Salário e Remuneração

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Salário e

Remuneração
Salário

É a contraprestação paga diretamente pelo empregador,


independentemente da forma de pagamento e ainda de eventuais
adicionais percebidos como horas extras, insalubridade etc. O salário
pode ser pago em mais de uma parcela ou verba e compreende todos
os valores pagos diretamente pelo empregador.
Remuneração

É a contraprestação paga diretamente pelo empregador e, ainda, por


terceiros, por meio de gorjetas.
As gorjetas são pagas de forma espontânea ou obrigatória, não
integrando o salário, mas a remuneração do empregado.
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para
todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente
pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que
receber. (Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953)
Gorjeta
§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente
dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela
empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à
distribuição aos empregados. (Redação dada pela Lei nº
13.419, de 2017)
Gorjeta
Súmula nº 354 do TST. As gorjetas, cobradas pelo empregador na
nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes,
integram a remuneração do empregado, não servindo de base de
cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional noturno, horas
extras e repousosemanal remunerado.
Gorjeta
Esse valor, calculado sobre a média, reflete nas demais verbas
trabalhistas, calculadas com base na remuneração, como: férias + ⅓,
décimo terceiro salário e FGTS.

Não integra, contudo, as seguintes verbas calculadas com base no


salário: aviso-prévio, adicional noturno, hora extra e descanso semanal
remunerado. Assim sendo, não há reflexo sobre elas do valor das
gorjetas.
DENOMINAÇÕES
DE SALÁRIO
Salário mínimo
Art. 7º, IV da CRFB/88. São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim.
Salário Normativo
Piso salarial
Salário normativo é aquele pago aos empregados de determinada
categoria profissional. Nesse sentido,
pode ser dividido em:
• salário normativo em sentido estrito, que é aquele fixado em
sentença normativa, e
• salário convencional, determinado por meio de acordo ou convenção
coletiva de trabalho.
Salário profissional
Algumas profissões organizadas possuem patamar mínimo fixado em
lei. São os chamados salários profissionais. Esses salários independem
de negociação coletiva (acordo ou convenção).

Ex: Lei n. 3.999/1961


Salário complessivo
O pagamento do salário deve ser realizado de forma clara e
transparente. Desse modo, o empregado saberá exatamente o que
está recebendo. É vedado o salário complessivo, ou seja, o pagamento
sem que haja discriminação, detalhamento de cada uma das verbas
recebidas.
Se a empresa não detalhar as parcelas, poderá pagar duas vezes pela
mesma quantia, a menos que demonstre, de forma clara, quais foram
as parcelas pagas ao empregado
CARACTERÍSTICAS
DO SALÁRIO
a) Caráter alimentar: deriva do papel socioeconômico do salário, pois
atende às necessidades essenciais da pessoa e de sua família. Essa
natureza assegura garantias ao salário como a impenhorabilidade, a
prevalência do crédito trabalhista nos precatórios e a ordem de
recebimento na falência;
b) Caráter forfetário: salário é uma obrigação absoluta do empregado,
independentemente do desempenho da empresa. É um caráter
advindo do princípio da alteridade;
c) Indisponibilidade: a verba salarial não pode ser objeto de renúncia
ou transação pelo empregado durante a relação de emprego;
d) Irredutibilidade: o salário não pode ser suprimido por ato unilateral
ou bilateral; (Princípio da Irredutibilidade) Salvo convenção e acordo
coletivo
e) Periodicidade: é a qualidade de trato sucessivo da verba trabalhista,
que não pode ser paga por período superior a um mês, salvo regras
específicas de gratificações, comissões e percentagens;
f) Persistência ou continuidade: o salário é uma prestação de trato de
sucessivo que deve se repetir ao longo do contrato de trabalho;
g) Natureza composta: o salário é composto de um salário básico e de
inúmeras outras frações econômicas de conteúdo salarial como
adicionais, comissões etc.;
h) Tendência à determinação heterônoma: o salário é fixado
usualmente mediante o exercício da
vontade unilateral ou bilateral das partes contratantes, mas dirigido
por regras jurídicas como o os reajustes do
salário-mínimo;
i) Pós-numeração: o pagamento dos salários é realizado após o
cumprimento das obrigações pelo empregado. Assim, o salário é
devido depois de ultrapassada a dilação temporal correspondente ao
seu cômputo;
j) Caráter sinalagmático: a parcela se contrapõe à obrigação do
trabalhador de prestar os serviços contratados ou de colocá-los à
disposição do empregador.
DO PAGAMENTO
A periodicidade do pagamento deverá ocorrer em intervalos não
superiores a um mês, exceto o pagamento das gratificações,
comissões e percentagens. O salário poderá ser pago por dia, semana,
quinzena ou mês.

