Desigualdade e Imposto
Desigualdade e Imposto
Desigualdade e Imposto
DESIGUALDADE E IMPOSTO
CURITIBA-PR
2022
1. Imposto de renda e desigualdade
1.1 Tributação
● Cada indivíduo deve ser taxado de acordo com a sua habilidade para pagar;
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free-riders. Tem-se ainda a dificuldade de medir o benefício individual, em termos
monetários, que definiria o valor do imposto a ser pago.
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Os impostos sobre veículos, imóveis e terras, pagos por ricos e pobres,
também estão desequilibrados. Em muitas cidades, em especial nas menores, os
imóveis não estão detalhadamente cadastrados, e o valor do imposto acaba sendo
apenas simbólico — pesando mais no bolso dos pobres. Mesmo quando estão
corretamente cadastrados, o valor venal de casas, apartamentos e terrenos costuma
estar defasado, não correspondendo ao preço de mercado. Tal defasagem prejudica
mais os pobres no pagamento do IPTU. Já o Imposto Territorial Rural (ITR), que
incide sobre as fazendas, corresponde a cerca de 0,1% da arrecadação federal.
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1.4 Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF)
Valor a deduzir do
Base de cálculo mensal Alíquota
IR
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Também é consenso que o teto salarial que garante a isenção do IRPF está
defasado, fazendo com que muitas pessoas de baixa renda fiquem acima dele e
tenham que pagar o IR. Outro problema é que a faixa mais alta atinge as pessoas
com rendimento mensal a partir de R$ 4.664,68, obrigando-as a pagar a alíquota
máxima de 27,5%. Isso significa que quem recebe R$ 5.000,00 por mês paga a
mesma alíquota de quem recebe, por exemplo, R$ 50.000,00. Em outros países é
possível encontrar mais faixas salariais e alíquotas superiores, na Coreia do Sul, por
exemplo, há sete faixas, e a alíquota mais alta do Imposto de Renda é de 42%.
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evidências que a desigualdade de renda no Brasil é mais alta do que se imaginava e
permaneceu estável no período.
O PNAD é uma pesquisa domiciliar feita pelo IBGE que produz informações
básicas para o estudo do desenvolvimento socioeconômico e permite a investigação
dos indicadores conjunturais de trabalho e rendimento.
Embora existam vários fatores concorrendo para que o Brasil seja um dos
países mais desiguais do mundo, a concentração de renda é uma das mais
importantes. Ela deixa para trás metade da população brasileira, que divide apenas
10% do total da renda do país. Enquanto os 10% mais ricos ocupam 60% do total da
renda. Tal concentração de recursos acaba por definir uma assimetria de poder que
afeta todas as relações, desde a distribuição das oportunidades, à sobreposição do
poder econômico sobre o poder político, afetando o próprio funcionamento da
democracia e do sistema tributário, que passa a reproduzir a desigualdade do
sistema.
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Gráfico 1
Curva de Lorenz: Segundo o artigo de referência, 90% da população possui 40% da renda. Medida a
partir de dados tributários que indica estabilidade do índice.
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renda manteve-se praticamente estável, com o coeficiente de Gini maior e mais
estável que aqueles obtidos com os dados do PNAD.
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Gráfico 3
Segundo recente estudo publicado pelo IBGE[1], o índice de Gini não deve
ser utilizado isoladamente como um indicador para avaliar a desigualdade ou as
condições sociais de um país pelo simples fato de que desigualdades sempre
existirão.
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Uma variável importante para esse fim é o índice de desenvolvimento humano
(IDH), criado em 1990 pelo PNUD – Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, que leva em consideração três características socioeconômicas
de uma região: Expectativa de Vida ao Nascer; Anos de Estudo e PIB per capita.
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Como medidas para o desenvolvimento e o combate à pobreza destacam-se:
investimentos em infraestrutura (estradas, portos, ferrovias, aeroportos); maior
abertura econômica; maior cooperação entre governo, empresários e trabalhadores;
fortalecimento do Estado de Bem-estar Social (previdência, saúde, educação e
outras transferências de renda) e do consumo interno; e investimentos em pesquisa
e inovação.
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Na sua reflexão, entendem que a tributação sobre Renda e Consumo, como
instrumento para Redistribuição da Renda diminui tanto a produção quanto o poder
aquisitivo dos contribuintes, levando a uma perda de qualidade de vida (Hoppe);
tributação sobre o Patrimônio (acumulação de renda) reduz a criação de nova
riqueza e o padrão de vida (Hayek); tributos geram distorções no sistema de preços
= peso-morto (Mises); justiça social orienta ações políticas que aproximam o Estado
de um Sistema Totalitário; e Impostos sobre o Capital, a Herança e a Propriedade
são autodestrutivos se levados a extremos (Rothbard).
Uma outra vertente defende a criação de um novo tributo que incida sobre a
movimentação financeira, com a pretensão de ser um Imposto Único, substituindo
todos os demais impostos existentes no país, e que cumpriria bem o papel do tributo
ótimo. Uma proposta do atual governo federal para tal imposto, com alíquota de
0,2%, prevê arrecadar cerca de 125 bilhões de reais, sobre uma movimentação
financeira anual estimada de 62 trilhões de reais.
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sistema financeiro nacional (SFN), substituindo suas movimentações financeiras por
dinheiro, criptomoedas, e outras práticas de elisão fiscal; b) a necessidade de
criação de um mecanismo justo e automático de distribuição do montante
arrecadado, entre a União, os Estados e os Municípios, evitando entraves, atrasos e
interferências políticas nos repasses.
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Referências
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BRASIL cai cinco posições e agora é o 84º no ranking de IDH da ONU.
Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/brasil-cai-cinco-posicoes-
e-agora-e-o-84-no-ranking-de-idh-da-onu. Acessado em 20 mar 2022.
SILVA, C. R. P.; MARQUES, N. Texto para discussão 1649: Movimentação
financeira.
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais – Uma Análise das Condições de Vida da
População Brasileira. p. 51. Rio de Janeiro: 2020. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101760.pdf. Acesso em: 30 mar
2022.
REVISTA IstoÉ Dinheiro. Prepara-se para pagar mais um imposto. ed. 1183, de
07/08/2020. Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/prepare-se-para-pagar-
mais-um-imposto. Acesso em: 20 mar 2022.
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