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LIÇÃO 1

A CONQUISTA DE CANAÃ

O
período da conquista relatada no Livro
de Josué abrange 30 anos: 7 anos de
campanhas iniciais e 23 anos de
combates das tribos, isoladamente. O Livro de
Josué narra a entrada dos israelitas na Terra
Prometida, após a sua peregrinação em de-
manda por essa conquista.
Os personagens deste livro são israelitas
da segunda geração aguardando às margens do
rio Jordão o momento da sua entrada inicial na
Terra da Pro-missão. Os pais dessa geração
haviam recebido, há 39 anos, idêntica oportunidade, mas, por falta de fé, não
puderam aproveitá-la (Hb 4.2). Como consequência daquela tragédia, todos
os israelitas de 20 anos de idade para cima morreram durante os anos de
peregrinação no deserto do Sinai (Nm 1.3).
A nova geração, disposta a não cair em semelhante erro, demonstra que
“a vitória vem pela fé”. A fé destes israelitas constitui o tema da presente
Lição.

ESBOÇO DA LIÇÃO
1. A Chamada de Josué
2. Preparativos para a Vitória
3. Enfrentando o Inimigo pela Fé
4. A Fé Repele os Ataques Inimigos
5. A Herança Ganha pela Fé
6. Uma Pergunta Difícil

1
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 2

OBJETIVOS DA LIÇÃO
Ao concluir o estudo desta Lição, você deverá ser capaz de:
1. Citar a promessa divina feita a Josué (Js 1.5), no momento do
seu chamamento como líder de Israel;
2. Dar o número de espias enviados a Jericó, de acordo com Josué
2;
3. Dizer como Cristo se manifestou de forma pré-encarnada no
Livro de Josué, na fase da conquista de Canaã;
4. Mencionar o grande milagre ocorrido por ocasião da grande
peleja levada a efeito por Josué e os filhos de Israel, em defesa dos gibeonitas;
5. Dizer pelo menos três exortações proferidas por Josué, em seu
último discurso;
6. Explicar como deve ser interpretada a batalha entre os filhos de
Israel e os cananeus.
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 3

TEXTO 1

A CHAMADA DE JOSUÉ
(Js 1)

A promessa divina (1-5)


O Livro de Josué inicia com a promessa feita por Deus a Josué e à nova
geração de israelitas. Deus prometeu: “... como fui com Moisés, assim serei
contigo...” (Js 1.5). Assim vemos que cada geração precisa, por si mesma,
cultivar a comunhão com Deus, bem como travar suas próprias batalhas espi-
rituais e conquistar pela fé suas próprias vitórias.
A promessa de Deus declara ainda: “... não te deixarei, nem te desam-
pararei” (Js 1.5). Esta promessa continua a mesma, século após século, atra-
vés das gerações. Veja a sua semelhança com o seguinte trecho do Novo
Testamento: “... De maneira alguma, te deixarei, nunca jamais te abandona-
rei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não teme-
rei; que me poderá fazer o homem?” (Hb 13.5,6).
Por causa da sua fé, os israelitas receberam como galardão a Terra de
Canaã. Muitas pessoas imaginam Canaã como um tipo do céu, galardão do
crente. Tal comparação não é correta, pois Canaã foi um campo de batalha e
seus habitantes foram expulsos da terra (como de fato aconteceu posterior-
mente). Em termos mais exatos, a experiência da conquista de Canaã pode
ser comparada à vida diária do crente, que enfrenta as mais diversas lutas
espirituais, enquanto cresce na fé e na graça.
A promessa feita por Deus a Josué contém uma locução paradoxal.
Deus disse que daria ao povo de Israel a terra de Canaã, mas depois acres-
centou: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado...” (Js
1.3). Esta aparente contradição envolve um princípio muito importante: nós
recebemos a salvação de uma vez, completa, como dom divino, mas ela vem
acompanhada de muitas bênçãos, promessas e privilégios (Ef 1.3), porém, só
podemos de fato nos apropriar e usufruir dela ao vivermos a vida cristã passo
a passo (Ef 4.1), vencendo, diariamente, a luta espiritual (Ef 6.12).
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 4

As condições propostas (6-18)


Deus ditou a Josué e aos israelitas da segunda geração quatro requisi-
tos para a prosperidade e sucesso na Terra da Promissão. Estes requisitos
estão enumerados nos versículos 6-9:

1. “Sê forte e corajoso...” (v. 6).