Se fixado por mês, o pagamento deve ser efetuado até o 5º dia útil
subsequente ao mês vencido.
Ressalta-se que, se o último dia coincidir com o sábado ou o domingo,
por não haver expediente bancário, prorroga-se para segunda-feira ou
para o próximo dia útil.
Não é possível a celebração de acordo, nem mesmo em âmbito
coletivo, para prorrogar esse prazo de pagamento do salário.
Art. 459, CLT. O pagamento do salário, qualquer que seja a
modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior
a 1 (um) mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e
gratificações.
§ 1º. Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser
efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao
vencido.
Orientação Jurisprudencial nº 159 da SDI-I do TST. Diante da
inexistência de previsão expressa em contrato ou em instrumento
normativo, a alteração de data de pagamento pelo empregador não
viola o art. 468, desde que observado o parágrafo único do art. 459,
ambos da CLT.
O pagamento do salário pago em pecúnia (dinheiro) deverá ocorrer em
moeda corrente do país (real), conforme o art. 463 da CLT:

Art. 463, CLT. A prestação em espécie do salário será paga em moeda


corrente do país.
Parágrafo único. O pagamento do salário realizado com inobservância
deste artigo considera-se como não feito.
Art. 465 da CLT. O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e
no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente
após o encerramento deste, salvo quando efetuado por depósito em
conta bancária, observado o disposto no artigo anterior.
A prova do pagamento será feita mediante recibo. Também tem força
de recibo o comprovante de depósito em conta bancária.
GARANTIAS DE
PROTEÇÃO AO
SALÁRIO
Uma das proteções ao salário do empregado é a proibição de sua
retenção dolosa pelo empregador, conduta que, nos termos da
CRFB/88, configura crime.

Art. 7º, X, CRFB/88. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,


além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (…)
proteção do salário na forma da lei, constituindo crime
sua retenção dolosa;
No entanto, não há lei tipificando a conduta de retenção dolosa de
salários. Dessa forma, o STJ entende que se trata de conduta atípica.

Há previsão expressa de apropriação indébita previdenciária, que


configura como delito, a conduta de deixar de repassar à Previdência
Social as contribuições sociais recolhidas dos contribuintes no prazo
legal Art. 168-A CP
Irredutibilidade
salarial
Intangibilidade salarial

Intangível é sinônimo de intocável, inatacável. Essa garantia veda que


descontos ilegais e abusivos sejam efetuados pelo empregador no
salário. Excepcionalmente, alguns descontos são permitidos:
Intangibilidade salarial
Descontos no salário em razão de dano causado pelo empregado: as
consequências serão distintas a depender se o dano foi causado por
culpa ou por dolo:
Dano doloso: se cometido de forma intencional, o desconto é sempre
possível, em razão da falta de lealdade do trabalhador.
Dano culposo: se cometido por culpa (sem intenção), o desconto será
possível desde que previsto no contrato de trabalho ou norma coletiva
(ajuste feito entre as partes).
Intangibilidade salarial
Descontos autorizados.

Pensão alimentícia
Salário in natura
salário-utilidade: o salário do empregado poderá ser pago em dinheiro
e parte em utilidades. No salário-utilidade ou in natura, ocorre
substituição de parte paga em dinheiro por utilidades que seriam
adquiridas pelo empregado.
Exemplo: moradia e alimentação.
Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no
salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação,
vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do
contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em
caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou
drogas nocivas. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967)
Salário in natura
Art. 82 - Quando o empregador fornecer, in natura, uma ou mais das
parcelas do salário mínimo, o salário em dinheiro será determinado
pela fórmula Sd = Sm - P, em que Sd representa o salário em dinheiro,
Sm o salário mínimo e P a soma dos valores daquelas parcelas na
região, zona ou subzona.
Parágrafo único - O salário mínimo pago em dinheiro não será inferior
a 30% (trinta por cento) do salário mínimo fixado para a região, zona
ou subzona.
Súmula nº 258 do TST. Os percentuais fixados em lei relativos ao
salário in natura apenas se referem às hipóteses em que o empregado
percebe salário mínimo, apurando-se, nas demais, o real valor da
utilidade.

