Probabilidades

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8. INTRODUÇÃO À PROBABILIDADE
As origens da probabilidade remontam ao século XVI. As aplicações iniciais referiam-
se quase todas a jogos de azar. Os jogadores aplicavam o conhecimento da teoria das
probabilidades para planejar estratégias de apostas.
Actualmente a utilização das probabilidades ultrapassou de muito o âmbito desses
jogos. Hoje os governos, as empresas, as organizações profissionais incorporam a teoria
das probabilidades em seus processos diários de deliberações.
Independentemente de qual seja a aplicação em particular, a utilização das
probabilidades indica que existe um elemento de acaso, ou de incerteza, quanto à
ocorrência ou não de um evento futuro. Assim é que, em muitos casos, pode ser
virtualmente impossível afirmar por antecipação o que ocorrerá, mas é possível dizer o
que pode ocorrer.
Há numerosos exemplos de tais situações no campo dos negócios e do governo. A
previsão da procura de um novo produto, o cálculo dos custos da produção, a previsão
das safras, a compra de apólices de seguros, a avaliação da redução de impostos sobre a
inflação. As probabilidades são úteis pois ajudam a desenvolver estratégias. O ponto
central em todas as situações é a possibilidade de quantificar quão provável
édeterminado evento.
As probabilidades são utilizadas para exprimir a chance de ocorrência de determinado
evento. O estudo das probabilidades é importante pois elas são a base para o estudo
estatístico.

8.1. Experimento aleatório


Experimentos aleatórios são aqueles que, mesmo repetidos várias vezes sob condições
semelhantes, apresentam resultados imprevisíveis.
Características dos experimentos aleatórios:
1.Podem ser repetidos indefinidamente sob as mesmas condições.
2.Não se pode adiantar um resultado particular, mas pode-se descrever todos os
resultados possíveis.
3.Se repetidos muitas vezes apresentarão uma regularidade em termos de frequência de
resultados.
Exemplos : lançamento de uma moeda, lançamento de um dado, aposta na loteria, ....

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Ao descrever um experimento aleatório deve-se especificar não somente que operação


ou procedimento deva ser realizado, mas também o que deverá ser observado. (Note a
diferença entre o 2o e o 3o).
• Joga-se um dado e observa-se o número obtido na face superior.
• Joga-se uma moeda 4 vezes e observa-se o número de caras obtido.

• Joga-se uma moeda 4 vezes e observa-se a sequência de caras e coroas.

• Um lote de 10 peças contém 3 defeituosas. As peças são retiradas uma a uma (sem
reposição) até que a última defeituosa seja encontrada. Conta-se o número de peças
retiradas.
• Uma lâmpada nova é ligada e observa-se o tempo gasto até queimar.
• Lança-se uma moeda até que ocorra uma cara e conta-se então o número de
lançamentos necessários.
• Lançam-se dois dados e anota-se o total de pontos obtidos.
• Lançam-se dois dados e anota-se o par obtido.

8.2. Espaço amostral


O espaço amostral (S) de um experimento aleatório é o conjunto de todos os possíveis
resultados do experimento. n(S) é o número de elementos do conjunto S, ou o número
de resultados possíveis.
Exemplo: um experimento é o lançamento de uma moeda. Os possíveis resultados são
cara ou coroa, então, S={cara, coroa}.
Em dois lançamentos de uma moeda, sendo interessante observar a ordem dos
resultados, os possíveis resultados são: 1) cara e cara, 2) cara e coroa, 3) coroa e cara e
4) coroa e coroa. O espaço amostral é S={(Ca,Ca), (Ca,Co), (Co,Ca) e (Co,Co)}. n(S)=4

8.3. Eventos ou acontecimentos


Chama-se de evento qualquer subconjunto do espaço amostral S de um
experimentoaleatório, ou seja, qualquer resultado do espaço amostral. n(A) é o número
de resultados associados ao evento A.
Exemplo: no lançamento de uma moeda S={cara, coroa}. Um evento de interesse A
pode ser “obter cara no lançamento de uma moeda” e n(A)=1.
No lançamento de um dado, o evento de interesse (A) pode ser obter face par e n(A)=3.

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8.4. A probabilidade de um evento


Seja A um evento. A probabilidade deste evento ocorrer é dada por P(A), que é um
número entre 0 e 1. Quanto mais próxima a probabilidade estiver de 1, maior será sua
chance de ocorrência. A um evento impossível atribui-se probabilidade 0, enquanto
queum evento certo tem probabilidade 1.