2. “... sê... mui corajoso para teres o cuidado de fazer
segundo toda a lei...” (v. 7).
3. “... medita nele (o livro da lei) dia e noite...” (v. 8).
4. “... não temas, nem te espantes...” (v. 9).

Note que Deus não deu instruções quanto à estratégia militar dos
israelitas, mas sim as diretrizes para a perspectiva espiritual de uma vida bem
sucedida.
A mesma promessa divina de prosperidade e sucesso fôra oferecida
aos israelitas da primeira geração, mas, como falharam na obediência aos
requisitos que acom-panhavam tal promessa, nunca conseguiram o prometi-
do “descanso” na terra de Canaã. (Compare Deuteronômio 12.9 com Josué
1.13.) A geração anterior perdeu esse direito por não possuir fé, virtude ne-
cessária para uma luta vitoriosa contra os “gigantes da terra” a ser conquista-
da.
Hebreus 4.1,2 traça um paralelo entre a situação da nova geração de
Israel e a nossa, como crentes em Jesus:

“Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa


de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum
de vós tenha falhado. Porque também a nós foram anuncia-
das as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra
que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acom-
panhada pela fé, como estava naqueles que a ouviram”.

As palavras “... sendo-nos deixada a promessa...” mostram que temos o


direito de desfrutar das promessas divinas e levar uma vida vitoriosa hoje em
dia. Assim como os israelitas da época de Josué, também podemos confiar
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 5

na gloriosa promessa: “... O Senhor, vosso Deus, vos concede descanso e


vos dá esta terra” (Js 1.13).
A geração de Josué aceitou com fé e grande entusiasmo a promessa de
Deus, respondendo ao mandado divino com as seguintes palavras:

“... Tudo quanto nos ordenaste faremos e aonde quer


que nos enviares iremos”. (Js 1.16)

TEXTO 2

PREPARATIVOS PARA A VITÓRIA


(Js 2-5)

Os espias enviados (2)


O capítulo 2 do Livro de Josué trata, de início, do envio de dois espias
israelitas a Jericó. É interessante notar que apenas dois foram enviados,
talvez porque, na geração anterior, só dois espias tinham voltado de seme-
lhante missão com relatório otimista e cheio de fé.
O envio dos espias não demonstrou falta de fé da parte de Josué. Deus
já havia preparado uma mulher, bem no meio da cidade inimiga, para recebê-
los e dar-lhes a necessária acolhida. Os espias chegaram de uma forma
miraculosa, pois a casa dela era apenas uma casinha desconhecida no meio
de tantas outras ali. Os espias enxergaram, com os “olhos da fé”, aquilo que
Deus lhes tinha preparado e voltaram com um relatório positivo! A mensagem
que traziam lhes fora dita pela própria mulher, Raabe, que os hospedou em
sua casa: “... Bem sei que o SENHOR vos deu esta terra, e que o pavor que
infundis caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaia-
dos” (Js 2.9).
O fato de Deus haver tocado de maneira miraculosa no coração da
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 6

meretriz Raabe animou grandemente a fé do exército israelita. O testemunho


daquela mulher convenceu até os mais covardes de que Deus tinha prepara-
do o caminho para a vitória dos que nEle criam: “... o Senhor vosso Deus, é
Deus em cima nos céus e embaixo na terra”. (Js 2.11).
Raabe atou um cordão escarlate à janela da sua casa, à vista dos israelitas,
para mostrar-lhes que naquela cidade pelo menos uma pessoa tinha fé na
vitória deles. A fé de Raabe é apresentada no Novo Testamento como tendo
maior relevância do que a própria destruição de Jericó (veja Tg 2.25 e Hb
11.31). Toda a família de Raabe passou a confiar no Deus vivo (Js 6.25), de
sorte que ela foi honrada de maneira muito especial, tornando-se a trisavó do
rei Davi e, portanto, uma das raízes da família humana de Jesus Cristo (veja
Mt 1.5). Bem disse João pelo Espírito Santo que a fé “... é a vitória que vence
o mundo...” (1Jo 5.4).

