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DANIEL MIRANDA GOMES

PROFETIZANDO NOVA VIDA


A Visão do Vale de Ossos Secos
DANIEL MIRANDA GOMES

PROFETIZANDO NOVA VIDA


A Visão do Vale de Ossos Secos
Copyright © 2010 por Daniel Miranda Gomes. Proibida a reprodu-
ção sem autorização por escrito do autor.

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada (Sociedade
Bíblica do Brasil) salvo indicação específica.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
______________________________________________________
GOMES, Daniel Miranda, 2010

Profetizando nova vida: a visão do vale de ossos secos / Da-


niel Miranda Gomes. – Curitiba: Gráfica Diniz, 2010.
43p. ; 14x21 cm.

1. Bíblia 2. Antigo Testamento 3. Ezequiel 4. Hermenêutica

CDD-220.221
______________________________________________________
Dedicatória

Ao único que é digno de receber a


honra e a glória, a força e o poder.
Ao Rei eterno, imortal, invisível, mas
real.
SUMÁRIO

Introdução.................................................. 7
1. A necessidade da restauração................. 9

2. O agente da restauração........................ 13

3. Os instrumentos da restauração........... 16

4. Os resultados da restauração................ 21
5

Veio sobre mim a mão do SENHOR; ele me le-


vou pelo Espírito do SENHOR e me deixou no
meio de um vale que estava cheio de ossos, e
me fez andar ao redor deles. Eram mui nume-
rosos na superfície do vale e estavam sequís-
simos.
Então, me perguntou: Filho do homem, acaso,
poderão reviver estes ossos? Respondi: SE-
NHOR Deus, tu o sabes.
Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-
lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR.
Assim diz o SENHOR Deus a estes ossos: Eis
que farei entrar o espírito em vós, e vivereis.
Porei tendões sobre vós, farei crescer carne so-
bre vós, sobre vós estenderei pele e porei em
vós o espírito, e vivereis. E sabereis que eu sou
o SENHOR.
Então, profetizei segundo me fora ordenado;
enquanto eu profetizava, houve um ruído, um
barulho de ossos que batiam contra ossos e se
ajuntavam, cada osso ao seu osso. Olhei, e eis
que havia tendões sobre eles, e cresceram as
carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas
não havia neles o espírito.
Então, ele me disse: Profetiza ao espírito, pro-
fetiza, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim diz o
SENHOR Deus: Vem dos quatro ventos, ó espí-
rito, e assopra sobre estes mortos, para que vi-
vam.
Profetizei como ele me ordenara, e o espírito
entrou neles, e viveram e se puseram em pé,
um exército sobremodo numeroso.
Então, me disse: Filho do homem, estes ossos
são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os
nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa
esperança; estamos de todo exterminados.
Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o SE-
NHOR Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura,
e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à
terra de Israel. Sabereis que eu sou o SE-
NHOR, quando eu abrir a vossa sepultura e
vos fizer sair dela, ó povo meu. Porei em vós o
meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na
vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o
SENHOR, disse isto e o fiz, diz o SENHOR.
Ezequiel 37.1-14
7

