Aula 3. Sintaxe e Noções de Concordância

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DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA

Aula 3. Sintaxe e Noções de Concordância

1. Conceituando Sintaxe

O termo “sintaxe” vem do grego sintaxis e significa: ordem, disposição.

“A Sintaxe é o ramo da gramática que estuda a estrutura das palavras, frases e períodos
que se combinam em enunciados. Ela faz um estudo da disposição das palavras dentro
das frases (..) e das orações.

(...)

A Sintaxe classifica os termos da língua portuguesa em sujeito, predicado, objeto, adjunto


adnominal e adverbial, complemento nominal, aposto, vocativo, dentre outros.”
Sintaxe. Educa+Brasil. – DISPONÍVEL EM: < https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/sintaxe >
Acesso em outubro, 2021.

Podemos dizer que um texto está sintaticamente correto quando há relação lógica entre a
disposição desses termos numa frase, de maneira que o significado seja compreensível
para nós. Como por exemplo:

Fazer atividades físicas é importante para a saúde do corpo e da mente.

OU

Físicas atividades é importante fazer e do corpo da mente a saúde para.

Ambas as frases possuem as mesmas palavras, no entanto, a segunda acabou ficando


privada de entendimento completo, pois seus elementos não foram alocados
sinteticamente bem-dispostos, de forma a facilitar a nossa compreensão.

Sintaxe se divide em:

1) Sintaxe de concordância

a) Concordância verbal

b) Concordância nominal

2) Colocação pronominal

a) Próclise

b) Mesóclise

c) Ênclise

3) Regência

a) Regência nominal

b) Regência verbal
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Nesta unidade veremos mais à fundo sobre as concordâncias verbal e nominal.

Mas o que seria isso?

Na linguagem formal, além da correta grafia e acentuação das palavras, deve existir uma
harmonia numa frase ou expressão, a fim de, não só facilitar o entendimento, como
também, proporcionar uma concordância a determinadas circunstâncias, seja relacionada
com o verbo ou com o substantivo.

Portanto, temos a situação em que o verbo necessita estar de acordo com o sujeito a que
ele se refere, e, para isso, irá sofrer variação adequada de número (singular e plural), bem
como de pessoa (1ª, 2ª e 3ª): Concordância Verbal.

E, temos a situação em que o adjetivo, numeral, pronome e artigo precisam variar, em


gênero (masculino e feminino), número e pessoa, conforme o sujeito se apresenta:
Concordância Nominal.

Para ambos os casos existem regras que nos ajudarão a entender como essas
concordâncias funcionam e aplicá-las adequadamente.

Vamos aos casos especiais de cada um:

2. Concordância verbal e suas particularidades

Concordância verbal. TecConcursos. – DISPONÍVEL EM:


< https://www.tecconcursos.com.br/questoes/876119 >. Acesso em outubro, 2021.

A concordância verbal é o princípio gramatical que determina como o verbo deve flexionar-
se (variar de forma) para se ajustar ao sujeito da oração.

-> Regra geral da concordância verbal: o verbo concorda com o núcleo do sujeito.
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2.1. Principais casos de concordância do verbo com o sujeito simples

2.1.1. Verbo + se (pronome apassivador): verbo concorda com o sujeito.


Exemplo: Não se publicou a foto do acidente.
Não se publicaram as fotos do acidente.

2.1.2. Verbo + se (índice de indeterminação do sujeito): o verbo na 3ª' pessoa do singular.


Exemplo: Jamais se concordou com os resultados daquela eleição.

2.1.3. Expressões partitivas + nome no plural: o verbo no singular ou no plural.


Exemplo: Um grande número de pássaros dorme na velha mangueira.
Um grande número de pássaros dormem na velha mangueira.

2.2. Principais casos de concordância do verbo com o sujeito composto

2.2.1. Núcleos do sujeito ligados pela conjunção:

a) Se o sujeito está antes do verbo -> verbo no plural.


Exemplo: O verão e as férias chegaram.

b) Se o sujeito está depois do verbo -> Admite-se de 2 formas:


b.1) verbo no plural
Exemplo: Chegaram o verão e as férias.

b.2) ou concordando com o primeiro núcleo


Exemplo: Chegou o verão e as férias.

2.2.2. Núcleos representados por pessoas gramaticais diferentes

a) Eu/nós + outra(s) pessoa(s) gramatical(is) + verbo na 1ª pessoa do plural. Exemplo:


Exemplo: Nossos amigos, você e eu sabemos de tudo.

b) Tu/vós + 3ª pessoa -> verbo na 2ª pessoa do plural ou na 3ª pessoa do plural Exemplos:


Exemplo: 2ª pessoa → Nossos amigos e tu sabeis de tudo.
3ª pessoa → Nossos amigos e tu sabem de tudo.

