos
flexionados a 90°, pés apoiados e braços ao longo do corpo¹ÿ. O gel condutor utilizado durante as medidas
do IRD e o transdutor foram colocados transversalmente em cada ponto marcado. Uma imagem foi
capturada em cada ponto de medida em três situações: repouso, ao flexionar o tronco durante a expiração
até que as bordas inferiores da escápula não toquem na maca¹ÿ, ¹ÿ e durante a contração do PF (FIGURA
2).
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Diástase dos músculos retos abdominais por ultra Descansar Tronco para frente Assoalho pélvico

medições sonoras flexão contração

AU1
_______ cm _________ cm _______ cm
metade da distância da borda umbilical superior-xifoide
AU2
_______ cm _________ cm _______ cm
um quarto da distância da borda umbilical superior-xifóide (mais

proximal ao umbigo)
você _______ cm _________ cm _______ cm

borda umbilical superior


BU
_______ cm _________ cm ________ cm
um quarto da distância da borda umbilical superior-púbis (mais

proximal ao umbigo
Medidas de ultrassom do assoalho pélvico

Descansar Contração

Diâmetro anteroposterior _________ cm _________ cm

Figura 2. Diástase dos músculos retos abdominais por medidas ultrassonográficas

Antes de iniciar o protocolo, uma etapa crucial foi a avaliação dos músculos diafragmáticos por meio da

palpação, categorizando-os como normotônicos, hipotônicos ou hipertônicos. Além disso, uma avaliação

postural foi conduzida, utilizando o software AI Posture Evaluation and Correction System (APECS) . Essa

avaliação abrangente, incluindo a postura do participante em vistas anterior, posterior, lateral e flexão do tronco,

foi essencial devido às regulamentações definidas pelo método hipopressivo adotado.

A intervenção foi conduzida por uma fisioterapeuta com experiência na implementação do método

hipopressivo e aplicada em grupo no Laboratório de Biomecânica do CEFID/UDESC. O protocolo utilizado foi

adaptado da Metodologia Hipopressiva (MH) de Janaína Cintas (2022) para o estudo. Os participantes foram

submetidos à intervenção com duração de três semanas, duas vezes por semana, totalizando seis sessões com

duração de 45 a 60 minutos cada. A primeira sessão foi para avaliações e familiarização com o método

técnica, focada no aprendizado de técnicas de respiração e orientada sobre o posicionamento e ativações

necessárias para a execução adequada das posturas, incluindo manter os olhos abertos, distância entre os

pés, pés ativados movidos para frente do corpo, pescoço e coluna neutros, braços ao , anteriorização de

longo do corpo e ativação do serrátil e romboides. A progressão completa das posturas hipopressivas (em pé

para supino) foi realizada nas últimas sessões. Antes do início de cada sessão, as séries musculares foram
liberadas (se os seguintes músculos estivessem tensos, a liberação manual era realizada: intercostais internos

e externos, escalenos, fibras superiores do trapézio e esternocleidomastoideo).

A intervenção envolveu um total de nove posturas, cada uma servindo a um propósito específico.

Estes incluíram exercícios em postura ortostática com apoio, postura ortostática sem apoio, agachamento,

ajoelhamento, quatro apoios, três apoios, sentado e posição supina (PE) (FIGURA 3). Cada sessão consistiu

em três posturas, mantidas por um total de 20

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minutos. O fisioterapeuta facilitou as sessões, ajustando o posicionamento corporal e o uso dos membros

superiores (MS) conforme a necessidade (FIGURA 4). Para cada postura, foram realizadas três séries (3 x 3

ciclos respiratórios com apneia expiratória ao final de cada ciclo + sucção abdominal após a terceira apneia).

Em seguida, durante a terceira sucção, a postura foi alterada (FIGURA 5). Por meio da avaliação diafragmática,

os participantes foram orientados se precisariam ou não realizar a sucção durante as passagens dos ciclos

respiratórios, uma vez que apenas diafragmas hipertônicos deveriam fazê-lo, conforme as normas do método

adotado, e foi explicado que todos realizariam essa manobra durante a mudança de postura. O ritmo

respiratório e os exercícios foram constantemente orientados pelo fisioterapeuta responsável, que

supervisionou a execução correta. Ressalta-se que caso o participante apresentasse algum sintoma de fadiga

ou quisesse interromper o exercício, poderia notificar o fisioterapeuta que o estava conduzindo.

Na última sessão, logo após a intervenção, a reavaliação utilizou os mesmos procedimentos da avaliação

inicial.