INTRODUÇÃO

O capítulo 37 é provavelmente o mais


conhecido do livro de Ezequiel. Ele responde
a uma pergunta feita pela nação de Israel no
capítulo 33, verso 10: “Assim falais vós: Visto
que as nossas prevaricações e os nossos pe-
cados estão sobre nós, e nós desfalecemos ne-
les, como, pois, viveremos?”. A resposta é da-
da por Deus, de uma maneira intrigante. E-
zequiel havia enfatizado a “desolação” que
havia ocorrido na terra prometida (Ez 5.14;
12.20; 23.33; 36.34). Como, então, poderia
esta nação morta reviver novamente? Em sua
visão, Ezequiel observou que o Espírito de
Deus reconstruiria os ossos mortos da nação,
dando-lhes tendões, carne, pele e, finalmen-
te, o sopro da vida.
Importa destacar que estes versículos de-
vem ser lidos e interpretados em conjunto
com a mensagem que se iniciou no capítulo
34 do livro de Ezequiel. A partir deste capítu-
lo, o Senhor falou de um novo pastor (lide-
rança) e novas oportunidades na terra de Is-
rael (capítulo 35), com a esperança renovada
para o crescimento e prosperidade (capítulo
36).
Estas promessas tão esplêndidas foram
recebidas, logicamente, com dúvidas e incre-
dulidade pelo povo de Israel. Vários exilados
tinham testemunhado a total devastação de
suas cidades. Além disso, estavam vivendo
sob o punho de ferro dos babilônios, um país
tão poderoso que uma mudança de domina-
ção mundial parecia impossível nos próximos
séculos.
Esse povo via muitos aspectos negativos
que os impedia de terem uma esperança de
uma nação renovada.
Como poderia vir, então, a restauração?
A resposta é: somente pelo poder de Deus!
Deus regeneraria a nação de Israel, tornan-
do-a forte e poderosa.
9

1
A NECESSIDADE DA RESTAURAÇÃO

A afirmação: “Veio a mim a mão do Se-


nhor e me levou pelo Espírito”, do versículo 1,
indica que Ezequiel estava tendo uma visão.
A expressão “a mão do Senhor” sobre o profe-
ta aparece sete vezes em todo o livro (cf. Ez
1.3; 3.14, 22; 8.1; 33.22; 40.1). Esta expres-
são indica uma experiência estática quando
Deus se manifestava ao profeta Ezequiel.1
O Espírito do Senhor pôs Ezequiel “no
meio de um vale”. Este vale havia sido o cená-
rio de uma grande batalha. Havia ocorrido
um enorme massacre: “o vale estava cheio de
ossos”. Os mortos foram deixados onde caí-
ram e ninguém se preocupou em sepultá-los.
De início a visão já deixa bem claro, para o
profeta, que Deus não toleraria mais o peca-
do e com o tempo traria juízo sobre a nação
de Israel.
Deus fez Ezequiel “andar ao redor dos
ossos” (v. 2). Ele queria que o profeta tivesse
uma idéia do número de vítimas e entendesse
que ali não havia mais esperança de vida.
Entretanto, Deus reafirma ao Seu povo, atra-
vés desta visão, que Ele tem o poder de dar

1
TAYLOR, Preston A. Ezequiel el profeta y su mensaje: una mirada fresca a
un mundo enigmatico. El Paso, Texas: Editorial Mundo Hispano, 2005, p.
246.
vida ao que está morto e que para Ele nada é
impossível (cf. Mc 10.27).
Deus explicou a Ezequiel que “estes os-
sos eram a toda a nação de Israel”. Represen-
tavam a multidão de Seu povo. A aplicação
havia de ser a toda casa de Israel, que incluía
tanto o Reino do Norte como o Reino do Sul.
Alguns eruditos acham que Ezequiel teve
a visão do “vale dos ossos secos” por volta de
585 a.C. Isto indica que a maioria dos cativos
levados a Babilônia com o rei Joaquim havia
estado no exílio por mais de uma década. To-
davia, muitos outros, a exemplo de Daniel e
outros reféns reais que os precederam, já es-
tavam no cativeiro há cerca de 20 anos (des-
de a primeira deportação em 606 a.C.).
A destruição de Samaria em 722 a.C., e
mais tarde a de Jerusalém, no ano 587 a.C.,
foram experiências dramáticas e traumáticas.
Muitos israelitas “perderam a fé”, ou pelo
menos viram suas esperanças reduzidas a
pedaços por um Deus que parecia ter aban-
donado Seu povo à triste sorte (cf. Is 49.14).
Os falsos profetas haviam anunciado uma
breve estadia de dois anos na Babilônia. Po-
rém, com o passar dos anos, a esperança dos
exilados foram frustradas. Desvanecera-se
toda a esperança de um exílio de pouca du-
ração. Desalentados, os judeus considera-
vam-se como ossos mortos, branqueados pelo
tempo, e espalhados à entrada da sepultura,
11