2.2.3. Concordância do verbo “ser”


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a) Se o sujeito ou o predicativo designar pessoa/gente -> o verbo “ser” concordará,
obrigatoriamente, com esse termo.
Exemplo: Os moradores atingidos pela enchente eram a maior preocupação do prefeito.
A maior dificuldade do técnico são os jogadores sem condições físicas ideais.
Durante anos, o netinho foi as alegrias de seus avós.

b) Se nem o sujeito nem o predicativo designarem gente/pessoa -> o verbo ser poderia
concordar, indiferentemente, com qualquer um desses dois termos.
Exemplo: Meu sofrimento na escola sempre foi as aulas de matemática.
Meu sofrimento na escola sempre foram as aulas de matemática.

c) Na indicação de horas e distância, o verbo “ser” concorda com o núcleo da expressão


numérica:
Exemplo: Já é uma e meia; quando forem duas horas, fecharemos a loja.
O policial rodoviário disse que até a próxima cidade são sessenta quilômetros.

d) Na indicação de datas, concorda com a palavra dia (explícita ou subentendida).


Exemplo: Hoje é dia 2 de julho. (se estiver explícita)
Hoje são 2 de julho – Porque a palavra dias está implícita: hoje são 2 (dias) de
julho.

2.2.4. Verbos impessoais


São verbos que não admitem sujeito; por isso apresentam-se sempre na 3ª pessoa do
singular.

Os principais são:
a) Haver: empregado no sentido de “existir” ou “acontecer”.
Exemplo: Não havia salas disponíveis, por isso não houve as aulas de recuperação.

b) Fazer: indicando tempo transcorrido (passado).


Exemplo: Quantos anos já faz que ele trabalha nesta empresa?
Fazia 12 anos que não te via.

Exceções:
1) Nas locuções verbais, os verbos impessoais transferem a impessoalidade para os
verbos auxiliares.
Exemplos: Não deve haver falha no projeto.
Já vai fazer dez dias que escrevi para ela.

2) Haver e fazer quando indicam horas, “não variam”:


Faz dez horas que ele partiu. / Há seis horas que o dia raiou.

Fique atento! Se os verbos impessoais forem usados no sentido figurado, deixa de ser
impessoal e, portanto, concordará com o sujeito:
Exemplo: Caíam pétalas de flores. / Choviam pétalas de flores.
Entraram muitos comentários e palpites na caixa de entrada. / Choveram
comentários e palpites na caixa de entrada.

2.2.5. Verbos Dar, Bater e Soar: Estes verbos, quando indicam horas, concordam sempre
com o número das horas:
Exemplo: Já deram onze horas, mas ainda não deram onze e meia.
Estão batendo dez horas neste instante.
Será que já soaram duas horas?
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Deu uma e meia.

Exceção: Porém, se aparecer o termo “relógio” ou equivalente como sujeito, a


concordância se fará com o sujeito:
Exemplo: Já deu onze horas o relógio da sala. OU: O relógio da sala já deu onze horas.
Bate dez horas o relógio da matriz. OU: O relógio da matriz bate dez horas.

2.2.6. Concordância dos Verbos Faltar, Bastar e Sobrar: Esses verbos concordam
normalmente com o sujeito. Portanto:
Exemplo: Faltam dois minutos para a meia-noite.
Sobraram muitos doces e salgados na festa.
Bastam duas crianças para a casa virar do avesso.

3. Concordância nominal e suas particularidades

A concordância nominal é o princípio de acordo com o qual toda palavra variável (adjetivo,
numeral, artigo e pronome) associada ao substantivo deve se flexionar para se adaptar a
ele em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural).

3.1. Principais regras de concordância nominal

3.1.1. Concordância do adjetivo com uma série de substantivos

a) Adjetivo funcionando como adjunto adnominal

a.1) Posicionado antes dos substantivos, o adjetivo só concorda com o primeiro


substantivo.
Exemplo: Ele enfrentou pesadas críticas e processos.
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a.2) Posicionado depois dos substantivos, o adjetivo pode concordar só com o último
substantivo
Exemplo: Ele enfrentou processos e críticas pesadas.

a.3) Ou com todos eles


Exemplo: Ele enfrentou processos e críticas pesados.

b) Adjetivo funcionando como predicativo (do sujeito ou do objeto)

b.1) Posicionado antes dos substantivos, o adjetivo pode concordar só com o primeiro
substantivo:
Exemplo: Ficou suja a cozinha e o quintal.

b.2) ou concordar, no plural, com todos os substantivos


Exemplo: Ficaram sujos a cozinha, a sala e o quintal.

b.3) Posicionado depois dos substantivos, o adjetivo só pode concordar no plural.


Exemplo: A cozinha, a sala e o quintal ficaram sujos. (mesmo caso de cima, sendo que na
ordem certa de sujeito e depois o predicado)
Você julgou meu argumento e minha decisão errados?

