Fontes Das Obrigacoes

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Certa

FONTES DAS OBRIGAÇÕES

NAMPULA

2020
Índice
Introdução...................................................................................................................................3
1. Fontes das Obrigações............................................................................................................4
1.1. Conceito...............................................................................................................................4
2. Contratos.................................................................................................................................5
2.1. Podemos usar o contrato de.................................................................................................5
3. Negócios Unilaterais...............................................................................................................6
3.1. Promessa Pública.................................................................................................................6
4. Gestão de Negócios.................................................................................................................7
4.1. Requisitos de gestão de negócios.........................................................................................7
5. Enriquecimento sem causa......................................................................................................8
5.1. Requisitos.............................................................................................................................8
6. Responsabilidade civil............................................................................................................9
Conclusão..................................................................................................................................10
Bibliografia...............................................................................................................................10
Introdução
Diz-se obrigação, o vínculo jurídico em virtude do qual, uma pessoa ou mais, fica ou
ficam adstritos para com outra ou outras a realização de uma prestação que deve corresponder
o interesse do credor e que seja digno de protecção legal. Em sentido técnico jurídico, a
obrigação é constituída de direito subjectivo e um dever jurídico sendo assim uma junção
destas duas realidades. Portanto, podemos com as definições acima dadas, entender que
obrigação vai ser uma situação jurídica em que um determinado individuo se encontra
devendo prestar um dado crédito ou realização de um serviço.

A obrigação como qualquer ramo de Direito, possui uma origem que vai ser o local
onde nasce, o que formalmente é designado de fonte e juridicamente se define como sendo o
modo de criação e revelação do Direito. O nosso trabalho tem por objectivo, abordar de forma
sucinta, sobre as fontes das obrigações onde iremos nos basear nas fontes mais abordadas pela
doutrina, nomeadamente: o contrato que se traduz no acordo de vontade entre duas partes com
finalidade de gerar efeitos jurídicos, os negócios unilaterais que vão se consubstanciar em
negócios jurídicos em que uma so parte se obriga a prestar uma realização no beneficio do
terceiro, a gestão de negócios que vai ser a assunção de negocio jurídico de uma pessoa
diferente da pessoa que assumiu e sem consentimento do proprietário do negocio,
enriquecimento sem causa que vai ser um aumento do património de alguém a custa de
outrem e sem justificativa, e a responsabilidade civil que se traduz na obrigação de
indemnizar alguém por danos que lhes são causados.

O trabalho conta com várias obras disponíveis na biblioteca da Faculdade como o


Manual do professor Antunes Varela, Inocêncio Galvão Telles entre outros pensadores no
âmbito dos direitos das obrigações.

O trabalho apresenta elementos pré textuais, o desenvolvimento, onde de forma


objectiva e breve iremos falar do assunto em questão (fontes das obrigações), a conclusão que
em linhas gerais traz a compreensão obtida no estudo do tema e no final será apresentada a
bibliografia usada na elaboração do trabalho.

2
1. Fontes das Obrigações

1.1. Conceito
Os factos jurídicos que produzem a constituição do vínculo obrigacional são
denominadas na doutrina por fontes das obrigações.1

Numa outra formulação, diz-se fonte da obrigação, os seus factos constitutivos, ou seja, os
factos jurídicos que lhes dão origem.2

A fonte tem uma importância especial na vida obrigacional em virtude da atipicidade


de relação creditória. Enquanto o direito de propriedade, o usufruto, a enfiteuse ou o direito de
superfície têm, em princípio, o mesmo conteúdo, seja qual for a sua origem, a obrigação tem
conteúdo variável consoante a fonte donde procede.3

Existem largas divergências sobre o melhor modo de classificar as fontes das


obrigações. A matéria sofreu uma evolução histórica,.

A verdade e que as obrigações podem nascer de factos de qualquer espécie, de entre as


varias modalidades que os factos jurídicos em geral são susceptíveis de assumir.

