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Design Gráfico

e Digital
Gestão do Design Gráfico

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Gustavo Ferraz

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Gestão do Design Gráfico

• Design Thinking;
• Planejamento Estratégico e Design Gráfico;
• Metodologia do Projeto de Design.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender os métodos de criação de soluções gráficas e as formas de gestão de projetos
de design gráfico.
UNIDADE Gestão do Design Gráfico

Design Thinking
Design Thinking é um conceito, atualmente muito conhecido, que surgiu dentro do
design e que tem como base o processo de criação dos designers, mas que serve para
qualquer área e pode ser usada para diversas finalidades, desde a criação de produtos e
serviços até a melhorias incrementais como ferramentas ou tecnologias.
De forma geral, o design thinking pode ser aplicado em qualquer cotidiano de qual-
quer empresa para a resolução de problemas. Algumas gigantes de diversos setores
adotaram essa abordagem, como a Apple, Sony, Nike e Procter & Gamble, as quais
têm tido resultados surpreendentes na última década.
Na realidade, essa é uma forma de pensar que ajuda a resolver diversos problemas
dos mais diferentes tipos e que une a sensibilidade do design, métodos para atender às
necessidades das pessoas e ao que é possível realizar tecnologicamente. É como uma
combinação de mindset com um plano de ação.
As vantagens da utilização do design thinking são várias, como a possibilidade de trans-
formar a forma com que as organizações desenvolvem produtos, serviços, processos, es-
tratégias e, além disso, permitem que as pessoas que não são designers usem ferramentas
criativas para resolver problemas, identificando também as melhores opções e tornando as
experiências muito mais eficazes.
Design thinking pode se resumir a uma junção entre o pensamento corporativo e o
pensamento criativo, combinando os desejos e as necessidades do público com as pos-
sibilidades de realizações tecnológicas.
Pense, por exemplo, num iPhone. O seu ponto forte não se limita à estética – a be-
leza, simplicidade e elegância são sim algumas características marcantes –, mas o que
torna esse um ótimo exemplo, é a sua usabilidade intuitiva e, principalmente, o fato de
suprir uma necessidade do usuário. É um produto focado no consumidor final.
O design thinking atende a uma necessidade real de quem usará o produto e é um
processo centrado no ser humano, não focando apenas no lado artístico do design. A abor-
dagem é “iterativa” – vai e volta trabalhando em cima de feedbacks com processos de ex-
pansão e de fechamento –, perfeito para se usar no planejamento estratégico. Para finalizar,
o design thinking pode ser dividido em 5 etapas fundamentais:
• Etapa 1 – Definição ou Imersão: O que se sabe sobre o problema? O que foi
levado em consideração de forma a ser um diferencial? Como esse produto/serviço
fará diferença na vida de seu usuário final? Qual será o valor que guiará a busca
pela solução desse problema?
Não pense somente na experiência, mas foque na sua visão específica sobre como
lidar com as pessoas. Faça um brainstorming com a mentalidade de criar o maior
número de opções diversificadas possível e saia do óbvio;
• Etapa 2 – Empatia ou Análise: Observe os usuários e o seu comportamento no
contexto de suas vidas. Interaja com eles usando entrevistas e faça uma imersão nos
hábitos dos seus usuários para entender suas experiencias.
Ouça atentamente e não julgue, apenas observe e interaja sem influenciar as ações,
circunstâncias e problemas deles;

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• Etapa 3 – Ideação: Nesta fase, serão sugeridas algumas soluções com base nas
pessoas que fazem parte do processo. As informações coletadas na etapa anterior
serão utilizadas para inspirar novas ideias eficientes.
Aqui você “monta o quebra-cabeça” das mais variadas formas;
• Etapa 4 – Protótipo: Quando você tira as ideias da mente e as coloca para o mun-
do físico, um esboço palpável da solução – seja por meio de uma parede de post-its,
atividades de atuação, um espaço físico, um objeto ou uma outra interface de forma
simples e com fácil aplicação.

É uma excelente forma de testar uma funcionalidade, entender melhor o usuário e


testar melhor as soluções e inspirar novas ideias;
• Etapa 5 – Testes e Melhorias: Testar ideias com uma parcela de usuários faz com
que você receba feedbacks mais precisos e aumente consideravelmente a empatia.

Planejamento Estratégico e Design Gráfico


Um planejamento estratégico bem definido pode garantir os resultados de sucesso no
seu projeto, além de reduzir os riscos e estresses desnecessários que irão, com absoluta
certeza, acontecer no trajeto.

