Proc. - Tema 4

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Direito Processual Civil V

Suspensão e extinção da execução

TEMA 4
Teoria Geral do Processo

Professor Wilson Tadeu Eccard

[email protected]
Na aula de hoje...

• Suspensão e Extinção da Execução.


Nosso objetivo é...
• Conhecer as regras que norteiam a suspensão do cumprimento de
sentença ou da execução.

• Examinar como se processa a suspensão da prescrição intercorrente.

• Estudar as diversas hipóteses que autorizam a extinção do


cumprimento de sentença ou da execução.

• Diferenciar os recursos utilizados para a impugnação das decisões


judiciais proferidas em execução.

Mas antes...
Suspensão e extinção do processo de
execução
Suspensão

• Considera-se suspenso um processo quando ocorre sua paralisação


total e temporária.

• O processo não deixa de existir e produzir seus efeitos normais, mas


sofre uma paralisação em seu curso, não se permitindo que nenhum
ato processual novo seja praticado enquanto dure a referida crise.

• A eficácia da suspensão é a de congelar o processo, de forma que,


cessada a causa que a motivou, o procedimento retoma,
automaticamente, seu curso normal, de onde parou.
Suspensão e extinção do processo de
execução
• Às vezes, no entanto, a causa de suspensão pode, ao seu termo,
transmudar-se em causa de extinção da execução, como, por
exemplo, se dá quando os embargos do devedor são julgados
procedentes.
Suspensão e extinção do processo de
execução
• Classifica-se a suspensão da execução em:

(a) necessária; e
(b) voluntária.

• É necessária ou ex lege a suspensão imposta pela lei, de forma


cogente, diante de uma determinada situação processual, como no
caso de morte de qualquer das partes (NCPC, art. 313, I); de arguição
de impedimento ou suspeição do juiz (art. 313, III) e das demais
hipóteses contempladas no art. 313.

• É voluntária ou convencional a que decorre de ato de vontade ou


ajuste entre as partes (art. 922).
Suspensão e extinção do processo de
execução
Art. 921. Suspende-se a execução:

I - nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;

II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os


embargos à execução;

III - quando não for localizado o executado ou bens penhoráveis;

IV - se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes


e o exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar
outros bens penhoráveis;

V - quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916.


Suspensão e extinção do processo de
execução
Efeito suspensivo dos embargos

• Suspende-se o processo de execução quando são recebidos embargos


do executado com efeito suspensivo (art. 921, II).

• Evidentemente, a mesma norma se aplica quando é recebida com


efeito suspensivo a impugnação ao cumprimento de sentença (art.
525, § 6o).
Suspensão e extinção do processo de
execução
• Atualmente, a regra básica é que os embargos do executado “não
terão efeito suspensivo” (NCPC, art. 919, caput).

• Somente em circunstâncias especiais é que o juiz poderá atribuir, a


requerimento do executado, efeito suspensivo aos embargos (art.
919, § 1º).

• Vale recordar que o efeito suspensivo atribuído à defesa do


executado pode ser total ou parcial.

• Sendo total provocará uma paralisação completa de todo o


procedimento executivo, que ficará verdadeiramente suspenso, trata-
se da suspensão própria.
Suspensão e extinção do processo de
execução
• A atribuição de efeito suspensivo parcial provocará tão somente
a suspensão imprópria do procedimento executivo.

• É o que se extrai do § 8o do art. 525 e do art. 919, § 3º do CPC.

• Também quando um só dos coexecutados oferece embargos e obtém


deferimento de efeito suspensivo, a execução terá prosseguimento
quanto aos que não embargaram.

• Isto só não acontecerá se o fundamento dos embargos disser respeito


a todos os litisconsortes (art. 919, § 4º).
Suspensão e extinção do processo de
execução
• Importante também deixar claro qual o momento a partir do qual se
opera a suspensão (seja ela própria ou imprópria) resultante da
atribuição de efeito suspensivo, total ou parcial, à defesa do
executado.

• É que a suspensão não impede a prática de atos destinados a


substituir, ampliar ou reduzir a penhora, nem obsta a avaliação dos
bens penhorados (art. 525, § 7o; art. 919, § 5o).

