Lição 4

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Lição 4.

Métodos e Ramos da Economia Política

Introdução

A produção de qualquer forma de conhecimento cientico exige o recurso a métodos e técnicas. A


Economia Política durante a sua evolução foi desenvolvendo determinados métodos cuja
operacionalização implicou a adopção de certas técnicas. Em função da natureza da análise do
objecto, é possível distinguir dois principais ramos da Economia Política.

Nesta lição você ficará a saber sobre os métodos e técnicas da Economia Política, bem como dos
principais ramos.

Objectivos

Ao terminar esta lição você deve:

 Descrever os métodos da Economia Política;


 Identificar os diferentes ramos da Economia Política;
 Diferenciar a análise microecómica da macroeconómica.
4.1. Métodos da Economia Política
Por método de uma ciência entende-se a forma sistemática e sequente de alcançar o conhecimento.
A Economia Política tal como outras ciências possui métodos específicos. Porém, a Economia
Política tem uma relação directa com a Economia, por isso, os seus métodos são também
aplicaveis a economia. Os principais métodos são: dedutivo, indutivo, estatístico.

Com recurso ao método dedutivo, os economistas fazem antecipadamente suposições partindo


do conhecimento de certos aspectos da realidade e, a partir daí levantam hipóteses sobre o
comportamento de factos não conhecidos. A indução, outro método, consiste num processo de
generalização de factos descritos na base do conhecimento exacto da realidade. É da análise
sucessiva da realidade que se desenvolve o conhecimento na base do método indutivo. O
método indutivo segrega-se, para Keynes (1921 :282), em duas técnicas: a analogia e a indução
pura. A analogia é o raciocínio em que se comparam semelhanças e dessemelhanças entre
evidências dos objetos. Ela pode ser em nível das evidências de entendimento direto para com
conhecimento direto tanto quanto entre objetos conhecidos e outros que se desejam conhecer.
Na indução por analogia, é fundamental que se apresentem analogias negativas, isto é,
diferenças nos objetos, pois quanto maior é a variedade entre eles, melhor a generalização. A
analogia positiva, por sua vez, são as semelhanças que os objetos detêm. Ao se conhecerem as
semelhanças e dessemelhanças dos objetos particulares é possível ir além deles, ou seja, pode-
se generalizar. O último método aqui destacado é o estatístico. O método estatístico é muito
usado na economia dando origem a econometria ou “medição econômica”. A econometria,
resultado de determinada perspectiva sobre o papel da economia, consiste na aplicação da
estatística matemática a dados econômicos para dar suporte empírico aos modelos formulados
pela economia matemática e obter resultados numéricos. A econometria pode ser definida
como a análise quantitativa dos fenômenos econômicos ocorridos com base no
desenvolvimento paralelo da teoria e das observações e com o uso de métodos de inferência
adequados.

Temos assim Três tipos de métodos para formular princípios, leis, teorias, categorias e modelos
que expliquem a realidade. Os fenómenos que se verificam, tem de ser ordenados e devem ser
classificados para que se possam entender. Existe portento a necessidade da sua sistematização.
Da análise da realidade, normalmente também se conclui a existência de uma cera ordem que
deve ser explicada. Existem relações de dependência entre fenómenos (o que gostamos é uma
função do que ganhamos), e existem relações de causalidade entre outros fenómenos, (se sobem
os preços e o salário mantém-se compramos menos produtos). Essas reacções mudam
historicamente e, portanto, temos de definir o seu âmbito e validade histórica.

Para operacionalização dos métodos apresentados a economia política recorre a certas técnicas
tais como: observação e análise de dados.

