Seminário 2 - Aspergilose
Seminário 2 - Aspergilose
Seminário 2 - Aspergilose
ASPERGILOSE
Juiz de Fora
2021
1. INTRODUÇÃO
A aspergilose ou pneumonia micótica é uma doença causada por fungos do gênero
Aspergillus e pode acometer espécies animais domésticas e silvestres, mas é comumente
isolada em aves, envolvendo frequentemente o trato respiratório. São fungos geralmente
encontrados no solo, materiais orgânicos, água, ambientes internos e outros locais. Dentre
as diversas espécies, Aspergillus fumigatus e o Aspergillus flavus são citadas como as
principais espécies envolvidas em surtos de aspergilose aviária. É uma doença infecciosa,
não contagiosa e oportunista, que acomete principalmente indivíduos
imunocomprometidos. Geralmente afeta mais o sistema respiratório de galinhas e perus,
e menos frequentemente de patos, pombos, canários, gansos e outras aves selvagens e de
estimação. É considerada a principal enfermidade micótica na exploração econômica da
avicultura comercial e, dentre as formas de apresentação clínica da doença, a que afeta
principalmente os pulmões e sacos aéreos é a de maior importância. Inclusive, a
suscetibilidade das aves à infecção por Aspergillus está relacionada principalmente às
características anatômicas e fisiológicas do trato respiratório das mesmas, que facilitam a
penetração e proliferação fúngica (ex. ausência de epiglote e diafragma e presença de
sacos aéreos).
2. ETIOLOGIA
O gênero Aspergillus pertence à divisão Eucomycota, subdivisão Deuteromycotina,
classe Hyphomycetes, ordem Moniliales e família Moniliaceae. Possui mais de 250
espécies, e cerca de 20 são consideradas patogênicas, destacando-se a A. fumigatus, A.
flavus, A. niger e A. terreus, sendo as duas primeiras que afetam principalmente as aves.
Espécies de Aspergillus produzem grande quantidade de conídeos (esporo mais comum
de reprodução dos fungos), que podem se difundir para todo o ambiente. São ubíquos, e
como fungos saprófitos ou comensais, coexistem sem causar efeito nocivo, raramente se
tornando patogênicos em indivíduos saudáveis.
3. EPIDEMIOLOGIA
A aspergilose é uma doença de ocorrência mundial, onde são descritas a ocorrência em
19 das 27 ordens aviárias, sendo responsável por 30% dos óbitos das aves de cativeiro.
Em galinhas e perus, a doença é endêmica em algumas granjas; já em aves silvestres, é
esporádica, afetando frequentemente apenas a ave individualmente. Estudos demonstram
que a doença é comumente vista em aves de climas seco e/ou frio quando colocadas em
ambientes quentes e úmidos. Condições propícias de temperatura e umidade também
intensificam o crescimento do fungo. Além disso, aves jovens cursam com um quadro
agudo com alta morbidade e mortalidade, enquanto nas aves mais velhas cursa como uma
doença crônica e esporádica, geralmente associada a animais imunocomprometidos. Há
uma alta mortalidade em pintinhos que inalam grandes quantidades de esporos durante a
eclosão em incubadoras contaminadas ou quando colocados em locais contaminados após
o nascimento.
4. PATOGENIA
A transmissão ocorre pela inalação ou ingestão dos conídios e, a partir daí, o
desenvolvimento da doença dependerá do desequilíbrio entre a tríade fungo-hospedeiro-
ambiente. A imunossupressão do animal representa um dos principais
fatores relacionados a progressão da doença, em que há colonização do trato respiratório
formando hifas e invadindo o tecido, podendo ocasionar inflamação, infarto hemorrágico,
trombose e necrose. Sendo assim, apenas a invasão do fungo ao organismo não é o
suficiente para causar a aspergilose, necessitando de uma predisposição individual que
facilite a proliferação do Aspergillus, que coloniza o hospedeiro e consegue permanecer
no organismo resistindo à resposta imune. Após a formação das hifas e posterior invasão
tecidual, as lesões são causadas pela produção de enzimas (hemolisinas, proteases e
peptidases) e toxinas (fumagilina, gliotoxina) pelo fungo, além da resposta do organismo
do hospedeiro ao combater o ataque fúngico, que devido a uma resposta imune
inespecífica atinge também tecidos ao redor, agravando as lesões. Essas lesões causam
descamação e necrose epitelial, associada a um infiltrado inflamatório de heterófilos,
linfócitos e macrófagos na lâmina própria. É comum o fungo atingir o trato respiratório
superior e posteriormente o inferior, principalmente pulmões e sacos aéreos, penetrando
na parede dos brônquios e parênquima, onde se multiplica e se dissemina. Pode ocorrer
disseminação hematógena para outros órgãos, como sistema nervoso central, ossos
pneumáticos, glândula adrenal e coluna vertebral.
8. CONCLUSÃO
A aspergilose causada pelos fungos Aspergillus fumigatus e o Aspergillus flavus é uma
doença que afeta aves de diferentes espécies, envolvendo frequentemente o trato
respiratório. É uma doença infecciosa, não contagiosa, mas oportunista, sendo mais
agressiva em indivíduos imunocomprometidos. Pode apresentar letargia, inapetência,
depressão e anorexia, além da formação de nódulos caseosos/placas, e granulomas com
áreas necróticas, podendo ocorrer disseminação hematógena para outros órgãos em casos
mais avançados. Não tem tratamento, então a prevenção e controle se tornam
extremamente importantes para o não estabelecimento da doença nas aves, como
nebulizar os cercados e limpar e desinfectar todos os equipamentos contaminados. Sendo
assim, conclui-se que é uma importante doença respiratória micótica, comprovando a
importância da prática de monitoramento microbiológico em incubatórios, e
estabelecimento de estratégias sanitárias eficientes.
9. REFERÊNCIAS
DA SILVA, Maycon Rodrigues. Aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos da
aspergilose em codornas de corte (Coturnix coturnix) no Sertão da Paraíba.
Monografia, UFCG, Curso de Medicina Veterinária, 2014.