Mormo
Mormo
Mormo
Sinonímias: catarro de burro, catarro de mormo, lamparão, garrotilho atípico e cancro nasal.
Etiologia
Burkholderia mallei é um coco gram-negativo, irregular, isolado em pequenas cadeias. São imóveis e não
formam esporos.
Considerado fastidioso, havendo dificuldade para isolá-lo das formas mais comuns. Em ágar de sangue
ovino, desfibrinado, a bactéria pode ser isolada em 48h.
Fatores de virulência
Epidemiologia
Os equídeos são os animais mais suscetíveis a doença clínica. Ocasionalmente acomete ovinos,
caprinos, cães e gatos, enquanto bovinos, suínos e aves são resistentes. Também descrita em
camelídeos e leões. Em humanos é acidental.
Acredita-se que a doença foi pouco frequente nas grandes produções canavieiras que mantém
equídeos velhos em trabalhos de tração, embora tenha possibilitado a manutenção do
microrganismo nos animais e no ambiente.
O treinamento intensivo que propiciam a aglomeração de animais tem sido citado como fator de
risco para a doença.
Condições impróprias de higiene e animais acometidos por grande parasitismo intestinal têm sido
apontados como fatores de risco em outros países.
As fontes de infecção são os próprios animais doentes ou reservatórios (subclínicos), que eliminam
em secreções nasais, por aerossóis (espirros, tosses, relincho), bem como lesões cutâneas e/ou
linfáticas. Ocasionalmente, pode ser eliminado por fezes e urina.
A via oral é reconhecida como a principal porta de entrada em equídeos (ainda que possa ocorrer
de forma transcutânea e respiratória também).
Patogenia
O ingresso ocorre, geralmente, por via oral. O microrganismo chega aos linfonodos da região da
cabeça e mesentéricos. Depois, dissemina-se pelo animal por via linfo-hemática (septicemia),
localizando-se nos pulmões, rins, baço, fígado e articulações, causando a manifestação aguda,
com inflamação de caráter purulento em vários órgãos, principalmente nas vias respiratórias de
equídeos.
Após o acometimento das vias respiratórias, o agente pode disseminar-se para outros órgãos por
via linfo-hemática.
Em propriedades endêmicas, os animais podem desenvolver cura clínica (mas não bacteriológica),
desenvolverem um quadro crônico e permanecerem como fontes de infecção.
Nos animais que sobrevivem à infecção aguda, observam-se cicatrizes em formato de estrela nas
mucosas nasal e oral.
A infecção por esse agente induz a formação de grande quantidade de secreção purulenta e
necrose no centro (contendo microrganismos), circundado predominantemente por macrófagos
nodulados em células epitelióides e neutrófilos, com menor número de plasmócitos e linfócitos.
Tudo isso é envolto por cápsula fibrosa.
A resposta imune mais efetiva é de origem celular, embora os fagócitos tenham dificuldade de
inativar completamente o patógeno no fagossomo e debelar a infecção.
Apesar da presença de plasmócitos e da produção de Ig, a resposta humoral não parece ser muito
eficaz.
Foco nas tonsilas, depois desce e depois se distribui para o trato respiratório superior. O foco
primário de colonização é nas faringes e tonsilas e depois a sua distribuição coloniza o trato
respiratório superior.
Clínica
Hiperaguda (morte em até 72h – muares e asininos), aguda (morte em 2 semanas ou mais) ou
crônica (permanecem infectados por vários anos, mantendo a doença no ambiente –
assintomáticos ou com sinais brandos, mas, ainda assim, podem ser diagnosticados - equinos).
1) Nasal: secreção nasal (uni ou bilateral), com ou sem estrias de sangue, secreção ocular purulenta,
linfadenite submandibular e dificuldade respiratória. Úlceras na cavidade nasal. São sinais do
extenso processo inflamatório local, com presença de pus, hemorragias e necrose das mucosas e
do septo nasal.
2) Pulmonar: febre, tosse, dificuldade respiratória, respiração ruidosa, inapetência, emagrecimento,
intolerância a exercício ou trabalho. A alta letalidade está relacionada a esse desenvolvimento.
3) Cutânea: múltiplos abscessos e úlceras na pele, predominantemente na região torácica e na face
medial dos membros. Drenam conteúdo seroso e purulento >> alopecia. Cicatrizes em forma de
estrela. Linfangite dos vasos linfáticos, com nódulos ao longo do seu trajeto >> rosários. Linfadenite
regional.
Diagnóstico
*Fixação de complemento: alta especificidade (>95%), detectando precocemente IgM e IgG. Apresenta
baixa sensibilidade após o período inicial de infecção, muares, equídeos na fase crônica e éguas prenhes
>> falso negativos. Realizado exclusivamente no laboratório do MAPA. O resultado negativo tem validade
de 60 dias para a movimentação dos animais (transporte). A certificação da propriedade tem
regulamentação específica. Resultados positivos na fixação de complemento são encaminhados aos
laboratórios de sanidade animal >> maleinização.
Achados anatomopatológicos
Linfangite, linfadenite, lesões de pele, secreção nasal purulenta, úlceras e cicatrizes. Vias
respiratórias >> pneumonia e múltiplos abscessos, hemorragias e necrose. Os abscessos podem
coalescer e formarem cavidades que drenam o pus de cor amarelo-acizentado. Úlceras na
cavidade nasal. Ocasionalmente, destruição do septo nasal. Na cavidade abdominal >> nódulos ou
abscessos em fígado, baço e rins. Petéquias e equimoses na pleura visceral. Linfadenopatia nos
linfonodos submandibulares, pré-crurais, mesentéricos e mediastínicos.
Tratamento
Profilaxia e controle
Normas de Trânsito
Atestado negativo de mormo. Validade: 15 dias para trânsito internacional, 60 dias para animais de
propriedades sem certificação, 12 meses, a partir da data da inspeção do animal e coleta de
sangue, para animais de propriedades certificadas como
Livres de Mormo.
Ano 2000: alterações no trânsito interestadual e internacional de equídeos (Alagoas, Pernambuco,
Sergipe, Ceará).
Implicações econômicas.
Acordo entre os países do Mercosul: animais com origem e procedência em áreas livres.
Terem permanecido, durante 6 meses anteriores ao embarque, em propriedade onde não foi
detectado nenhum caso.
Apresentarem resultado negativo na FC, 15 dias antes do embarque.
Não apresentarem sinais clínicos no dia do embarque.
Certificação de Propriedades
Soropositivos
Propriedade em quarentena
Sacrifício obrigatório
Medidas higiênico sanitárias adequadas
Animais suspeitos - isolados
Todo o plantel - exame clínico e sorológico (30 a 90 dias de intervalo). Dois exames consecutivos
negativos para a certificação.
Os equídeos que ingressarem nas propriedades devem ser provenientes de locais sem confirmação de
casos nos últimos 2 anos, provenientes de outra propriedade certificada como Livre de Mormo, sendo o
trânsito efetuado diretamente entre propriedades, possuidores de atestado negativo (prazo de validade) e
ficar em quarentena durante 15 dias.
Trânsito de animais negativos: somente para outra propriedade certificada ou para exposições
controladas.
Assistência médica veterinária: através de responsabilidade técnica >> cadastramento no serviço
veterinário oficial.