Satisfação Com A Imagem Corporal, Autoestima e Variáveis Morfológicas

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Satisfação com a Imagem Corporal,

Autoestima
e Variáveis Morfológicas

Estudo comparativo em adolescentes


do sexo feminino praticantes e não praticantes
de Ginásticas de Academia
UNIVERSIDADE DO PORTO
f LifCf ■
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Satisfação com a Imagem Corporal,


Autoestima
e Variáveis Morfológicas

Estudo comparativo em adolescentes do


sexo feminino praticantes e não praticantes
de Ginásticas de Academia

Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de


Mestre em Ciências do Desporto na área de especialização
de Desporto de Recreação e Lazer, sob a orientação da
Prof8. Doutora Maria Olga Fernandes Vasconcelos.

Sara Alexandra Pereira Araújo


Outubro 2001
Agradecimentos

Apesar do carácter individual que é inerente a esta dissertação, a sua elaboração


não teria sido possível sem a colaboração, orientação, apoio e incentivo de várias
pessoas.
Desta forma, não poderia deixar de expressar publicamente o meu agradecimento
e gratidão às seguintes pessoas e instituições:

À Professora Doutora Olga Vasconcelos, pela orientação, apoio, disponibilidade e


sabedoria transmitida.

A todos os Professores do VI Curso de Mestrado em Ciências do Desporto,


especialização de Desporto de Recreação e Lazer, pelo saber científico que
transmitiram.

Ao Professor Doutor Rui Garganta, pelas orientações concedidas.

A todos os colegas do VI Curso de Mestrado em Ciências do Desporto,


especialização de Desporto de Recreação e Lazer, pelas experiências, amizade e
espírito de solidariedade desenvolvido. Um agradecimento especial para a Sandra
Castro, pelos incentivos nos momentos mais difíceis.

Ao Ginásio As Razões do Corpo, pela disponibilidade da instituição e do material


de antropometria.

Ao Conselho Executivo da Escola D. Afonso Henriques, pelas facilidades e apoios


concedidos.

Aos Professores de Educação Física da Escola D. Afonso Henriques, pela


compreensão e disponibilidade dos seus alunos para a realização do trabalho
experimental.

ii
Às alunas do Ginásio As Razões do Corpo e da Escola D. Afonso Henriques, pela
boa vontade e disponibilidade com que sempre realizaram as tarefas pretendidas.

Aos meus pais e irmã, pelo carinho, paciência, compreensão e ânimo que sempre
me transmitiram.

A todos os meus amigos que de alguma forma colaboraram neste trabalho.

Ao Tozé, um agradecimento muito especial pelo carinho, compreensão, paciência


e apoio prestados ao longo desta caminhada.

A todos, o meu muito obrigado!

iii
Resumo

O presente estudo pretendeu investigar a satisfação com a imagem corporal, a autoestima e as


variáveis morfológicas (antropometria, composição corporal e somatótipo) em adolescentes do sexo
feminino praticantes e não praticantes de Ginásticas de Academia.
A amostra foi constituída por 76 adolescentes, prepubertárias e pospubertárias, com idades
compreendidas entre os 10 e os 17 anos. Destas, 35 praticam actividade física e 41 não praticam.
A satisfação com a imagem corporal foi avaliada através do Body Image Satisfaction Questionnaire
(Lutter et al., 1986, citado em Lutter et al., 1990). Para a avaliação da autoestima foi utilizada a
Rosenberg Self-Esteem Scale (Rosenberg, 1965). Os indicadores antropométricos e a composição
corporal foram avaliados através dos métodos da Bioimpedância e das Pregas de Adiposidade
Subcutânea (pregas subescapular, tricipital, suprailíaca, abdominal, crural e geminai). A avaliação
dos tipos de somatótipos foi efectuada, utilizando os dez somatótipos mais representativos para o
sexo feminino extraídos do Atlas for Somatotyping Children (Peterson, 1967), para adolescentes
prepubertárias, e os dez somatótipos-referência (BIAPS, Sobral et ai, 1997) mais frequentes no
mesmo sexo, para adolescentes pospubertárias.
Recorreu-se ainda a um questionário de identificação pessoal, actividade física e estatuto menarcal,
o que permitiu dividir a amostra em adolescentes prepubertárias e pospubertárias.
Os procedimentos estatísticos utilizados foram a média e o desvio padrão, a distribuição de
frequências, o alpha de Cronbach, o teste post hoc de comparação múltipla de Scheffé e o
coeficiente de Pearson.
Os resultados desta investigação permitiu-nos verificar que:
A actividade física e a menarca surgiram associadas aos indicadores antropométricos.
A menarca surgiu associada às pregas de adiposidade subcutânea.
A actividade física e a menarca surgiram associadas aos somatótipos percepcionado e preferido.
A actividade física e a menarca surgiram associadas à autoestima.
A actividade física não surgiu associada à satisfação com a imagem corporal.
A menarca surgiu associada à satisfação com a imagem corporal.
Verificou-se uma correlação negativa entre a satisfação com a imagem corporal e a autoestima.

Palavras Chave: Satisfação com a imagem corporal; Autoestima; Somatótipo; Antropometria;


Composição corporal; Ginásticas de Academia.

iv
Abstract

The present study was to investigate the body image satisfaction, the self-esteem and the variable
morphological (anthropometry, body composition and somatotype) in adolescents of the female sex
who go and who don't go to the gym activities.
The sample was constituted by 76 adolescents, pre-puberty and post-puberty, aged between 10 and
17. 35 of which practise physical activities and 41 did not.
The body image satisfaction was evaluated by the Body Image Satisfaction Questionnaire (Lutter et
al., 1986, quoted by Lutter et al., 1990). To evaluate the self-esteem the Rosenberg Self-Esteem
Scale (Rosenberg, 1965) was used. The anthropometrical indicators and the body composition were
evaluated by the Bioimpedance and the adiposity subcutaneous skinfolds (subscapular, triceps,
suprailiac, abdominal, thigh, calf skinfolds). The evaluation of the different somatotypes was made,
using the ten somatotypes which are more representative to the female sex extracted from Atlas For
Somatotyping Children (Peterson, 1967), for pre-puberty adolescents, and another ten somatotypes
as reference (BIAPS, Sobral et al., 1997) more frequent in the same sex, for post-puberty
adolescent.
We resort to a personal identification questionnaire, physical activity and menstrual statute, which
allowed to dévide the sample into pre-puberty and post-puberty adolescents.
The statistical procedures used were the average and the standard deviation, the distribution of
frequencies, the alpha of Cronbach, the post-hoc test of the multiple comparison of Scheffé and the
Pearson coefficient.
The results of this investigation led us to verify that:
The physical activity and the first menstruation appeared associated to the anthropometrical
indicators.
The first menstruation appeared associated to the subcutaneous adiposity skinfolds.
The physical activity and the first period appeared associated to the somatotypes were made aware
and preferred.
The physical activity and the first menstruation appeared associated to self-esteem.
The physical activity did not appear associated to the body image satisfaction.
The first menstruation appeared associated to the body image satisfaction.
A negative correlation was verified between the body image composition and the self-esteem.

Key Words: Body image satisfaction; Self-esteem; Somatotype; Anthropometry; Body composition;
Gym activities.

v
Résumé

Le présent étude prétend investiguer la satisfaction avec l'image corporelle, l'autoestime,


l'évaluation des types des somatotypes et les caractéristiques anthropométriques et la composition
corporelle sur les adolescents du sexe féminin pratiquants et non pratiquants de gymnastiques

d'Académie.
L'échantillon a été constitué par 76 adolescents, pré-puberté et post-puberté, avec des âges
compris entre les 10 et 17 ans. De celles ci, 35 pratiquent de l'activité physique et 41 n'en pratiquent

pas.
La satisfaction avec l'image corporelle a été évaluée à travers du Body Image Satisfaction
Questionnaire (Lutter, ef al., 1986, cité dans Lutter et al., 1990). Pour l'évaluation de l'autoestime on
a utilisé le Rosenberg Self-Esteem Scale (Rosenberg, 1965). Les indicateurs anthropométriques et
la composition corporelle ont été évalués à travers des méthodes de la Bioimpediênce et des plies
d'adiposité sous-cutané (plies sous-scapulaire, tricipitalle, supra-iliaque, abdominal, crural et
soulaire). L'évaluation des types des somatotypes a été effectuée, en utilisant les dix somatotypes
les plus représentatifs pour le sexe féminin retirés de l'Atlas for Somatotyping Children (Peterseon,
1967), pour adolescents pré-puberté, et les dix somatotypes -référence (BIAPS, Sobral ef al, 1997)
plus fréquents dans le même sexe, pour adolescents post-puberté.
On a aussi fait un questionnaire d'identification personnel, activité physique et statut menstruel, ce
qui a permis de diviser l'échantillon en adolescents pré-puberté et post-puberté.
Les procédures statistiques utilisés ont été la moyenne et le déviation standard, la distribution de
fréquences, l'alpha de Cronbach, le test post hoc de comparaison multiple de Scheffé et le
coefficient de Pearson.
Les résultats de cette investigation nous ont permis de vérifier que :
L'activité physique et le début de la menstruation ont surgis associés aux indicateurs
anthropométriques.
Le début de la menstruation a surgi associé aux plies de l'adiposité sous-cutanée.
L'activité physique et le début de la menstruation ont surgis associés aux somatotypes
perceptionnés et préférés.
L'activité physique et le début de la menstruation sont apparus associés à l'autoestime.
L'activité physique n'a pas apparu associée à la satisfaction avec l'image corporelle.
Le début de la menstruation a surgi associé à la satisfaction avec l'image corporelle.
On a vérifié une corrélation négative entre la satisfaction avec l'image corporelle et l'autoestime.

Mots Clefs: Satisfaction avec l'image corporelle; Autoestime; Somatotype; Anthropométrie;


Composition corporelle ; Gymnastiques d'Académie.

VI
ÍNDICE GERAL

ll
Agradecimentos
1V
Resumo
v
Abstraí
vi
Résumé
vii
índice Geral
x
índice de Quadros

12
I - INTRODUÇÃO

13
1. Preliminar
15
2. Colocação do problema
16
3. Definição de objectivos

II - REVISÃO DA LITERATURA 17

18
1. Imagem Corporal
1.1. Conceito de imagem corporal 18
1.2. Imagem corporal na adolescência 21
1.3. Imagens corporal e seus campos de associação 22
1.3.1. Sexo 22
1.3.2. Idade 24
1.3.3. Morfologia 29
32
1.3.4. Peso corporal
35
1.3.5. Actividade física
39
2. Autoestima
39
2.1. Conceito de autoestima
2.2. Autoestima e seus campos de associação 41
41
2.2.1. Sexo
42
2.2.2. Idade
44
2.2.3. Peso corporal
vu
2.2.4. Actividade física 46

3. Imagem Corporal, Autoestima e Actividade Física 48

III - METODOLOGIA 52

1. Caracterização da amostra 53
2. Procedimentos metodológicos 53

2.1 .Questionário de identificação pessoal, actividade física e estatuto menarcal 54


2.2. Avaliação antropométrica e da composição corporal 55
2.2.1. Balança de bioimpedância 55
2.2.2. Pregas de adiposidade subcutânea 56
2.2.2.1. Fiabilidade da medição das pregas de adiposidade subcutânea 59
2.3. Somatoquest (Avaliação dos tipos de somatótipos) 60
2.3.1. Fiabilidade do somatoquest 62
2.4. Avaliação da autoestima global 62
2.4.1 .Fiabilidade da Self-Esteem Scale 63
2.5. Avaliação da satisfação com a imagem corporal 64
2.5.1. Fiabilidade do questionário Body Image Satisfaction Questionnaire 65

3. Considerações sobre a metodologia utilizada 67


4. Procedimentos estatísticos 68

IV - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 69

1. Caracterização antropométrica e da composição corporal em função


da actividade física e do estatuto menarcal 70
2. Somatótipo percepcionado e somatótipo preferido 75
3. Autoestima 82
4. Satisfação com a imagem corporal 90
5. Satisfação com a imagem corporal e autoestima 104

viii
V - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 107

108
1. Conclusões

1.1. Antropometria e composição corporal 1 °8


1.2. Somatótipos percepcionado e preferido 108
109
1.3. Autoestima
1.4. Satisfação com a imagem corporal 109
1.5. Satisfação com a imagem corporal e autoestima 110

110
2. Limitações do estudo

111
3. Prolongamento do estudo

112
BIBLIOGRAFIA

130
ANEXOS

I. Questionário de identificação pessoal, actividade física e estatuto menarcal


II. Silhuetas para as adolescentes prepubertals
III. Silhuetas para as adolescentes pospubertárias
IV. Escala de autoestima
V. Questionário de satisfação com a imagem corporal

ix
índice de Quadros

Quadro il—"1 Caracterização dos quatro grupos de actividade física em função


53
do número de elementos e da idade.

Quadro 111-2 Escala de classificação de peso no sexo feminino, proposta por


Vague et ai. (1985). 56

Quadro 111-3 Coeficientes de correlação interclasse (r) em função das pregas


de adiposidade subcutânea, entre a primeira e a segunda aplicação. 60

Quadro 111-4 Somatótipo de referência e respectiva classificação utilizado para o


sexo feminino, sem menarca (Peterson, 1967). 61

Quadro III-5 Somatótipo de referência e respectiva classificação utilizado para o


sexo feminino, com menarca (Sobral et ai., 1997). 61

Quadro 111-6 Coeficientes de correlação interclasse (r) em função dos somatótipos


percepcionado e preferido, entre a primeira e a segunda aplicação. 62

Quadro 111-7 Coeficientes de correlação interclasse (r) dos itens da escala RSE
entre a primeira e a segunda aplicação. 64

Quadro 111-8 Coeficientes de correlação interclasse (r) dos itens do questionário


BISQ entre a primeira e a segunda aplicação. 66

Quadro IV-9 Indicadores antropométricos e de composição corporal em função


da actividade física. Média, desvio padrão, valores de F e p. 70

Quadro IV-10 Indicadores antropométricos e de composição corporal em função


do estatuto menarcal. Média, desvio padrão, valores de t e p. 71

Quadro IV-11 Correlação dos dois métodos de avaliação da composição corporal


nos quatro grupos de actividade física. Média, desvio padrão, valores
de r e p. 73

Quadro IV-12 Correlação dos dois métodos de avaliação da composição corporal


no estatuto menarcal. Média, desvio padrão, valores de r e p. 73

Quadro IV-13 Somatótipo percepcionado em função da actividade física


para adolescentes pospubertárias. Valores em percentagem. 76

Quadro IV-14 Somatótipo preferido em função da actividade física para


adolescentes pospubertárias. Valores em percentagem. 76
Quadro IV-15 Somatótipos percepcionado e preferido em função da actividade física
para adolescentes prepubertárias. Valores em percentagem. 77

Quadro IV-16 Somatótipos percepcionado e preferido para adolescentes


prepubertárias. Valores em percentagem. 78

Quadro IV-17 Somatótipos percepcionado e preferido para adolescentes


pospubertárias. Valores em percentagem. 79

Quadro IV-18 Autoestima em função da actividade física. Média, desvio padrão,


valores de F e p. 83

Quadro IV-19 Autoestima em função do estatuto menarcal. Média, desvio padrão,


valores de t e p. 84

Quadro IV-20 Autoestima em função da percepção do peso. Média, desvio


padrão, valores de F e p. 85

Quadro IV-21 Satisfação com a imagem corporal em função da actividade física.


Média, desvio padrão, valores de F e p. 91

Quadro IV-22 Satisfação com a imagem corporal em função do estatuto menarcal.


Média, desvio padrão, valores de t e p. 92

Quadro IV-23 Satisfação com a imagem corporal em função da percepção do


peso. Média, desvio padrão, valores de F e p. 94

Quadro IV-24 Satisfação com a imagem corporal em função do índice de massa


corporal. Média, desvio padrão, valores de F e p. 95

Quadro IV-25 índice de massa corporal em função da percepção do peso.


Valores em percentagem. 96

Quadro IV-26 Correlação entre a satisfação com a aparência e a percentagem


de gordura, avaliada pelo método das pregas de adiposidade
subcutânea. Média, desvio padrão, r de Pearson e p. 97

Quadro IIV-27 Correlação entre a satisfação com a imagem corporal e a autoestima


em função dos grupos de actividade física. Valores de r de Pearson
ep. 104

Quadro IV-28 Correlação entre a satisfação com a imagem corporal e a autoestima


em função do estatuto menarcal. Valores de r de Pearson e p. 105

XI
I - INTRODUÇÃO
I-Introdução

1. Preliminar

A atenção pública está, cada vez mais, focada nos aspectos relacionados com o
bem-estar físico e psicológico. Este foco de atenção está subordinado à mudança
de valores fundamentais da sociedade actual, uma vez que esta atribui uma
importância crescente ao aspecto corporal e à aparência física.

O corpo começa, então, a assumir-se como um dos temas mais visado e


pertinente da nossa época.
Para os autores Bento et ai. (1999), o corpo dos indivíduos expressa a sociedade
de que faz parte, sendo, desta forma, afectado pelas experiências sociais, normas
e valores do grupo onde se inclui. O desenvolvimento do indivíduo pode ser
considerado como uma interacção dinâmica entre um largo contexto social e uma
constante mudança. Os resultados encontrados no estudo realizado por Rierdan e
Koff (1980) indicam que os aspectos sociais influenciam a imagem corporal, facto
que pode provocar a integração de uma nova imagem corporal.

A actividade física e desportiva tem vindo a assumir um papel cada vez mais
importante na sociedade moderna. Biddle et ai. (1993) defendem que os benefícios
da actividade física, entre outros, podem ser notados na personalidade, na imagem
corporal, na autoestima e no ajustamento social induzindo, assim, a alterações de
comportamento.

A imagem corporal é a representação mental que o indivíduo possui do seu próprio


corpo (Fowler, 1989), logo, um conceito também ele dinâmico, uma vez que evolui
ao longo da vida segundo a experiência pessoal e a intervenção de numerosas
influências exteriores. Schilder (1935) realçou que as pressões socioculturais
ajudam o indivíduo a moldar a sua concepção de imagem corporal. Por esta razão,
a imagem corporal não é apenas a fotografia subjectiva do corpo, mas uma
construção permanente em que intervêm os nossos sentimentos e as nossas
respostas aos valores, modelos, atitudes e opiniões vigentes num determinado
contexto social (Sobral, 1996).

13
/ - Introdução

As evidências de diversos estudos sobre a imagem corporal sugerem que, de uma


maneira geral, as mulheres idealizam e desejam um corpo magro, mas isso é
motivado por preocupações estéticas, mais do que factores relacionados com a
saúde.

Estando em parte dependente da satisfação com a imagem corporal (Salusso-


Deonier e Schwarzkopf, 1991), a autoestima consiste no julgamento que o
indivíduo faz de si próprio nos domínios biológico, familiar, social e individual. É um
conceito dinâmico, uma vez que se vai modificando ao longo do desenvolvimento
do indivíduo (Serra, 1996).
A autoestima, tal como a satisfação com a imagem corporal, assume extrema
importância durante a fase da adolescência, uma vez que esta é caracterizada
como um período de alterações rápidas em termos físicos, emocionais e sociais,
perspectivando uma fase de instabilidade e stress.
A aparência física domina a autoestima ao longo da vida (Harter, 1988) e é o maior
contributo, em adolescentes, para o autoconceito físico em ambos os sexos (Fox &
Corbin, 1989). A tipologia corporal ideal, que é veiculada em cada sociedade, pode
de alguma maneira contribuir para a maior ou menor satisfação corporal e ter
repercussões na autoestima.

A imagem corporal e a autoestima são duas variáveis que estão fortemente


relacionadas entre si e com a actividade física. Vários são os estudos (e.g.
Sonstroem, 1984; Batista, 1995) que têm demonstrado o aumento dos níveis de
satisfação com a imagem corporal e da autoestima com a prática de exercício
físico.

Os benefícios decorrentes da prática regular de exercício físico podem traduzir-se,


entre outros, na melhoria do bem-estar psicológico, da auto-imagem e da imagem
corporal (Sidónio, 1993; Cruz et ai., 1996; Botelho & Duarte, 1999).
A actividade física parece ser, então, uma das varáveis de primordial importância
no desenvolvimento equilibrado do indivíduo. Parece apresentar-se como a via
óbvia a seguir para a obtenção de maiores níveis de satisfação com a imagem
corporal e autoestima global, maior responsabilização pelo próprio corpo, para

14
/ - Introdução

além das características morfológicas mais favoráveis, i.e., mais condizentes com
os estereótipos ideias definidos pela sociedade (Melo, 1998).

Iniciaremos o nosso trabalho com a definição do objectivo geral e dos objectivos


específicos.
Na segunda parte apresentaremos a revisão da literatura, centrada em aspectos
relacionados com os temas em questão. Caracterizaremos a imagem corporal, a
imagem corporal associada à adolescência, a autoestima e a associação destas
duas variáveis à actividade física.
Na terceira parte surgirá a metodologia utilizada para a recolha e tratamento dos
dados.
A quarta parte será apresentada com os resultados e a respectiva discussão.
Por último, mencionaremos as conclusões, indicando as limitações e possíveis
prolongamentos do estudo.

2. Colocação do problema

A imagem que fazemos mentalmente do nosso corpo pouca semelhança tem com
o que somos na realidade. As atitudes, percepções e juízos de valor dão-nos uma
visão de nós próprios mais emocional do que objectiva (Sobral, 1996). De pouco
serve dizer que uma pessoa tem uma constituição normal, se, de facto, ela não se
sente assim.

Por sua vez, na autoestima os indivíduos não valorizam todas as suas acções ou
atributos da mesma forma, concentrando-se nos domínios onde têm aspirações de
serem bem sucedidos (James, 1980, citado em Gallahue, 1989).

O físico social das crianças tende a centrar-se à volta das suas actividades e
habilidades físicas, e as modificações físicas começam a aparecer quando o
adolescente começa a puberdade, intensificando-se simultaneamente o interesse
por si mesmo (Keller et ai., 1978, citado em Batista, 2000).

15
I-Introdução

Nesta perspectiva, o ponto fulcral do nosso estudo é clarificar a associação da


actividade física relativamente à imagem corporal e à autoestima, tendo em
consideração as variáveis morfológicas e maturacionais.

3. Definição de objectivos

O objectivo geral do nosso trabalho é o seguinte:

> Estudar a satisfação com a imagem corporal, a autoestima e as variáveis


morfológicas em adolescentes do sexo feminino, com idades
compreendidas entre os 10 e 17 anos, praticantes e não praticantes de
Ginásticas de Academia.

Propusemo-nos ainda a explorar os seguintes objectivos específicos:

> Estudar a relação das variáveis morfológicas (antropometria, composição


corporal e somatótipos) com a actividade física e o estatuto menarcal.
> Estudar a relação da autoestima global com a actividade física, o estatuto
menarcal e a percepção do peso.
> Estudar a relação da satisfação com a imagem corporal com a actividade
física, o estatuto menarcal e a percepção do peso.
> Estudar a associação entre o índice de massa corporal e a percepção do
peso.
> Estudar a associação entre a satisfação com a imagem corporal e o índice
de massa corporal.
> Estudar a relação entre a satisfação com a imagem corporal e a autoestima
global.

16
Il - REVISÃO DA LITERATURA
/ / - Revisão da Literatura

1. IMAGEM CORPORAL

1.1. Conceito de Imagem Corporal

Recentemente tem havido um interesse no estudo da imagem corporal, contudo o


seu conceito surge, na literatura, como um conceito não unificador. Uma das
razões para tal facto prende-se com a diversidade de interpretações de um mesmo
conceito, resultante de uma diversidade de definições provenientes de diferentes
domínios do conhecimento científico (neurológico, psicológico, psiquiátrico,
psicanalítico, psicomotor, genético, social, etc).

O conceito de imagem corporal evolui em três estádios (Merleau-Ponty, 1962,


citado em Fowler, 1987). Primeiro considerou-se a imagem corporal como
somatório das sensações corporais. Depois definiu-se como a relação entre as
várias partes corporais e as sensações, sendo a imagem corporal superior ao
somatório das partes corporais. Actualmente, defende-se a perspectiva dinâmica,
segundo a qual a imagem corporal é um constructo que se modifica
permanentemente através da inter-relação com o mundo exterior.

Schilder (1968) considera a imagem corporal como a imagem do nosso próprio


corpo formada na nossa mente, i.e., é o modo como o corpo se parece a nós
próprios. Fernandes (1997) reforça a mesma ideia, afirmando que a imagem
corporal é a visão que temos de nós próprios. Contudo, Schilder (1950, citado em
Batista, 2000) põe em relevo que forças sociais e culturais também ajudam na
formação do conceito individual da imagem corporal.

Jourard (1953, citado em Tucker, 1981) descreve a imagem corporal como as


percepções, as crenças e os conhecimentos que os indivíduos possuem a respeito
da estrutura, da função, da aparência e dos limites do corpo.

Inicialmente formada através de processos sensório-motores, a imagem corporal


vai definindo-se e refinando-se progressivamente através de processos cognitivos,
intelectuais e de julgamento (Nash, 1970). As experiências sensoriais e

18
// - Revisão da Literatura

perceptuais também influenciam o desenvolvimento da imagem corporal (Hunt e


Weber,1960).

Bennett (1960, citado em Fisher, 1986) definiu a imagem corporal como um


conjunto de fenómenos nomeados pelo indivíduo, quando solicitado a descrever o
seu próprio corpo, a responder sobre ele num questionário ou a desenhá-lo.
Para os autores Wapner et ai. (1965, citados em Faustino, 1994) e Nash (1970), a
imagem corporal é a imagem que o indivíduo tem de si próprio como entidade
física, incluindo as "proporções corporais" e as características da performance.
Nesta linha de ideias, Williams (1983) afirma que as apreciações do corpo como
baixo ou alto, gordo ou magro, entre outras, resultam das interacções sociais que a
criança estabelece ao crescer e ao desenvolver-se. É pois através das diferentes
situações proporcionadas pela vivência e pelo relacionamento social, que o
indivíduo aprende a estabelecer comparações com os outros, a avaliar a sua
prestação ou o seu comportamento relativamente aos outros.
Para Ajuriaguerra e Stucki (1972, citado em Ferreira, 1997), a imagem corporal
relaciona-se com a consciência que um indivíduo tem do seu corpo em termos de
julgamento de valores ao nível afectivo.
Le Boulch (1976, citado em Melo, 1998) define imagem corporal como um
conhecimento imediato que temos do nosso corpo no estado estático ou em
movimento, na relação das suas diferentes partes entre elas e nas suas relações
com o espaço envolvente dos objectos e das pessoas.

A partir de meados dos anos oitenta, a imagem corporal começa a ser aceite como
uma construção multifacetada, avaliada subjectivamente e influenciada por
indicadores a nível físico, por informações provenientes de outras pessoas e pelo
estatuto sócio-económico (e.g. Tucker, 1985; Fisher, 1986; Cash e Brown, 1987;
Vasconcelos, 1995).

