Recurso Especial - Seção5 - D Civil - Alan Magiar

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS.

PROCESSO DE ORIGEM Nº. 0008922-99.2023.4.00.8977

ALLAN MAGIAR, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, que promove em face de
VALINZINHO TRANSPORTES, igualmente qualificado nos autos, vem, respeitosamente à
presente de Vossa Excelência, por seu advogado, tempestivamente, com fundamento no 1.029 e
seguintes do Código de Processo Civil, e no art.105, inciso, III, alínea “a” da Constituição Federal
de 1988, interpor o presente:

RECURSO ESPECIAL

Contra respeitável acordão proferido de fls..., que julgou improcedente os embargos opostos
com fundamento no art. 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil, e no art.105, inciso, III,
alínea “a” da Constituição Federal.

Requer desde já que o presente recurso recebido e processado para, após ouvido o recorrido e
analisados os requisitos de admissibilidade abaixo indicados, seja remetido ao Egrégio Superior
Tribunal de Justiça e ao final, ser provido em sua totalidade.

1. DOS REQUISITO FORMAIS DE ADIMISSIBILIDADE


1.1 As instâncias ordinárias foram exauridas;

1.2 Por ter sido deferida a justiça gratuita em primeiro grau, deixa de recolher as custas
processuais, conforme decisão junta em anexo;

1.3 Da tempestividade.

O presente recurso encontra-se dentro do prazo, conforme previsto no Artigo 1.003, §


5º do CPC/2015, o prazo para interpor o presente recurso é de 15 dias úteis.

Portanto, visto que foi cumprido os requisitos de cabimento e tempestividade, da mesma forma
como demonstrado a seguir, tem cabimento e merece acolhimento recuso especial.

Neste termos, pede deferimento.

LOCAL, DATA.

______________________________

NOME/ASSINATURA

N º INSCRIÇÃO OAB

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) MINISTRO (A) PRESIDENTE DO


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ
RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL

Processo nº 0008922-99.2023.4.00.8977

Recorrente: Allan Magiar

Recorrido: Valinzinho Transporte

Origem do processo: 18ª Vara Cível de Sinaleão/GO

1. RAZÕES RECURSAIS

1.1 DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

Após examinar os autos, chegamos às seguintes observações. 1. O acórdão proferido foi


contraditório entre o dispositivo e a conclusão, fundamentado no art. 833, inciso IV, do código de
Processo Civil. 2. O acórdão recorrido foi julgado em última instância pelo Tribunal Regional.

Deste modo, com fulcro no art. 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil de 2015:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos


na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-
presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:
I - a exposição do fato e do direito;
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.

1.2 DO PREQUESTIONAMENTO

Este requisito se cumpre, no momento em que, o julgamento dos embargos de declaração, o


competente Tribunal a quo, proferiu acórdão desfavorável, o que vai de encontro à legislação
federal, especificamente aos artigos que estão sendo analisados.

1.3 DA SÍNTESE DOS FATOS

Em apertada síntese jurídica, o Recorrido ajuizou ação de execução de título extrajudicial,


distribuída à 18ª Vara Cível de Sinaleão/GO, sob o nº 000588999.2023.4.00.8977 em face da
Madeireira Irmãos Perez, essa ação correspondente a 5 (cinco) cheques no valor de
R$26.000,00 (vinte e seis mil reais) cada, porém na compensação dos referidos valores inexistia
saldo suficiente na conta do Recorrente para honrar com o compromisso assumido.

O Recorrente sempre honrou com seus compromissos, porém, nos últimos anos passou por
dificuldades financeiras, hoje, trabalha em estande de tiros e percebe um salário mensal de
R$1.400,00 (mil e quatrocentos reais), verba esta que utiliza para subsistir. Na execução de
Títulos foi penhorado seu salário, deixando o autor desesperado, pois encontra-se em situação
de total miséria.

Após ter seu salário totalmente penhorado, o Recorrente opôs embargos de execução, já que o
valor penhorado no processo é relativo à verba salarial e o mesmo não possui outro tipo de
renda para sua sobrevivência.

A sentença proferida em primeiro grau foi improcedente ao pedido. Descontente, entrou com
recurso de apelação, que também foi julgado improcedente, por meio de acórdão eivado de
vícios de contradição, razão pela qual foi interposto embargos de declaração, julgados pela 12ª
Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de Goiás acolhendo os Embargos, modificando
a decisão anteriormente proferida. Porém, considerando o costumeiro acerto, optou por julgar
improcedente o pedido do embargante, contrariando o art 833, inciso IV do CPC/2015,
evidenciando-se uma decisão contrária e dispositivo de lei federal conforme estará demonstrado
a seguir.

2. DO DIREITO

DA CONTRADIÇÃO

O acórdão recorrido julgou improcedente o pedido do embargante, o que enseja o recurso com
base, nos termos do art.105, inciso, III, alínea “a” da Constituição Federal:

Art. 105.Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


III—julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
A contradição, no presente, se deu através da desconformidade entre a fundamentação e a
conclusão do acórdão.