Há três maneiras diferentes de calcular ou estimar probabilidades: o método clássico,


quanto o espaço amostral tem resultados igualmente prováveis. O método empírico,
quese baseia na frequência relativa de ocorrência de um evento num grande número
deprovas repetidas e o método subjectivo, que utiliza estimativas pessoais de
probabilidade, baseadas num certo grau de crença. Em geral vamos utilizar o método
clássico de cálculo de probabilidades.

Quando os resultados são equiprováveis, a probabilidade de cada resultado é função do


número de resultados possíveis:

número de resultados associados ao evento A


P( A) 
número total de resultados possíveis

Exemplo: lançar um dado e observar a face superior


Espaço amostral: S={1,2,3,4,5,6}. n(S)=6
Evento A: face par n(A)=3
P(A)= 3/6 = ½ = 0,5 ou 50%.
Obs: Existe uma pequena diferença entre probabilidade e chance de um evento. A
probabilidaderelaciona o número de resultados de A com o número de resultados total,
enquanto a chance compara o número de resultados de A com o número de resultados
de outro evento (B ou C).

Em uma urna com 5 bolas brancas, 3 vermelhas e 2 azuis, a probabilidade de


seleccionar uma bola branca é P(branca)=5/10=0,5 ou 50%.
E a chance de seleccionar uma bola branca é 5:5, que é semelhante a 1:1, o que significa
que existe amesma chance de retirar uma bola branca ou uma bola de outra cor.

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8.5. Eventos Independentes

Quando a realização ou não realização de um dos eventos não afeta a probabilidade da


realização do outro e vice-versa.

Ex: Quando lançamos dois dados, o resultado obtido em um deles independe do


resultado obtido no outro. Então qual seria a probabilidade de obtermos,
simultaneamente, o nº 4 no primeiro dado e o nº 3 no segundo dado?

Assim, sendo P1 a probabilidade de realização do primeiro evento e P2 a probabilidade


de realização do segundo evento, a probabilidade de que tais eventos se realizem
simultaneamente é dada pela fórmula:

P(1 e 2) = P(1) x P(2)

P1 = P(4 dado1) = 1/6 P2 = P(3 dado2) = 1/6

P total = P (4 dado1) x P (3 dado2) = 1/6 x 1/6 = 1/36

8.6. Eventos Mutuamente Exclusivos - Eventos Dependentes

Dois ou mais eventos são mutuamente exclusivos quando a realização de um exclui a


realização do(s) outro(s). Assim, no lançamento de uma moeda, o evento "tirar cara" e o
evento "tirar coroa" são mutuamente exclusivos, já que, ao se realizar um deles, o outro
não se realiza.

Se dois eventos são mutuamente exclusivos, a probabilidade de que um ou outro se


realize é igual à soma das probabilidades de que cada um deles se realize:

P(1 ou 2) = P(1) + P(2)

Ex: No lançamento de um dado qual a probabilidade de se tirar o nº 3 ou o nº 4 ?

Os dois eventos são mutuamente exclusivos então: P = 1/6 + 1/6 = 2/6 = 1/3

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Obs: Na probabilidade da união de dois eventos A e B, quando há elementos comuns,


devemos excluir as probabilidades dos elementos comuns a A e B (elementos de A e B )

P(1 ou 2) = P(1) + P(2) – P(1 e 2)

8.7. Probabilidade Condicional

Se A e B são dois eventos, a probabilidade de B ocorrer, depois de A ter acontecido é


definida por: P (B/A), ou seja, é chamada probabilidade condicional de B. Neste caso os
eventos são dependentes e definidos pela fórmula:

P (A e B ) = P (A) x P(B/A)

Exemplo 1: Duas cartas são retiradas de um baralho sem haver reposição. Qual a
probabilidade de ambas serem copas?

P (Copas1 e Copas2) = P(Copas1) x P(Copas2/Copas1) = 13/52 x 12/51 = 0,0588 =


5,88 %

Obs: No exemplo anterior se a 1ª carta retirada voltasse ao baralho o experimento seria


do tipo com reposição e seria um evento independente. O resultado seria:

P(Copas1) x P(Copas2) = 13/52 x 13/52 = 0,625 = 6,25 %

Exemplo 2: Uma urna tem 30 bolas, sendo 10 vermelhas e 20 azuis. Se ocorrer um


sorteio de 2 bolas, uma de cada vez e sem reposição, qual será a probabilidade de a
primeira ser vermelha e a segunda ser azul?

Seja o espaço amostral S=30 bolas, e considerarmos os seguintes eventos:

A: vermelha na primeira retirada e P(A) = 10/30

B: azul na segunda retirada e P(B) = 20/29

Assim: P(A e B) = P(A).(B/A) = 10/30.20/29 = 20/87

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Exercícios de aplicação:

1. Escreva o espaço amostral no lançamento de um dado. Ache a probabilidade de:


a) Sair um número par.
b) Sair um múltiplo de três.
c) Sair um número primo.

