Casamento Homossexual
Casamento Homossexual
Casamento Homossexual
Introducao
2. Casamento homossexual
Desde o começo do século XXI, 27 países e territórios permitem que pessoas do mesmo sexo se
casem em todo o seu território, na seguinte ordem cronológica: Países Baixos (2001), Bélgica
(2003), Canadá e Espanha (2005), África do Sul (2006), Noruega e Suécia (2009), Argentina,
Islândia e Portugal (2010), Dinamarca (2012), Brasil, França, Nova Zelândia e Uruguai (2013),
Escócia, Inglaterra, Luxemburgo e País de Gales (2014), Irlanda, Finlândia e Estados Unidos
(2015), Colômbia (2016), Taiwan, Alemanha, Malta, Áustria e Austrália (2017).
No México, casamentos entre pessoas do mesmo sexo são realizados apenas na Cidade do
México e em alguns estados, mas são reconhecidos em todo o território mexicano. A Austrália
passou a reconhecer a união entre pessoas do mesmo sexo em 7 de dezembro de 2017, após o
parlamento do país aprovar a lei do casamento gay. No Brasil, casamentos entre pessoas do
mesmo sexo são realizados por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e começaram a
ser celebrados a partir de 2013. Algumas das jurisdições que não realizam casamentos
homoafetivos, mas reconhecem os que forem realizados em outros países ou territórios são:
Israel, partes dos Estados Unidos e os países caribenhos pertencentes ao Reino dos Países Baixos
(Aruba, Curaçao e São Martinho).
Em alguns países, a permissão de que casais do mesmo sexo se casem substituiu o sistema
anterior de uniões civis ou parcerias registradas. Já em outros, casamentos e uniões civis são
celebrados para casais hétero ou homoafetivos. Em muitos países, o reconhecimento de tais
casamentos é uma questão de direitos civis, política, social, moral e religiosa. Os principais
conflitos são acerca da autorização a casais do mesmo sexo de contrair matrimônio, da obrigação
de usar um estatuto diferente (como a união civil), ou da impossibilidade destes casais possuírem
quaisquer desses direitos. Outra questão ainda é se o termo casamento deve ser aplicado. As
Ilhas Bermudas revogaram em dezembro de 2017 uma norma que permitia o casamento
homoafetivo na ilha, em vigor a apenas seis meses, por meio de uma lei que afirma que o
casamento é apenas entre homem e mulher e que cria a parceria ou união doméstica, garantindo
certos direitos aos casais homoafetivos e que não tem efeitos retroativos para os casados durante
a vigência da norma revogada.
Nos últimos anos, as diferentes confissões religiosas têm discutido a aceitação de homossexuais
e da homossexualidade, incluindo nesse debate a celebração de casamentos religiosos entre
pessoas do mesmo sexo.
A Associação Americana de Psicologia disse que "a instituição do casamento civil confere um
estatuto social e importantes benefícios legais, direitos e privilégios. Casais do mesmo sexo não
têm acesso igual ao casamento civil. Casais do mesmo sexo que entram em uma união civil não
têm acesso igual a todos os benefícios, direitos e privilégios previstos por lei federal para casais.
Os benefícios, direitos e privilégios associados a parcerias domésticas não estão universalmente
disponíveis, não são iguais aos associados com o casamento e raramente são mantidos. A
negação do acesso ao casamento a casais do mesmo sexo pode prejudicar principalmente as
pessoas que também sofrem discriminação com base em idade, raça, etnia, deficiência, gênero e
identidade de gênero, religião e situação socioeconômica. a APA acredita que é injusto e
discriminatório negar aos casais do mesmo sexo o acesso legal ao casamento civil e a todos os
seus benefícios, direitos e privilégios conexos.
A Associação Sociológica Americana afirmou que " uma emenda constitucional definindo o
casamento como algo entre um homem e uma mulher intencionalmente discrimina gays e
lésbicas, assim como seus filhos e outros dependentes, por negar o acesso às proteções,
benefícios e responsabilidades prorrogadas automaticamente para casais acreditamos que a
justificativa oficial para a proposta de emenda constitucional é baseada em preconceitos, em vez
de pesquisas empíricas a Associação Sociológica Americana se opõe fortemente à proposta de
emenda constitucional para definir o casamento como estritamente entre um homem e uma
mulher."
A Associação Canadense de Psicologia disse que "a literatura (incluindo a literatura que os
opositores do casamento de casais do mesmo sexo parecem confiar) indica que o bem-estar
"financeiro, psicológico e físico dos pais é reforçado pelo casamento e que isso é benéfico para
as crianças que são criadas por dois pais dentro de uma união legalmente reconhecida. Como a
ACP declarou em 2003, os fatores estressores encontrados por pais homossexuais e seus filhos
são mais prováveis como resultado da forma como a sociedade os trata do que por causa de
eventuais irregularidades na aptidão para a parentalidade. A ACP reconhece e valoriza as pessoas
e instituições que têm direito às suas opiniões e posições sobre esta questão. No entanto, a ACP
está preocupada que alguns desses grupos estejam interpretando mal os resultados da pesquisa
psicológica para suportar as suas posições, quando as suas posições são mais precisamente
baseadas em outros sistemas de crenças ou valores. A ACP afirma que as crianças só têm a se
beneficiar com o bem-estar obtido quando a relação de seus pais é reconhecida e apoiada por
instituições da sociedade."
E a Royal College of Psychiatrists do Reino Unido disse que " lésbicas, gays e bissexuais são e
devem ser considerados como membros valiosos da sociedade que têm exatamente os mesmos
direitos e responsabilidades que todos os outros cidadãos. Isto inclui os direitos e as
responsabilidades envolvidas em uma parceria civil (a instituição usa o termo "parceria civil"
para se referir ao casamento homossexual).
Antes de falar em casamento gay, é importante saber o que é e para que serve o casamento. O
matrimônio tem duas finalidades: a satisfação do interesse individual, seja por qual razão for —
amor, dinheiro, sexo e por aonde mais andar a fantasia humana — e o interesse comunitário, que
se orienta para a fundação da família. Um é a pura fruição individual, o outro, a doação social.
Essas duas finalidades, embora de tendências contrárias, coexistem em todo casamento. São elas
que garantem tanto a felicidade dos nubentes quanto a sobrevivência da comunidade. O
casamento entre dois cônjuges está sempre aberto à participação de um terceiro elemento, a
prole, que é o representante da sociedade no matrimônio. Por meio desse terceiro, o casal se liga
a outra família, e esta união gerará uma terceira família, e assim por diante. Essa
responsabilidade social é historicamente o fundamento da relação duradoura de que necessitam a
prole e a comunidade (já que os interesses imediatos dos cônjuges podem mudar como mudam
as estações) e a fonte dos chamados direitos de família.
Sob esse ponto de vista, a expressão casamento gay é apenas figura de linguagem, pois os
cônjuges, pela natureza da união, estão impedidos de ir além da mera fruição individual do
parceiro. Além disso, sem a complementariedade sexual entre homem e mulher, não há razão
objetiva para a união se limitar a duas pessoas. Sem seu fundamento social, o "casamento gay"
poderia ser contraído entre duas, três, 11 pessoas, em infinitas combinações.
CANABARRO, Ronaldo (Org.); OLIVEIRA, Cinthia Roso (Org.); PICHLER, Nadir Antonio
(Org.). Filosofia e homoafetividade: algumas aproximações. Passo Fundo: Méritos, 2012.