Passagem pelo Jordão (3,4)


A primeira grande prova de fé
dos israelitas foi a passagem do rio
Jordão na época de sua maior cheia.
Deus mandou que a Arca da Alian-
ça fosse conduzida adiante do povo,
rio adentro. No momento em que os
pés daqueles que carregavam a arca
tocaram a borda do rio, as águas
recuaram. Os israelitas seguiram
atrás da arca e passaram o rio sem
molhar os pés. Parece-nos óbvia a
aplicação desta verdade em nossa
vida. Deus guia o Seu povo; não o
empurra. Ele vai adiante, mostrando-nos o caminho a seguir. Só assim pode-
mos ter o Seu livramento em meio a perigos e tentações (1Co 10.13).
Ao passarem pelo leito seco do rio, representantes das doze tribos iam
reco-lhendo pedras para a construção de dois memoriais, um no meio do
próprio rio Jordão e o outro em Gilgal, o primeiro acampamento dos israelitas
em Canaã. Deve ter sido uma impressionante lição para o povo de Israel, à
vista dos seus irmãos, que, sem pressa, recolhiam pe-dras no leito seco do
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 7

rio e as colocavam uma em cima da outra na construção de um memorial em


pleno leito do rio! Quando, pouco depois, as águas do rio voltaram ao devido
lugar, cobrindo, comple-tamente, aquele memorial, os israelitas bem sabiam
que, se não fossem o poder e a graça do Deus vivo, lá estariam submersas as
doze tribos de Israel em vez das doze pedras!
O memorial de pedras construído em Gilgal serviu, pois, de perpétua
lembrança do poder de Deus, inspirando os exércitos israelitas em batalhas
futuras, lançadas a partir daquele local, base da conquista de Canaã. Aquele
memorial iria também lembrar à futura geração dos israelitas os milagres
operados por Deus na vida dos seus pais (Js 4.6).

O sacrifício em Gilgal (5)


Gilgal, o primeiro acampamento dos israelitas em Canaã, foi um lugar de
consagração e dedicação de todo o povo. Aqui todos os homens incircuncisos
foram circuncidados, simbolizando a necessidade do coração humano deixar
de lado sua natureza pecaminosa e entregar-se totalmente a Deus (Dt 10.16;
Cl 2.11).
Foi em Gilgal que Deus fez cessar o fornecimento miraculoso do maná
do céu. O povo pôde então, pela primeira vez, provar do produto da terra.
Deus não opera milagres sem que para isso haja uma razão. O povo de Israel
não estava mais no deserto, por isso agora tinha condições de se sustentar
por meio da agricultura.

TEXTO 3

ENFRENTANDO O INIMIGO PELA FÉ


(Js 6-8)

O nome “Josué” significa “Jeová é Salvação”. A forma grega do mesmo


nome é “Jesus”. Josué serve de modelo, ou tipo de Cristo, no Antigo Testa-
mento. Sua obra foi uma sombra da obra futura que seria realizada por Jesus
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 8

Cristo. Cristo é o verdadeiro Capitão do Exército de Deus. Antes do primeiro


ataque israelita contra o inimigo, Cristo em forma pré-encarnada, apareceu a
Josué com uma espada nua na mão, declarando-se “Príncipe do Exército do
Senhor”. Deus quis lembrar a Josué que a fonte de vitória de Israel seria Ele
mesmo, e não os soldados. Cristo é o supremo comandante, tanto nos céus
como na terra. (Veja Mateus 26.53 e 1 Reis 22.19.)
Leia, cuidadosamente, Josué 5.13 até 6.5, verificando as frases que
indicam que o homem que apareceu a Josué foi “o anjo do SENHOR” (po-
dendo ser pré-encarnado de Jesus Cristo), e não um anjo qualquer. O texto
destaca que Josué Lhe prestou adoração e a Bíblia o chama: “SENHOR”.

