Ditadura Militar No Brasil (1964-1985)

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DITADURA CIVIL- MILITAR NO

BRASIL (1964-1985)
 O significado de ditadura se refere a qualquer regime de
governo em que todos os poderes estão sob autoridade de um
indivíduo ou de um grupo. No caso de uma ditadura formada
por militares, estes chegam ao poder quase sempre através
de um golpe de Estado.

 Ditadura militar no Brasil foi o regime instaurado em 1º de abril


de 1964, sob comando de sucessivos governos militares, com
duração de 21 anos.

 Sendo os presidentes:
❑ Castelo Branco (1964-1967)
❑ Costa e Silva (1967-1969)
❑ Médici (1969-1974)
❑ Geisel (1974- 1979)
❑ Figueiredo (1979-1985)
CASTELLO BRANCO (1964-1967)
 Após o golpe civil-militar, foi estabelecido o Ato Institucional
n◦1 (AI-1): eleições indiretas para presidente.

 Tinha-se em mente que a intervenção militar na presidência


era temporária.

 Objetivo: Garantir que o comunismo disseminado pela União


Soviética não pairasse no sistema político brasileiro, além de
recuperar a economia e organizar o governo.
 Os movimentos estudantis e a UNE foram
colocados na ilegalidade. Os centros de ensino
superior do país passaram a ser constantemente
vistoriados por autoridades do regime militar.

 Em 1965, foi criado o Ato Institucional nº 2 (AI-2),


que abolia os partidos existentes, criando o
bipartidarismo – Arena e MDB.

 Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de


inteligência das Forças Armadas incumbido de reunir
todas as informações ligadas a seu governo.
 Criação do Programa de Ação Econômica do
Governo (PAEG).

 O PAEG tinha por objetivo diminuir a inflação,


recuperar o crescimento econômico do país e
principalmente melhorar a imagem do Brasil lá fora,
aumentando as chances de empréstimos.

 AI-3: estabeleceu as eleições indiretas para os


governadores.
 AI-4: O Congresso deveria elaborar uma nova
Constituição.

 Antes do término de seu mandato, que foi prorrogado


de 31 de março de 1966 para 15 de março de 1967,
Castelo Branco promulgou a Lei de Segurança
Nacional (LSN), que vigiava todos os setores da
sociedade e punia severamente seus opositores
políticos.

 Com esta medida, muitos líderes sindicais, religiosos,


estudantes e professores foram presos por manifestar
transgressão ao governo.
COSTA E SILVA (1967-1969)
 Em 1967, Arthur Costa e Silva foi eleito pelo Colégio Eleitoral.

 Durante seu governo alguns setores da sociedade protestaram


a favor da democracia, além de movimentos sociais
influenciados pelas agitações que ocorreram no ano de 1968.

 Passeata dos Cem Mil: Ocorreu em março de 1968 no RJ,


mobilizada pela UNE, com participação de vários grupos.
Estopim: morte do estudante Edson Luís de Lima Souto.
 Com o aumento das manifestações e os pedidos para
retomarem a democracia, o governo militar resolveu reprimir
ainda mais a população.

Foi aprovado o AI -5, que estabelecia entre outras coisas:


❖ Cassação de políticos e seus direitos suspensos por 10 anos;

❖ Demissão de funcionários públicos e aposentadorias


compulsórias nas universidades;

❖ Retiraram o mandado de segurança e prisões e buscas;

❖ Retiraram o direito ao habeas-corpus para crimes políticos;


❖ Senado e as Assembleias poderiam ser fechados.

• Com o decreto do AI-5, marcava o início de uma nova fase da


Ditadura no Brasil, pois ocorreu a institucionalização da
ditadura e o Estado de Segurança Nacional.

• Institucionalização da Ditadura: Significa que a partir do AI-5,


a forma de governo proposta se tornou legal, assim como as
repressões, prisões e torturas.

• Estado de Segurança Nacional: Estado de Sítio poderia ser


determinado sem justificativa.

* ESTADO DE SÍTIO: utilizado para suspender temporariamente


os direitos e as garantias dos cidadãos e os Poderes Legislativo
e Judiciário ficam submetidos ao Executivo.
EMÍLIO MÉDICI (1969-1974)
 Costa e Silva faleceu em 1969, quem assumiu a presidência foi o
general Emílio Garrastazu Médici.

