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CFESS Manifesta

Dia Mundial do Meio Ambiente


Brasília, 5 de junho de 2012
Gestão Tempo de Luta e Resistência www.cfess.org.br

O dia mundial do meio ambiente, celebrado


em 5 de junho, é uma data comemora-
tiva e tem um caráter educativo, em que
se pauta o sentido e a necessidade da preserva-
ção e da conservação dos recursos naturais. É
biente, sediada em Estocolmo (Suécia), que se
definiu uma concepção sobre o meio ambiente:
“O meio ambiente é o conjunto de componen-
tes físicos, químicos, biológicos e sociais capa-
zes de causar efeitos diretos ou indiretos, em
indivíduo torna-se ainda mais predatório me-
diante a produção destrutiva do capital, que
limita o uso coletivo do patrimônio natural e o
torna capital privado.
No Brasil, o meio ambiente revela os terri-
um convite para pensarmos a forma como es- um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e tórios que brotam riquezas minerais e vegetais,
tamos nos relacionando com o meio ambiente. as atividades humanas.” uma fauna rica e diversificada; belas e paradisí-
Particularmente no nosso país, teremos toda a Em longo prazo, sabemos que a natureza acas paisagens litorâneas; a Amazônia guarda a
semana dedicada a este dia, com campanhas e foi apropriada como objeto e explorada inten- maior reserva de água doce do planeta. Temos
com incentivo ao plantio de árvores, realizações samente pela ação humana. Descobrimos, no uma das maiores áreas de manguezais; aqui se
de oficinas sobre reciclagem, coleta seletiva processo histórico, que a natureza não é uma concentra a maior floresta tropical do mundo,
do lixo, uso e reaproveitamento de materiais fonte inesgotável de recurso, como se pensou mas também, no mesmo espaço-tempo, a rea-
consumidos no dia a dia. Tais campanhas são um dia. A exploração intensa destes recursos, lidade brasileira resguarda o território da desi-
importantes? Diríamos que sim, dentro de uma sobretudo pelo modo de produção capitalista, gualdade social com brutal exploração do tra-
proposta educativa, mas são insuficientes para imprimiu um cenário de degradação do meio balho e reprodução de formas de opressão.
assegurar de fato a preservação do meio am- ambiente, de esgarçamento do tecido social e Por exemplo, nunca se falou tanto em In-
biente em sua totalidade. do próprio ser humano. segurança Alimentar. Segundo dados do IBGE
Mas o que é mesmo meio ambiente? Se fi- No momento contemporâneo, o quadro se (2012), “cerca de 70 milhões de brasileiros
zermos essa pergunta, todo mundo vai ter uma agrava mediante a crise estrutural do capital e vivem em estado de insegurança alimentar e
certa opinião, contudo, foi em 1972, na Con- de suas estratégias de reorganização para fins nutricional, sendo que 90% desta população
ferência das Nações Unidas sobre o Meio Am- de acumulação. O intercâmbio entre natureza- consomem frutas, verduras e legumes abaixo
CFESS Manifesta Dia Mundial do Meio Ambiente Brasília, 5 de junho de 2012