Collins (1981, citado em Vasconcelos, 1995) encara a imagem corporal como um


conceito dinâmico, na medida em que a considera uma representação mental do
próprio corpo que muda gradualmente ao longo da vida, à medida que o corpo se
desenvolve e modifica. A precisão da imagem depende da medida de ajustamento
entre a realidade e o ritmo de mudança corporal.
19
/ / - Revisão da Literatura

Também, Serra (1986) caracteriza a imagem corporal como a representação


mental que o indivíduo elabora do seu corpo, em resultado dos julgamentos,
atitudes e sentimentos, face a experiências actuais e anteriores.
Para Bruchon-Schweitzer (1987, citado em Garcia, 1989), o termo imagem
corporal refere atitudes, sentimentos e experiências que o indivíduo acumula no
seu corpo, integrados numa percepção global.

A imagem corporal é uma idealização multidimensional defendida pelas


percepções e atitudes (afectivas, cognitivas e comportamentais) que o indivíduo
tem em relação ao seu corpo (Cash e Brown, 1989; Sobral, 1996).
Alguns autores (e.g. Cash e Brown, 1987; Fisher, 1986; Cash e Pruzinsky, 1990)
reforçam a mesma ideia, ao referirem que a imagem corporal é uma idealização
mutidimensional que engloba percepções, pensamentos, sentimentos e atitudes
acerca do corpo. A partir destes indicadores, cada indivíduo constrói determinada
imagem corporal e procede à sua avaliação no que respeita ao tamanho, à forma
dos vários segmentos corporais e à aparência.

De todos os conceitos apresentados, podemos sintetizar que a imagem corporal


não é apenas a fotografia subjectiva do nosso corpo nem a impressão reflectida
passivamente das nossas dimensões e formas, peso e textura, mas sim uma
construção permanente em que intervêm os nossos sentimentos e as nossas
respostas aos valores, atitudes, modelos e opiniões vigentes num determinado
contexto (Sobral, 1995).
De acordo com Batista (1995), é importante realçar o facto da maioria dos autores
ser unânime ao concordar que o conceito da imagem corporal é importante para
um correcto entendimento do desenvolvimento psicológico e social do indivíduo.

Portanto, a Imagem Corporal é um constructo dinâmico altamente personalizado e


subjectivo, que difere de pessoa para pessoa, e que é formado a partir de variadas
experiências pessoais e influências exteriores a nós.

20
II-Revisão da Literatura

1.2. Imagem corporal na adolescência

A adolescência é caracterizada, por vários autores, como sendo um período de


"tempestade e stress", de conflito e de distúrbio (e.g. Hall, 1904; Erikson, 1968;
Rosenberg, 1979, todos citados em Vasconcelos, 1995; Petroski et ai., 1999).

A evolução da imagem corporal na adolescência encontra-se dependente de


múltiplos factores, tais como: o ritmo, segundo o qual se efectua a maturação
pubertária, as atitudes perante os papéis ligados ao género sexual, a natureza das
relações familiares, o poder de estereótipos sociais, a origem étnica e a cultura,
entre outros (Batista, 1995). A influência destes factores exerce-se de forma
diferenciada de indivíduo para indivíduo. Schilder (1950, citado em Batista, 1995)
já enfatizava o facto de forças sociais e culturais ajudarem na concepção individual
da imagem corporal.

As alterações que ocorrem na puberdade constituem a parte mais visível da


adolescência. Entendemos por puberdade as modificações do foro biológico e
sexual e por adolescência as modificações de índole psicossocial e
comportamental que ocorrem nos indivíduos do final da infância até ao início da
idade adulta (Vasconcelos, 1995). Tais alterações afectam, de uma maneira ou de
outra, a formação da imagem corporal do adolescente.
Os resultados obtidos por Davies e Furnham (1986) sugerem que a satisfação com
a imagem corporal declina durante a adolescência.

As adolescentes são particularmente afectadas, em maior ou menor escala, pelas


mudanças que ocorrem na fase da adolescência. A menarca, primeiro período
menstrual, surge como a alteração corporal mais dramática. Tobin-Richards et ai.
(1983) notaram que as raparigas que se percepcionam a si mesmas mais cedo
tendem a possuir uma imagem corporal menos positiva.
É na fase da adolescência que as raparigas se tornam mais preocupadas com a
aparência, isto ainda associado a mudanças corporais e à intensificação das
pressões dos novos papéis assumidos (Kelson et ai., 1990, citado em Batista,
1995).

21
/ / - Revisão da Literatura

A insatisfação com o próprio corpo e a preocupação com o peso são aspectos


importantes para os adolescentes. Dietz (1994, citado em Pinho e Petroski, 1999)
afirma que a adolescência representa um período importante no controlo e na
prevenção ao acúmulo excessivo de gordura corporal, impedindo o surgimento e
desenvolvimento da obesidade através do controlo alimentar e do comportamento
físico activo. O ideal cultural relativamente à elegância feminina e ao
mesomorfismo masculino parecem estar bem incorporados nos adolescentes
(Phelps e Bajorek, 1991, citado em Vasconcelos, 1995).

A imagem corporal aparece-nos, então, como um conceito dinâmico que se vai


modificando ao longo da vida do indivíduo. A sua evolução, positiva ou negativa,
faz-se de acordo com as vivências pessoais de cada indivíduo e pelas interacções
que estabelecem com o meio. Schilder (1935) refere que o desenvolvimento da
imagem corporal é contínuo através da vida e pode mesmo mudar com o resultado
de novas e poderosas experiências, tais como mudanças no peso corporal, força,
condição física, padrões motores, habilidades, assim como mudanças resultantes
de acidentes ou doenças.

1.3. Imagem corporal e seus campos de associação

1.3.1. Sexo

Várias pesquisas (e.g. Silberstein et ai, 1988) realizadas ao longo dos anos têm
demonstrado que tanto a satisfação como a percepção com a imagem corporal
têm variado em função do sexo.

Em estudos realizados por vários autores (e.g. Silberstein ef ai, 1988; Cash e
Pruzinsky, 1990; Dinis, 1996; Abrantes, 1998), o sexo feminino tem apresentado
maior insatisfação com a imagem corporal do que o sexo masculino.

Segundo Ashton e Nell (1996), o sexo feminino atribui grande importância à


atracção física e, geralmente, percepciona com grande discrepância a sua imagem

22
// - Revisão da Literatura

corporal, em relação à do ideal cultural, o que leva à criação de uma imagem


corporal negativa e distorcida. Estes factos são explicados por Freedman (1989),
referindo o autor que, quando existem discrepâncias entre o que uma pessoa
sente e o seu ideal (por exemplo, o peso), surge uma insatisfação com a imagem
corporal. Esta insatisfação provocará esforços para diminuir a diferença entre a
percepção que a pessoa tem de si e aquilo que gostaria de ser. A diferença entre
estes dois aspectos, que na maioria das vezes é exagerada, faz com que os
indivíduos sofram, por vezes, de maiores distúrbios emocionais ou psicológicos,
abusem de substâncias e apresentem desordens alimentares (Cash et ai, 1986;
Jackson et ai, 1988; Cash, 1989).

Num estudo levado a cabo por kimklicka et ai. (1983, citado em Jackson et ai.,
1988) foi dirigido um inquérito aos indivíduos dos sexos feminino e masculino,
relativamente à satisfação com a imagem corporal e à sexualidade. Os resultados
demonstraram que o sexo feminino apresenta menor satisfação com as
características do seu corpo e com a sua sexualidade do que o sexo masculino.

Num outro estudo, Silberstein et ai. (1988) verificaram que baixos níveis de peso
parecem ter significados diferentes para os dois sexos. As mulheres demasiado
magras parecem satisfeitas com o seu peso corporal, enquanto que os homens
demasiado magros parecem insatisfeitos. As mulheres, em relação aos homens,
descrevem frequentemente o seu peso como superior ao seu peso real,
apresentam níveis mais elevados de ansiedade acerca de serem ou virem a tornar-
se gordas e são mais conscientes de pequenas variações de peso.

Da mesma forma, Worsley (1981) refere que as mulheres parecem avaliar mais
negativamente e através de um leque mais vasto de atributos, as formas corporais
"grandes" em relação aos homens. Este aspecto foi verificado por um estudo
conduzido por Silberstein ef ai. (1988), verificando que os homens e mulheres não
se distanciam em algumas medidas globais de insatisfação com a imagem
corporal, mas sim em medidas específicas da sua natureza física, i.e., o feminino
deseja ser magro enquanto que o masculino deseja ser pesado.

23
// - Revisão da Literatura

Cash e Brown (1989) verificaram que o sexo feminino apresenta avaliações mais
negativas para com a sua imagem corporal. Esta imagem não se aplica apenas à
aparência física mas também à condição física e à saúde. E, quando comparado
com o sexo masculino, o sexo feminino revela maiores preocupações do tipo
cognitivo, afectivo e comportamental para com o peso. Os autores verificaram
ainda que os estereótipos da imagem corporal são mais distorcidos nas mulheres
do que nos homens.

Os autores Franzoi et ai. (1989) procuraram estudar a variação da distribuição da


atenção de cada sexo relativamente ao seu corpo. Verificaram que o sexo feminino
presta mais atenção ao seu corpo e experimenta sentimentos mais negativos do
que o sexo masculino. Verificaram ainda que o sexo feminino tem uma tendência
para avaliar o seu corpo por partes, ao contrário do sexo masculino que,
geralmente, faz uma avaliação no seu todo. Estes autores concluíram, então, a
existência de uma focagem diferente de atenção entre os sexos em relação aos
seus corpos e aos dos outros.

Richard et ai. (1990) realizaram um estudo com 284 adolescentes de ambos os


sexos e chegaram à conclusão que a imagem corporal das raparigas a satisfação
com o seu peso e a percepção de si próprias apresentaram valores inferiores aos
dos rapazes. Collins e Plahn (1988) também concluíram que os homens avaliam
mais correctamente as suas proporções corporais do que as mulheres.

Pela breve revisão apresentada, podemos verificar que os indivíduos do sexo


feminino estão, de uma forma geral, mais insatisfeitos com a sua imagem corporal
do que os indivíduos do sexo masculino. Uma das causas para tal facto é a
existência de um conjunto de factores sociais e pessoais que levam a criar uma
série de crenças estereotipadas, i.e., o magro é fortemente socializado, sendo
muitas vezes sinal de elegância, juventude e atracção social.

1.3.2. Idade

A satisfação com a imagem corporal parece variar em função da idade e do


estádio de desenvolvimento do indivíduo (Fallon, 1990).
24
// - Revisão da Literatura

Indivíduos do sexo feminino foram estudados por Cash et ai. (1986), com o
objectivo de determinar as suas atitudes acerca da sua imagem corporal e verificar
que a idade afecta essas atitudes de forma significativa. Segundo os mesmos
autores, a fase de maior preocupação com a aparência surge por volta dos vinte
anos. À medida que a idade aumentava verificava-se um declínio acentuado no
interesse pela aparência, com uma excepção: as mulheres com mais de sessenta
anos interessavam-se mais com a aparência do que as mulheres mais novas,
entre os trinta e os sessenta anos. Essas mulheres não apresentavam um declínio
na satisfação com a imagem corporal à medida que envelheciam. Talvez, como
referem os autores, à medida que as pessoas envelhecem, elas alteram os seus
padrões de vida e com isso a sua própria imagem.

Collins e Plahn (1988), ao compararem a imagem corporal de adolescentes de


diferentes idades e de jovens adultos, verificaram que os adolescentes mais novos
se ajustaram às suas novas dimensões corporais em relação aos adolescentes
mais velhos. Os jovens adultos são os que se preocupam menos com o corpo.

Os distúrbios sobre a imagem corporal são mais comuns em raparigas


adolescentes, mas a incidência dos mesmos diminui desde o início para o final da
adolescência (Davies e Furnham, 1986).

À medida que o desenvolvimento pubertário ocorre, as raparigas tomam-se


naturalmente mais preocupadas com as alterações nas suas medidas corporais.
Fowler (1989) afirma que as preocupações com a forma e a aparência variam em
função da idade, contudo a obsessão com o peso e o tamanho torna-se
firmemente estabelecida durante a adolescência.

O alcançar da maturação sexual e da capacidade reprodutiva, com o consequente


aumento em altura e peso, produzem no indivíduo mudanças na distribuição da
gordura corporal, no desenvolvimento de uma variedade de características sexuais
secundárias e nas alterações das proporções corporais (Blyth et ai., 1985).
Havighurst (1972, citado em Blyth et ai., 1985) sugere que a aceitação do próprio
corpo é uma tarefa basicamente da adolescência. Outros autores (e.g. Epstein,
1973; Simmons et al., 1983 citado em Blyth et al., 1985) acrescentaram ainda que

25
// - Revisão da Literatura

no início da adolescência o ajuste às mudanças físicas da puberdade e o tempo


destas mudanças têm um maior impacto na imagem corporal e na imagem mental
que têm do seu corpo.
O timing pubertário indica até que ponto o desenvolvimento físico do adolescente
é normal, precoce ou tardio relativamente aos indivíduos do mesmo sexo, e as
consequências que daí advêm ( por exemplo, indivíduos de maturação precoce
apresentam menor satisfação com a imagem corporal do que os de maturação
normal ou tardia, estão menos satisfeitos com o seu peso e possuem sentimentos
menos positivos sobre o seu timing pubertário) (Dubas et ai, 1991, citado em
Vasconcelos, 1995).

Quase todos os estudos sobre a puberdade e o momento em que esta aparece,


demonstraram que a imagem corporal das adolescentes de maturação precoce é
uma das poucas áreas consistentemente relacionadas com o tempo de maturação
física. Assim, parece que as raparigas de desenvolvimento precoce apresentam,
geralmente, maior insatisfação com a imagem corporal do que as suas parceiras
de maturação tardia. No entanto, alguns autores sugerem que o conflito com a
satisfação com a imagem corporal pode ser resolvido com a identificação sexual
que se segue ao aparecimento da menarca (Davies e Furnham, 1986).

Blyth et ai. (1985) realizaram um estudo sobre a satisfação com a imagem


corporal em jovens adolescentes do sexo feminino de diferentes estados de
maturação, e concluíram que as raparigas de maturação precoce sentiam-se
geralmente menos satisfeitas com a sua altura, peso e figura do que as de
maturação tardia. Este estudo sugere que o ideal cultural de magreza, para o sexo
feminino, é forte e penetrante, pois as raparigas de maturação precoce, que eram
fisicamente mais pesadas e menos esguias, sentiam-se menos satisfeitas com o
seu peso, enquanto que as raparigas de maturação tardia sentiam-se mais
satisfeitas. Como tal, parece que, pelo menos no que diz respeito ao peso, o ideal
cultural deve ser importante. Através destes resultados, os autores sugerem que o
aumento do peso corporal, associado ao desenvolvimento pubertário precoce,
contribui para uma significativa diminuição no nível de satisfação com a imagem
corporal.

26
// - Revisão da Literatura

Resultados semelhantes foram os encontrados no estudo realizado por Çok (1990)


sobre a satisfação com a imagem corporal em adolescentes turcos, com idades
compreendidas entre os 11 e 18 anos. Encontrou resultados que indicam que a
satisfação com a imagem corporal varia de acordo com o tempo de maturação
sexual, tendendo as raparigas mais tardias a possuir um nível de satisfação com a
imagem corporal mais elevado do que as precoces e no tempo.

Brodie et ai. (1988) afirmam haver maior distorção na percepção do corpo durante
a adolescência do que na infância ou na fase adulta. Os autores verificaram
também que os adolescentes tendem a sobrestimar os seus tamanhos corporais.
Estes resultados confirmam a hipótese de que a capacidade para descrever
correctamente a imagem corporal relaciona-se com o nível de desenvolvimento e
maturação.

Collins e Propert (1983), num estudo com raparigas prepubertárias e adolescentes


em idades compreendidas entre os 11 e 17 anos (tal como no nosso estudo),
seleccionadas de 5 escolas, encontraram resultados que, analisados em função da
idade menarcal, apontam para um efeito significativo da maturação ao nível da
imagem corporal. Estes resultados já tinham sido observados anteriormente por
Arnhoff e Damianapoulos (1962, citado em Batista, 1995). Collins et ai. (1976) e
Gellert et ai. (1971), em amostras idênticas, indicam que 84% das raparigas
posmenarcais estão aptas para se identificarem a si mesmas com acuidade.
Parece que as raparigas prémenarcais estão cientes da sua aparência física de
uma forma realista, mesmo se ocorrer algum atraso na imagem corporal,
adequando-se às mudanças físicas rápidas que ocorrem durante a puberdade.

Ducan et ai. (1985) investigaram a relação entre a maturação sexual e a imagem


corporal numa amostra de 5735 adolescentes, com idades compreendidas entre
os 12 e 17 anos. Concluíram que a variação no tempo pubertal pode resultar em
diferenças de comportamento entre a maturação precoce, no tempo e tardia. Em
termos de imagem corporal, 69% das raparigas tomam-se insatisfeitas com o seu
peso à medida que amadurecem. Será então de esperar diferenças na imagem
corporal nos indivíduos com tempos de maturação diferenciados. Estas diferenças
não encontrarão explicações apenas na idade menarcal, mas também noutros

27
/ / - Revisão da Literatura

factores, como o maior peso corporal possuído pelas adolescentes de menarca


mais precoce.

Outros autores argumentam que, na maturação precoce, o ajustamento às


modificações físicas da puberdade e o tempo destas modificações têm um grande
impacto na imagem corporal e no autoconceito (conceito que o indivíduo faz de si
próprio enquanto ser físico, social e moral, Gecas (1982), citado em Ferreira,
1997) (e.g. Tobin-Richards et al., 1983; Simmons e Blyth, 1987, citado em Melo,
1998).

Os autores Tobin-Richards et ai. (1983) notaram a existência de uma relação entre


a percepção da imagem corporal e o tempo pubertal. As raparigas que se
percebem a si mesmas com um desenvolvimento precoce possuem uma imagem
corporal menos positiva do que as no tempo. As adolescentes de maturação
tardia tendem a apresentar um nível médio de satisfação.

Tobin-Richards (1983) concluiu que em vários estados de maturação, as raparigas


que estão no tempo certo da sua maturação física, sentem-se mais atractivas e
mais positivas acerca dos seus corpos, relativamente a raparigas de maturação
precoce ou tardia.

Sumariamente, podemos dizer que os adolescentes prepubertals se preocupem


mais com a sua aparência, contudo, é natural que crises de identidade que
ocorrem em etapas determinantes da vida (e.g. puberdade), provoquem
temporariamente maior insatisfação com a imagem corporal.
A idade maturacional é então considerada, pelos diversos autores, como uma
variável de grande importância na satisfação com a imagem corporal. Existe ainda
unanimidade quanto ao reconhecimento de que a satisfação com a imagem
corporal se revela mais baixa nas raparigas de maturação precoce, notando-se
uma discrepância ao nível do grupo que possui os níveis mais altos de satisfação.
O conhecimento dos contornos do corpo aumenta durante a adolescência e torna-
se mais acurado com a diminuição das modificações e a forma maturacional da
mulher que emerge.

28
/ / - Revisão da Literatura

1.3.3. Morfologia

Estudos existentes sobre variáveis antropométricas (e.g. Vasconcelos, 1995)


parecem apontar para uma forte relação entre a imagem corporal e a percepção
da imagem corporal. Desta forma pretendemos, no nosso trabalho, estudar
variáveis antropométricas e componentes do somatótipo, relacionando-as com a
satisfação com a imagem corporal e a autoestima.

0 somatótipo procura descrever a configuração morfológica apresentada pelo


indivíduo, mediante a quantificação do seu tipo físico expresso por uma série de
três componentes primárias: ectomorfia, mesomorfia e endomorfia (Sheldon, 1943,
citado em Melo, 1998). Os ectomórficos são indivíduos longos e de extrema
magreza, os mesomórficos são indivíduos musculados (porte atlético) e os
endomórficos são indivíduos pequenos, flácidos e com excesso de gordura
corporal (Carter e Heath, 1990).

Estudar a relação entre a percepção do somatótipo e a satisfação com a imagem


corporal no sexo feminino, assim como determinar o seu somatótipo ideal, foram
os objectivos do estudo realizado por Davis (1985). A amostra constou de 91
raparigas, com uma idade média de 20 anos. Os resultados indicaram que aquelas
que percepcionam os seus corpos como ectomórficos apresentavam níveis de
satisfação com a imagem corporal mais elevados em relação às que se
percepcionavam como mesomórficas. Estas, por sua vez, apresentavam níveis de
satisfação com a imagem corporal mais elevados do que as endomórficas. Ou
seja, o grau de satisfação com o seu próprio corpo diminui à medida que o corpo é
percepcionado como mais musculado ou mais gordo. Portanto, nas mulheres a
satisfação com a imagem corporal é mais elevada nas ectomórficas.
À semelhança deste, outros dois estudos com o objectivo de determinar o tipo
morfológico feminino preferido das adolescentes, obtiveram resultados contrários:
a silhueta mesomórfica apareceu como a mais positiva e a endomórfica com uma
rejeição muito nítida (Staffieri, 1972).

Cash e Pruzinsky (1990) realizaram um estudo onde verificaram que as crianças


endomórficas e ectomórficas tendiam a receber menor número de feedbacks

29
// - Revisão da Literatura

positivos e maior número de interacções negativas do que as crianças


mesomórficas. Verificaram, também, que esta situação tendia a agravar-se com o
início do período pubertário.

No estudo conduzido por Carter e Heath (1990) verificou-se que o somatótipo mais
frequente das raparigas com idades compreendidas entre os 2 e 14 anos era
semelhante ao dos rapazes, embora menor em mesomorfia e ligeiramente maior
em endomorfia. Entre os 16 e os 22 anos, as raparigas tendem a ficar mais
endomórficas e menos ectomórficas.

Num estudo efectuado com estudantes universitárias do sexo feminino, Davis


(1985) concluiu que a satisfação com a imagem corporal diminuía, quando o
somatótipo percepcionado se desviava do somatótipo ectomórfico preferido. As
estudantes que fizeram uma autopercepção do seu somatótipo como ectomórfico
foram as que apresentaram níveis mais elevados de satisfação com a imagem
corporal. A percepção de somatótipos endomórficos está associada a maiores
índices de insatisfação com imagem corporal.

Em geral, parece ser evidente que as raparigas são mais endomórficas e menos
mesomórficas do que os rapazes.
Os estudos apresentados demonstraram que o somatótipo muda com a idade,
principalmente no que respeita ao somatótipo preferido. Embora possa haver
factores genéticos a influenciar o desenvolvimento, a nutrição e o exercício físico
poderão, também, desempenhar um papel importante.

Num estudo efectuado por Nylander (1971, citado em Fallon, 1990) com
adolescentes, verificou-se que os rapazes estavam mais interessados em manter
ou ganhar peso, enquanto que as raparigas apenas desejavam diminuir de peso.

Virós e Cairo (1991 ) efectuaram um estudo com dois grupos de raparigas entre os
7 e 15 anos de idade, um constituído por atletas de ginástica rítmica e o outro por
não desportistas. Encontraram diferenças na comparação dos dois grupos em
aspectos como a altura, o peso, a composição corporal e a idade menarcal. Nas
não desportistas estes parâmetros surgiram com variações em função da idade.

30
// - Revisão da Literatura

Nas ginastas, os valores surgiram muito similares independentemente da idade.


Nas raparigas de mais de 13 anos não desportistas encontraram ainda que os
valores das componentes endomórfica e mesomórfica apresentaram-se cada vez
mais elevados em contraposição com os valores da componente ectomórfica que
vão sendo cada vez mais baixos. Nas ginastas as componentes apresentaram
valores muito idênticos em todas as idades. Estes autores observaram ainda que a
componente endomórfica é sensivelmente mais baixa nas ginastas em todas as
idades, comparativamente às não desportistas. A mesomórfica também surge
ligeiramente inferior, e a ectomórfica é superior nas ginastas.

Aragonês et ai. (1988, citado em Batista, 1995) realizaram um estudo cujo


objectivo foi o de investigar o somatótipo em 177 raparigas e 194 rapazes, alunos
da escola de iniciação desportiva do INEF de Barcelona, e as suas correlações
com as capacidades físicas básicas ao longo da sua evolução ontogénica (dos 5
aos 14 anos). Nos rapazes encontrou-se uma predominância da componente
mesomórfica e as outras duas componentes apresentaram valores similares.
Facto que se traduz em melhores resultados da capacidade física, relativamente
às raparigas. Nestas, predomina sempre a componente endomórfica, apenas
pelos 11 anos aparece um melhoria relativa das provas de capacidade física, isto
talvez devido ao aumento da componente ectomórfica. Perante estes resultados,
será de esperar que com o chegar da primeira menstruação, a componente
ectomórfica suba de valor e supere a componente mesomórfica, a endomórfica
deverá continuar a assumir o valor mais elevado.

Pelos resultados apresentados, podemos considerar que independentemente do


somatótipo real do indivíduo, avaliado antropométricamente, quanto maior for a
distância entre o somatótipo percepcionado e o somatótipo preferido menor é a
satisfação com a imagem corporal. Relativamente ao sexo feminino não existe
consenso entre os estudos, i.e., para uns autores os maiores níveis de satisfação
com a imagem corporal estão associados a somatótipos ectomórficos e para
outros a somatótipos mesomórficos. Contudo, a endomorfia tende a ser a tipologia
mais rejeitada pelo sexo feminino.

31
// - Revisão «fa Literatura

1.3.4. Peso corporal

Podemos dizer que, de uma forma geral, a satisfação das mulheres com a sua
imagem corporal é influenciada não só por características físicas, mas também
pela maneira como os outros reagem a essa imagem. Cada vez mais, os ideais de
beleza e de atracção física nas sociedades ocidentais parecem estar relacionadas
com a magreza. A mulher ocidental, alvo de variadas pressões sociais no sentido
de uma aparência elegante ou mesmo magra, persegue cada vez mais este ideal
de beleza procurando adaptar-se a padrões de peso que, geralmente, nada têm a
ver com a sua estrutura física (Vasconcelos, 1995).
O peso corporal parece-nos ser um dos factores críticos da avaliação da imagem
corporal.

A partir de um estudo que efectuaram com indivíduos de ambos os sexos, Cash et


ai. (1986) chegaram à conclusão de que 55% das mulheres e 4 1 % dos homens
expressaram insatisfação com o seu peso. Destes valores, 47% das mulheres e 29
% dos homens que foram classificados com peso normal definiram-se com peso
acima da média. Em contraste, 40 % das mulheres e apenas 10% dos homens
que foram classificados com peso abaixo da média, consideraram-se com peso
normal.

Outros estudos realizados com indivíduos do sexo feminino (e.g. Davies e


Furnham, 1986; Powers e Erickson, 1986; Seggar et ai., 1988; Fowler, 1989;
Vasconcelos, 1995; Batista, 1995) têm demonstrado que as mulheres mais
pesadas, ou que se percepcionam como tal, estão mais insatisfeitas com a sua
imagem corporal do que as mulheres com menos peso ou que se percepcionam
dessa forma. Assim, o peso corporal real ou a percepção de peso demonstraram
ser variáveis que se correlacionam negativamente com a satisfação com a imagem
corporal.
Ao tentarem relacionar o peso e a altura com a satisfação com a imagem corporal,
os mesmos autores concluíram que o peso é mais determinante na satisfação com
a imagem corporal do que a altura.