• Empregado urbano: 20% para alimentação e 25% para moradia – calculado sobre o
salário
• Empregado rural: 25% para alimentação e 20% para moradia – calculado sobre o
salário
§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas
como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador:
(Redação dada pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)
I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos
empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do
serviço; (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros,
compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade,
anuidade, livros e material didático; (Incluído pela Lei nº
10.243, de 19.6.2001)
III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno,
em percurso servido ou não por transporte público; (Incluído
pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada
diretamente ou mediante seguro-saúde;
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada
diretamente ou mediante seguro-saúde; (Incluído pela Lei nº
10.243, de 19.6.2001)
V – seguros de vida e de acidentes pessoais; (Incluído pela Lei
nº 10.243, de 19.6.2001)
VI – previdência privada; (Incluído pela Lei nº 10.243, de
19.6.2001)
VII – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001)
VIII - o valor correspondente ao vale-cultura. (Incluído pela Lei
nº 12.761, de 2012)
Para integrar o salário:

1) De forma Habitual
2) Gratuita
3) A lei não deve excluir (R$458,§2º)
4) Pela prestação e serviços

para
§ 2º - É vedado à emprêsa que mantiver armazém para venda de
mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-
lhes prestações " in natura " exercer qualquer coação ou induzimento
no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos
serviços. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
VALE ALIMENTAÇÃO. NATUREZA SALARIAL. O vale alimentação pago
com habitualidade ao trabalhador, por liberalidade da empregadora,
sem a sua adesão ao PAT , ou sem previsão normativa da natureza
indenizatória da parcela, possui caráter salarial, devendo integrar sua
remuneração para todos os efeitos.

Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT


A alimentação fornecida aos empregados não constitui salário in
natura quando as normas coletivas assim dispuserem ou; o
empregado concorrer, total ou parcialmente, para o seu custeio ou;
comprovada a adesão do empregador ao Programa de Alimentação do
Trabalhador (PAT).
Parcelas Salarias
e
Indenizatórias
PARCELAS SALARIAIS:

Refletem nas demais verbas, como férias, 13º e aviso. (Deve recolher
FGTS)
• Comissões e percentagens;
• Gratificações legais;
• Quebra de caixa;
• Adicionais salariais:
– Adicional hora extra
– Adicional noturno
– Adicional de transferência
– Adicional de insalubridade
– Adicional de periculosidade
PARCELAS NÃO SALARIAIS:

Não há reflexo nas demais parcelas. Sobre o valor não incidem


depósitos do FGTS.
• PLR – Participação nos Lucros e
Resultados;
• Ajuda de custo;
• Auxílio-alimentação (vedado o pagamento em dinheiro – Reforma
Trabalhista);
• Diárias para viagem; • Abonos (Reforma Trabalhista);
• Prêmios (Reforma Trabalhista); • Vale-transporte; • Salário-família;
• Seguro-desemprego; • PIS/Pasep; • Stock option; • Parcelas
recebidas em razão da exploração de direito intelectual.
A periculosidade tem como base o percentual de
30% sobre o salário base, já a insalubridade pode
variar de acordo com o risco existente, podendo ser
10%, 20%, 40% sobre o salário mínimo vigente
FGTS
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado
com o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa
causa, mediante a abertura de uma conta vinculada ao
contrato de trabalho. No início de cada mês, os
empregadores depositam em contas abertas na CAIXA, em
nome dos empregados, o valor correspondente a 8% do
salário de cada funcionário.
O FGTS é constituído pelo total desses depósitos mensais e
os valores pertencem aos empregados que, em algumas
situações, podem dispor do total depositado em seus nomes
ESTABILIDADE
Empregada gestante

Art. 10 do ADCT. Até que seja promulgada a lei complementar a


que se refere o art. 7º, I, da Constituição:
(...)
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
(...)
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
Empregada gestante

Art. 25, parágrafo único da LC nº150/2015. A confirmação do


estado de gravidez durante o curso do contrato de trabalho,
ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou
indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade
provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.
Empregada gestante

Súmula nº 244, I, do TST. O desconhecimento do estado gravídico


pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da
indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT).
Empregada gestante

Súmula nº 244, I, do TST. O desconhecimento do estado gravídico


pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da
indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT).

Igualmente ao TST, o STF firmou tese em repercussão geral de


que a estabilidade da gestante somente exige a anterioridade da
gravidez à dispensa sem justa causa (RE 629.053 – Relator: Min,
Marco Aurélio, Data de publicação: 27/02/2019).
Empregada gestante

A empregada gestante perde o direito à estabilidade no caso de


cometimento de falta grave prevista no art. 482 da CLT, que
admite a dispensa por justa causa.
DEMISSÃO
3 dias a cada 1 ano
após o segundo

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