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Scientia

Forestalis

Painéis de partículas monocamadas fabricados


com resíduo de madeira e fibra de coco verde

Monolayers particleboards manufactured


with wood waste and green coconut fiber

Juliano Fiorelli1, Andre Luis Christoforo2, Francisco Antonio Rocco Lahr3,


Maria Fátima do Nascimento4, Diogo Donizette Curtolo5,
Diogo de Lucca Sartori6 e Ugo Leandro Belini7

Resumo
Este trabalho objetivou investigar as propriedades físicas e mecânicas de painéis de partículas fabricados
com maravalha de Pinus spp e fibras da casca de coco verde com o intuito de agregar valor a esses sub-
produtos agroindustriais. Os fatores e níveis experimentais investigados consistiram no tipo de adesivo
[resina poliuretana bicomponente derivada de mamona (PU-mamona) e ureia-formaldeído] e nas propor-
ções de fibras da casca de coco verde [0% (100% de maravalha de Pinus spp), 25%, 50%, 75% e 100%],
conduzindo a um planejamento fatorial completo do tipo 5121, fornecendo 10 tratamentos distintos. Os
resultados da análise estatística permitiram concluir que os painéis produzidos com resina PU-mamona
apresentaram resultados de propriedades físico-mecânicas superiores aos produzidos com resina ureia-
-formaldeído e a inclusão de partículas da casca do coco verde acarretou na redução da absorção de água
e do módulo de elasticidade, para alguns tratamentos.
Palavras-chave: painéis; resina de mamona; planejamento de experimentos.

Abstract
This study aimed to investigate physical and mechanical properties of hybrid particleboards manufactured
with Pinus spp wood particles and green coconut fibers in order to add value to these industrial wastes.
The experimental factors and levels investigated consisted of adhesive type: bi-component polyurethane
resin castor oil based (PU-castor oil) and urea-formaldehyde, and the proportions of green shell coconut:
0% (100% Pinus spp), 25% , 50%, 75% and 100%, leading to a full factorial design of the 5121 type,
providing ten different treatments. Statistical analysis results indicated that PU-castor oil gave best results
for mechanical properties; while the inclusion of green shell coconut particles resulted in the reduction of
water absorption and bending modulus of elasticity for some treatments.
Keywords: particleboards; castor oil-resin; design of experiments.

INTRODUÇÃO nação dos resíduos, quando quantificada, con-


trolada e tratada torna se facilmente passível de
O setor produtivo da agroindústria utiliza lo- depuração em determinado tempo. Caso con-
cais para “área de despejo” de seus subprodutos, trário, este processo pode levar milhares de anos
gerados durante os ciclos produtivos. A elimi- ou, até mesmo, deixar de ocorrer pela ausência
¹Doutor em Engenharia em Ciência de Materiais. USP - Universidade de São Paulo /FZEA - Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos - Departamento de Engenharia de Biossistemas. Av. Duque de Caxias Norte, 225 – Pirassununga,
SP. E-mail: [email protected].
²Doutor em Engenharia de Estrutura. UFSCar - Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia Civil.
Rod. Washington Luís, km 235 - São Carlos, SP. E-mail: [email protected].
³Professor Titutlar do Departamento de Engenharia de Estruturas. USP – Universidade de São Paulo / EESC - Escola de
Engenharia de São Carlos. Av. Trabalhador Sãocarlense, 400 - São Carlos,SP. E-mail: [email protected].
Doutora em Engenharia e Ciência de Materiais. USP – Universidade de São Paulo / EESC - Escola de Engenharia de São
4

Carlos. Av. Trabalhador Sãocarlense, 400 - São Carlos,SP. E-mail: [email protected].


5
Graduando em Engenharia de Biossistemas. USP - Universidade de São Paulo /FZEA - Faculdade de Zootecnia e Enge-
nharia de Alimentos - Departamento de Engenharia de Biossistemas. Av. Duque de Caxias Norte, 225 – Pirassununga, SP.
E-mail: [email protected].
6
Doutorando em Zootecnia. USP - Universidade de São Paulo /FZEA - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimen-
tos. Av. Duque de Caxias Norte, 225 – Pirassununga, SP. E-mail: [email protected].
7
Doutor em Recursos Florestais. UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina. Rodovia Ulysses Gaboardi, km 3 - Curi-
tibanos, SC. E-mail: [email protected].
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Fiorelli et al. – Painés de partículas monocamadas
fabricados com resíduo de madeira e fibra de coco verde