Jericó (6)
As ordens divinas recebidas por Josué visavam a convencer os filhos de
Israel de que a sua vitória viria de Deus e não da sua própria força. Os
israelitas receberam ordem de rodearem a cidade de Jericó sete vezes, sem
usarem a espada até o final da sétima volta, no sétimo dia, quando Deus faria
cair as muralhas da cidade.
Imagine se Israel tivesse sido obrigado a destruir as muralhas de Jericó
com suas próprias armas! Sabemos que a muralha principal da cidade media
4 metros de largura e que havia também um muro secundário de 2 metros. É
evidente que, na primeira batalha, Deus executou o trabalho todo, demons-
trando ao Seu povo que a vitória ocorre pela fé em Deus e não pelo esforço
humano.
Uma nota destoante nesta maravilhosa história é a desobediência de
Acã. Deus tinha mandado que os despojos de Jericó fossem dedicados total-
mente a Ele, como um tipo de sacrifício das primícias, mas Acã pensou ser
fácil esconder um ato somente de desobediência à ordem divina. A experiên-
cia sofrida por Israel em Ai é prova de que nada se esconde de Deus, nem
mesmo o menor dos pecados. Existem hoje em dia crentes como Acã, que
têm grande fé nos momentos de tribulação e em face de problemas grandes,
mas que são, entretanto, facilmente derrotados por causa de pecados ainda
não confessados e nem abandonados.

Ai (7,8)
Há nos nossos dias congregações fracas e sem vigor porque alguns de
seus membros escondem pecados sem se arrependerem disso. Em tais ca-
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 9

sos, é fácil culpar a Deus pela fraqueza da congregação e perguntar por que
Ele não está operando na Igreja como antigamente. Aprendemos uma lição
essencial com a experiência de Josué, ao ver seu exército voltar derrotado do
combate na cidadezinha de Ai. Josué chorou perante a arca: “... Ah! SE-
NHOR Deus, por que fizeste este povo passar o Jordão, para nos entrega-
res nas mãos dos amorreus, para nos fazerem perecer? Tomara nos con-
tentáramos com ficarmos dalém do Jordão.” (Js 7.7). A resposta de Deus foi
clara e definitiva: “... Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o
rosto?... já não serei convosco, se não eliminardes do vosso meio a coisa
roubada... Há coisas condenadas no vosso meio, ó Israel; aos vossos inimi-
gos não podereis resistir, enquanto não eliminardes do vosso meio as coi-
sas condenadas.” (Js 7.10,12,13).
É óbvio que não devemos culpar Deus pelos nossos fracassos. Em vez
disso, devemos buscar o nosso “Acã” (isto é, o nosso pecado), apedrejá-lo e
levantar sobre ele um montão de pedras (7.26).
Descoberto o pecado escondido, a confissão de Acã apresenta um pa-
drão bem típico: Vi... cobicei... tomei... escondi (7.21). Castigado o pecado
de Acã, Israel ganhou facilmente a batalha contra Ai. Mais importante que a
batalha ganha, foi a lição ensinada: o pecado de um indivíduo pode diminuir a
força espiritual e impedir o progresso da congregação inteira. Não nos sur-
preende, pois, descobrir que o próximo passo dado por Israel foi a constru-
ção de altares de renovação e consagração.

Altares de renovação (8.30-35)


Após a grande vitória em Ai, os israelitas pararam no meio da sua con-
quista para a construção de altares de renovação espiritual. Os obreiros de
Deus em nossos dias podem aprender deste exemplo, pois é uma tendência
muito comum estarem tão atarefados nos combates espirituais a ponto de não
disporem de tempo para tomar conselhos com o “Príncipe do exército do
Senhor”.
Depois de oferecerem sacrifícios de renovação espiritual, os israelitas
realizaram um estudo bíblico bem original. Dividiram-se em dois grupos, dos
quais um subiu ao Monte Gerizim, belo e arborizado, e o outro ao Monte Ebal,
deserto e rochoso. O grupo do Monte Gerizim recitou as bênçãos decorrentes
da obediência, encontradas em Deuteronômio, às quais o grupo do Monte
Ebal respondeu com as maldições decorrentes da desobediência (8.33-35).
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 10

