Licao 3

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IGREJA PENIEL INTERNACIONAL - CHIMOIO

ESCOLA DE LIDERES 2023

CADEIRA: COMO ESTUDAR A BIBLIA

LIÇÃO 3
A Bíblia Como Literatura

Quando falamos com alguém, queremos que essa pessoa nos compreenda.
Assim, fazemos os possíveis para tornarmos de fácil a compreensão das ideias
que queremos transmitir. Por outras palavras, sabemos que o que dizemos e
como dizemos formam um conjunto. Tal como o discurso, a literatura é eficaz
quando o escritor transmite as suas ideias com clareza.
Os escritores da Bíblia escolheram as palavras e dispuseram-nas para
atingirem o seu objectivo. Se estudarmos de que modo os escritores expressaram
as suas ideias, isso irá ajudar-nos no estudo da Bíblia. Compreenderemos
melhores expressões como “Eu sou a videira e vós os ramos”. Veremos melhor a
ideia central de uma passagem bíblica. Poderemos compreender melhor os
objectivos do escritor quando identificarmos o seu estilo ou maneira de se
expressar.

Nesta Lição Estudará...


A Linguagem Literal e Figurativa
A Organização das Ideias
Os Estilos Literários

Esta Lição Ajudará a...


Explicar o significado de certas formas de linguagem usadas na Bíblia.
Localizar as ideias ou pontos centrais de uma dada passagem das Escrituras.
Compreender o propósito do escritor, reconhecendo o seu estilo de escrita.

LINGUAGEM LITERAL E FIGURATIVA


Objectivo 1: Distinguir a linguagem literal da figurativa.
Deus quer que entendamos a verdade que Ele revelou na Sua Palavra. A sua
ideia não foi que os escritores bíblicos discorressem sobre coisas imaginárias ou
irreais. Eles escreveram sobre a realidade.
E frequentemente utilizaram uma linguagem que é literal ou factual. Portanto,
podemos saber o que quer dizer a Bíblia, aceitando o significado natural das
palavras.
Quando lemos que Jesus “... subiu ao monte a orar...” (Lucas 6:12),
sabemos que foi literalmente ou realmente o que Ele fez. Quando lemos que
Jesus “... repreendeu a febre, e esta a deixou...” alguém e que assim foi (Lucas
4:39), sabemos que essa é a verdade literal.
Mas quando lemos uma passagem como “... João viu a Jesus, que vinha
para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João
1:29), não podemos interpretar literalmente todas as palavras. Jesus não é um
cordeiro ou um animal. Ele é como um cordeiro que, no Velho Testamento, era
sacrificado pelos pecados do povo. Assim, parte da linguagem da Bíblia é
figurativa ou simbólica no seu significado. Ela ajuda a explicar a linguagem literal.
A linguagem figurativa compõe-se de figuras de estilo. Figuras de estilo são
palavras ou frases que nos ajudam a entender algo de difícil explicação,
relacionando-o com algo que é do nosso conhecimento. João deu-nos uma figura
mental de Cristo como um cordeiro a ser oferecido num altar pelos nossos
pecados. Isso ajuda-nos a compreender o propósito de Cristo ao vir a este mundo.
As figuras de estilo ajudam-nos a compreender as coisas espirituais que não
podemos ver com os nossos olhos naturais. Lembremo-nos que, na Lição Nº 1,
dissemos que Jesus Se comparou à água viva. Também Se comparou ao pão, à
luz e ao pastor. Em certa ocasião, disse Ele: “Eis que venho como ladrão...”
(Apocalipse 16:15). Estes exemplos mostram-nos que não podemos ir
demasiado longe comparando Jesus a qualquer desta coisas. Ele é, de uma
maneira limitada, como uma delas. Mas as figuras de estilo ajudam-nos a recordar
certas verdades.
Cristo muitas vezes usava a linguagem figurativa quando falava aos Seus
seguidores. Contava-lhes histórias simples que os ajudavam a compreender
importantes verdades espirituais. Em Mateus 18:10-14, Cristo contou-lhes a
história da ovelha perdida. Então, comparava os Cristãos a ovelhas. Ele queria
ensinar-lhes que Ele se preocupava com cada um de nós, tal como um pastor se
preocupa com as suas ovelhas perdidas.