 Seu governo ficou caracterizado:

❖ Pelo crescimento econômico;

❖ Aumento da repressão;

❖ Resistência armada da população;

❖ Conquista do Brasil na Copa do Mundo de 1970.


REPRESSÃO
 Departamento de Ordem Política e Social (DOPS): Criado
em 1924, foi utilizado tanto no Estado Novo quanto na Ditadura
Civil-Militar.

 Utilizado para investigar crimes políticos e sociais, além de


realizar torturas, prisões ilegais e execuções entre a década de
1960 e 1980.

 Dops- SP.
 Operação Bandeirante (OBAN): criada em julho de 1969 em
São Paulo, com o objetivo de coordenar e integrar as ações
dos órgãos de repressão a indivíduos ou organizações.

 Principalmente os grupos da esquerda armada, que


representassem ameaça à manutenção da segurança do
regime.

 A partir da OBAN, criaram Destacamento de Operações e


Informações (DOI) e o Centro de Operações de Defesa
Interna (CODI) em 1970.

 DOI-CODI uniu as ações policiais e do Exército e financiadas


por empresários brasileiros e multinacionais.
 Em diversas delegacias, quartéis e fazendo particulares, os
representantes da esquerda ou suspeitos deveriam responder
aos interrogatórios e sofriam sessões de torturas.

 Normalmente médicos acompanhavam as sessões, para


auxiliar os torturadores a manterem vivos os prisioneiros.

 Ford, General Motors, Toyota, Scania, Mercedes Benz,


Brastemp, a estatal Telesp, a Kodak, Johnson & Johnson, a
Petrobras, a Embraer, Esso, Pirelli, Texaco, etc.

 * Ultragás, Folha de SP, Globo, Volkswagen, etc.


MILAGRE ECONÔMICO
 Em 1971, o governo de Médici anunciou o Plano
Nacional do Desenvolvimento (PND).

 Tinha por objetivo desenvolver economicamente o


Brasil e iniciou o plano com a realização de obras
públicas grandiosas.

 Entre elas: Transamazônica, Hidrelétrica de Itaipu e


inauguração da ponte Rio-Niterói.
 Durante a sua gestão, a economia cresceu cerca de
11,4% e a inflação diminuiu chegando aos 15,7%.

 Índice baixo de se comparar com a taxa de inflação


durante os governos populistas.

 Esse crescimento econômico ampliou o poder de


compra da classe média, além da facilidade de
pagamento com os crediários.
O crescimento econômico só foi possível devido
aos empréstimos do capital estrangeiro e
manutenção dos baixos salários.

 Duranteo governo Médici, por exemplo, a dívida


externa brasileira cresceu de 4,4 bilhões de
dólares para 17,2 bilhões ao final de seu
mandato.

O crescimento econômico (Milagre Econômico)


foi utilizado como propaganda do regime, para
enaltecer os feitos do governo.
COPA DO MUNDO DE 1970
 A Copa do Mundo de 1970 ocorreu no México e a seleção de
futebol brasileira concretizou o sonho de muitos brasileiros.

 A alegria pelo tricampeonato foi aproveitada pelo regime


como mais uma de suas conquistas.

 Uma série de slogans ufanistas:


 “Este é um país que vai para a frente”;
 “Ninguém segura este país”;
 “ Brasil: Ame-o ou deixe-o.”
ERNESTO GEISEL (1974-1979)
 Geisel venceu as eleições de 1974 e seu governo foi marcado,
entre outras características, por:

 Abrandamento da censura;

 Aumento da inflação;

 Crescimento da oposição.
A CRISE DO “MILAGRE”
 Desde o final de 1973 a inflação voltou a crescer e o governo
resolveu manter a política de contenção salarial.

 Isso afetou a capacidade de consumo da sociedade e atingiu a


classe média, devido a limitação das linhas de crédito.

 Outro problema para a economia brasileira foi em decorrência


da Crise do Petróleo.
CRESCIMENTO DA OPOSIÇÃO
 Nas eleições parlamentares de 1974, o MDB obteve 54% dos
votos e utilizaram os meios de comunicações para propor
debates políticos.

 Lei Falcão (1976): Os candidatos não poderiam mais aparecer


ao vivo nos meios de comunicação e as propagandas deveriam
conter apenas o currículo dos candidatos.