Os autores Cash e Hicks (1990, citados em Cash, 1990), no seu estudo,


32
// - Revisão da Literatura

verificaram que as pessoas com peso normal e que dessa forma classificam o seu
peso, têm uma imagem corporal mais positiva, comportamentos alimentares mais
correctos e manifestam maior bem estar psicossocial. Aquelas que têm peso
normal, mas que se classificam com peso acima da média, avaliam os seus corpos
mais negativamente e apresentam maior insatisfação com a sua aparência,
aptidão e saúde.

A forma como as pessoas classificam o seu peso tem implicações na imagem


corporal e na autoestima (DelRosário et ai., 1984; Tucker, 1982, citados em Cash,
1990). Sentir-se gordo devido a autopercepções deformadas, ou reais, é mais
determinante no bem estar das mulheres do que no dos homens (Cash, 1990).
Se por um lado a percepção de excesso de peso pode ter implicações negativas
na imagem corporal, a perda de peso não garante que a imagem corporal negativa
associada, desapareça. Stunkard e Burt (1967) e Stunkard e Mendelson (1967),
citados em Cash (1990), observaram que as mulheres com peso a mais,
relativamente àquelas que nunca pesaram a mais, continuam a possuir uma
imagem corporal negativa, através de sentimentos, pensamentos e preocupações
relativas ao peso, mesmo depois de o terem perdido.

As crianças obesas tendem a ser rejeitadas devido à sua aparência física e


também porque são menos aptas para o exercício físico. Esta relação poderá ser
negativa para a imagem corporal, tornando a criança relutante a interagir com os
seus companheiros e a envolver-se em actividades físicas (Staffieri, 1972; Craig,
1992, citado em Melo, 1998).

Davies e Furnham (1986) estudaram a imagem corporal em raparigas britânicas


com idades compreendidas entre os 12 e 18 anos. O peso corporal apareceu
directamente relacionado com a satisfação com a imagem corporal. Por sua vez, o
estudo realizado por Powers e Erickson (1986), com mulheres entre os 18 e 50
anos de idade, revelou que a imagem corporal dos adultos apareceu como uma
variável relacionada com o seu peso actual, assim como com a imagem do corpo
quando adolescentes. Parece-nos, então, que a imagem corporal dos adultos
relaciona-se não só com a realidade corporal actual, mas também com a imagem
do corpo adolescente.

33
II-Revisão da Literatura

Numa amostra de 90 adolescentes do sexo feminino, entre os 13 e os 17 anos de


idade, Fowler (1989) encontrou uma correlação positiva significativa entre a
imagem corporal e o peso. As adolescentes foram divididas em três grupos: não
obesas, com o peso ideal e obesas. As não obesas e as obesas apresentaram
maior consciência do peso, menor autoestima e uma imagem corporal mais
distorcida.

Portheleu et ai. (1992, citado em Melo, 1998), com uma população de raparigas
com 9 anos de idade, verificaram existir preocupações com o peso e com a
possibilidade de virem a tornar-se gordas. Assim, em vez de um aumento da
gordura corporal ser uma característica normal nestas idades, as raparigas
assimilam os padrões culturais da moda, em termos de atracção e beleza feminina.

Segundo Garner et ai. (1980, citado em Vasconcelos, 1995) existem três modelos
que tentam relacionar o peso com imagem corporal.
O primeiro sugere uma correlação negativa entre a alteração desejada de peso e a
imagem corporal. Ou seja, quanto mais peso o indivíduo quer perder, menor a
satisfação com a sua imagem corporal; quanto mais ele quer ganhar, maior será a
satisfação com a sua imagem corporal.
O segundo modelo postula que aqueles para quem o próprio peso subjectivo é o
ideal estão satisfeitos com a sua imagem corporal; os indivíduos cujo peso ideal se
desvia da norma considerada como ideal, apresentam insatisfação com a imagem
corporal.
O terceiro modelo é uma reunião dos dois anteriores, sugerindo que a relação
entre a alteração desejada de peso e a imagem corporal, para aqueles que
pretendem perder peso, é diferente da relação para aqueles que pretendem
ganhá-lo.

Cash e Pruzinsky (1990) verificaram que os indivíduos com peso normal avaliavam
mais negativamente os seus corpos e tinham maiores índices de insatisfação, não
só com a sua aparência física mas também com a sua forma física e saúde, do
que os indivíduos com excesso de peso.

Davis e Cowles (1991), afirmam que as mulheres querem perder peso e serem
34
II-Revisão da Literatura

mais magras, e os homens querem perder gordura e aumentar a massa


muscular.

Num outro estudo realizado por Cash et ai. (1986) verificaram que 47% das
raparigas e 29% dos rapazes com peso normal classificaram-se como obesos.
Contrariamente, 40% das raparigas obesas julgavam-se com peso normal
comparadas com 10% dos rapazes. Os resultados revelaram ainda que 55% das
raparigas e 4 1 % dos rapazes expressaram sentimentos de insatisfação com o
peso e forma dos seus corpos. A insatisfação das raparigas aumentava a partir dos
11-13 anos de idade, com o aparecimento dos primeiros sinais de maturação, com
a ocorrência de mudanças no corpo e com a consequente dificuldade em se
adaptar à nova forma feminina.

Pelo que foi exposto, podemos concluir que o peso corporal surge como uma
variável de grande importância na satisfação com a imagem corporal. Os
indivíduos que possuem na realidade excesso de peso, tendem a possuir
menores níveis de satisfação com a imagem corporal quando comparados com
os indivíduos de peso normal.

1.3.5. Actividade física

Um dos benefícios psicológicos da participação em actividades físicas parece ser o


da melhoria da imagem corporal.

Um estudo efectuado por Salusso-Deonier e Schwarzkoph (1991) com 125


estudantes universitárias de ambos os sexos, comparando estudantes praticantes
de aulas de fitness com estudantes não praticantes de nenhuma actividade física,
permitiu aos autores verificar maiores níveis de satisfação com a imagem corporal
nos primeiros, em ambos os sexos.

Bartlewsky et ai. (1996) investigaram o efeito do exercício aeróbio na ansiedade


física social e na imagem corporal, em estudantes universitárias. As estudantes
foram divididas em dois grupos, um de participantes num curso de exercício

35
/ / - Revisão da Literatura

aeróbio e outro de participantes num curso de psicologia social. As avaliações da


satisfação com a imagem corporal e da ansiedade física e social foram efectuadas
no início e no fim do semestre, em ambos os cursos. No primeiro grupo, verificou-
se a diminuição da ansiedade física social e a melhoria da satisfação com a
imagem corporal. No segundo grupo, não se verificaram diferenças significativas
nas duas variáveis em estudo, entre o início e o fim do curso. Os resultados
permitiram, aos autores, concluir que a participação em programas de exercício
pode contribuir para a melhoria da satisfação com imagem corporal e para a
diminuição da ansiedade física social.

Com o objectivo de estudar a relação entre imagem corporal e exercício físico,


Davis e Cowles (1991) estudaram uma amostra constituída por 112 indivíduos do
sexo feminino com idades compreendidas entre os 14 e os 58 anos e por 88
indivíduos do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 16 e os 64
anos, divididos em dois grupos o de praticantes de actividade física regular e o de
não praticantes. Os resultados demonstraram que as mulheres se encontram mais
preocupadas com a sua aparência e mais insatisfeitas com a sua imagem corporal
do que os homens, nos dois grupos. Quanto às motivações que levam as pessoas
a praticar exercício, elas variam consoante o sexo: as mulheres pretendem perder
peso e os homens pretendem diminuir a gordura e aumentar a massa muscular.
Se, por um lado, nos escalões etários mais baixos, o exercício parece contribuir
para a melhoria da satisfação com a imagem corporal, o mesmo não se passa nos
escalões mais elevados. Nestes escalões, não se verificam diferenças
significativas nos níveis de satisfação com a imagem corporal, entre praticantes de
actividade física e não praticantes.

Da mesma forma, Abrantes (1998) investigou a variabilidade da satisfação com a


imagem corporal, numa amostra de 256 indivíduos de ambos os sexos, entre os 45
e os 65 anos de idade, praticantes e não praticantes de actividade física.
Os resultados apontaram para níveis mais elevados de satisfação com a imagem
corporal para os indivíduos do sexo masculino do os indivíduos do sexo feminino.
Neste último, a prática de actividade física surgiu associada à satisfação com a
imagem corporal, tendo as mulheres praticantes apresentado níveis de satisfação
com a imagem corporal mais elevados do que as mulheres não praticantes.

36
Il - Revisão da Literatura

A partir de uma investigação que realizou com indivíduos adultos de ambos os


sexos, Kreitler (1970, citado em Silva e Klatsky, 1985) chegou à conclusão de que
o movimento permite uma melhor percepção da imagem corporal. Verificou ainda
que os indivíduos mais novos de ambos os sexos são mais activos e que, a partir
dos 50 anos, o movimento dos indivíduos é muito reduzido.
Reich (s.d., citado em Schneider, 1992) reforça esta ideia, quando refere que
qualquer incidência negativa na percepção completa do corpo afecta a
consciência que se tem de si próprio e do próprio corpo. Uma vez que o exercício
físico permite ao indivíduo uma melhor orientação do corpo no espaço, uma
percepção mais precisa dos vários segmentos corporais e das suas capacidades
funcionais, ele é um factor de decisiva importância na construção mais precisa da
imagem corporal.
Neste vasto campo de estudo, a maioria dos autores são unânimes em concordar
que a imagem corporal se correlaciona positivamente com a actividade física.
Kreitler e Kreitler (1988) mostraram esta evidência assim como Schontz (1969,
citado em Batista, 1995), afirmando que a actividade física incrementa o interesse
pelo corpo assim como o grau de satisfação com este.

O exercício físico regular parece, então, ser um método potencial para melhorar a
satisfação com a imagem corporal em ambos os sexos.

Contrariamente a estes estudos, Jacob (1994) encontrou resultados divergentes.


O seu estudo teve como objectivo estudar a imagem corporal, factores
socioculturais, performance motora e género sexual. A amostra era constituída por
60 indivíduos (30 de 13 anos e 30 de 15 anos, com número igual de elementos
femininos e masculinos). Concluiu que os valores da satisfação com a imagem
corporal diminuem significativamente com a idade e os rapazes possuem uma
imagem corporal mais positiva. Confirmou ainda a tendência da diminuição da
participação em actividades físicas com o aumento da idade, e que os rapazes
participam mais em actividades físicas que as raparigas da mesma idade. Não
encontrou relações significativas entre a imagem corporal e a participação em
actividades físicas.

37
/ / - Revisão da Literatura

Em pesquisas recentes, para a maioria dos autores (Faustino, 1994; Batista, 1995,
Daley e Parfitt, 1996; Abrantes, 1998), a imagem corporal correlaciona-se
positivamente com a actividade física.

Nos estudos conduzidos por Kreitler e Kreitler (1988) e Çok (1990), os resultados
indicaram que os indivíduos que participam em actividades físicas demonstravam
maior satisfação com o seu corpo do que os não praticantes. Os autores sugerem
que a actividade física incrementa o interesse pelo corpo, assim como o grau de
satisfação com este.

Sonstroem e Morgan (1996) referem que, uma boa aptidão física contribui para
uma imagem corporal positiva e que a prática regular de exercício físico parece
estar associada a bons níveis de satisfação com a imagem corporal.

Os resultados de estudos realizados no nosso país com adolescentes do sexo


feminino (Batista, 1995; Vasconcelos, 1995; Oliveira, 1996), com adolescentes de
ambos os sexos (Faustino, 1994; Ferreira, 1997), com adultos jovens do sexo
feminino (Oliveira, 1996) e adultos do sexo feminino (Abrantes, 1998), revelaram
que a actividade física é uma variável que contribui de forma significativa para a
melhoria da imagem corporal.
Outras investigações realizadas noutros países (e.g. Richards et al., 1990; Çok,
1990; Davis e Cowles, 1991), com jovens adolescentes e ou adultos jovens,
demonstraram que a actividade física contribui para a melhoria da percepção e
satisfação com a imagem corporal em ambos os sexos.

Contudo, existem estudos (e.g. Jacob, 1994; Seggar et ai., 1988) que não
confirmam esta tendência, i.e., a prática do exercício físico nem sempre está
associada positivamente à satisfação com a imagem corporal.
Finkenberg et ai. (1993) procura justificar este facto afirmando que, as pressões
culturais acerca do ideal standard, a que as mulheres estão sujeitas, fazem com
que mesmo aquelas que praticam actividade física se sintam insatisfeitas com o
seu peso corporal, apesar de manifestarem atitudes mais positivas em relação à
sua condição física.

38
H- Revisão da Literatura

Perante os estudos apresentados, parece-nos coerente pensar que a prática de


actividade física além de aumentar, de uma forma geral, o interesse e o nível de
satisfação com o corpo, contribui para uma avaliação mais precisa da imagem
corporal.

2. AUTOESTIMA

2.1. Conceito de Autoestima

Ao longo dos anos, a autoestima tem vindo a tomar-se objecto de estudo em


vários domínios por diversos investigadores. Uma das razões para tal interesse é o
importante papel que a autoestima assume no comportamento psicológico do
indivíduo.

No sentido de clarificarmos o significado de autoestima, apresentamos de seguida


as definições de alguns autores que se destacaram no estudo deste conceito.

Para James (1890, citado em Gallahue, 1989), a autoestima seria igual à razão da
realização própria (sucesso) pelo potencial próprio para a realização. Os
indivíduos não valorizam todas as suas acções ou atributos da mesma forma,
concentrando-se nos domínios onde têm aspirações de ser bem sucedidos. Assim,
se um indivíduo se percepciona como competente, nos domínios onde aspira ser
bem sucedido, terá uma autoestima alta. Pelo contrário, se não é bem sucedido,
em determinados domínios onde aspira ser competente, terá uma autoestima
baixa. A falta de competência em domínios sem importância para o indivíduo, não
afecta a sua autoestima.

Coopersmith (1967) definiu a autoestima como a avaliação que o indivíduo


mantém usualmente a respeito de si mesmo, exprime a atitude de aprovação ou de
reprovação e indica até que ponto o indivíduo acredita ser competente,
significativo, bem sucedido e respeitável. Ou seja, a autoestima é o julgamento
pessoal da dignidade, que se exprime nas atitudes dos indivíduos em relação a si

39
II-Revisão da Literatura

próprio. 0 mesmo autor refere que, a aquisição de níveis elevados de autoestima é


um pré-requisito para a competência e eficácia, independência e criatividade.

Para Rosenberg e Simmons (1972, citado em Batista, 1995), a autoestima refere-


se aos nossos próprios sentimentos de autovalor, é multidimensional e reflecte
todos os sentimentos de autovalor referentes a uma autoestima global. Este
sentimento geral de autovalor deriva de uma integração de sentimentos na
autoestima específica e inclui o autovalor e sua relação com o comportamento,
com a aparência física, com a inteligência, com o Eu emocional e com o Eu social.
As áreas específicas da autoestima são então diferentes, mas espera-se que
exista uma relação, mais ou menos marcante, entre estas e a global.

Segundo Campbell (1984), a autoestima é definida como a boa consciência


possuída por nós mesmos.

Rosenberg (1986, citado em Batista, 1995) refere duas formas de interpretar a


autoestima: a primeira é como as pessoas se vêem quando olham para elas
mesmas e a segunda refere-se à maneira como elas se descrevem nas várias
dimensões. Esta segunda perspectiva deixa evidenciar que, para além do conceito
que o indivíduo tem de si mesmo, outros factores da personalidade estão muito
interligados. Uma pessoa com uma autoestima positiva avalia-se a si mesmo, de
forma boa e sente-se bem com os seus pontos fortes e um sujeito com autoestima
baixa exige uma posição de si mesmo artificial perante o mundo envolvente numa
tentativa de provar aos outros e a si mesmo que é alguém.

A autoestima, segundo Serra (1986), consiste num processo avaliativo que o


indivíduo estabelece acerca das suas capacidades e desempenhos. Para o autor,
a autoestima modifica-se ao longo do desenvolvimento do indivíduo, de acordo
com o julgamento que faz de si próprio nos domínios biológico, familiar, social e
individual. Consoante esta avaliação seja favorável ou desfavorável, tanto mais
positiva ou mais negativa será a autoestima.

Para Weiss (1987, citado por Ferreira, 1997), a autoestima refere-se aos juízos e
sentimentos qualitativos ligados às descrições que cada um se atribui.

40
// - Revisão da Literatura

Pope et ai. (1988) refere a autoestima como uma avaliação subjectiva da


informação que o indivíduo possui acerca de si próprio. Esta avaliação deriva dos
sentimentos do indivíduo acerca de todas as coisas que ele é, nas vários áreas da
sua existência (social, académica, familiar, imagem corporal e autoestima global).
A autoestima global resulta da apreciação global que o indivíduo faz de si próprio,
com base nas outras áreas.
Mais recentemente, Linderman (1994, citado em Abrantes, 1998) definiu a
autoestima como uma percepção hierárquica e multifactorial, podendo ser descrita
como aquilo que cada pessoa sente de positivo acerca de si própria. Para o
mesmo autor, a autoestima é afectada por factores sociais, tais como a satisfação
com a vida, a idade, o sexo e o peso dos valores interiorizados.

Mediante as definições apresentadas, parece-nos existir uma certa unanimidade


entre os autores, referindo-se à autoestima como sendo o julgamento que as
pessoas fazem de si próprias.

2.2. Autoestima e seus campos de associação

2.2.1. Sexo

A autoestima geral de raparigas pré-adolescentes e adolescentes precoces tende


a ser mais baixa do que a dos rapazes da mesma idade (Simmons e Rosenberg,
1975; Simmons étal. 1978).

O estudo da relação entre a autoestima e a maturação pubertária, realizado por


Jaquish e Savin-Williams (1981, citado em Batista, 1995), com 21 rapazes e 20
raparigas, demonstrou que as raparigas possuem uma autoestima
significativamente inferior em relação aos rapazes. Os investigadores atribuíram os
maiores níveis de autoestima dos rapazes, provavelmente, ao facto das mulheres
possuírem uma maior e mais crítica sensibilidade das suas percepções.

Pliner et ai. (1990) estudaram a associação entre a autoestima global e a


autoestima relativa à aparência física. A amostra constou de 639 indivíduos de
41
// - Revisão da Literatura

ambos os sexos, com idades entre os 10 e 79 anos. Mediante os resultados


chegaram à conclusão de que as mulheres possuem maiores preocupações a
nível alimentar e com o peso, e uma autoestima da aparência física mais baixa do
que a dos homens. No entanto, não verificaram diferenças significativas na
autoestima global entre os sexos, ao longo das várias idades. Este resultado
também foi verificado por Abrantes (1998).

Hong et ai. (1993, citado em Rodrigues, 1997) observaram que as mulheres, com
idades compreendidas entre os 17 e os 40 anos, possuem uma autoestima
significativamente mais baixa do que os homens, do mesmo intervalo de idades.

Resultados inversos teve Lackovié-Grgin e Dekovié (1990, citado em Batista,


1995) num estudo realizado com uma amostra de 399 adolescentes (147 rapazes
e 252 raparigas) dividida em três grupos etários. Os resultados revelaram níveis de
autoestima mais elevados para as raparigas em relação aos rapazes da mesma
idade.
Os resultados encontrados por Rodrigues (1997) corroboram o estudo anterior.
Tendo como objectivo avaliar o efeito do estatuto maturacional e da prática de
Desporto Escolar na autoestima, em indivíduos de ambos os sexos, entre os 10 e
19 anos de idade, os resultados revelaram que as raparigas possuem níveis de
autoestima superiores aos dos rapazes, embora essas diferenças não tenham sido
significativas.

Assim, independentemente da idade, as raparigas parecem revelar níveis mais


baixos de autoestima do que os rapazes, sobretudo nos aspectos ligados com a
aparência. No entanto, há ainda um número reduzido de estudos que apontam os
indivíduos do sexo feminino a apresentaram níveis mais elevados de autoestima.

2.2.2. Idade

De uma forma geral, os autores consideram que a autoestima, apesar de não ser
exclusiva da adolescência, assume um papel relevante durante esta fase, pois é
um período crítico no desenvolvimento da personalidade.

42
// - Revisão da Literatura

A adolescência é, então, considerada um período decisivo na consolidação de


várias identificações até um senso mais estável da identidade pessoal (Erikson,
1959, citado em Batista, 1995).
Na idade cronológica, alguma literatura refere que a autoestima muda entre a pré-
adolescência e a adolescência.
Segundo Burns (1982), os adolescentes mais novos possuem níveis mais
elevados de autoestima do que os mais velhos. A diminuição da autoestima com a
idade pode ser interpretada como um reflexo lógico das mudanças no
desenvolvimento. Pensa-se que o adolescente se torna mais crítico acerca do
mundo que o rodeia.

Lackovié-Grgin e Dekovié (1990, citado em Batista, 1995) realizaram um estudo


que tinha implícito a influência da idade na autoestima, utilizando uma amostra de
399 adolescentes (147 rapazes e 252 raparigas) dividida em três grupos de idades
diferenciadas. Os resultados revelaram diferenças na autoestima em relação à
idade, i.e., os adolescentes mais novos apresentaram avaliações mais positivas
em relação aos mais velhos.

Contrariando estes resultados, Kalliopuska (1987, citado em Batista, 1995) refere


que a autoestima aumenta significativamente com a idade.
Num estudo realizado por Hong et ai. (1993, citado em Rodrigues, 1997), com
indivíduos de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 17 e os 40
anos, os resultados também sugeriram que os indivíduos mais velhos revelaram
níveis mais elevados de autoestima do que os indivíduos mais novos.
Resultados semelhantes obtiveram os autores Long et ai. (1968, citado em
Faustino, 1994) que, analisando 420 estudantes do 3o ciclo do Ensino Básico e
Secundário de ambos os sexos, verificaram uma melhoria na autoestima com a
idade. Estes resultados foram, também, verificados por Harter (1983) e Marsh et ai.
(1985).

Outra perspectiva é a de Wylie (1979) afirmando não existirem relação entre a


idade cronológica e a autoestima. Para comprovar tal afirmação, temos um estudo
efectuado por Batista (1995), com raparigas adolescentes, onde não foi
encontrada nenhuma associação entre idade cronológica ou menarcal e

43
// - Revisão da Literatura

autoestima global, e outro efectuado por Rodrigues (1997), com indivíduos de


ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos, onde o
autor não verificou nenhuma relação significativa entre estatuto menarcal e
autoestima.

Investigar os efeitos da menarca numa amostra de 95 raparigas entre os 11 e 15


anos de idade foi o objectivo de McGrogy (1990), considerando como variáveis
dependentes a atitude perante a menarca, a autoestima global e a autoestima
física. Os resultados não revelaram diferenças significativas na autoestima global
ou física. A menarca não parece então afectar estas variáveis. A atitude perante a
menarca também se revelou normal. O autor conclui, assim, que a menarca parece
não afectar a autoestima.

Com vista a estudar a relação entre a autoestima e a maturação pubertária,


Jaquish e Savin-Williams (1981, citado em Batista, 1995) realizaram um estudo
com 41 indivíduos de ambos os sexos. As evidências mostraram que o tempo de
maturação está significativamente associado com o nível de autoestima, apesar
desta relação se revelar de forma diferenciada em ambos os sexos. Encontraram
ainda resultados que apontam para a variação da autoestima entre os sexos, em
função do nível de maturação pubertária.

Mediante os estudos apresentados, encontramos alguma discrepância quanto à


relação entre a autoestima e idade cronológica. A maioria dos estudos aponta para
que os adolescentes mais velhos possuam menor autoestima em relação aos mais
novos.
Por outro lado, não existem evidências consistentes que nos indiquem que a
autoestima sofre alterações em função da maturação pubertária.

2.2.3. Peso corporal

Vários estudos (e.g. Martin et ai., 1988) apontam para a ideia de que o peso
corporal pode influenciar positiva ou negativamente o indivíduo.
Um estudo realizado por Thompson e Thompson (1986) em 60 indivíduos de
44
/ / - Revisão da Literatura

ambos os sexos, recorrendo à Rosenberg Self Esteem-Scale (Rosenberg, 1965),


teve como objectivo ver a relação entre a autoestima e a distorção do tamanho
corporal. Os resultados evidenciaram uma correlação negativa significativa entre a
sobrestimação do tamanho corporal e a autoestima nas mulheres, sugerindo que
apresentaram níveis mais baixos de autoestima, as mulheres com maiores níveis
de sobrestimação do tamanho corporal.

Sallade (1973) e Mendelson e White (1985) referem que os níveis de autoestima


em crianças obesas tendem a ser mais baixos do que em crianças de peso normal.
Resultados semelhantes tiveram Hendry e Gillies ( 1978), revelando que raparigas
com excesso de peso possuem baixos níveis de autoestima. Raparigas demasiado
magras são igualmente afectadas, embora com níveis de autoestima superiores
aos das raparigas consideradas com peso elevado, que possuem também níveis
de autoestima mais baixos em relação às raparigas consideradas de peso normal.

Contrariando os resultados anteriores, Batista (1995) sugere não existir nenhuma


relação estatisticamente significativa entre o peso real e a autoestima, não se
passando o mesmo na relação desta com a percepção e a satisfação com o peso
corporal. Com base num estudo efectuado com 629 adolescentes do sexo
feminino, os resultados apontaram para menores níveis de autoestima, quanto
mais gordas as adolescentes se percepcionavam. Por outro lado, verificou-se uma
correlação positiva entre a satisfação com o peso e os níveis de autoestima.

Harmatz (1987) comparou 75 adolescentes do sexo feminino com peso normal e


com excesso de peso. Verificou que as adolescentes que possuíam uma
percepção errada do peso, apresentavam níveis mais baixos de autoestima. Na
sequência deste estudo, Batista (1995) refere que a autoestima está
significativamente associada à percepção e à satisfação com o peso corporal.

Martin et ai. (1988) administraram a Rosenberg Self-Esteem Scale (Rosenberg,


1965) a 550 raparigas com idades compreendidas entre os 14 e 16 anos. Os
resultados evidenciaram que as raparigas de baixo e médio peso possuíam níveis
mais elevados de autoestima do que as de peso mais elevado. A autoestima
parece então diminuir com o aumento do peso corporal.

45
II-Revisão da Literatura

De acordo com os estudos apresentados, a tendência dos autores aponta para


níveis de autoestima mais baixos nos indivíduos com peso a mais. A percepção e
a consciência que cada um tem do seu corpo, mais do que as suas características
reais, parecem ser determinantes nos níveis de autoestima.

2.2.4. Actividade física

A actividade física permite o desenvolvimento de competências e a escolha de


estratégias mais adequadas para a resolução de determinadas tarefas com
sucesso (Weiss, 1987, citado em Ferreira, 1997). Perante esta perspectiva, será de
esperar que a actividade física contribua para a melhoria da autoestima.

Nesta linha de estudo, Hilyer e Mitchell (1979, citados em Batista, 1995) e Brown
et ai. (1982) realizaram uma investigação sobre os efeitos da actividade física na
autoestima, tendo verificado resultados positivos.

