Cirurgia Genital Mulher Trans
Cirurgia Genital Mulher Trans
Cirurgia Genital Mulher Trans
As cirurgias de afirmação de gênero referem-se às técnicas cirúrgicas utilizadas para modificações corporais em pacientes
transgêneros. Entretanto, não é toda pessoa transgênero que será submetida a essas cirurgias. Algumas receberão procedimentos
cirúrgicos para reduzir a disforia de gênero, traduzida como o extremo desconforto com a diferença entre a identidade de gênero e as
características anatômicas presentes.
Os procedimentos cirúrgicos são: feminização da face, redução da cartilagem tireoide, aumento mamário, neovulvovaginoplastia,
cirurgia para adequação da voz, cirurgias sobre o contorno corporal.
A cirurgia de afirmação genital é procedimento considerado eficaz para pacientes com disforia de gênero. Os índices de satisfação são
elevados com redução da disforia, determinando benefícios psicológicos e sociais. Assim como qualquer procedimento cirúrgico, a
qualidade do atendimento prestado antes, durante e após a cirurgia, de afirmação genital, têm impacto direto nos resultados.
Esse tratamento cirúrgico faz parte de um atendimento multidisciplinar iniciado com equipe de psicólogo, psiquiatra e
endocrinologista, e o cirurgião deve compreender sua atuação como parte desse tratamento.
2. ANAMNESE
• Coagulopatias
• Eventos tromboembólicos
• Tabagismo
• Etilismo
• Uso de drogas ilícitas
• Uso de silicone industrial
• Diabetes
• Perfil sorológico
4. AVALIAÇÃO MULTIPROFISSIONAL 5. EXAMES LABORATORIAIS PRÉ-CIRÚRGICOS
7. ALOCAÇÃO
8. TRATAMENTO CIRÚRGICO
ANESTESIA:
• Geral com bloqueio, idealmente, cateter de peridural para controle álgico pós-operatório até o terceiro dia;
• Antibioticoprofilaxia com cefazolina.
POSICIONAMENTO:
• Necessária a utilização de meias, compressor de membros inferiores, perneiras, manta térmica superior.
CIRURGIA:
Cefazolina 1g IV 8/8h
Dipirona 1g IV 6/6h
Ondansetron 8 mg IV 8/8h
Pantoprazol 40 mg IV 1x/dia
2o dia de pós-operatório:
• Dieta leve laxativa.
• Deambulação - Fisioterapia respiratória e motora.
• Remoção de Dreno de port-a-vac se débito abaixo de 30 ml/24h.
• Remoção de curativo e limpeza de ferida operatória.
• Manter sonda vesical de demora, molde vaginal e compressor pneumático.
3° dia de pós-operatório:
• Dieta geral laxativa.
• Deambulação - Fisioterapia respiratória e motora.
• Remoção de Dreno de port-a-vac se ainda não foi removido.
• Limpeza e manutenção de curativo com gaze algodonada (Zobec) e malha cirúrgica (calcinha tipo short).
• Manter sonda vesical de demora, molde vaginal e compressor pneumático.
4o dia de pós-operatório:
• Dieta geral laxativa.
• Deambulação - Fisioterapia respiratória e motora.
• Retirar sonda vesical de demora - observar sinais de retenção urinária e necessidade de sondagem vesical de
alívio.
• Retirar molde vaginal e observar sangramentos/prolapsos. Introduzir dilatador vaginal reutilizável com orientação
para a paciente passar a realizar a retirada e reintrodução da maneira apropriada e higienização do dilatador.
• Limpeza genital - orientações para que a paciente passe a realizar a higienização genital: no banho externamente
e internamente com ducha vaginal e sabonete líquido.
• Manutenção de curativo com gaze algodonada (Zobec) e malha cirúrgica (calcinha tipo short) - deve haver
pressão moderada sobre a região genital.
• Observar hábito intestinal, se obstipada, prescrever supositório de glicerina e laxante formador de bolo.
5o dia de pós-operatório:
• Dieta geral laxativa.
• Deambulação - Fisioterapia respiratória e motora.
