Parada Cardiorrespiratória

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Bruna Bazaga T11

Parada Cardiorrespiratória
INTRODUÇÃO

É a cessação súbita da função mecânica cardíaca com consequente colapso hemodinâmico. Pode ocorrer concomitante ou
logo após o aparecimento de sintomas. A partir de 4 minutos já há morte neuronal, sendo que em 10 há grandes chances de
evolução para morte cerebral.

A falta de responsividade e ausência de pulsos centrais determinam o diagnóstico de PCR, que deve ser realizado no suporte
básico de vida. Deve-se, portanto, realizar um chamado vigoroso e toque vigoroso nos dois ombros do paciente a fim de checar
responsividade. Depois, checar pulso carotídeo ou femoral e, se dúvida ou pulso não detectado em até 10 segundos, RCP deve
ser iniciada.

No ambiente hospitalar, é muito importante o reconhecimento e prevenção de um paciente na iminência de parada.

– Sinais de alarme (quando os times de resposta rápida devem agir): Comprometimento de vias aéreas, FC < 40 ou >
140; PAS < 90; hipertensão sintomática; diminuição inesperada do nível de consciência; agitação inexplicável; convulsões; queda
do débito cardíaco.

FASES DA PCR

1. Fase elétrica: primeiros 4 a 5 minutos. Desfibrilação imediata e RCP fazem toda a diferença para a sobrevivência da vítima.
Geralmente em ritmo de FV.
2. Fase hemodinâmica: 4 a 10 minutos após PCR. Há depleção dos substratos para o adequado metabolismo.
3: Fase metabólica (acidose e lactato alto): período posterior aos 10 minutos iniciais. Presença de acidose e disfunção celular
importante. Ao tratamento de pacientes nessa fase já podem ser adicionados cuidados pós-PCR, como a hipotermia terapêutica.
Se nesta fase não ocorrer o retorno da circulação espontânea (RCE), as chances de sobrevivência caem drasticamente.

A chance de sucesso é reduzida cerca de 7 a 10% a cada minuto.

ELEMENTOS DA CADEIA DE SOBREVIDA

1. Prevenção e preparação: treinamento do socorrista, reconhecimento precoce e resposta rápida;


2. Ativação do SME;
3. RCP de alta qualidade;
4. Intervenções avançadas de ressuscitação: medicações, intervenções de via aérea avançada e RCP extracorpórea;
5. Atendimento pós-RCP: atendimento ao paciente crítico e controle da temperatura;
6. Recuperação: suporte eficaz para as necessidades físicas, emocionais e da família.

Aspectos fundamentais do BLS:


1- Reconhecimento imediato da PCR
2- Ativação imediata do sistema de resposta a emergências
3- RCP precoce e de alta qualidade
4- Desfibrilação rápida
5- Manuseio básico de vias aéreas

SÍNDROME PÓS-PCR

– Lesão cerebral;
– Disfunção miocárdica;
– Síndrome isquemia-reperfusão;
– Patologia aguda ou crônica persistente que pode ter precipitado a PCR.

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SUPORTE BÁSICO DE VIDA

1. Certificar segurança do local para abordagem inicial da vítima


2. Avaliar responsividade e respiração
3. Ativar rapidamente o SME (192) pedindo ajuda e um desfibrilador externo automático (DEA)
4. Checar pulso rapidamente e iniciar a massagem cardíaca precocemente (compressões de
profundidade entre 5 e 6 cm; ritmo de 100 a 120 compressões por minuto com permissão de
retorno completo do tórax e com menor tempo possível de interrupções e alternando o
massageador a cada 2 minutos).
5. Abrir vias aéreas e ventilar (com dispositivos de barreira como lenço, máscara facial ou
ventilação com dispositivo bolsa-válvula-máscara).
6. Checar pulso a cada 2 minutos (cada 5 ciclos de 30:2).
7. Aplicar o DEA assim que disponível (ligar - aplicar - analisar NÂO tocando na vítima - chocar
se indicado - continuar massageando se ritmo não chocável ou imediatamente após cada
choque).