Olszewska (1982) afirma que atletas com níveis de autoestima mais elevados
apresentam performances superiores às dos atletas com níveis mais baixos de
autoestima.
Sherrill et ai. (1989) também encontraram níveis mais elevados de autoestima em
indivíduos de melhor condição física.

Segundo Shephard (1990, citado em Abrantes, 1998), a actividade física


contribui para a melhoria da satisfação com a imagem corporal, da autoestima,
da autoeficácia e para a redução da ansiedade e da depressão, principalmente
em indivíduos que antes de iniciarem a sua prática possuíam distúrbios dessa
natureza.

A partir de um estudo com um grupo de 177 atletas e outro grupo de 113 não
atletas, de ambos os sexos, Wilkins et ai. (1991) concluíram que, embora as
atletas apresentassem maiores preocupações com o peso corporal, possuíam
maior autoestima e maior confiança nas suas performances.

46
II-Revisão da Literatura

Melnick e Moorkerjee (1991), recorrendo à Rosenberg Self-Esteem Scale em dois


grupos, um de participantes num treino avançado de pesos e outro de estudantes
de Educação Física, encontraram resultados que testemunharam níveis de
autoestima significativamente mais elevados no grupo de treino.

Geralmente, os indivíduos que praticam actividade física possuem níveis mais


elevados de autoestima, mas Gavin (1992) afirma que esta diferenciação pode
não se verificar, quando estes últimos têm estilos de vida muito activos.
Haywood (1993) refere que a actividade física só contribui para o aumento da
autoestima, se os praticantes forem informados da sua evolução nas tarefas
motoras.

No estudo efectuado por Batista (1995), com adolescentes do sexo feminino, os


resultados também apontaram para a importância determinante que a actividade
física tem na vida das adolescentes, contribuindo de forma significativa para uma
autoestima mais elevada.

Kamal et ai. (1995) também referem que os atletas possuem níveis mais elevados
de autoestima do que os não atletas, devido a factores sociais e psicológicos, tais
como o optimismo, a sociabilidade e o sucesso, inerentes a uma performance
elevada.

Num estudo que efectuou com 120 indivíduos ( 60 de cada sexo), dos 13 aos 15
anos de idade, Estrela (1996) teve como objectivo avaliar o autoconceito em
indivíduos com e sem prática desportiva orientada. Este investigador não verificou
diferenças significativas entre os grupos.
Resultados semelhantes foram obtidos por Rodrigues (1997), utilizando uma
amostra de jovens adolescentes. O autor concluiu que embora os praticantes de
actividade física de ambos os sexos evidenciassem valores superiores na
autoestima, essas diferenças não foram estatisticamente significativas.
Sumariamente, podemos dizer que os estudos apresentados apontam para a
existência de níveis mais elevados de autoestima nos praticantes de actividade
física relativamente aos não praticantes. Verificamos também que os níveis
elevados de autoestima são atribuídos a factores como o sucesso obtido na prática

47
// - Revisão da Literatura

desportiva, a melhoria das habilidades motoras e as relações sociais. Estes são


aspectos que se podem desenvolver e incrementar no decorrer da prática de
actividades físicas e desportivas.

3. Imagem corporal, autoestima e actividade física

A imagem corporal é a representação mental que cada indivíduo faz do seu corpo
(Serra, 1986; Sobral, 1996), incluindo também a aparência e a competência física
(Nash, 1970).
A autoestima consiste no julgamento que as pessoas fazem de si próprias, i.e., o
valor que atribuem a si mesmas (Coopersmith, 1967).

A autoestima parece estar significativamente correlacionada com a imagem


corporal, e o seu constructo multidimensional é responsável por alterações
positivas na imagem corporal (Melnick e Mookerjee, 1991; Batista e Vasconcelos,
1995).

I_ e r n e r et ai (1973) e Thompson (1986) defendem a existência de fortes relações


entre a imagem corporal e a autoestima global, principalmente no sexo feminino.

Tendo como objectivo avaliar a relação entre satisfação com a imagem corporal, o
peso corporal e a autoestima, numa amostra de 102 mulheres adultas jovens, o
estudo de Thomas (1989, citado em Vasconcelos, 1995) permitiu concluir que: i) o
peso corporal está relacionado positivamente com a satisfação com a imagem
corporal; ii) a autoestima está correlacionada positivamente com a satisfação com
a imagem corporal.
Para os autores Davis e Furham (1986) e Silberstein et ai. (1988), o peso corporal
está mais correlacionado com a imagem corporal do que com a autoestima.
Alguns estudos têm revelado uma ligação muito forte entre a satisfação com a
imagem corporal, principalmente com as partes inferiores dos corpos das
adolescentes, e a autoestima. Exemplo disto é a pesquisa realizada por Ben-
Tovime Walker (1991).

48
// - Revisão da Literatura

Davies e Furham (1986) consideram que o peso corporal aparece mais


directamente relacionado com a imagem corporal e menos com a autoestima. Os
resultados sugerem ainda que a satisfação com a imagem corporal tende a
declinar durante a adolescência, assim como a autoestima.

Vários estudos (e.g. Batista, 1995; Abrantes, 1998) têm tentado imaginar a relação
entre a imagem corporal, a autoestima e a actividade física. Um dos objectivos
fundamentais destes estudos pretende verificar se a prática de exercício físico está
relacionada positivamente com a imagem corporal e se, desta relação, surgem
repercussões na melhoria da autoestima global.

Apesar de alguns autores não terem observado diferenças significativas no que diz
respeito à autoestima, os resultados apontam sempre no sentido positivo
(Fisher, 1986; Fox, 1988; Wendel e Lester, 1988). Estes resultados indicam que os
programas de exercício físico trazem benefícios psicológicos gerais. A título de
exemplo, citamos o estudo realizado por Melnick e Mookergee (1991), que teve
como objectivo estudar os efeitos do treino na satisfação com a imagem corporal e
na autoestima. A amostra constituída por 57 indivíduos jovens, de ambos os sexos,
foi dividida em dois grupos: um realizava treinos com pesos e haltères, três vezes
por semana, e o outro praticava aulas de Educação Física, duas vezes por
semana. Os resultados permitiram concluir que o grupo que realizava treino de
musculação foi o que apresentou níveis mais elevados de satisfação com a
imagem corporal e de autoestima. Tais resultados devem-se a alterações na
composição corporal e ao aumento da força e da resistência.

Resultados semelhantes encontrou Batista (1995) no seu estudo, com


adolescentes do sexo feminino, onde verificou que o nível de autoestima, a
satisfação com a imagem corporal e a prática de actividade física são aspectos
positivamente correlacionados.

Sonstroem (1984) verificou, pelos seus estudos, que a prática de exercício físico
provoca melhoria das habilidades motoras. A percepção desta melhoria interfere
na avaliação da atractividade física, da atractividade social e da autoestima global.
Segundo o autor, as alterações na composição corporal e a melhoria das

49
II-Revisão da Literatura

capacidades físicas, conseguidas pela prática de exercício físico, têm reflexos


positivos sobre a consciência e competência corporais. Esta influência tem
repercussões na autoaceitação e na autovalorização. Uma vez que estes aspectos
são componentes da autoestima, podem provocar alterações na autoestima global.

Mintz e Betz (1986, citado em Batista, 1995) efectuaram um estudo com 264
adolescentes de ambos os sexos, tendo como objectivo avaliar a relação entre
satisfação com a imagem corporal e a autoestima. Os resultados apontaram para
uma insatisfação com o corpo, associada a baixos níveis de autoestima em ambos
os sexos, embora esta relação tenha sido mais significativa nas raparigas. Estas
percepcionaram-se como mais gordas e a maioria desejava perder peso, pelo que
se revelaram mais insatisfeitas com os seus corpos do que os rapazes.

Davis ef ai. (1990) estudaram a associação entre as características psicológicas, o


peso, os regimes dietéticos e a aparência física em 158 mulheres, divididas em
dois grupos: um de praticantes de actividade física e outro de não praticantes. Os
resultados permitiram concluir que, de uma forma geral, tanto os níveis de
satisfação com a imagem corporal como de autoestima eram superiores no grupo
de praticantes. Neste grupo, os níveis mais baixos de autoestima estão
relacionados com a insatisfação com a aparência. A este respeito, vários autores
(e.g. Lerner e Karabenick, 1974; Orlos e Knapp, 1976; Lerner e Brackney, 1978;
todos citados em Batista, 1995) referem que a atracção e as características físicas
reais estão positiva e moderadamente relacionadas com a autoestima.

As mulheres, embora de um modo geral se avaliem negativamente em termos de


competência desportiva, atribuem pouca importância ao facto, o que reduz o seu
efeito negativo na autoestima física. O mesmo já não acontece com a atracção
física, ou seja, as mulheres que se percepcionam como pouco atractivas
apresentam níveis baixos de autoestima física e de autoestima global (Fox e
Corbin, 1989).
A aparência física é um dos aspectos dominantes da autoestima durante a vida
(Harter, 1988).

50
Il-Revisão da Literatura

Em termos de conclusão, podemos referir que a satisfação com a imagem corporal


é um dos factores que contribui para a autoestima global, pelo que a avaliação que
fazemos em cada momento desta imagem corporal, pode influenciar positiva ou
negativamente a autoestima. Ou seja, as alterações que ocorrem na imagem
corporal podem contribuir para melhorar ou piorar os níveis de autoestima.
A actividade física parece ser um meio de contribuição para a melhoria da imagem
corporal e da autoestima.

51
Ill - METODOLOGIA
Ill - Metodologia

1. Caracterização da amostra

A amostra é constituída por 76 elementos do sexo feminino, com idades


compreendidas entre os 10 e 17 anos.
Desta amostra, 41 frequentam apenas as aulas de Educação Física na escola e os
restantes 35 elementos, além de frequentarem as aulas de Educação Física,
pertencem a grupos de actuação num ginásio. Estes últimos estão divididos em
três grupos: 17 pertencem ao grupo Teens Fashion, em que as modalidades
praticadas são o funk e a aeróbica (níveis inicial e intermédio); 11 pertencem ao
grupo Show, em que as modalidades praticadas são o funk e a aeróbica (nível
avançado) e 7 pertencem ao grupo Dança, em que as modalidades praticadas são
o ballet clássico e técnica de dança (Quadro 111-1).

Quadro III—1 Caracterização dos quatro grupos de actividade ffsica


em função do número de elementos e da idade.

IDADE
Grupos n Média Mínimo Máximo
Desvio Padrão

Teens Fashion 17 11.71 ±1.10 10 14

Show 11 14.82± 0.87 14 16

Grupo de Dança 7 16.14 ±1.21 14 17

Escola 41 12.37 ±1.77 10 16

O estudo decorreu no ginásio "As Razões do Corpo" e na Escola Básica do 2 o e 3o


ciclos D. Afonso Henriques, ambos pertencentes à Cidade de Guimarães.

2. Procedimentos metodológicos

Os processos de avaliação que sustentaram os objectivos do presente estudo


basearam-se nos seguintes parâmetros:
- Questionário de identificação pessoal, actividade física e estatuto menarcal.
- Avaliação da antropometria e da composição corporal, através da balança
de bioimpedância e das pregas de adiposidade subcutânea.
- Somatoquest avaliação dos somatótipos percepcionado e preferido.
- Questionário de determinação da autoestima.
53
Ill - Metodologia

- Questionário de satisfação com a imagem corporal.

Para que as adolescentes inquiridas percebessem o objectivo dos questionários e


a importância do rigor nas respostas, foi elaborado um preâmbulo aos
questionários com essas explicações (Anexo I). Contudo, sempre que surgiam
dúvidas, estas eram esclarecidas.

Para que todos estes métodos de avaliação podessem ser aplicados, foi escrita
uma carta dirigida aos Encarregados de Educação das alunas em estudo, à
Comissão Executiva da escola e à Direcção do ginásio para que tomassem
conhecimento do estudo e, em conformidade, concedessem autorização às
adolescentes que nele participaram.
A hora a que decorreu a aplicação dos parâmetros de avaliação foi constante em
todos os grupos.

2.1. Questionário de identificação pessoal, actividade física e estatuto


menarcal

Foram elaborados dois questionários, um para a amostra do ginásio e outro para a


amostra da escola (Anexo I).
Nos dois questionários obtivemos elementos que nos permitiram efectuar a
caracterização da amostra: data de nascimento, ano de escolaridade, número de
horas semanais de aulas de Educação Física e se as adolescentes foram
praticantes de alguma modalidade desportiva no ano anterior, ou se, para além da
actividade de ginásio, praticavam mais alguma modalidade desportiva.
Para a avaliação do estatuto menarcal foi utilizado o método retrospectivo, em que
a adolescente foi inquirida em relação à ocorrência ou não da menarca. Em caso
afirmativo era designada de pospubertária e não afirmativo em prepubertária.

54
/// - Metodologia

2.2. Avaliação antropométrica e da composição corporal

Para avaliarmos a composição corporal dos elementos constituintes da amostra,


utilizámos dois métodos: a balança de bioimpedância e a medição das pregas de
adiposidade subcutânea.
Ao utilizarmos estes dois métodos de avaliação antropométrica e da composição
corporal pretendemos comparar os valores obtidos através dos dois processos de
avaliação.

2.2.1. Balança de bioimpedância


Os instrumentos utilizados foram os seguintes:
- Fita métrica, graduada em centímetros (marca Elephant)
- Analisador da composição corporal (modelo TBF-305 de Tanita)

Para termos acesso aos valores de cada elemento foi necessário introduzir a
estatura e seleccionar o modelo, i.e., se era do sexo masculino ou feminino e se
era criança, adulto ou atleta. De salientar que a denominação "criança" vai até aos
dezassete anos de idade.
A altura foi medida entre o vertex (ponto superior da cabeça no plano mediano) e o
plano de referência do solo, segundo a técnica descrita por Ross et ai. (1982,
citados em Carter e Heath, 1990). As medidas foram registadas em centímetros
com aproximação à primeira casa decimal.
Para obter uma medição fiável foi necessário tomar algumas precauções, as quais
se basearam nas recomendações de Barata et ai. (1997) para estudos deste
género:
i. Limpar a planta dos pés bem como a plataforma de medição antes do
indivíduo subir para esta;
ii. Realizar as medições com os pés descalços e com o menos roupa
possível;
iii. As adolescentes estiveram, pelo menos, com duas horas de jejum;
iv. As adolescentes aliviaram as suas necessidades fisiológicas antes da
medição;
v. As adolescentes não se encontravam em fase de período menstrual.

55
/// - Metodologia

Decidimos utilizar este método por ser recente, rápido e por dar numa só medição
várias componentes corporais, tais como o peso corporal, o índice de massa
corporal, a percentagem de gordura corporal, a massa isenta de gordura e a água
corporal total.
Com base no índice de massa corporal (IMC) foram constituídos três grupos. A
fórmula do cálculo do IMC é: IMC = peso / altura2, que relaciona o peso corporal (
quilogramas) com o quadrado da altura (metros). A escala utilizada foi a proposta
por Vague ef ai. (1985) e está representada no Quadro III-3.

Quadro III-2 Escala de classificação de peso no sexo feminino,


proposta por Vague ef ai. (1985).

Sexo Feminino
Peso inferior à média IMC < 19.75
Peso médio 19.75 < IMC < 23.75
Excesso de peso IMC > 23.75

2.2.2. Pregas de adiposidade subcutânea


Para a recolha destes dados foram utilizados os seguintes instrumentos:
- Adipómetro Holtain, com graduação de 0,2 mm
- Fita métrica, graduada em centímetros (marca Elephant)

Foram estudadas as seguintes pregas de adiposidade subcutânea:

Prega Adiposa Subescapular (Sbs)


Com o indivíduo em posição antropométrica, o avaliador procura a prega adiposa
imediatamente abaixo da omoplata, na linha de clivagem natural da pele (Harrison
et al., 1988; Golding et ai., 1989; Heyward, 1991; Fragoso e Vieira, 1994). É uma
prega oblíqua que deve ser tomada de cima para baixo e de dento para fora.
Para a localizar, o avaliador deverá apalpar a omoplata e com os seus dedos
percorrer o bordo interior e inferior deste osso até encontrar o seu vértice inferior.
As pontas do adipómetro são colocadas 1 cm por baixo dos dedos polegar e
indicador do avaliador e a 1cm de profundidade (Eisenman et ai., 1991; Heyward,
1991).

56
Ill • Metodologia

Prega Adiposa Tricipitat (Tri)


Prega vertical, localizada na parte posterior do braço a meia distância entre a
projecção lateral do processo acromial da omoplata e o bordo inferior do olecrânio
(Jackson, 1984; Patton et ai., 1986; Harrison et ai., 1988; Ross e Marfell-Jones,
1991, citado em Moreira, 1995).
Com o indivíduo em posição antropométrica, o avaliador localiza o processo
acromial por apalpação, percorrendo os seus dedos ao longo da superfície
superior do processo espinhoso da omoplata. Essa meia distância é determinada
com a ajuda de uma fita métrica e pedindo ao indivíduo para flectir o seu antebraço
a 90° em relação ao braço. O ponto zero da fita é então colocado na zona
coincidente com a projecção lateral do processo acromial, sendo medida a
distância entre os dois pontos e marcada a mesma no braço do sujeito com a
ajuda de um marcador.
Após a marcação do local exacto, é pedido ao indivíduo para estender o braço ao
longo do corpo, relaxado e com a palma da mão voltada para a frente, sendo a
prega efectuada do seguinte modo (Harrison et ai., 1988; Ross e Marfell-Jones,
1991, citado em Moreira, 1995).
- o avaliador coloca-se atrás do indivíduo;
- segura o adipómetro com a mão direita e coloca a palma da mão esquerda
ao nível da parte posterior do braço, com os dedos polegar e indicador
voltados para baixo e a 1 cm de distância do ponto de referência, ponto
esse onde será colocado o adipómetro.

Prega Adiposa Suprailíaca (Sil)


O indivíduo que é alvo da medição está em posição antropométrica, podendo ser
necessário pedir-lhe para afastar um dos braços para que a medição possa ser
efectuada. A prega oblíqua, de fora para dentro e de cima para baixo, é elevada a
2 cm da linha midaxilar e sobre a crista ilíaca (Jackson, 1984; Patton et ai., 1986;
Harrison et ai., 1988; Golding et ai., 1989; Fragoso e Vieira, 1994). O adipómetro é
colocado obliquamente a 1 cm distai dos dedos polegar e indicador do avaliador,
próximo da linha midaxilar (Ross e Marfell-Jones, 1991, citado em Moreira, 1995).

57
/// - Metodologia

Prega Adiposa Abdominal (Abd)


0 indivíduo que é alvo da medição está em posição antropométrica. A musculatura
abdominal deve estar relaxada durante a medição, podendo ser pedido ao
indivíduo para conter a respiração no final da expiração (Harrison et ai., 1988;
Fragoso e Vieira, 1994). A prega deve ser elevada a 5 cm de distância do centro
do umbigo e ao lado do mesmo. Prega vertical e medida do lado esquerdo
(Jackson, 1984; MacDougall et ai., 1991; Ross e Marfell-Jones, 1991, citado em
Moreira, 1995).

Prega Adiposa Crural (Cri)


O ponto de referência é localizado a meia distância da parte anterior da coxa, entre
a prega inguinal e o bordo proximal da rótula (Jackson, 1984; Harrison étal., 1988;
Golding et al., 1989; Fragoso e Vieira, 1994). O indivíduo que é alvo da medição
está sentado, pois a flexão da anca facilita a localização da prega inguinal, sendo-
Ihe posteriormente pedido para estender a perna sobre a coxa, de modo a ser
localizado o bordo proximal da rótula (Harrison et ai., 1988). Depois de marcada,
pede-se ao indivíduo para, sentado, segurar a prega vertical o mais próximo
possível do local onde vai ser colocado o adipómetro (Harrison et al., 1988; Ross e
Marfell-Jones, 1991, citado em Moreira, 1995). Este é colocado 1 cm distai dos
dedos polegar e indicador esquerdos do avaliador.

Prega Adiposa Geminai (Gml)


Pede-se ao indivíduo para se sentar com as pernas pendentes ou então
colocamos uma caixa sob o seu membro inferior direito, de modo a que a coxa e a
perna formem entre si um ângulo de 90° (Harrison et ai., 1988; Fragoso e Vieira,
1994; Ross e Marfell-Jones, 1991, citado em Moreira, 1995).
Esta medição é, por vezes, dolorosa e é tecnicamente difícil pelo facto de 1 % dos
indivíduos terem uma compressão natural do tecido adiposo neste local.
Por esta razão, é preferível seleccionar uma prega lateral, a qual para além de ser
menos dolorosa, permite de igual modo um acesso mais fácil (Harrison et al., 1988;
Fragoso e Vieira, 1994).
Os olhos do observador devem estar ao nível do local de medição - maior
circunferência da perna - e o adipómetro deve ser colocado horizontal ao solo, de
modo a que a leitura seja facilitada (Jackson, 1984; Harrison et al., 1988; Fragoso
58
/// - Metodologia

e Vieira, 1994) e cerca de 1 cm distai dos dedos polegar e indicador esquerdos.


Prega vertical.

O estudo da percentagem da gordura corporal efectuou-se segundo a proposta de


Boileau et ai. (1985). Os elementos da amostra foram divididos em três escalões
etários (11-13 anos, 14-15 anos, 16-18 anos) e, em função destes, foram
empregues as seguintes fórmulas (próprias para o sexo feminino):
11-13 anos
%Gordura corporal = 1.35 x (Tri + Sbs) - 0.012 x (Tri + Sbs) 2 - 2.4
14-15 anos
% Gordura corporal = 1.35 x (Tri + Sbs) - 0.012 x (Tri + Sbs) 2 - 3.4
16-18 anos
% Gordura corporal = 1.35 x (Th + Sbs) - 0.012 x (Tri + Sbs) 2 - 4.0

Este método antropométrico foi utilizado porque a medição das pregas de


adiposidade subcutânea constitui um dos métodos de avaliação de gordura
corporal mais utilizado, não só pela facilidade de aplicação mas também pela sua
grande correlação com a gordura corporal total (Jackson, 1984; Patton et ai., 1986;
Robins, 1986; Chumlea e Roche, 1988; Lohman, 1988; Franks e Howley, 1989;
Fragoso e Vieira, 1994). Além destes aspectos, a avaliação das pregas de gordura
subcutânea permite-nos caracterizar a distribuição desta no corpo do indivíduo
(Goldingefa/., 1989).

2.2.2.1. Fiabilidade da medição das pregas de adiposidade subcutânea

Para avaliarmos a fiabilidade deste instrumento, recorremos a 20 elementos da


amostra geral e procedemos à medição das pregas de adiposidade subcutânea,
com o intervalo de uma semana.

O método utilizado para calcularmos o grau de fiabilidade deste instrumento de


trabalho foi o da fiabilidade relativa que, de acordo com Freeman (1976) e Stamm
e Moore (1980), ambos citados em Colaço e Passarinho (1986), tem como
objectivo reflectir a estabilidade da posição que um indivíduo ocupa relativamente
59
Ill - Metodologia

aos outros do grupo em que está integrado, quando um processo de medida se


repete. Este método estuda a variabilidade interindividual.
Segundo os autores citados, pode-se estudar a fiabilidade relativa recorrendo ao
coeficiente de correlação interclasse (r), ao coeficiente de correlação intraclasse
(R) ou, melhor ainda, a ambos.
Neste trabalho procedemos à realização da fiabilidade interclasse, utilizando para
o efeito o coeficiente de correlação de Pearson (r) e o alpha de cronbach.
Os resultados obtidos apresentam-se, em seguida, no Quadro II1-3.

Quadro 111-3 Coeficientes de correlação interclasse (r) em função das pregas


de adiposidade subcutânea, entre a primeira e a segunda aplicação.

Coef. de correi. Interclasse


Pregas de adiposidade subcutânea (Teste-reteste)
r

Subescapular 1.00
Tricipital 1.00
Suprailíaca 0.99
Abdominal 1.00
Crural 1.00
Geminai 1L00

Valor médio 1^00

A observação deste quadro permite-nos constatar que existe uma correlação


interclasse excelente, com r médio de 1.00 (Kirkendall et ai., 1987).
O coeficiente de correlação intraclasse apresentou um valor médio de .96 (p =
.000). No geral, o método apresenta uma boa fiabilidade.

2.3. Somatoquest (Avaliação dos tipos de somatótipos)

Para avaliarmos a satisfação com a imagem corporal de um indivíduo, foram


elaborados dois conjuntos de dez cartões, um conjunto para as adolescentes
prepubertárias (Anexo II) e outro para as adolescentes pospubertárias (Anexo III),
possuindo cada cartão a fotografia de um indivíduo do sexo feminino na posição
frontal. Os dez cartões de cada conjunto correspondem aos dez somatótipos mais
representativos para o mesmo sexo e foram extraídos do Atlas for Somatotyping
Children (Petersen, 1967).

60
Ill - Metodologia

As fotografias foram posteriormente pintadas de preto, transformando-se na


respectiva silhueta, com o objectivo de se evitarem influências baseadas na
aparência física dos indivíduos fotografados (Sobral e Vasconcelos, 1995).
Cada adolescente era solicitada a escolher a silhueta (somatótipo) que melhor
pensava representar o seu corpo (somatótipo percepcionado) e a seleccionar
aquela que mais gostaria de ser (somatótipo preferido) (Sobral e Vasconcelos,
1995).
As fotografias dos dez somatótipos foram numeradas de um a dez, com variação
de um mínimo de gordura até um elevado valor de gordura subcutânea (Sobral e
Vasconcelos, 1995) (Quadros III-4 e III-5).

Quadro III-4 Somatótipo de referência e respectiva classificação utilizado para o sexo feminino,
sem menarca (Petersen, 1967).

Silhuetas Componentes Classificação


1 1-4-5 Mesomorfo-ectomorfo
2 1-5-4 Ectomorfo-mesomorfo

3 1-6-2 Ectomorfo-mesomorfo
4 2-1-7 Endomorfo-ectomorfo
5 2-6-2 Mesomorfo equilibrado
6 3-2-5 Endomorfo-ectomorfo
7 3-6-2 Endomorfo-mesomorfo
8 4-4-4 Central
9 5-3-2 Mesomorfo-endomorfo
10 7-1-1 Endomorfo-extremo

Quadro III-5 Somatótipo de referência e respectiva classificação utilizado para o sexo feminino,
com menarca (Sobral era/., 1997).

Silhuetas Componentes Classificação


1 1.5-3.5-4.5 Meso-ectomorfo
2 3.0-5.5-1.5 Endo-mesomorfo
3 5.0-2.5-4.0 Ecto-endomorfo
4 3.5-3.5-0.5 Mesomorfo-endomorfo
5 4.5-1.5-5.5 Endo-ectomorfo
6 2.0-4.5-2.5 Ecto-mesomorfo
7 4.5-3.5-3.0 Meso-endomorfo
8 3.5-3.5-3.0 Mesomorfo-endomorfo
9 6.0-5.5-1.5 Meso-endomorfo
10 10.0-5.5-0.5 Meso-endomorfo

61
Ill - Metodologia

2.3.1. Fiabilidade do somatoquest

Para avaliarmos a fiabilidade deste instrumento, recorremos a 20 elementos da


amostra geral e solicitamo-lhes que escolhessem novamente os somatótipos
percepcionado e preferido, com o intervalo de uma semana.
O cálculo da fiabilidade segue os mesmos passos referidos anteriormente.
Os resultados obtidos apresentam-se, em seguida, no Quadro III-6.