Há algumas categorias de fontes de obrigações que merecem um tratamento especial


pela sua importância nomeadamente:

- Os contratos;

- Os negócios unilaterais;

- A gestão de negócios;

- Enriquecimento sem causa;

- E responsabilidade civil.4

1
LEITÃO, Luis Manuel Teles de Menezes, Introdução da Constituição das Obrigações, Vol.I, 9ª Edição,
Almedina, Coibra, 2010, Pág.183.
2
TELLES, Inocencio Galvao, Direito das Obrigaçoes, 7ª Ediçao Reimpressao, Coimbra Editora, Coimbra, 2010,
Pág.57.
3
VARELA, João de Matos Antunes, Das Obrigações em Geral, Vol.1, 9ª Edição, Almedina, Coimbra, 1998,
Pág.213.
4
TELLES, Ob.Cit, Pág.57.
3
2. Contratos
A primeira fonte das obrigações, não só na sistematização da lei e por ventura na
sucessão histórica dos facto, mas também na ordem natural das coisas e ate na sua
importância pratica é constituída pelos contratos.

Diz-se contrato o acordo vinculativo, assente sobre duas ou mais declarações de


vontade, que consiste na existência de uma proposta dum lado e uma aceitação do outro.5

Os contratos recebem diversas classificações, todavia, neste trabalho iremos falar


quanto a sua regulamentação, que podem se classificar em contratos típicos que são os
contratos que a lei autonomiza, definindo seus elementos e apresentando os seus efeitos; e os
contratos atípicos que são os contratos não exclusivos, podendo as partes, adoptarem outros
modelos.6

2.1. Podemos usar o contrato de compra e venda

O contrato de compra e venda é o contrato pelo qual se transmite a propriedade de


uma coisa ou outro direito mediante um preço. Portanto, com a definição apresentado,
podemos perceber que, o contrato de compra e venda, vai ser um contrato onde um
determinado indivíduo vai transmitir uma propriedade, ou seja a coisa deixa de lhe pertencer,
passando a pertencer uma outra pessoa, no entanto, para tal, este lhe é dado um determinado
preço.

O contrato de compra e venda, é uma fonte de obrigações na medida em que as duas


partes da relação jurídica são obrigados, no sentido de cada um que realizar uma
contraprestação.

Podemos notar claramente através dos efeitos apresentados na lei, sendo estes:

A transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito;

A obrigação de entregar a coisa;

A obrigação de pagar o preço;7

5
VARELA, Ob.Cit.Pág.223.
6
TELLES, Ob.Cit.Pág.84.
7
Cf. arts. 874 e 879 C.C.
4
3. Negócios Unilaterais
As obrigações nascidas do negócio jurídico, tem por base o contrato, no entanto entede-se que
o negócio jurídico unilateral possa gerar uma obrigação.

Como negócios jurídicos unilaterais capazes de gerar uma obrigação são: o testamento,
contrato a favor do terceiro, a promessa pública e os concursos públicos.8

3.1. Promessa Pública


Diz-se promessa pública, a declaração feita mediante anúncio público, pela qual se
promete uma prestação a quem se encontre em determinada situação, ou pratique um
determinado facto positivo ou negativo.
8
TELLES, Ob.Cit.Pág.176-177.
5
Neste negócio, o promitente fica vinculado independentemente da formação de acordo
com o beneficiário. A promessa pública não é uma proposta, a obrigação decorrente da
promessa constitui, uma consequência imediata, nasce logo que a promessa é feita.9

A promessa pública pode ter ou não um prazo final que a lei chama de validade, em
harmonia com linguagem corrente, o melhor seria chamar de eficácia.

Existe um prazo se o promitente estabelece, ou ele resulta da natureza ou fim da


promessa, esta promessa tendo prazo, vai caducar decorrido o prazo, não tendo o prazo, se
mantém num tempo indeterminado.