incapazes de viver outra vez. Segundo o pro-


feta Ezequiel, muitos deportados estavam
mais do que desanimados. Esta situação le-
vou os exilados Israelitas a dizerem: “Nossos
ossos se secaram e nossa esperança desva-
neceu-se; fomos exterminados” (v. 11).
A opinião que eles tinham de si mesmos
é vista nas três seguintes afirmações. Eles di-
ziam:
1. “Nossos ossos estão secos”. O tempo
que o povo havia passado no cativeiro tinha
destruído a esperança de que seriam restau-
rados.
2. “Nossa esperança desvaneceu-se”.
Mesmo no cativeiro, no começo o povo espe-
rava um retorno em breve. Essa esperança foi
dissipada não só pela pregação de Jeremias e
Ezequiel, mas também pelos anos no exílio.
3. “Estamos de todo exterminados”.
Como se evidencia nos livros de Jeremias e 2
Reis, o povo foi esparramado por todas as
nações e foram isolados uns dos outros. A si-
tuação frustrou-lhes qualquer visão de ser
uma “nação restaurada”.
A Nova Tradução na Linguagem de Hoje
traduziu muito bem o sentimento do povo de
Israel: “O Senhor me disse: - Homem mortal, o
povo de Israel é como esses ossos. Dizem que
estão secos, sem esperança e sem futuro”.
O povo não tinha mais esperança de um
futuro melhor. A esperança é essencial à sa-
nidade mental das pessoas. Por isso o sábio
declarou: “A esperança que se adia faz adoe-
cer o coração” (Pv 13.12). Além do mais, a
perda da esperança produz cada vez mais a
separação de Deus. Por isso, o Senhor tomou
a iniciativa e deu ao profeta Ezequiel uma vi-
são maravilhosa – uma mensagem de espe-
rança para o povo.
Quanto à quantidade de ossos, Ezequiel
observou que eram “mui numerosos”. Isso i-
lustra o grande número de israelitas no exí-
lio. A nação que outrora fora muito poderosa
era agora um vale de ossos. Além disso, os
ossos estavam muito secos. Eles foram bran-
queados em conseqüência da exposição ao
sol. Aparentemente, não havia mais esperan-
ça de restauração.
13

2
O AGENTE DA RESTAURAÇÃO

Deus perguntou a Ezequiel: “Filho do


homem, acaso, poderão reviver estes ossos?”
(v. 3). O que Ezequiel poderia lhe responder?
A resposta para aquela pergunta parecia ób-
via. O que nós responderíamos? Humana-
mente falando, deveríamos responder com
um sonoro “não” àquela pergunta divina. O
que responderíamos diante daquela situação?
Os céticos diriam: Isso é impossível! Os in-
crédulos diriam: Jamais! No entanto, Ezequi-
el conhecia o incrível poder de Deus, de modo
que respondeu, dizendo: “Eu não sei, mas Tu
o sabes”. O senso comum lhe dizia que era
impossível; mas por reverência a Deus, res-
pondeu: “Senhor Deus, tu o sabes”.
Preston A. Taylor afirma que o profeta
Ezequiel deixou a pergunta em aberto, por
três razões:2
Em primeiro lugar, ele sabia muito bem
que Deus tem o poder da criação e que Ele
pode fazer qualquer coisa a partir do nada.
Aliás, Deus usa o “nada absoluto” como ma-
téria-prima para fazer tudo. Deus tem o po-
der para fazer o que Ele quiser. É por esta ra-
zão que o profeta Jeremias disse: “Nada há
que te seja demasiado difícil” (Jr 32.17).
2
TAYLOR, Preston A. Obra citada, p. 248-249.
Em segundo lugar, os ossos secos podem
reviver por causa das promessas de Deus.
Todos nós sabemos que as promessas feitas
por Deus nunca falharão. É por isso que Pau-
lo disse: “Pois tantas quantas forem as pro-
messas feitas por Deus, todas elas têm em
Cristo o ‘sim’. Por isso, por meio dele, o ‘A-
mém’ é pronunciado por nós para a glória de
Deus” (2 Co 1.20). Deus havia advertido aos
israelitas de que seriam levados ao cativeiro
séculos antes que isso acontecesse, mas
também fez promessas de que os traria de
volta das terras estrangeiras (Dt 4.27-29;
30.1-3; 2 Cr 6.36-38; Is 10.22; Os 3.5; Jr
30.10, etc.).
Em terceiro lugar, os ossos secos podem
reviver por causa do plano e do propósito de
Deus para Seu povo. A confortante mensa-
gem para Ezequiel era que os ossos secos po-
deriam viver novamente, porque esse era o
plano de Deus. Sobre isso, Deus falou por
meio do profeta Jeremias:
Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso
respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e
não de mal, para vos dar o fim que desejais. En-
tão, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu
vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quan-
do me buscardes de todo o vosso coração. Serei
achado por vós, diz o SENHOR, e farei mudar a
vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as na-
ções e de todos os lugares para onde vos lancei,
diz o SENHOR, e tornarei a trazer-vos ao lugar
donde vos mandei para o exílio. (Jr 29.11-14)
15