Quadro III-6 Coeficientes de correlação interclasse (r) em função dos somatótipos


percepcionado e preferido, entre a primeira e a segunda aplicação.

Coei. de correi. Interclasse


Somatótipos (Teste-reteste)
r
Sem Com
Menarca Menarca

Percepcionado .87 .32

Preferido .99 .28

A observação do Quadro III-6 permite-nos constatar que o valor médio de r, nas


adolescentes sem menarca, é de .87 no somatótipo percepcionado e de .99 no
somatótipo preferido. De acordo com estes valores, o coeficiente de correlação
interclasse é elavado (Kirkendall et ai., 1987), logo, este instrumento revela uma
boa fiabilidade.
Nas adolescentes com menarca, o valor médio de r é de .32 no somatótipo
percepcionado e de .28 no somatótipo preferido. De acordo com estes valores e
segundo Kirkendall et ai. (1987), o coeficiente de correlação interclasse é
inaceitável. Este instrumento poderá revelar pouca fiabilidade. O coeficiente de
correlação intraclasse apresentou um valor médio de .23 (p = n.s.).

2.4. Avaliação da autoestima global

Na avaliação da autoestima global foi utilizada a Escala de Rosenberg (1965),


Rosenberg Self-Esteem Scale (RSE) (Anexo IV).

62
Ill - Metodologia

Esta escala é constituída por dez itens, dos quais cinco são positivos e cinco são
negativos. Os depoimentos negativos não são apresentados consecutivamente,
para se evitar uma resposta direccionada.
Para cada item existem quatro possibilidades de resposta: 1- Concordo
plenamente; 2- Concordo; 3- Discordo; 4- Discordo plenamente.

Na RSE, a autoestima elevada resulta do facto do indivíduo se sentir bem, i.e., não
é necessário que se sinta superior aos outros, mas apenas que se sinta uma
pessoa igual às outras.
A Escala de Autoestima de Rosenberg reflecte uma avaliação global do indivíduo
acerca de si próprio.

Para além da facilidade de aplicação, a escolha deste instrumento justifica-se por


ser uma versão traduzida e adaptada para português, tendo sido aplicada várias
vezes na população jovem portuguesa (e.g. Batista, 1995; Batista e Vasconcelos,
1995; Silva, 1995; Rodrigues, 1997).
Por outro lado, este instrumento já foi validado por vários autores (e.g. Rosenberg,
1979; Hagborg, 1993, citado em Batista, 1995; Abrantes, 1998).
Esta escala é considerada um dos melhores instrumentos na avaliação da
autoestima global (Wylie, 1974; Sonstroem e Potts, 1996).

2.4.1. Fiabilidade da Self-Esteem Scale

Para avaliarmos a fiabilidade deste instrumento, recorremos a 20 elementos da


amostra geral e solicitamo-lhes novamente o preenchimento do questionário, com
o intervalo de uma semana.
O cálculo da fiabilidade segue os mesmos passos referidos anteriormente.

Os resultados obtidos apresentam-se, em seguida, no Quadro III-7.

63
/// - Metodologia

Quadro III-7 Coeficientes de correlação interclasse (r) dos itens da escala


RSE entre a primeira e a segunda aplicação.

Coef. de correi. Interclasse


ITENS (Teste-reteste)
r

No geral, estou satisfeita comigo mesma .17


Por vezes, penso que não sou boa a nada .41
Sinto que tenho muitas qualidades .74
Estou apta para fazer coisas tão bem como
a maioria das pessoas .45
Sinto que não tenho muito de que me orgulhar .16
Por vezes sinto-me inútil .49
Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos
num plano de igualdade com os outros .63
Gostava de ter mais respeito por mim mesma .86
Em termos gerais, estou inclinada a sentir
que sou uma falhada .16
Tomo uma atitude positiva perante mim mesma .25

Valor médio .68

A observação deste Quadro permite-nos constatar que o valor médio do


coeficiente de correlação interclasse foi de .68. O grau de fiabilidade deste
instrumento variou entre .16 {Sinto que não tenho muito de que me orgulhar; Em
termos gerais, estou inclinada a sentir que sou uma falhada) e .86 {Gostava de ter
mais respeito por mim mesma).
O coeficiente de correlação intraclasse apresentou um valor médio de .76 (p =

.000).
De acordo com os valores e segundo Kirkendall et ai. (1987), o coeficiente de
correlação interclasse apresentou um valor médio. Assim, podemos considerar que
o questionário apresenta uma fiabilidade razoável.

2.5. Avaliação da satisfação com a imagem corporal

Para realizar esta avaliação utilizamos o Body Image Satisfaction Questionnaire


(BISQ), adaptado de Lutter et al. (1986, citado em Lutter et al., 1990) (Anexo V).
Este instrumento é constituído por vinte e dois itens.

64
Ill - Metodologia

Foram acrescentados mais alguns itens (3, 7, 8, 10, 11, 14, 15, 23, 24, 25), com o
intuito de tornar o questionário mais completo.
A escala varia de 1 a 5, e em cada item o indivíduo "classifica" uma parte do seu
corpo com as respostas alternativas: 1-Muito insatisfeita; 2- Insatisfeita; 3- Nem
satisfeita nem insatisfeita; 4- Satisfeita; 5- Muito satisfeita.
Quanto mais elevado for o valor final obtido, maiores são os índices de satisfação
com a imagem corporal que o indivíduo possui.
Neste questionário colocamos, baseado no estudo de Rauste-Von Wright (1989)
ainda duas questões suplementares para avaliar a percepção da altura (item 31 ) e
a percepção do peso corporal (item 32). Com estas questões pretendemos
comparar as respectivas respostas com o nível de satisfação referente à altura e
ao peso reais.
Este instrumento foi validado por Lutter et ai. (1986, citado em Lutter et ai,, 1990)
em diversas populações.

O questionário utilizado foi uma versão para investigação, traduzido e adaptado


para português, utilizado por vários autores (e.g. Abrantes, 1998).

2.5.1. Fiabilidade do questionário Body Image Satisfaction Questionnaire

Para avaliarmos a fiabilidade deste instrumento, recorremos a 20 elementos da


amostra geral e solicitamo-lhes novamente o preenchimento do questionário, com
o intervalo de uma semana.
O cálculo da fiabilidade segue os mesmos passos referidos anteriormente.

Os resultados obtidos apresentam-se, em seguida, no Quadro HI-8.

65
Ill - Metodologia

Quadro 111-8 Coeficientes de correlação interclasse (r) dos itens do


questionário BISQ entre a primeira e a segunda aplicação.

Coei. de correi. Interclasse


ITENS (Teste-reteste)

Satisfação Corporal

Cabelo .66
Pele .60
Testa .55
Olhos .77
Orelhas .81
Nariz .70
Bochechas .21
Lábios .78
Dentes .25
Queixo .67
Pescoço .56
Ombros .54
Braços .82
Mãos .80
Costas .72
Seios .90
Barriga .90
Cintura .84
Anca .95
Nádegas .88
Coxas .77
Pernas .87
Joelhos .68
Tornozelos .42
Pés .65
Forma do Corpo .58
Atitude / Porte .69
Peso .87
Altura .93
Em geral, qual é o grau de
satisfação c/ a tua aparência? .73

Valor médio .95

Percepção da altura e do peso

Sinto-me: alta; baixa; com a altura ideal .49

Sinto-me: gorda; magra; com o peso ideal 1.00

A observação do Quadro III-8 permite-nos constatar que, o valor médio do


coeficiente de correlação interclasse foi de .95 para a satisfação com a imagem

66
Ill - Metodologia

corporal e de .49 e 1.00 para a percepção em relação à altura e ao peso,


respectivamente.
O grau de fiabilidade deste instrumento variou entre .21 (satisfação com as minhas
bochechas) e .95 (satisfação com a minha anca).
O coeficiente de correlação intraclasse da satisfação com a imagem corporal
apresentou um valor médio de .94 (p = .000).
O coeficiente de correlação intraclasse da percepção da altura e do peso
apresentou um valor médio de .37 (p = .025).
Mediante os resultados obtidos, à excepção da percepção em relação à altura,
podemos considerar que o questionário apresenta uma boa fiabilidade.

3. Considerações sobre a metodologia utilizada

O preenchimento do questionário de Satisfação com a Imagem Corporal levantou


algumas dúvidas no que diz respeito ao item Atitude /Porte, i.e., a maior parte das
adolescentes não sabiam o que queria dizer, estando constantemente a questionar
o seu significado.

A palavra Ideal, utilizada no questionário de BIS na percepção do peso, não


suscitou nenhuma dúvida por parte dos elementos constituintes da amostra.
Contudo, pensamos que a palavra mais adequada seria Normal, i.e., Sinto-me com
o peso normal, uma vez que a primeira pressupõe um "corpo ideal" como ideal de
beleza e não como um corpo com um peso normal para a idade e altura.
Desta forma, sugerimos a sua utilização da frase Sínto-me com o peso normal em
investigações futuras que recorram à aplicação deste.

Os baixos coeficientes de correlação interclasse nas adolescentes pospubertárias


contidos no Quadro III-6, em relação aos somatótipos percepcionado e preferido,
poder-se-ão dever ao facto destas quererem ter ou alcançar um "corpo perfeito".

67
/// - Metodologia

4. Procedimentos estatísticos

Após a recolha dos dados e obtidas as respostas aos questionários, procedemos à


sua organização e respectivo tratamento estatístico. Os programas utilizados foram
os seguintes: SPSS (versão 10.0) e Microsoft Excel 2000.

A análise estatística integrou dois momentos:

Estatística descritiva
Procedeu-se aos cálculos dos parâmetros estatísticos descritivos (média e desvio
padrão) para todas as variáveis observadas, assim como a distribuição de
frequências (absolutas e relativas) para as variáveis medidas em escala nominal e
intervalar.

Estatística inferencial
Para avaliar a fiabilidade intraclasse utilizou-se o alpha de Cronbach. A aplicação
da análise factorial para o estudo da consistência interna exige que os valores
obtidos pelas escalas, através do alpha de Cronbach, sejam suficientemente
elevados para que a estrutura factorial não de baseie em associações fortuitas
entre as variáveis (Faria, 1998).

Para compararmos os grupos em função das variáveis em estudo, utilizamos a


Anova Unidimensional, seguida para efeitos exploratórios do teste post hoc de
comparação múltipla de Scheffé. Com este procedimento, pretenderam-se
identificar os grupos diferiam significamente entre si.

Utilizou-se o coeficiente de correlação interclasse de Pearson (r), para avaliar a


correlação entre duas variáveis. O grau de significância das correlações
observadas foi determinado a partir da tabela comummente utilizada para o efeito.

O nível de significância mínimo para rejeição da hipótese nula foi fixado em .05.
Contudo, devido ao facto deste estudo se enquadrar no âmbito das ciências psico-
sociais, nas quais consideramos por vezes o nível de significância .10.

68
IV-APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

No sentido de facilitar a compreensão do tratamento estatístico realizado, os


resultados serão apresentados em quatro momentos: (1) antropometria e
composição corporal, (2) somatótipos percepcionado e preferido, (3) autoestima,
(4) satisfação com a imagem corporal e (5) satisfação com a imagem corporal e
autoestima.

1. Caracterização antropométrica e da composição corporal em função da


actividade física e do estatuto menarcal

Os Quadros que a seguir apresentamos referem-se à caracterização


antropométrica e da composição corporal. Os valores foram obtidos através dos
métodos da Bioimpedância e das Pregas de Adiposidade Subcutânea.
Após a apresentação dos quadros procederemos à discussão dos mesmos.

No Quadro IV-9 apresentamos os resultados dos indicadores antropométricos e de


composição corporal nos quatro grupos de actividade física.

Quadro IV-9 Indicadores antropométricos e de composição corporal em função da


actividade física. Média, desvio padrão, valores de F e p.

Escola Show Teens Dança F P

Altura (cm) 153.22 + 9.51 160.18 + 4.96 152.35 ±8.51 160.71 ±10.58 3.23 .027
Peso (kg) 48.65 ±12.97 51.91 ±6.02 45.57 ±12.56 55.03 ± 7.53 1.33 n.s.
índice Massa Corporal 20.42 ± 3.81 20.18 ±1.73 19.35 ±3.71 21.29 ±2.10 .63 n.s.
%Gordura
(Bioimpedância) 29.12 ±6.86 27.64 ± 3.73 27.44 ± 6.43 30.31 + 5.22 .55 n.s.
Massa Gorda
(Bioimpedância - kg) 14.85 ±7.10 14.46 ±2.96 13.08 ±6.35 16.74 + 3.69 .63 n.s.
Massa Isenta Gordura
(Bioimpedância - kg) 33.80 ± 6.81 37.46 ± 4.00 32.48 ± 6.83 38.29 ± 5.95 2.31 n.s.
Prega Subscapular 10.01 ±4.32 6.95 ± 1.87 11.17 ±6.49 10.91+2.42 .62 n.s.
Prega Tricipital 15.89 ±6.17 16.16 ±3.76 17.29 ±6.37 17.37 ±3.99 .31 n.s.
Prega Suprailíaca 13.34 ±7.18 10.69 ±2.52 14.14 ±5.96 11.20 ±3.85 .93 n.s.
Prega Abdominal 14.30 ±7.29 12.04 ±2.43 13.29 ±6.12 13.69 ±2.84 .41 n.s.
Prega Crural 20.80 ± 6.88 20.20 ± 5.26 21.57 ±5.65 19.89 ±3.10 .17 n.s.
Prega Geminai 14.75 ±6.52 13.18 ±3.66 16.44 ±6.11 14.91 ±5.22 .68 n.s.

A análise dos resultados contidos no Quadro IV-9 permite-nos verificar que


nenhum indicador apresentou diferenças estatisticamente significativas, à

70
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

excepção do indicador altura, quando comparados os quatro grupos de actividade


física. Contudo, o teste post-hoc não revelou diferenças estatisticamente
significativas.
O grupo Dança foi o que apresentou, no geral, valores superiores em relação aos
outros grupos.

No Quadro IV-10 apresentamos os resultados dos indicadores antropométricos e


de composição corporal em função do estatuto menarcal.

Quadro IV-10 Indicadores antropométricos e de composição corporal em


função do estatuto menarcal. Média, desvio padrão, valores de t e p.

Menarca
Sim Não f P

Altura 159.96 ±6.38 146.70 ±7.04 8.50 .000


Peso 55.04 ± 8.69 39.79 ± 9.98 7.05 .000
índice Massa Corporal 21.46 ± 2.77 18.34+3.50 4.32 .000
%Gordura (Bioimpedância) 30.24 ± 5.65 26.19 + 6.36 2.91 .005
Massa Gorda 16.95 + 5.51 10.92 ±5.50 4.67 .000
Massa Isenta Gordura 38.09 ± 4.66 28.87 ± 5.04 8.16 .000
Prega Subscapular 10.90 ±3.83 9.12 ±5.29 1.70 n.s.
Prega Tricipital 17.52 + 5.36 14.63 ±5.86 2.21 .030
Prega Suprailíaca 13.86 ±6.15 11.53 ±6.12 1.62 n.s.
Prega Abdominal 15.40 ±6.01 11.06 ±5.60 3.16 .002
Prega Crural 21.70 ±6.13 19.42 ±5.80 1.62 n.s.
Prega Geminai 15.84 ±6.16 13.49 ±5.46 1.70 n.s.

A análise dos resultados contidos no Quadro IV-10 permite-nos verificar que a


maior parte das diferenças nos resultados antropométricos foram estatisticamente
significativos, no que respeita ao estatuto menarcal.
As adolescentes pospubertárias apresentaram valores superiores em todos os
indicadores antropométricos em relação às prepubertárias.

Na Figura IV-1 apresentamos os valores das pregas de adiposidade subcutânea


em função do estatuto menarcal.

71
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Menarca Sim

Menarca Não

SUB TRC SIL ABD CRU GML

Figura IV-1 Valores das pregas de adiposidade subcutânea


em função do estatuto menarcal.

Na Figura IV-1 estão expressos os resultados obtidos na avaliação das pregas de


adiposidade subcutânea. Como podemos constatar, as pospubertárias
apresentaram valores superiores em todas as pregas de adiposidade subcutânea,
em relação às prepubertárias.
Nos dois grupos todas as pregas aumentaram do estatuto pré-menarcal para o
pós-menarcal (fazemos notar, contudo, que o nosso trabalho é do tipo transversal
e não longitudinal), à excepção da prega abdominal nas prepubertárias, que
diminuiu ligeiramente.
Para as pospubertárias e prepubertárias, os valores mais elevados encontraram-se
nas pregas crural (21.7 ±6.13 e 19.42 + 5.80, respectivamente) e tricipital (17.52 +5.36 e
14.63 + 5.86, respectivamente). A prega subescapular apresentou os valores mais
baixos em ambos os grupos (10.90 ± 3.83 e 9.12 + 5.29, respectivamente).

No Quadro IV-11 apresentamos a correlação dos valores de percentagem de


gordura corporal, obtidos pelos métodos de avaliação da composição corporal, nos
grupos de actividade física.

72
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro IV-11 Correlação dos dois métodos de avaliação da composição corporal nos
quatro grupos de actividade física. Média, desvio padrão, valores de r e p.

% Gordura % Gordura
(Bioimperdância) (Equação
Antropométrica)

Escola 29.12 ±6.86 22.97 ±6.53 .86 .01

Show 27.64 ±3.73 22.47 ±3.90 .64 .05

Teens 27.44 ±6.43 24.60 ±6.50 .90 .01

Dança 30.31 ± 5.22 24.36 ± 4.00 75 .05

Através do Quadro IV-11 podemos observar que todas as correlações, nos quatro
grupos de actividade física, foram significativas.
Os grupos Escola e Teens foram os que apresentaram uma correlação entre
elevada e excelente na aplicação dos dois métodos (r=.86 e r=.90,
respectivamente) em relação aos grupos Show e Dança, que apresentaram uma
correlação média (r=.64 e r=.75, respectivamente).
Os valores da percentagem de gordura, obtidos pelo método da Bioimpedância
foram superiores aos valores obtidos pela Equação Antropométrica.

No Quadro IV-12 apresentamos a correlação dos valores de percentagem de


gordura corporal, obtidos pelos métodos de avaliação da composição corporal, nas
adolescentes prepubertárias e pospubertárias.

Quadro IV-12 Correlação dos dois métodos de avaliação da composição corporal


no estatuto menarcal. Média, desvio padrão, valores de r e p.

% Gordura % Gordura
(Bioimpedância) (Equação
Antropométrica)

Menarca - Sim 30.24 ± 5.65 24.54 ± 5.25 .74 .01

Menarca - Não 26.19 ± 6.36 21.62 ± 6.65 .90 .01

Através do Quadro IV-12 podemos observar que as correlações dos dois métodos
de avaliação, nas adolescentes prepubertárias e pospubertárias, foram
significativas.

73
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

As prepubertárias apresentaram uma correlação excelente na aplicação dos dois


métodos (r=.90) em relação às pospubertárias, que apresentaram uma correlação
média (r=.74).
Os valores da percentagem de gordura, obtidos pelo método da Bioimpedância
foram superiores aos valores obtidos pela Equação Antropométrica.

De uma forma geral, verificou-se uma correlação elevada (r=.83 e p=.ooo) entre o
método da Bioimpedância e o método da Equação Antropométrica, na avaliação
da percentagem de gordura.

Discussão
A actividade física surge como uma variável que parece contribuir eficazmente
para valores menores de adiposidade subcutânea e a falta de actividade física
repercute-se no incremento dos valores das pregas (Batista, 1995). Esta afirmação
não corresponde aos resultados do nosso estudo, uma vez que os valores mais
elevados das pregas de adiposidade subcutânea (Quadro iv-9) situam-se nos
grupos de actividade física Teens e Dança, à excepção da prega abdominal que
tem valores superiores no grupo Escola. O grupo Teens apresentou os valores
mais elevados nas pregas subescapular, suprailíaca, crural e geminai. Os
resultados parecem-nos dizer que a actividade física praticada pelos grupos Show,
Teens e Dança não é suficiente para alterar os valores da adiposidade
subcutânea.
Morais (1996) efectuou um estudo em 58 adultos do sexo feminino praticantes de
Ginásticas de Academia, com idades compreendidas entre os 18 e 60 anos.
Destes, 20 eram praticantes de ginástica aeróbica entre os 18 e os 28 anos, 12
praticavam ballet entre os 18 e os 27 anos, 6 praticavam ginástica passiva dos 39
aos 60 anos, 10 praticavam musculação entre 20 e 39 anos e 10 participaram num
curso de manequins entre os 18 e 19 anos. Um dos objectivo do estudo foi avaliar
o perfil de adiposidade subcutânea, através da avaliação das pregas de
adiposidade subcutânea (pregas subescapular, tricipital, suprailíaca, abdominal,
crural e geminai). A autora verificou que na comparação intergrupos evidenciaram-
se valores mais elevados nas praticantes de ginástica aeróbica e ginástica passiva.

74
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

De acordo com os nossos resultados e os encontrados por Morais (1996) parece-


nos que realmente as Ginásticas de Academia, à excepção da musculação, não
são suficientes para alterar os valores da adiposidade subcutânea.

O Quadro iv-10 indica-nos que os valores dos indicadores antropométricos e de


composição corporal são superiores nas adolescentes pospubertárias.
O mesmo se passa com os valores das pregas de adiposidade subcutânea (Figura
IV-1), i.e., as adolescentes pospubertárias apresentaram valores superiores em
todas as pregas quando comparadas com as prepubertárias. Estes resultados
corroboram o estudo de Batista (1995), em que os valores mais elevados nas
pregas apareceram nas adolescentes com aparecimento precoce da menarca. A
autora é da opinião que quanto mais cedo aparece a menarca maiores são os
valores do peso e das pregas.
Parece-nos então que a explicação se encontra no facto do aparecimento da
menarca provocar mudanças corporais marcantes ao nível da gordura corporal,
devido às alterações que o organismo sofre nesta fase do desenvolvimento.

2. Somatótipo percepcionado e somatótipo preferido

De seguida são apresentados as escolhas dos indivíduos relativamente aos


somatótipos percepcionado e preferido.
Após a apresentação dos quadros procederemos à discussão dos mesmos.

No Quadro IV-13 apresentamos o somatótipo percepcionado pelas adolescentes


pospubertárias de cada grupo de actividade física.

75
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro IV-13 Somatótipo percepcionado em função da actividade física para


adolescentes pospubertárias. Valores em percentagem.

Somatótipo Percepcionado

Silhuetas Somatótipo Escola Teens Show Dança


1 1.5-3.5-4.5 Meso-ectomorfo 4.5 16.7 18.2 0.0
2 3.0-5.5-1.5 Endo-mesomorfo 4.5 0.0 18.2 0.0
3 5.0-2.5-4.0 Ecto-endomorfo 13.6 16.7 27.3 0.0
4 3.5-3.5-0.5 Mesomorfo-endomorfo 31.8 0.0 0.0 0.0
5 4.5-1.5-5.5 Endo-ectomorfo 13.6 50.0 18.2 14.3
6 2.0-4.5-2.5 Ecto-mesomorfo 4.5 0.0 0.0 0.0
7 4.5-3.5-3.0 Meso-endomorfo 4.5 0.0 0.0 57.1
8 3.5-3.5-3.0 Mesomorfo-endomorfo 4.5 0.0 18.2 28.6
9 6.0-5.5-1.5 Meso-endomorfo 13.6 0.0 0.0 0.0
10 10.0-5.5-0.5 Meso-endomorfo 4.5 16.7 0.0 0.0

Os resultados contidos no Quadro IV-13 permitem-nos verificar que as


percentagens mais elevadas relativamente aos somatótipos percepcionados pelas
pospubertárias foram o mesomorfo-endomorfo (3.5-3.5-0.5, 31.8%) para o grupo
Escola, o endo-ectomorfo (4.5-1.5-5.5, 50%) para o grupo Teens, o ecto-
endomorfo (5.0-2.5-4.0, 27.3%) para o grupo Show e o meso-endomorfo (4.5-3.5-
3.0, 57.1%) para o grupo Dança.
Os somatótipos mesomorfo-endomorfo (3.5-3.5-0.5), ecto-mesomorfo (2.0-4.5-2.5)
e meso-endomorfo (6.0-5.5-1.5) foram os menos escolhido pelos grupos Teens,
Show e Dança.

No Quadro IV-14 apresentamos o somatótipo preferido pelas adolescentes


pospubertárias de cada grupo de actividade física.

Quadro IV-14 Somatótipo preferido em função da actividade física para


adolescentes pospubertárias. Valores em percentagem.

Somatótipo Preferido

Silhuetas Somatótipo Escola Teens Show Dança


1 1.5-3.5-4.5 Meso-ectomorfo 22.7 33.3 18.2 0.0
2 3.0-5.5-1.5 Endo-mesomorfo 0.0 0.0 9.1 0.0
3 5.0-2.5-4.0 Ecto-endomorfo 31.8 0.0 36.4 28.6
4 3.5-3.5-0.5 Mesomorfo-endomorfo 9.1 0.0 0.0 0.0
5 4.5-1.5-5.5 Endo-ectomorfo 22.7 33.3 18.2 42.9
6 2.0-4.5-2.5 Ecto-mesomorfo 0.0 16.7 9.1 0.0
7 4.5-3.5-3.0 Meso-endomorfo 4.5 0.0 9.1 0.0
8 3.5-3.5-3.0 Mesomorfo-endomorfo 4.5 16.7 0.0 28.6
9 6.0-5.5-1.5 Meso-endomorfo 4.5 0.0 0.0 0.0
10 10.0-5.5-0.5 Meso-endomorfo 0.0 0.0 0.0 0.0

76
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

No Quadro IV-14 estão os resultados relativos ao somatótipo preferido. Neste


Quadro é possível observar que no grupo Escola o somatótipo preferido, com a
percentagem mais elevada, foi o ecto-endomorfo (5.0-2.5-4.0, 31,8%); no grupo
Teens, foram os somatótipos meso-ectomorfo (1.5-3.5-4.5) e endo-ectomorfo (4.5-
1.5-5.5), ambos com 33.3%; no grupo Show, foi o somatótipo ecto-endomorfo (5.0-
2.5-4.0, 36,4%); e no grupo Dança, foi o somatótipo endo-ectomorfo (4.5-1.5-5.5,
42.9%).

O somatótipo meso-endomorfo (10.0-5.5-0.5) foi o menos preferido (0%) pelos


quatro grupos. Segiu-se-lhes o somatótipo mesomorfo-endomorfo (3.5-3.5-0.5, 0%)
e somatótipo meso-endomorfo (6.0-5.5-1.5, 0%) como os menos preferidos para os
grupos Teens, Show e Dança e o somatótipo endo-mesomorfo (3.0-5.5-1.5, 0%) foi
o menos preferido para os grupos Escola, Teens e Dança.

No Quadro IV-15 apresentamos os somatótipos percepcionado e preferido pelas


adolescentes prepubertárias, em função da actividade física.