A economia é quase uma ciência de observação pois não se pode recorrer a experimentação. A
realidade economia não é estática, nem divisível. Não podemos isolar nenhum dos elementos
económicos de tudo o que se insere sob outro o risco de perdermos na nossa análise as suas
propriedades. Por outro lado, os elementos estão em constante mutação. Como técnica, a
observação deve ser contínua e geral. Da realidade retiram-se os elementos mais gerais e de maior
importância, (os conceitos), e estudam-se as relações entre eles, com vista a formular princípios,
categorias, leis, teorias e modelos económicos. Esse processo de análise chama-se abstracção. Da
realidade como um todo, torna-se perceptível o fundamental. A observação sistemática da
realidade consiste numa análise prolongada reflectiva e metódica em que se registam
permanentemente as informações (ou seja, criam-se bases de dados). A realidade deve ser
sistematicamente observada. Na economia política a observação faz-se através de inquéritos,
recolha de dados de empresas, de comportamento das pessoas etc., a partir dos quais se procuram
descobrir regularidades. Os fenómenos e os processos económicos desenrolam-se continuamente.
A observação deve ser feita também continuamente, de forma a não se perderem transformações
que se processam.

4.2. Ramos da Economia Política


Quanto ao tipo de conhecimento a economia decompõe-se em duas partes distintas (muitas vezes
designadas de compartimentos): Economia Positiva e a Economia normativa.
A Economia positiva é a parte da ciência económica que se interessa pela descrição, usando
metodologia da teoria de certos aspectos da realidade, preocupando-se com os factores
económicos concretos da forma como eles são e como se apresentam. Dividem-se em economia
descritiva que tal como o próprio nome indica, é responsável pelo reconhecimento da realidade e
da analise do comportamento dos agentes económicos. A teoria económica, parte central da
ciência económica, efectua o levantamento lógico e sistemático dos factores recolhidos pela
economia descritiva e produz generalizações, criando ou aplicando categorias económicas. A
Economia normativa a sua preocupação não é a realidade em si, mas as formas consideradas
óptimas dela o ser. Assim, a preocupação é emitir juízos de valor, propor novas situações de
organização, sendo portanto um enfoque completamente diferente do anterior. Assim a política
económica é principal elemento que é produzido pela economia normativa, com o objectivo de
servir de guia condutor as actividades do estado e das empresas.

Quanto ao nível da análise, assume-se que a economia pode ser desdobrada em dois principais
ramos: a analise microeconómica que se dedica ao estudo do comportamento dos mais pequenos
elementos da realidade económica, ou seja, dos consumidores e produtores. O objectivo de estudo
da microeconómica isola-os dentro do possível, aprofundando o seu comportamento. A análise
micro economia que se dedica ao estudo da globalidade do funcionamento da economia ou seja,
estuda a de uma forma agregada. Assim, a preocupado não são os pequenos elementos da realidade
económica, mas o seu funcionamento como conjunto. Historicamente a análise macroeconómica
precedeu a microeconómica mas, durante os primeiros quarenta anos do século XX, foi relegada
para segundo plano. Hoje, as duas formas de análise económica coexistem em idêntico plano.

Resumo da lição
Na lição que acabamos de ver é importante reter o seguinte:
i) A economia política possui método de produção cientifica que são comuns à economia.
Os principais métodos são: dedutivo, indutivo e estatístico;
ii) A análise dos fenómenos económicos pode ser microeconómica ou macroeconómica
iii) Existem dois principais ramos da economia: a economia positiva e a economia
normativa.
Autoavaliação
1. A Economia Política tal como outras ciências possui métodos específicos, mas os seus
métodos também são também aplicáveis a economia.
a) Comente a afirmação.
b) Diferencie a economia normativa da positiva.
c) Diferencie a análise microeconómica da macroeconómica.
d) Explique a importância da observação como técnica em economia.
e) O que entende por econometria.

Comentários a autoavaliação

Leituras complementares
KEYNES, J. M. (1921). Treatise on Probability. London: MacMillan and Co. Disponível em:
http://www. gutenberg.org/ebooks/32625.

MARTINEZ, Soares. Economia politica. Coimbra, Livraria Almedina, 1972.


OLIVEIRA, Anderson Luiz de. Introdução à economia.
TAYLOR, Arthur. As grandes Doutrinas Económicas. Portugal, Publicações Europa-América,
1997.
SENGULANE, Hipólito. Das primeiras economias ao Nascimento da economia-Mundo.
Maputo, Diname, 2007
SMITH, Adam, A Riqueza das nações. São Paulo, Martins Fontes Editora, 2003.

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