TEXTO 4

A FÉ REPELE OS ATAQUES INIMIGOS


(Js 9-12)

O estratagema dos gibeonitas (9)


Quando o Diabo fracassa nas tentativas de trazer a derrota espiritual
mediante ataque frontal, recorre a diversas ciladas para combater os crentes
(Ef 6.11). Tal caso se deu na experiência dos vitoriosos israelitas. No caso de
Gibeom, Satanás seduziu Israel, resultando em ato de desobediência ao man-
dado divino, que proibia alianças com as nações cananeias.
Embora os gibeonitas morassem a poucos quilômetros do acampamento
israelita, usaram de engano para com Josué, com a aparência de que vinham
de uma terra longínqua.
Calçavam sandálias rotas, vestiam roupas velhas e traziam consigo pão
seco e embolorado. Ao chegarem ao acampamento israelita, os embaixado-
res gibeonitas suplicaram uma aliança com Israel, jurando que vinham de
longe para tal fim. Achando o assunto fácil, os israelitas tomaram decisão sem
pedir conselho a Deus (9.14); essa ação contra a vontade divina trouxe sobre
Israel uma maldição que durou séculos.
A derrota dos reis do centro e do sul (10)
Por causa da palavra dada, os judeus foram obrigados a manter a sua
aliança com Gibeom. Quando os gibeonitas foram atacados por um grupo de
cinco reis do centro de Canaã, Israel foi convocado para defender o seu
“aliado”.
A batalha, na sua fase inicial, parecia favorecer aos reis cananeus, mas
Deus lutava por Israel, mandando uma chuva de pedras que matou a muitos
dos inimigos. “... Mais foram os que morreram pela chuva de pedra do que
os mortos à espada pelos filhos de Israel.” (Js 10.11).
Parecia iminente a vitória, porém, próximo ao anoitecer, o inimigo en-
contraria meios de escape. Demonstrando uma fé invulgar, Josué orou para
que o sol parasse e que não houvesse escuridão naquele dia até que termi-
nasse a batalha e o inimigo fosse vencido.
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 11

O comentário bíblico afirma como foi esta experiência, única em toda a


história humana: “Não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois
dele, tendo o SENHOR, assim, atendido à voz dum homem; porque o SE-
NHOR pelejava por Israel.” (Js 10.14).
Com tal vitória como evidência do poder de Deus, os israelitas estende-
ram a sua campanha até conquistarem todo o sul de Canaã. Eles sempre
triunfaram “... porquanto o SENHOR, Deus de Israel, pelejava por Israel.”
(Js 10.42).

A vitória do norte (11.1-13.7)


Atemorizados pelas vitórias de Israel no sul e no centro de Canaã, trinta
e um reis da região norte formaram uma aliança para defesa mútua. Canaã,
àquela altura, era composta de muitos estados pequenos e independentes,
sem um governo centralizado. Embora parecesse ameaçadora para Israel, a
formação da aliança dos reis do norte foi a maneira que Deus usou para
reunir todos os inimigos do Seu povo em um só lugar para a sua inevitável
destruição.
Formando uma frente unida, o grande exército cananeu vinha dotado de
armas e carros de guerra. Tais apetrechos deveriam assegurar a vitória dos
cananeus, mas Deus planejara uma manobra inesperada, que anulou todos
os esforços inimigos. A batalha se realizou num pantanal chamado “Águas de
Merom”, onde as rodas dos carros de guerra atolaram na lama e os carros
ficaram inutilizados. A Bíblia não nos dá maiores detalhes sobre este assunto,
mas declara que Deus deu a vitória a Israel: “... Não temas diante
deles, porque amanhã, a esta mesma hora, já os terás traspassado diante
dos filhos de Israel; os seus cavalos jarretarás e queimarás os seus car-
ros.” (Js 11.6).
Durante aproximadamente sete anos, Josué continuou na liderança do
povo de Israel e das suas guerras de conquista. Até a data da sua morte,
todas as principais batalhas foram travadas e ganhas (Js 11.18-19).