• Assim, a suspensão de que trata a lei se opera a partir do momento


em que o processo esteja na altura em que são praticados os atos
expropriatórios.

• Enquanto durar a suspensão, não será possível a prática de atos de


expropriação de bens ou de satisfação do crédito exequendo.
Suspensão e extinção do processo de
execução
Suspensão por inexistência de bens penhoráveis

• O objeto da execução forçada são os bens do executado, dos quais


se procura extrair os meios de resgatar a dívida exequenda.

• Não há, no processo de execução, provas a examinar, nem sentença a


proferir.

• Daí por que a falta de bens penhoráveis do devedor importa


suspensão da execução pelo prazo de um ano, período em que se
suspenderá, também, a prescrição (NCPC, art. 921, III e § 2º).
Suspensão e extinção do processo de
execução

• A falta de bens a penhorar – destaque-se – não acarreta a definitiva


frustração da execução por quantia certa.

• Sem que se conte com bens expropriáveis, não há, obviamente, como
dar sequência ao curso do processo.

• Inviabiliza, no entanto, o prosseguimento momentâneo dessa


modalidade executiva, cujo objetivo consiste em apreender e
expropriar bens patrimoniais do executado para realizar a satisfação
do crédito do exequente.
Suspensão e extinção do processo de
execução

• Deve-se lembrar que a responsabilidade patrimonial em que se apoia


a execução por quantia certa abrange tanto os bens atuais do
executado como os futuros (art. 789).

• Por isso, a lei prevê que, não se encontrando bens a penhorar, a


execução será suspensa (art. 921, III), e não extinta.
Suspensão e extinção do processo de
execução

• Decorrido o prazo de um ano da suspensão, sem que seja localizado o


executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, os autos
serão arquivados em caráter provisório (art. 921, § 2º), podendo ser
reativados a qualquer tempo, desde que surjam bens a executar (§
3º).

• O primeiro problema provocado pela suspensão é definir até quando


perdurará a paralisia do processo.

• E o segundo é saber que destino terá a execução quando a suspensão


durar mais do que o prazo legal de prescrição da obrigação
exequenda.
Suspensão e extinção do processo de
execução

• O NCPC enfrentou esses problemas no art. 921 e deu-lhes as


seguintes soluções:

(a) A suspensão decretada por falta de bens a penhorar é destinada a


prevalecer inicialmente durante o prazo fixo de um ano, dentro do qual
permanecerá também suspensa a prescrição (§ 1º).

(b) A suspensão, depois de ultrapassado um ano, acarretará o


arquivamento dos autos (§ 2º).
Suspensão e extinção do processo de
execução

(c) Passado um ano de suspensão do processo (§ 1º), começará a correr a


prescrição intercorrente, que se completará no prazo correspondente à
obrigação exequenda (§ 4º e CC, art. 205 e 206).

(d) Ao final do referido prazo, o juiz ouvirá as partes, com prazo de


quinze dias, e se não houver comprovação de motivo para suspensão ou
interrupção, a prescrição será decretada de ofício, extinguindo-se o
processo (§ 5º).
Suspensão e extinção do processo de
execução

• Uma vez consumado o lapso prescritivo, a audiência das partes não se


destina a convocá-las a dar prosseguimento à execução.

• Nessa altura, se não demonstrada alguma causa de interrupção da


prescrição, outro destino não terá o processo senão a sua extinção
por força da perda legal da pretensão do exequente (Código Civil, art.
189).
Suspensão e extinção do processo de
execução

• Essa dinâmica da contagem da prescrição intercorrente sujeita-se a


uma regra especial de direito intertemporal, que consiste em ter
como termo inicial do respectivo prazo a data de vigência do novo
Código (art. 1.056), para os processo já suspensos no regime da lei
anterior.

• Justifica-se a prescrição intercorrente com o argumento de que a


eternização da execução é incompatível com a garantia constitucional
de duração razoável do processo e de observância de tramitação
conducente à rápida solução dos litígios (CF, art. 5º, LXXVIII).
Suspensão e extinção do processo de
execução

Suspensão da execução por falta de interessados na arrematação dos bens


penhorados

• Em dispositivo novo, o CPC de 2015 prevê um outro caso de suspensão do


processo, que ocorre quando a alienação dos bens já penhorados não se
realizar por falta de licitantes e o exequente não requerer, em quinze dias, a
adjudicação deles, nem indicar outros bens penhoráveis.