O que ele planejou pode tardar por causa


das rebeliões humanas, mas os planos de
Deus não podem ser frustrados: “Bem sei que
tudo podes, e que nenhum dos teus planos
pode ser frustrado” (Jó 42.2). Ele levará adi-
ante os planos que tem para com o seu povo
ao longo da história.
3
OS INSTRUMENTOS DA RESTAURAÇÃO

Deus demonstrou que o processo de rea-


vivamento em Israel ocorreria respectivamen-
te em duas etapas:
A primeira etapa consistiria na pregação
da Palavra de Deus: “Então ele me disse: ‘Pro-
fetize a estes ossos e diga-lhes: Ossos secos
ouçam a palavra do Senhor!’” (v. 4). Conforme
se observa na criação e por toda a Escritura,
a palavra de Deus tem um tremendo poder.
Ele trouxe o mundo à existência com as pala-
vras de Sua boca e a Sua palavra fará que o
mundo chegue a seu fim (2 Pd 3.7).
Deus disse a Ezequiel para profetizar so-
bre aqueles ossos e dizer-lhes: “Ossos secos,
ouçam a palavra do Senhor!”. Ironicamente,
Ezequiel alcançaria melhores resultados pro-
fetizando sobre aqueles ossos secos do que
pregando para as pessoas vivas de Israel.
O Senhor Deus deu a Ezequiel uma visão
das coisas que haveriam de acontecer. Disse
que poria tendões e faria crescer carne na-
queles ossos secos e os cobriria de pele. Fi-
nalmente, poria dentro deles o “fôlego de vi-
da”3 e os faria viver novamente (vs. 5,6).

3
A palavra “espírito” é a tradução do hebraico ruach. É traduzida pela NVI,
neste capítulo, como “respiração” (vs. 5, 6, 8, 9, 10), duas vezes por “Espíri-
17

Ezequiel, então, profetizou para aqueles


ossos e, enquanto estava falando, Deus co-
meçou sua surpreendente obra. Durante o
sermão de Ezequiel, ocorreu uma comoção.
Um tremor perturbou sua mensagem. Era o
ruído que os ossos secos faziam ao articula-
rem-se, enquanto se juntavam uns aos ou-
tros, movendo-se cada um ao lugar que lhe
correspondia no corpo. A versão da Sociedade
Bíblica Brasileira traduz o verso 7 como se-
gue: “Assim profetizei, como fui ordenado. En-
quanto eu profetizava, houve um estrondo, e
eis que se fez um terremoto, e os ossos se a-
chegaram osso ao seu osso”. O “ruído” que se
descreve não foi um terremoto, mas o baru-
lho dos ossos que se encaixavam. Todos os
206 ossos do corpo humano se encaixaram
em seu lugar. A frase “cada osso ao seu osso”
representa uma completa restauração da na-
ção israelita.
Logo após, os tendões, a carne e a pele
apareceram sobre os ossos. Todo o vale esta-
va cheio de corpos humanos. Porém, faltava
algo. Ao final, o profeta fez uma constatação
significativa: “não havia neles o fôlego de vi-
da” (v. 8). O que havia acontecido era algo ex-
traordinário, mas os ouvintes, no entanto,
ainda consistiam em homens mortos.