da quantidade recomendada para uma alimen-


tação saudável”. Como se não bastasse, o Brasil
é recordista em consumo de agrotóxico. A Ama- não há como acreditar na
zônia, conhecida como “o pulmão do mundo”, falácia do “capitalismo
vem perdendo sua floresta para dar lugar aos verde”. Sabemos que
pastos para o gado, que se multiplica 11% ao todas as vezes que nos
ano. Ao perderem seus territórios de subsis- colocarmos contra o latifúndio,
tência para o agronegócio, para o advento das a agroindústria, as madeireiras
monoculturas (transgênicos) e da ampliação e os piratas estrangeiros que
dos latifúndios de cana de açúcar, em face da pilham a nossa biodiversidade,
alardeada propaganda do Biodisel, as popula- seremos duramente contra-atacados
ções tradicionais e os/as trabalhadores/as, nota-
pelo próprio Estado que, atuando
damente os segmentos pauperizados, serão os
mais afetados pela falta de alimento.
prioritariamente a serviço do
Assim, falar sobre o meio ambiente hoje no capital, criminaliza os movimentos
Brasil é, sobretudo, refletir sobre os conflitos sociais com suas práticas de luta e
socioambientais históricos e emergentes que de resistência.
ocorrem de Norte ao Sul do país. Conflito pelo
direito à terra, a água, aos manguezais, às flores-
tas e à própria vida.
Para o Conjunto CFESS-CRESS, e para nós, 84% da riqueza gerada pela classe trabalhadora. socioambiental. A perspectiva é o fortalecimen-
assistentes sociais, que defendemos o proje- E é “nesta mesma direção social que se con- to da articulação com os movimentos sociais e
to ético-político profissional, nesta semana do figura o projeto de desenvolvimento proposto da reflexão no âmbito da formação e do exercí-
meio ambiente esperamos ver na pauta bem pelo governo federal (o PAC), que apresenta cio profissional quanto à necessidade histórica
mais que campanhas educativas de caráter in- contradições difíceis de serem positivadas, por- da luta pelo direito ao meio ambiente e o com-
dividual. Nossa pauta está na luta pelo direito à que de um lado contém medidas mitigadoras e promisso com a defesa intransigente dos direi-
cidade e à moradia da população atingida pelos focalistas para atender as necessidades básicas e tos da classe trabalhadora.
megaeventos; dos/as sem-tetos de Pinheirinho, emergenciais da classe trabalhadora, por outro Desejamos que o dia do meio ambiente pos-
que foram barbaramente arrancados de seus lado, com Medidas Provisórias e pela força da sa ser todos os dias e que, em sua defesa, façamos
lares por um Estado que continua tratando as Lei cria um aparato estatal de forte sustentação bem mais que campanhas educativas centradas
expressões da questão social com a polícia de para os projetos de expansão do capital no terri- na responsabilidade individual. A defesa do meio
choque; não queremos só um veto ao Código tório brasileiro, o que vai gerar mais conflitos so- ambiente é a defesa dos direitos do trabalho e da
Florestal, queremos ter um código construído cioambientais, desenraizando os povos dos seus seguridade social pública. É a luta pela realização
e assinado pela população que vive e sobrevive habitats, do seu trabalho, de sua arte e cultura”. das necessidades humanas, com direito à cultura,
do extrativismo das nossas florestas e não um Dessa forma, não há como acreditar na falá- à arte e à poesia. É a busca incessante pela pre-
código pensado pela bancada ruralista do Con- cia do “capitalismo verde”. Sabemos que todas as servação do ambiente urbano-rural com direito
gresso Nacional para permanência do latifúndio vezes que nos colocarmos contra o latifúndio, a à moradia; à segurança pública; ao transporte
e do agronegócio; defendemos que se paute, no agroindústria, as madeireiras e os piratas estran- coletivo com qualidade e ao lazer numa praia ou
dia 6 de junho, a suspensão imediata da cons- geiros que pilham a nossa biodiversidade, sere- num mergulho no igarapé. Nosso compromisso
trução da usina hidrelétrica de Belo Monte na mos duramente contra-atacados pelo próprio Es- é com a luta diária e necessária de ribeirinhos/
região do Rio Xingu; queremos uma solução tado que, atuando prioritariamente a serviço do as, povos indígenas, quilombolas, seringueiros/
definitiva para problemática da seca no Nordes- capital, criminaliza os movimentos sociais com as, babaçueiros/as, pescadores/as, marisqueiras,
te que atingiu, no primeiro semestre de 2012, suas práticas de luta e de resistência. caiçaras e de tantas pessoas que retiram o seu
uma população de 4 milhões de pessoas. Desse modo, o Serviço Social, como uma sustento diretamente da natureza.
Definitivamente, não há na contemporanei- profissão atenta a esta realidade dinâmica que Assim, fazendo uma analogia à poesia de
dade, sob a égide do capital, uma preocupação beira a barbárie, vem construindo com muita Gullar, “que a revolução possa caminhar com
com o atendimento das necessidades humanas, garra e combatividade, de forma crítica e éti- pés de flor nos campos de meu país, com pés de
com os biomas, mas sim com a garantia e am- ca, as possibilidades para a efetivação do nosso borracha nas grandes cidades brasileiras e que
pliação do lucro que enriquece cada vez mais os projeto profissional, sendo mais uma profissão meu coração é um sol de esperanças entre pul-
10% de uma população mundial que concentra a se inserir no amplo debate acerca da questão mões e nuvens”.

Gestão Tempo de Luta e Resistência (2011-2014)


Presidente Sâmya Rodrigues Ramos (RN) Suplentes CFESS Manifesta
Vice-Presidente Marinete Cordeiro Moreira (RJ) Maria Elisa Dos Santos Braga (SP) Dia Mundial do Meio Ambiente
1ª Sec. Raimunda Nonata Carlos Ferreira (DF) Heleni Duarte Dantas de Ávila (BA) Conteúdo (aprovado pela diretoria):
Andréa Lima - Professora de Serviço
2ª Secretária Esther Luíza de Souza Lemos (PR) Maurílio Castro de Matos (RJ) Social da UFRN
SCS Quadra 2, Bloco C, 1ª Tesoureira Maria Lucia Lopes da Silva (DF) Marlene Merisse (SP) Assessoria de comunicação:
Edf. Serra Dourada, 2ª Tesoureira Juliana Iglesias Melim (ES) Alessandra Ribeiro de Souza (MG) Rafael Werkema - JP/MG 11732
Salas 312-318 Diogo Adjuto - JP/DF 7823
CEP: 70300-902 Conselho Fiscal Alcinélia Moreira De Sousa (AC)
Brasília - DF [email protected]
Kátia Regina Madeira (SC) Erivã Garcia Velasco - Tuca (MT) Revisão: Diogo Adjuto
Fone: (61) 3223.1652
Fax: (61) 3223.2420 Marylucia Mesquita (CE) Marcelo Sitcovsky Santos Pereira (PB) Design e ilustrações: Rafael Werkema
[email protected] Rosa Lúcia Prédes Trindade (AL) Janaine Voltolini de Oliveira (RR)

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