Algumas figuras de estilo chamam-se símbolos. Símbolos são palavras que


representam a verdade de alguma coisa. As palavras luz, sal e ovelhas são
símbolos dos Cristãos. Somos como cada uma dessas coisas. Os próprios
objectos podem tornar-se símbolos. Na Ceia do Senhor, o pão e o cálice são
símbolos do corpo e do sangue de Cristo. Eles recordam-nos a morte e o
sofrimento de Cristo pela nossa salvação.

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

1 Identifique cada afirmação como sendo linguagem literal ou figurativa. À frente


de cada uma, escreva o número do tipo de linguagem com a qual se agrupa. Por
favor, não vá às soluções antes de ter lido bem..

1. Literal ou 2. Figurativa?

________a) Há em Jerusalém, perto da Porta das Ovelhas um tanque (João 5:2).


________b) É o Cordeiro de Deus (João 1:29).
________c) Eu sou a porta das ovelhas (João 10:7).
________d) tenho outras ovelhas que não são deste aprisco (João 10:16)

2 Leia a história do trigo e do joio em Mateus 13:24-30 e a sua explicação nos


versículos 36-43.
Leia as descrições em número e agrupe-as com os símbolos da coluna que estão
em alíneas.
1. Pessoas que pertencem ao Reino de Deus
2. O Filho do Homem
3. O diabo
4. Pessoas que pertencem ao Inimigo
5. O fim dos tempos
6. O reino celeste
7. O mundo tal como ele é

a) O semeador
b) O inimigo
c) A boa semente
d) Joio
e) Trigo e joio juntos
f) O joio recolhido g) O trigo sozinho

ORGANIZAÇÃO DAS IDEIAS


Objectivo 2: Indicar seis maneiras de organizar ideias.
Quando escrevemos, tentamos organizar as ideias. Tentamos juntar as ideias
inter-relacionadas para apoiarem uma ideia central. E tentamos dispor as ideias de
modo a agruparem-se facilmente.
Nesta secção, vamos descrever diversos modos de organização das ideias.

1. Repetição. O escritor usa os mesmos termos ou termos semelhantes


constantemente.
Em 2 Coríntios 8:1-15, a ideia dos Cristãos darem, desenvolve-se por meio da
repetição: “rica generosidade, deram tudo, assistência, acto de graça, contribuir,
contribuam, contribuir, contribuição, suprirá a necessidade.”

2. Progressão. O escritor cria um movimento para a frente, acrescentando


detalhe após detalhe, tal como fazemos quando contamos uma história.
O episódio de Filipe em Actos 8:26-40, mostra progressão. O Espírito disse a
Filipe que fosse a uma certa estrada. Ali, guiou-o a um certo homem
para lhe falar das Boas Novas de Jesus. Depois do homem ter aceitado Jesus,
Filipe baptizou-o e o Espírito levou Filipe.

3. Clímax. O autor leva-nos a um ponto alto numa progressão de detalhes.


Em Filipenses 3:10, Paulo explica-nos o que é a verdadeira justificação – é “Para
conhecê-lo (Cristo), e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação das
suas aflições, sendo feito conforme à sua morte.” Os versículos 1-9 levam-nos
a este clímax.

4. Contraste e comparação. No contraste, o autor leva-nos a duas coisas


opostas para enfatizar o seu lado bom e mau ou a sua luz e trevas. O Salmo 1
contrasta os justos que são como árvores frutíferas, com os ímpios que são como
a erva que o vento espalha. Note neste contraste o uso da comparação, os ímpios
“são como palha”. Na comparação, o autor junta duas coisas para enfatizar a sua
semelhança.