Você precisa registrar o ponto inicial, o ponto zero (a situação atual do projeto) e o
ponto final, o destino desejado (o projeto finalizado). Ao iniciar essa “viagem”, muitos
problemas, desafios, mudanças e imprevistos surgirão pelo caminho e, com um plano
bem definido, você terá um mapa para orientá-lo a voltar para o seu trajeto sempre que
for necessário, mesmo que ocorram desvios que não foram previstos.

A análise da matriz SWOT é uma das ferramentas muito utilizadas para montar um
planejamento estratégico de empresas, o que pode ser muito útil também para o projeto
de design gráfico, em que você preenche, com os dados levantados no briefing inicial,
as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.

No livro Design Thinking – Inovação em negócios, dos autores Mauricio Vianna,


Ysmar Vianna, Isabel Adler, Brenda Lucena e Beatriz Russo), de 2014, temos uma informa-
ção bastante assustadora: foi feita uma pesquisa nos EUA que mostrou que apenas 4% das
empresas norte americanas que lançam novos produtos e serviços têm sucesso (VIANNA;
ADLER; LUCENA; RUSSO, 2014, p. 12). Sabemos que a realidade brasileira, contudo,
pela lógica e percepção, nos traz um resultado no mínimo igualmente alarmante.

Isso deixa claro que as coisas já não caminhavam bem, mesmo antes da pandemia de
2020, e já era necessária uma mudança na estratégia das empresas visando à inovação.
Aqui entra a abordagem do design thinking como uma excelente alternativa, porque o
mundo está em constante mudança e hoje temos muito mais informações, sendo a ve-
locidade das mudanças de comportamento dos consumidores muito mais frenética nas
últimas décadas do que nos dois mil anos anteriores.

Com isso, um bom planejamento estratégico deixou de se basear exclusivamente na


abordagem de pesquisa de mercado que, assim como no design thinking, também tem

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foco nas pessoas, mas traz uma estrutura com a visão de modelos estatísticos. Nesse,
como já vimos, as pessoas são analisadas de uma forma muito mais orgânica e interativa
para entender o que as pessoas pensam e quais são suas experiências.

Além do foco nas pessoas, algumas características bastante importantes que diferenciam
a pesquisa de mercado da abordagem em design thinking são as apontadas a Figura 1.

Tabela 1
Pesquisa de Mercado Design Thinking
Foco Modelos Estatísticos Análise Interativa
Objetivo Comportamento PROJETA novos produtos Comportamento INFLUENCIA novos produtos
Dados Entrevistas Estruturadas Conversas e formulários semi estruturados
Amostragem Estatísticas e sem viés Qualitativas além dos números
Informação Comportamento por experiências Estatística e Matemática

De forma resumida, o planejamento estratégico é um “documento” com todos os de-


talhes do seu projeto, estruturado de forma ordenada para que você consiga consultá-lo
regularmente, identificando a atual posição do projeto, o que já foi feito e o que ainda
falta fazer para se atingir o objetivo proposto.

Complementarmente ao planejamento estratégico, sugerimos assim a utilização de


uma ferramenta para documentação e o gerenciamento de projeto, como o Trello, no
qual você poderá visualizar a divisão das etapas e a definição dos responsáveis por cada
atividade contida nessas etapas, bem como seus prazos e andamento de cada atividade.

Metodologia do Projeto de Design


Existem inúmeras metodologias de projetos de design. Aquelas que te levam a um
raciocínio linear, em que você faz etapa por etapa até chegar ao final do projeto; como
também as metodologias de projeto não lineares, as quais promovem um pensamento
mais fragmentado desse projeto.

As metodologias não lineares costumam se adequar muito mais ao perfil de projetos de


design, os quais permitem misturar algumas etapas e alcançar resultados menos óbvios.
Você poderá adaptar etapas e moldar a metodologia de acordo com sua forma de trabalho
e sua necessidade, mas, basicamente, o método que sugerimos para projetos de design
se divide em 4 etapas, que podem ser abordadas de forma linear ou de forma não linear.

Para efeito didático, listaremos essas etapas primeiramente de forma linear para com-
preender todas as fases, aprofundando depois cada uma delas:
1. Investigação;
2. Geração de ideias;
3. Convergência das ideias;
4. Implementação.

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Investigação
Essa fase é iniciada pelo briefing, mas vai muito além dele. A etapa de investigação
basicamente é formada pela primeira e segunda fase do design thinking, já explicadas
anteriormente no curso.

Geração de Ideias
Essa etapa é chamada também de “pensamento divergente” por Tim Brown, designer
industrial britânico e autor do livro Design Thinking: uma Metodologia Poderosa Para
Decretar o fim das Velhas, de 2020, e será a etapa da geração de opções com as infor-
mações levantadas na fase anterior.