PROTOCOLO DE GINÁSTICA ABDOMINAL HIPOPRESSIVA

Posicionamento e ativações

Antes de iniciar a prática da ginástica abdominal hipopressiva (GAH), alguns fundamentos técnicos devem ser seguidos:

- Olhos abertos

- Distância entre os pés (descalços e sem meias): uma mão espalmada ou um pé de largura

- Pés ativados sempre movidos para frente de forma a reduzir o ângulo tíbio-tarsal

- Movimento do corpo para frente sem retirar os calcanhares do chão

- Pescoço e coluna neutros, respeitando as curvaturas normais

- Braços ao longo do corpo


- Ativação dos rombóides e serrátil

Execução:

O participante será instruído a inspirar em duas braçadas e expirar em quatro braçadas de forma fluida, sem freios labiais, respeitando as

pausas entre as respirações inspiratórias e expiratórias. A apneia ocorrerá na expiração e será solicitada após 3 ciclos respiratórios completos,

iniciando com 6 a 8 segundos e progredindo ao longo das sessões até 10 segundos. A progressão das posturas e aumento da dificuldade

segue a Figura 4.

Figura 3. Protocolo de ginástica abdominal hipopressiva

DEFINIÇÃO MOSTRAR
Postura 1 – Em pé contra o
parede

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Postura 2 – Em pé

Postura 3 – Agachamento

Postura 4 - Ajoelhado

Postura 5 – De quatro

Postura 6 – Em três pontos de


contato

Postura 7 - Sentado

7
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Postura 8 - Sentado

Postura 9 – Supino

Figura 4. Progressão das posturas e aumento da dificuldade com o uso dos membros superiores

Os dados de avaliação e reavaliação foram organizados em uma planilha do Microsoft Excel, com os
dados tabulados mantidos nos computadores dos pesquisadores. As análises foram realizadas de forma
descritiva, apresentando as informações de cada participante quanto aos dados sociodemográficos e
clínicos e as variáveis circunferência da cintura e IRD (em diferentes locais e condições), sendo as variáveis
apresentadas com valores da avaliação e após a intervenção (reavaliação).

Figura 5. Execução do MH em uma postura


Fonte: Janaína Cintas (2022)

RESULTADOS

Participaram do estudo quatro puérperas, com média de idade de 29 anos, com idades entre 23 e 35
anos. O período médio de puerpério foi de cinco meses, com as puérperas com duração de três a seis
meses. Em relação ao exame físico, elas apresentaram massa média de 72 kg e altura média de 1,65 m.
Em relação à ativação dos músculos diafragmáticos, duas puérperas apresentaram-se hipotônicas do lado
direito, uma hipertônica e uma normotônica, e em relação ao lado esquerdo, houve duas participantes com
quadro hipotônico e duas com quadro normotônico.

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A caracterização da amostra quanto às características sociodemográficas está descrita na Tabela 1 e

quanto às características clínicas na Tabela 2, conforme dados obtidos na avaliação.

Tabela 1. Características sociodemográficas dos participantes

Variáveis 01 02 03 04

Idade 23 35 28 30

Cor da pele

Branco x x x

Marrom x

Estado civil

Solteiro x x x

Casado x

Educação

Ensino médio completo x


Graduado x x x

Ocupação

Com carteira de trabalho assinada x x

Outro sem autorização de trabalho assinada x x

Tabela 2. Características clínicas dos participantes


Variáveis 01 02 03 04

Massa (kg) 83 63 53 89

Altura (cm) 1,60 1,69 1,60 1,72

IMC (kg/m2) 32,4 22,1 20,7 30,44

Circunferência da cintura (cm) 106 74 75 102

Tempo pós-parto (meses) 3 6 5 6

Peso do bebê ao nascer (kg) 3.550 2.665 3.360 3.800

Caracterização do diafragma direito Hipertônico Normotônico Hipotônico Hipotônico

Caracterização do diafragma esquerdo Hipotônico Hipotônico Normotônico Normotônico

Notas*: Kg: quilogramas; cm: centímetros; IMC: índice de massa corporal.

O IRD foi medido em quatro pontos ao longo da linha alba de acordo com as imagens captadas do

ultrassom. O ponto de maior distância pré-intervenção foi o cordão umbilical em repouso, com média de 2,43 cm.