de mecanismos específicos na natureza. Uma sar dos valores de algumas propriedades mecâ-
das alternativas que vem sendo estudada como nicas estarem abaixo dos valores mínimos es-
solução para agregar valor aos resíduos agroin- tabelecidos pela norma CS 236-66, as fibras de
dustriais consiste na fabricação de painéis de coco apresentaram potencial para fabricação de
partículas aglomeradas (GULER; COPUR; TAS- painéis de partículas. O módulo de ruptura em
CIOGLU, 2008; ASHORIA; NOURBAKHSHB, flexão (MOR) foi afetado pela composição das
2008; GIRODSA et al., 2009; FIORELLI et al., partículas e teor de adesivo. Os painéis fabrica-
2012a; BERTOLINI et al., 2013). dos com 8% de adesivo apresentaram valor mé-
Os painéis aglomerados surgiram na Ale- dio de MOR superior àqueles encontrados nos
manha, no início da década de 40 em face da painéis com 6% de adesivo.
dificuldade de obtenção de espécies de boa Khedari et al. (2004) confeccionaram painéis
qualidade para produção de lâminas para com- de partículas à base de fibra de casca do coco
pensados, devido ao isolamento do país duran- e resinas ureia-formaldeído (12%) e fenol-for-
te a segunda Guerra Mundial (MENDES et al., maldeído (6%). Concluíram que ambos os pai-
2010). Esses painéis são geralmente fabricados a néis apresentaram baixa condutividade térmica
partir de partículas de madeira ou por qualquer e propriedades mecânicas abaixo daquelas reco-
outro material lignocelulósico que lhes confi- mendadas pela norma CS 236-66 (MOR de 11,2
ram alta resistência mecânica e densidade pré- MPa e MOE de 2450 MPa). Sendo assim, os au-
-estabelecida, aglutinadas com adesivo sintético tores recomendam sua utilização como isolante
ou outro aglomerante, sendo o conjunto pren- térmico em forros e paredes.
sado a quente, por tempo suficiente para que a Passos (2005) avaliou o comportamento físi-
cura da resina se efetue (IWAKIRI et al., 2004). co-mecânico de chapas de partículas de madeira
Com relação aos adesivos utilizados na fabri- com substituição parcial por fibra da casca do
cação de painéis, a resina poliuretanasà base de coco. Foram utilizados teores de fibra que va-
óleo de mamona, mesmo não sendo utilizada riaram de 10 a 30% da massa. Os resultados de
industrialmente, apresenta-se como solução al- MOR, MOE e Adesão Interna (AI) indicam va-
ternativa para as resinas ureia-formaldeído, co- lores médios de 14 MPa, 1500 MPa e 0,4 MPa,
mumente utilizadas pelas indústrias de painéis, respectivamente. Os resultados de Absorção de
principalmente por se tratar de um material livre Água (AA) indicam valores médios de 80% após
de formol (SILVA et al., 2012; SILVA et al., 2013). 2 h e 95% após 24 h. Já os valores de Incha-
A expressiva quantidade de resíduos gerados mento (IE) indicam 20% após 2 h e 25% após
no processamento do coco (MARTINS; JESUS 24 h. Pelas conclusões do autor, as propriedades
JUNIOR, 2011) e da madeira (YAMAJI; BON- físico-mecânicas desses painéis são semelhantes
DUELLE, 2004) tem motivado o desenvolvi- àquelas obtidas na literatura.
mento de pesquisas, com objetivo de agregar Fiorelli et al. (2012b) fabricaram e avaliaram
valor a estes rejeitos, por meio da fabricação de painéis de partículas de fibra da casca de coco
novos materiais. verde e resina poliuretana bicomponente à base
Da cultura de coco verde, é importante desta- de óleo de mamona, com densidade 800 kg m-3.
car seu avanço no Brasil: em 1990 o país ocupava Os resultados obtidos pelos autores permitem
a décima posição no ranking mundial, com uma indicar a aplicação desse painel de partículas
produção em torno de 477 mil toneladas. Atual- para uso na construção civil.
mente, o país é o quarto maior produtor mun- Resíduos madeireiros de todo o setor de
dial de coco, com uma produção aproximada de processamento secundário tem sua aplicação
2,8 milhões de toneladas (EMBRAPA, 2011). limitada à queima e uso como “cama” para pro-
Brito et al. (2004) avaliaram painéis de ma- dução animal (YAMAJI; BONDUELLE, 2004).
deira e partículas de fibra de Cocus nucifera em Assim como os resíduos do coco verde, estes
combinação com partículas convencionais de também apresentam potencial para a fabricação
Pinus elliottii em proporções de 0% a 30% da de painéis, evidenciado pela pesquisa desenvol-
fibra da casca de coco e diferentes teores do vida por Ramos et al. (2011).
adesivo ureia-formaldeído (6% e 8%), como Seguindo a tendência de desenvolvimento de
matriz polimérica. O melhor resultado para o produtos sustentáveis, por meio da utilização de
módulo de elasticidade na flexão (MOE) foi resíduos da agroindústria, como proposta para
2779 MPa apresentado pelo tratamento com agregar valor a estes materiais, de modo a evitar
100% partículas de Pinus e 8% de adesivo. Ape- o descarte ou mesmo emprego de baixo valor