Pode ser iniciada com um brainstorm, o qual deve ser repetido mais de uma vez.
O seu objetivo aqui é multiplicar as opções para gerar novas escolhas, imaginando e
criando novos cenários, usando todas as suas habilidades para testar as suas ideias e
conceitos como esquetes manuais, mockups etc.

As escolhas ficam para a próxima fase. Nessa, é importante deixar a chance para as
possibilidades e algo inesperado surgir sem pressões e sem apressar o processo. Deve-se
seguir aqui uma máxima de Thomas Edison: “Se quiser ter uma boa ideia, tenha uma
porção de ideias”.

Essa seria a terceira fase do design thinking.

Convergência das Ideias


Nesta fase, ocorre o oposto da fase anterior, pois chegou a hora de fazermos esco-
lhas. Muitas ideias que apareceram no início e pareciam muito promissoras terão que ser
abandonadas, pois aqui deverão ser levados em conta os fatores técnicos.
Devem ser avaliadas as melhores ideias e soluções, não apenas nas questões fun-
cionais, estéticas e simbólicas, mas também na viabilidade econômica – você tem que
avaliar se as suas ideias cabem ou não no bolso do seu contratante. Também tem que
considerar a viabilidade técnica, pois as suas ideias geniais têm que entrar em produção,
ser possível a sua fabricação.
E não se esqueça de ponderar o timing: avalie quanto tempo você vai levar para fina-
lizar o seu projeto, sendo também importante considerar o tempo de produção. Existem
processos de terceiros, como gráficas ou fábricas, para finalizar o seu projeto? Caso sim,
inclua aí a estimativa do tempo desses fornecedores também.

Implementação
Implementar é basicamente finalizar o projeto, fechar todas as pontas soltas e entre-
gar ao cliente e aos responsáveis pela linha de produção o seu projeto final.

Sendo criterioso na fase de convergência, a implementação costuma acontecer de


forma tranquila e eficiente.

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Como Isso Funciona (Melhor) de Forma Não Linear


Apesar do “passo a passo” explicado anteriormente, o processo de investigação não
precisa parar quando você entrar na etapa de divergência – por exemplo, essas 2 etapas
podem muito bem ocorrer simultaneamente.

A investigação pode continuar até mesmo no processo de convergência e, caso algo


novo seja percebido, você poderá retroceder da convergência e voltar a divergir com
novas ideias. Isso, claro, se o prazo permitir.

Os 2 pontos que são menos flexíveis nesse formato não linear são entre a divergência e
a convergência, pois você não deve fazer os 2 simultaneamente. Ser crítico e convergente
durante um processo de geração de ideias é algo que te impedirá de alcançar resultados
realmente inovadores, por exemplo. Deixe a criatividade fluir e seja criterioso depois.

Rodolfo Fuentes (2009), design uruguaio e autor do livro A prática do design grá-
fico – uma metodologia criativa”, afirmou sobre o design moderno: “Temos muita
tecnologia, pouca metodologia e nada de filosofia”. Em outras palavras, ele quis dizer
que qualquer um pode usar o Corel Draw, o Photoshop ou qualquer outro programa
de criação e edição de imagens. O que torna o designer um profissional realmente di-
ferenciado está sim no domínio prático de ferramentas, mas acima de tudo no domínio
teórico dos campos de estudo da profissão.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Design Thinking. Inovação em Negócios
VIANNA, M.; VIANNA, Y.; ADLER, I.; LUCENA, B.; RUSSO, B. Design thinking:
inovação em negócios. Design Thinking, 2012.
A Prática do Design Gráfico. Uma Metodologia Criativa
FUENTES, R. A prática do design gráfico: uma metodologia criativa. Rosari, 2006.
Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas
BROWN, T. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das
velhas ideias. Alta Books, 2020.

Vídeos
Product Design Thinking – Carrinho de supermercado
https://youtu.be/bgiL30vSH2Q
Por que o design thinking funciona?
https://youtu.be/jKf4zlw84uI

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Referências
BROWN, T. Design Thinking: Uma metodologia poderosa para decretar o fim das
velhas ideias. São Paulo: Elsevier Editora, 2010.

MEGGS, P. B.; PURVIS, A. História do Design Gráfico. Tradução: Cid Knipel. 4. ed.
Rio de Janeiro: COSAC NAIFY, 2009.

MIYASHIRO, R. T. Com design, além do design: os dois lados de um design gráfico


com preocupações sociais. In: BRAGA, M. C. (Org.). O papel social do design gráfi-
co: história, conceitos & atuação. São Paulo: Senac, 2011.

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