Ambos os pontos supra-umbilicais analisados obtiveram maiores resultados na redução do IRD, destacando-se

os pontos AU1 e AU2 em repouso, nos quais todos os participantes obtiveram redução na medida. O participante

001 apresentou maiores valores de IRD antes da intervenção, com média de 2,88 cm, destacando-se os pontos

umbilical e infra-umbilical no momento da flexão do tronco, com 3,26 cm. Este mesmo participante foi o único da

amostra a apresentar redução do IRD em todos os pontos avaliados, destacando-se o ponto infra-umbilical em

flexão do tronco, onde houve redução de 1,88 cm. As medidas de IIR encontradas antes e depois

aplicação do protocolo são apresentados na Tabela 3.


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Tabela 3. Características das medidas ultrassonográficas do IRD antes e após a aplicação do protocolo
Medidas dos EUA (cm) 01 02 03 04

IRD em AU1

Av casa 2,55 1,49 1,66 1,10


Descanso de Rev 1,87 1,26 1,37 0,95
Diferença 0,68 0,23 0,29 0,15
Fxstem por 2,59 1,42 1,90 0,93
Fxstem reav 2,33 0,85 1,09 0,93
Diferença 0,26 0,57 0,81 0

AP por 2,10 1,35 1,68 0,80


AP rev. 1,64 1,23 1,23 0,94
Diferença 0,46 0,12 0,45 -0,14
IRD em AU2

Descanse av 2,73 2,37 2,59 1,56


Descanso de Rev 2,34 2,13 2,36 1,49
Diferença 0,39 0,24 0,23 0,07
Fxstem por 2,95 2,22 2,17 1,62
Fxstem reav 2,32 1,81 2,17 1,21
Diferença 0,63 0,41 0 0,41
AP por 3,03 2,66 2,30 1,60
AP rev. 2,18 1,57 2,59 1,38
Diferença 0,85 1,09 -0,29 0,22
IRD em U

Descanso Av 2,90 1,66 2,09 3,09


Descanso de Rev 2,58 1,98 2,74 1,86
Diferença 0,32 -0,32 -0,65 1,23
Fxstemav 3,26 1,07 2,33 2,02
Fxstem reav 2,39 1,21 2,10 1,66
Diferença 0,87 -0,14 0,23 0,36
AP por 3,17 1,74 1,93 2,60
AP rev. 2,52 1,83 2,32 1,43
Diferença 0,65 -0,09 -0,39 1,17
IRD na BU

Descanse av 2,90 1,54 1,25 2,06


Descanse em paz 1,55 1,62 1,42 0,67
Diferença 1,35 -0,08 -0,17 1,39

Fxstem por 3,26 1,91 1,50 1,74


Fxstem reav 1,38 1,67 1,54 1,22
Diferença 1,88 0,24 -0,04 0,52
AP por 3,21 1,73 1,38 1,40
AP rev. 1,44 1,76 1,62 0,97
Diferença 1,77 -0,03 -0,24 0,43
Nota*: AU1: metade da distância entre a borda umbilical superior e o processo xifóide; AU2: um quarto da distância entre a borda umbilical superior e o processo xifóide;

borda umbilical e o processo xifóide; U: borda umbilical superior; BU: um quarto da distância entre a borda umbilical superior e a sínfise púbica; IRD: distância inter-
reto; Fxtronco: flexão do tronco; AP: assoalho pélvico; av: avaliação; reav: reavaliação
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Em relação à medida da circunferência abdominal, no dia da avaliação inicial, havia uma média de

89,25 cm. Após a aplicação do protocolo, houve uma alteração nessas medidas (média de 82,75 cm), sendo

que a identificação do participante 004 apresentou a maior diferença nas medidas pré e pós-intervenção, que

foi de 10 cm. Esses dados estão representados na Tabela 4.

Tabela 4. Características das medidas da circunferência abdominal antes e após a aplicação do protocolo

Medidas CA (cm) 01 02 03 04

CA av 106 74 75 102

CA rev 99 70,5 69,5 92

Diferença 7 3,5 5,5 10

Notas*: AC: circunferência abdominal; av: avaliação; reav: reavaliação.

DISCUSSÃO

A premissa principal deste estudo foi descrever o efeito de um protocolo HAG em puérperas submetidas

à cesárea no período remoto, comparando o IRD

e circunferência abdominal antes e após a aplicação do protocolo, identificando que, de forma geral, houve

redução do IRD e da circunferência abdominal após o protocolo adotado. De acordo com os achados, houve

maiores valores de IRD nos níveis umbilical (U) e supra-umbilical (SU2), corroborando outros estudos¹³, sendo

explicado pelo fato de os retos abdominais possuírem mais de um ventre muscular, separados por três

inserções tendíneas acima da cicatriz umbilical². O parto cesáreo é um dos fatores de risco para o

desenvolvimento de DRAM em puérperas, pois esse procedimento danifica a fáscia e a musculatura

abdominal, dificultando o processo de recuperação¹ÿ. Além disso, o maior peso do bebê ao nascer e a

obesidade são fatores que predispõem as puérperas a essa condição²ÿ.