Quadro IV-15 Somatótipos percepcionado e preferido em função da actividade física


para adolescentes prepubertárias. Valores em percentagem.

Escola Teens
Somatótipo Somatótipo
Silhuetas Somatótipo Percepcionado Preferido Percepcionado Preferido
1 1-4-5 Meso-ectomorfo 15.8 26.3 36.4 18.2
2 1-5-4 Ecto-mesomorfo 10.5 0.0 0.0 18.2
3 1-6-2 Ecto-mesomorfo 21.1 15.8 18.2 0.0
4 2-1-7 Endo-ectomorfo 0.0 15.8 0.0 18.2
5 2-6-2 Mesomorfo equilibrado 15.8 21.1 9.1 9.1
6 3-2-5 Endo-ectomorfo 5.3 5.3 0.0 27.3
7 3-6-2 Endo-mesomorfo 15.8 10.5 18.2 9.1
8 4-4-4 Central 0.0 5.3 0.0 0.0
9 5-3-2 Meso-endomorfo 10.5 0.0 18.2 0.0
10 7-1-1 Endomorfo 5.3 0.0 0.0 0.0

Este estudo não considera os grupos de actividade física Show e Dança uma vez
que as adolescentes já são menstruadas.

Ao observarmos os resultados contidos no Quadro IV-15 verificamos que, no grupo


Escola, o somatótipo percepcionado com a percentagem mais elevada foi o ecto-

77
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

mesomorfo (1-6-2, 21.1%), enquanto que o somatótipo preferido foi o meso-


ectomorfo (1-4-5) com 26,3%.
Diferente opção fez o grupo Teens, tendo escolhido o somatótipo meso-ectomorfo
(1-4-5, 36,4%) como o mais percepcionado e o somatótipo endo-ectomorfo (3-2-5)
como o mais preferido, com 27,3%.
No grupo Teens houve um consenso em relação aos somatótipos central (4-4-4) e
endomorfo (7-1-1), uma vez que ambos apresentaram percentagens mais baixas
(0%) nos somatótipos percepcionado e preferido.

No Quadro IV-16 apresentamos os somatótipos percepcionado e preferido pelas


adolescentes prepubertárias.

Quadro IV-16 Somatótipos percepcionado e preferido para adolescentes prepubertárias.


Valores em percentagem.

Sem Menarca
Somatótipo
Silhuetas Somatótipo Percepcionado Preferido
1 1-4-5 Meso-ectomorfo 23.3 23.3
2 1-5-4 Ecto-mesomorfo 6.7 6.7
3 1-6-2 Ecto-mesomorfo 20.0 10.0
4 2-1-7 Endo-ectomorfo 0.0 16.7
5 2-6-2 Mesomorfo equilibrado 13.3 16.7
6 3-2-5 Endo-ectomorfo 3.3 13.3
7 3-6-2 Endo-mesomorfo 16.7 10.0
8 4-4-4 Central 0.0 3.3
9 5-3-2 Meso-endomorfo 13.3 0.0
10 7-1-1 Endomorfo 3.3 0.0

Mediante os resultados contidos no Quadro IV-16 podemos verificar que o


somatótipo percepcionado mais escolhido correspondeu ao somatótipo mais
preferido, o meso-ectomorfo (1-4-5), com 23,3%.
Os somatótipos percepcionados menos seleccionados foram os endo-ectomorfo
(2-1-7) e central (4-4-4), e os somatótipos menos preferidos foram os meso-
endomorfo (5-3-2) e endomorfo (7-1-1 ), todos com 0%.

No Quadro IV-17 apresentamos os somatótipos percepcionado e preferido pelas


adolescentes pospubertárias.

78
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro IV-17 Somatótipos percepcionado e preferido para adolescentes pospubertárias.


Valores em percentagem.

Menarca
Somatótipo
Silhuetas Somatótipo Percepcionado Preferido
1 1.5-3.5-4.5 Meso-ectomorfo 8.7 19.6
2 3.0-5.5-1.5 Endo-mesomorfo 6.5 2.2
3 5.0-2.5-4.0 Ecto-endomorfo 15.2 28.3
4 3.5-3.5-0.5 Mesomorfo-endomorfo 15.2 4.3
5 4.5-1.5-5.5 Endo-ectomorfo 19.6 26.1
6 2.0-4.5-2.5 Ecto-mesomorfo 2.2 4.3
7 4.5-3.5-3.0 Meso-endomorfo 10.9 4.3
8 3.5-3.5-3.0 Mesomorfo-endomorfo 10.9 8.7
9 6.0-5.5-1.5 Meso-endomorfo 6.5 2.2
10 10.0-5.5-0.5 Meso-endomorfo 4.3 0.0

Pelos resultados contidos no Quadro IV-17 podemos verificar que o somatótipo


percepcionado mais escolhido foi o endo-ectomorfo (4.5-1.5-5.5, 19,6%) e o
somatótipo preferido mais frequente foi o ecto-endomorfo (5.0-2.5-4.0, 28,3%).
O somatótipo percepcionado que granjeou menos opções foi o ecto-mesomorfo
(2.0-4.5-2.5, 2.2%), e o somatótipo menos preferido foi o meso-endomorfo (10.0-
5.5-0.5, 0%).

Discussão

A diferença entre os valores dos somatótipos percepcionado e preferido permitem-


nos avaliar a satisfação com a imagem corporal. Quanto menor for essa diferença,
maior será a satisfação com a imagem corporal.

Nos Quadros iv-13 e iv-14 é possível verificar que todos os grupos apresentam uma
distância pequena entre o somatótipo percepcionado e o preferido. Contudo, as
adolescentes do grupo Show apresentaram o mesmo valor nos somatótipos
percepcionado e preferido (silhuetas 3 e 3, respectivamente), sugerindo uma maior
satisfação com a imagem corporal.
Estes resultados parecem confirmar a afirmação de Fisher (1986) em que a maior
atitude autocrítica do sexo feminino para com o seu corpo, reflecte o especial
ênfase cultural que pressiona a mulher em termos da sua aparência física em

79
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

conformidade com os standards de beleza e moda. Estes standards estão bem


evidentes no tipo de actividade física que praticam.

Todos os somatótipos preferidos pelos quatro grupos têm a componente


ectomórfica (Quadro iv-14), o que parece confirmar os resultados de Davis (1985)
que apontam para o facto de somatótipos ectomórficos estarem relacionados com
níveis mais elevados de satisfação com a imagem corporal em relação aos
mesomórficos. Os resultados obtidos pelo estudo realizado por Moutão (2001)
confirmam os nossos. O estudo, com uma amostra de 15 indivíduos do sexo
feminino praticantes de Ginástica Aeróbica entre os 16 e os 28 anos de idade, teve
como objectivo saber qual a imagem corporal que os sujeitos mais e menos
desejariam. Para tal utilizou, tal como no nosso estudo, um conjunto de 10
silhuetas que representavam os 10 somatótipos-referência mais frequentes no
género feminino (BIAPS). O autor verificou que i) na escolha da silhueta preferida,
as praticantes preferiram as formas mais lineares e com menos desenvolvimento
em adiposidade e ii) bons níveis de satisfação com a imagem corporal, uma vez
que o somatótipo percepcionado esteve mais próximo do somatótipo preferido.

Os nossos resultados também confirmam os de Powers e Erickson (1986),


demonstrando que as adolescentes tomam como um ideal corporal a atingir uma
silhueta magra e esguia e não uma forma corporal de peso médio. Os estudos de
Cohn et ai. (1987, citado em Vasconcelos, 1995) corroboram também os nossos
resultados, em que as adolescentes estudadas, além de desejarem uma silhueta
mais ectomórfica do que a sua, pretendiam, curiosamente, uma silhueta ainda
mais magra do que a que consideravam ser a mais atractiva para os rapazes.

O conhecimento e a consciência do contorno do corpo aumentam durante a


adolescência e tomam-se mais precisos à medida que as alterações pubertárias
diminuem e as formas femininas maturas emergem (Collins et ai., 1983, citado em
Vasconcelos, 1995).
Segundo Vasconcelos (1995), em vários países foi observada uma relação entre a
idade do aparecimento da menarca e uma elevada componente endomórfica. Os
nossos resultados corroboram as afirmações anteriores, na medida que todos os
somatótipos percepcionados e preferidos pelos grupos têm a componente

80
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

endomórfica, à excepção do primeiro somatótipo preferido do grupo Teens (meso-


ectomorfo).

Quando comparamos os somatótipos entre os grupos prépubertários (Quadro IV-


15), verificamos que o grupo Teens evidenciou uma maior discrepância entre os
somatótipos percepcionado e preferido (silhuetas 1 e 6, respectivamente),
sugerindo uma menor satisfação com a imagem corporal comparado com o grupo
Escola.
Uma das razões para a menor satisfação com a imagem corporal observada pelas
adolescentes do grupo Teens parece-nos dever-se às influências dos padrões de
beleza feminina, i.e., os estereótipos de beleza, definidos socialmente, parecem ter
uma influência forte na percepção dos indivíduos do sexo feminino acerca da sua
própria aparência. Os desvios de estereótipos relativamente à silhueta feminina
poderão ser reflectidos nas adolescentes, em termos da satisfação com a sua
imagem corporal.

Vários investigadores (e.g. Cash e Brown, 1989; Freedman, 1989) têm proposto
que, mesmo antes da puberdade, as adolescentes tomam-se mais preocupadas
com a sua aparência, associada a alterações corporais e às pressões para o
enquadramento na figura corporal idealizada pelas normas de beleza da
sociedade. Os resultados obtidos no Quadro IV-16 não corroboram tais afirmações,
uma vez que o somatótipo percepcionado correspondeu ao somatótipo mais
preferido. Isto quer dizer que as adolescentes prepubertárias apresentam elevados
níveis de satisfação corporal.

Burton (1992, citado em Vasconcelos, 1995) citou um trabalho de Hill (1989),


envolvendo 213 adolescentes de 9 anos, as quais foram entrevistadas sobre o seu
desejo de parecerem magras. Uma em cada três gostaria de ser magra. 0
estereótipo de mulher magra que, perante a sociedade, se torna mais atraente,
pressiona desde muito cedo as adolescentes. Assim, em vez de um aumento
progressivo da gordura subcutânea ser um acontecimento normal que acompanha
o desenvolvimento pubertário, este processo é encarado pelo sexo feminino com
constrangimento. Tendo já assimilado os padrões de beleza e atracção corporal, o
sexo feminino pretende conservar o tipo morfológico que caracteriza o estado pré-

81
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

pubertário (Vasconcelos, 1995). Segundo Folk et ai (1993, citado em Melo, 1998)


parece não existirem relações da satisfação com a imagem corporal com o
desenvolvimento pubertário, mas sim com a importância social colocada no corpo
perfeito.

Os resultados contidos no Quadro IV-17 sugerem-nos que existe uma diferença


considerável entre os somatótipos percepcionado e preferido nas adolescentes
pospubertárias. Estes resultados assemelham-se aos dos estudos realizados por
Brunn (1975, citado em Fisher, 1986), com crianças e jovens dos 9 aos 18 anos de
idade, verificando que os sujeitos mais velhos eram os menos capazes de
expressar uma maior aprovação para com os seus corpos.
Cratty (1986, citado em Melo, 1998) procurou explicar esta ocorrência da seguinte
forma: à medida que a criança vai passando da primeira para a intermédia, desta
para a última fase da infância, seguindo-se a adolescência, as preocupações com
as adaptações com o corpo vão aumentando. Estas preocupações surgem,
provavelmente, devido ao facto da criança tomar-se cada vez mais consciente das
avaliações sociais positivas e negativas em função dos padrões de estética
corporal vigentes, e devido também, aos estereótipos corporais impulsionadores
do desejo sexual.

3. Autoestima

Neste ponto apresentamos os dados obtidos no tratamento do questionário de


determinação da autoestima global.
Após a apresentação dos quadros procederemos à discussão dos mesmos.

No Quadro IV-18 apresentamos, em termos médios, os valores da autoestima em


função da actividade física.

82
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro IV-18 Autoestima em função da actividade física. Média, desvio padrão,


valores de F e p.

ITENS Escola Show Teens Dança F p

No geral, estou satisfeita comigo mesma 1.59 ±0.55 2.27 ±0.65 1.94 + 0.90 1.86 ± 0.38 3.77 .014
Por vezes, penso que não sou boa a nada* 2.46 ± 0.81 2.91 ± 0.70 2.35 ± 1.00 1.86 ±0.38 2.48 .068
Sinto que tenho muitas qualidades 2.29 ±0.68 2.27 ±0.47 2.29 ±0.69 2.00 ± 0.82 .40 n.s.
Estou apta para fazer coisas tão bem como
a maioria das pessoas 1.98 ±0.69 1.82 ±0.75 2.12 ±0.99 2.00 ± 0.00 .36 n.s.
Sinto que não tenho muito de que me orgulhar* 2.54 ±0.78 2.09 ±0.54 2.47 ±0.87 2.14 ±0.69 1.33 n.s.
Por vezes sinto-me inútil* 2.51 ± 0.95 2.45 + 0.82 2.18 ± 0.81 2.14 ±1.07 .74 n.s
Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos
num plano de igualdade com os outros 1.90 ±0.66 2.00 ±0.45 2.29 ±0.85 2.14 ±0.38 1.46 n.s.
Gostava de ter mais respeito por mim mesma* 2.98 + 0.79 2.91 ± 0.94 2.53 ± 0.94 2.29 ±1.11 1.94 n.s.
Em termos gerais, estou inclinada a sentir
que sou uma falhada* 2.39 ±0.86 2.00 ±0.45 2.29 ±0.85 1.57 ± 0.53 2.53 .064
Tomo uma atitude positiva perante mim mesma 1.85 ± 0.69 2.27 ± 0.65 2.12 ± 0.93 2.29 ± 0.49 1.55 n.s.

Autoestima global 2.25 ±0.38 2.30 ±0.33 2.26 ±0.62 2.03 ±0.33 .63 n.s.

Os valores dos itens com asterisco (*) estão transformados em valores positivos.

A análise dos resultados contidos no Quadro IV-18 permitiu-nos verificar que


quando se considera a amostra na sua globalidade, não se observaram diferenças
estatisticamente significativas na autoestima global, em termos médios, entre os
grupos de actividade física.
Analisando a média global, verificamos que o grupo Show, comparativamente com
os outros grupos de actividade física, apresentou valores mais elevados de
autoestima, apesar da diferença não possuir significado estatístico.
Apenas os itens, No geral, estou satisfeita comigo mesma; Por vezes, penso que
não sou boa a nada; Em termos gerais, estou inclinada a sentir que sou uma
falhada, evidenciaram significado estatístico.

No Quadro IV-19 apresentamos, em termos médios, os valores da autoestima em


relação às adolescentes prepubertárias e pospubertárias.

83
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Q u a d r o IV-19 Autoestima em função do estatuto menarcal. Média, desvio padrão,


valores de t e p.

Menarca

ITENS Sim Não

No geral, estou satisfeita comigo mesma 1.96 ± 0.67 1.53 ± 0.63 2.77 .007
Por vezes, penso que não sou boa a nada* 2.65 ± 0.77 2.13 ± 0.86 2.75 .008
Sinto que tenho muitas qualidades 2.22 ± 0.63 2.33 ± 0.71 -.75 n.s.
Estou apta para fazer coisas tão bem como
a maioria das pessoas 1.96 ± 0.73 2.03 ± 0.76 -.44 n.s.
Sinto que não tenho muito de que me orgulhar* 2.37 ± 0.74 2.50 ± 0.82 -.72 n.s.
Por vezes sinto-me inútil* 2.46 ± 0.94 2.30 ± 0.88 .73 n.s.
Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos
num plano de igualdade com os outros 2.02 + 0.68 2.03 ± 0.67 -.07 n.s.
Gostava de ter mais respeito por mim mesma* 2.80 ± 0.88 2.80 + 0.92 .02 n.s.
Em termos gerais, estou inclinada a sentir
que sou uma falhada* 2.22 + 0.89 2.27 ± 0.69 -.26 n.s.
.76 n.s.
Tomo uma atitude positiva perante mim mesma 2.07 ± 0.68 1.93 ± 0.83

Autoestima global 2.27 ±0.46 2.19 ±0.40 .83 n.s.

Os valores dos itens com asterisco (*) estão transformados em valores positivos.

Ao observarmos os resultados contidos no Quadro IV-19 podemos constatar que,


quando se considera a amostra na sua globalidade, não se verificaram diferenças
estatisticamente significativas na autoestima global, em termos médios, entre
adolescentes pospubertárias e prepubertárias.
Pela análise da média global, podemos verificar que as adolescentes
pospubertárias (2.27 ±0.46), comparativamente às adolescentes prepubertárias (2.19
± 0.40), apresentaram valores de autoestima mais elevados.
Apenas os dois primeiros itens, No geral, estou satisfeita comigo mesma; Por
vezes penso que não sou boa a nada, possuíram significado estatístico (p=.007 e
p=.008, respectivamente), tendo as adolescentes pospubertárias valores superiores
(1.96 ±0.67 e 2.65 ±0.77) às adolescentes prepubertárias (1.53 ± 0.63 e 2.13 ±0.86).

No Quadro IV-20 apresentamos, em termos médios, os valores da autoestima em


função da percepção do peso (sinto-me gorda, sinto-me magra, sinto-me com o
peso ideal).

84
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro IV-20 Autoestima em função da percepção do peso. Média, desvio padrão,


valores de F e p.

Sinto-me
ITENS Gorda Magra Com o peso
ideal

No geral, estou satisfeita comigo mesma 2.04 + 0.61 1.50 ±0.53 1.70 ± 0.71 2.97 .058
Por vezes, penso que não sou boa a nada* 2.68 ± 0.75 2.38 + 0.92 2.33 + 0.87 1.46 n.s.
Sinto que tenho muitas qualidades 2.28 ± 0.79 2.13 ± 0.35 2.28 ± 0.63 .19 n.s.
Estou apta para fazer coisas tão bem como
a maioria das pessoas 2.04 ± 0.61 1.63 + 0.74 2.02 ± 0.80 1.08 n.s.
Sinto que não tenho muito de que me orgulhar* 2.56 ± 0.77 2.25 ± 0.46 2.37 + 0.82 .69 n.s.
Por vezes sinto-me inútil* 2.48 ± 0.92 2.25 + 1.04 2.37 ± 0.90 .22 n.s.
Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos
num plano de igualdade com os outros 2.20 ± 0.50 2.00 + 0.76 1.93 ± 0.74 1.29 n.s.
Gostava de ter mais respeito por mim mesma* 2.76 ± 0.97 2.63 ± 0.74 2.86 ± 0.89 .27 n.s.
Em termos gerais, estou inclinada a sentir
que sou uma falhada* 2.40 ±0.87 2.00 + 0.53 2.19 ±0.82 .92 n.s.
Tomo uma atitude positiva perante mim mesma 2.08 ±0.64 1.88 + 0.64 2.00 ±0.82 .24 n.s.

Autoestima global 2.35 ± 0.36 2.06 ± 0.33 2.21 ± 0.48 1.67 n.s.

Os valores dos itens com asterisco (*) estão transformados em valores positivos.

Os resultados contidos no Quadro IV-20 permitem-nos constatar que, quando se


considera a amostra na sua globalidade, não se verificaram diferenças
estatisticamente significativas na autoestima global, em termos médios,
relativamente à percepção do peso. Apenas o primeiro item evidenciou valor com
significado estatístico.
Pela análise média global podemos verificar que as adolescentes que se "sentem
gordas" (2.35 ± 0.36), comparativamente às que se "sentem magras" ou com o "peso
ideal" (2.06 ± 0.33 e 2.21 ± 0.48, respectivamente), apresentaram valores de
autoestima mais elevados, apesar da diferença não possuir significado estatístico.
As adolescentes que se "sentem gordas" apresentaram valores superiores em
todos os itens, à excepção do item Gostava de ter mais respeito por mim mesma.
Este evidenciou valores superiores no grupo das adolescentes que se "sentem
com o peso ideal".

85
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Discussão

Pretendemos averiguar a relação entre autoestima e actividade física.


Os resultados (Quadro iv-18) indicam que os níveis de autoestima revelaram-se
superiores, embora sem significado estatístico, nas praticantes de actividades
físicas, à excepção do grupo Dança, comparativamente às não praticantes. Fox
(2000) confirma estes resultados, sugerindo que as melhorias nos níveis de
autoestima ocorrem mais nos indivíduos que sentem os efeitos positivos da prática
do exercício físico.

Embora todos os grupos frequentem as aulas de Educação Física, estes


resultados sugerem alguma vantagem em termos de autoestima para as
praticantes de actividades físicas, tal como a maioria das revisões efectuadas em
crianças (e.g. Gruber, 1986), adolescentes (e.g. Calfas e Taylor, 1994, citado em
Rodrigues, 1997) e adultos (e.g. Sonstroem, 1984; McAuley, 1994, citado em
Batista, 1995). Todos estes estudos parecem evidenciar o efeito positivo da
actividade física na autoestima, quando se incrementam sensações de
autoeficácia em tarefas específicas, i.e., a convicção de que o indivíduo pode
desempenhar determinada tarefa com sucesso. São as expectativas de
autoeficácia que irão influenciar a escolha de actividades, a quantidade de esforço
dispendido e o nível de persistência demonstrado.
Estudos anteriores (e.g. Kowal et ai., 1978, citado em Batista, 1995; Estrela, 1996;
Rodrigues, 1997) revelaram também não existir diferenças significativas na
autoestima, entre praticantes de actividade física e não praticantes. Os níveis de
autoestima são ligeiramente superiores nas praticantes em relação às não
praticantes de actividade física.

As experiências sociais, que os praticantes de actividades físicas vivenciam,


poderão explicar alguma vantagem nos níveis de autoestima quando comparados
com indivíduos não praticantes. Segundo Gruber (1986), as experiências de
sucesso que a actividade física por vezes proporciona e o suporte social fornecido
poderão contribuir para a melhoria da autoestima global. Opinião esta partilhada
por Melnick e Mookerjee (1991), quando sugerem que as relações sociais são

86
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

mais importantes do que o incremento da condição física na melhoria da


autoestima, em praticantes de actividade física.
Esta afirmação parece servir de justificação para os níveis mais elevados de
autoestima no grupo Escola, que só praticam exercício físico nas aulas de
Educação Física, em comparação com o grupo Dança. Gavin (1992) refere que,
apesar da maioria dos resultados sugerir o facto de os praticantes revelarem
valores superiores de autoestima relativamente aos não praticantes, não devemos
esquecer que existem indivíduos que se sentem satisfeitos consigo próprios sem
praticarem qualquer tipo de actividade física. Pelo facto de possuírem estilos de
vida activos, incluindo a realização de actividades que não se integram no âmbito
desportivo como as artes plásticas, música ou outro tipo de actividades sociais,
poderão apresentar níveis elevados de autoestima.

As avaliações no domínio físico parecem ser importantes contributos para a


autoestima e para a influência da escolha e persistência em comportamentos de
participação na actividade física.
Para Calfas e Taylor (1994, citado em Rodrigues, 1997), as experiências de
mestria e sucesso através da actividade física podem ser muito significativas na
melhoria da autoestima, particularmente durante a adolescência.
Nesta linha de pensamento achamos possível que os baixos níveis de autoestima
apresentados pelo grupo Dança se fiquem a dever ao facto destas adolescentes,
apesar de valorizarem o domínio físico, possuírem à partida níveis de autoestima
global mais baixos do que o grupo Escola.
Ao contrário da nossa ideia, Fox (2000) refere que os efeitos positivos que advêm
da prática de exercício físico notam-se mais nos indivíduos que possuem,
inicialmente, baixos níveis de autoestima. O mesmo autor afirma que a prática de
exercício físico só contribui para o aumento da autoestima se houver aderência por
parte dos praticantes e se, segundo Haywood (1993), os praticantes forem
informados da sua evolução nas tarefas motoras. A melhoria da autoestima e da
confiança advém do facto das pessoas se sentirem capazes e de terem sucesso
na prática da actividade física (Lutter et ai., 1990).

Parece então que os ganhos da autoestima não se devem apenas ao incremento


da actividade física, mas à conjunção de vários factores. Fox (2000) afirma que o
87
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

exercício físico é um potencial modificador dos conceitos que os indivíduos fazem


de si próprios. Como já foi referido, a autoestima é um constructo multidimensional
dependente de vários factores.

Averiguando a relação entre autoestima e estatuto menarcal, a tendência geral dos


resultados, apresentados no Quadro iv-19, colocam as adolescentes
pospubertárias com os valores mais elevados na autoestima em relação às
prepubertárias, apesar das diferenças não terem sido estatisticamente
significativas. Estes resultados são corroborados por Simmons et ai. (1983, citado
em Rodrigues, 1997), que verificaram que tanto a ausência como a presença de
menarca não causava alterações significativas na autoestima global no início da
adolescência. Batista (1995) também não verificou qualquer associação entre a
idade menarcal e a autoestima em adolescentes pospubertárias, tal como McGrory
(1990) que constatou, em adolescentes entre os 11 e 15 anos, que a menarca não
se traduzia em aumento ou decréscimo da autoestima global e física do
adolescente.

Na nossa opinião, as adolescentes pospubertárias têm maiores probabilidades de


desenvolver uma imagem feminina positiva devido à atitude que possuem
relativamente ao significado de menarca. Por outro lado, a aproximação ao corpo
adulto pode fazer com que se percepcionem como mais atraentes, o que as leva a
sentirem-se mais populares em relação ao sexo oposto. Talvez por estas razões é
que os itens No geral, estou satisfeita comigo mesma e Por vezes, penso que não
sou boa a nada, apareçam com valores superiores e com significado estatístico
nas adolescentes pospubertárias (1.96 ± 0.67 e 2.65 ± 0.77, respectivamente),
comparativamente às prepubertárias, i.e., sentem-se mais satisfeitas com elas
próprias e com capacidades para realizar qualquer tarefa.

Em relação ao item Por vezes sinto-me inútil, as adolescentes pospubertárias


apresentaram o valor mais elevado. Como este item é negativo, ele foi convertido
em positivo, o que quer dizer que elas sentem-se úteis no meio e nas tarefas em
que estão inseridas.
Na nossa opinião, um dos factores que poderá justificar este valor tem a ver com o
significado cultural que é atribuído ao aparecimento da menarca, uma vez que

88
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

marca o início da função reprodutora da mulher, sendo este acontecimento visto


como um aspecto determinante na representação do papel feminino.
Poderemos ainda sugerir que as alterações corporais decorrentes ao aproximarem
o corpo de adolescente ao corpo de adulto podem promover sentimentos de
atracção e popularidade em relação ao sexo oposto.

Relativamente aos valores mais baixos de autoestima global verificados nas


adolescentes prepubertárias, estes poderão dever-se ao facto de terem surgido
acontecimentos geradores de alguma instabilidade e angústia nesta fase das suas
vidas. A mudança de escola ou de ciclo, as exigências de realização escolar mais
elevadas e a mudança de turma poderão constituir alguns desses acontecimentos.

Contrariamente aos nossos resultados, Simmons e Rosenberg (1975) verificaram


que no início da adolescência, os valores da autoestima eram mais baixos e que
os valores mais elevados diziam respeito às preocupações sobre os juízos
emitidos pelos outros. Os autores sugeriram que as alterações poderiam estar
relacionadas com modificações no ambiente escolar, preocupações com a
aparência física e maturação.