Muitíssima terra a ser possuída (13.1-6)


Apesar do sucesso das grandes batalhas iniciais vencidas por Israel,
houve ainda uma série de escaramuças posteriores. A terra de Canaã foi,
finalmente, demarcada e dividida, conforme as diretrizes dadas por Deus,
mas cada tribo foi obrigada a lutar pela posse do seu território.
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 12

Antes da distribuição da herança, Deus disse a Josué: “... Já estás


velho, entrado em dias, e ainda muitíssima terra ficou para se possuir.” (Js
13.1). Ficou ainda muita terra para ser conquistada, não por causa da falta de
fé de Josué, mas porque o plano divino era que as terras fossem conquista-
das aos poucos. Deus já tinha dito a Moisés na geração anterior: “Não os
lançarei de diante de ti num só ano, para que a terra se não torne em
desolação, e as feras do campo se não multipliquem contra ti. Pouco a
pouco, os lançarei de diante de ti, até que te multipliques e possuas a terra
por herança.” (Êx 23.29,30).

TEXTO 5

A HERANÇA GANHA PELA FÉ


(Js 13.2-24.33)

Os últimos 12 capítulos do Livro de Josué tratam da distribuição das


terras conquistadas pelas 12 tribos de Israel. Enfocaremos apenas os eventos
principais desta seção, mas o aluno deve prestar atenção às valiosas lições
aplicáveis à sua vida pessoal.

“O Senhor Deus é a sua herança” (13.33)


Com exceção dos levitas, todos os israelitas receberam como herança
um quinhão da terra. Por servirem de ministros e sacerdotes, os levitas não
poderiam viver separados das outras tribos. Eles foram, pois, colocados em
48 cidades através da terra de Canaã. Mesmo nestas cidades, tiveram pou-
cas posses, pois Deus não queria que eles abando-nassem o seu ministério
espiritual para cuidarem da agricultura (como de fato ocorreu posteriormen-
te). Leia Neemias 13.10,11.
O quinhão determinado por Deus para os levitas pode parecer-nos algo
inseguro e mesquinho, mas Deus lhes prometeu, pessoalmente: “... o SE-
NHOR, Deus de Israel, é a sua herança, como já lhes tinha dito.” (Js 13.33).
Ele prometeu suprir todas as neces-sidades da tribo de Levi.
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 13

Às vezes os obreiros cristãos que vivem pela fé (1Co 9.11) são tentados
a abandonar o ministério em favor de uma vida mais acomodada ou de um
trabalho mais lucrativo. O obreiro, porém, deve lembrar-se de que já possui a
maior e mais desejável herança de todas, pois, Deus mesmo promete ser a
herança dos seus ministros, suprindo todas as suas necessidades.

“Dá-me este monte” (14.12)


Muitos capítulos desta seção do Livro de Josué narram a distribuição
das heranças tribais. Um dos casos mais inspiradores é o exemplo de fé
demonstrado por Calebe, um dos velhos espias que trouxeram relatório positi-
vo sobre a futura conquista de Canaã (14.8) tantos anos antes. Por causa da
sua fé, Calebe recebera a seguinte promessa: “... Moisés, naquele dia,
jurou, dizendo: Certamente, a terra em que puseste o pé será tua e de teus
filhos, em herança perpetuamente, pois perseveraste em seguir o SENHOR,
meu Deus.” (Js 14.9).
Calebe acreditou tão plenamente nesta promessa que reivindicou para si
e para a sua família um monte inteiro: “Agora, pois, dá-me este monte...” (Js
14.12). Ele sabia que teria que vencer um inimigo muito forte antes de tomar
posse da sua herança, mas pela fé ele afirmou: “... o Senhor, porventura,
será comigo, para os desapossar, como prometeu.” (Js 14.12).