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agregado, o presente trabalho teve como finali- na em relação à massa de partículas e 1,5% de
dade desenvolver um estudo para avaliar a via- hidróxido de sódio (catalisador) em relação à
bilidade de produção de painéis de partículas de massa da resina.
maravalha de Pinus spp com substituição parcial Após a mistura, o material foi colocado em
por fibras da casca do coco verde, utilizando re- um molde formador (Figura 1f) e o colchão re-
sinas poliuretana bicomponente à base de óleo sultante (Figura 1g) inserido em prensa termohi-
de mamona (PU-mamona) e ureia-formaldeí- dráulica (Figura 1h) a uma temperatura / tempo
do, possibilitando avaliar também a viabilidade de prensagem de 100ºC / 10 min. (painéis com
do uso da resina PU-mamona em substituição a resina poliuretana à base de óleo de mamona) e
resina ureia-formaldeído. 130ºC / 8 min. (painéis com resina ureia-formal-
deído). A pressão média utilizada foi de 5,0 MPa,
MATERIAL E MÉTODOS para garantir a formação do painel de partícula
(Figura 1i), esse valor de pressão vem se mostran-
As fibras da casca de coco verde utilizadas fo- do adequado quando são incorporados resíduos
ram fornecidas pela indústria de reciclagem de agroindustriais (fibra de coco) na produção de
resíduos sólidos (Pós-Coco) localizada no muni- painéis de partículas (Fiorelli et al., 2012b). Fo-
cípio de São Paulo-SP e os resíduos de maravalha ram produzidos painéis com densidade de 0,80
de Pinus spp foram fornecidos por indústria mo- g/cm3. Após a saída da prensa, os painéis foram
veleira localizada na região de Macatuba-SP. A re- empilhados por 72 h, período em que ocorre a
sina PU-mamona foi fornecida pela Plural Indús- continuação do processo de cura das resinas.
tria e Comércio de Produtos Químicos e a resina Os fatores experimentais investigados foram o
ureia-formaldeído fornecida pela Momentive. tipo de resina (PU-mamona e ureia-formaldeído)
As etapas de fabricação dos painéis de partícu- e a proporção em massa de partículas secas da fi-
las a partir do emprego de resíduos da agroindús- bra da casca de coco verde [0% (100% maravalha
tria e da indústria moveleira incluíram os passos de Pinus spp), 25% (75% maravalha de Pinus spp),
resumidamente comentados a seguir, detalhado 50% (50% maravalha de Pinus spp), 75% (25%
por Maloney (1996). O processo foi iniciado maravalha de Pinus spp) e 100% (0% maravalha
com a coleta dos resíduos, sendo posteriormente de Pinus spp)], conduzindo a um planejamento
secos até atingirem teor de umidade variando de fatorial completo do tipo 5121, fornecendo 10 tra-
6-10%. As partículas de maravalha de Pinus spp, tamentos (T) distintos, explicitados na Tabela 1.
com densidade real de 1,24 g/cm3, não foram
processadas, e utilizadas com dimensões nomi- Tabela 1. Condições experimentais investigadas.
Table 1. Experimental conditions investigated.
nais médias de 10 x 4 mm. As fibras da casca do
T Resina Coco (%) Pinus (%)
coco, com densidade real de 1,30 g/cm3, foram
T1 PU - mamona 0 100
processados em moinho de facas em partículas
T2 PU - mamona 25 75
com dimensões de até 8 mm (Figura 1d). T3 PU - mamona 50 50
Os resíduos, já processados, foram introdu- T4 PU - mamona 75 25
zidos em um misturador planetário por contato T5 PU - mamona 100 0
e, sobre a massa de partículas, foram aplicadas T6 Uréia-formaldeído 0 100
por meio de aspersão, as resinas PU-mamona e T7 Uréia-formaldeído 25 75
ureia-formaldeído em teores de 10 e 12%, res- T8 Uréia-Formaldeído 50 50
pectivamente e homogeneizados por um tempo T9 Uréia-formaldeído 75 25
T10 Uréia-formaldeído 100 0
de 10 min. (Figura 1e). O adesivo PU-mamona
é composto por dois componentes: (A) um de-
rivado vegetal e (B) um isocianato aromático, As propriedades físicas e mecânicas investiga-
misturados em partes iguais. O componente A das foram: densidade aparente (ρap), inchamento
é um poliól para obtenção de poliuretanas, de- em espessura após 2 horas (IE-2h), absorção de
rivado de óleos vegetais, com aspecto líquido água após 2 horas (Abs-2h), módulo e elastici-
colorido e densidade 1,0 – 1,2 1,24 g/cm3. Já o dade na flexão (MOE), módulo de resistência na
componente B é um isocianato di ou polifun- flexão (MOR) e adesão interna (AI), ambas ob-
cional, com aspecto líquido marrom escuro e tidas de acordo com as premissas e métodos de
densidade de 1,24 g/cm3. cálculo da norma brasileira ABNT (2006) (Cha-
Para os painéis produzidos com resina ureia- pas de madeira aglomerada). Para tanto, foram
-formaldeído, foi acrescentado 1 % de parafi- fabricados 30 painéis por tratamento, nas di-