5. Pontos centrais. O autor usa pontos de viragem numa progressão de ideias.


Esses pontos são necessários à finalização particular de um episódio ou ao
significado de uma passagem. No livro de Ester, um dos pontos centrais é o facto
da Rainha Ester cair nas graças do rei, ao aproximar-se dele sem autorização
prévia. Sem essa graça, ela não poderia ter cumprido o seu plano de modo a
proteger a vida do seu povo.

6. Razões e resultados. O autor dispõe as ideias para mostrar a relação entre um


certo resultado e as razões desse mesmo resultado. Pode começar quer com as
razões quer com os resultados. Em Colossenses 1:3, Paulo diz à igreja que dá
graças a Deus por eles. Isso é um resultado. No versículo 4, apresenta a razão:
“Porquanto ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus, e do amor que tendes
para com todos os santos” (Colossenses 1:4). Depois, repete esta ideia nos
versículos 8 e 9, começando com a razão e terminando desta vez com o
resultado.

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

3 Leia as seguintes referências bíblicas e diga qual o meio de organização das


ideias em cada uma delas. Pode usar uma descrição mais do que uma vez, e
pode precisar de mais do que uma descrição para algumas citações.

1- Repetição, 2-Razões-resultados, 3-Contraste, 4-Progressão, 5-Pontos centrais

______________a) Gálatas 6:7-9, a ideia de colhermos o que semeamos.

______________b) Efésios 2:14-18, a ideia de Cristo unindo os judeus e os


gentios em paz.

_____________ c) 1 Reis 17:8-24, a ideia de que a obediência de Elias fê-lo um


homem de Deus.

______________d) Juízes 6:11-40, a ideia de que a resposta de Gideão à ordem


de Deus ocasionou as alterações.

_____________e) 2 Crónicas 1:7-12, a ideia de que por Salomão ter agido, Deus
também agiu.

______________f) Efésios 4:27-32, a ideia do que implica a nova vida em Cristo.

ESTILOS LITERÁRIOS
Objectivo 3: Reconhecer os principais estilos literários usados na Bíblia.
História
A Bíblia é a história do trato de Deus com os homens. Assim, é um relato
escrito do que aconteceu na vida de certas pessoas. O Espírito Santo guiou os
autores na escolha de certas pessoas e acontecimentos para compartilharem
connosco. Ao lermos esses relatos, podemos melhorar a nossa relação com Deus.
Podemos edificar a nossa fé, lendo e aprendendo com as suas lutas e vitórias.

Por exemplo, quando lemos a tarefa que Deus ordenou a Gideão e o conflito
interior deste, podemos aprender a reverência a Deus e vencer o nosso receio das
outras pessoas e do fracasso (veja Juízes 6 e 7). O maior relato é o do próprio
Cristo. Seguindo o Seu exemplo, podemos viver em obediência à vontade de
Deus.
Há histórias em toda a Bíblia. Os livros que são fundamentalmente históricos
são os que vão de Josué a Ester, no Velho Testamento e os de Mateus a Actos no
Novo. De Génesis a Deuteronómio, há uma mistura de história e de profecia.

Profecia
Na história bíblica, Deus usa certos homens chamados profetas para falar
directamente ao povo. Eles declaravam a vontade e o propósito de Deus. Falavam
profeticamente. Essas profecias proclamavam a verdade para cumprimento
imediato e prediziam a verdade para um cumprimento futuro. Algumas dessas
profecias ainda não se cumpriram. Predizem acontecimentos que só se darão no
fim dos tempos. Os livros de Ezequiel, Daniel e Apocalipse contêm muitas dessas
profecias por cumprir.
É útil estudar primeiro as profecias que já se cumpriram e que o Novo
Testamento explica. O livro de Actos, por exemplo, refere-se ao cumprimento de
muitas profecias do Velho Testamento. Entre essas, temos a do derramamento do
Espírito Santo, o sofrimento e rejeição de Cristo, a salvação dos gentios e a
dureza de coração dos homens em compreenderem o Evangelho.
Embora o significado de algumas profecias seja de difícil compreensão, por
conter muitos símbolos, precisamos de as estudar para obtermos um melhor
entendimento do plano de Deus. Os últimos 17 livros do Velho Testamento, os
Salmos e o Apocalipse contêm importantes passagens proféticas.