SUPORTE AVANÇADO DE VIDA

1. Abrir e manter VA aberta, considerar VA definitiva

● Material para IOT: tubo orotraqueal,


laringoscópio, seringa, fio-guia, material de
aspiração, monitorização, ambu e sedação.
● Confirmação primária: ausência de ruídos
epigástricos e MV bilateral (bases e
ápices);
● Fixação adequada;
● Confirmação secundária: capnografia e raio
X tórax (ponta do tubo de 2 a 3 cm acima
da carina)
● Parada por hipóxia = IOT e garante via
aérea.
Capnografia na RCP
2. Ventilações (após IOT: 10 a 12 por minuto);
3. Circulação: monitorização; acesso venoso calibroso; drogas; reavaliar a cada 2 minutos ritmo e pulso; manter massagem
cardíaca rápida, profunda, sem interrupções e reiniciadas a cada choque; trocar massageador a cada 2 minutos para garantir
efetividade. Avaliar o ritmo a cada dois minutos.

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● Possíveis ritmos de parada: Fibrilação ventricular e TV sem pulso são ritmos chocáveis; AESP (atividade
elétrica sem pulso) e assistolia são ritmos não chocáveis.

→ FV

→ TV sem pulso

→ B: AESP;

→ D: Assistolia

⇒ Desfibrilação de FV/TV sem pulso: aplicar choque bifásico (200J) ou monofásico (360J) e reiniciar imediatamente
a RCP.
⇒ Drogas de FV/TV sem pulso: acesso venoso deve ser calibroso (prega cubital - abocath 18) e pode ser
administrado EV ou IO, após a administração das drogas, aplicar 20 mL de SF/AD em bolus e elevar o membro por
10 a 20 segundos (para droga chegar no coração mais rápido).

● Epinefrina (vasopressor): 1mg a cada 3-5


minutos (iniciar após o segundo choque)
● Amiodarona (antiarrítmicos): 300 mg (2
ampolas) e considerar dose adicional de 150
mg (3 a 5 minutos da primeira dose).

○ Dose de manutenção (em 24h): 1


mg/min por 6h seguido de 0,5 mg/min
por 18h.

● Lidocaína (antiarrítmico): 1,5 mg/Kg como


primeira dose, depois 0,5 a 0,75 mg/Kg a cada
5 a 10 minutos com dose máxima de até 3
mg/Kg.

○ Dose de manutenção: 1 a 4 mg/min.

● Sulfato de magnésio: 1 a 2 g em casos de


torsades de pointes (subtipo de taquicardia
ventricular polimórfica).

○ Dose de manutenção: 1 a 2 g/h.

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⇒ AESP: ritmo não chocável.

● Drogas: epinefrina 1 mg EV (repetir a cada 3 a 5


min) – logo que possível.
● Causas de AESP: 5H’s (hipovolemia, hipóxia,
hiper ou hipocalemia, H+, ou seja, acidose
metabólica e hipotermia) ou 5T’s (tamponamento
cardíaco, tromboembolismo pulmonar, trombose coronariana, ou seja, IAM, tensão no tórax, ou seja,
pneumotórax hipertensivo e tóxicos).

⇒ Assistolia (linha reta)

● Protocolo (CAGADA - cabos, ganhos e


derivação): checar eletrodos, conexões e
cabos; aumentar o ganho, ou seja, amplitude e
checar em 2 derivações diferentes.
● Drogas: epinefrina 1 mg (repetir a cada 3 a 5
min);
● Causas (5H’s e 5T’s).

⇒ Fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso

Os ritmos passíveis de desfibrilação são: fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular sem pulso (TVsp). Ambos são tratados
da mesma maneira na PCR, pois frequentemente são gerados pelos mesmos mecanismos e respondem à mesma terapêutica
(desfibrilação precoce – dá a chance do nó sinusal voltar a dar impulso elétrico e assumir – e RCP de alta qualidade até a
chegada do DEA). Além disso, a administração de drogas vasopressoras e antiarrítmicas é necessária em caso de refratariedade
às medidas iniciais.

Na fibrilação ventricular, a contração coordenada do miocárdio é substituída por excitação desorganizada de alta frequência,
resultando em contração desorganizada das fibras miocárdicas e, por consequência, falha do bombeamento de sangue pelo
coração. Principais causas: falta de fluxo sanguíneo adequado para o músculo ou danos no músculo cardíaco devido isquemia,
cardiomiopatia, doença da aorta, toxicidade de drogas e sepse.