A autoestima global parece então não estar relacionada com o início da menarca,
mas com outras actividades da vida do adolescente, bem como, revelar-se uma
variável não susceptível de mudar de um momento para o outro, uma vez que
tende a manter uma certa estabilidade (Padin et ai., 1981 ).

Quando averiguamos a relação entre autoestima e percepção do peso, verificamos


(Quadro lv-20) que a autoestima surge com o valor mais elevado nas adolescentes
que se percepcionam gordas (2.35 ± 0.36), enquanto que o valor mais baixo surge
nas adolescentes que se percepcionam magras (2.06 + 0.33). Este último resultado
está de acordo com os estudos de Hendry e Gillies (1978) e Martin et ai. (1988), ao
sugerirem que a autoestima global das adolescentes demasiado magras é
afectada negativamente.

Se analisarmos os valores item a item verificamos que todos eles, à excepção do


item Gostava de ter mais respeito por mim mesma, possuem os valores mais

89
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

elevados nas adolescentes que se sentem gordas. Tais resultados poderão querer
dizer que estas, mesmo que os seus pesos reais não correspondam ao que
sentem, não levam muito em consideração os juízos que os outros possam fazer
delas, visto estarem satisfeitas com elas próprias, sentirem que têm qualidades e
que estão num plano de igualdade com os outros.

Ao contrário dos nossos resultados, Harmatz (1987) mostrou que a autoestima de


estudantes que se classificavam a si mesmos como gordos era mais baixa
relativamente aos outros.
Fowler (1989) mostrou que as adolescentes não obesas e obesas possuem maior
consciência, níveis mais baixos de autoestima e uma maior distorção da percepção
da imagem corporal. Nesta linha de estudo, Thompson e Thompson (1986)
encontraram, num grupo de mulheres, uma relação entre estimação do tamanho
corporal e autoestima, i.e., as mulheres com pior estimação do tamanho corporal
foram as que apresentaram níveis mais baixos de autoestima.
No que diz respeito ao item Gostava de ter mais respeito por mim mesma, o valor
mais elevado corresponde às adolescentes que se sentem com o peso ideal. Este
resultado parece-nos dever-se ao facto das adolescentes que se percepcionam
como gordas e como magras se sentirem mal com o seu peso.

Assim, parece que a percepção do peso corporal se assume como uma variável
importante na autoestima das adolescentes.

4. Satisfação com a imagem corporal

Neste ponto apresentamos os resultados obtidos no tratamento do questionário de


satisfação com a imagem corporal.
Após a apresentação dos quadros procederemos à discussão dos mesmos.

No Quadro IV-21 apresentamos os resultados dos itens do questionário de


satisfação com a imagem corporal em função da actividade física.

90
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro IV-21 Satisfação com a imagem corporal em função da actividade física.


Média, desvio padrão, valores de F e p.

ITENS Escola Show Teens Dança F P

Cabelo 4.10 ±0.66 3.64 ± 0.20 3.65 ± 0.79 3.86 ± 0.90 2.25 .090

Pele 3.80 ± 0.75 3.27 ± 0.79 3.76 ± 0.75 3.57 + 0.79 1.53 n.s.

Testa 3.83 ± 0.74 3.09 ± 0.83 3.53 ± 1.01 3.86 ±0.38 2.78 .047

Olhos 4.29 ± 0.72 4.09 ± 0.83 4.00 ± 1.22 4.29 ± 0.76 .53 n.s.

Orelhas 3.83 ± 0.86 3.55 ± 0.93 3.59 ± 0.94 4.00 ± 0.58 .70 n.s.

Nariz 3.80 ± 0.75 3.27 ± 0.90 3.29 ± 0.69 3.00 ±1.15 3.50 .020

Bochechas 3.93 ± 0.79 3.36 ± 0.81 3.59 ± 0.80 3.86 ± 0.38 1.95 n.s.
Lábios 4.20 ± 0.81 3.55 ± 1.04 4.12 ±0.70 4.43 ± 0.79 2.23 .092

Dentes 3.51 ±1.12 3.55 ± 0.52 3.35 ± 1.06 4.00 ± 0.58 .69 n.s.

Queixo 4.07 ± 0.61 3.27 ± 0.47 3.71 ± 0.99 3.86 ± 0.69 4.11 .009

Pescoço 4.05 ± 0.63 3.36 ± 1.03 3.88 ± 0.78 4.00 ± 0.00 2.75 .049

Ombros 3.93 ± 0.75 3.45 ± 0.69 4.12 ±0.86 3.57 ± 0.79 2.06 n.s.

Braços 3.95 ± 0.86 3.27 ± 0.79 3.65 ± 1.27 3.57 ± 0.53 1.72 n.s.

Mãos 3.80 ± 0.81 3.36 ±1.12 3.41 ± 1.37 4.14 + 0.69 1.49 n.s.

Costas 3.85+0.69 3.64 ±0.92 3.76 ± 1.09 3.57 ± 0.79 .36 n.s.

Seios 3.73 ± 0.92 3.45 + 0.69 3.06 ± 1.09 3.57 ± 0.79 2.16 .100

Barriga 3.44±1.10 2.91 ± 1.04 3.41 ± 1.28 3.14 ±0.90 .75 n.s.

Cintura 3.54 ±1.19 3.00 ± 1.00 3.82 ± 1.24 3.43 ± 0.98 1.15 n.s.

Anca 3.61 ± 0.92 2.73 ± 0.79 3.41 ±1.23 3.14 ±0.90 2.52 .064

Nádegas 3.68 ± 0.91 2.45 ± 0.82 3.41 ± 1.06 3.43 ± 0.79 5.11 .003

Coxas 3.76 ± 0.89 2.91 ± 0.83 3.29 ±1.05 3.29 ± 0.76 3.05 .034

Pernas 3.76 ± 0.94 3.09 ± 1.04 3.18 ±1.01 3.29 ± 0.49 2.47 .069

Joelhos 3.83 ± 0.74 3.00 ± 0.63 3.29 + 0.92 3.14 ±0.38 5.23 .003

Tornozelos 3.85 ± 0.82 3.18 ±0.60 3.59 + 1.12 3.43 ± 0.79 1.99 n.s.

Pés 3.95 ± 0.63 3.09 ± 0.83 3.35 ± 1.00 3.14 ±1.35 5.03 .003

Forma do Corpo 4.00 ± 0.92 3.36 ± 0.92 3.24 + 1.03 3.71 ± 0.49 3.38 .023

Atitude / Porte 4.10 ±0.74 3.36 ± 0.67 3.76 ± 1.25 4.00 ± 0.58 2.32 .083

Peso 3.59 ±1.07 3.09 ± 0.83 3.35 ± 1.22 2.86 ± 0.90 1.34 n.s.

Altura 4.22 ± 0.79 2.64 ±1.12 3.59 ± 1.06 3.14 ±1.07 9.86 .000

Em geral, qual é o grau de


satisfação com a tua aparência? 4.22 ± 0.70 3.36 ± 0.81 3.59 ±1.12 3.00 ±1.15 6.37 .001

Satisfação global 3.87 ± 0.46 3.25 ± 0.40 3.56 ± 0.69 3.58 ± 0.33 5.01 .003

Os resultados contidos no Quadro IV-21 permitem-nos verificar que, a maior parte


das diferenças nas respostas aos itens do questionário satisfação com a imagem
corporal foram estatisticamente significativas, no que respeita aos grupos em
questão. A análise da média global permite-nos constatar que a tendência é de
haver maior satisfação com a imagem corporal no grupo Escola (3.87 ± 0.46),
comparativamente com os outros grupos.
O grupo Dança obteve valores médios significativamente mais elevados do que o
grupo Escola nos itens Testa (3.86 ± 0.38) e Lábios (4.43 ± 0.79). O grupo Teens

91
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

obteve valores médios mais elevados em relação ao grupo Escola nos itens
Ombros e Cintura, apesar das diferenças não terem sido estatisticamente
significativas. Em todos os restantes itens, o grupo Escola apresentou valores
médios superiores.

No Quadro IV-22 apresentamos os resultados dos itens do questionário de


satisfação com a imagem corporal em adolescentes prepubertárias e
pospubertárias.

Quadro IV-22 Satisfação com a imagem corporal em função do estatuto menarcal.


Média, desvio padrão, valores de t e p.

Menarca

ITENS Sim Não f P

Cabelo 3.76 ± 0.74 4.1310.68 -2.22 .030


Pele 3.50 ± 0.78 4.001 0.64 -3.04 .003
Testa 3.50 ± 0.94 3.9010.55 -2.35 .022
Olhos 4.22 1 0.79 4.1710.99 .25 n.s.
Orelhas 3.67 ± 0.92 3.871 0.78 -.95 n.s.
Nariz 3.39 1 0.88 3.771 0.73 -1.94 .056
Bochechas 3.65 ±0.77 3.9310.78 -1.55 n.s.
Lábios 3.96 1 0.94 4.33 ± 0.61 -1.94 .056
Dentes 3.59 ± 0.98 3.4311.04 .65 n.s.
Queixo 3.83 ± 0.71 3.901 0.80 -.42 n.s.
Pescoço 3.89 1 0.80 3.9310.64 -.24 n.s.
Ombros 3.7410.83 4.07 i 0.69 -1.80 .077
Braços 3.63 ± 0.85 3.93 i 1.08 -1.36 n.s.
Mãos 3.63 ± 1.00 3.7711.04 -.57 n.s.
Costas 3.74+0.80 3.8310.87 -.48 n.s.
Seios 3.72 1 0.72 3.2311.17 2.04 .048
Barriga 3.22 ± 1.05 3.5011.20 -1.08 n.s.
Cintura 3.39+1.14 3.7011.18 -1.13 n.s.
Anca 3.2810.93 3.5711.10 -1.21 n.s.
Nádegas 3.2410.87 3.7011.12 -2.01 .480
Coxas 3.3310.87 3.7311.01 -1.87 .066
Pernas 3.33 ± 0.92 3.7311.01 -1.81 .074
Joelhos 3.41 1 0.75 3.7010.88 -1.53 n.s.
Tornozelos 3.52 ± 0.84 3.87 10.94 -1.68 .098
Pés 3.52 ± 0.86 3.771 0.94 -1.17 n.s.
Forma do Corpo 3.57 ± 0.96 3.93 1 0.94 -1.65 .100
Atitude / Porte 3.80 ± 0.81 4.071 0.98 -1.27 n.s.
Peso 3.24 ± 0.95 3.63 + 1.22 -1.50 n.s.
Altura 3.5011.07 4.13+1.01 -2.58 .012
Em geral, qual é o grau de
satisfação com a tua aparência? 3.67 ± 0.94 4.1010.94 -1.92 .058

Satisfação global 3.58 ± 0.52 3.8410.56 -2.04 .045

92
IV - Apresentação e Discussão dos Resultados

Ao observarmos os resultados contidos no Quadro IV-22 podemos verificar que


quando se considera a amostra na sua globalidade, verificaram-se diferenças
estatisticamente significativas (p=.045) na satisfação global com a imagem corporal,
em termos médios, entre adolescentes pospubertárias e prepubertals.
A análise da média global permite-nos verificar que a tendência é de haver maior
satisfação com a imagem corporal nas prepubertárias (3.84 ± 0.56) em relação às
pospubertárias (3.58 ± 0.52).
As adolescentes pospubertárias apenas obtiveram valores significativamente mais
elevados no item Seios (3.72 ± 0.72) em relação às adolescentes prepubertárias.
Estas, por sua vez, obtiveram valores superiores nos restantes itens.

No Quadro IV-23 apresentamos os resultados dos itens do questionário de


satisfação com a imagem corporal em função da percepção do peso (sinto-me
gorda, sinto-me magra, sinto-me com o peso ideal).

93
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Quadro IV-23 Satisfação da imagem corporal em função da percepção do peso.


Média, desvio padrão, valores de F e p.

Sinto-me

ITENS Gorda Magra Com o peso F P


ideal

Cabelo 3.72 ±0.74 3.63 ±0.74 4.07 ± 0.70 2.57 .084

Pele 3.44 ±0.92 3.75 ±0.71 3.84 ± 0.65 2.21 n.s.

Testa 3.64 ±0.91 3.13 ±0.64 3.77 ± 0.78 2.11 n.s.

Olhos 4.16 ±0.99 4.13 ±0.64 4.23 ± 0.84 .09 n.s.

Orelhas 3.56 ±0.87 3.63 ±0.92 3.88 ± 0.85 1.20 n.s.

Nariz 3.28 + 0.94 3.13 ±0.99 3.77 ± 0.68 4.06 .021

Bochechas 3.64 ±0.76 3.38 ±0.92 3.91 ± 0.75 2.09 n.s.


Lábios 4.08 ±0.81 4.00 ±0.76 4.14 ±0.89 .11 n.s.

Dentes 3.24 ±1.09 3.63 ±0.74 3.67 ± 0.97 1.56 n.s.

Queixo 3.56 ±0.82 3.63 ±0.74 4.07 ± 0.63 4.54 .014

Pescoço 3.72 ±0.61 3.75 ±0.46 4.05 ± 0.82 1.81 n.s.

Ombros 3.52 ±0.77 3.75 ±1.04 4.09 ± 0.68 4.69 .012

Braços 3.40 ±1.00 3.25 ±1.04 4.05 ± 0.82 5.43 .006

Mãos 3.48 ±0.92 3.63 ±0.74 3.81 ±1.10 .88 n.s.

Costas 3.44 ±0.87 3.50 ±0.76 4.02 ± 0.74 4.90 .010

Seios 3.16 ±0.94 3.38 ±0.92 3.77 ± 0.90 3.62 .032

Barriga 2.36 ±0.86 3.88 + 0.83 3.79 ± 0.91 22.14 .000

Cintura 2.48 ±0.77 4.13 ±0.83 4.00 + 1.00 23.81 .000

Anca 2.52 ±0.77 3.75 ±0.89 3.84 ± 0.81 21.90 .000

Nádegas 2.76 + 0.88 3.38 ±0.74 3.81 ± 0.91 11.27 .000

Coxas 2.80 ±0.87 3.50 ±0.53 3.88 ± 0.82 14.00 .000

Pernas 2.84 ±0.85 3.25 ±0.71 3.91 + 0.87 12.86 .000

Joelhos 3.20 ±0.87 3.38 ±0.52 3.74 ± 0.76 4.05 .022

Tornozelos 3.36 ±0.86 3.50 ±0.93 3.86 ± 0.86 2.78 .069

Pés 3.32 ± 0.95 3.63 ± 1.06 3.79 ± 0.80 2.27 n.s.

Forma do Corpo 3.16 ±0.85 3.63 ±0.92 4.05 ± 0.90 7.98 .001

Atitude / Porte 3.40 ±0.87 4.00 ±0.76 4.19 ±0.79 7.41 .001

Peso 2.32 ±0.80 3.25 ±0.89 4.05 ± 0.65 44.45 .000

Altura 3.36 + 0.99 3.75 ±1.16 3.98 ±1.08 2.67 .076

Em geral, qual é o grau de


satisfação c/a tua aparência? 3.16 ±1.03 4.00 ±0.76 4.21 ± 0.72 12.60 .000

Satisfação global 3.27 ± 0.46 3.61 ± 0.51 3.94 ± 0.44 17.43 .000

Analisando os resultados contidos no Quadro IV-23 podemos verificar que a maior


parte das diferenças nas respostas aos itens do questionário satisfação com a
imagem corporal foram estatisticamente significativas, no que respeita à percepção
do peso.
Analisando a média global, verificamos que as adolescentes que se sentem com o
peso ideal apresentaram maior satisfação com a imagem corporal (3.94 ± 0.44) em
relação às adolescentes que se sentem magras (3.61 ± 0.51) e gordas (3.27 ± 0.46).

94
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Os itens Barriga e Cintura apresentaram valores significativamente superiores (3.88


± 0.83 e 4.13 ± 0.83, respectivamente), nas adolescentes que se sentem magras,
enquanto que todos os outros itens apresentaram valores superiores nas
adolescentes que se sentem com o peso ideal.

No Quadro IV-24 apresentamos os resultados dos itens do questionário de


satisfação com a imagem corporal em função do índice de Massa Corporal
(inferior, médio,

Quadro IV-24 Satisfação com a imagem corporal em função do índice de massa corporal.
Média, desvio padrão, valores de F e p.

índice de Massa Corporal

ITENS Inferior Médio Superior F P

Cabelo 3.89 ± 0.69 4.00 ± 0.75 3.75 ± 0.87 .48 n.s.

Pele 3.82 ± 0.61 3.58 ± 0.81 3.58 ±1.08 .91 n.s.

Testa 3.61 ± 0.75 3.54 ± 0.86 4.08 ± 0.90 1.10 n.s.

Olhos 4.11 ±0.86 4.38 ± 0.57 4.08 ± 1.31 .93 n.s.

Orelhas 3.76 ± 0.85 3.62 ± 0.85 4.00 ± 0.95 .81 n.s.

Nariz 3.58 ± 0.79 3.46 ± 0.90 3.58 ± 0.90 .17 n.s.

Bochechas 3.68 ± 0.74 3.85 ± 0.83 3.83 ± 0.83 .38 n.s.

Lábios 4.13 ±0.78 3.92 ± 0.93 4.42 ± 0.79 1.47 n.s.

Dentes 3.45+1.01 3.54 ± 0.95 3.75+1.14 .41 n.s.

Queixo 3.87 + 0.74 3.81 ± 0.57 3.92 + 1.08 .10 n.s.

Pescoço 3.87 ± 0.81 3.92 ± 0.63 4.00 ± 0.74 .15 n.s.

Ombros 3.95 ± 0.80 3.77 ± 0.82 3.83 ± 0.72 .40 n.s.

Braços 3.82 ± 0.93 3.62 ± 0.98 3.83 ± 1.03 .39 n.s.

Mãos 3.82 ± 0.98 3.62 + 0.98 3.42 ±1.16 .80 n.s.

Costas 3.79 ± 0.74 3.85 ± 0.73 3.58 ± 1.24 .42 n.s.

Seios 3.42 + 0.92 3.77 ± 0.71 3.33 ± 1.37 1.36 n.s.

Barriga 3.76 ± 0.88 3.23 ±1.14 2.17 ±0.83 12.47 .000

Cintura 4.00 ± 0.93 3.35 ± 1.09 2.33 ±1.07 12.94 .000

Anca 3.74 ± 0.86 3.27 ± 1.00 2.58 ± 1.00 7.35 .001

Nádegas 3.66 ± 0.88 3.38 ± 1.02 2.75 ± 1.06 4.13 .020

Coxas 3.66 + 0.78 3.46 ± 0.95 3.00 ± 1.28 2.30 .100

Pernas 3.66 ± 0.85 3.31 ± 0.97 3.33 ± 1.30 1.18 n.s.

Joelhos 3.58 ± 0.68 3.46 ± 0.76 3.50 + 1.24 .17 n.s.

Tornozelos 3.74 ± 0.79 3.50 ± 0.91 3.75 ±1.14 .62 n.s.

Pés 3.66 ± 0.81 3.38 + 0.94 4.00 ± 0.95 2.08 n.s.

Forma do Corpo 3.84 ±0.82 3.69 ±1.05 3.33 ±1.15 1.29 n.s.

Atitude / Porte 3.97 + 0.82 3.85 + 0.73 3.83 + 1.34 .21 n.s.

Peso 3.82 + 0.83 3.27 + 0.96 2.33 ± 1.23 11.52 .000

Altura 3.92 ± 1.00 3.58 ± 1.24 3.58 ± 1.00 .94 n.s.

Em geral, qual é o grau de


satisfação c/a tua aparência? 4.05 ± 0.74 3.77 ± 0.95 3.33 ± 1.37 2.80 .068

Satisfação global 3.79 ± 0.46 3.621 0.57 3.49 ± 0.70 1.59 .021

95
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

A análise da média global do Quadro IV-24 permite-nos verificar que a tendência é


de haver maior satisfação com a imagem corporal nas adolescentes que realmente
se situam no índice de massa corporal inferior (3.79 ± 0.46), relativamente às
adolescentes situadas nos índices de massa corporal médio e superior (3.62 ± 0.57
e 3.49 ± 0.70, respectivamente). Estas diferenças revelaram-se significativas
(p=.021 ), classificado segundo Vague et ai. (1985).
Os únicos itens que apresentaram diferenças significativas foram a barriga, a
cintura, a anca, as nádegas, as coxas, o peso e a aparência, com valores
superiores para as adolescentes situadas no índice de massa corporal inferior.

No Quadro IV-25 apresentamos a percentagem de adolescentes que pertencem a


um índice de massa corporal (Vague et ai., 1985) em função da percepção do
peso (sinto-me gorda, sinto-me magra, sinto-me com o peso ideal).

Quadro IV-25 índice de massa corporal em função da percepção do peso.


Valores em percentagem.

índice de Massa Corporal


Inferior Médio Superior

Gorda 7.9 50.0 75.0

Sinto-me Magra 21.1 0.0 0.0

Ideal 71J 50.0 25.0

Como podemos observar no Quadro IV-25, 71.1% das adolescentes que se situam
no IMC Inferior sentem-se com o peso ideal, enquanto que 21.1% sentem-se
magras e 7.9% sentem-se gordas. No IMC Médio e Superior nenhuma adolescente
se sente magra.
As adolescentes que realmente se situam no índice de Massa Corporal Superior
sentem-se gordas (75%), enquanto que 25% se sente com o peso ideal.

O questionário de satisfação com a imagem corporal tem um item que nos permite
saber, na generalidade, qual o grau de satisfação com a aparência da adolescente.
Desta forma, pensamos ser pertinente fazer a correlação entre o referido item e as
percentagens de gordura obtidas pelos métodos de Bioimpedância e da avaliação
das pregas de adiposidade subcutânea, através da Equação Antropométrica.

96
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

A correlação entre a satisfação com a aparência e a percentagem de gordura,


avaliada pelo método de Bioimpedância, foi negativa (r= -.22) e sem significado
estatístico. Contudo, este facto levo-nos a constatar, como seria de esperar, que
quando aumenta a percentagem de gordura, diminui a satisfação com a aparência.

A correlação entre a satisfação com a aparência e a percentagem de gordura,


obtida pela Equação Antropométrica, está apresentada no Quadro IV-26.

Quadro IV-26 Correlação entre a satisfação com a aparência e a percentagem de gordura,


avaliada pelo método das pregas de adiposidade subcutânea.
Média, desvio padrão, r de Pearson e p.

r fi
Satisfação
com a aparência 3.84 ± 0.95
-.28 .014
% Gordura
(Eq. Antropométrica) 23.39 ± 5.97

No Quadro IV-26 podemos constatar que quando aumenta a percentagem de


gordura, diminui a satisfação com a aparência, como se pode verificar no valor
negativo da correlação (r= -.28).

Discussão

Pretendemos averiguar a relação entre satisfação com a imagem corporal e


actividade física. O grupo Escola (Quadro IV-21) surgiu com maiores níveis de
satisfação com a imagem corporal comparativamente aos outros grupos, i.e., o
grupo que não pratica qualquer tipo de actividade física, além das aulas de
Educação Física, apresentou valores superiores em relação aos grupos que têm
actividade física. Estes resultados não corroboram a maioria dos estudos (eg. Çok,
1990; Salusso-Deonier e Schwarzkopf, 1991; Faustino, 1994; Batista, 1995;
Vasconcelos, 1995; Oliveira, 1996) que demonstraram que os indivíduos do sexo
feminino praticantes de actividades físicas possuem uma maior satisfação com a
imagem corporal relativamente aos não praticantes.
Uma justificação possível para os nossos resultados passa pelos estudos de
Ibrahim e Morrison (1976, citado em Batista, 1995); Jacob (1994) e Abrantes

97
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

(1998), com indivíduos de ambos os sexos, e de Finkenberg et ai. (1993), com


indivíduos do sexo feminino, que apontam para a inexistência de relação entre a
satisfação com a imagem corporal e a participação em actividades físicas. Fox
(2000) afirma que a prática de actividade física provoca melhorias na aparência
física nos indivíduos do sexo feminino, contudo, não se verifica um aumento nos
níveis de satisfação com a imagem corporal.

Na nossa opinião, o ambiente que se vive nos ginásios, de constante preocupação


com o corpo, os espelhos nas salas e as constantes autoavaliações que as
adolescentes fazem da sua aparência são factores que podem explicar os baixos
níveis de satisfação com a imagem corporal nos grupos de actividade física.

O item seios revelou um valor mais elevado no grupo Escola, em relação aos
outros grupos. Este valor pode ser justificado por Brooks-Gunn e Warren (1988,
citado em Vaconcelos, 1995), tendo os autores verificado que o desenvolvimento
dos seios estava associado de forma positiva com a imagem corporal em
adolescentes não praticantes de actividades desportivas.

Parece-nos que uma hipótese explicativa da diminuição da satisfação com a


imagem corporal no grupo Dança, comparativamente com o grupo Escola, se
encontra na percepção mais elevada que as primeiras possuem, tomando-as mais
exigentes e críticas relativamente ao seu próprio corpo.

Ao analisarmos os grupos que têm actividade física verificamos que todos eles
apresentam níveis diferentes de satisfação com a imagem corporal, embora seja o
grupo Dança o detentor dos níveis mais elevados. Resultados confirmados por
Brooks-Gunn (1988) e Pasman e Thompson (1988), ambos citados em Batista
(1995), que verificaram níveis de satisfação diferentes por tipos de actividade
física. Garcia (1989) também verificou níveis de satisfação mais elevados em
bailarinas do que em atletas em geral, facto este explicado pelos efeitos positivos
que a dança tem na satisfação com a imagem corporal (Alperson, 1974; Smith,
1986, citados em Batista, 1995). Parece-nos então que as modalidades que fazem
uso da estética corporal, de forma mais acentuada, poderão contribuir
positivamente para níveis superiores de satisfação com a imagem corporal.
98
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Os nossos resultados confirmam os resultados obtidos no estudo realizado por


Filho (2001), em 80 indivíduos (31 do sexo masculino e 49 do sexo feminino) entre
os 18 e os 45 anos de idade, praticantes de musculação (spin), aeróbica
(bodypump, step e localizada) e artes marciais (taekwondo). Este autor verificou
que a satisfação com a imagem corporal foi elevada nas três modalidades, tendo a
modalidade de artes marciais apresentado uma satisfação com a imagem corporal
superior às outras modalidades, seguindo-se a musculação e, por último, a
aeróbica.

O período pubertário é um momento de profundas alterações físicas, psicológicas


e fisiológicas, que implicam alterações nas relações do adolescente com os outros
e consigo próprio. Para estes, a satisfação com a imagem corporal é muito
importante, pois contribui para o seu bem estar físico e psicológico (Çok, 1990).

O aparecimento da menarca revelou-se uma variável associada à satisfação com a


imagem corporal, uma vez que os resultados apontam para menor satisfação com
a imagem corporal nas adolescentes pospubertárias (Quadro iv-22). Estes
resultados corroboram as conclusões de alguns autores (e.g. Blyth et ai., 1985),
sugerindo que a menarca influencia de forma negativa a satisfação com a imagem
corporal.