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Fiorelli et al. – Painés de partículas monocamadas
fabricados com resíduo de madeira e fibra de coco verde

Figura 1. Etapas de fabricação dos painéis de partículas. a) Maravalha de Pinus spp. b) Fibra da casca do coco
verde. c) Partículas de maravalha e fibra de coco. d) Moinho de facas. e) Misturador planetário. f) Molde
formador de colchão. g) Colchão de partícula. h) Prensa termo-hidráulica. i) Painéis de partículas.
Figure 1. Steps of particleboards production: a) Pinus spp wood particles; b) Coconut fiber; c) Pinus spp wood par-
ticles and coconut fiber; d) Knife Mill; e) Planetary Mixer; f) Mold maker mattress; g) Particle mattress;
h) Thermo hydraulic press; i) Particle board.

mensões 400×400×10 mm, sendo extraídos dez interação, possibilitando melhor visualizar os
corpos de prova por tratamento e por resposta resultados (médias) obtidos por tratamento, e
investigada. A adesão interna, diferente das de- o teste de comparações múltiplas de Tukey para
mais variáveis-resposta, foi avaliada apenas para o agrupamento dos níveis do fator fixo, com o
os materiais fabricados com a resina PU-mamo- intuito de verificar os melhores tratamentos por
na, com objetivo de verificar a eficiência da co- propriedade física e mecânica investigada. No
lagem dessa resina, não sendo utilizada como caso de apenas os fatores individuais serem sig-
parâmetro de comparação entre os tratamentos. nificativos, são apresentados posteriormente os
O planejamento experimental completo gráficos de efeitos principais e o teste de Tukey
(5 2 ) foi delineado com o auxílio do software
1 1
como forma de eleger o melhor tratamento. A
Minitab® versão 14, possibilitando, através da ANOVA foi formulada ao nível de significância
análise de variância (ANOVA), investigar a influ- de 5%, e a sua validação se deu com a verifica-
ência dos dois fatores e da interação de ambos ção da normalidade das distribuições pelo teste
em cada variável-resposta. Acusada significân- de Anderson-Darling e da homogeneidade entre
cia da interação entre os fatores pela ANOVA, variâncias pelo teste de Bartlett, ambos ao nível
na sequência são apresentados os gráficos de de 5% de significância.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO que avaliaram respectivamente painéis de par-
tículas homogêneas com fibra da casca de coco
A Tabela 2 apresenta os resultados das proprie- verde e maravalha de Pinus spp aglomeradas com
dades físicas e mecânicas investigadas, sendo a adesivo PU-mamona.
média amostral e cv o coeficiente de variação. Com o intuito de verificar a influência dos
Os valores limites de referência estipulados fatores assim como da interação entre ambos
pela norma EN (2003) para o IE, MOR e MOE nas respostas de interesse foi utilizada à análise
são respectivamente 16%, 16 MPa e 2300 MPa. de variância. A Tabela 3 apresenta os resultados
Pela norma ABNT (2006) IE e MOR são iguais a obtidos da ANOVA para as médias das variáveis
8% e 18 MPa respectivamente, não sendo apre- respostas investigadas, sendo sublinhados os P-
sentado por esta norma requisito para o MOE. -valores menores ou iguais a 0,05 (5%), consi-
Com relação as especificação da norma eu- derados significativos a um nível de confiabili-
ropeia, com exceção dos tratamentos T2, T4, dade de 95%.
T8, T9 e T10, o IE-2h foi inferior ao valor limi- Os P-valores do teste de normalidade de
te (16%). Apenas os painéis fabricados com o Anderson-Darling variaram no intervalo [0,098;
adesivo PU-mamona apresentaram resultados 0,600], e os P-valores do teste de Bartlett varia-
para o MOR superiores aos recomendados pela ram entre [0,263; 0,851], implicando em serem
norma ABNT (2006). Já, em relação aos painéis normais as distribuições e equivalentes as vari-
produzidos com a resina ureia-formaldeído, âncias entre os tratamentos, validando o mode-
apenas os painéis com 100% de partículas de lo da ANOVA.
casca de coco atenderam as exigências da refe- Com exceção do MOR (Tabela 3), todas as
rida norma para MOE. demais respostas apresentaram efeitos significa-
Com exceção dos tratamentos T7, T8 e T9, tivos de interação entre os dois fatores. A Figura
todos os demais apresentaram valores próximos 2 ilustra os gráficos de interação entre os fatores
ou superiores ao MOE dos materiais fabricados (Figuras: 3a; 3b; 3c, 3d) e os de efeitos princi-
por Fiorelli et al. (2012b) e Ramos et al. (2011), pais (Figuras: 3e; 3f).