A promessa pública que se refere nos artigos 459 a 463, não pode ser confundida com
a oferta ao público que é referido no número 3 do artigo 230 do C.C. A promessa publica é
um negocio unilateral, diferentemente da oferta ao publico que constitui uma proposta de
contrato, que tem a particularidade de ser dirigida ao publico.

Das simples promessas públicas, a lei distingue concursos públicos com promessa de
prémios que são concursos literários, artísticos, científicos entre outros.

Certa entidade, por meio de anuncio publico, abre o concurso para a concessão de
premio ao melhor romance que a ele se apresente. Há aqui oferta unilateral de certa prestação
ao concorrente que sair vitorioso.

4. Gestão de Negócios
Diz-se gestão de negócios, quando uma pessoa assume a direcção de negócios alheios,
no interesse e por conta do respectivo dono, sem para tal estar autorizada.10

Quando o proprietário ou o possuidor não pode ou não quer cuidar directamente, ou


por si só, da gestão de todos os bens, recorre à colaboração de terceiros, sendo eles substitutos
ou auxiliares, mandatários, procuradores, criados, empregados, trabalhadores, empreiteiros,
para que estes através das relações jurídicas estabelecidos entre eles, o substituam ou
coadjuvem na administração das coisas.11

9
Idem, Pag.178.
10
TELLES, Ob.Cit.pag.183.
11
VARELA, Ob.Cit.Pag.461.
6
4.1. Requisitos de gestão de negócios
Os requisitos da gestão de negócios estão contidos na definição que demos acima. Sendo
estes: direcção de negócios alheios, actuação no interesse e por conta do dono de negocio e a
falta de autorização.

 O negócio, no sentido em que a palavra é aqui usada, deve ser alheio: deve pertencer a
pessoa diversa do gestor. Se uma pessoa cuida de assuntos exclusivamente próprios,
não há que falar de gestão de negócios como fonte autónoma de obrigações.
 Para haver verdadeira gestão de negócios, é ainda necessário que o agente intervenha
no interesse de outra pessoa, ou seja, em ordem a proporcionar-lhe uma vantagem ou
evitar-lhe um prejuízo; e exige-se para além disso, que proceda por conta dela, quer
dizer, com a intenção de transferir para ela, imediata ou subsequente, os efeitos
jurídicos, ou pelo menos os efeitos práticos da sua actuação.
 A gestão de negócios supõe finalmente, a falta de autorização. Só pode falar-se de
gestão de negócios se aquele que age no interesse e por conta de outrem não está
autorizado a faze-lo. Não há portanto a gestão de negócios, na acepção técnico-
jurídica na expressão, em todos os casos em que alguém se ocupa de assunto alheio
com base em previa relação que lhe confere o poder ou ate porventura lhe impõe o
dever de intervir.12

5. Enriquecimento sem causa


Dá-se enriquecimento sem causa quando o património de certa pessoa se valoriza ou
deixa de desvalorizar, à custa de outra pessoa, e sem que para isso exista causa justificativa.

O enriquecimento sem causa também se chama de enriquecimento injusto ou


locupletamento à custa alheia. O enriquecimento sem causa é fonte de obrigação porque o
enriquecido fica obrigado a entregar ao outro sujeito o valor do benefício alcançado.

12
TELLES, Ob.Cit.Pag.185-187.
7
5.1. Requisitos
Para ocorrência de enriquecimento sem causa deve de forma cumulativa se verificar
três pressupostos que são: alguém tenha um enriquecimento, que obtenha a custa de outrem, e
o enriquecimento não tenha causa justificativa.