A FV representa a principal causa de morte súbita e de PCR não traumática no atendimento pré-hospitalar, e é causada
principalmente por isquemia miocárdica. No ECG: tremulação grosseira da linha de base que não tem complexo QRS.

Na TVsp o ritmo cardíaco é comandado por um foco ectópico localizado no ventrículo, gerando um traçado eletrocardiográfico
com QRS alargado. Quando esse ritmo não é capaz de gerar débito cardíaco suficiente para produzir pulso central, está
instaurado o ritmo de TVsp e o paciente estará em PCR.

⇒ Atividade elétrica sem pulso (AESP) e assistolia

– A “pseudo-AESP” é caracterizada por ausência de pulso central palpável em paciente irresponsivo, mas presença de
contração cardíaca visualizada na ultrassonografia (POCUS). Ela normalmente produz taquicardia com ondas P e complexos
QRS. Seu manejo varia conforme opiniões de especialistas: enquanto alguns sugerem a continuidade das medidas de RCP,
outros sugerem a priorização de medidas de tratamento ao choque circulatório grave, como expansão volêmica e administração
de vasopressores e inotrópicos.

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– Na AESP verdadeira não palpamos pulsos centrais e não visualizamos contração cardíaca à USG (conceito conhecido como
cardiac standstill). Geralmente a AESP verdadeira produz bradicardia com QRS largo e ausência de ondas P. Se não tratada,
uma “pseudo-AESP” pode evoluir para uma AESP verdadeira, que tem prognóstico pior.

QRS estreito sugere causas mecânicas e


expansão volêmica é uma medida inicial
com USG. QRS largo sugere causas
metabólicas.

– Assistolia representa a completa ausência da


atividade elétrica miocárdica. Geralmente reflete
o estágio final de uma PCR não tratada ou
refratária. O primeiro passo ao se deparar com
um paciente em assistolia é confirmar a
ausência de qualquer ritmo, pois existe a
possibilidade de existir um ritmo organizado ou
FV fina que se apresenta em uma determinada
derivação como assistolia (caso o vetor
resultante do ritmo seja perpendicular ao vetor
resultante da derivação).

CUIDADOS PÓS RCP

– Controle direcionado da temperatura – deve ser considerado em todos os pacientes com RCE por período de no mínimo 24
horas com temperatura alvo entre 32 e 36ºC (termômetro esofágico);

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– Otimização da hemodinâmica (pressão) e ventilação – O2 para SpO2 ≥ 94% e evitar hiperventilação (manter paciente
normoventilado) e manter PA, DC e perfusão tecidual. PAM ≥ 65 mmHg/ PAS > 90 mmHg ; pCO2 entre 35 a 45.
– Reperfusão coronária imediata com ICP (intervenção coronariana percutânea em casos sugestivos de coronariopatia);
– Controle glicêmico (entre 150 a 180 mg/dL);
– Tratamento e prognóstico neurológico (ideal é fazer paciente retornar ao nível funcional) – prognóstico neurológico é essencial
no tratamento pós-RCP (realizar TC de crânio o mais rápido possível, RNM; avaliar status subclínico → atividade elétrica
anormal do cérebro, só faz diagnóstico com EEG, achados que simulam, mioclonia pós parada, nistagmo, etc, sugerem crise – e
limitação de sedativos e analgésicos sempre que possível).

TRABALHO EM EQUIPE

– Organizar o grupo
– Monitorar a atuação de cada membro
– Assistência aos membros da equipe
– Seja exemplo de comportamento
– Treina e orienta
– Facilita o entendimento
– Concentra-se no trabalho abrangente do paciente
– É importante para o sucesso que todos conheçam suas funções, estejam preparados para desempenhá-las, conheçam os
algoritmos e tenham compromisso com o êxito.
– Elementos importantes:

1. Comunicação em circuito fechado


2. Mensagens claras
3. Funções e responsabilidades claras
4. Conhecimento das limitações de cada um
5. Compartilhar conhecimento
6. Intervenção construtiva
7. Reavaliação e resumo
8. Respeito mútuo.

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