“Até quando sereis remissos?” (18.3)


Vemos uma crescente tendência da parte dos israelitas de aceitarem
uma pequena parcela de terra em vez de lutarem para ganhar plena herança
garantida por Deus a eles. Josué os advertiu a este respeito, encorajando-os,
pela fé, a reivindicar mais da sua herança. “... Até quando sereis remissos
em passardes para possuir a terra que o SENHOR, Deus de vossos pais,
vos deu?” (18.3). Semelhantemente, hoje, nós os crentes, falhamos com fre-
quência, pois, não nos atrevemos a reivindicar pela fé toda a nossa herança
espiritual. Só possuiremos a plena herança em Cristo ao tomarmos posse
dela pela fé, sem medo de lutas e dificuldades, sem queixas e covardia.
As tribos de Efraim e Manassés tinham recebido duas porções de terra,
mas não quiseram desapossar os inimigos que habitavam na planície e se
contentaram com apenas uma parte do seu quinhão. Aos poucos, porém,
começaram a sentir-se res-tringidos no território conquistado e se queixaram
da insuficiência de espaço (17.14). Ao ouvir isto, Josué lembrou-lhes a plena
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 14

herança que já lhes fôra outorgada e a necessidade de expulsar os morado-


res cananeus para poderem tomar posse daquilo que já era seu (17.17,18).
Assim como essas duas tribos, muitos crentes, hoje, se queixam da
inferioridade do seu papel na obra do Senhor e nos trabalhos da sua congre-
gação. São crentes que querem ganhar posições de importância, com mais
categoria e respeito. Geralmente, esperam tal “promoção” sem terem cumpri-
do as responsabilidades e funções já ao seu alcance.
A herança do crente em Jesus Cristo abrange centenas de promessas
bíblicas, dentre as quais destacamos:

“Reconhece-o (a Deus) em todos os teus caminhos, e ele


endireitará as tuas veredas.” (Pv 3.6).
“a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, pro-
curam glória, honra e incorruptibilidade.” (Rm 2.7).
“... cada um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso
outra vez do Senhor...” (Ef 6.8).
“Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros...” (Tg
4.8).

Assim como os israelitas tomaram posse, por fé, da sua herança na


Terra Pro-metida, também, por fé, devemos nos apropriar, pessoalmente, da
nossa herança em Cristo. As promessas de Deus não podem falhar. “Nenhu-
ma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à
casa de Israel; tudo se cumpriu.” (Js 21.45).

“Esforçai-vos” (23.6)
Os dois capítulos finais do Livro de Josué constituem o grande sermão
de despedida, proferido por Josué aos israelitas. Os ensinamentos deste ser-
mão são muito práticos para os crentes da atualidade. Veja, por exemplo, as
seguintes citações:
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 15

“Esforçai-vos, pois, muito para guardardes e cumprirdes


tudo quanto está escrito no livro da lei de Moisés...” (23.6).
“... não vos mistureis com estas nações que restaram en-
tre vós...” (23.7).
“... ao SENHOR, vosso Deus, vos apegareis...” (23.8).
“... empenhai-vos em guardar a vossa alma,
para amardes o SENHOR, vosso Deus.” (23.11).
“Agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade
e com fidelidade...” (24.14).
“... Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR.” (24.15).

Após ouvirem este poderoso sermão, os israelitas se apresentaram di-


ante de Josué para renovar a sua aliança com Deus. Josué desafiou a todos,
incentivando-os a viver daí em diante pela fé, independentemente da lideran-
ça humana, confiando somente em Deus. Aquele que depende só de Deus
não precisa de constantes estímulos da parte dos outros para manter a sua
fidelidade e consagração pessoal ao Senhor (24.22).

TEXTO 6

UMA PERGUNTA DIFÍCIL

Muitos estudantes da Bíblia, ao completarem a leitura e análise do Livro


de Josué, sentem-se perturbados por uma questão opressiva: como pode ter
Deus exigido o extermínio total dos cananeus, inclusive crianças? (Veja Josué
9.24 e 11.11.) Os conceitos dados a seguir certamente irão ajudar a entender
este assunto.