3.1.2. Concordância do substantivo com mais de um adjetivo: Podemos fazer com mais de
uma forma:

a) Colocando o artigo antes do último adjetivo.


Exemplo: Adoro a comida italiana e a (comida) chinesa. (Mesmo que a palavra comida não
apareça.)

b) Colocando o substantivo e o artigo que o antecede no plural.


Exemplo: Adoro as comidas italiana e chinesa.

3.1.3. Números ordinais

a) Nos casos em que há número ordinais antes do substantivo, o substantivo pode ser
usado tanto no singular como no plural.
Exemplo: A segunda e a terceira casa.
A segunda e a terceira casas.

b) Nos casos em que há número ordinais depois do substantivo, o substantivo deve ser
usado no plural.
Exemplo: As casas segunda e terceira.

3.1.4. Concordância das palavras “mesmo”, “meio”, “bastante”, “anexo”

a) Essas palavras normalmente concordam em gênero e número com a palavra


(substantivo ou pronome) a que se referem.
Exemplos: Suas respostas com meias palavras causaram bastantes reações negativas.
A fotocópia de seu diploma precisa estar anexa ao currículo.
Seguem anexos os recibos.
Elas mesmas enveloparam os documentos.
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Exceções:
1) Expressão "em anexo" não varia: Segue em anexo a fatura. / Segue em anexo o recibo.

2) As palavras meio e bastante, quando advérbios, são invariáveis.


Exemplos: As alunas estavam meio chateadas, porque as provas foram bastante difíceis.

3.1.5. Obrigada / Obrigado

Língua portuguesa, facebook, setembro, 2020. –


DISPONÍVEL EM: < https://www.facebook.com/linguaportuguesa07/photos/simples-assim-ela-diz-obrigada-e-ele-diz-
obrigadoapostilas-digitais-com-exerc%C3%ADci/5028796917134239/ >. Acesso em novembro, 2021.

Essa palavra varia conforme o gênero e número conforme quem a utiliza ou a que se
refere.

a) Pessoa falando de si mesma:

Homem fala Obrigado


Mulher fala Obrigada

b) Qualquer pessoa falando de Mulher: Ela disse apenas obrigada e saiu da sala.

c) Qualquer pessoa falando de Homem: Ele disse apenas obrigado e saiu da sala.

d) Mulher falando em nome de outras mulheres: Obrigadas

e) Mulher falando em nome de homens e mulheres: Obrigados

f) Homem falando em nome dele e de qualquer pessoa (outros homens e/ou mulheres):
Obrigados

“Um homem, portanto, deve agradecer, usando a palavra obrigado; uma mulher, obrigada;
um homem, em nome de outras pessoas, obrigados; uma mulher, em nome de outras
pessoas de ambos os sexos, ou em nome de outros homens, obrigados; uma mulher, em
nome de outras mulheres, obrigadas.
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Uma formanda de escola em que só estudam mulheres, em seu discurso de formatura


deveria dizer “obrigadas”, já que agradece não só por si, mas em nome de todas as alunas,
que estão agradecidas, gratas, obrigadas.

E a resposta a um agradecimento? No Brasil, há o costume de retribuir com um Obrigado


você, que é inadequado ao padrão culto da língua. O adequado é responder da seguinte
maneira:

– Obrigado eu, se for um homem.

– Obrigada eu, se for uma mulher.

– Obrigados nós, se o falante representar várias pessoas de ambos os sexos ou somente


homens.

– Obrigadas nós, se a falante representar várias mulheres.”

Gramática e produção de textos descomplicadas. Gramática on-line. - DISPONÍVEL EM: < https://gramaticaonline.com.br/
lingua_no_dia_dia/obrigado-obrigada-obrigados-obrigadas/ >. Acesso novembro, 2021.

3.1.6. Concordância da palavra “menos”: Por ser advérbio, esta palavra não varia ao
feminino.
Exemplo: Hoje, tive menos alunos.
Hoje, tive menos alunas.

Bolgspot – DISPONÍVEL EM: < https://4.bp.blogspot.com/-hZOyFCyStPc/Vi0BkdaSJUI/AAAAAAAADc0/IF1kBHIa9jI/


s1600/aaa.png >. Acesso em outubro, 2021.

Saber usar corretamente os tempos, número (singular e plural) e pessoas verbais, bem
como os gêneros, número e pessoas nominais facilita o entendimento, principalmente da
linguagem culta para diversos fins, como exemplos: para a elaboração de trabalhos
profissionais e acadêmicos, textos literários, ou para o bom entendimento do que se deseja
passar de informação.

Incluir na rotina práticas de leitura e escrita, contribuem bastante para desenvolver hábitos
que vão ajudar na fixação das regras, facilitando, cada vez mais, a correta utilização das
regras.

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