O Realismo

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O Realismo

Durante a segunda metade do século XIX, o continente europeu viu a burguesia


se consolidando, assim como presenciou o fortalecimento do capitalismo e o
avanço industrial e científico. Marcaram esse período o positivismo de Auguste
Comte (o verdadeiro conhecimento é aquele que advém de comprovação
científica), o determinismo de Hippolyte Taine (o comportamento do homem é
determinado pelo meio em que se insere, pela raça e pelos fatos históricos) e o
evolucionismo de Charles Darwin (a seleção natural relaciona-se diretamente
com a sobrevivência das espécies). Surgia uma outra forma de olhar a realidade
que seria expressada nas novas manifestações artístico-culturais. A publicação do
romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, em 1857, foi o marco da
tendência artística que se iniciava, enquanto o Romantismo perdia força em ra-
zão da ampliação das ideias filosóficas e científicas
O realismo
O Realismo foi uma reação contra o
Romantismo: o Romantismo era a
apoteose do sentimento; o Realismo é a
anatomia do caráter. É a crítica do
homem. É a arte que nos pinta a nossos
próprio olhos ― para condenar tudo o
que houver de mau na nossa sociedade.
“Madame Bovary” romance de Gustave
Flaubert (1857), é considerada a obra
fundadora do Realismo na literatura
universal. A personagem que dá nome ao
romance tornou-se símbolo trágico do
confronto entre a ilusão romântica e a
crueza da realidade.
Contexto histórico
A partir da segunda metade do século XIX, o ambiente sociocultural europeu
apresentava significativas mudanças. A civilização burguesa, industrial e mecânica,
começava a se firmar. As ideias de liberalismo e democracia ganhavam dimensões
cada vez maiores. As ciências naturais desenvolviam-se, e os métodos de
experimentação e observação da realidade passaram a ser encarados como os únicos
capazes de explicar racionalmente o mundo físico.
O desenvolvimento científico da época envolveu a intelectualidade, que aderiu ao
cientificismo e ao materialismo, opondo-se à metafísica, à religião e a tudo que
escapasse dos limites da matéria. Algumas doutrinas científico-filosóficas da época
deixaram marcas visíveis na produção literária. Hegel divulgou sua Dialética do
processo racional, o positivismo de Auguste Comte condenou a metafísica e a
teologia afirmando que a realidade é concreta, objetiva e lógica. Apoiado nessa
teoria, Proudhon lançou as bases do pensamento socialista da igualdade.
O cientificismo
A publicação de A origem das espécies, de Charles Darwin, eliminou a aura de
espiritualidade e misticismo que o idealismo romântico conferia ao ser humano, o
qual passou a ser encarado como parte de uma grande cadeia alimentar, nivelando-se
a outros seres vivos. O livro, que contou com a forte oposição da igreja, teve um
extraordinário sucesso de público, comprovando a curiosidade geral em torno do
tema e das novas ideias evolucionistas. Fundamentando-se nas teses darwinistas o
determinismo de Hippolyte Taine, explicava todo o comportamento social humano
pelo condicionamento do indivíduo ao meio ou momento histórico e à raça ou
genética. Por essas ideias, o homem seria fruto do ambiente em que vive ou viveu,
aspecto que se somaria à hereditariedade. A partir daí, dimensiona-se o pessimismo
de Schopenhauer, para quem o homem estaria fadado à dor e ao sofrimento, já que a
felicidade seria sempre ilusória. Todo o pensamento da época estava atrelado à
ciência e por isso ela também tem papel fundamental na produção literária.
A origem
O conjunto das transformações sociais e econômicas, os acontecimentos ao redor e
os novos anseios da sociedade, vão influenciar os artistas e escritores da época,
pois o movimento realista reflete seu tempo, na busca por uma linguagem mais
clara e verossímil, como também questiona os princípios e padrões burgueses
vinculados ao Romantismo que trazia o individualismo e a idealização da realidade
como características marcantes.
O movimento realista tem origem na literatura com o lançamento do romance
inaugural, Madame Bovary, de Gustave Flaubert, em 1857, que tanto tornou-se
símbolo da arte na época, como um ícone da literatura francesa, por inovar na
narrativa ao expor um casamento infeliz, ao trazer assuntos polêmicos, como o
adultério e o suicídio, questionando a tradição e idealização românticas.
Traços de estilo
Oposição aos ideais românticos
O realismo foi um movimento oposto ao Romantismo, escola literária anterior que
tinha como principais características a subjetividade, o individualismo, a fuga da
realidade e a idealização da vida e de seus personagens. Desse modo, os artistas
realistas buscaram demonstrar a realidade tal como ela é, ou seja, sem as
características românticas.

Retrato fiel da realidade


Os realistas representavam a arte a partir de temas relacionados com a realidade
social e cotidiana. Assim, eles buscavam retratar de maneira mais fidedigna os
aspectos da realidade, seja pelo cotidiano massacrante ou pelas infiéis relações
amorosas e sociais.
Objetivismo
Caracterizado por opor-se às ideias românticas, os artistas desse período
buscavam retratar a sociedade de maneira mais real, sem idealizações e
subjetividade. Por isso, as obras desenvolvidas nesse período descrevem
objetivamente e de maneira mais fiel possível a realidade e as personagens que a
compõem.

Crítica aos valores burgueses e instituições sociais


A literatura realista faz críticas aos valores burgueses e as instituições da época,
como o casamento e a igreja. Alguns temas explorados desse universo são: a
hipocrisia, a fraqueza humana, o egoísmo, a falsidade, os adultérios, o casamento
por interesse, a impotência do ser humano diante das instituições, etc.
Denúncia social
Os escritores realistas focaram em denunciar os problemas sociais, políticos,
econômicos e culturais da época, os quais afetavam grande parte da massa operária.
Dessa maneira, exploram muitos temas relacionados com esse universo, tais quais: a
pobreza, a miséria, as diferenças sociais, a exploração, a corrupção, etc.

Veracidade e contemporaneidade
Os artistas realistas estavam preocupados em apresentar uma realidade
contemporânea segundo a veracidade dos fatos e através de uma linguagem clara,
direta, objetiva e impessoal. Por esse motivo, a grande preocupação estava voltada
para o relato do presente cujo foco principal era analisar, compreender, criticar e
transformar essa realidade.
Aprofundamento psicológico das personagens
Um recurso muito utilizado pelos escritores realistas é o aprofundamento
psicológico das personagens. O propósito era aproximá-las cada vez mais do real,
sem idealizações. A introspecção humana foi uma das principais características, de
forma a expor o homem em seu viés psicológico. Sendo assim, as narrativas realistas
são lentas, pois acompanham o tempo psicológico de seus personagens.

Caráter documental
Como o objetivo era retratar a realidade tal qual ela era, os romances documentais
tiveram grande força no movimento. Eles tinham como intuito a observação, a
documentação e a denúncia da realidade social da época. Assim, descreviam com
veracidade os costumes da época, bem como os espaços sociais que faziam parte da
trama.
Outras artes

Bonjour, Monsieur (1854)


Gustave Courbet.
Outras artes

O Pensador(1902)
Auguste Rodin

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