O plano de Deus
Deus vê o futuro com mais clareza do que o homem vê o passado. Por
meio da Sua capacidade previsiva, Deus sabia que as nações cananeias
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 16

poderiam chegar a ser um tipo de moléstia moral incurável, que destruiria a


raça humana, se não fossem extirpadas a tempo.
Canaã constituía a
encruzi-lhada do mundo antigo,
sendo um local ideal de onde se
poderia influir e doutrinar o mun-
do inteiro. Sabe-mos, de fato,
que os ideais religiosos dos
cananeus vigoraram por muitas
gerações, até os dias do após-
tolo Paulo, 1.445 anos depois.
Na Grécia do primeiro século da
Era Cristã, ainda havia povos
que cultuavam deuses que tinham as mesmas características atribuídas às
divindades cananeias. Assim, dada à potencial influência moral e espiritual
que possuíam, era preferível a destruição de alguns milhares deles na época
de Josué, do que impedir a salvação de milhões de almas nos séculos poste-
riores.
O aluno não deve pensar, nesta campanha, como que se efetuando
entre duas nações, mas antes, como um embate entre Deus e Satanás. Sata-
nás usava os cananeus no seu plano de contaminar todo o mundo e destruir o
plano divino que requeria um povo “santo e separado do mal” para levar ao
mundo a mensagem eterna e preservar a linhagem de Cristo.
Assim como o Dilúvio destruiu o mundo para salvar a Noé e toda a futura
linhagem de Cristo da corrupção (Gn 6-9) e, como Sodoma e Gomorra foram
arrasadas para preservar os descendentes de Abraão (Gn 19), Deus também
ordenou a destruição dos cananeus, para manter a santidade do Seu povo,
cumprindo assim Seu eterno plano de salvação da raça humana. Enfim, o
problema deve ser visto sob o plano divino da redenção da humanidade e não
como um problema específico e local.

A graça de Deus
Aquilo que parece ser crueldade divina na destruição dos cananeus é,
de fato, um ato de misericórdia, uma vez contemplado à luz da eternidade.
Além disso, tais julgamentos de Deus servem para lembrar aos pecado-
res que não se arrependerem que chegará o momento de prestarem contas a
LIÇÃO 1: A CONQUISTA DE CANAÃ 17

Deus. Pedro usou o exemplo do julgamento físico da parte de Deus para


lembrar aos seus leitores o futuro julgamento universal de todo pecado (2Pe
2.6). Raabe, ex-prostituta, arrependeu-se ao ver o julgamento físico operado
por Deus contra os amorreus (Js 2.10).
Naturalmente, todo cananeu tinha a mesma opção que Raabe: poderia
arre-pender-se e ser salvo. Mas quando os cananeus optaram por não se
arrependerem dos seus pecados, Deus endureceu-lhes o coração (Js 11.20).
A sua destruição torna-se em lição para todo pecador em todas as gerações,
pois o Deus vivo e eterno julgará toda impenitência humana. Esse dia se
aproxima.

A justiça de Deus
O pecado dos cananeus tinha aumentado tanto que atingira o nível do
pecado dos tempos de Noé. Eles foram acumulando pecado a pecado, sem
se arrependerem, até que a medida da sua injustiça transbordou. Chegara
agora o tempo do juízo divino, conforme fora dito deles em Gênesis 15.16.
Deus, pois, não agiu precipitadamente no seu julgamento deste pecado. Du-
rante séculos o pecado tinha piorado, sem contudo sofrer o castigo divino.
Conforme o plano de Deus, chegou o momento da colheita do pecado maduro
e consciente.
Israel foi tão somente o agente da vingança divina contra esse mal tão
gene-ralizado. É difícil entender porque Deus quis usar Seu povo santo como
uma espécie de “polícia depuradora” neste julgamento. Evidentemente, foi um
caso extraordinário, não uma norma ou modelo para todos os séculos. Talvez
Deus quisesse que Seu povo, Israel, também aprendesse desta solene lição,
acerca dos efeitos destrutivos do pecado numa cultura humana. Ele quis ad-
vertir os israelitas para que se mantivessem sempre afastados do pecado,
com o que iriam inevitavelmente se defrontar na nova terra conquistada.

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