A Injustica Do Sistema Sistema Tributario Injusto
A Injustica Do Sistema Sistema Tributario Injusto
A Injustica Do Sistema Sistema Tributario Injusto
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A injustiça do sistema - Sistema tributário injusto
De fato, reforma tributária é um tema sobre o qual o Congresso Nacional já se debruçou várias
vezes, nas últimas décadas. Em vão. Desde 2007, um projeto de autoria do Executivo tem sido
discutido e sucessivamente alterado, recosturado e retardado em sua tramitação. A poucos
dias do recesso parlamentar de julho, o governo ainda tentava articular com os líderes dos
partidos políticos um novo texto de consenso.
Outras mudanças propostas são a criação de uma única legislação nacional; a redução do
volume de tributos e a desoneração das folhas de pagamentos e investimentos. Há, também, a
intenção, por parte de algumas correntes, de vincular certas receitas a gastos específicos,
como educação, saúde e previdência, um complicador a mais na negociação.
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questão fiscal".
"Trata-se, sem dúvida, de um documento histórico. Pela primeira vez, temos um trabalho claro,
acessível, que demonstra, com isenção e sem comprometimentos partidários, que o sistema
tributário brasileiro é inadequado", diz, acrescentando que de sua elaboração participaram,
efetivamente, todos os setores da sociedade (empresários, governo, trabalhadores, academia),
o que assegura legitimidade ao documento. Para o empresário, o primeiro passo para se
avançar na direção do que o CDES propõe, antes mesmo da reforma tributária, é procurar
reduzir os impostos indiretos. Injustos, eles incidem sobre o produto e, portanto, são cobrados
de todos que consomem, independentemente da renda.
Para o diretor de Estudos Sociais do Ipea, Jorge Abrahão, o grande mérito do estudo
elaborado pelo corpo técnico do Observatório da Equidade é a "quantificação de uma realidade
e, consequentemente, a possibilidade de, daqui a um ou dois anos, à luz de uma nova
pesquisa, poder dizer se o Brasil avançou ou regrediu" na questão da equidade tributária.
Abrahão diz que o brasileiro sempre reclama que paga muito imposto, mas, na verdade há uma
má distribuição da carga tributária. Para exemplificar, ele diz que o documento elaborado pelo
Observatório mostra que, de fato, a maioria da sociedade paga demais, enquanto uma
pequena parcela, a dos mais ricos, paga de menos. "O setor que se sustenta sobre o
patrimônio não paga imposto. Recolhe, mas não paga, na verdade, porque repassa para o
preço final ao consumidor o custo dos tributos", exemplifica. O estudo do Observatório,
comenta ele, oferece à sociedade informações qualificadas e quantificadas para que essa
discussão se dê de maneira ampla, entre todos os setores sociais, sem as tendências
partidárias.
O estudo do Observatório ressalta que um sistema tributário justo "deve ter como princípio
norteador a equidade", segundo a qual o ônus fiscal deve ser distribuído de maneira
progressiva: aqueles que contam com maior nível de rendimento e estoque de riquezas devem
contribuir proporcionalmente mais com o pagamento de tributos.
Não é o que ocorre. Os tributos diretos, incidentes sobre a renda e o patrimônio, têm sido
gradualmente suprimidos. E são os que permitem melhor justiça fiscal.
Até o exercício de 2008, apenas duas faixas de renda dividiam os cidadãos para efeito de
pagamento de Imposto de Renda; no passado, chegaram a haver até 13 faixas. Neste ano, o
governo ampliou a tabela para quatro faixas de rendas.
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Paulo Bernardo ressaltou, entretanto, que o governo fez uma série de aperfeiçoamentos no
sistema tribuário. "Fizemos sucessivas negociações para diminuir tributos", lembrou ele,
citando como exemplo a criação do sistema de tributação simplificada para microempresas e
empresas de pequeno porte (Simples).