Poesia
Na poesia, expressamos profundas emoções, utilizando um determinado ritmo
e dispondo a escrita em versos. Enquanto a história narra acontecimentos reais ou
acções humanas, a poesia revela o que o homem pensa e o modo come ele sente
– feliz, triste, desesperado ou alegre. A poesia usa uma grande porção de
linguagem figurada. Não pode ser interpretada literalmente como a história. Assim,
quando lemos Job, os livros poéticos de Salmos, Provérbios, Eclesiastes e
Cantares de Salomão e outras passagens poéticas espalhadas pela Bíblia, temos
de analisar o uso da linguagem figurada.

Paralelismo
Ouve as minhas palavras
Ouve o meu clamor
Contraste
A preocupação pode roubar-te a felicidade
Mas palavras suaves podem alegrar-te

Para dar ritmo às ideias, os autores hebraicos geralmente relacionavam duas


linhas de pensamento uma com a outra. A isso chama-se paralelismo. A relação
pode ser de repetição. No Salmo 5, o significado da primeira linha, “Dá ouvidos
as minhas palavras, ó Senhor; atende à minha meditação” repete-se na linha
seguinte “Atenta a voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu pois a ti orarei.”
As duas linhas seguintes repetem cada uma e o método prossegue em toda esta
passagem.
Podem relacionar-se duas linhas pelo contraste. “O solicitude no coração do
homem o abate, mas uma boa palavra o alegra” (Provérbios 12:25). Ou então,
dois versos podem relacionar-se acrescentando um pensamento a outro para
ajudar a explicá-lo. Job 36:21 usa este método: “Guardate, e não declines para
a iniquidade...”. O verso seguinte acrescenta ao significado: “... porquanto isto
escolheste antes que a tua miséria.”
As ideias centrais dos livros poéticos são sobre as emoções. Job descreve o
sofrimento humano. Salmos guiam-nos na adoração a Deus. Provérbios
mostram-nos a necessidade que temos de sabedoria para a aplicar à vida diária.
Eclesiastes dá-nos uma visão negativa da vida, cheia de dúvidas.
E Cantares expressa o amor conjugal.

Epístolas
É fácil identificar as epístolas ou cartas. Começam com uma saudação, têm
uma mensagem central e terminam com saudações de despedida. O corpo central
da epístola pode relacionar-se com a resposta a perguntas mencionadas numa
outra carta. Assim, é bom recordar que uma epístola é uma resposta a uma
necessidade específica. Não fornece um ensino completo sobre qualquer tópico.
O apóstolo Paulo escreveu 13 das epístolas do Novo Testamento. Vários
outros autores escreveram as restantes 8. Ao estudarmos estas cartas e
compararmos os seus ensinamentos, recebemos orientação para a nossa fé e
nova vida em Cristo.

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

4 Leia cada uma das seguintes Escrituras e classifique-as quanto ao estilo.

1. História 2. Profecia 3. Poesia 4. Epístola

____ _____________a) Filipenses 1:1-2


__________________b) Sofonias 1:14-18
__________________c) Salmo 91
__________________d) 1 Coríntios 5:9-11
__________________e) 2 Samuel 7:18-28
__________________f) Job 36:22-26
__________________g) Actos 2:1-13
__________________h) Apocalipse 4:1-11

BÊNÇÃOS

A única forma de crescer é através do aprendizado contínuo.

Pr. Carlos Binda Costa

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