• Observar a capacidade de higienização genital da paciente, utilização do dilatador vaginal com segurança.
• Alta hospitalar.
10. SEGUIMENTO APÓS A ALTA
PRIMEIRO MÊS:
Consultas semanais até completar um mês.
Observar deiscências, infecção, hematomas, necrose de tecidos.
É comum haver secreção proveniente do canal vaginal, podendo ser necessário orientar que a paciente realize higienização até três
vezes ao dia, incluindo o canal vaginal.
Realizar toque vaginal cuidadoso e exame especular para avaliar o revestimento do canal vaginal.
Manter o dilatador inicial até completar um mês.
SEGUNDO MÊS:
Passar para o dilatador 2, mantendo sessões de dilatação três vezes por dia por trinta minutos.
Observar deiscências, infecção, hematomas, necrose de tecidos.
Realizar toque vaginal cuidadoso e exame especular para avaliar o revestimento do canal vaginal, observação especial deve ser dada
na direção do canal vaginal sob efeito da dilatação feita pela paciente, ajustes podem ser necessários na orientação.
Nesse período o neoclitóris fica extremamente sensível, com hipersensibilidade, o que pode causar incômodo à paciente.
Manter o dilatador 2 até o mês seguinte.
TERCEIRO MÊS:
Observar se o dilatador 2 já está sendo introduzido completamente. Em caso negativo, reorientar a paciente quanto à necessidade
de aderência às dilatações, frequência e intervalo de tempo; postergue a progressão para o dilatador seguinte. Caso a dilatação
esteja satisfatória, progredir para o dilatador 3, mantendo sessões de dilatação três vezes por dia por trinta minutos.
Observar pontos de granulação, áreas deiscentes com cicatrizes por segunda intenção e extrusão de pontos.
Realizar toque vaginal cuidadoso e exame especular para avaliar o revestimento do canal vaginal e a direção e conformidade da
dilatação.
Atividades físicas sem carga podem ser liberadas após passados dois meses da cirurgia.
QUARTO MÊS:
Observar se o dilatador 3 já está sendo introduzido completamente. Em caso positivo, progredir para o dilatador 4 e manter o
padrão de dilatação.
Observar padrão de cicatrização e intervenha se houver queloide ou cicatrização hipertrófica.
Realizar toque vaginal cuidadoso e exame especular para avaliar o revestimento do canal vaginal e a direção e conformidade da
dilatação.
Após três meses da cirurgia, exercícios com carga podem ser liberados, mas com a ressalva de evitar agachamento e leg press, e
mesmo outros exercícios com carga extrema, devido ao risco de prolapsos através da fraqueza muscular sobre o assoalho pélvico,
criada com a conformação da neovagina.
Com a redução da hipersensibilidade do clitóris, é possível encorajar a paciente a se tocar para que reconheça as sensibilidades da
nova anatomia. Caso haja resistência da paciente, considere avaliação psicológica/psiquiátrica para que a paciente consiga dar um
ressignificado às estruturas anatômicas ali presentes.
[1]Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 2.265/2019. Dispõe sobre o cuidado específico à pessoa com incongruência de
gênero ou transgênero e revoga a Resolução CFM nº 1.955/2010. Brasil; 2020.
[2]Bowman C, Goldberg J. Care of the Patient Undergoing Sex Reassignment Surgery (SRS). 2006 Vancouver Coastal Health,
[3]Transcend Transgender Support & Education Society, and the Canadian Rainbow Health Coalition.
[4]Cornelisse VJ, Jones RA, Fairley CK, Grover SR. The medical care of the neovagina of transgender women: a review. Sexual Health.
2017 Oct 1;14(5):442-50.
[5]Berli JU, Knudson G, Fraser L, Tangpricha V, Ettner R, Ettner FM, Safer JD, Graham J, Monstrey S, Schechter L. What surgeons need
to know about gender confirmation surgery when providing care for transgender individuals: a review. Jama Surgery. 2017 Apr
1;152(4):394-400.
[6]Perovic SV, Stanojevic DS, Djordjevic ML. Vaginoplasty in male transsexuals using penile skin and a uretthral flap. BJU Int. 2000;
86:843-50.