O estudo de Liaw et al. (2011) traz como um dos seus principais achados que seis meses após o parto,

o IRD e a função dos músculos abdominais não retornaram ao normal, reduzindo a capacidade de produção

de força desses músculos²¹, sendo No entanto, o tempo necessário para o reto abdominal retornar ao seu

estado pré-gestacional ainda é uma questão controversa22 .

Outro estudo²² também mostra que doze meses após o nascimento a incidência de DRAM é superior a 30%.

Isso explica uma das razões pelas quais os pontos umbilicais e supra-umbilicais não obtiveram resultados tão

positivos. Por outro lado, todos os participantes apresentaram redução significativa na medida da circunferência

abdominal após o protocolo, chegando a 10 cm de diferença em um participante (004). Caufriez²³ afirma que

há uma relação direta entre a redução da circunferência da cintura e o tônus muscular abdominal. No estudo

conduzido por Rial et al. (2014)²ÿ, foi realizado um protocolo de exercícios hipopressivos por 20 minutos,

mostrando efeitos imediatos da prática na redução da

esta medida.

Os autores descrevem que alterações na PIA levam a alterações na tensão da parede abdominal²ÿ, e

considerando que a HAG reduz as pressões intra-abdominaisÿ, eles levantam a hipótese de que a tensão da

parede abdominal é reduzida após a prática. Esses dados também podem estar relacionados a uma melhora

na eficácia da ativação dos músculos abdominais profundos²ÿ.

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Os participantes 01 e 04 apresentaram, em suas características clínicas, em comparação aos demais

participantes do estudo, maiores fatores de risco para o desenvolvimento de DRAM, incluindo obesidade e

maior peso ao nascer, além de parto cesáreo. O participante 001, por meio da avaliação inicial, apresentou

maior medida de circunferência abdominal, e, ao final do protocolo, foram observadas grandes reduções no

IRD em todos os pontos e na circunferência abdominal. O participante 004, na avaliação por US, aferiu

menores valores de IRD (média de 1,71 cm) apesar de apresentar pontos onde há DRAM patológico. E, ao

final da prática, o participante obteve redução na maioria dos pontos, com exceção apenas da linha SU1 na

contração do PF, sendo o participante que apresentou maior redução na circunferência abdominal. Dessa

forma, podem ser articulados os resultados dos participantes 01 e 04. A PIA e o volume intra-abdominal são

aumentados cronicamente pela obesidade e temporariamente pela gestação²ÿ. Com isso em mente, ambos

apresentavam PIA cronicamente alterada, que foi corrigida pela prática de HM.

Dessa forma, pode ser a justificativa para o fato de os participantes terem apresentado maiores reduções do

IRD em todos os pontos, além de reduções importantes na circunferência abdominal. Como limitações do

estudo, foram encontradas a ausência de grupo controle e grupo intervenção, o pequeno tamanho amostral e

a curta duração do protocolo, pois com um maior número de sessões, possivelmente melhores resultados

seriam obtidos. Portanto, sugerem-se estudos futuros para comprovar a eficácia da técnica para essa

população, além de correlacionar o IRD e sua redução com a aplicação da HAG.

com características como IMC e circunferência da cintura.

CONCLUSÃO

Esta série de casos demonstrou resultados positivos da aplicação do HAG

protocolo para reduzir DRAM, principalmente supra-umbilical, e para reduzir a circunferência abdominal no

pós-parto remoto. Participantes que tinham IMC e circunferência da cintura mais altos no início do protocolo

apresentaram maiores reduções no IRD.

Diante disso, sugere-se novos estudos que avaliem com maior qualidade os efeitos da HAG na DRI, explorando

também mais variáveis como IMC e circunferência da cintura, a fim de embasar cientificamente a eficácia

dessa prática no período pós-parto.

Contribuições dos autores: NA e MM contribuíram para o desenho e desenvolvimento do estudo

e aquisição de dados. CK, EPDMG, JC e SCTL contribuíram para a revisão crítica, correção e aprovação da versão final.

GJSH contribuiu para a elaboração do desenho, desenvolvimento do estudo, análise de dados e aprovação da versão final.

Apoio financeiro: Declarar que não há apoio financeiro.

Conflito de interesses: Declarar não haver conflito de interesses

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