2. Extrai-se uma carta de um baralho de 52 cartas. Determine a probabilidade de


sair:
a) Um valete.
b) Uma carta vermelha.
c) Um dez de paus
d) Uma figura
e) Uma carta de ouros

3. Encontre n(S), n(A) e P(A) no lançamento de dois dados. Experimento: Lançar


dois dados e observar a sequência dos resultados S={(1,1), (1,2),
(1,3),.....,(6,4),(6,5),(6,6)}
a) A: apareçam faces iguais.
b) A: a segunda face é o dobro da primeira.
c) A: apareçam somente números ímpares.
d) A: apareçam faces iguais ou a segunda face é o quadrado da primeira.
e) A: a soma das faces é igual a 7.

4. Há 50 bolas numa urna: 20 azuis, 15 vermelhas, 10 pretas e 5 verdes. Misturam-


seas bolas. Determine a probabilidade da bola escolhida ser:
a) Verde.
b) Azul.
c) Verde ou azul.
d) Não-vermelha.
e) Vermelha ou verde.
f) Amarela.
g) Não-amarela.

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5. A probabilidade de um indivíduo A estar vivo daqui a 30 anos é 0,6 e a


probabilidade de um outro indivíduo B estar vivo daqui a 30 anos é 0,7.
Determine a probabilidade de daqui a 30 anos:
a) Estarem vivos os indivíduos A e B.
b) Estar vivo, pelo menos um dos indivíduos.

6. Em uma escola foi feita uma pesquisa para levantar o tipo de leitura preferida
pelos alunos. Foram entrevistados 500 alunos e os seguintes resultados foram
obtidos: 200 alunos gostam de ler histórias de aventuras, 300 alunos gostam de
ler histórias em quadrinhos e 50 alunos gostam de ler histórias de aventuras e
histórias em quadrinhos. Se um estudante é escolhido aleatoriamente, qual a
probabilidade de ele:
a) Gostar de ler apenas histórias de aventuras?
b) Não gostar de ler nem histórias de aventuras e nem histórias em quadrinhos?

7. Numa amostra constituída por 100 indivíduos obtiveram-se os resultados


apresentados no quadro seguinte:
Com bronquite Sem bronquite
Fumadores 40 20
Não fumadores 10 30
a) Diga justificando a resposta, se os acontecimentos ″ser fumador″ e ″ter
bronquite″ são independentes.
b) Calcula a probabilidade de um indivíduo que é fumador ter bronquite.

8. Numa população 20% das famílias têm máquina de lavar louça, 30% têm
máquina de lavar roupa e 10% têm ambos os tipos de máquinas. Calcula a
probabilidade de uma família escolhida ao acaso:
a) Ter pelo menos um dos tipos de máquina.
b) Não ter nenhum dos tipos de máquina.
c) Ter um só tipo de máquina.

9. Numa turma, 20% dos alunos falam inglês, 40% falam francês e 15% falam as
duas linguas.
a) Averigue se falar francês e falar inglês são acontecimentos independentes.
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b) Calcule a probabildade de:


i. Um aluno escolhido ao acaso falar pelo menos uma das linguas.
ii. Um aluno não falar nenhuma das linguas.
iii. Um aluno falar uma e uma só lingua.
c) Sabendo que o aluno não fala inglês, qual é a probabilidade do mesmo falar
francês?

10. Um grupo de 80 moças é classificado de acordo com a cor dos cabelos e dos
olhos de cada moça, segundo a tabela:
Cabelos Olhos Soma
Azuis Castanhos
loira 24 12 36
Morena 16 18 34
Ruiva 6 4 10
Soma 46 34 80
c) Se você marca um encontro com uma dessas garotas, escolhida ao acaso, qual é
a probabilidade dela ser:
i. Loira?
ii. Ruiva de olhos azuis?
iii. Morena ou de olhos azuis?
d) Está chovendo quando você encontra a garota. Seus cabelos estão
completamente cobertos, mas você percebe que ela tem olhos castanhos. Qual a
probabilidade de que ela seja morena?

Referências:
AFONSO, Anabela & NUNES, Carla. (2001). Estatística e Probabilidades. Aplicações
e Soluções em SPSS. Editora Escolar. Lisboa.
MARTINAZZO, Claodomir António. (2008). Apostila de Estatística Aplicada à
Computação. Universidade Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Campus de
Erechim.
MORETTIN, Luiz Gonzaga. (2010). Estatística Básica. Probabilidade e Inferência.
São Paulo.

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