História 3 Ano Iii Bimestre 2024
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Ditaduras latino-americanas
Ditaduras militares latinas existiram durante a segunda metade do século XX, espalhando-se por diversos
países da América do Sul, tais como o Chile e a Argentina.
No século XX, uma série de ditaduras, sobretudo militares, desenvolveram-se na América Latina.
Diferentes países do Caribe, América Central e América do Sul tiveram experiências ditatoriais marcadas
pelo terrorismo de Estado, quando o próprio Estado promove ações de terrorismo contra a sociedade.
Essas ditaduras foram fortemente influenciadas pelos Estados Unidos, que encontraram nesse caminho
uma forma de manter o continente americano sob a sua influência e evitar que a experiência cubana se
repetisse em outros locais. Um dos primeiros golpes a serem apoiados pelos norte-americanos foi o que
aconteceu no Brasil, em 1964.
Contexto das ditaduras
A segunda metade do século XX ficou marcada na história da América Latina pela grande quantidade de
ditaduras militares implantadas em diferentes países da região. Esse modelo consolidou-se na década
de 1960, sobretudo quando o golpe civil-militar de 1964 instaurou-o no Brasil.
Diferentes países do continente americano, como
o Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Guatemala, República Dominicana, entre outros,
contaram com ditaduras conservadoras conduzidas em sua maioria por militares. A implantação delas está
diretamente associada com o cenário de disputas da Guerra Fria.
Após a Segunda Guerra Mundial, a rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética ganhou dimensão
planetária e a disputa por influência aumentou consideravelmente. Num primeiro momento, os Estados
Unidos focaram seus esforços para evitar o crescimento da influência soviética na Europa e Ásia.
A partir do final da década de 1950, o governo norte-americano percebeu a necessidade de aumentar sua
influência sobre o próprio continente, e isso deu início às ações em países latino-americanos. O objetivo
era enfraquecer os movimentos de esquerda por meio da instauração de ditaduras militares de viés
conservador.
A grande virada para a mudança na postura norte-americana em relação às nações latino-americanas
deu-se com a Revolução Cubana, em 1959. Essa revolução, conduzida por Fidel Castro e Che Guevara,
foi uma revolução de caráter nacionalista que acabou se aproximando da União Soviética por conta da
hostilidade norte-americana contra o novo governo cubano.
A aproximação de Cuba com a União Soviética era considerada pelos Estados Unidos como um
precedente perigoso para o continente. Antes da Revolução Cubana, os Estados Unidos haviam procurado
criar um caminho para intervir diplomatica e economicamente na América Latina por meio da Operação
Pan-Americana.
Os desdobramentos da situação em Cuba fizeram com que a ação norte-americana sobre a América
Latina se tornasse mais agressiva, e um dos primeiros casos dessa abordagem foi o Brasil.
Interferência dos EUA na política brasileira
O caso brasileiro foi o primeiro de uma fase de ditaduras em toda a América do Sul. A interferência norte-
americana em nosso país deu-se a partir da posse de João Goulart como presidente. Goulart era
enxergado com maus olhos pelo governo norte-americano porque ele havia se voltado contra os lucros
excessivos de multinacionais dos Estados Unidos no Brasil, além de ter sido um político apoiado pela
esquerda e que defendia a realização de reformas socioeconômicas no país.
O governo de João Goulart, assim como o cenário político e social do Brasil, era visto como contrário aos
interesses norte-americanos, assim, por meio do serviço de inteligência, os Estados Unidos começaram a
enviar incentivos financeiros a grupos de oposição e políticos conservadores. O objetivo era desgastar
profundamente o governo de João Goulart.
Em 1962, dezenas de candidatos de viés conservador tiveram suas candidaturas nas eleições daquele
ano financiadas com dinheiro norte-americano. Além disso, os Estados Unidos, por meio da Aliança para
o Progresso, liberaram ajuda econômica para estados governados por opositores de João Goulart; o
embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon, apoiou as articulações do golpe contra o
presidente brasileiro; e os Estados Unidos, por meio da Operação Brother Sam, interviriam militarmente
no Brasil, caso o golpe dos militares não tivesse dado certo em 1964.
Ditaduras latino-americanas
De 1954 a 1989, o Paraguai foi governado pelo ditador Alfredo Stroessner, responsável pela violação dos
Direitos Humanos de 20 mil pessoas.[1]
O caso do Brasil é muito simbólico porque se trata do maior país e do mais populoso da América Latina,
portanto, do ponto de vista estratégico norte-americano, era fundamental que o avanço de pautas
progressistas fosse barrado e que o alinhamento da política brasileira com os interesses conservadores
dos Estados Unidos se estabelecesse.
Nesse momento, algumas ditaduras pela América Latina já estavam em vigor, mas, a partir do golpe no
Brasil, iniciou-se uma fase em que as ditaduras militares ganharam todo o cone sul do continente. Elas
ficaram marcadas pela prática do terrorismo de Estado. Dentro dessa ideia, considera-se
os sequestros de cidadãos, o uso da tortura, os atentados à bomba e o desaparecimento de
cadáveres — práticas executadas contra os opositores e que resultaram na morte de milhares de
pessoas.
Na década de 1950, um país sul-americano já estava em ditadura: o Paraguai. A ditadura civil-militar
paraguaia estendeu-se de 1954 a 1989, sendo governada durante todo esse período pelo general Alfredo
Stroessner. A ditadura de Stroessner instaurou-se por um golpe contra o presidente constitucional do
país, Federico Chaves.
A consolidação da ditadura de Stroessner contou com o apoio direto dos Estados Unidos, que forneceram
ajuda econômica ao novo governo paraguaio. Ao longo de 35 anos de regime militar, estima-se que cerca
de 20 mil pessoas foram vítimas de violações de Direitos Humanos. Os casos mais conhecidos são os
de garotas sequestradas por agentes do governo para serem estupradas por Stroessner.
Com a consolidação da ditadura no Paraguai e o golpe civil-militar no Brasil, outras ditaduras criaram-se
pela América. Na década de 1960, Bolívia, Peru e Argentina caíram nas mãos dos militares; na década de
1970, foi a vez de Chile, Uruguai e novamente a Argentina. Todos esses regimes fizeram uso de práticas
como a tortura.
Nas décadas de 1970 e 1980, houve uma grande articulação de seis nações sul-americanas para ampliar-
se o combate a opositores e “subversivos” por todo o cone sul. Essa articulação recebeu o nome
de Operação Condor e contou com o envolvimento de Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Bolívia, Uruguai,
sendo também apoiada pelos Estados Unidos.
No restante da América Latina, ainda existiram ditaduras civis e militares na República Dominicana, Haiti,
Panamá, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala. Vejamos agora dois exemplos delas: a chilena e
a argentina.
Ditadura chilena