to” (vs. 1 e 14) e uma vez como “vento” (v. 9). A palavra, em hebraico, apare-
ce 378 vezes no Antigo Testamento e 52 vezes em Ezequiel. Neste estudo, ao
invés de respiração ou espírito, empregarei a expressão “fôlego de vida”.
Da mesma forma como havia sucedido
com outros grandes profetas de Deus, que
haviam pregado grandes mensagens àquele
povo, que se estilhaçaram contra ouvidos
surdos (cf Is 6.10), pode ser que aos servos
de Deus se lhes mande pregar a uma “igreja
morta”. Não obstante, homens fiéis pregam
seus sermões, crendo no poder da Palavra de
Deus, para levar vida àqueles que estão mor-
tos.
A segunda etapa do reavivamento consis-
tiria no enchimento do Espírito Santo.
E ele me disse: Profetiza ao Espírito, profetiza, ó
filho do homem, e dize ao Espírito: Assim diz o
Senhor DEUS: Vem dos quatro ventos, ó Espíri-
to, e assopra sobre estes mortos, para que vi-
vam. E profetizei como ele me deu ordem; então
o Espírito entrou neles, e viveram, e se puseram
em pé, um exército grande em extremo. (v. 9,10)
Assim como Deus amorosamente soprou
o “fôlego de vida” nas narinas de Adão, de
modo que este “se tornou um ser vivente” (Gn
2.7), Deus mandou que Ezequiel profetizasse
ao Espírito pedindo a Ele para que outorgas-
se vida a este vasto exército de cadáveres.
Afirmar que o Espírito viria dos “quatro
ventos”,4 significa dizer que Ele viria de todas
as direções, ou seja, dos quatro cantos da
terra (cf. Ez 7.2). O Espírito do Senhor não

4
O termo “quatro ventos” é uma expressão acadiana que se refere aos quatro
pontos cardeais da terra.
19

procede dos ventos, no sentido de identidade


com eles, mas de todos os cantos da terra.
Temos aqui, portanto, o sentido da onipre-
sença e plenitude do Espírito, para infundir
naqueles corpos mortos o fôlego de vida.5
Qual é o significado dessas duas etapas?
John B. Taylor explica que:
A diferença entre elas certamente se encontra
no sentido das expressões proféticas de Eze-
quiel: primeiro ele dirige-se aos ossos, orde-
nando que eles ouçam; e depois, ao Espírito de
Deus, invocando a sua inspiração. A primeira
etapa deve ter sido muito semelhante à ocupa-
ção de Ezequiel, exortando pessoas sem vida a
ouvirem a palavra de Deus. O efeito era limita-
do: aconteceu algo fora do comum, houve ba-
rulho, houve movimentação, mas os ouvintes
ainda eram pessoas mortas. A segunda ação
equivaleu ao ato de orar, pois Ezequiel supli-
cou que o Espírito de Deus efetuasse o milagre
da recriação, soprando o fôlego de vida nas na-
rinas dos seres viventes (cf. Gn 2:7). Desta vez
o efeito foi surpreendente. O que a pregação
não conseguiu realizar por si mesma, tornou-
se uma realidade pela oração.6
O fiel profeta fez como se lhe havia man-
dado e, igualmente como suas demais profe-
cias, viu os resultados imediatos.