Para o técnico do Ipea José Aparecido Ribeiro, que trabalhou diretamente com o levantamento
de informações e na elaboração do documento final, além da injustiça cristalizada pelo sistema
tributário, o cidadão e o empresário são massacrados por uma carga de impostos muito acima
da definida em lei. Os créditos fiscais, por exemplo, não são concedidos ou o são em 12, 24 ou
36 meses.
"Imagine o caso de uma empresa que precisa investir e que, para isso, lança mão de um
programa de incentivo qualquer que lhe dá alguma isenção na compra de máquinas, por
exemplo. Só que, em vez de obter o desconto a que faz jus na hora da compra, ela precisa
esperar que o governo, federal ou do estado ou do município, lance esse crédito. Muitas vezes,
porém, são criadas enormes dificuldades burocráticas que impedem ou dificultam a efetivação
do benefício", explica. Esse custo segundo ele, no fim das contas, cairá no bolso do
consumidor final.
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Estudo do Ipea confirma: população de menor renda é penalizada pelo sistema tributário
brasileiro
Oestudo "Receita pública: quem paga e como se gasta no Brasil", divulgado no mês passado
pelo Ipea, confirma as conclusões do Observatório da Equidade: os pobres são mais
penalizados pela carga tributária do que a parcela que tem ganhos mais altos. Segundo o Ipea,
os trabalhadores que ganham o equivalente a até dois salários mínimos trabalham 197 dias por
ano para pagar impostos. Já os que ganham mais de 30 salários mínimos destinam 106 dias
por ano ao pagamento de tributos. Se a carga tributária fosse distribuída igualmente entre
todos, cada contribuinte teria que trabalhar 132 dias por ano para pagar impostos.
De acordo com o estudo, a faixa salarial de até dois mínimos arca com uma carga tributária de
53,9%, percentual que diminui gradativamente nas faixas de maior rendimento. A carga
tributária cai para 41,9% na faixa salarial entre dois e três salários mínimos, para 37,4% na
faixa entre três e cinco salários, até chegar a 29%, paga por quem ganha mais de 30 salários
mínimos por mês.
O estudo, feito com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
da Secretaria do Tesouro Nacional, pressupõe uma carga tributária total de 36,2%, no ano de
2008.
Mas o estudo pondera que o dinheiro arrecadado financia inúmeros serviços e programas
sociais, como a Previdência Social, educação e saúde e também paga a conta de juros do
governo. O pagamento de aposentadorias e pensões previdenciárias urbanas, por exemplo,
consome 4,53% do PIB, ou 16,5 dias de trabalho de cada contribuinte. O pagamento desses
benefícios aos trabalhadores rurais consome mais cinco dias de trabalho de todos. O programa
Bolsa Família, que em 2008 beneficiou 11,6 milhões de famílias, custa 0,38% do PIB ou 1,4 dia
de contribuição.
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Além dos gastos na área social, o dinheiro arrecadado com impostos financia investimentos em
infraestrutura, segurança nacional, segurança pública e meio ambiente, por exemplo. "É
importante esse exercício para dar visibilidade ao fato de que a arrecadação dos tributos não
desaparece pura e simplesmente nas entranhas da burocracia. Ela financia a atuação do
Estado, e boa parte desta atuação se dá pelo pagamento de benefícios de distintas formas, e
pela prestação de bens e serviços a enormes contingentes da população", ressalta o
documento.
Entre as grandes despesas, pagas pelos contribuintes, está a conta de juros: "É importante dar
o devido destaque ao montante destinado ao pagamento de juros da dívida pública", que, no
ano passado, consumiu 3,8% do PIB. Os contribuintes brasileiros trabalham 14 dias por ano só
para pagar juros da dívida pública. "Mas a situação já foi ainda mais grave: em 2007, as
despesas federais com juros foram de 5,4% do PIB, o equivalente a cerca de 19,5 dias de
trabalho do contribuinte", lembra o estudo. A conta de juros, incluindo os gastos dos estados e
municípios, consumiu, em 2008, quase um sexto de toda a carga tributária arrecadada.
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