01 Principios e Fontes Do Direito Do Trabalho
01 Principios e Fontes Do Direito Do Trabalho
01 Principios e Fontes Do Direito Do Trabalho
A função primordial deste princípio é proteger a parte mais fraca na relação, isto
é, aquele que é considerado hipossuficiente no contrato de trabalho, que, no caso, é o
trabalhador. Desta forma, a parte economicamente mais fraca na relação obterá
igualdade substancial.
a) Princípio do in dubio pro operario (ou in dubio pro misero): entre os vários
sentidos da norma, escolhe-se o mais favorável ao obreiro.
OBS: este princípio não se aplica no campo processual, devendo ser utilizadas as
regras processuais de distribuição do ônus da prova. Esta informação foi objeto de
prova objetiva da banca ESAF.
Desta feita, caso o empregador dispense um trabalhador por este ter ajuizado
reclamação trabalhista em face do primeiro, estará configurado abuso de direito, sendo
nulo o despedimento e fazendo jus o empregado à reintegração, bem como ao
pagamento dos salários e demais vantagens referentes ao período de afastamento
(TST-E-RR-7633000-19.2003.5.14.0900, SBDI-I, Rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins
Filho, julgado em 29.3.2012; cf. também Augusto Cesar Leite de Carvalho, Garantia de
Indenidade do Brasil: o livre exercício do direito fundamental de ação sem o temor de
represália patronal, São Paulo: LTr, 2013).
2) PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL
Este princípio afasta a hierarquia das normas, tendo em vista que será
aplicada a norma mais favorável ao trabalhador, independentemente de ela ser
hierarquicamente superior.
Ex: há previsão na Constituição de hora-extra no patamar mínimo de 50% (art. 7º, XVI,
da CRFB). Caso haja norma coletiva (Acordo Coletivo ou Convenção Coletiva de
Trabalho) prevendo 75% de adicional de hora-extra, será aplicado este último.
Antes de adentrar nas teorias sobre o tema, é importante mencionar que existem
as fontes formais e as materiais no direito laboral. As fontes materiais correspondem
ao momento pré-jurídico da norma, ou seja, a norma ainda não está positivada.
Representa a pressão exercida pelos trabalhadores contra o Estado, buscando
melhores condições de trabalho (exemplo: greve).
No que tanges às fontes formais, cabe aqui uma diferenciação das duas fontes
formais no direito do trabalho:
a) Normas heterônomas
Ex: CRFB, CLT, Sentença Normativa, Laudo Arbitral, Tratados Internacionais ratificados
pelo Brasil.
b) Normas autônomas
b) Teoria intermediária
Desta feita, de acordo com essa teoria, deve ser escolhida uma das normas e
as demais conflitantes serão renunciadas.
Súmula nº 51 do TST
NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO
NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a
Orientação Jurisprudencial nº 163 da SBDI-1) - Res. 129/2005,
DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem
vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os
trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do
regulamento. (ex-Súmula nº 51 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973)
II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da
empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito
jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (ex-OJ nº 163
da SBDI-1 - inserida em 26.03.1999)
Este princípio norteia a ideia de que o contrato de trabalho não pode ser alterado
para prejudicar o trabalhador. O fundamento é que não pode o trabalhador, diante de
outros compromissos assumidos e deveres que possui, ficar à mercê da vontade
arbitrária do empregador.
O trabalhador tem direito à “estabilidade” das relações contratuais, não sendo
surpreendido por alterações que lhe sejam substancialmente prejudiciais. O art. 468 da
CLT traz o princípio em seu bojo:
- mútuo consentimento
- não prejudicarem o empregado
Segundo Maurício Godinho Delgado, este princípio significa que não é válida
renúncia, nem transação, que importe objetivamente em prejuízo ao trabalhador. Há
uma impossibilidade jurídica de o trabalhador, voluntariamente, privar-se de vantagens
conferidas pelo Direito Laboral. Como exemplo, cite-se a irrenunciabilidade do direito ao
aviso prévio, consagrada em entendimento sumulado do TST:
Insta destacar que este princípio não é absoluto, pois pode haver renúncia
quando a lei permitir. Exemplo disto é a irredutibilidade relativa dos salários, sendo
considerada relativa porque somente Convenção ou Acordo Coletivo podem reduzir,
consoante art. 7º, VI, da CRFB:
DICA: A banca CESPE já considerou o laudo arbitral como fonte formal do Direito do
Trabalho (Juiz do Trabalho – TRT da 5ª Região – 2006).
Este tema foi exigido na última prova discursiva da AGU para Advogado da
União. O gabarito exigia conhecimento acerca do fracionamento por categoria. Além
deste, existe o fracionamento territorial.
a) Princípio da continuidade
b) Princípio da inalterabilidade contratual lesiva
c) Princípio da despersonalização do empregador
Este último significa que o empregado não está ligado à figura pessoal do
empregador através do contrato de trabalho. Desta forma, uma alteração no contrato de
trabalho em relação ao empregador é possível, mas não em relação ao obreiro, tendo
em vista que uma das características imprescindíveis no contrato de trabalho é a
pessoalidade quanto ao trabalhador.
Existem dois requisitos para que ocorra a sucessão trabalhista, são eles:
Tal princípio veio a ser expressamente consagrado no art. 8º, §3º, da CLT, com
a Reforma Trabalhista.
Combinando tal dispositivo com o artigo 611-A, segundo o qual "A convenção
coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei (...)", tem-se a
conclusão de que o "princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva"
acaba por reduzir o controle do Poder Judiciário sobre as convenções coletivas, abrindo
margem para uma maior autonomia e “negociabilidade” dos direitos trabalhistas.
Mais uma vez, é necessário aguardar para ver como a doutrina e a jurisprudência
irão se portar diante de tais inovações.