Blyth et ai. (1985) referem que a maturação pubertária ao trazer alterações


corporais significativas e visíveis, aproxima as adolescentes das formas corporais
da mulher adulta. Estas alterações podem trazer vantagens e ou desvantagens,
dependendo do meio em que estão inseridas. Na nossa opinião, esta visão parece
ser um dos factores explicativos dos baixos níveis de satisfação com a imagem
corporal nas adolescentes pospubertárias.

Duas das características mais marcantes da puberdade que tornam este período
único ao longo do desenvolvimento, são o rápido crescimento e o atingir da
maturidade sexual. Paralelamente às alterações na altura e no peso, uma das
modificações mais visíveis no crescimento externo reflecte-se nos seios
(Vasconcelos, 1995). Ausubel et ai. (1977, citado em Vasconcelos, 1995) refere
mesmo que o desenvolvimento dos seios é o acontecimento corporal mais

99
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

significativo para as adolescentes. Os nossos resultados confirmam esta


observação, uma vez que o item seios apresenta os valores mais elevados nas
adolescentes pospubertárias.
Os olhos, o nariz e os dentes foram, juntamente com os seios, os únicos traços
corporais cuja satisfação aumentou através do estatuto menarcal (observação
transversal). Estes representam partes do corpo caracteristicamente femininas e
sobre as quais não recai o problema do aumento da gordura corporal (no caso dos
seios, o aumento de gordura é condição para a formação destes, logo, para a
afirmação da feminilidade), segundo Vasconcelos (1995). Uma outra razão para o
aumento da satisfação destes itens através do período pubertário é que eles
constituem elementos de um quadro de referências assente no potencial atractivo
feminino, susceptível de incentivar o interesse masculino.

No nosso estudo, as adolescentes pospubertárias apresentaram níveis mais


baixos de satisfação relativamente às pernas e às ancas. Resultados corroborados
por Vasconcelos (1995). Estes resultados são previsíveis dado que, ao longo do
período pubertário, a tendência para o aumento da gordura corporal que se verifica
no sexo feminino é mais pronunciada ao nível das pernas (coxas) e das ancas.
Lerner et ai. (1976, citado em Vasconcelos, 1995), com adolescentes americanas,
e Davies e Furnham (1986), com adolescentes inglesas, verificaram resultados
idênticos, não só para as coxas e ancas como também para o estômago e para o
peso em geral.

Averiguando a relação entre satisfação com a imagem corporal e percepção com o


peso, os resultados (Quadro iv-23) indicam que a satisfação com a imagem
corporal tende a diminuir com uma percepção do peso corporal longe do ideal,
atingindo o valor mais baixo nas adolescentes que se percepcionam como gordas.
Como seria de esperar, as adolescentes que se percepcionam como gordas, i.e.,
com um peso acima da média, demonstraram os valores mais baixos de satisfação
com a imagem corporal (3.27 ± 0.46) e as que se percepcionam com o peso ideal
demonstraram a maior satisfação (3.94 ± 0.44). Estes resultados vão ao encontro
dos de Fowler (1989), em que a maior consciência do peso corporal resulta em
menor satisfação corporal. Batista (1995) refere também que a satisfação com a
imagem corporal tende a diminuir com uma percepção errada do peso corporal.

100
IV - Apresentação e Discussão dos Resultados

Os nossos resultados corroboram os de Filho (2001 ), uma vez que os indivíduos


que se percepcionaram com o peso ideal apresentaram níveis de satisfação com a
imagem corporal significativamente mais elevados do que os indivíduos que se
percepcionaram magros ou com excesso de peso.

Outros estudos realizados com indivíduos do sexo feminino (e.g. Davies e


Furnham, 1986; Powers e Erickson, 1986; Seggar et ai., 1988; Fowler, 1989;
Batista, 1995; Vasconcelos, 1995) também apoiam os nossos resultados, ao
demonstrarem que as mulheres que se percepcionam como mais pesadas estão
mais insatisfeitas com a sua imagem corporal do que as mulheres que se
percepcionam com menos peso.
Hammar et ai. (1972, citado em Batista, 1995) encontraram, nos seus estudos, que
o grupo das adolescentes mais obesas apresentaram scores de satisfação
significativamente mais baixos. As obesas citaram menos atributos positivos nos
seus corpos, encontrando-se insatisfeitas com as suas características físicas.
Resultados corroborados por Sallade (1973) e Worsley (1981).

Vários são os estudos que demonstram o peso como uma das principais fontes de
insatisfação com a imagem corporal feminina (e.g. Rauste-Von Wright, 1989; Cash
ePruzinsky, 1990).
Cohn et al. (1987, citado em Dinis, 1996) observaram que as mulheres tendem a
descrever a sua figura como sendo mais pesada, do que a figura que elas
consideram mais atractivas para os homens, e vêem e desejam como ideal uma
figura mais magra. Silberstein et ai. (1988) confirmam esta ideia, ao afirmar que na
sociedade contemporânea o peso corporal tem sido descrito como o domínio de
importância central para as mulheres, e que a satisfação com o mesmo estaria
relacionada com a autoestima.

Pretendemos averiguar a relação entre o índice de Massa Corporal e a satisfação


com a imagem corporal. Os resultados (Quadro iv-24) sugerem uma diminuição da
satisfação com a imagem corporal à medida que o peso corporal aumenta, i.e., as
adolescentes que se situam no índice de massa corporal inferior possuem a maior
satisfação com a imagem corporal e as que se situam no índice de massa corporal
superior possuem a menor satisfação. Estes resultados corroboram a maioria dos

101
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

estudos neste âmbito (e.g. Sallade, 1973; Hendry e Gillies, 1978; Worsley, 1981),
sugerindo que as mulheres obesas tendem a estar mais insatisfeitas com as suas
características físicas.
Outros estudos realizados com indivíduos do sexo feminino (e.g. Davies e
Furnham, 1986; Powers e Erickson, 1986; Seggar et ai., 1988; Fowler, 1989;
Vasconcelos, 1995) também apoiam os nossos resultados, ao demonstrarem que
as mulheres mais pesadas estão mais insatisfeitas com a sua imagem corporal do
que as mulheres com menos peso.
No estudo efectuado por Batista (1995) as adolescentes foram classificadas em
leves, médias e pesadas. A autora verificou que a satisfação com a imagem
corporal decresce com o aumento do peso corporal. Com uma classificação
diferente, adolescentes não obesas, normais e obesas, Hammar et ai. (1972,
citado em Batista, 1995) verificaram também que o grupo obeso apresentava
significativamente níveis mais baixos de satisfação com a imagem corporal
relativamente ao não obeso.

A insatisfação com o próprio corpo e a preocupação com o peso corporal são


aspectos importantes para os adolescentes. O ideal cultural relativamente à
elegância feminina (presente nas sociedades ocidentais) parece estar bem
incorporado nas adolescentes (Phelps e Bajorek, 1991, citado em Vasconcelos,
1995). Além disso, Gudykunst et ai. (1987, citado em Batista, 1995) refere que a
cultura afecta a consciência.
Desta forma, parece-nos que os menores níveis de satisfação com a imagem
corporal das detentoras de maior peso corporal terão, em parte, a ver com o
conceito de corpo ideal existente na sociedade em que estão inseridas.

Relativamente à análise dos itens barriga, cintura, anca, nádegas, coxas, pernas,
peso e aparência verificou-se que as detentoras dos valores superiores foram as
adolescentes com um índice de massa corporal inferior. Isto quer dizer que as
adolescentes que têm na realidade um índice de massa corporal médio e superior,
sentem uma grande insatisfação nestas zonas corporais. Resultados semelhantes
foram os encontrados por Tucker (1981), Davis (1985), Batista (1995) e Dinis
(1996), em que sugerem que as características corporais de maior insatisfação

102
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

para o sexo feminino são a distribuição do peso, a cintura, a forma das pernas, as
ancas e coxas.
As características corporais de maior satisfação para o sexo feminino verificadas
pelos autores Tucker (1981 e 1983), Davis (1995), Batista (1995), Dinis (1996) e
Abrantes (1998) são os olhos, as orelhas e o cabelo. Estes resultados vão de
encontro aos nossos para as adolescentes que se situam nos índices de massa
corporal médio e superior.

O Quadro iv-25 mostra-nos que 7 1 % das adolescentes que se situam no IMC


inferior sentem-se com o peso ideal. Estes resultados vêm corroborar os dados do
Quadro anterior (iv-24), pois estas são as adolescentes que possuem os valores
mais elevados de satisfação com a imagem corporal. O estudo de Powers e
Erickson (1986) corrobora o nosso, pois os autores demonstraram que as
adolescentes tomam como um ideal corporal a atingir uma silhueta magra e não
uma forma corporal de peso médio.
Os resultados obtidos (71%) reforçam, mais uma vez, o papel das pressões sociais
relativamente à magreza e, consequentemente, uma perspectiva irrealista do
tamanho corporal normal.

Das adolescentes que se situam no IMC superior (75%), sentem-se na realidade


gordas e 25% delas sentem-se com o peso ideal. Uma hipótese explicativa para
este facto é a apresentada por Paxton ef ai. (1991, citados em Vasconcelos, 1995).
No seu estudo com adolescentes entre os 11 e os 18 anos, os autores verificaram
que as adolescentes subestimavam a altura e o peso. Como explicação, evocaram
a grande velocidade de crescimento durante o período pubertário, dificultando a
percepção da imagem corporal, i.e., as alterações morfológicas processar-se-iam
mais rapidamente do que as respectivas adaptações em termos perceptivos e
psicológicos a um corpo de mudança.

Relativamente ao IMC médio, metade das adolescentes (50%) sentem-se com o


peso ideal enquanto que a outra metade se sente gorda. Este último resultado
vem, mais uma vez, reforçar a ideia de que, no sexo feminino, a satisfação com a
imagem corporal não é influenciada apenas pelas suas características físicas mas
também, e sobretudo, pela comparação dessas características com os ideais

103
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

culturais, pela forma como os outros reagem em relação a si e com a comparação


do seu aspecto físico com o das parceiras da mesma idade (Thomas, 1988, citado
em Vasconcelos, 1995).
Portanto, cada indivíduo é continuamente confrontado com um corpo de referência
imaginário, idealista e inacessível (magreza, ectomorfia, juventude, beleza,
perfeição), logo, toda a diferença em relação a estes modelos (baixa estatura,
gordura) é desvalorizada.

5. Satisfação com a imagem corporal e autoestima

Neste ponto apresentamos os valores do coeficiente de correlação entre a


satisfação com a imagem corporal e a autoestima.
Após a apresentação dos quadros procederemos à discussão dos mesmos.

No Quadro IV-27 estão apresentados os valores de correlação entre a satisfação


com a imagem corporal e a autoestima em função dos grupos de actividade física.

Quadro IV-27 Correlação entre a satisfação com a imagem corporal e a


autoestima em função dos grupos de actividade física.
Valores de r de Pearson e p.

n r P
Escola 41 -.37 .02

Teens 17 -.15 n.s.

Show 11 -.41 n.s.

Dança 7 -.55 n.s.

Amostra Global 76 -.26 .02

A análise do Quadro iv-27 permite-nos observar que, quando se considera a


amostra na sua totalidade, verificamos uma correlação negativa significativa (r=-
.26, p=.02) entre a satisfação com a imagem corporal e a autoestima. Isto quer
dizer que as adolescentes que estão mais satisfeitas com a sua imagem corporal
apresentam níveis de autoestima mais baixos e vice-versa.

104
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Quando se analisa a relação entre a satisfação com a imagem corporal e a


autoestima em cada grupo, constata-se que essa correlação só é significativa para
o grupo Escola (r=-.37, p=.02).
Os valores de correlação entre a satisfação com a imagem corporal e a autoestima
em função do estatuto menarcal estão apresentados no Quadro iv-28.

Quadro IV-28 Correlação entre a satisfação com a imagem corporal e a


autoestima em função do estatuto menarcal.
Valores de r de Pearson e p.

n [ p
Prepubertárias 30 -.36 .05

Pospubertárias 46 -.18 n.s.

A análise do Quadro iv-28 permite-nos observar que nas adolescentes


prepubertárias verifica-se uma correlação negativa significativa (r=-.36, p=.05),
entre a satisfação com a imagem corporal e a autoestima.

Discussão

Quando se considera a amostra na sua globalidade parece possível podermos


afirmar que existe uma correlação negativa significativa entre a satisfação com a
imagem corporal e a autoestima. Esta mesma correlação surge tanto nas
adolescentes prepubertárias como no grupo das não praticantes de actividade
física.
Melnick e Mookerjee (1991), Batista e Vasconcelos (1995) e Batista (2000)
contrariam os nossos resultados, uma vez que a autoestima parece estar
significativamente correlacionada com a satisfação com a imagem corporal.
Pelo contrário, os resultados dos estudos efectuados por Lutter et aí. (1990) vão de
encontro aos nossos, ao retratarem exemplos de jovens satisfeitos com a sua
imagem corporal mas com problemas de isolamento, más classificações
académicas e com uma autoestima muito vulnerável, assim como o de jovens que,
embora não se considerem com um corpo perfeito, investem noutros domínios e
apresentam níveis de autoestima elevados.

105
IV- Apresentação e Discussão dos Resultados

Apesar dos coeficientes de correlação entre a satisfação com a imagem corporal e


a autoestima serem estatisticamente significativos nos indivíduos não praticantes
de actividade física e nas adolescentes prepubertárias, eles são baixos, não
parecendo existir uma associação muito importante, em qualquer um dos grupos,
entre as duas variáveis. Os resultados, relativamente à actividade física, são
corroborados por Abrantes (1998).

As alterações físicas e psicológicas, que ocorrem durante a puberdade, podem


provocar uma crise de identidade, em algumas adolescentes da nossa amostra, e,
consequentemente, perturbações temporárias ao nível da representação que as
adolescentes fazem do seu corpo e ao valor que atribuem a si próprias (Erikson,
1976, citado em Vasconcelos, 1995). Zakin et ai. (1984, citado em Pope et ai.,
1988) referem que as alterações físicas que ocorrem durante a puberdade têm
repercussões mais negativas na autoestima das adolescentes mais atractivas do
que na autoestima das adolescentes menos atractivas, i.e., embora as primeiras
tendam a ser mais populares entre os colegas, dão maior importância à aparência
física, tal como acontece no nosso estudo.

O facto de algumas adolescentes estarem muito satisfeitas com a sua imagem


corporal, podem não se sentirem realizadas noutros domínios que valorizam mais,
nomeadamente o académico, o social e emocional, e por essa razão apresentem
níveis baixos de autoestima. Pelo contrário, algumas adolescentes sentem-se
insatisfeitas com a sua imagem corporal mas apresentam níveis de autoestima
superiores, talvez porque não valorizam o domínio físico e, por isso, a sua
insatisfação com a imagem corporal não tem repercussões negativas na
autoestima, ou porque podem sentir-se realizadas noutros domínios que
consideram de maior importância para si.

Assim, podemos concluir que, independentemente do estatuto menarcal ou do


facto de praticarem ou não actividade física, os níveis de satisfação com a imagem
corporal da maior parte das adolescentes da nossa amostra não estão fortemente
relacionados com os níveis de autoestima.

106
V - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
V- Conclusões e Recomendações

As conclusões retiradas do presente estudo devem ser interpretadas no contexto


da amostra e tendo sempre presente o seu carácter transversal, bem como as
limitações inerentes no plano teórico e metodológico.

1. Conclusões

1.1. Antropometria e composição corporal

> A actividade física surgiu associada aos indicadores antropométricos.


O grupo Dança apresentou valores superiores em todos os indicadores
antropométricos (altura, peso, índice de massa corporal, % de gordura,
massa gorda e massa isenta de gordura) em relação aos outros grupos. O
grupo Teens apresentou valores superiores na maioria das pregas de
adiposidade subcutânea (pregas subescapular, suprailíaca, crural e
geminai) em relação aos outros grupos.

> A menarca surgiu associada aos indicadores antropométricos.


As adolescentes pospubertárias apresentaram valores superiores em todos
os indicadores antropométricos em relação às adolescentes prepubertárias.

> A menarca surgiu associada às pregas de adiposidade subcutânea.


As adolescentes pospubertárias apresentaram valores superiores em todas
as pregas relativamente às adolescentes prepubertárias.

1.2. Somatótipos percepcionado e preferido

> A actividade física surgiu associada aos somatótipos percepcionado e


preferido nas adolescentes pospubertárias e prepubertárias.
As adolescentes pospubertárias e prepubertárias praticantes e não
praticantes de actividade física apresentaram pequenas e ou nenhuma
diferenças entre os somatótipos percepcionado e preferido, à excepção das
adolescentes Teens prepubertárias.

108
V- Conclusões e Recomendações

> A menarca surgiu associada aos somatótipos percepcionado e preferido.


Contrariamente às adolescentes pospubertárias, as adolescentes
prepubertals não apresentaram diferenças entre os somatótipos
percepcionado e preferido.

1.3. Autoestima

> A actividade física surgiu associada à autoestima.


Os grupos praticantes de actividade física, à excepção do grupo Dança,
apresentaram níveis de autoestima mais elevados do que o grupo não
praticante de actividade física.

> A menarca surgiu associada à autoestima.


As adolescentes pospubertárias apresentaram níveis de autoestima
superiores às adolescentes prepubertals.

> A percepção do peso não surgiu associada à autoestima.


As adolescentes que se percepcionaram como gordas apresentaram níveis
de satisfação com a imagem corporal mais elevados do que as
adolescentes que se percepcionaram com o peso ideal e magras.

1.4. Satisfação com a imagem corporal

> A actividade física não surgiu associada à satisfação com a imagem


corporal.
O grupo Escola (não praticantes de actividade física) apresentou níveis de
satisfação com a imagem corporal mais elevados do os grupos praticantes
de actividade física.

> A menarca surgiu associada à satisfação com a imagem corporal.

109
V - Conclusões e Recomendações

As adolescentes pospubertárias apresentaram níveis de satisfação com a


imagem corporal significativamente inferiores às adolescentes
prepubertárias.

> A percepção do peso surgiu associada à satisfação com a imagem corporal.


As adolescentes que se percepcionaram com o peso ideal apresentaram
níveis de satisfação com a imagem corporal significativamente mais
elevados do que as adolescentes que se percepcionaram como gordas.

> O índice de massa corporal surgiu associado à satisfação com a imagem


corporal.
As adolescentes que pertenciam ao índice de massa corporal inferior,
segundo Vague et ai. (1985), apresentaram níveis de satisfação com a
imagem corporal significativamente mais elevados do que as adolescentes
que pertenciam ao índice de massa corporal superior.

1.5. Satisfação com a imagem corporal e autoestima

> Apenas no grupo Escola, a satisfação com a imagem corporal surgiu


relacionada com a autoestima.
Verificou-se uma correlação negativa significativa entre as duas variáveis,
nas adolescentes não praticantes de actividade física.

> A satisfação com a imagem corporal apenas surgiu relacionada com a


autoestima nas adolescentes prepubertárias.
Verificou-se uma correlação negativa significativa entre as duas variáveis
apenas nas adolescentes prepubertárias.

2. Limitações do estudo

Tendo em conta as características exploratórias do nosso trabalho e o tipo de


variáveis em estudo, confrontamo-nos com algumas limitações.
110
V- Conclusões e Recomendações

> A impossibilidade de controlo de todas as variáveis susceptíveis de estarem


associadas aos aspectos estudados, tais como os hábitos alimentares.

> O facto da amostra ser constituída por grupos de actividade física muito
específicos, o que nos levou a ter alguma dificuldade em conseguir
bibliografia mais específica.

> A dificuldade em conseguir bibliografia que relacionasse as variáveis


morfológicas com os aspectos estudados.

3. Prolongamento do estudo

Tomando como referência o alcance conclusivo do estudo, sugerimos algumas


sugestões para a realização futura de trabalhos neste domínio.

> Efectuar o trabalho com indivíduos de ambos os sexos, uma vez que a
maior parte dos trabalhos nesta área são efectuados com indivíduos do
sexo feminino.

> Recorrer a outros indicadores como, por exemplo, o estatuto


socioeconómico, habilitações literárias, profissão.

> Estudar as mesmas variáveis em adultos, dos dois sexos, praticantes de


modalidades de actuação em espectáculos, tais como Ballet, Dança
Contemporânea, Dança Jazz.

> Estudar a variação da satisfação com a imagem corporal e autoestima em


grupos de actuação com diferentes metodologias de abordagem das
modalidades.

> Estudar a variação da satisfação com a imagem corporal e da autoestima


em alunos que pratiquem Educação Física mas em diferentes níveis de
ensino.

m
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Citação indirecta

129
ANEXOS
ANEXO I
UNIVERSIDADE DO PORTO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA

QUESTIONÁRIO

O presente questionário destina-se a um trabalho de Mestrado em


Desporto de Recreação e Lazer a realizar nesta faculdade.

Trata-se de um questionário anónimo e, como tal, gostaríamos que as tuas


respostas reflectissem sinceridade naquilo que sentes, em relação a ti
própria.

Por favor, procura não deixar nenhuma questão por responder.


Não troques impressões com ninguém.
Quaisquer dúvidas serão esclarecidas pessoalmente.

Desde já agradecemos a tua colaboração!


Questionário G

1. Identificação Pessoal

1.1. Data de Nascimento


1.2. Escola 1.3. Ano de Escolaridade

2. Actividade Física

2.1. Quantas horas por semana tens de Educação Física na escola?

2.2. Além das Show/ Teen's Fashion /Dança praticas outra(s) modalidade(s)?
(risca as modalidades que não praticas e faz um círculo na letra a que corresponde a tua resposta)
N
S Qual/Quais? Onde?
Há quanto tempo?. N.° de sessões por semana?_
Tempo por sessão?

2.3. No último ano praticaste alguma modalidade desportiva?


(risca as modalidades que não praticas e faz um círculo na letra a que corresponde a tua resposta)
N
S Qual/Quais? Onde?
N.° de sessões por semana?_ Tempo por sessão?.

3. Inquérito Menarcal

3.1. Já és menstruada? N S
3.2. Se sim, que idade tinhas quando apareceu o 1 o período menstrual?
Anos Meses
3.3. Em que mês do ano apareceu o 1 o período menstrual?

3.4. Destas informações, lembras-te: D Muito bem


D Bem
D Mais ou menos
D Não me lembro
Questionário E

1. Identificação Pessoal

1.1. Data de Nascimento / /


1.2. Escola 1.3. Ano de Escolaridade

2. Actividade Física

2.1. Quantas horas por semana tens de Educação Física na escola?

2.2. Tens Desporto Escolar?


(faz um círculo na letra a que corresponde a tua resposta)
N
S N.° de sessões por semana? Tempo por sessão?

2.3. No último ano praticaste alguma modalidade desportiva?


(faz um círculo na letra a que corresponde a tua resposta)
N
S Qual/Quais? Onde?
N.° de sessões por semana? Tempo por sessão?

3. Inquérito Menarcal

3.1. Já és menstruada? N S
3.2. Se sim, que idade tinhas quando apareceu o 1 o período menstrual?
Anos Meses
3.3. Em que mês do ano apareceu o 1 o período menstrual?
3.4. Destas informações, lembras-te: D Muito bem
D Bem
D Mais ou menos
D Não me lembro
ANEXO II
:O;.Í:*

:ÍX-.<-.»:

*•:•:•; . : ■ : ' * ■ ' ■


?
ANEXO III
BIAPS F 01
BIAPS F 05

BIAPS F 07 BIAPS F 08
BIAPS F 09
ANEXO IV
Escala de Autoestima

Para cada item faz um círculo no número que corresponde à concepção de valor que
própria:
1 Concordo plenamente
2 Concordo
3 Discordo
4 Discordo plenamente

1. No geral, estou satisfeita comigo mesma. 2 3 4

2. Por vezes penso que não sou boa a nada. 2 3 4

3. Sinto que tenho muitas qualidades. 2 3 4

4. Estou apta para fazer coisas tao bem como 2 3 4


a maioria das pessoas.

5. Sinto que não tenho muito de que me orgulhar. 2 3 4

6. Por vezes sinto-me inútil. 2 3 4

7. Sinto que sou uma pessoa de valor, pelo menos 2 3 4


num plano de igualdade com os outros.

8. Gostava de ter mais respeito por mim mesma. 2 3 4

9. Em termos gerais, estou inclinada a sentir 2 3 4


que sou uma falhada.

10. Tomo uma atitude positiva perante mim 2 3 4


mesma.
ANEXO V
Questionário de Satisfação com a Imagem Corporal

Para cada item faz um círculo no número que corresponde ao tipo de satisfação que sentes em
relação ao teu corpo:
1 Muito insatisfeita
2 Insatisfeita
3 Nem satisfeita nem insatisfeita
4 Satisfeita
5 Muito satisfeita

1. Cabelo 2 3 4 5

2. Pele 2 3 4 5

3. Testa 2 3 4 5

4. Olhos 2 3 4 5

5. Orelhas 2 3 4 5

6. Nariz 2 3 4 5

7. Bochechas 2 3 4 5

8. Lábios 2 3 4 5

9. Dentes 2 3 4 5

10. Queixo 2 3 4 5

11. Pescoço 2 3 4 5

12. Ombros 2 3 4 5

13. Braços 2 3 4 5

14. Mãos 2 3 4 5

15. Costas 2 3 4 5

16. Seios 2 3 4 5

17. Barriga 2 3 4 5

18. Cintura 2 3 4 5

19. Anca 2 3 4 5

20. Nádegas 2 3 4 5

21. Coxas 2 3 4 5

22. Pernas 2 3 4 5

23. Joelhos 2 3 4 5

24. Tornozelos 2 3 4 5

25. Pés 2 3 4 5

26. Forma do Corpo 2 3 4 5

27. Atitude / Porte 2 3 4 5

28. Peso 2 3 4 5

29. Altura 2 3 4 5

30. Em geral, qual é o grau de


satisfação com a tua aparência?

31. Sinto-me: 32. Sinto-me:


1. Alta 1. Gorda
2. Baixa 2. Magra
3. Tenho a altura ideal 3. Tenho o peso ideal
ERRATA

Página(s) Linha(s) Onde se le: Deve ler-se:

14 26 Botelho & Duarte Botelho e Duarte

14 27 varáveis variáveis

24 17 raparigas a satisfação raparigas, a satisfação

34 13 peso com imagem corporal peso com a imagem corporal

36 29 do os indivíduos do que os indivíduos

41 3 nas vários áreas nas várias áreas

41 17 autoestima geral autoestima global

43 28 não existirem relação não existir relação

60 18-20 Os dez cartões ... Os dez cartões...


... (Petersen, 1967). ... (Petersen, 1967) e de Sobral
et ai. (1997), respectivamente.

68 26 sociais, nas quais consideramos sociais, consideramos

70 2 em quatro momentos em cinco momentos

77 9 Segiu-se-lhes Seguiu-se-lhes

79 8/9 permitem-nos permite-nos

81 3 prépubertários prépubertários

81/82 31/1 pré-pubertário prepubertário

85 7 análise média análise da média

95 7 (inferior, médio, (inferior, médio e superior).

102 20 refere referem

109 21 do os grupos do que os grupos

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