5
WISEMAN, Guthrie; MOTYER, J. Alec; STIBBS, Alan M. Nuevo comen-
tario bíblico. 9. ed. El Paso, Texas: Casa Bautista de Publicaciones, 1996, p.
511.
6
TAYLOR, John B. Ezekiel: an introduction and commentary (Tyndale Old
Testament Commentaries). Downers Grove, Illinois: Inter-Varsity Press,
1969, p. 235.
De acordo com John B. Taylor:
Note que, em toda a visão, Ezequiel havia atua-
do recebendo ordens e descreveu sua obediên-
cia implícita aos mandamentos de Deus (vs. 7 e
10). Ao fazer isto, ele realça que o avivamento é
obra de Deus, do princípio ao fim. Se o homem
desempenha alguma parte dela, somente o faz
por obedecer a direção de Deus. O mesmo se
pode dizer da contribuição do homem a qual-
quer avivamento espiritual.7
O Espírito Santo fez sua obra e um exér-
cito grande em extremo se encheu de vida,
estando sobre seus pés e atentos. Foi deste
modo que a visão terminou.

7
TAYLOR, John B. Obra citada, p. 238.
21

4
OS RESULTADOS DA RESTAURAÇÃO

Deus prometeu que daria vida a Seu povo


morto, colocando neles o seu Espírito e o tra-
ria de volta a terra de Israel. Ele disse: “Porei
em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabe-
lecerei na vossa própria terra” (v. 14).
O poder humano jamais poderia dar vida
àquela nação morta. Pelo poder do Espírito,
eles seriam libertos de suas sepulturas no ca-
tiveiro, se lhes restituiria o favor divino, e ha-
veriam de retornar à terra amada: “Eis que
abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela,
ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel” (v.
12). “Trazer” é uma palavra chave, que apa-
rece com freqüência neste livro (56 vezes) e
em Jeremias (cerca de 40 vezes). Seu signifi-
cado é visto neste evento como algo que acon-
tece por intervenção divina. Somente Deus
poderia trazer os israelitas de volta à sua ter-
ra.
Ao repetir uma das frases chave do livro
de Ezequiel, Deus declarou que esta ação en-
sinaria a Israel que Ele é Senhor Jeová: “Sa-
bereis que eu sou o SENHOR” (v. 13). Esses
eventos lhes ensinariam a lição mais impor-
tante de que Deus é o Senhor Jeová e que Ele
é Soberano.
O povo exilado reconhecia que não ti-
nham esperança, pois tudo dava sinais de es-
tarem perdidos. Deus referiu-se a eles como
se estivessem sendo sepultados. Mas o Se-
nhor procurou aquietar a lamentação e o
pranto de Seu povo com a gloriosa promessa
de que “ressuscitaria” a nação e tornaria a
estabelecê-la na terra que lhe havia dado.
Quando eles saíssem de suas sepulturas,
ninguém poderia reivindicar reconhecimento
para si mesmo: “Então, sabereis que eu, o
SENHOR, disse isto e o fiz, diz o SENHOR” (v.
14). Aquele seria um ato exclusivo de Deus!
Agora, o plano estava completo. Em pri-
meiro lugar, deveria haver a restauração físi-
ca, a qual Deus fez quando ressuscitou a na-
ção morta, levantando-os da sepultura (cati-
veiro). Em segundo lugar, a restauração espi-
ritual era necessária, pois um povo espiritu-
almente vivo teria condições de obedecer às
exigências da Aliança feita com o Senhor (cf.
Ez 36.27).
De maneira sobrenatural, o Espírito de
Deus usou o rei Ciro como instrumento na
“ressurreição” de Israel como nação. O decre-
to do rei, divulgado “por todo o seu reino” (Ed
1.1), como que foi para os exilados um sopro
revivificador. A nação pôde se levantar da se-
pultura do seu exílio, como um poderoso e-
xército, marchando harmoniosamente em di-
23

reção à pátria, para reassumir sua posição


entre os países vizinhos.
O vale de ossos secos contém muitos en-
sinamentos. Ele retrata uma nação em ruí-
nas, que Deus prometeu vivificar, reformar e
restaurar, como antecipação da vinda do
Messias. O poderoso Espírito que reavivou a
Israel ainda é capaz de avivar todos aqueles
que estão mortos espiritualmente: “Pelo que
diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de
entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef
5.14).

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