Tabela 2. Resultados de propriedades físico-mecânicas.


Table 2. Physic-mechanical properties results.
T Estat. ρap (g/cm³) IE-2h (%) AA-2h (%) MOR (MPa) MOE (MPa)
x 0,72 20,35 2101
T1 12,37 53,59
cv(%) 11 24 24
x 0,80 25,85 2274
T2 18,10 56,76
cv(%) 7 12 12
x 0,84 24,08 1850
T3 14,28 38,83
cv(%) 8 8 10
x 0,81 23,30 1694
T4 23,08 49,50
cv(%) 13 37 36
x 0,76 25,45 1662
T5 6,92 23,70
cv(%) 13 21 15
x 0,81 8,68 1813
T6 14,26 53,97
cv(%) 1 21 28
x 0,85 13,97 1338
T7 15,35 12,82
cv(%) 4 12 14
x 0,80 10,30 1018
T8 17,41 40,23
cv(%) 6 10 23
x 0,76 9,07 859
T9 25,97 69,81
cv(%) 5 27 22
x 0,85 15,83 2341
T10 19,91 34,38
cv(%) 3 16 42
x - média; cv (%) – coeficiente de variação

Tabela 3. P-valores para os fatores individuais e interação entre ambos sobre as variáveis-respostas investigadas.
Table 3. P-value for individual factors; and their interaction on the investigated variables-responses.
Fatores e Interações ρap (g/cm³) IE-2h (%) Abs-2h (%) MOR (MPa) MOE (MPa)
Proporção 0,026 0,000 0,000 0,002 0,001
Tipo de Resina 0,034 0,000 0,073 0,000 0,000
Interação 0,003 0,002 0,000 0,447 0,001

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Figura 2. Interação entre fatores (a, b, c, d) e de efeitos principais (e, f).


Figure 2. Interaction between factors (a, b, c, d) and main effects (e, f).

A Tabela 4 apresenta os resultados do teste de inclusão de fibra da casca do coco provocou au-
Tukey para as variáveis-resposta investigadas. Le- mento no MOR e IE dos compostos fabricados.
tras iguais implicam em tratamentos com médias No entanto, observa-se que para painéis com
equivalentes. Cabe ressaltar que as médias de 100% de fibra de coco e resina PU-mamona, há
cada tratamento foram apresentadas na Tabela 1. uma redução no IE 2h e no MOE. Esse compor-
Os menores valores do IE 2h foram prove- tamento pode ser explicado pela expansão da re-
nientes da composição entre 100% de partículas sina PU, que ocupa os poros entre as partículas,
de maravalha de Pinus spp com o adesivo PU-ma- reduzindo a taxa de absorção de água e conse-
mona (Tabela 2 e Figura 2). Em linhas gerais, a quentemente o inchamento em espessura.