 Dá-se enriquecimento a favor de uma pessoa quando o seu património se valoriza ou


deixa de se desvalorizar. O enriquecimento traduz-se na diferença, para mais, entre o
valor que o património apresenta e o que apresentaria se não ocorresse um
determinado facto, ou seja, passou o património a valer mais, ou não passou a valer
menos; na diferença está o enriquecimento alcançado.
 O segundo requisito da figura jurídica de que estamos a ocupar-nos consiste em o
enriquecimento ser obtido a custa de outrem. Ao enriquecimento de um dos sujeitos
corresponde o empobrecimento do outro. O mesmo facto ou conjunto de factos que
originam a valorização ou não desvalorização de um património determinam a
desvalorização ou não valorização de outro.
 O último requisito desta fonte de obrigação consiste em o enriquecimento não ter
causa justificativa. A noção de causa de enriquecimento é muito controvertida e de
difícil definição.
Parece que tudo se reconduz na interpretação da lei, a determinação da vontade
legislativa, isto é, saber se o ordenamento jurídico considera ou não justificado o
enriquecimento e se portanto acha ou não legitimo que o beneficiado o conserve. O
enriquecimento tem ou não causa justificativa consoante os princípios legais, há ou
não a razão de ser para ele.13

6. Responsabilidade civil
A responsabilidade civil consiste na obrigação de reparar os danos sofridos por
alguém. Trata-se de indemnizar os prejuízos que esse alguém foi vítima. Fala-se de
indemnizar porque se procura tornar o lesado indemne dos prejuízos ou danos, reconstituindo
a situação que existiria se não se tivesse verificado o evento causador destes.

A responsabilidade civil traduz-se pois na obrigação de indemnização.

13
TELLES, Ob.Cit.Pag.195-200
8
A indemnização pode consistir na reconstituição natural, isto é, na restituição do
lesado à situação material efectiva em que se encontrava antes daquele evento. Mas sempre
que a reconstituição natural não seja possível, não repare integralmente os danos, ou seja,
excessivamente onerosa para o devedor, fixar-se-á a indemnização em dinheiro, a chamada
indemnização pecuniária.

Os factos geradores de responsabilidade extra obrigacional integram-se no âmbito das


fontes das obrigações, constituindo a modalidade mais representativa depois do contrato.

Estamos com efeito no domínio das fontes das obrigações visto que daqueles factos
nasce um vínculo creditório que consiste na obrigação de reparar os danos, ou seja, a
obrigação de indemnização.

E como fonte autónoma devera considerar-se, de mesmo modo, a violação de uma


obrigação, uma vez que também então, o agente, ou seja o devedor, fica constituído em
responsabilidade, devendo indemnizar, os prejuízos sofridos pelo credor?

A resposta é negativa, ou seja, a obrigação de indemnização neste caso não constitui


uma obrigação nova, nascida da obrigação preexistente. É obrigação antiga, modificada
quanto ao seu objecto. A relação obrigacional mantêm-se a mesma, continua a radicar da
fonte donde originalmente provem podendo ser o contrato, o negocio unilateral entre outros.
A obrigação violada não se extingue para dar origem à outra, mas sim transforma-se.14

Conclusão
Depois do estudo feito em torno da problemática fontes das obrigações, dos proveitos
que tiramos podemos avançar os seguintes:

Que obrigação vai ser um binómio composto por um dever jurídico e um direito
subjectivo e esta nasce de vários factos jurídicos diferentemente dos outros ramos do Direito,
e estes factos jurídicos são o contrato, os negócios unilaterais, a gestão de negócios,
enriquecimento sem causa e por fim a responsabilidade civil.
14
TELLES, Ob.Cit.Pág.208-214.
9
Bibliografia
LEITÃO, Luis Manuel Teles de Menezes, Introdução da Constituição das Obrigações, Vol.I, 9ª
Edição, Almedina, Coibra, 2010;

TELLES, Inocencio Galvao, Direito das Obrigaçoes, 7ª Ediçao Reimpressao, Coimbra Editora,
Coimbra, 2010;

VARELA, João de Matos Antunes, Das Obrigações em Geral, Vol.1, 9ª Edição, Almedina, Coimbra,
1998.

10

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