 Pacote de Abril (1977): Entre outras medidas, tornou a eleição


indireta para um terço do senado e aumentou o mandato
presidencial para seis anos.
 Além do partido MDB, entidades como a Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) e a Igreja Católica atuaram no combate ao
autoritarismo e a censura.

 Passeatas- relâmpago, greves nas universidades, cartas


abertas à população e confrontos com a polícia também foram
formas de resistência, apesar da proibição.

 Assassinato, em 1975, do jornalista Vladimir Herzog, chefe


de jornalismo da TV Cultura, cuja morte foi forjada para parecer
suicídio.

 Morte do metalúrgico Manuel Fiel Filho em 1976.


FIGUEIREDO (1979-1985)
 O último militar a governar foi João Batista de Oliveira
Figueiredo, que assumiu em 1979.

 Seu governo ficou marcado por:


- Propor a abertura política e retomar a democracia de
forma gradativa;
- Retorno do pluripartidarismo;
- Inflação e elevado custo de vida;
- Atentados e movimento pelas Diretas Já!
ABERTURA POLÍTICA GRADATIVA
 O último presidente militar deu continuidade à política
realizada por Geisel.

 Umas das primeiras medidas foi a criação da Lei da


Anistia (1979), que perdoava os crimes políticos,
libertando vários presos e permitindo o retorno de
exilados.

 A lei também beneficiou os integrantes dos órgãos de


repressão.
PLURIPARTIDARISMO (1979)
 Para o regime militar o bipartidarismo havia cumprido
seu papel.

 No entanto o fortalecimento do MDB poderia provocar a


perda do controle dos militares sobre a transição
democrática.

 Em dezembro de 1979 foram extintos a Arena e o


MDB, dando origem aos novos partidos políticos.
ARENA PDS (Partido Social Democrático)

PP (Partido Popular)
PMDB (Partido do Movimento
Democrático Brasileiro)
MDB PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)
PDT (Partido Democrático Trabalhista)

* PT (Partido dos Trabalhadores) –


Não tinha relação com os dois
partidos.
OPOSIÇÃO E ATAQUES
 Desde 1976 ocorreram sequestros de religiosos e
oposicionistas, atentados a centros de pesquisas e
jornais.

 Entre 1980 e 1981 ocorreram incêndios em bancas de


jornais e um ataque à sede da OAB.

 O Caso Rio-Centro (01/05/1981).

 Autoria de grupos paramilitares e extremistas de


direita descontentes com a flexibilização do regime.
A CONTA DO “MILAGRE”: DÍVIDA
 Década de 1980 ficou marcada por uma grande recessão
econômica.

 O pagamento dos juros da dívida externa consumia mais da


metade das reservas brasileiras obtidas com as exportações.

 Durante esse período, o governo tentou renegociar a dívida,


aumentar as exportações e diminuir as importações.

 O índice de inflação chegou a mais de 200% em 1983 e 250%


em 1984, além do aumento do desemprego.
DIRETAS JÁ!
 Em 1984, no governo de Figueiredo, ocorreu uma das maiores
movimentações populares da história do Brasil, as Diretas Já.

 Influenciado por um projeto de lei do deputado Dante de


Oliveira que determinava a eleição direta para presidente, o
povo foi para as ruas em vários lugares do Brasil para exibir
seu apoio.

 A votação ocorreu em abril do mesmo ano, no entanto o projeto


não foi aprovado.

 “ O povo não esquece, acabou o PDS.”


ELEIÇÕES DE 1985
 O PDS, partido que representava o regime militar, passou por
uma divisão entre seus integrantes.

 Enquanto o presidente Figueiredo desejava que o coronel


Mário Andreazza disputasse o pleito, outros integrantes do
mesmo partido preferiam apoiar a candidatura de Paulo Maluf.

 O PMDB apoiou Tancredo Neves, político de tendência


moderada, governador de Minas Gerais, que tinha a
capacidade de agradar um amplo número de participantes do
Colégio Eleitoral.
 O PMDB fez uma aliança com o PFL, indicando o
senador maranhense, José Sarney.

 Sarney, que incoerentemente havia articulado contra


as “Diretas Já!” – como vice-presidente de Tancredo.

 Com uma larga diferença de 300 votos, Tancredo


Neves derrotou a chapa de Paulo Maluf e, assim, foi
eleito presidente da República.

 Após 21 anos, um presidente civil, retomou o poder


através de eleições indiretas.

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