Tabela 4. Resultados do teste de Tukey por variável-resposta.


Table 4. Tukey test results for variables-responses.
Frações de partículas de casca de coco Adesivos
0% 25% 50% 75% 100% PU-mamona Uréia-formaldeído
ρ C A A AB B B A
IE-2h C B B A C B A
AA-2h B C C A D B A
MOR C A B B A A B
MOE A AB B C A A B

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Os painéis com 25% de fibra da casca de coco partículas de maravalha de Pinus spp proporcio-
e resina PU-mamona foram os que apresentaram nou aumentos sucessivos na adesão interna dos
melhores resultados para o MOR, quando com- compostos produzidos com resina PU-mamona.
parados com os tratamentos de 2 componentes. Esse resultado pode ter relação com a morfolo-
Os painéis fabricados com 25% de fibra da gia das partículas de coco, que preenchem os va-
casca de coco e adesivo PU-mamona apresenta- zios existentes entre as partículas de maravalha e
ram valores de MOE que atendem as recomen- garantem melhores resultados de AI.
dações mínimas da normativa EN (2003).
As análises de AI foram realizadas para os CONCLUSÕES
painéis com resina PU-mamona (T0 a T4). O P-
-valor referente às composições de partículas de Com base nas informações apresentadas
coco com o uso da resina PU-mamona foi infe- conclui-se:
rior a 5%, considerado significativo. A Figura 3 - a resina PU-mamona apresenta potencial para
ilustra o gráfico dos efeitos principais sobre a AI uso na fabricação de painéis de partículas;
e a Tabela 5 o agrupamento pelo teste de Tukey. - a inclusão de fibra da casca do verde coco acar-
As proporções 0% e 100% de partículas de coco retou um aumento no IE-2h, AI e MOR e redu-
são apresentadas na sequência de maneira a evi- ção da AA-2h e MOE;
denciar as diferenças nos valores de adesão inter- - o tratamento com 25% de fibra da casca do
na entre os níveis extremos do fator (Figura 3). coco verde e 75% de maravalha de Pinus spp e
resina PU-mamona apresentou valores de pro-
priedades físico-mecânicas que atendem as re-
comendações mínimas dos documentos nor-
mativos, se destacando quando comparado com
os outros painéis avaliados;
- os resultados obtidos indicam o potencial de
uso dos painéis com fibra de casca do coco verde
(25%) e maravalha de Pinus spp (75%) aglome-
rados com resina PU-mamona para aplicações
na indústria moveleira e áreas afins.
Figura 3. Efeitos principais das proporções em relação
à adesão interna.
AGRADECIMENTOS
Figure 3. Main effects of proportions related to internal
bonding.
FAPESP, CNPq, CAPES, FINEP
Tabela 5. Resultados do teste de Tukey para a adesão
interna. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Table 5. Tukey test results to internal bonding.
Frações de partículas
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMA
de casca de coco
0% 25% 50% 75% 100% TÉCNICAS. NBR 14810-3: Chapas de madeira
x (MPa) 1,09 1,20 1,31 1,43 2,03 aglomerada, Parte 3: Métodos de Ensaio,
Agrupamento D C B B A terminologia. Rio de Janeiro, 2006.
x - média
ASHORIA, A.; NOURBAKHSHB, A. Effect of press
O limite estipulado para AI, segundo as nor- cycle time and resin content on physical and
mas EN (2003) e ABNT (2006), é de 0,40 MPa. mechanical properties of particleboard panels made
Nesse cenário, todos os painéis avaliados aten- from the underutilized low-quality raw materials.
deram aos requisitos normativos, e indicando Industrial Crops and Products, v. 8, n. 2, p. 225-
que a resina PU-mamona foi eficaz na colagem 230, 2008.
das partículas.
Os materiais elaborados com 100% de par- BERTOLINI, M. S.; LAHR, F. A. R.; NASCIMENTO, M.
tículas de maravalha de Pinus spp apresentaram F.; AGNELLI, J. A. M. Accelerated artificial aging of
em média os menores valores de AI, sendo os particleboards from residues of CCB treated Pinus sp
maiores oriundos da condição com 100% de par- and castor oil resin. Materials Research, São Carlos,
tículas de coco. Em linhas gerais, a inclusão pro- v. 16, n. 2, p. 293-303, 2013.
gressiva de partículas de coco nos painéis com

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Recebido em 28/01/2014
Aceito para publicação em 12/11/2014
Sci. For., Piracicaba, v. 43, n. 105, p. 175-182, mar. 2015
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