• Nessa situação, o exequente não terá seu crédito satisfeito, mas a execução
não poderá prosseguir pela inexistência de outros bens penhoráveis do
executado, tal como se dá no inciso III do art. 921. A situação processual
equivale à de ausência de bens penhoráveis para efeito de suspensão da
execução e aplicação da prescrição intercorrente.
Suspensão e extinção do processo de
execução

Suspensão em razão do parcelamento do débito

• A última hipótese de suspensão da execução trazida pelo art. 921 do


NCPC é a concessão do parcelamento do débito, nos termos do art.
916.

• Deferido o pedido de parcelamento pelo juiz, o processo se suspende,


pelo prazo máximo de seis meses, até que o executado pague as
parcelas do débito estabelecidas.
Suspensão e extinção do processo de
execução

Efeitos da suspensão

• Durante a suspensão nenhum ato executivo novo pode ser praticado,


sob pena de nulidade.

• Subsistem, contudo, os efeitos do processo no que diz respeito à


relação processual pendente e aos atos processuais já praticados,
como, por exemplo, a penhora e depósito dos bens executados.
Suspensão e extinção do processo de
execução

• Além disso, em caráter excepcional, pode o juiz determinar medidas


provisórias de urgência, como a alienação de bens avariados, ou
perecíveis, a remoção de bens, a prestação de caução etc., medidas
essas adotáveis ex officio ou por provocação da parte (art. 923).

• A eficácia da suspensão é ex nunc.

• Atinge o processo na fase ou situação em que se encontrar,


projetando seus efeitos a partir de então e só para o futuro.

• Inibe o prosseguimento da marcha processual, mas preserva intactos


os atos já realizados.
Suspensão e extinção do processo de
execução

Extinção da execução

• A execução forçada termina normalmente com a exaustão de seus


atos e com a satisfação do seu objetivo, que é o pagamento do
credor.

• Pode, contudo, encontrar fim de maneira anômala e antecipada,


como nos casos em que se extingue o próprio direito de crédito do
exequente, por qualquer dos meios liberatórios previstos no direito
material, ainda que ocorridos fora do processo (ex.: pagamento,
novação, perdão da dívida, prescrição etc.).
Suspensão e extinção do processo de
execução

O art. 924 do NCPC prevê, expressamente, a extinção da execução,


quando:

(a) a petição inicial for indeferida (inciso I);


(b) a obrigação for satisfeita (inciso II);
(c) o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da
dívida (inciso III);
(d) o exequente renunciar ao crédito (inciso IV);
(e) ocorrer a prescrição intercorrente (inciso V).
Suspensão e extinção do processo de
execução

Extinção por indeferimento da petição inicial


A petição inicial pode ser indeferida na forma do art. 330, CPC.

Extinção por satisfação da obrigação (remição da execução)


O pagamento, no curso da ação, quando se trata de execução por
quantia certa, faz-se por meio da remição da execução, e deve
compreender o principal atualizado, juros, custas e honorários
advocatícios (NCPC, art. 826).

Extinção da dívida por qualquer outro meio


Fala o art. 924, III, que a execução se extingue quando o executado
obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida. Qualquer
outro meio, tais como: remissão (perdão), transação, novação, confusão,
compensação etc.
Suspensão e extinção do processo de
execução

Extinção por renúncia


A renúncia (IV), em sentido lato, é o ato de abandono voluntário de um
direito; é o desligamento espontâneo do titular em face de seu direito
subjetivo.

Extinção pela prescrição intercorrente


O NCPC tratou expressamente da prescrição intercorrente nos §§ 4º e 5º
do art. 921, § 4º.
Suspensão e extinção do processo de
execução

Outros casos de extinção da execução


Faltaram, na enumeração do art. 924, dois casos muito comuns da
extinção do processo executivo, ou seja:

(a) a desistência da execução, que é uma faculdade expressamente


assegurada ao exequente pelo art. 775;

(b) a improcedência da execução, por decorrência de acolhimento de


embargos do devedor.

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