Desta forma está estabelecido o acórdão recorrido:

“ACORDÃO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Contradição. Acordão Modificativo. Apelação. Embargos à
Execução. Penhora. Natureza Salarial. Impenhorabilidade não reconhecida. APELAÇÃO
DESPROVIDA.
O presente recurso de apelação foi interposto contra sentença proferida pelo juízo de primeiro
grau, o qual julgou improcedente os embargos opostos, “mantendo-se a penhora lançada por
não configurar afronta à dignidade ou violação a impenhorabilidade salarial”. Segundo consta da
sentença, “o devedor em momento algum realizou prova absoluta apta a convencer este juízo do
entendimento de que as verbas penhoradas são sua única fonte de renda, afinal, não é crível
que esteja sobrevivendo até agora, quase 30 dias depois da penhora, se não tem condições
financeiras”.
O recorrente afirma que os valores oriundos de sua força de trabalho são sua única fonte de
renda, e que sem eles não tem como manter seu sustento.
É O RELATÓRIO
De início, cumpre apontar que o art. 833, IV do Código de Processo Civil é cristalino ao definir
quais bens ou valores são impenhoráveis, in verbis:
Art. 833. São impenhoráveis:
[…]
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; […].
Consigne-se que consta das fls. 785/802 dos autos, juntada de holerites, declaração de imposto
de renda e declaração do empregador, visando demonstrar que as verbas, de fato, são
decorrentes da relação de trabalho.
Em que pese a alegação de impenhorabilidade, entendo que o disposto no art. 833, IV se presta
apenas a fomentar o não pagamento de dívidas, razão pela qual entendo pela possibilidade de
penhora integral do salário do embargante.
Ante o exposto pelo meu voto, entendo pelo ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO, alterando o acordão anteriormente prolatado, e quanto ao mérito da apelação
proposta, voto pelo DESPROVIMENTO DO RECURSO, mantendo-se a sentença atacada por
seus próprios fundamentos.
LUDWIG VAN BEETHOVEN
RELATOR”
O acórdão proferido foi contraditório entre o dispositivo e a conclusão, uma vez que o tribunal
entendeu que a verba salarial é impenhorável, fundamentado no art. 833, inciso IV, do código de
Processo Civil:

“Art. 833. São impenhoráveis:


[…]
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; […].”

Conforme exposto acima, o descumprimento da lei federal é evidenciado na trecho do acórdão


exposto a seguir:

“Em que pese a alegação de impenhorabilidade, entendo que o disposto no art. 833, IV se
presta apenas a fomentar o não pagamento de dívidas, razão pela qual entendo pela
possibilidade de penhora integral do salário do embargante.
Ante o exposto pelo meu voto, entendo pelo ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO, alterando o acordão anteriormente prolatado, e quanto ao mérito da apelação
proposta, voto pelo DESPROVIMENTO DO RECURSO, mantendo-se a sentença atacada por
seus próprios fundamentos.”

Contudo, julgou a apelação improcedente, sendo que no recurso foi comprovado que consta nas
fls. 785/802 dos autos, juntada de holerites, declaração de imposto de renda e declaração do
empregador, visando demonstrar que as verbas, de fato, são decorrentes da relação de trabalho.
Corroborando, novamente, que as verbas que foram penhoradas são sua única fonte de renda.

Segundo os preceitos dos juristas Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha:

“A decisão é contraditória quando traz proposições entre si inconciliáveis. O


principal exemplo é a existência de contradição entre a fundamentação e a
decisão (DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonado Carneiro da. Curso de direito
processual civil. Vol. 3. 12ª ed. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 175-176).

Ora, uma vez que, averiguado que os valores se enquadram como vencimentos, que, portanto, é
protegido pelo art. 833, IV do CPC resta claro e cristalino a gritante afronta ao Código de
Processo Civil:

Art. 833. São impenhoráveis:


I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as
necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado,
salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações,
os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem
como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao
sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e
os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ;

Ressalte-se que o que se almeja não é analise da matéria que já foi feita pelas instancias
anteriores, o que se pretende é a demonstração de que houve descumprimento de preceito
insculpido em Lei/Jurisprudência, motivo pelo qual requer-se o conhecimento e o provimento do
presente.
Nesta conjunção, faz jus a impugnação da decisão proferida, ao que foi pedido.

3. DO PEDIDO

Por todo exposto,

 Requer a Vossa Excelência o recebimento do presente recurso e que seja conhecido e


provido, para então sanar as contradições;
 Em vista, requer a intimação do Requerido para querendo, se manifestar em relação ao
recurso no prazo legal.
 Requer que seja dado provimento ao recurso especial, determinando-se que seja
REFORMADO o v. acórdão pela fundamentação neste apresentado.
 Requer, reconhecimento da divergência jurisprudencial/ Lei Federal, não incidindo na
análise de fatos e provas, ou seja, no contexto fático probatório, desconsiderando a
incidência da Súmula 7 /STJ que cerne a pretensão de simples reexame de prova não
enseja recurso especial.
 O recebimento, processamento e ao final o julgamento e deferimento e total
procedência do presente recurso, para que produza seus efeitos legais e jurídicos;

Nestes termos, pede a aguarda deferimento, como medida da mais clara e cristalina justiça.

LOCAL, DATA.

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NOME/ASSINATURA

N º INSCRIÇÃO OAB

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